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Medicina Veterinária Projeto de Pesquisa Processamento e Análise Microbiológica de Toucinho Suíno Agda Pavan¹, Analyce Ferreira¹, Ana Carolina Gonçalves¹, Cristine Salles¹, Érika Guimarães, José Wilker Amaral¹, Thaiza Araujo¹, Stefania Souza² 1 Alunos do Curso de Medicina Veterinária 2 Professora Doutora do Curso de Medicina Veterinária Resumo O toucinho é um alimento de origem animal, mais precisamente, a gordura subcutânea do porco, a partir de onde se é preparado o torresmo, que é uma preparação culinária feita de pele de porco com gordura e pequena porção de carne, cortada em pequenos pedaços e frita até ficar crocante, sendo um petisco apreciado em diversas regiões do mundo. O presente estudo tem como objetivo, avaliar a qualidade higiênico sanitária do Toucinho Suíno, comercializado em uma importante rede de Hipermercados presente no Distrito Federal, a partir de métodos analíticos oficiais de análises microbiológicas, para controle de produtos de origem animal, de acordo com a instrução normativa Nº 62, além de oferecer ainda, informações acerca do processamento do torresmo, famoso tira- gosto preparado a partir do toucinho suíno, caracterizando seu valor enérgico e informações nutricionais. Os resultados obtidos mostraram que apesar de algumas amostras avaliadas, apresentarem contaminação por coliformes fecais e totais indicando contaminação adquirida ainda no preparo do corte onde hipoteticamente haveria déficit higiênico sanitário por parte do manipulador ou das superfícies e utensílios que entraram em contato com o alimento, o grau de contaminação das amostras manteve-se dentro dos limites estabelecidos pela legislação. Concluindo que existe a necessidade de implantação e/ou melhor, aplicação de um programa de gestão da qualidade para reduzir a carga microbiana e principalmente, contaminação cruzada, no ambiente comercial para melhor atender o consumidor. Palavras-Chave: Estudo; Manipulação; Inspeção; Qualidade; Subproduto Suíno. Introdução Toucinho se originou provavelmente do termo latino tuccinum (lardum), que, por sua vez, se originou do termo céltico tucca, que significa "suco manteigoso". Pode ser encontrado fresco, salgado ou defumado. A gordura do toucinho pode também ser derretida, quando passa a ser chamada banha, podendo ser usada para cozinhar e ou fritar no lugar do óleo vegetal ou manteiga (CUNHA, 1996). Pode ser comido cru, frito, assado, grelhado ou, ainda, usado como ingrediente coadjuvante na condimentação de pratos, ou para envolver postas de assados. No Brasil e em Portugal uma das grandes tradições da sua gastronomia é o torresmo, feito a partir do toucinho. Tendo a sua origem na culinária portuguesa, no Brasil tem alguns retoques dos temperos trazidos pelos povos da África. O torresmo passou a ser utilizado em larga escala como um delicioso petisco associado à comida mineira, sendo apreciado acompanhado de um aperitivo, e utilizado também na feijoada e no feijão tropeiro. Pode acompanhar também qualquer bebida, sendo comum seu uso como tira- gosto (SANTA MASSA, 2017). Ao contrário do que tem se propagado, o toucinho e o torresmo são uma boa fonte de nutrientes alimentares, contendo proteínas, vitamina A, vitaminas do complexo B, cálcio, magnésio, fósforo, potássio, selênio e colina. Cem gramas de toucinho correspondem a 89% das recomendações diárias de selênio. A gordura contida no toucinho é do tipo saturada, a qual, segundo estudos, não afeta a saúde do coração (KRAUS et al., 2010). Em busca de maiores informações sobre esse alimento tão consumido pela população brasiliense, e sua condição microbiológica a presente pesquisa visa à obtenção de informações, acerca das condições de higiene durante o processamento, e o risco que representa o toucinho suíno comercializado no DF, à saúde de sua população, através de análises microbiológicas para identificação de coliformes totais e coliformes fecais, realizadas de acordo com a Instrução Normativa Nº 62, de 26 de agosto de 2003 (Brasil,2003). Materiais e Métodos Aplicando os procedimentos de controle específicos estabelecidos pela Instrução Normativa Nº 62, de 26 de agosto de 2003, foram preparados à solução salina 0,85%, o caldo EC e o caldo verde brilhante bile lactose 2%. Adquirido em uma rede de hipermercados do DF, o material se encontrava fracionado, embalado em almofada absorvente e papel filme flexível, refrigerada a 3 ºC, pesando 0,728 Kg a peça, estando dentro do prazo de validade com dois de vida de prateleira. Depois de transportado em temperatura ambiente por 30 minutos, o material foi acondicionado em geladeira domestica por 24 horas, em temperatura de 5 ºC sem violação da embalagem. No laboratório foi realizada a pesagem, assepticamente, de alíquotas para o preparo da amostra de toucinho suíno até completar as 25 ± 0,2 g da amostra, sendo após, macerada e diluída junto à solução salina, a partir de onde se iniciaram as diluições decimais seriadas em Caldo EC e VBBL. Resultados A aplicação da técnica de contagem utilizada foi à técnica de número mais provável (NMP) que é um método que permite estimar a densidade de microrganismos viáveis presentes em uma amostra sob análise, tendo por base a probabilidade estatística relacionada com a frequência da ocorrência de resultados positivos mais prováveis em função do número real de microrganismos presentes (BRASIL – MAPA, IN 62 de 2003. ANEXO III). Na leitura final do NMP foram consideradas somente as três diluições mais significativas, sendo a 10² 10³ e 10 4 . O arranjo do número de tubos positivos das três diluições foi transposto para a tabela estatística FDA – Bacteriological Analytical Manual, que informa o NMP para as diferentes combinações de tubos positivos e que também incluem os limites de confiança dos números mais prováveis dos microrganismos pesquisados em função da tabela em questão. O resultado obtido para coliformes totais e coliformes fecais na tabela FDA foi de 2,3 NMP respectivamente, que multiplicado pelo único fator de diluição positivo 10² obtemos o resultado final da análise correspondendo a 2,3 x 10² que de acordo com a resolução-RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001 foi avaliado como produto em condições sanitárias satisfatórias, já que o resultado analítico esta abaixo ao estabelecido para amostra indicativa, conforme especificado no anexo I do regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos, onde dentro do grupo de alimentos, gordura e produtos gordurosos de origem animal a tolerância para amostra indicativa é de 3 x 10³ (BRASIL - ANVISA, RDC 12 de 2001). Produção do Torresmo Estando o toucinho apto ao consumo, os ingredientes utilizados para o processamento do torresmo foram: panceta (barriga de porco), sal e água. A panceta foi cortada em fatias e lavada em agua corrente, em um recipiente separado, misturou-se o sal para temperar o toucinho. Para fritar o toucinho, o mesmo foi colocado em uma panela ainda em temperatura baixa e adicionou o dobro do volume de água em fogo alto, para que desidrate soltando a gordura do alimento. Após ser extraída toda a gordura, o toucinho foi frito na mesma, mexendo cuidadosamente até dourar. Segundo Grossi, 2016, a temperatura ideal para a fritura é entre 180°C a 190°C. Depois de apresentar textura crocante, foi retirado do óleo e colocado para escorrer em um prato forrado com papel toalha e após resfriar foi embalado em recipiente confeccionadopelos presentes acadêmicos, e armazenados adequadamente em ambiente arejado até a degustação. Os quitutes preparados foram degustados pelo grupo de estudantes, satisfazendo suas expectativas, o produto rendeu cerca de 253 g de torresmo, se apresentando como um produto alimentício de odor agradável, saboroso e de uma mescla de textura crocante e suculenta. Discussão Apesar de, a amostra utilizada ser inspecionada pelo SID, fracionada, embalada e refrigerada adequadamente com vida de prateleira de apenas dois dias, salvo não apresentando alterações em suas propriedades físicas, ainda assim foi diagnosticada a presença de enterobacterias patogênicas que podem ter sido adquiridas ainda no preparo do corte onde hipoteticamente o manipulador não lavava bem as mãos ou as superfícies e utensílios que entraram em contato com o alimento. Segundo Aviles, 2004, as características do toucinho suíno o tornam um produto propício ao desenvolvimento de microrganismos, caso ele não seja conservado adequadamente e manipulado em condições rígidas de limpeza do local e do próprio manipulador. Então para garantir a qualidade do toucinho e a segurança alimentar de seus consumidores, é importante que a rede de hipermercados avaliada e seus fornecedores estejam atentos a alguns conselhos básicos de higiene, que devem virar rotina em toda prática com finalidade culinária no ambiente comercial. Conclusão A partir dos resultados obtidos no presente estudo, conclui-se que, o estabelecimento avaliado, assim como a amostra analisada, encontram-se em condições higiênico-sanitárias satisfatórias, podendo então o torresmo ser ingerido tranquilamente pelo consumidor. A produção do torresmo caseiro foi avaliado pelo grupo como de fácil manipulação, oferecendo um produto final crocante e saboroso ideal para acompanhar bebidas fermentadas. Referências BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Regulamentos técnicos de identidade e qualida- de de produtos de origem animal. Ministério da Agricultura e do Abastecimento/ Secretaria de Defesa Animal/ Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal/ Divisão de Normas Técnicas. Brasília, D.F. Série Regulamentação Técnica de Identidade e Qualidade de Produtos de Origem Animal; n.2, 1997, 77p. ICMSF. Microorganismos de los Alimentos - Técnicas de Análisis Microbiológico. International Comision on Microbiological Specifications for Foods. V.1. 2. ed. Acribia, Zaragoza, Espanha. HITCHINS, A.D.; FENG, P.; WATKINS W.D.; RIPPEY S.R.; CHANDLER L.A. Escherichia coli and the Coliform bacteria. In: Bacteriological Analytical Manual Online. 2001. Disponível em: http://www.cfsan.fda.gov. KORNACKI, J.L.; JOHNSON, J.L. Enterobacteriaceae, Coliforms and Escherichia coli as Quality and Safety Indicators. In: Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods, 4. ed. Wash- ington DC. American Public Health Association. Frances Pouch Downes & Keith Ito (Eds.), 2001. p. 69-82. BRASIL. Ministério da Agricultura do Abastecimento e da Reforma Agrária. Secretaria de Defesa Agropecu- ária. Departamento de Defesa Animal. Manual de métodos microbiológicos para alimentos. Coordena- ção Geral de Laboratório Animal. 1991/1992 2ª Revisão. 136p. SILVA, N; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N.F.A. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. 3 ed. São Paulo: Varela, 2007.
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