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Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo Dep. de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Reabilitação da Dor no Ombro conciliando a biomecânica a neurociência Anamaria Siriani de Oliveira GRUPO DO OMBRO USP-RP Particularidades sobre o Complexo Roach et al. 2013 Nature 498(7455): 483-496 COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO 3 articulações verdadeiras 1 articulação funcional 26 músculos Muitos ligamentos ARTICULAÇÃO GLENOUMERAL a mais móvel do corpo O COMPLEXO DO OMBRO pode gerar movimento mais rápido que qualquer outro segmento no corpo Arremesso de baseball 170 km/h Velocidade no ombro de 7000 a 9000°/s Desaceleração (fase excêntrica) 500.000 °/s2 NO, WE CAN’T! Particularidades sobre o Complexo vantagem evolutiva? YES WE CAN! Roach et al. 2013 Nature 498(7455): 483-496 Particularidades sobre o Complexo vantagem evolutiva? Lewis et al. 2001 Physiotherapy 87(4): 191-198 Particularidades sobre o Complexo vantagem evolutiva? Tubez et al. J Sports Sci Med. 2015 Jun; 14(2): 402–412 Scher et al. J Athl Train. 2010 Mar-Apr; 45(2): 191–197 SERVIÇO OU SAQUE 54% da energia é proveniente das pernas e tronco (21% do ombro) Lesão do músculo reto abdominal reduz a força de reação do solo vertical e anterior, diminui o impulso do drive vertical da perna e aumenta a máxima rotação externa do ombro ARREMESSO Arremessadores rápidos são capazes de gerar maior momento nos membros inferiores que os arremessadores lentos O rotação interna do quadril é usada para desacelerar o corpo e é menor, especialmente no “crow hop” Menor rotação interna do quadril (5°) foi associada a maior rotação interna do ombro de arremessadores com dor no ombro (transferência) Relação quantitativa exposição-resposta de acordo com a postura do braço Svendsen al. 2004 Occup Environ Med 61(10): 844-853 POSIÇÃO DE TRABALHO DO BRAÇO E DOR NO OMBRO Trabalhar com elevação acima de 90 é associado com mais queixa de dor no ombro e a cada hora de trabalho adicionada aumenta chances de dor associada ou não a incapacidade e da tendinite do supraespinhoso Porcentagem diária de exposição obtida de 72 trabalhadores escolhidos aleatoriamente de uma amostra de cohort de 1886 participantes Dor no ombro sem incapacidade Dor no ombro e incapacidade Tendinite do supraespinho Svendsen al. 2004 Occup Environ Med 61(10): 844-853 Reabilitação da Dor no Ombro conciliando a biomecânica a neurociência Rubin & Kibler WB. Arthroscopy 2002 Nov-Dec;18(9 Suppl 2):29-39 Silva & Oliveira. Fisioter. Pesqui 2015, 22(1), 48-53 Dor no ombro – terceira causa mais comum de dor musculoesquelética Síndrome do Impacto é a causa mais comum de dor no ombro Terceiro diagnóstico musculoesquelético mais encaminhado para reabilitação Síndrome do impacto, Síndrome de coalisão do ombro, Síndrome do manguito rotador, Síndrome de dor subacromial Dor no ombro relacionada ao manguito rotador Na SIS há possibilidade de acontecerem, isolada ou conjuntamente, tendinites (manifestações de inflamação aguda da bainha dos tendões) e tendinopatias (manifestações patológicas crônicas) do manguito rotador e da cabeça longa do músculo bíceps braquial, rupturas tendíneas (parciais, totais e massivas) e bursite subacromial Não há uma consistência entre o diagnóstico e os achados clínicos SIS – Rótulo Diagnóstico Problema 1 O nome não representa um diagnóstico anatomopatológico Neer CS. J Bone Joint Surg 1972;(54A):41-50 desde 1972 Propôs o conceito e do diagnóstico “síndrome do impacto do ombro baseado em uma série de casos e recomendou a acromioplastia como o tratamento para a condição Teste de Neer Sensibilizado A identificação conclusiva do tecido lesado só é possível em exposição aberta Bigliani et al. (1986 e 1991) SIS – Rótulo Diagnóstico Problema 2 A etiologia não está definida Neer CS. J Bone Joint Surg 1972;(54A):41-50 desde 1972 SINDROME DO IMPACTO DO OMBRO Síndrome do impacto é uma condição dolorosa produzida pela pressão mecânica do tendão do supraespinhoso na porção anterior do acrômio quando o braço é elevado em posição de abdução ou flexão Subacromial ou externo face acromial do tendão Posterior ou interno face articular do tendão Anterosuperior gleinoidal menos comum e raramente citado Cools, Cambier & Witvrouw, 2010 Rathbun & Macnab ,1970 INTRÍNSECOS VS. EXTRÍNSECOS Apenas as alterações capsulares provaram, até o momento, alterar a trajetória do centro de rotação instantâneo da articulação glenoumeral SIS – Rótulo Diagnóstico Problema 2 A etiologia não está definida Harryman et al. J Bone Joint Surg Am. 1990 Oct;72(9):1334-43 Werner et al. J Orthop Res. 2004 Jan;22(1):194-201 Comparação da translação durante a flexão dos ombros com a cápsula intacta, inflada e retesada. Após o retesamento da parte posterior da cápsula, a translação anterior acontece em ângulos mais precoces e em maior extensão que nos ombros intactos e inflados Nem mesmo o fator extrínseco reconhecido como potencial causador de impacto tem uma direção da translação da cabeça umeral, resultante do retesamento da cápsula posterior, consistente entre os estudos Tennent et al. Am J Sports Med. 2003 Jan-Feb;31(1):154-60 Hanchard et al. Cochrane Database Syst Rev. 2013 Apr 30;(4):CD007427 Hegedus et al. Br J Sports Med. 2012 Nov;46(14):964-78 Gismervik et al. BMC Musculoskelet Disord. 2017 Jan 25;18(1):41 Várias revisões narrativas e sistemáticas têm consistentemente demonstrado que o uso de qualquer teste de exame físico do ombro para fazer um diagnóstico patognomônico não pode ser inequivocamente recomendado e revelou extrema diversidade no desempenho e na interpretação dos testes, o que dificulta a síntese da evidência e a aplicabilidade clínica Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas Existe a necessidade de estudos de validade do(s) Teste(s) de Exame Físico do Ombro usem desenhos de estudos clínicos randomizados e não o desenho de precisão/acurácia, dependendo menos de testes de referência já estabelecidos, para comparar a validade de diferentes estratégias de diagnóstico relacionadas ao seu efeito sobre os desfechos dos pacientes Teste de Hawkins-Kennedy Teste de JobeTeste de GerberTeste de Neer Embora alguns livros textos tratem os tendões do manguito rotador como entidades distintas, verdadeiramente, estão todos reunidos ótico, criando uma inserção comum de várias camadas de tecido aponeurótico intricadamente mesclado, que se insere nos tubérculos do úmero Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas Clark & Harryman. J Bone Joint Surg Am. 1992 Jun;74(5):713-25 face acromial face capsular face capsular SC – subescapular SP – supraespinhoso IS – infraespinhoso TM – redondo menor C – processo coracóide chl – lig. coracoumeral SC – subescapular B – cabo longo bíceps SP – supraespinhoso IS – infraespinhoso TM – redondo menor C – cápsula articular I-L – inserção t. menor I-G – inserção t. maior X – banda pericapsular E – cobertura Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas Vangsness et al. Arthroscopy. 1995 Apr;11(2):180-4 Aszmann et al. Clin Orthop Relat Res. 1996 Sep;(330):202-7 Shin et al. Surg Radiol Anat. 2010 Mar;32(3):235-8 corpúsculo de Ruffini lig. glenoumeral inferior (100X) corpúsculo de Paccini Lig. Coracoumeral (200x) Terminação Nervosa Livre bursa subacromial (200X)3 tipos de mecanorreceptores (2 de adaptação lenta e 1, rápida em menor quantidade) nas 3 partes do lig. glenoumeral, coracoclavicular e coracoacromial. Terminações nervosas livres presentes na periferia do labrum glenoidal, na bursa subacromial e subdeltóidea Portanto, músculos, bursas, tendões e labrum são inervados e podem informar dor em situação de sobrecarga mecânica, na presença de substâncias químicas ou nas variações extremas de temperatura Lig. coracoclavicular, bursa subacromial e art. acromioclavicular possuem dupla inervação sensorial de ramos do n. supraescapular (70% da inervação sensorial da art. Glenoumeral) e n. peitoral lateral (C5 e C6). Os mm. Infra e supraespinhoso recebem também fibras de C4 Ide et al. J Shoulder Elbow Surg. 1996 Sep-Oct;5(5):371-82 Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas ● corpúsculo de Ruffini corpúsculo de Paccini * Terminação Nervosa Livre ░ corpúsculo de Golgi-Mazzon ○ receptores Tipo 2 não identificados Dean et al. Arthritis Res Ther. 2015 Jul 10;17:176 Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas Foram realizadas biópsias do tendão do supraespinhoso de 9 pacientes (painful) submetidos à cirurgia de descompressão subacromial (SAD) e de 9 pacientes (pain- free) com 5 ou mais anos de pós cirurgia de SAD nos quais a dor havia resolvido completamente Imagem de imunofluorescência da borda de um tendão lesado do supraespinho mostrando células que expressam neuromodulares nociceptivo. Em violeta, Glutamato. Em vermelho, N-metil-d- aspartato Gotoh et al. J Orthop Res. 1998 Sep;16(5):618-21 Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas Foram realizadas biópsias da bursa subacromial de 19 pacientes (não perfurado) com rupturas parciais do tendão do m. supraespinhoso e de 18 pacientes (perfurado) com lesão completa de pelo menos 1 cm Micrografia de vaso sanguíneo e sua inervação, mostrando a luz do vaso (VC). Note a marcação para substância p em torno da parede do vaso (WV). Aumento de 600x 12.5 meses10.5 meses 2-8 (mediana 4) 5-10 (mediana 8) 50-78 anos (média 60) Leschinger et al. Eur J Orthop Surg Traumatol. 2017 Apr;27(3):367-372 Boettcher et al. J Sci Med Sport. 2009 Jul;12(4):435-9 Problema 3 Testes clínicos não são úteis para indicar de onde vêm os sintomas São testes provocativos de sintomas mas não levam a um diagnóstico patognomônico O exame EMG da ativação muscular durante os testes "lata vazia" e "lata cheia" indica que eles não ativam seletivamente o músculo supraespinhoso O exame EMG de 13 músculos em 15 voluntários assintomáticos ● Lata Cheia – SEMG Supra sem ≠ 8 outros mm □ Lata Vazia – SEMG Supra sem ≠ 9 outros mm Movimentos do ombro de flexão e rotação interna (teste de Hawkins) e de abdução e rotação interna (teste de impacto horizontal) pode levar a diferentes mecanismos de impacto coracóide durante o exame clínico. Os testes de impacto Hawkins, Neer e Impacto Horizontal conduzem a distâncias acromioumerais estreitas comparáveis e ao contato subacromial do manguito rotador 51 homens entre 40 e 70 anos e sem sintomas (US 21 ombros D e 26 ombros E) 96% dos assintomáticos apresentavam alguma alteração patológica no ombro Girish et al. AJR Am J Roentgenol. 2011 Oct;197(4):W713-9 Problema 4 Não existe uma relação entre o dano estrutural e os sintomas ENTESOPATIA (ESPORÃO) ACROMIAL 7 em ombros arremessadores (50%) 6 em ombros não-arremessadores (43%) Imagens de MRI de 14 arremessadores assintomáticos (28 ombros) Miniaci et al. Am J Sports Med. 2002 Jan-Feb;30(1):66-73 Problema 4 Não existe uma relação entre o dano estrutural e os sintomas MANGUITO ROTADOR 11 ombros arremessadores tinham mudanças no tendão do supraespinhoso (79%) 12 ombros não-arremessadores tinham mudanças no tendão do supraespinhoso (86%) as porcentagens foram opostas para os achados de lesão no m. infraespinhoso LABRUM 22 dos 28 ombros possuíam sinais de lesão labral As anormalidades estavam em 11 ombros arremessadores e em 11 de não- arremessadores e estavam distribuídas igualmente nos aspectos anterossuperior, anteroinferior e posteroinferior da estrutura 14 participantes (190 mulheres e 203 homens, média de idade de 62 anos) com uma lesão atraumática sintomática de espessura total, tratada com fisioterapia. As rupturas envolveram apenas o supraespinhoso em 72% dos pacientes, sobre a parte média da cabeça do úmero em 34% e, com retração mínima em 48%. A migração superior da cabeça do úmero estava presente em 16% dos pacientes. Os sintomas eram presentes por mais um ano em 36% dos participantes Dunn et al. J Bone Joint Surg Am. 2014 May 21;96(10):793-800 Problema 4 Não existe uma relação entre o dano estrutural e os sintomas As medidas de severidade da lesão, incluindo número de tendões envolvidos (p = 0,5), quantidade de retração (p = 0,9), presença de migração da cabeça do úmero (p = 0,3) e quantidade de degeneração gordurosa do supraespinhoso (p=0.04), não foram associada à intensidade de dor percebida Fatores Não Modificáveis pela maioria das intervenções de saúde Estilo de vida e nível de atividade física de indivíduos com dor no ombro atendidos em um serviço público 100 pacientes com queixa de dor no ombro (SPADI > 30 pontos) recrutados do CSE - Cuiabá de 01 de janeiro de 2015 a 01 de janeiro de 2016 (89% dos casos). Mulheres (83%), ensino fundamental incompleto (44%), sintomas crônicos (91%), média SPADI de 65 pontos ESTILO DE VIDA: 84% regular ou inferior pouco ativos em sociedade, alteram-se em discussões, não equilibram o tempo de trabalho e lazer, são fisicamente inativos ou ativos apenas para deslocar-se de casa para o trabalho Classificação, N (%) Negativo Regular Positivo Nutrição 17 (17) 37 (37) 46 (46) Atividade Física 30 (30) 39 (39) 31 (31) Comportamento Preventivo 0 (0) 6 (6) 94 (94) Relacionamento Social 5 (5) 42 (42) 53 (53) Controle do Estresse 19 (19) 34 (34) 47 (47) Paglioto J et al Aceito Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 2017 Chester et al. Br J Sports Med. 2016 Jul 21. pii: bjsports-2016-096084 Fatores psicossociais estão associados ao mal prognóstico Maior dor e incapacidade na linha de base Expectativa do paciente de "ligeira melhora" em vez de "recuperação completa" como "resultado do tratamento de fisioterapia" Baixa autoeficácia relacionada a dor Não estar empregado devido a afastamento, desemprego ou incapacidade em relação ao emprego comparada a estar empregado ou ter melhor nível de instrução (exceção: SPADI às 6 semanas) Maior severidade da dor ao repouso. 71 fatores prognósticos foram avaliados em 1030 pacientes (44% homens, média de idade de 57 anos e 14 meses de duração de sintomas) na da coleta inicial, em 840 na avaliação de 6 semana e, 811, na de 6 meses Fatores Físicos como ADM, força muscular, facilitação manual do movimento da escápula não se correlacionaram com o prognóstico em 6 semanas ou 6 meses George et al. Arthritis Care Res. 2016 Nov;68(11):1671-1680 Martinez-Calderon et al. BMJ Open. 2017 Mar 6;7(3):e012822 Fatores psicossociais estão associados ao mal prognóstico Novo estudo vai avaliar pacientes com mais de 3 meses de dor e incluirá fatores prognósticos como intensidade de dor, incapacidade e autoeficácia, cinesiofobia, medo relacionado a dor, catastrofização da dor, ansiedade, depressão, expectativas do paciente sobre sua recuperação, idade, sexo, duração / intensidade dos sintomas, nível educacional entre outros 3 interações (de 7 significativas) com fortes evidências estatísticasenvolvendo genes moduladores da dor KCNS1 e cinesiofobia para intensidade de dor pré-operatória ADRB2 e sintomas depressivos no curso pós-operatório GCH1 e sintomas de ansiedade 3 interações (de 10 significativas) com forte evidência estatística envolvendo genes inflamatórios presença de 2 diferentes polimorfismos da IL6 e catastrofização da dor IL6 e sintomas depressivos Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva Tratamento conservador e cirúrgico têm efetividade semelhante 85% dos diagnósticos clínicos de dor no ombro indicam dor relacionada a manguito rotador e, portanto, a maior parte da literatura também é direcionada para essa condição Existe um relativo grande número de estudos e técnicas não recomendadas ainda são aplicadas e promovidas ESCOLHERAM FAZER CIRURGIA APÓS O PROTOCOLO CONSERVADOR Exercício Específico – 20/51 (20%) Exercício Controle – 29/46 (63%) odds ratio 7,7 (3.1 a 19.4 p<0.001) Holmgren et al. BMJ. 2012 Feb 20;344:e787 Tratamento conservador e cirúrgico têm efetividade semelhante EXERCÍCIOS REDUZEM EM ATÉ 80% A NECESSIDADE DE FAZER UMA INTERVENÇÃO CIRURGIA DE QUEM ESTÁ NA LISTA DE ESPERA PARA OPERAR 97 pacientes, 52 anos lista de espera para descompressão subacromial 12 semanas (1 por semana nas 2 primeiras semanas e um por semana por 10 semanas Grupo 1 - exercícios específicos (direcionados para o manguito rotador e estabilizadores da escápula) Grupo 2 - controle (exercícios inespecíficos para região da cervical) Diário para registro dos exercícios domiciliares Kukkonen et al. Bone Joint J. 2014 Jan;96-B(1):75-81 Kukkonen et al. J Bone Joint Surg Am. 2015 Nov 4;97(21):1729-37 Tratamento conservador e cirúrgico têm efetividade semelhante EXERCÍCIOS SÃO TÃO EFETIVOS QUANTO CIRURGIA EM LESÕES PARCIAIS DO MANGUITO ROTADOR 180 (173 pacientes, 55 a 81 anos) ombros com lesões parciais (menos que 75% da lesão comprometendo o a inserção do m. supraespinhoso na MRI) Grupo 1 – Fisioterapia – protocolo de 12 semanas, incluindo exercícios domiciliares – 1 a 6 s – aumento da ADM glenoumeral e retração ativa da escápula – 6-12 s – exercícios estáticos e dinâmicos para músculos periescapulares e glenoumerais com progressão de carga (exercícios de força e resistência até 6 meses) – custo do tratamento €2417 Grupo 2 – Acromioplastia (artroscópica) & Fisioterapia – custo do tratamento €4765 Grupo 3 – Reparo (single ou double-row), Acromioplastia & Fisioterapia – custo do tratamento €5709 Kuhn et al. J Shoulder Elbow Surg. 2013 Oct;22(10):1371-9 Tratamento conservador e cirúrgico têm efetividade semelhante 452 pacientes, 62 (31-90) anos, 86% causacianos, com comorbidades como hipertensão (49%), osteoartrite (33%) e dor lombar (36,5%), diabetes (13.5%) Ruptura completa (48% ruptura de tamanho mínimo, 33.5% com retração, apenas do m. supraespinhoso em 70% e migração da cabeça umeral em 15%) Intervenção: livro de reabilitação para exercícios domiciliares acompanhado de um DVD. Diariamente, exercícios posturais, movimento ativo assistido, treino ativo dos mm. periescapulares, alongamentos para musculatura posterior e anterior do complexo. Três vezes por semana, fortalecimento do manguito rotador e periscapulares A maior parte dos pacientes que decidiram fazer cirurgia, o fizeram na 12 semana EXERCÍCIOS SÃO TÃO EFETIVOS QUANTO CIRURGIA EM LESÕES COMPLETAS ATRAUMÁTICAS DO MANGUITO ROTADOR Em dois anos 75% dos pacientes ainda não tinham decidido fazer cirurgia Haahr et al. Ann Rheum Dis. 2005 May;64(5):760-4 Haahr et al. Scand J Rheumatol. 2006 May-Jun;35(3):224-8 Ketola et al. Acta Orthop. 2016 Aug;87(4):351-5 Ketola et al. Acta Orthop. 2015;86(6):641-6 Ketola et al. J Bone Joint Surg Br. 2009 Oct;91(10):1326-34 Tratamento conservador e cirúrgico têm efetividade semelhante Pacientes com Síndrome do Impacto Subacromial que foram randomizados para grupos de exercícios ou cirurgia tiveram resultados semelhantes em follow-ups de 1, 2, 3, 4, 5 e 8 anos, com custo menor na intervenção exercício EXERCÍCIOS SÃO TÃO EFETIVOS QUANTO CIRURGIA EM LESÕES DO MANGUITO ROTADOR NÃO IMPORTA O TEMPO DE FOLLOW-UP Carr et al. Health Technol Assess. 2015 Oct;19(80):1-218 Tratamento conservador e cirúrgico têm efetividade semelhante 273 participantes com mais de 50 anos e lesões degenerativas do manguito rotador foram randomizados para um grupo de reparo aberto e outro de reparo artroscópico Oxford Shoulder Score (OSS) A taxa de re-ruptura foi semelhanteA dor e função foram semelhantes Qual é então a origem da dor e disfunção relatadas no ombro? Diferentes Mecanismos de Dor nocicepção, neuropatia algopatia Instabilidade Articular instabilidade muldirecional ou traumática Rigidez Articular ombro congelado osteosarcoma luxação-bloqueio Trauma ou Condição Ortopédica ou Reumatológica nos Tecidos Moles ou Ósseos acrômio, bursas e tendões Dor Referida coluna cervical ou torácica abdômen Fatores Psicossociais alta demanda física ou psicológica no trabalho O atual cenário para reabilitação do ombro doloroso O termo “Síndrome do Impacto do Ombro” é um guarda-chuva ou rótulo diagnóstico É difícil decidir que nome utilizar, comprometendo a comunicação entre os interessados Os testes clínicos são provocativos de sintomas mas não levam a um diagnóstico patognomônico Os testes clínicos não contribuem para a identificação das estruturas que dão origem aos sintomas Não há relação entre percepção dos sintomas e severidade da lesão dos tecidos O relato de dor nem sempre é compatível com a irritabilidade tecidual, ou seja, não indica se os tecidos precisam ser poupados ou se estão prontos para serem submetidos a carga A identificação conclusiva do tecido lesado só é possível em exposição aberta Muitas pessoas têm lesões assintomáticas e, portanto, conhecer o tecido lesado, pode não ser decisivo para planejar o tratamento Fatores psicossociais associam-se ao mal prognóstico mais que fatores físicos As abordagens terapêuticas exclusivamente focadas na estrutura e função do corpo humano podem resultar em insucesso no tratamento A melhor evidência disponível de que o tratamento conservador é tão efetivo quanto o cirúrgico Embora pareça bom, reafirmamos que nosso modelo teórico de falha tecidual pode não ser o melhor para conduzir nossas decisões clínicas O rótulo diagnóstico permanecerá como um desafio Dor no ombro relacionada aos tecidos moles do espaço subacromial 85% dos diagnósticos clínicos são relacionados as estruturas desse espaço “relação” não indica origem ou etiologia ainda é um rótulo diagnóstico do ponto de vista anatomopatológico.... Uma alternativa que minimiza os desencontros e permite uma conciliação ou acordo entre o pensamento mecanicista e os atuais conhecimentos de neurociência da dor inicia-se em adotar modelo conceitual que integra o Sistema Nervoso Central na experiência de dor Modelos Conceituais Cartesianos Modelos de dor por presença de substâncias bioquímicas Sugerem uma base bioquímica local para a dor associada à tendinopatia, onde mediadores bioquímicos no tecido estimulam fibras aferentes nocioceptivas (Khan et al., 2000) No entanto, ainda não está claro se as substâncias bioquímicas são uma causa de degradação e / ou dor nos tecidos ou se são um subproduto da tendinopatia (Danielson, 2009) É um modelo de grande potencial para explicar a dor persistente mas ainda ignora a influência do SCN Modelos de dor por patologia do tecido local Modelos de dor por patologia do tecido local foram propostos (Cook e Purdam, 2009) e adaptadosao manguito rotador (Lewis, 2010). No entanto, como mencionado, esses modelos são confundidos pela falta de associação entre patologia e dor (Cook e Purdam, 2009; Drew et al., 2012) Modelos tradicionais que descrevem a lesão tecidual / patologia estrutural resultando em informação nociceptiva e uma resposta de dor proporcional à extensão da lesão parecem inadequados, se considerados isoladamente Littlewood et al. Man Ther. 2013 Dec;18(6):468-72 Modelo Conceitual Alternativo Modelo baseado em neurociência dor Atividade do Módulo de Neurofisiologia da Dor no Curso de Pós- Graduação Interdisciplinar em Dor - UFSCar Por que propor novos roteiros de tomada de decisão? Os autores recomendam fortemente abandonar por completo os rótulos diagnósticos e diagnósticos anatomopatológicos Schellingerhout et al. Man Ther. 2008 Dec;13(6):478-83 O processo de tomada de decisão clínica para a dor no ombro O panorama atual mostra diferentes esforços para sistematizar o processo de tomada de decisão clínica para dor no ombro, incluindo a SIS, e para avançar no sentido de identificar grupos de pacientes com características mais homogêneas, que possam nortear o tratamento fisioterapêutico Shoulder Symptom Modification Procedure ou SSMP (2009) Algoritmo de Avaliação e Tratamento do Consenso de 2015 Staged Approach for Rehabilitation Classification: Shoulder Disorders ou STAR-Shoulder (2016) E o roteiro de tomada de decisão do A.R.C.O. Processo cognitivo no qual se escolhe um plano de ação, entre outros, para uma situação problema. “a escolha da melhor evidência científica disponível para a avaliação, prognóstico e tratamento de uma determinada condição clínica, que o profissional tem expertise para realizar de maneira adequada e eficaz, dentro de suas condições de trabalho e que o paciente concorda em receber” Quadro 1. Roteiro de classificação de pacientes com SIS, considerando o diagnóstico anatomopatológico, a identificação do risco de cronificação e a irritabilidade relacionada a percepção de dor. Há possibilidade de múltiplos diagnósticos e deficiências. No entanto, o paciente é classificado em apenas uma das categorias de irritabilidade relacionada a percepção de dor (categoria mutuamente exclusiva). Note que o do Central Sensitization Inventory (CSI) ainda precisa de uma versão adaptada para Língua Portuguesa para ser considerado em pesquisas com nossa população. Os valores indicados com asterisco são apenas sugestões e não possuem fundamento estatístico para serem considerados como valores de corte. Esses valores foram incluídos apenas para tentar nortear colegas com menor experiência no acompanhamento de pacientes com SIS e foram obtidos do primeiro, segundo e terceiro quartis do banco de dados de pesquisas do grupo e do Ambulatório de Reabilitação do Complexo do Ombro, o ARCO Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva Algopatia Inventário de Sensibilização Central Neblett et al J Pain. 2013 May;14(5):438–45 Avaliação da Dor Nível de irritabilidade associado a percepção de dor* Avaliação da (Des)Proporcionalidade da Queixa Percebida Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva Identificando Risco de Cronificação PRINCIPAIS INDICADORES DO RISCO DE CRONIFICAÇÃO Alta intensidade de dor na avaliação inicial Valores mais próximos da máxima pontuação total do SPADI Duração de sintomas maior que três meses INDICADORES SECUNDÁRIOS DO RISCO DE CRONIFICAÇÃO Paciente ser do sexo masculino, ter mais de 45-55 anos, relatar várias visitas ao médico devido a dor no ombro, pobre percepção geral de saúde, início gradual dos sintomas, afastamento(s) médico(s) do trabalho, ou ainda, percepção de alta demanda de trabalho e de baixo suporte social (assistência ou cuidado de um grupo social, como a família ou amigos) Pacientes com catastrofização dos sintomas relacionados a dor no ombro também tem pior prognóstico Por outro lado, não fazer uso regular de medicamentos e possuir um plano de saúde ativo, apresentaram-se como fatores protetores moderados ao risco de cronificação da dor no ombro Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva Pacientes com dor com predomínio nociceptivo e alto risco de cronificação QUADRO 2. Sugestão de tratamentos* com progressão determinada pelo nível de irritabilidade dos tecidos de acordo com a intensidade de dor relatada na END. Essas sugestões são consideradas apropriadas para pacientes com SIS que apresentem dor com predomínio nociceptivo e baixo risco de cronificação da SIS. Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva Pacientes com sensibilização central QUADRO 3. Sugestão de tratamentos para pacientes com SIS que apresentem dor com predomínio de sensibilização central e medo relacionado ao movimento. Nesses casos, a progressão de atividades é contingenciada por tempo de duração da tarefa independente da percepção de dor relatada pelo paciente. Educação em neurociência da dor e o uso do material de suporte via web ou app também estão indicadas para pacientes com alto risco de cronificação dos sintomas de SIS. Oliveira et al. 2017. Cap. Reabilitatação da S.Impacto. PROFISIO Esportiva GRUPO DO OMBRO 2017 #ShoulderDreamTeam #LAPOMH siriani@fmrp.usp.br Colaboradores: Prof. Dr. Kevin James McQuade, University of Washington , USA Prof. Dr. Sergio Teixeira Fonseca e Renan Alves Resende, BH, UFMG Profa. Dra. Ann Cools, Ghent University, Bélgica Prof. Dr. Luiz Mochizuki, EEFE-USP-SP Profa. Dra. Débora Bevilaqua Grossi Profa. Dra. Susan Armijo-Olivo, University of Alberta, CA Prof. Dr. Felipe José Jandre dos Reis, IFRJ Dr. Salomão Chade Assan Zatiti Referências Roach et al. 2013 Nature 498(7455): 483-496 Lewis et al. 2001 Physiotherapy 87(4): 191-198 Tubez et al. J Sports Sci Med. 2015 Jun; 14(2): 402–412 Scher et al. J Athl Train. 2010 Mar-Apr; 45(2): 191–197 Svendsen al. 2004 Occup Environ Med 61(10): 844-853 Rubin & Kibler. Arthroscopy. 2002 Nov-Dec;18(9 Suppl 2):29-39 Silva & Oliveira. Fisioter. Pesqui 2015, 22(1), 48-53 Neer CS. J Bone Joint Surg 1972;(54A):41-50 Rathbun & Macnab I. 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