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Epilepsia e Abordagem Farmacológica EPILEPSIA O conceito atual de epilepsia é de uma condição caracterizada por uma predisposição permanente para gerar crises epilépticas e por suas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. Seu diagnóstico é baseado na presença de duas ou mais crises recorrentes e espontâneas, sem levar em conta o contexto clínico. As crises epilépticas são descritas pela ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas em consequência a uma atividade neuronal encefálica excessiva e anormal. EPILEPSIA A apresentação clínica da crise epiléptica depende de uma grande variedade de fatores, como do local de início da atividade epileptiforme no córtex cerebral, dos seus padrões de propagação, da maturação encefálica, dos processos patológicos associados, do ciclo sono-vigília e de medicações em uso. As crises epilépticas podem afetar a consciência, o estado emocional, a memória, a cognição, o comportamento, bem como as funções sensoriais, motoras e autonômicas. EPILEPSIA Classificação das Crises Epilépticas Crises generalizadas: são conceituadas como crises originadas em uma determinada região encefálica, com rápido envolvimento de conexões distribuídas bilateralmente. Essas conexões bilaterais podem envolver tanto estruturas corticais quanto subcorticais, mas não necessariamente incluem todo o córtex. Crises parciais/focais: são conceituadas como originárias de cadeias neuronais limitadas a um hemisfério, podendo se originar de estruturas subcorticais. Elas podem ter origem em áreas de dimensões variadas, podendo ser bem restritas ou mais amplas. EPILEPSIA EPILEPSIA Crises Parciais: Parciais simples: diversas manifestações determinadas pela região do córtex ativada pela crise (ex: se for o córtex motor que representa o polegar esquerdo, ocorrem abalos clônicos do polegar esquerdo). A característica chave é a preservação da consciência. Parciais complexas: há comprometimento da consciência, muitas vezes associado a movimentos despropositados como estalar os lábios ou contorcer as mãos. Parciais com crises tônico-clônicas secundariamente generalizadas: uma crise parcial simples ou complexa evolui para uma crise tônico-clônica com perda da consciência e contrações persistentes (tônicas) dos músculos em todo o corpo, seguidas por períodos de contrações musculares alternados com períodos de relaxamento (clônicas). EPILEPSIA EPILEPSIA Crises Generalizadas: Crises de ausência: início abrupto de comprometimento da consciência associado a olhar fixo e interrupção da atividade corrente Crises Mioclônicas: contração breve e semelhante a choque dos músculos, que pode ser restrita a parte de um membro, ou generalizada. Crises tônico-clônicas: conforme descrito nas crises parciais secundariamente generalizadas, porém sem serem precedidas por crises parciais. EPILEPSIA EPILEPSIA Etiologia: Genética: epilepsia resultante de defeitos genéticos conhecidos ou presumidos, na qual a crise epiléptica é o sintoma cardinal do distúrbio. A designação da natureza fundamental do distúrbio como genética não exclui a possibilidade de fatores ambientais, contribuindo para a expressão da doença. Estrutural/metabólica: entidade na qual existe uma lesão estrutural, metabólica ou doença distinta, que esteja associada com um risco aumentado para o desenvolvimento de epilepsia. As lesões estruturais podem ser adquiridas (p. ex., AVC, trauma, tumor). Causa desconhecida: epilepsia na qual a etiologia subjacente ainda é desconhecida. EPILEPSIA Tratamento: Fenitoína: seu mecanismo de ação consiste em limitar o disparo repetitivo de potenciais de ação provocado pela despolarização persistente de neurônios (bloqueia canais de cálcio sensíveis à voltagem). É eficaz contra todos os tipos de crises parciais e tônico-clônicas, mas não contra as crises de ausência. Carbamazepina: é considerada um dos principais agentes para o tratamento das crises parciais e tônico-clônicas. Possui mecanismo de ação similar à fenitoína, porém a carbamazepina também possui efeito antimaníaco, ao contrário da fenitoína. Ácido Valpróico: além de produzir efeitos similares à fenitoína e à carbamazepina, o ácido valpróico aumenta a concentração de GABA ao estimular a enzima responsável pela síntese deste neurotransmissor inibitório, assim como inibir a enzima de sua degradação. Também possui efeitos antimaníacos. Sua eficácia foi comprovada em crises de ausência, tônico-clônicas e crises parciais. EPILEPSIA Tratamento: Benzodiazepínicos: as ações anticonvulsivantes dos BDZs resultam em grande parte de sua capacidade de aumentar a inibição sináptica mediada por GABA. Barbitúricos: podem produzir todos os graus de depressão do SNC, desde uma leve sedação até anestesia geral. O mecanismo de ação dos barbitúricos também se dá via receptores GABAa, assim como os BDZs. A diferença é que os barbitúricos prolongam os efeitos do GABA e os benzodiazepínicos aumentam a frequência desses efeitos. Um exemplo de fármaco desta classe é o fenobarbital. É eficaz para crises tônico-clônicas generalizadas e parciais. REFERÊNCIAS Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica/ [revisão e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca] – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição (DSMV) MIGUEL, Euripedes Constantino; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner Farid (Editores). Clínica Psiquiátrica I. Barueri, SP: Manole, 2011. Stahl, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas / Stephen M. Stahl; tradução Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira – 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
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