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Literatura Infantojuvenil Autoria: Ausdy Naza reth Castros dos San tos Tema 08 O Encantamento nos Livros de Poesias para Crianças Tema 08 O Encantamento nos Livros de Poesias para Crianças Autoria: Ausdy Nazareth Castros dos Santos Como citar esse documento: SANTOS, Ausdy Nazareth Castros dos. Literatura Infantojuvenil: O Encantamento nos Livros de Poesias para Crianças. Caderno de Atividades. Va- linhos: Anhanguera Educacional, 2015. Índice © 2015 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Pág. 18 Pág. 19 Pág. 20 Pág. 18 Pág. 14Pág. 12 ACOMPANHENAWEB Pág. 3 CONVITEÀLEITURA Pág. 3 PORDENTRODOTEMA 3 O encantamento nos livros de poesias para crianças Para começarmos a falar em poesia na literatura infantil, é importante que você, futuro professor, compreenda a necessidade de conduzir a poesia em sala de aula de forma lúdica, a fim de despertar a imaginação dos alunos, sem deixar de lado a seriedade que esse trabalho exige. Para Vigotski (1992, p. 97) “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.” Com o uso de técnicas capazes de aguçar a sensibilidade e deixar a imaginação dos alunos fluir, o professor é o responsável por oportunizar o trabalho da leitura e, posteriormente, da escrita de poesias, a partir da leitura de mundo proporcionada pela escola e pelo professor. Segundo José (2003, p. 11), “vivemos rodeados de poesia”, que se faz presente nas músicas, textos e frases que, utilizados em sala de aula, desenvolvem a criatividade e a imaginação, valores indispensáveis para a formação do Neste capítulo você compreenderá a importância e o benefício que a leitura de poesias pode trazer para sua formação e a formação de seus alunos na questão da escrita e na melhora do relacionamento com a literatura. Ao estudar sobre poesia, além de conhecer mais sobre a história desse gênero textual, você perceberá que ela é uma das melhores maneiras de expor os seus sentimentos, já que as emoções são difíceis de serem explicadas no papel. Por isso, ao ler sobre as reflexões e sentimentos dos autores expressas na poesia, nos tornamos mais dispostos e confiantes para também falar de nossos próprios sentimentos no papel. Você também reconhecerá que a poesia é uma forma de atrair as pessoas, desenvolvendo o senso de comunidade e bem-estar entre os alunos, melhorando a convivência e ajudando a criar um ambiente confortável para que eles sejam eles mesmos e tenham um desempenho melhor tanto na leitura quanto nas produções de texto. CONVITEÀLEITURA PORDENTRODOTEMA 4 indivíduo, no sentido de prepará-lo para a recepção dos mais variados gêneros e tipos de textos, proporcionando motivo e requisitos suficientes para que ele comece a desenvolver suas técnicas e estilo na escrita de poesias, poemas, músicas, cartas etc. A escola, desse modo, prepara para a vida pelo uso da ludicidade e pelo prazer, já que a poesia é uma das formas mais radicais que a educação pode oferecer de exercício de liberdade através da leitura, de oportunidade de crescimento e problematização das relações entre pares e de compreensão do contexto onde interagem. (FILIPOUSKI, 2006. p. 338) Veja, portanto, que, além de auxiliar nas relações com o outro, a poesia também é importante para o desenvolvimento oral dos alunos, visto que a leitura de uma poesia exige a observação e uso de elementos da oratória, como o respeito à entonação, tempos e à pontuação constantes nos textos. Para Cândido (1995, p. 249) a poesia desperta para o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade e do mundo dos seres, o cultivo do humor. Logo, a poesia ensina o aluno a lidar com as diversidades, com o diferente, com a expressão e criatividade, livre, sem preconceitos, não pelo que pensa a maioria, mas pelo despertar das próprias emoções, do humor e da reflexão. Daí que a poesia para crianças deve ser breve e cuidadosa com o vocabulário, a fim de que o poema seja de fácil leitura e entendimento. O ensino da interpretação de poemas compreende o conhecimento e o desenvolvimento dos vários sentidos que um texto poético pode proporcionar, o que somente se dá a partir do contato constante com esse tipo de texto. Esse aprendizado deve abranger desde a pronúncia das palavras, o conhecimento de vocabulários até as habilidades do uso da língua. A leitura de poesias nos anos iniciais do ensino fundamental ajuda a desenvolver o imaginário da criança, construindo elos mágicos entre as palavras e os seres fantásticos por elas representados, como nos contos de fadas, por exemplo, já que a criança sente uma atração natural pelo ritmo poético, exatamente pela relação entre a palavra e sua cadência melódica, que acaba trazendo um agradável efeito lúdico e musical. É dessa relação que nasce o embrião do encantamento que a poesia proporciona para o resto da vida nas crianças que aprendem desde cedo a ler obras desse gênero. PORDENTRODOTEMA 5 Brasilidade e folclore na poesia para crianças Bordini (1991) afirma que a pedagogia da palavra se corporifica no livre fluir de desejos presentes no ensaio lúdico, que desperta para as vivências emocionais ou cognitivas, quando a voz do emissor adulto reforça as cadeias educativas. Caracteriza-se essa teoria no poema Ou isto ou aquilo (MEIRELES, 1964. p. 813 – 814), que apresenta um exemplo em que uma vivência emocional agradável é apresentada de forma lúdica: As Meninas Arabela abria a janela. Carolina erguia a cortina. E Maria olhava e sorria: “Bom dia!” Arabela foi sempre a mais bela. Carolina, a mais sábia menina. E Maria apenas sorria: “Bom dia!” Pensaremos em cada menina PORDENTRODOTEMA 6 que vivia naquela janela; uma que se chamava Arabela, outra que se chamou Carolina. Mas a nossa profunda saudade é Maria, Maria, Maria, que dizia com voz de amizade: “Bom dia!” (Fonte da figura: http://www.ecolenet.nl/tellme/poesia/meninas.htm) Abramovich (1983) lê criticamente esse poema em seu artigo O mundo que as crianças lêem nos livros, afirmando que as relações pessoais são amplamente apresentadas e a noção da ternura e do afeto aparecem em forma do tratamento carinhoso pelas personagens, sem apresentação de estereótipos comportamentais ou expectativas de sucesso, tais como a beleza e a sabedoria. Observe também que esse tipo de poema lúdico e musical permite à criança formas de crescer e viver aventuras pelo mundo, percebendo a realidade e conseguindo organizar seu pensamento em relação aos outros. Infere-se que, a partir dessas concepções, a poesia para crianças e jovens é um meio de compensação e estabilidade, que pode apresentar a oportunidade de equilibrar suas emoções pelas constantes poéticas, importantes no convívio com a poesia. PORDENTRODOTEMA 7 A poesia para crianças no Brasil de 40 O movimento modernista de 1922 demorou a influenciar os padrões literários da poesia infantil, primeiramente agindo na prosa, com o surgimento da prosa narrativa de Monteiro Lobato, ficando a poesia ainda com as manifestações adultas de lembranças saudosas da infância. Aos poucos a poesia brasileira começou a romper com as características tradicionais e seu logicismo e os poemas começaram a apresentar uma linguagem mais lúdica e irreverente. Nesse processo gradativo de mudanças, a poesia utilizada nas escolas tinha natureza culta e influência romântica (idealizantes ou sentimentais) ou realista (racionais ou pessimistas), até que, em 1943, Henriqueta Lisboa (1901-1985) publica seu livro O menino poeta, que privilegiao lirismo utilizando a metáfora, afastando-se do descritivismo e da narratividade e rompendo com o modelo moral e cívico utilizado. Essa obra não foi publicada tendo como objetivo os bancos escolares, motivo pelo qual ultrapassou a circulação escolar, o que liberou a poesia infantil dos compromissos pedagógicos, privilegiando o trabalho com a linguagem. Depois da abertura do caminho por Henriqueta Lisboa, outros importantes poetas brasileiros, como Cecília Meireles (1901-1964) e Vinícius de Moraes (1913-1980) consolidaram o privilégio da musicalidade na poesia infantil, explorando as rimas, as assonâncias (repetição dos sons vocálicos) e as aliterações (repetição dos sons consonantais), além da combinação de diferentes metros e do verso livre. Assim, o adestramento social que antes era realizado pela poesia brasileira tradicional deixa de existir para dar lugar à produção poética para a infância autônoma e lúdica. Nas décadas seguintes (anos 1960 e 1970), a poesia infantil começa verdadeiramente a ser trabalhada a partir do seu jogo de palavras, como as brincadeiras com a fala, repleta de pura sonoridade (cadência do ritmo, onomatopeias (tentativa de reproduzir sons da natureza, animais, coisas, pela palavra), aliterações, refrões, paralelismos (correspondência de ritmo, sintaxe e semântica entre os versos de um poema), trava-línguas etc.). Essas criações resgatam o encanto que antigamente era mérito somente das cantigas de roda e das parlendas, inserindo as espécies folclóricas no rol das obras indicadas ao público infantil em idade escolar. São exemplos de parlendas: • TEXTO 1) Serra, serra, serrador! Serra o papo do vovô PORDENTRODOTEMA 8 • TEXTO 2) Cadê o toucinho daqui? O gato comeu. Cadê o gato? O gato fugiu pro mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou. Cadê a água? O boi bebeu. Cadê o boi? Está moendo trigo. Cadê o trigo? O padre comeu. Cadê o padre? Está rezando a missa. Cadê a missa? A missa acabou. Nesse período, destacam-se obras como Pé de Pilão, de Mário Quintana e Arca de Noé, de Vinícius de Moraes, poetas dos anos 1960 que abriram as portas para o início da criatividade na literatura nos anos 1970/80. Observe que apesar de o Modernismo pregar a quebra de paradigmas desde o seu início, foi somente na segunda metade do século XX que essas mudanças atingiram a poesia para crianças. A produção poética infantil dos anos 1980/90 até nossos dias deu continuidade a esse trabalho de inovação estética iniciado por poetas como Henriqueta Lisboa, mantendo o jogo lúdico com palavras e ideias, buscando a identidade e a conscientização em relação ao próprio eu, entre outras características. Cecília Meireles – Encantamento e Pedagogia na Poesia Evidentemente, tudo é uma literatura só. A dificuldade está em delimitar o que se considera como especialmente do âmbito infantil. São as crianças, na verdade, que o delimitam, com sua preferência. Costuma-se classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado, talvez, assim classificar o que elas leem com utilidade e prazer. Não haveria pois, uma Literatura Infantil a priori, mas a posteriori (MEIRELES, 1984, p. 20). Veja você, futuro professor, que para Cecília Meireles, Literatura Infantil é aquela que cativa as crianças pelo prazer, pelo gosto por aventuras e pela riqueza dos detalhes, mesmo que os textos não sejam escritos diretamente para crianças. Essa autora, que além de poetisa foi jornalista e pedagoga, atuou na modernização do ensino nacional – época em que a poesia infantojuvenil atingiu maturidade. Três livros foram escritos por ela especialmente dedicados ao pequeno leitor: Criança... meu amor (1924), A festa das letras (1937) e Ou isto, ou aquilo (1ª edição em 1964), que representam sua obra infantil com excelência, já que Cecília as dota de real preocupação com o universo infantil, adaptando não somente a linguagem, mas também a temática à fase de formação do ser humano. PORDENTRODOTEMA 9 O ludismo permeia também outros títulos dos poemas de Cecília Meireles, como por exemplo, Jogo de bola, O mosquito escreve, A língua do nhem, O vestido de Laura, entre outros, que apresentam nítidamente a intemporalidade, dada à constante utilização de temas de caráter amplo e universal – como lua, música, areia, espuma, vento e mar, sendo este último tema obsessivamente trabalhado em vários poemas como símbolo do infinito e do insondável, pelo tom frequente de melancolia simbólica. A autora sempre elegeu esse elemento como algo divino, sagrado, utilizando tom místico e difuso para falar do mar. O ‘Poetinha’ Vinícius de Moraes Aficionado das noitadas de boemia, embaladas pelo cigarro e pelo uísque, que ele irreverentemente chamava de “melhor amigo do homem: é o cachorro engarrafado”, esse romântico incorrigível casou-se nove vezes, vivendo movido à paixão e permanentemente em busca do amor. Diplomata, aposentado, intelectual, preferiu a descontração da música popular, sendo um dos criadores da Bossa Nova, o que lhe custou a antipatia de vários críticos, que passaram a considerá-lo um “poeta menor”. Mas nos dias atuais, esse poeta figura entre os nomes mais importantes da literatura brasileira, sendo considerado um dos cinco poetas extraordinários do país no século XX, na companhia de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira e Cecília Meireles, que passaram a simbolizar a grande poesia do século. O professor das Letras nos dias atuais não pode estudar poesia sem ter um deles, pelo menos, como parâmetro. PORDENTRODOTEMA 10 Pessoa de grande erudição, muitas leituras e amplo conhecimento de obras musicais, a relevância de Vinícius de Moraes também para nossa música é indiscutível. Ao se lançar na música popular brasileira, foi pioneiro em abrir caminho para o aparecimento de gerações de letristas refinados em nosso cancioneiro, principalmente a poetas dedicados à música popular, como Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso. De certa forma, acreditava também, assim como toda a sua geração, nas palavras de Drummond: “Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou”, importando para esse e tantos outros autores que fazem literatura para crianças, a criação e o fazer poéticos da palavra, a fim de que o pequeno ser tenha compreensão do estado poético em que vive desde a tenra infância. (Fonte da figura: www2.uol.com.br) Como o grande poeta Manoel de Barros, em seu poema Matéria da Poesia, Vinícius e seus contemporâneos acreditavam que tudo serve para poesia: “Tudo aquilo que a nossa/civilização rejeita, pisa e mija em cima, serve para poesia”. A poesia contemporânea é, portanto, contextualizada com a realidade, ao mesmo tempo em que proporciona abertura para a imaginação, sendo lúdica, lírica, brincalhona e abordando os mais diversos temas, já que brincar com poesia é ensinar e aprender ao mesmo tempo. Novas tendências – Literatura Infantil e a contemporaneidade Neste capítulo, você viu que a poesia é uma forma de emocionar, divertir e ensinar utilizando-se os recursos da linguagem, e que o professor é o incentivador da poesia em sala de aula. Dentre os autores que escrevem para crianças no Brasil, trabalhamos principalmente com Cecília Meireles e Vinícius de Moraes, mas há muitos outros que você poderá PORDENTRODOTEMA 11 consultar no seu Livro-Texto ou na internet, como José Paulo Paes, Toquinho, Roseana Murray, Ruth Rocha, Tatiana Belinki, Paulo Leminski, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Pedro Bandeira, Sérgio Caparelli, entre tantos outros que sempre apresentam um toque diferenciado em suas obras, levando a criança a desfrutar de seus encantamentos, como na poesia abaixo: Pontinho de vista - Pedro Bandeira Eu sou pequeno, me dizem, e eu fico muito zangado. Tenho de olhar todo mundo com o queixo levantado. Mas, se formigafalasse e me visse lá do chão, ia dizer, com certeza: - Minha nossa, que grandão! (Fonte da imagem e do poema: http://poesiaparacrianca.blogspot.com.br/ Acesso em 18_mai_2015.) Perceba que, com a poesia, nossos estudos sobre a literatura infantil terminam do modo mais prazeroso, com sabor de ‘quero mais’! Isso se dá porque a literatura não tem o caráter de edificar e nem corromper, mas sim apresentar e discutir, PORDENTRODOTEMA 12 desmitificando as noções de bem e mal, humanizando em sentido profundo, proporcionando a reflexão a partir das dicotomias da vida. Segundo Candido (1995), esse papel humanizador da literatura deve-se a três fatores: 1. Toda obra literária é uma espécie de objeto construído, com estrutura e significado; ela tira as palavras do nada e as dispõe de modo todo articulado, e é justamente esta maneira em que a mensagem é construída que define se a comunicação é literatura ou não. 2. A literatura é uma forma de expressão que manifesta emoções, além da visão crítica do mundo dos indivíduos e dos grupos; sua natureza é política e humanitária, para tanto usamos a expressão “literatura social”. 3. A literatura é uma forma de conhecimento, ou seja, resulta em aprendizado, é um tipo de instrução, apesar de não tão cartesianamente assim, reconhece o autor. 4. Logo, a literatura como um todo e, principalmente a literatura infantil, permitem analisarmos criticamente o mundo que nos cerca, pela sua natureza engajada e crítica das posições éticas, políticas e religiosas do ser humano. Como trabalhar poesia em sala de aula • Leia o artigo Poesia infantil: uma linguagem lúdica, de Maria de Lourdes Bacicheti Gonçalves, que discute algumas questões sobre a escolha do texto poético para trabalhar com a criança em sala de aula. A autora faz uma observação criteriosa dos textos em busca dos que melhor falem ao mundo infantil, a partir da análise de sua estrutura, compreensão e efeito geral da obra. Aponta como caminho para gostar de ler a vivência da criança com a poesia, pelas experiências em ler, sentir, discutir, refletir e até mesmo produzir textos poéticos. Disponível em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/CILLIJ/praticas/POESIA_INFANTIL_OK.pdf>. Acesso em: 23 fev. 2015. ACOMPANHENAWEB PORDENTRODOTEMA 13 Estudos sobre a poesia infantil de Cecília Meireles • Se você gosta de Cecília Meireles, leia a dissertação de Luís Camargo, com o título “Poesia infantil e ilustração: estudo sobre ‘Ou isto ou aquilo’ de Cecília Meireles”. Disponível em: <http://www.blocosonline.com.br/literatura/prosa/artigos/art021.htm>. Acesso em: 23 fev. 2015. Mário Quintana e a poesia para crianças • Nesse vídeo, você poderá conhecer um pouco mais sobre a poesia de Mário Quintana, autor contemporâneo de Cecília Meireles, que escreveu textos lindíssimos de entonação musical, perfeitos para usar em sala de aula pela curta extensão. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=NwItyGaGrTc>. Acesso em: 23 fev. 2015. Tempo: 14:59. A poesia na sala de aula – orientações e experiências • Para você que já está em sala de aula e pretende trabalhar com poesia, alguns artigos da Revista Nova Escola, como o de Camila Monroe, tratam da poesia como um ótimo recurso para aumentar o universo cultural das crianças e desenvolver a oralidade mesmo que elas ainda não saibam ler. Além desse artigo, outros materiais com títulos bastante sugestivos como: Artigos: O que não pode faltar na pré-escola, Coletânea de cantigas de roda, As primeiras leituras na pré-escola; Planos de Aulas: Sarau infantil e Vídeos: Pedro Bandeira declama o poema Mais respeito, eu sou criança!, Ricardo Azevedo declama o poema Bola de Gude. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/linguagem-oral-poe- sias-oralidade-poemas-567791.shtml>. Acesso em: 23 fev. 2015. ACOMPANHENAWEB 14 Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Leia o poema abaixo e faça uma análise do universo infantil retratado na poesia, levando em consideração a abordagem pedagó- gica do tema da poesia: a briga de duas meninas por uma boneca. Lembre-se de que, na poesia, há sempre a oportunidade de o professor trabalhar os conflitos do cotidiano de forma lúdica e prazerosa, apontando para as lições de convivência e de relacio- namento necessárias para um bom relacionamento em sala de aula. A boneca Deixando a bola e a peteca, Com que inda há pouco brincavam, Por causa de uma boneca, Duas meninas brigavam. Dizia a primeira: “É minha!” — “É minha!” a outra gritava; E nenhuma se continha, Nem a boneca largava. Quem mais sofria (coitada!) Era a boneca. Já tinha 15 AGORAÉASUAVEZ Toda a roupa estraçalhada, E amarrotada a carinha. Tanto puxaram por ela, Que a pobre rasgou-se ao meio, Perdendo a estopa amarela Que lhe formava o recheio. E, ao fim de tanta fadiga, Voltando à bola e à peteca, Ambas, por causa da briga, Ficaram sem a boneca . . . (BILAC, Olavo. Olavo Bilac: obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. Fonte da figura: cidamorena09.blogspot.com) 16 AGORAÉASUAVEZ Questão 2: O gênero literário que trata do registro das emoções humanas mais voltadas para a expressão do EU e dos sentimentos íntimos do poeta é: a) A poesia. b) A narrativa. c) A prosa. d) A arte dramática. e) O teatro. Questão 3: O texto abaixo faz parte de que gênero literário? Canção da Garoa Em cima do meu telhado, Pirulin lulin lulin, Um anjo, todo molhado, Soluça no seu flautim. O relógio vai bater; As molas rangem sem fim. O retrato na parede Fica olhando para mim. E chove sem saber por quê... E tudo foi sempre assim! Parece que vou sofrer: Pirulin lulin lulin... (Mário Quintana) 17 a) Dramático. b) Narrativo. c) Épico. d) Maravilhoso. e) Lírico. Questão 4: Leia atentamente o texto abaixo: NEOLOGISMO Beijo pouco, falo menos ainda. Mas invento palavras Que traduzem a ternura mais funda E mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora. (Manuel Bandeira) O poema acima apresenta um fenômeno linguístico chamado NEOLOGISMO, que consiste na criação de uma expressão nova a partir de um ou mais termos que já existem. Quais palavras são exemplos de neologismo no poema acima? Questão 5: Explique por que a linguagem poética é uma ferramenta importante da literatura infantil que deve ser utilizada no des- pertar da criança para a leitura. AGORAÉASUAVEZ 18 Neste tema você percebeu que a poesia é de suma importância para que o aluno reconheça a si mesmo e aos seus pares, a partir de um olhar mais sensível, aprimorado pela emotividade despertada pela poesia e suas formas mágicas de olhar o mundo. Conheceu também os poetas brasileiros que mais trabalharam com esse gênero na Literatura Brasileira e Infantil. Por isso, não deixe a poesia de lado, não deixe morrer esse momento mágico: corra em busca da coletânea das poesias para crianças dos autores indicados e deleite-se com seus poemas que falam sobre a vida e a formação do homem. Você que será um professor de português ou literatura, instigue a leitura desse tipo de obras para os seus alunos. Essa atitude pode deixá-los mais felizes, melhorar a sua escrita e melhorar o convívio de todos. FINALIZANDO ABROMOVICH, F. O estranho mundo que se mostra às crianças. 5 ed. São Paulo: Summus, 1983. AGUIAR, Melânia Silva de. Henriqueta Lisboa: memória do vivido/imaginação do transcendente. Scripta (PUCMG), Belo Horizonte, v. 6, n. 12, p. 27-36, 2003. AZEVEDOFILHO, L. A. de. Poesia e estilo de Cecília Meireles (a pastora de nuvens). Rio de Janeiro: José Olympio, 1970. BILAC, Olavo. Olavo Bilac: obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. BORDINI, M. G. Poesia infantil. 2 ed. São Paulo: Ática, 1991. BRANDÃO, Helena; MICHELETTI, Guaraciaba. Aprender e ensinar com textos didáticos e paradidáticos. 2. São Paulo: Cortez, 1997. CADEMARTORI, L. O que é literatura infantil. São Paulo: Brasiliense, 1986. CANDIDO, Antonio. O direito da literatura. In. Vários escritos. 3. ed. Ver. E ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria-análise-didática. 7. ed. São Paulo: Moderna, 2005. REFERÊNCIAS 19 __________. Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil. São Paulo: Editora Ática, 1991. FILIPOUSKI, Ana Mariza Ribeiro. Para formar leitores e combater a crise da leitura na escola: acesso à poesia como direito humano. In: Ciências e Letras: Revista da Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciência e Letras. Momentos da Poesia Brasileira-Dossiê Mario Quintana. Porto-Alegre, JUN./JUL. 2006. GÓES, L. P. Introdução à literatura infantil e juvenil. São Paulo: Pioneira, 1984. LEÃO, Ângela Vaz. Henriqueta Lisboa: o mistério da criação poética. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2004. JOSÉ, Elias. A poesia pede passagem: um guia para levar a poesia às escolas. São Paulo: Paulus, 2003. MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Il. Maria Bonomi. São Paulo: Giroflé, 1964. PAES, José Paulo. Poemas para brincar. Ilustrações de Luiz Maia. Editora Ática: SP. 2004. PERROTTI, E. O texto sedutor da literatura infantil. São Paulo: Ícone, 1989. VIGOTSKI, L. S. O desenvolvimento Psicológico na Infância. São Paulo: Martins Fontes, 1992. REFERÊNCIAS Oratória: arte de falar em público de forma estruturada e deliberada, com a intenção de informar, influenciar, ou entreter os ouvintes. A oratória refere-se ao conjunto de regras e técnicas adequadas para produzir e apresentar um discurso e apurar as qualidades pessoais do orador. (Fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Orat%C3%B3ria>. Acesso em: 23 fev. 2015.) Cadência melódica: sequência harmônica modulante e expressiva em que a tonalidade e o caráter geral dos sentimen- tos do autor são expressos em forma de poesia, música, utilizando a voz e os instrumentos musicais. Estereótipos: generalizações sobre comportamentos ou características de outros. Também significa impressão que pode ser sobre a aparência, roupas, comportamento, cultura, condições financeiras, comportamento, sexualidade etc. GLOSSÁRIO 20 GLOSSÁRIO O estereótipo também faz parte do racismo, xenofobia e intolerância religiosa. (Fonte: <http://www.significados.com.br/ estereotipo/>. Acesso em: 23 fev. 2015.) Modernismo: movimento literário e artístico que teve início com a realização da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O grupo de artistas formado por pintores, músicos e escritores pretendia trazer as influências das vanguardas europeias à cultura brasileira. Essas correntes expunham na literatura as reflexões dos artistas sobre a realidade social e política vivida. (Fonte: Sabrina Vilarinho, graduada em Letras: <http://www.brasi- lescola.com/literatura/modernismo.htm>. Acesso em: 23 fev. 2015.) Irreverente: adj. que demonstra irreverência; que denota falta de respeito; desrespeitoso. s.m. e s.f. Pessoa que de- monstra irreverência; quem age de modo desrespeitoso. (Fonte: <http://www.dicio.com.br/irreverente/>. Acesso em: 23 fev. 2015.) Parlenda: são rimas infantis, em versos de cinco ou seis sílabas, para divertir, ajudar a memorizar, ou escolher quem fará tal ou qual brinquedo. (Fonte: <http://www.qdivertido.com.br/verfolclore.php?codigo=21#ixzz3SrUYCgwr>. Acesso em: 23 fev. 2015). GABARITO Questão 1: Resposta: Sugere-se que o aluno seja capaz de responder que o poema narra o conflito entre duas meninas por causa de uma boneca. A análise pedagógica que se pode fazer nessa poesia serve como uma lição que o professor pode ensinar às crianças a fim de que não destruam a amizade em virtude de um objeto. Poderá refletir também sobre o papel de atração da poesia, desenvolvendo o senso de comunidade e bem estar entre as crianças, melhorando a convivência e ajudando a criar um ambiente confortável para que sejam elas mesmas e tenham um desempenho melhor em sala de aula. 21 Questão 2: Resposta: Alternativa A. Sugere-se que o aluno seja capaz de compreender que a poesia auxilia nas relações com o outro, sendo importante para o desenvolvimento da sensibilidade dos alunos, visto que a leitura de uma poesia exige a compreensão dos sentimentos do autor e possibilita a empatia com o texto. Questão 3: Resposta: Alternativa E. Espera-se que o aluno já tenha domínio das estruturas que compõem a poesia, identificando os versos e as estrofes e percebendo que a estrutura do texto é poética, logo, pertence ao gênero lírico. Questão 4: Resposta: O aluno deverá apontar as palavras TEADORAR e TEADORO, criadas a partir da junção do verbo ‘adorar’ e do nome ‘Teodora’, amor do eu-lírico. Questão 5: Resposta: O aluno deve ser capaz de inferir que a linguagem poética é muito marcante nas produções literárias infantis, pela diversidade de temas, sons, ritmos, que tocam a sensibilidade e a curiosidade, sendo essa linguagem considerada como “uma arte na combinação de palavras, sentimentos e pensamentos”. Ele pode citar as palavras de Nelly Novaes Coelho “É esse jogo de palavras, o principal fator da atração que as crianças têm pela poesia, transformando em canto (as cantigas de ninar, cantigas de roda, lenga-lenga). Ou pela poesia ouvida ou lida em voz alta, que lhes provoque emoções, sensações, impressões, numa interação lúdica e gratificante (COELHO, 2010, p. 222).”
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