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Modalidade de Custeio Uma das etapas na estruturação de um sistema de custos refere-se à modalidade de custeio a ser utilizada. Como, veremos, a diferença entre as modalidades de custeio relaciona- se com o grau de variabilidade dos gastos apropriados aos produtos ou serviços produzidos pela empresa. Há duas modalidades de custeio: a) Custeio por absorção; b) Custeio variável ou direto. Custeio por Absorção Quando, ao custear-se os produtos fabricados pela empresa, são atribuídos a esses produtos, além dos seus custos diretos (mão de obra direta, matéria prima), também os seus custos indiretos (depreciação, etc.), diz-se que se esta usando a modalidade de custeio por absorção. O próprio nome custeio por absorção e revelador dessa particularidade, ou seja, o procedimento é fazer com que cada produto ou serviço absorva parcela dos custos diretos ou indiretos, relacionados à fabricação. Essa atribuição de custos indiretos, entretanto, implica naturalmente, a utilização de rateios. E isso está a principal falha do custeio por absorção como instrumento para controle. Por mais objetivos que pretendam ser os critérios de rateio, eles sempre apresentarão um forte componente arbitrário que distorce os resultados apurados por produto e dificulta (quando não impede) as decisões gerenciais com relação a assuntos de vital importância para a empresa, como, por exemplo, a determinação de preços de venda ou a descontinuação da fabricação de produtos deficitários. O custeio por absorção é o adotado pela contabilidade financeira, portanto válido tanto para fins do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício, como também é o único aceito pela receita federal para apuração do Imposto de Renda. Rateio O processo de produção é formado por um conjunto de operações refletidas na contabilidade em termos monetários. A esse conjunto de gastos é atribuído o nome de custo, o qual pode também ser definido como a expressão monetária do esforço em produzir determinados bens ou serviços. Esses custos, podem ser facilmente relacionados a um produto específico oriundo de um processo de fabricação, ou, ao contrário, podem manter difícil correlação com produtos específicos ou departamentos de produção. Desse problema é que se originam os conceitos de custos diretos (que podem ser diretamente atribuído a um determinado produto) e o de custo indireto (mais dificilmente identificado com um produto especifico). Os gastos indiretos de fabricação são, pois, custos indiretos incidentes no processo de produção. São todos os gastos necessários para se produzir determinado bem cuja incidência no valor do bem não é tão evidente como o custo de mão de obra direta e o da matéria-prima empregado diretamente na produção. O conceito de custos indiretos é derivado da dificuldade de identifica-los com os departamentos ou produtos específicos e, portanto, só podem ser atribuídos aos produtos de forma indireta, mediante de rateios e estimativas. Critério de rateio baseado no custeio por absorção O problema fundamental de rateio dos custos indiretos da fabricação reside na definição do método a ser utilizado. Qualquer que seja o método que se escolha, sempre haverá um certo grau de subjetivismo, portanto, a arbitrariedade sempre vai existir, sendo que as vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só aceitaremos por não haver alternativas melhores. (há recursos matemáticos e estatísticos que podem ajudar a evitar esses problemas, mas nem sempre é possível sua utilização). O esforço em atribuir todos os custos de produção ao produto acabado é sempre um exercício de aproximação. Alguns custos indiretos são, com certo controle, mais facilmente atribuídos aos produtos, departamentos ou atividades a que estejam relacionados, outros, aqueles mais gerais, sempre deverão ser apropriados, através de um critério adequado de rateio. O objetivo é o de atribuir os custos indiretos aos vários estágios do processo de produção e não o de se estabelecer o real custo do produto. Atenção deve ser dada, todavia, para que o critério escolhido seja condizente com uma suposta realidade e que seja aplicado consistentemente ao longo dos anos. Portanto, é necessário que se avalie a incidência de cada fator e as características do processo de produção. Assim é necessários estabelecer a base de rateio que melhor represente a utilização pelos produtos e serviços, das facilidades (instalações, máquinas, recursos humanos, tecnologia, organização, materiais e outras) colocadas à disposição da fabricação ou realização dos serviços. As bases de rateio são normalmente vinculadas a medidas de volume ligadas à produção. Não obstante os adeptos do modelo de rateio denominado de ABC, sublinharem suas virtudes, ainda é muito grande o número de empresas que se utilizam do modelo de rateio apoiado em bases de volume. As bases de rateio mais comuns são as seguintes: • Unidades produzidas; • Horas máquinas; • Horas de mão de obra direta; • Custos dos materiais; • Quantidade dos materiais; • Custos das transações ou atividades, etc. Tudo vai depender das características do ambiente produtivo. Cada cenário de produção é um cenário diferente. A contabilidade de custos vai aplicar a base (ou bases) de rateio que for mais condizente com as operações, aquela (ou aquelas) que fornecer a mais realista informação de custos e aquela (ou aquelas) que for mais útil para a análise do desempenho das operações. Estamos certos de que é importante a adoção da base (ou bases) que seja mais coerente com as condições especificas de cada atividade de fabricação ou de realização de serviço. Isso quer dizer que não deve haver (e nem nunca houve) uma base (ou bases) que fosse usada obrigatoriamente pela contabilidade de custos em qualquer ambiente produtivo. Se o ambiente produtivo é intensivo em mão de obra e o valor da mão de obra é um item relevante na estrutura de custos de produção ou de serviços, devemos analisar o emprego da melhor base de rateio que poderá ser provavelmente qualquer uma ligada à mão de obra. No caso em que a empresa seja de capital intensivo, em que as operações são automáticas, em que a mão de obra, embora importante, não seja relevante em termos econômicos, devemos como sempre utilizar a base de volume mais coerente. Exercício Vamos exemplificar, supondo que estes sejam os gastos de determinado período da empresa Alfa. Gastos Valores Comissões de Vendedores 8.000,00 Salários da fábrica 12.000,00 Matéria-prima consumida 35.000,00 Salários da administração 9.000,00 Depreciação na fábrica 6.000,00 Seguros da fábrica 1.000,00 Despesas financeiras 5.000,00 Honorários da diretoria 4.000,00 Materiais diversos – fábrica 1.500,00 Energia elétrica – fábrica 8.500,00 Manutenção – fábrica 7.000,00 Despesas de entrega 4.500,00 Correio, telefone, etc. 500,00 Material de consumo - escritório 500,00 Total 102.500,00 1) Separação entre custos e despesas. Custos Valores Salários da fábrica 12.000,00 Matéria-prima consumida 35.000,00 Depreciação na fábrica 6.000,00 Seguros da fábrica 1.000,00 Materiais diversos – fábrica 1.500,00 Energia elétrica – fábrica 8.500,00 Manutenção – fábrica 7.000,00 Total 71.000,00 Despesas Administrativas Valores Salários da administração 9.000,00 Honorários da diretoria 4.000,00 Correio, telefone, etc. 500,00Material de consumo - escritório 500,00 Total 14.000,00 Despesas de Venda Valores Comissões de Vendedores 8.000,00 Despesas de entrega 4.500,00 Total 12.500,00 Despesas Financeiras Valores Despesas financeiras 5.000,00 Total 5.000,00 2) A apropriação dos custos diretos, digamos que essa empresa elabore três produtos diferentes, chamados de A, B, e C. Suponhamos ainda que nessa empresa, além de matéria-prima, sejam também custos diretos parte da mão de obra e parte da energia elétrica. a) A apropriação da matéria-prima é feita através das requisições de tal forma a saber para qual produto foi utilizado o material retirado. Matéria-prima Valores Produto A 7.500,00 Produto B 13.500,00 Produto C 14.000,00 Total 35.000,00 b) A apropriação da mão de obra. É necessário separar a mão de obra direta e indireta. A empresa mantem um apontamento de quais operários que trabalharam em cada produto no mês de por quanto tempo. Conhecidos tais detalhes e calculados os valores, conclui: Mão de obra Valores Indireta 3.000,00 Direta 9.000,00 Produto A 2.200,00 Produto B 4.700,00 Produto C 2.100,00 Total 12.000,00 c) A verificação da energia elétrica evidencia que, após anotado o consumo na fabricação dos produtos durante o mês, R$ 4.500,00 são diretamente atribuíveis e R$ 4.000,00 só alocáveis por critério de rateio, já que existem medidores apenas em algumas máquinas. Energia Elétrica Valores Indireta 4.000,00 Direta 4.500,00 Produto A 1.800,00 Produto B 2.000,00 Produto C 700,00 Total 8.500,00 Temos, então, resumidamente: Diretos Indiretos Total A B C Máteria-prima 7.500,00 13.500,00 14.000,00 35.000,00 Mao de obra 2.200,00 4.700,00 2.100,00 3.000,00 12.000,00 Energia Eletrica 1.800,00 2.000,00 700,00 4.000,00 8.500,00 Depreciação 6.000,00 6.000,00 Seguros 1.000,00 1.000,00 Materiais Diversos 1.500,00 1.500,00 Manutenção 7.000,00 7.000,00 Total 11.500,00 20.200,00 16.800,00 22.500,00 71.000,00 Do total de custos de produção, R$ 48.500,00 são diretos e já estão alocados e R$22.500,00 precisam ser apropriados. 3) A apropriação dos custos indiretos. A apropriação dos custos indiretos será feita com base no total dos custos diretos já apropriados aos produtos. Custos Diretos Custos indiretos Total R$ % R$ % Produto A 11.500,00 23,71% 5.334,75 23,71% 16.834,75 Produto B 20.200,00 41,65% 9.371,25 41,65% 29.571,25 Produto C 16.800,00 34,64% 7.794,00 34,64% 24.594,00 Total 48.500,00 100,00% 22.500,00 100,00% 71.000,00 Exercícios para pratica vai em anexo a aula.
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