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GABARITO GERAL DE PENAL IV 1 A 10

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CASO PRÁTICO DA SEMANA 2 – DIR. PENAL 4 
LETRA A: O crime de desobediência não se constitui por ato de desobediência à lei, mas por ato de desobediência à 
ordem de funcionário em atuação da lei. Desobediência à normas jurídicas, regulamentos, portarias, não se constitui 
em crime de desobediência. No que concerne a avisos e editais complementares à lei, ensina Nelson Hungria 
(Comentários ao código Penal, volume IX, pág. 417) ¨o texto do artigo 330 não impede que se reconheça mesmo em 
tal caso o crime (desde que se prova a inequívoca ciência do edital por parte do agente). O Ministro Nelson Hungria 
(obra citada, volume IX, 417), já alertava que ¨se pela desobediência de tal ou qual ordem oficial, alguma lei comina 
determinada penalidade administrativa ou civil, não se deverá reconhecer o crime em exame, salvo se a dita lei 
ressalvar expressamente a aplicação do artigo 330 do Código Penal.¨ 
 Só há crime de desobediência ou resistência contra ato legal. Sem comprovação rigorosa da legalidade do ato, 
não há resistência punível (RT 525/331;506/359; 507/376). Isso porque não há crime na oposição à ordem ilícita, 
quer seja a ilegalidade patente, quer seja dissimulada. Se o ato é ilegal seria licita a resistência. Porém não se pode 
confundir ilegalidade do ato com a injustiça da decisão de que este deriva. Uma vez que o ato seja regular na sua 
forma e se funde in thesi em preceito legal, já não será permitida a resistência, como disse Nelson 
Hungria(Comentários ao Código Penal, volume IX, pág. 415). Lecionava o Ministro Nelson Hungria que ¨esta será 
lícita, por exemplo, quando dirigida contra a execução de um mandado de prisão preventiva(embora revestido das 
formalidades legais) e expedido contra autor de crime afiançável fora dos casos dos incisos I a III do artigo 313 do 
Código de Processo Penal; mas já não o será quando praticada a pretexto de evitar uma prisão decorrente de 
sentença condenatória supostamente contrária à prova dos autos.¨ há uma tendência a considerar a legalidade da 
ordem condição objetiva de punibilidade, que não integra o tipo penal, não carecendo de estar abrangido o dolo. 
 Já o crime de resistência envolve uma oposição, mediante violência ou ameaça, à execução de ato legal. O ato 
deve estar sendo executado, isto porque violência anterior ou posterior ao ato não configura o delito. Não se constitui 
crime de resistência a violência ou ameaça praticada antes do início da execução do ato ou aquela ocorrida após ter 
este concluído em represália ao agente ou autoridade. 
 A oposição deve ter caráter militante, ativo. Isso porque a mera desobediência, a oposição branca, a resistência 
passiva, realiza o tipo descrito no artigo 330 do Código Penal (RF 225/329). Assim a oposição à prática do ato legal 
deve ser atuante e positiva. Não caracteriza o crime de resistência: o ato de simples indisciplina (RT 423/422); a 
recusa em ingressar em viatura policial e ainda o uso de palavrões (RJTJESP 47/379); o esbravejar (RT 548/322); 
deitar-se no chão ou agarrar-se a um poste para evitar a prisão; recusar-se a abrir a porta para o ingresso de policiais. 
 Assim, como ensinou Heleno Cláudio Fragoso (Lições de Direito Penal, volume II, 5ª edição, pág. 451), a oposição 
deve dar-se mediante violência (força física exercida sobre a vítima) ou ameaça (manifestação de causar um mal). 
Assim as simples palavras ou gestos ultrajantes constituem a materialidade do crime de desacato (artigo 331 do CP). 
 Quando houver imprecação de pragas ou blasfêmias estamos diante de um crime de desacato, previsto no artigo 
331 do Código Penal. 
 A violência é emprego de força física. A ameaça (vis moralis, vis compulsiva) pode ser real, como apontar uma 
arma, mesmo descarregada ou simulada, verbal ou escrita, realizada na presença de funcionário ou não, pois deve 
ser endereçada ao funcionário público ou a seus auxiliares. 
 É indispensável que o agente empregue força física ou ameaça (RF 200/249; RT 382/87; 469/415; RTJ 106/494). 
Por sua vez, a ameaça há de ser real ou verbal, como ocorre com a promessa de um mal. Sendo assim, a violência 
deve ser física exercida sobre o executor ou seu auxiliar. 
 Não há na resistência, uma violência contra coisa, mas contra a pessoa. Nesse ponto, não se aplicam, como o 
devido respeito, os exemplos de Nelson Hungria, como, por exemplo, do cavalo do soldado que encalça o criminoso 
e é morto a tiros (Comentários ao Código Penal, volume IX, pág. 409). Da mesma forma, não há o crime de resistência 
se há simples ofensas por palavras, gestos ou vias de fato ultrajantes, que caracterizam o crime de desacato (RT 
532/329). O comportamento rude e deselegante, por si só, não caracteriza o crime de resistência (RJT/SP 122/498). 
 A oposição deve ter caráter militante, ativo. Isso porque a mera desobediência, a oposição branca, a resistência 
passiva, realiza o tipo descrito no artigo 330 do Código Penal (RF 225/329). Assim a oposição à prática do ato legal 
deve ser atuante e positiva. Não caracteriza o crime de resistência: o ato de simples indisciplina (RT 423/422); a 
recusa em ingressar em viatura policial e ainda o uso de palavrões (RJTJESP 47/379); o esbravejar (RT 548/322); 
deitar-se no chão ou agarrar-se a um poste para evitar a prisão; recusar-se a abrir a porta para o ingresso de policiais. 
 
 Assim, como ensinou Heleno Cláudio Fragoso (Lições de Direito Penal, volume II, 5ª edição, pág. 451), a oposição 
deve dar-se mediante violência (força física exercida sobre a vítima) ou ameaça (manifestação de causar um mal). 
Assim as simples palavras ou gestos ultrajantes constituem a materialidade do crime de desacato (artigo 331 do CP). 
 
 A lição de Manzini, trazida por Paulo José da Costa Jr. (obra citada, pág. 511), é de que ¨os funcionários públicos 
e os empregados do serviço público devem ser respeitados, mas a lei não exige que sejam também venerados como 
pessoas sagradas e intocáveis, não se podendo interpretar como delitiva a mera reprovação, expressa de modo não 
injurioso, de seus atos.¨ 
 
Assim a objetividade jurídica é o interesse em garantir o prestígio dos agentes do Poder Público e o respeito devido 
à dignidade de sua função, tendo-se em vista que a ofensa que lhes é irrogada, em sua presença, no exercício de 
sua atividade funcional ou em razão dela, atinge, em verdade, a própria Administração Pública. A lição de Heleno 
Cláudio Fragoso (obra citada, pág. 461) é aqui repetida, no sentido de que não há injúria, difamação ou desrespeito 
ao funcionário (que seria, eventualmente, crime contra a pessoa), mas atentado a um interesse geral, relativo à 
normalidade do funcionamento da administração pública. Mas, para que se possa afirmar a presença do funcionário, 
deve ele encontrar-se no local onde a ofensa é praticada. Não se exige que o ofendido veja o ofensor, nem que 
perceba o ato ofensivo, bastando que lhe fosse possível conhecimento diretamente do fato. 
 Assim a censura justa mesmo que áspera não tipifica o crime. Portanto, não constitui desacato a crítica e mesmo a 
censura que sejam veementes, desde que não se apresentem de forma injuriosa. Assim já se entendeu que não 
constitui desacato, a mera censura ou crítica, ainda que veementes e exaltadas, sobre a atuação de servidor público, 
quando não há adjetivação ofensiva. Não há no crime de desacato apenas injúria, difamação ou desrespeito 
ao funcionário, mas atentado a um interesse geral que diz respeito à normalidade do funcionamento da 
administração pública. O tipo exige como elemento subjetivo o dolo na vontade consciente de praticar a ação ou a 
proferir a palavra injuriosa com o objetivo de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem se dirige. Há o chamado 
dolo especifico. 
 
Fala-se que o dolo no desacato exige um especialfim de agir (dolo específico), que consiste na vontade consciente 
de praticar a ação ou proferir a palavra injuriosa, com o propósito de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem 
se dirige. Mas não se admite no desacato a exceção da verdade. Por sua vez, não há crime se a ofensa constitui 
apenas repulsa a ato injusto e ilegal da vítima (RT 483/345; 495/352; 502/336). Assim não se pode dizer desacatado 
o funcionário que prova a repulsa ultrajante, como no caso em que o diretor da repartição chama alguém de imbecil, 
mas não se pode dizer desacatado, por haver este retrucado ao dizer: ele é um idiota. Se o funcionário público 
primeiro ofende a dignidade da função, não pode exigir seja ela respeitada. Assim já se entendeu que não constitui 
desacato se a ofensa constitui apenas repulsa a ato injusto e ilegal da vítima, que deu causa, assim, ao ultraje. 
 
Discute-se o dolo nos casos de exaltação ou nervosismo do agente. Há, no que se entende por posição minoritária, 
afirmando-se que constituiria arrepio a qualquer lei psicológica que um indivíduo desacatasse outro a sangue frio, 
sem qualquer motivo antecedente, pelo simples prazer de desabafar, sendo irrelevante para configurar o delito o 
estado emotivo ou colérico do agente (RT 304/478, 327/397, 401/289, 417/285, 505/316, dentre outros). Por sua 
vez, há corrente, que se fundamenta no fato de que se exige o chamado dolo específico, afirmando estar excluído 
o dolo nos casos em que o agente está sob o efeito de cólera (RF224/289),ou ainda irritação(RT557/349, 706/357), 
ou ainda a conduta se deve a exaltação momentânea (RT 668/361, 683/326, 697/372; RSTJ 40/442; JSTJ 42/345), 
desabafo (RF238/298), incontinência de linguagem ou ainda falta de controle emocional. 
 
PENSE NISSO: Demonstrado que os crimes-meio (desacato e desobediência) foram cometidos somente para a 
concretização do delito-fim (resistência), no mesmo contexto fático, pelo princípio da consunção deve o terceiro 
absorver os dois primeiros, sendo necessário reformar a sentença, sobejando apenas a condenação pelo delito 
de resistência. 
LETRA B: Trata-se de crime capitulado no Art. 329, § 1º do CP, porque o agente usou de violência para evitar a ordem 
de entregar o material destinado à pichação e fugir em seguida do local. Não há que se falar em coadunar a 
contravenção penal de vias de fato, posto que a violência real por si só se amalgama ao tipo-base. Se houvesse 
progresso da violência dentro da escala que estudamos, poderíamos pensar em dois crimes (resistência em concurso 
formal com lesões corporais leves), por exemplo. 
QUESTÃO OBJETIVA: LETRA B 
Justificativas: 
III - Para configuração do crime de corrupção passiva, na modalidade solicitar vantagem indevida, NÃO é necessário 
que a solicitação do funcionário seja correspondida pelo particular. 
IV - Se o funcionário deixa de praticar ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência 
de outrem, comete o delito de condescendência criminosa. NÃO => Corrupção passiva privilegiada. 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 3 – DIR. PENAL 4 
LETRA A: NÃO. Trata-se de crime de FAVORECIMENTO REAL previsto no art. 349 do CP, porquanto o agente LAURO 
pretendia tornar seguro o proveito do crime. A conduta típica vem expressa pelo verbo prestar, que significa 
conceder, dedicar, render. O objeto da prestação deve ser auxílio (ajuda, socorro) destinado a tornar seguro o 
proveito do crime. O crime se consuma com a prestação do auxílio, independente do êxito na empreitada. Não se 
confunde a figura da receptação dolosa com a de favorecimento real. Na primeira, o agente visa o proveito 
econômico próprio, ou de terceiro, enquanto que no favorecimento, ele visa assegurar o proveito do autor do crime, 
ou seja, beneficiar o criminoso. Embora não previsto na Lei como condição de procedibilidade, alguns doutrinadores 
entendem ser necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória proferida no processo que pune o crime 
anterior, (devido ao constante do artigo 349 – C.P. “criminoso”) para o início da ação penal contra o favorecedor. 
Se houvesse promessa de ajuda antes do sujeito cometer o crime, já haverá participação no crime e não simples 
favorecimento pessoal". Cita-se, no exemplo o elemento que “promete ao criminoso” que o esconderá após a 
consumação do roubo. Desta forma, "é evidente que aqui o sujeito que prometeu ajuda vai responder como partícipe 
do roubo, crime mais grave e não por mero favorecimento pessoal, que constitui delito de menor potencial ofensivo". 
Na lição de Julio Fabbrini Mirabete, "a vontade de auxiliar o autor do crime, conhecendo previamente o fato 
delituoso, é o dolo do crime de favorecimento real. Na dúvida a respeito do crime antecedente, há dolo eventual. 
Exige-se, porém, o fim específico da conduta: o de tornar seguro o proveito do crime por seu autor." O mesmo autor 
sublinha, nesse sentido, que "no favorecimento real, delito contra a administração da justiça, o agente não visa a 
proveito, que pode ser de qualquer natureza (patrimonial, moral, sexual, etc.), mas tão-somente beneficiar o 
criminoso" (Manual de Direito Penal. Vol. 3. 14ª. ed.). 
LETRA B: Evidente que NÃO. Assim como ocorre na receptação que é punível ainda que desconhecido ou isento de 
pena o autor do crime de que proveio a coisa (artigo 180, § 4º, do CP). Bastando a prova da receptação ainda que 
praticada por menor ou inimputável (RT 628/362) ou ainda por pessoas enumeradas no artigo 181 do Código Penal, 
que têm imunidade absoluta ou relativa. Vide art. 108, 1ª parte do Código Penal. 
QUESTÃO OBJETIVA: LETRA C 
c) denunciação caluniosa com pena de 2 a 8 anos e multa, aumentada da sexta parte. 
Justificativa: PROSPERA A MAJORANTE. A denunciação caluniosa não exige, para sua configuração, nenhuma 
finalidade especial que motive a conduta do agente. A verificação psicológica no agir do agente, dando causa à 
investigação, sabedor de que aquela pessoa é inocente, por si mesma, já se caracteriza como má-fé. O animus de 
prejudicar está ínsito na alma do agente que sabe estar mentindo, mas não mede limites para sua maldade. A 
denunciação caluniosa não exige, para sua caracterização, nenhum fim especial e na lição de Carrara “é indiferente 
o fim de caluniar”. E, pela simples consciência da falsidade da imputação tem por si só “uma intenção malvada”. 
Prevalece em nosso Direito a orientação de não possuírem relevância os fins e motivos de agir. E, esta é a orientação 
cabível, para os casos dessa natureza. É que o Estado, sujeito passivo da infração, se ressente com o desvio ou a 
distorção provocada pelo agente, das atividades de seus órgãos destinados a assegurar a tutela jurídico-penal. Assim 
tem assentado a jurisprudência dos Tribunais. Vejamos: “O tipo legal de crime descreve a conduta e o resultado. 
No caso da – denunciação caluniosa – o bem tutelado é a Administração Pública, no particular aspecto da 
Administração de Justiça. Investigação policial é gênero, de que inquérito policial é a espécie. A teleologia, assim 
compreendida, o estudo da finalidade, da norma demonstra a lei visar a impedir a movimentação da máquina 
administrativa (compreende também a atividade parlamentar e judicial) provocada por notitia criminis infundada. 
A análise do elemento subjetivo e do elemento subjetivo do tipo far-se-á no processo. A consumação se dá com a 
oferta da sindicância, porque, com o inquérito policial, configura-se – investigação policial.” (STJ- 6ª Turma- Resp 
n. 88.881/DF- Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro –DJU 13/10/97, p. 51653). 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 4 – DIR. PENAL 4 
Com base nos estudos realizados sobre os crimes em espécies e delitos hediondos, responda às questões 
formuladas: 
a) Qual a correta capitulação da conduta do motoqueiro? Ainda,o delito restou tentado ou consumado? Responda 
de forma objetiva e fundamentada. 
RESPOSTA: Trata-se do crime previsto no art. 157, § 3º. In fine, do CP na forma da lei 8072/90. CONSUMADO. Tal 
tipificação tem o arrimo no Verbete de Sumula 610 do STF assim dispõe: "Há crime de latrocínio, quando o homicídio 
se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima." 
 
b) Caso o motoqueiro venha a ser preso e posteriormente condenado pelo delito praticado, sendo no curso do 
processo-crime descoberto que o mesmo é reincidente, qual será o prazo mínimo de cumprimento de pena para a 
progressão de regimes? Responda de forma objetiva e fundamentada. 
RESPOSTA: 3/5 (três quintos). A propósito, quando a lei de crimes hediondos foi editada em 1990, o texto primitivo 
vedava a progressão de regime prisional numa afronta à própria Constituição e princípios informadores da pena 
(razoabilidade, humanidade das penas, proporcionalidade) e então em 2006 o STF houve por bem conhecer da 
INCONSTITUCIONALIDADE do citado dispositivo fazendo emergir o mesmo percentual de 1/6 (hum sexto) para 
imediata progressão de regime tal como previa a LEI DE EXECUÇÃO PENAL, devolvendo ao legislador 
infraconstitucional a incumbência de normatizar dispositivo para disciplinar percentuais equilibrados de acordo 
com a gravidade objetiva dos crimes hediondos. Assim, veio disciplinando a lei 11.464 de 28.3.2007 e publicada no 
Diário Oficial da União em edição extra no dia 29/3/2007, os percentuais de dois quintos (2/5) se o réu for primário 
e três quintos (3/5) se o réu for reincidente. 
Assimilando esse novo direcionamento a redação dada pela Lei 11.464/2007 ao § 1º do art. 2º, Lei dos Crimes 
Hediondos diz expressamente que a pena por crime ali tratado será cumprida “inicialmente” em regime fechado. 
Buscando manter a dicotomia com os crimes comuns, a execução da pena mesmo com a perspectiva da progressão 
de regimes, conforme regra universal em nosso direito, a execução penal foi exasperada. Criou-se o estágio 
peremptório de cumprimento da pena, para então se falar em progressão de regime. Assim se o reeducando for 
primário, o canal da progressão é aberto após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena e se for reincidente, 
depois de 3/5 (três quintos). Nota-se que o primeiro requisito para a progressão do regime nos crimes hediondos não 
envolve o critério subjetivo, pois partiu-se da ideia de um período de tempo mínimo para consolidação da função 
recuperadora da pena ou mesmo contenção do comportamento do sentenciado, para depois disso se cogitar da 
incidência do avanço. Com isso, decorrida a faixa temporal de 2/5 ou 3/5 dependendo da situação do apenado, abre-
se a porta para que cumprido mais 1/6 da pena e preenchidos os demais requisitos do art. 112, Lei 7.210/84 (Lei de 
Execução Penal) funcione o sistema progressivo: fechado para o semiaberto e deste para o regime aberto, 
sucessivamente. Logicamente que os aspectos subjetivos e ligados ao mérito do condenado devem ser aferidos 
durante toda a jornada de cumprimento da pena, mesmo que anterior ao interregno de 1/6, adentrando na primeira 
faixa 
AINDA COMENTANDO A LETRA A: 
Quanto ao latrocínio com homicídio consumado e tentativa de subtração, temos, no Supremo Tribunal Federal, a 
súmula 610, que hoje serve como bússola para quase toda a jurisprudência: 
Desnecessário esclarecer que se trata da corrente majoritária. A súmula 610 não se apresenta (ainda) como súmula 
vinculante; nada obstante a presença dela tem causado quase o mesmo efeito na jurisprudência pátria, tendo-se 
em vista o grande número de decisões no mesmo sentido. 
Uma segunda posição doutrinária entende que, no caso em testilha, teremos latrocínio tentado, porque o latrocínio 
é crime complexo e, como tal, necessita de que os dois tipos penais que o compõem estejam consumados; caso 
contrário, ficará na fase do conatus. Já adiantamos ser esta a nossa posição, que mais à frente vamos fundamentar. 
Entendemos que a segunda corrente é a mais adequada ao nosso Código Penal, em respeito ao art. 14, I, assim 
redigido: 
"Art. 14 - Diz-se o crime: 
 Crime consumado 
 I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. 
Além disso, é a que mais se coaduna com a consumação do crime complexo. Entendemos que, para a consumação 
do crime complexo, assim como a de para qualquer crime, é necessário verificar-se a presença de todos os elementos 
do tipo penal, porquanto do contrário estaremos ainda diante da tentativa. 
Cabe-nos lembrar que o nosso Código Penal Militar possui redação com técnica legislativa mais apurada; técnica 
essa que poderia solucionar a refrega em debate. No seu artigo 242, § 3º, última parte, assim está disposto: 
"Art. 242, § 3º - Se, para praticar o roubo, ou assegurar a impunidade do crime, ou a detenção da coisa, o agente 
ocasiona dolosamente a morte de alguém, a pena será de reclusão, de quinze a trinta anos, sendo irrelevante se a 
lesão patrimonial deixa de consumar-se..." (grifo nosso) 
Verificamos, por conseguinte, que, com essa redação, o legislador de 1969 já vislumbrava a possibilidade de 
divergências em torno do tema, lançando mão assim, em respeito ao princípio da legalidade, de tipificação especial 
em relação à consumação do crime complexo. 
A corrente majoritária capitaneada pelo Supremo Tribunal Federal, com a edição da súmula 610, parece-nos 
equivocada, não só em função da lei, pois essa é cristalina ao determinar a presença de todos os elementos que 
compõem os tipos penais para a consumação do crime, senão também em função da falta de razoabilidade na 
aplicação da pena. Assim, para a consumação do crime de latrocínio, existe a necessidade irrefragável da presença 
das figuras que compõem esse crime complexo, ou seja, é obrigatório que o homicídio seja consumado, assim como 
a subtração. 
Entretanto, a corrente majoritária, com respaldo na súmula, entende que, com consumação no homicídio e subtração 
tentada, será caso de latrocínio consumado, todavia, com subtração consumada e homicídio tentado, estaremos diante 
de latrocínio tentado. O que poderá justificar esse entendimento da nossa Corte Suprema, tendo-se em vista que, em 
um primeiro momento, as situações são idênticas? 
A única solução que nos parece possível estaria na ponderação dos bens tutelados no latrocínio, convém a saber: 
vida e patrimônio. Ou seja, os nossos tribunais, no intuito de melhorar a norma penal do art. 157, § 3º, in fine, do 
CP, em conjunto com o art. 1º, II, da Lei 8.072/90, adotaram um fundo axiológico para a interpretação da norma. 
Dessarte, a despeito do nosso legislador tratar os crimes contra o patrimônio, em sua grande parte, de forma mais 
severa (com as nossas críticas) do que sanciona os crimes contra a vida ou a integridade física, parece-nos que os 
tribunais superiores, mais uma vez, tentam adequar a norma da melhor forma possível à realidade fática. Sem 
dúvida, o bem jurídico vida tem preponderância sobre o bem jurídico patrimônio e, sopesando os dois bens violados, 
não podemos considerá-los valorativamente idênticos. Assim sendo, a morte consumada, mesmo com a subtração 
tentada em contraponto com a subtração consumada, sem a ocorrência de morte, com toda a evidência denota uma 
discrepância de valores. Em outras palavras, aplicando-se uma ponderação de bens e interesses, a consumação, ou 
não, da subtração patrimonial no latrocínio revela-se, para a jurisprudência, inteiramente insignificante para a 
concretização do crime de latrocínio, sendo importante apenas saber se houve morte ou não em decorrência da 
violência para a subtração. 
Em suma, não resta dúvida de que as soluções encontradas pela doutrina e jurisprudência não são satisfatórias, 
tantodo ponto de vista da técnica na edição da súmula, quanto do ponto de vista da dosimetria da sanção penal. 
Ao defendermos o posicionamento da tentativa de latrocínio, na conduta de homicídio consumado e subtração 
tentada, respeitamos a doutrina do crime complexo; agora desrespeitamos a justa aplicação da pena, pois 
inegável que, em tal conduta, uma vida se encontrou ceifada, e, no entanto, ao se aplicar a pena de tentativa de 
latrocínio (6 anos e 8 meses a 20 anos), verifica-se total incompatibilidade com a perda de uma vida. Contudo, a 
corrente que defende a hipótese de latrocínio consumado (súmula 610 - STF) também não se encontra em melhor 
posição, visto que se aplicar a pena de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos para todos os casos de latrocínio em que haja 
morte, com ou sem subtração da coisa, não é razoável, ferindo mortalmente o princípio da proporcionalidade da 
pena. 
Entendemos desarrazoada a súmula 610; em primeiro plano, porque, no crime de homicídio qualificado (art. 121, § 
2, V, do Código Penal), o que efetivamente ocorreu, a pena é de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, ou seja, ao se aplicar 
o latrocínio consumado, teremos uma pena 8 (oito) anos maior (tendo como base a pena mínima), em segundo plano, 
também não entendemos possível a aplicação do latrocínio consumado, adotado pela súmula, para um crime em que 
o resultado morte pode ocorrer tanto a título de dolo como de culpa. Haja vista que, se a violência empregada for 
dolosa para o resultado morte, esbarraremos no problema acima e, se, entretanto, a morte ocorrer culposamente, 
a discrepância se tornará incomensurável. Imaginemos a hipótese em que um agente, ao tentar subtrair uma maleta 
da vítima, encontre resistência desta e, depois de pequeno duelo, o meliante empurra a vítima, que vem a cair sob 
uma mesa e a morrer; entretanto não conseguindo o sujeito ativo subtrair o bem da vítima por motivos alheios à sua 
vontade. Estamos diante de um latrocínio? A resposta é positiva; por conseguinte deveremos, pela corrente da 
súmula, aplicar a esse agente uma pena em abstrato de 20 a 30 anos. Não nos parece razoável tal raciocínio, 
conquanto se cuide da tutela do bem vida. 
Dessa forma, não pode ser outra a interpretação dos nossos tribunais no que diz respeito à aparente afronta na lógica 
da aplicação do crime consumado, em ofensa à própria norma expressa no art. 14, I, do Código Penal. Embora 
louvável a interpretação dos nossos tribunais, entendemos que essa correção na ponderação dos bens jurídicos, em 
certos casos, se configurará em prejuízo do réu. Existem defeitos na norma, isso é indiscutível, contudo o magistrado 
poderia fazer melhor uso daquilo de que dispõe, como, por exemplo, as circunstâncias judiciais (art. 59, CP) e as 
causas gerais ou especiais de aumento de pena, para tentar dosar melhor a pena na medida da culpabilidade do 
autor do fato criminoso, sendo certo que, ao trabalhar ex ante com a tipicidade da conduta, acabará o magistrado 
afrontando o Direito Penal, de forma perigosa para a sociedade. 
Questão objetiva 
A respeito do que dispõe a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 8.072/1990, assinale a opção correta. 
a) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou tentado, não comete crime hediondo. 
b) A prática de racismo constitui crime hediondo, inafiançável e imprescritível. 
c) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia. 
d) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado contra parente 
consanguíneo até o quarto grau de agente da segurança pública, em razão dessa condição. 
e) A lei penal e a processual penal retroagem para beneficiar o réu. 
QUESTÃO OBJETIVA: LETRA A 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 5 – DIR. PENAL 4 
ROMOALDO, padrasto de L.T, de 11 anos de idade, foi denunciado pelos vizinhos por ter submetido a 
criança a intenso sofrimento físico e mental com o fim de castigá-la ao agredi-la por diversas vezes com a utilização 
de seu cinto, pois esta estava brincando na sala de sua casa no momento em que ROMOALDO assistia ao jogo final 
do campeonato estadual de futebol e o barulho da brincadeira atrapalhava sua concentração no jogo. Dos fatos, 
ROMOALDO restou denunciado pelo delito de maus -tratos, previsto no art.136,§1º, do Código Penal. Ante o exposto, 
com base nos estudos realizados sobre os crimes em espécie e crimes hediondos e equiparados, responda de forma 
objetiva e fundamentada se a capitulação da conduta de ROMOALDO está correta. 
RESPOSTA: A situação narrada versa sobre a distinção entre os delitos de tortura, equiparado a delito hediondo e 
o delito de maus tratos, previsto no art.136, do Código Penal. Desta forma, podendo-se observar a finalidade do 
réu em fazer a vítima experimentar sofrimento físico e emocional, o que se exige para a caracterização do delito 
de tortura previsto no art.1º, II, da lei n.9455/1997. Para Guilherme de Souza Nucci, o dolo específico do agente 
neste delito "é o de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”, acrescentando que "não se trata de 
submeter alguém a uma situação de mero maltrato, mas, sim, ir além disso, atingindo uma forma de ferir com 
prazer ou outro sentimento igualmente.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral. Parte 
Especial. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.) 
É bem frequente que, no âmbito do direito penal, sejam vistos delitos aparentemente bem similares, onde aspectos 
por vezes sutis se encarregam de diferenciá-los. Pois bem, os crimes de maus-tratos e tortura-castigo podem ser 
confundidos com certa facilidade, fazendo-se necessária uma breve explanação acerca das principais características 
de cada um desses delitos. 
Inicialmente, veja-se o que diz o Código Penal sobre o crime de maus-tratos, litteris: 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, 
ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a 
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos. 
§2º – Se resulta a morte: 
Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 
3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
Conforme Guilherme de Souza Nucci, “expor, neste contexto, significa colocar em risco, sujeitar alguém a uma 
situação que inspira cuidado, sob pena de sofrer um mal.” Impende mencionar que: 
“[…] é preciso destacar que tudo gira em torno da finalidade especial do agente, tratando do elemento subjetivo 
do tipo específico, de ter alguém sob sua autoridade, guarda ou vigilância, maltratando-a. Por isso, o tipo faz 
referência ao que pode ser usado para esses objetivos, mencionando a privação da alimentação ou dos cuidados 
indispensáveis e a sujeição a trabalho excessivo ou inadequado.” 
Destarte, vê-se que o dolo presente no tipo penal de maus tratos é de expor a perigo. Seria, por exemplo, um pai 
tentando “ensinar uma lição” ao seu filho deixando-o trancado no quarto por um dia apenas com pão e água. Além 
disso, no crimes de maus-tratos, qualquer resultado além da mera exposição a perigo é considerado culposo. Logo, 
caso os maus-tratos resultem em lesão corporal grave ou homicídio, haverá aumento de pena por este resultado 
preterdoloso. Ademais, no tocante aos sujeitos ativo e passivo, aquele precisa ser detentor de autoridade, guarda 
ou vigilância em relação a este. Não pode ocorrer este crime entre cônjuges, por exemplo. 
A seu turno, o delito de tortura-castigo apenas foi tipificado com o advento da Lei nº. 9.455/97,comumente 
denominada Lei da Tortura, a qual preconiza que: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso 
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena – reclusão, de dois a oito anos. 
Com efeito, o dolo presente na tortura é o de dano. A intenção não seria expor a perigo, mas sim causar o dano em 
si. O elemento subjetivo não é apenas maltratar, é causar dor ou sofrimento intenso com o objetivo de punir. 
Não obstante, há quem opte por diferenciar ambos os delitos pela intensidade da punição. Logo, em consonância 
com quem defende este entendimento, a tortura-castigo seria uma modalidade mais incisiva de maus-tratos. Há 
decisões neste sentido, colha-se: 
APELAÇÃO CRIMINAL. IMPUTAÇÃO DE TORTURA-CASTIGO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE MAUS TRATOS. 
DISTINÇÕES ENTRE MAUS TRATOS, TORTURA E LESÃO CORPORAL NO CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. 
CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRELIMINARES REJEITADAS. 
(…). Diretrizes para juízo de adequação típica na constelação fática que envolve violência nas complexas relações 
socioafetivas entre pais/mães e filhos: (i) o crime de maus tratos, no abuso dos meios de correção (art. 136, § 3º, 
do CP), é de incidência excepcionalíssima e de aplicação subsidiária, para situações de meras vias de fato no âmbito 
doméstico ou lesões de baixo conteúdo de injusto, evidenciado e pertinente o fim educativo; (ii) o crime de tortura 
(art. 1º, II, e § 4º, II, Lei nº 9.455/97), tipifica-se nos casos em que o domínio parental, orientado para castigar ou 
prevenir condutas filiais e externalizado por meio de violência ou grave ameaça, substancia-se em resultado de 
intenso sofrimento físico ou mental; (iii) quando materializadas lesões corporais na atuação dos pais sobre os filhos, 
mas não na extensão e/ou intensidade exigíveis para o gravoso patamar da tortura, a desclassificação primária 
ocorre para lesão corporal no contexto de violência doméstica (art. 129, § 9º, CP). Diferenças, quanto ao art. 1º da 
Lei nº 9.455/97, entre as figuras do inciso I (tortura-de-finalidade-hedionda) e do inciso II (tortura-
castigo/prevenção). A segunda abarca fins eventualmente pedagógicos, em situações socioafetivas sutis e 
complexas, a aumentar, na ponderação, as exigências típicas, para densificar maior conteúdo de injusto. Não é a 
finalidade educativa (elemento subjetivo) que diferencia a tortura-castigo dos maus tratos, e sim a gravidade 
objetiva da conduta, a par do elemento normativo intenso sofrimento, que vai discernir se o mesmo fenômeno 
(determinada lesão, v.g.) vai plantar raízes numa ponta ou noutra do espectro tipológico, ou permanecer a meio 
termo, na órbita das lesões-violência doméstica. E a finalidade transcendente (para castigar/educar) não é 
incompatível com motivação banal ou desproporcional e tampouco anula o dolo de lesão. (…). (Apelação Crime Nº 
70058020322, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 
29/05/2014) (TJ-RS – ACR: 70058020322 RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Data de Julgamento: 29/05/2014, 
Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/07/2014) 
Em suma, vê-se que a diferença entre os tipos penais jaz no dolo de cada delito: no crime de maus-tratos, é de 
expor ao perigo, na tortura-castigo, é de dano. Além disso, há quem aponte que a tortura-castigo seria uma forma 
mais incisiva e intensa de maus-tratos. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 6 – DIR. PENAL 4 
LEONARDO foi surpreendido por policiais militares, na noite de sábado, 11 de janeiro de 2014, às 
00h30min, próximo a um bar localizado na Asa Norte de Brasília, trazendo consigo uma porção de 
cocaína totalizando massa líquida de 26,45g. No carro em que ele estava foi encontrada a droga em um saco 
plástico e dinheiro. Dos fatos restou denunciado e condenado pelo delito de tráfico de drogas, previsto no art.33, 
caput, da Lei n.11343/2006. Em sede de apelação criminal suscitou sucessivamente: (i) atipicidade material da 
conduta pelo princípio da insignificância; 
(ii) A desclassificação para o delito de porte de drogas para uso. 
 
Ante o exposto, sendo certo que no momento da abordagem, seus atos não poderiam qualificar sua 
conduta como sendo a de vendedor de drogas, analise a possibilidade de aplicação das teses defensivas. 
Responda de forma objetiva e fundamentada. 
 Sugestão de gabarito: O caso concreto versa sobre o delito de uso de drogas e a controvérsia acerca da incidência 
do princípio da insignificância. Segue, abaixo, trecho da decisão: 
[...] O delito de porte de substância entorpecente para uso pessoal é formal e de perigo abstrato. A 
pequena quantidade de droga encontrada com o acusado da prática do delito previsto no art. 28 da Lei Antidrogas 
não descaracteriza o crime, haja vista a presunção de perigo que decorre da sua conduta que, ao adquirir a droga 
para seu consumo, realimenta esse comércio, pondo em risco a saúde pública. 
2. O objeto jurídico da norma em questão ultrapassa a esfera pessoal do acusado e atinge toda a 
coletividade, em face da própria potencialidade ofensiva do delito de porte de drogas. 
3. Inaplicabilidade do princípio da insignificância ao caso, por ausência dos seus requisitos, quais sejam: (i) mínima 
ofensividade da conduta do agente; (ii) ausência de periculosidade social da ação; (iii) reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento; e (iv) relativa inexpressividade da lesão jurídica.[...] [...] Ademais, o crime de 
porte ilegal de drogas é de perigo abstrato ou presumido, de modo que, para a sua caracterização, não se faz 
necessária efetiva lesão ao bem jurídico protegido, bastando a realização da conduta proibida para que se 
presuma o perigo ao bem tutelado [...] O normal é que um usuário de cocaína, que vai "cheirar" a droga, usa 1 
grama por vez. Então, a quantidade encontrada com o réu não, nem de longe, pode ser tida como insignificante. 
Ao que tudo leva a crer, o recorrido deveria estar traficando a droga, porque no carro em que ele estava foi 
encontrado a droga em um saco plástico, uma balança de precisão e dinheiro, que são elementos indicadores da 
traficância (fls. 06). Contudo, no momento da abordagem, seus atos não poderiam qualificar sua conduta como 
sendo a de vendedor de entorpecente. Por esta razão, corretamente tipificado como portador de entorpecente 
para uso. Assim, não há que se falar em atipicidade material da conduta do apelado, uma vez que ele trazia 
consigo a substância entorpecente, que tem dimensão suficiente para afetar a saúde pública. Isto porque, o objeto 
jurídico da norma em questão é a saúde pública e não apenas o usuário, uma vez que sua conduta ultrapassa a 
esfera pessoal, atingindo toda a coletividade, diante da potencialidade ofensiva do delito de porte de drogas. 
Acrescente-se, ainda, que a alegada pequena quantidade de droga encontrada com o recorrido é própria do tipo 
penal, uma vez que, se fossem grandes as porções apreendidas, em tese, restaria caracterizado o crime de tráfico 
de entorpecentes [...] 
 
Questão objetiva. Letra A. Cabe salientar que a conduta prevista no §2º do 
art.1º, não é equiparada a delito hediondo e configura-se como delito 
omissivo próprio. 
 
 
O princípio da insignificância não se aplica ao uso e tráfico de drogas. Como esses são crimes de perigo abstrato, é 
irrelevante a quantidade da substância apreendida. Com base nesse entendimento, a 5ª Turma do Superior 
Tribunal de Justiça afastou a insignificância e, em decisão unânime, determinou o recebimento de denúncia por 
prática de tráfico internacional em razão da importaçãoclandestina de 14 sementes de maconha por remessa 
postal. 
Para STJ, mesmo 14 sementes de maconha ameaçam a saúde pública no Brasil. 
Segundo denúncia do Ministério Público, o acusado importou as sementes da Holanda, ao preço de R$ 200, para 
cultivo em território nacional. Em primeira e segunda instâncias, a Justiça de São Paulo aplicou o princípio da 
insignificância e rejeitou a denúncia, por considerar que a quantidade de sementes apreendidas era pequena e que 
não havia perigo aos outros bens tutelados no crime de contrabando. 
ENQUANTO ISSO NA 1ª Turma aplica princípio da insignificância a caso específico de porte de droga: Foi concedido, 
na tarde de hoje (14), pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o Habeas Corpus (HC) 110475, 
impetrado pela defesa de um condenado por porte de entorpecente em Santa Catarina. Pela ausência de tipicidade 
da conduta, em razão da “quantidade ínfima” (0,6g) de maconha que ela levava consigo, a Turma entendeu que, no 
caso, coube a aplicação do princípio da insignificância. 
Segundo o relator, ministro Dias Toffoli, P.L.M. foi condenado à pena de três meses e 15 dias de prestação de serviços 
à comunidade, conforme o artigo 28 da Lei 11.343/06, pois ele foi preso em flagrante ao portar, para uso 
próprio, pequena quantidade de substância entorpecente. 
A defesa interpôs recurso perante o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) pedindo a aplicação do princípio 
da insignificância e, subsidiariamente, a redução da pena em face da confissão espontânea. Porém, o pedido foi 
negado, tanto pela Justiça estadual, quanto pelo STJ, que alegou que a análise do caso implicaria o revolvimento 
de provas, incabível em HC. 
Para o relator, ministro Dias Toffoli, “a aplicação do princípio da insignificância, de modo a tornar a conduta atípica, 
exige que sejam preenchidos requisitos tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma 
periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e relativa inexpressividade da 
lesão jurídica”. O que, segundo o relator, ocorreu no caso. 
O ministro afirmou, ainda, que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam 
quando “estritamente necessários à própria proteção das pessoas”. 
Assim, por entender que, no caso houve porte de ínfima quantidade de droga, a Primeira Turma, acompanhando o 
relator, deferiu o pedido de aplicação do princípio da insignificância e determinou o trancamento do procedimento 
penal instaurado contra P.L.M., invalidando todos os atos processuais desde a denúncia, inclusive até a condenação 
imposta, por ausência de tipicidade material da conduta. 
Questão Objetiva. Letra D. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 7 – DIR. PENAL 4 
SUGESTÃO DE GABARITO: POSIÇÃO A: Pelo que consta do enunciado “Russo, que estava armado, exigiu que Astolfo 
transportasse 50 g de cocaína para outro traficante, que o aguardaria em um Posto de Gasolina, sob pena de Astolfo 
ser expulso de sua residência e não mais poder morar na Favela da Zebra. Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar 
a determinação”, podemos concluir que a DEFESA poderá apontar como tese defensiva o instituto da COAÇÃO MORAL 
IRRESISTIVEL onde o agente é impossibilitado de agir de forma voluntária por conta de coação de ordem moral. 
Exclui-se a culpabilidade em função da inexigibilidade de conduta diversa. Conforme art. 22 do Código Penal (CP), 
quando uma conduta é praticada mediante coação irresistível só é punível o coator. RUSSO será considerado 
AUTOR MEDIATO pela conduta de ASTOLFO. 
Coação irresistível e obediência hierárquica 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente 
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. 
Ou seja, a coação, quando irresistível, exclui o crime. Contudo, há que se delinear a diferenciação entre a coação 
moral e a coação física, uma vez que a atuação delas dá-se de modo diverso. 
Inicialmente, importa entender o que compõe o crime. 
Segundo a teoria finalista tripartida, o crime é composto pelos seguintes elementos: fato típico, ilicitude e 
culpabilidade. Decorrentemente, a falta de um desses elementos enseja a inexistência de crime. 
O fato típico é composto pela conduta, pelo resultado naturalístico, pelo nexo causal e pela tipicidade. 
Já o terceiro elemento do crime, a culpabilidade, é composto por: imputabilidade penal; potencial consciência 
da ilicitude da conduta praticada; exigibilidade de conduta diversa. 
A conduta, primeiro elemento do fato típico, é composta pela voluntariedade (domínio da vontade sobre a ação) 
e pela consciência da conduta praticada, o que nada mais é que “o comportamento humano consciente e 
voluntário, dirigido a um fim”. 
A coação pode ser irresistível ou resistível. A irresistível divide-se em coação física irresistível e coação moral 
irresistível. 
A coação física irresistível (vis absoluta) dá-se por atrito motor, contato físico. A coação moral (vis compulsiva) 
ocorre em âmbito psicológico. 
A coação moral irresistível vicia a vontade do sujeito, não a elimina, portanto. Vontade viciada ainda é vontade, 
logo, não está excluída a voluntariedade. 
Diante da coação moral irresistível, o sujeito - mantendo o controle da sua vontade sobre a ação - pratica a 
conduta que lhe foi exigida pelo coator, mesmo sem ter o ânimo de praticá-la. 
[...] ALTERNATIVAMENTE Considerando que o acusado é primário, de bons antecedentes, e que não consta em seu 
desfavor qualquer indício de envolvimento com organização criminosa ou dedicação às atividades criminosas, cabível 
a aplicação do redutor de pena previsto no Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343. As circunstâncias da infração tornam até 
mesmo possível a aplicação da causa de diminuição em seu patamar máximo. Em sendo reconhecida a existência do 
tráfico privilegiado do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, cabível o requerimento de substituição da pena privativa 
de liberdade por restritiva de direitos, pois não mais subsiste a vedação trazida pelo dispositivo. Da mesma forma, 
o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes 
hediondos ou equiparado s trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8072 por violação do princípio da individualização da 
pena, de modo que nada impede a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda penal. 
Diante do exposto, deveriam ser formulados os seguintes pedidos: 
 
a) absolvição do crime de tráfico, na forma do Art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal; 
b) subsidiariamente, aplicação da pena base no mínimo legal; 
c) reconhecimento das atenuantes do Art. 65, incisos I e III, alíneas “c” e “d”, do Código Pen al; 
d) aplicação da causa de diminuição do Art. 33, § 4º da Lei nº 11.343; 
e) aplicação do regime inicial aberto de cumprimento da pena; 
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
POSIÇÃO B: NÃO. o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial 
fechado para os crimes hediondos ou equiparado s trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8072 por violação do princípio 
da individualização da pena, de modo que nada impede a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da 
reprimenda penal. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da vedação em abstrato contida 
no § 4º do Art. 33 da Lei de Drogas, e a Resolução nº 05 do Senado, publicada em 15/02/2012, suspendeu a execução 
da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direito” do parágrafo acima citado. 
POSIÇÃO C: SIM, plenamente. 
 
 
 
Para administrar os milhões de reais que o tráfico de drogas movimenta a cada mês no Rio de Janeiro, os criminosos 
tentam se estruturarcomo uma empresa. As quadrilhas possuem uma hierarquia de cargos, com possibilidade de 
ascensão. Os "funcionários" trabalham sob regime de plantão. E, para obter mais lucro em seus negócios, 
costumam adicionar substâncias aos entorpecentes. 
Os traficantes, no entanto, não vendem só drogas e diversificam cada vez mais suas atividades, explorando serviços 
como gatonet (TV a cabo clandestina) e distribuição de gás, além de abrir empresas. 
A organização, no entanto, ainda é muito rudimentar. Um exemplo disso são as anotações sobre a movimentação 
financeira, que normalmente são feitas à mão em cadernos ou blocos. Sem falar no fato de enterrarem parte do 
dinheiro. 
Questão objetiva. Letra B 
 
Na estrutura hierárquica das quadrilhas há a participação de 14 diferentes agentes, dos quais oito têm ação direta, 
três têm cargos auxiliares e outros três são peças importantes, mas não encontradas em todas as favelas. 
O primeiro na hierarquia do tráfico é o "dono" do morro. São os homens que dão as ordens nas favelas sob seu 
controle. A maior parte está presa, como Marcinho VP, Fernandinho Beira-Mar, entre outros, que administram os 
seus negócios de dentro da cadeia. 
Logo abaixo, estão os "gerentes-gerais", também chamados de "frentes", que são homens de confiança dos ‘donos’, 
como FB (Fabiano Atanázio da Silva), na Vila Cruzeiro, e Pezão (Luciano Martiniano da Silva), no Alemão. Eles são os 
responsáveis pelos negócios na favela, a quem os outros gerentes são subordinados. Nenhum crime, como roubos e 
assassinatos, é praticado pelos criminosos sem autorização do frente. 
Em seguida, estão os "gerentes de boca de fumo", como são conhecidos os pontos de venda de drogas. Além deles, 
há o gerente responsável pela venda de cada tipo de droga, como o gerente do crack e da cocaína. Todos os 
‘funcionários’ da boca prestam contas a ele. 
O cargo mais cobiçado pelos mais jovens é o de "vapor", o que vende a droga diretamente para o usuário. Segundo 
agentes ouvidos pelo R7, o cargo é muito procurado porque, a partir dele, os criminosos passam a receber por 
comissão, de acordo com a venda. Além disso, quem se destaca tem grande chance de chegar ao cargo de gerente. 
Os que cobiçam o cargo de ‘vapor’ são os "soldados", responsáveis pela segurança da favela, e os "olheiros", que têm 
função de vigilância. Também conhecidos como 'fogueteiros' ou 'radinhos', por usarem morteiros e rádios de 
comunicação, eles precisam avisar sobre a chegada da polícia ou de traficantes rivais. 
Aqueles que têm mais tempo trabalhando para o tráfico, mas que não conseguiram ser ‘promovidos’, 
geralmente atuam na "endolação", que consiste em embalar as drogas para a venda. Para os traficantes, os mais 
velhos são escolhidos porque não têm mais condições físicas de correr da polícia. 
Outra figura importante é o "armeiro", que tem conhecimento técnico sobre armas e é o responsável pela 
manutenção de fuzis, metralhadoras e pistolas. Na maioria das vezes, ex-militares são recrutados para esta função. 
Cargos auxiliares 
Nas funções auxiliares estão as figuras do "fiel" (trabalha eventualmente para o tráfico, basicamente com a função 
de esconder armas e drogas em casa, por não ter ligação direta com o negócio, podem ser acionados a qualquer 
momento), "portador" (cargo normalmente ocupado por mulheres, que, na condição de visitantes de presos, 
transmitem informações entre quem está na cadeia e quem está na favela) e as "tias", mulheres mais velhas, em sua 
maioria parentes de presos, que escondem o dinheiro da quadrilha. 
Os outros cargos relacionados são os de "matuto" (responsável por abastecer com grandes quantidades de armas e 
drogas as favelas cariocas, geralmente pegam o material na fronteira com o Paraguai e levam até o 
Rio), "químico" (presente em poucas favelas, somente naquelas em que há refinarias de cocaína, onde ele transforma 
a pasta base em cocaína em pó pronta para a venda) e "açougueiro" (especialista em corte de carne, esquarteja os 
corpos de desafetos mortos pelo tráfico, que são jogados em rios, aos porcos ou queimados, presente em poucas 
comunidades). 
Em suma: 
Segundo o ministro Luiz Fux, a conduta do fogueteiro do tráfico estava tipificada no artigo 12, parágrafo 2º, inciso 
III, da Lei 6.368, revogada pela Lei 11.343. Nas mesmas penas incorria, ainda, quem contribuía de qualquer forma 
para incentivar o uso da droga. “Tem-se aí que o informante na sistemática anterior é penalmente responsável como 
coautor ou partícipe do crime para o qual colaborava”, disse, considerando que “o fogueteiro é, sem dúvida alguma, 
um informante”. Segundo Fux, a conduta do colaborador foi reproduzida não no artigo 33, mas no artigo 37 da Nova 
Lei de Drogas. 
Conforme ele, o inciso III, parágrafo 2º do artigo 12 traz a expressão ‘contribui de qualquer maneira’ ao passo que 
o artigo 37 da Lei 11.343 utiliza os termos ‘colaborar, como informante’. “É certo que não há distinção antológica 
entre os termos nucleares ‘contribuir’ e ‘colaborar’ a ensejar inafastável conclusão de que ambas as condutas estão 
tipificadas em ambas as leis”, analisou Fux. 
Ele afirmou que alguns doutrinadores se referem ao fogueteiro como “sujeito do crime do artigo 37, da Lei 
11.343”. Nesse sentido, citou doutrina que diz que qualquer pessoa pode praticar este crime, como, por exemplo, 
informantes dos morros que, ao soltar fogos, avisam ao grupo criminoso a chegada da polícia. 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 8 – DIR. PENAL 4 
LETRA A) Diferencie as condutas de organização criminosa, associação criminosa e associação criminosa 
para fins de tráfico de drogas. 
Associação para o tráfico: previsão legal no artigo 35 da lei 11.343/06: Associar 2 ou mais pessoas para o fim de, 
reiteradamente ou não, traficar (prática do art. 33 caput, § 1º e 34 da lei 11.343/06). 
Associar-se significa reunir-se em sociedade para determinado fim (tornar-se sócio), havendo uma vinculação 
sólida, quanto à estrutura, e durável, quanto ao tempo (que não signifique perpetuidade). Vai muito além que 
um ajustamento ocasional ou encontro passageiro. 
A simples associação para esse fim já configura o crime, não sendo necessário a efetivação desses delitos. O tipo 
subjetivo é o dolo + fim específico (praticar o tráfico). 
Associação criminosa: prevista no art. 288 do Código Penal. É uma infração de médio potencial ofensivo. Conduta: 
pune-se a associação de 3 ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. 
Obs: de acordo com Mirabete, o agente que integra mais de uma associação criminosa, viola diversas vezes a lei, 
caracterizando concurso material de delitos. 
Requisitos: 
Associação: associar-se significa reunir-se em sociedade para determinado fim (tornar-se sócio), havendo uma 
vinculação sólida, quanto à estrutura, e durável, quanto ao tempo (que não signifique perpetuidade). Conforme 
já foi dito. 
Pluralidade de pessoas – 3 ou mais pessoas. Dispensa ordem e hierarquia. 
Para o fim de praticar uma série indeterminada de crimes – são crimes dolosos e não abrange contravenção penal. 
Cuidado: os seus membros não precisam se conhecer, tampouco viver no mesmo local. Mas devem saber sobre a 
existência dos demais. Basta que o sujeito esteja consciente em formar parte de uma associação cuja existência 
e finalidades lhe sejam conhecidas. 
Atenção: é imprescindível que a reunião seja efetivada antes da deliberação dos delitos, pois se já foi deliberado 
os crimes é concurso de agentes. 
- Voluntariedade: dolo + finalidade específica (cometer crimes). 
Organização criminosa: prevista na lei 12.850/2013. É a associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente 
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente,vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais (crimes e contravenções 
penais) cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
Perceba que pressupõe hierarquia e divisão de tarefas. O objetivo da organização criminosa é obter direta ou 
indiretamente vantagem de qualquer natureza, ou seja, não será necessariamente econômica. 
- Voluntariedade: dolo + finalidade específica (obter vantagem de qualquer natureza). 
LETRA B) Identifique a correta capitulação das condutas de Mayandreson Araújo Albuquerque. 
Trata-se de crime previsto no art. 33 c/c art.35 e 40, IV da Lei 11.343/06 na forma da leo 12850/13.- 
Justifica-se a condenação dos pacientes pela prática do crime descrito no artigo 33, caput, com a aplicação da 
causa especial de aumento de pena prevista no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, e não pela prática do delito de tráfico de 
drogas em concurso material com o ilícito do artigo 16 da Lei n. 10.826⁄2003, como estabelecido pela Corte estadual, necessário 
se faz, para melhor análise da questão sub examine, transcrever o disposto no artigo 16, caput, do Estatuto do Desarmamento: 
 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou 
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Já o inciso IV do artigo 40 da Lei n. 11.343⁄2006, por sua vez, prevê causa especial de aumento de pena relativa ao crime de 
tráfico de drogas cometido com o emprego de arma de fogo: 
 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: 
[...] IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de 
intimidação difusa ou coletiva; (grifo próprio) 
 
Conforme visto, a Lei n. 11.343⁄2006 prevê como causa especial de aumento, para os crimes previstos nos artigos 33 a 37, 
efetivo emprego de arma de fogo, em que o agente porta ilegalmente a arma para viabilizar o cometimento do delito de 
narcotráfico, e não o fato de possuir ou de portar concomitantemente arma de fogo de uso restrito. 
 
Isso significa que "A absorção do crime de porte ou posse ilegal de arma pelo delito de tráfico de drogas, em detrimento do 
concurso material, deve ocorrer quando o uso da arma está ligado diretamente ao comércio ilícito de entorpecentes, ou seja, 
para assegurar o sucesso da mercancia ilícita. Nesse caso, trata-se de crime meio para se atingir o crime fim que é o tráfico de 
drogas, exige-se o nexo finalístico entre as condutas de portar ou possuir arma de fogo e aquelas relativas ao tráfico." (HC n. 
182.359⁄RJ, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 4⁄12⁄2012). 
 
Assim, havendo conflito aparente de normas entre o crime previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento e a majorante 
descrita no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, deve prevalecer a condição especial de a arma pertencer ou estar sendo 
empregada para assegurar o sucesso do tráfico de drogas. 
Em conclusão, considerando entendimento do STJ, aplica-se a causa de aumento do art. 40, IV, da Lei 11.343/06 
quando o caso concreto indicar que a(s) arma(s) fora(m) utilizada(s) como processo de intimidação difusa ou coletiva 
para viabilizar a prática do narcotráfico. Ao contrário, caso a utilização de armas não tenha um cunho finalístico em 
relação ao cometimento de crime da lei de Drogas, ou seja, não tenha ligação direta com este último delito, o 
enquadramento será no crime da lei de Armas em concurso com o crime da lei de Drogas (arts. 33 a 37), afastando-
se, nesta hipótese, a causa de aumento do art. 40, IV, da lei 11.343/06. 
Questão Objetiva. Letra E. 
e) após o acordo de colaboração, nos depoimentos que prestar, o colaborar renunciará, na presença de 
seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. 
Traficantes de drogas presos portando armas: tipo específico da lei de armas em concurso com tráfico ou aplicação 
da causa de aumento do art. 40, IV, da Lei 11.343/06? 
O caso é relativamente comum na prática forense. Consiste na prisão de pessoas traficando drogas e ao mesmo 
tempo portando armas. Sobre a tipificação da situação, conforme doutrina e jurisprudência, o enquadramento 
correto dependerá das circunstâncias do caso. Vejamos. 
 
Em síntese, dois caminhos são possíveis: a) concurso entre os crimes de tráfico de entorpecentes e porte ilegal de 
arma de fogo; b) crime de tráfico de entorpecentes aumentado pela regra do art. 40, IV, da Lei 11.343/06 (“o 
crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de 
intimidação difusa ou coletiva”). 
 
Sobre a questão, Guilherme de Souza Nucci, na obra “Leis Penais e Processuais Penais Comentadas”, Vol. 01 (8ª 
Edição – Rio de Janeiro: Forense, 2014), entende que os tipos penais dos arts. 33 a 37 da lei 11.343/06, por sua 
natureza, não são violentos, não possuindo, dentro do tipo penal forma apta a abrigar ameaça ou emprego de 
arma. Nesta toada, no caso de flagrante em que se apreende drogas e armas, deve incidir crime da lei de armas 
em concurso com o tráfico. Alerta, também, para o cuidado de não incorrer em “bis in idem”, aplicando-se a lei 
do desarmamento e também a qualificadora do art. 40, IV, da Lei 11.343/06. 
 
Renato Brasileiro de Lima assevera que, em razão da parte final do art. 40, IV, da Lei de Drogas, a violência, a 
grave ameaça e a arma de fogo devem ser utilizadas pelos traficantes com o fim de atingir seus objetivos, 
intimidando-se pessoas ou determinada coletividade (“Legislação Criminal Especial Comentada” – 3ª edição. 
Salvador: Editora JusPODIUM, 2015). 
 
O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de julgar o tema: 
 
“(...) 2. O Código Penal não estabelece limites mínimo e máximo de aumento ou redução de pena a serem 
aplicados em razão das agravantes e das atenuantes genéricas, respectivamente. Nesse sentido, a doutrina e a 
jurisprudência têm se orientado no sentido de que cabe ao magistrado, dentro do seu livre convencimento e de 
acordo com as peculiaridades do caso concreto, escolher a fração de aumento de pena pela incidência da 
agravante, em observância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 
3. Não há constrangimento ilegal quando verificado que as instâncias ordinárias procederam ao razoável aumento 
de 1/5 da pena, na segunda fase da dosimetria, pela agravante da reincidência, visto que o paciente era, ao 
tempo do crime, reincidente específico. 
4. A Lei n. 11.343/2006 prevê como causa especial de aumento para os crimes previstos nos artigos 33 a 37 o 
efetivo emprego de arma de fogo, em que o agente porta ilegalmente a arma apenas para viabilizar o 
cometimento do delito de narcotráfico, e não o fato de possuir ou de portar concomitantemente arma de fogo de 
uso restrito. 
5. Não há como aplicar-se a causa especial de aumento de pena prevista no inciso VI do artigo 40 da Lei n. 
11.343/2006 em substituição à condenação pelo crime do artigo 16 da Lei n. 10.826/2003, quando verificado que 
o delito de tráfico de drogas não foi praticado com o emprego de arma de fogo (caso em que incidiria a majorante 
em questão), visto que a arma apreendida não estava sendo utilizada como processo de intimidação difusa ou 
coletiva para viabilizar a prática do narcotráfico. 
6. Para afastar o acórdão impugnado e, por conseguinte, concluir que a arma de fogo estava sendo utilizada como 
meio de intimidaçãodifusa para assegurar o sucesso da mercancia ilícita de drogas, seria necessário o 
revolvimento de matéria fático-probatória, providência essa que, conforme cediço, é inadmissível na via estreita 
do habeas corpus. 
7. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 261.601/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 19/12/2013)” 
 
O voto do Ministro Rogério Schietti exaure a questão, valendo transcrever trecho da fundamentação quanto ao 
ponto: 
 
“...No que se refere à pretendida condenação dos pacientes pela prática do crime descrito no artigo 33, caput, 
com a aplicação da causa especial de aumento de pena prevista no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, e não pela 
prática do delito de tráfico de drogas em concurso material com o ilícito do artigo 16 da Lei n. 10.826⁄2003, como 
estabelecido pela Corte estadual, necessário se faz, para melhor análise da questão sub examine, transcrever o 
disposto no artigo 16, caput, do Estatuto do Desarmamento: 
 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que 
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou 
munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Já o inciso IV do artigo 40 da Lei n. 11.343⁄2006, por sua vez, prevê causa especial de aumento de pena relativa 
ao crime de tráfico de drogas cometido com o emprego de arma de fogo: 
 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: 
[...] IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer 
processo de intimidação difusa ou coletiva; (grifo próprio) 
 
Conforme visto, a Lei n. 11.343⁄2006 prevê como causa especial de aumento, para os crimes previstos nos artigos 
33 a 37, efetivo emprego de arma de fogo, em que o agente porta ilegalmente a arma para viabilizar o 
cometimento do delito de narcotráfico, e não o fato de possuir ou de portar concomitantemente arma de fogo de 
uso restrito. 
 
Isso significa que "A absorção do crime de porte ou posse ilegal de arma pelo delito de tráfico de drogas, em 
detrimento do concurso material, deve ocorrer quando o uso da arma está ligado diretamente ao comércio ilícito 
de entorpecentes, ou seja, para assegurar o sucesso da mercancia ilícita. Nesse caso, trata-se de crime meio para 
se atingir o crime fim que é o tráfico de drogas, exige-se o nexo finalístico entre as condutas de portar ou possuir 
arma de fogo e aquelas relativas ao tráfico." (HC n. 182.359⁄RJ, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta 
Turma, DJe 4⁄12⁄2012). 
 
Assim, havendo conflito aparente de normas entre o crime previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento e a 
majorante descrita no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, deve prevalecer a condição especial de a arma 
pertencer ou estar sendo empregada para assegurar o sucesso do tráfico de drogas. 
 
Sobre a matéria posta em discussão, verifico que a Corte de origem, ao dar provimento ao recurso ministerial, 
destacou que (fls. 96⁄97): 
 
‘Quanto à condenação dos réus, também, pelo delito previsto no Estatuto do Desarmamento, com razão o órgão 
de acusação, pois equivocada a absorção do crime de porte ilegal de arma pelo delito de tráfico, pois a arma de 
fogo apreendida estava na cintura do réu Darlan. 
Sendo assim, forçoso concluir que o armamento apreendido não estava sendo utilizado como meio de intimidação 
difuso, o que afasta a aplicação da majorante prevista no inciso IV do art. 40 da Lei de Drogas.’ 
 
Do trecho anteriormente transcrito, constato a impossibilidade de aplicação da causa especial de aumento de 
pena prevista no inciso VI do artigo 40 da Lei n. 11.343⁄2006 em substituição à condenação pelo crime do artigo 
16 da Lei n. 10.826⁄2003, pois, conforme restou apurado, o delito de tráfico de drogas não foi perpetrado com o 
emprego de arma de fogo (caso em que incidiria a majorante em questão), visto que a arma apreendida não 
estava sendo utilizada como processo de intimidação difusa ou coletiva para viabilizar a prática do narcotráfico. 
 
Assim, o que houve, na verdade, foram desígnios autônomos e condutas diversas quando da prática dos crimes de 
tráfico de drogas e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. 
 
Dessa forma, não vislumbro nenhuma ilegalidade no ponto que o Tribunal de Justiça estadual entendeu devida a 
condenação dos pacientes por ambos os delitos, em concurso material.” 
 
 
 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 9 – DIR. PENAL 4 
QUESTÃO: Mediante denúncia anônima, foi descoberto que ROBERTO possuía no interior de sua residência, armas 
de fogo e munições de uso permitido com os respectivos registros vencidos. Indagado por policiais, 
informou que tinha conhecimento das regras estabelecidas pelo Estatuto do Desarmamento, mas que não tinha a 
intenção de utilizá-las, mas, de tornar-se um colecionador de armas, pois acreditava ser esta 
conduta permitida por lei. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o Estatuto do Desarmamento, 
responda de forma objetiva e fundamentada às questões: 
 
a) Qual a tipificação dada à conduta de ROBERTO? 
O caso concreto versa sobre a controvérsia acerca do delito de porte ilegal de arma de fogo de uso 
permitido como delito de perigo abstrato (art. 12 da Lei 10.826/2003), elementos de sua caracterização, 
bem como a discussão acerca da incidência do erro de proibição. Foi desenvolvida a questão a partir de decisões 
proferidas pelo STJ, constantes nos Informativos n. 570 e 572. 
A conduta do agente de possuir, no interior de sua residência, armas de fogo e munições de uso 
permitido com os respectivos registros vencidos pode configurar o crime previsto no art. 12 do Lei 
10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). De fato, o cidadão, para ser autorizado a adquirir arma de fogo 
de uso permitido, deverá preencher os requisitos previstos nos incisos I, II e III do art. 4° da Lei 
10.826/2003, quais sejam: a) comprovação de idoneidade, com apresentação de certidões negativas de antecedentes 
criminais e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal; b) apresentação de documentos 
comprobatórios de ocupação lícita e de residência certa; e c) capacidade 
técnica e aptidão psicológica para o manuseio do artefato. Ademais, mesmo que previamente autorizado a adquirir, 
somente poderá manter a posse de arma de fogo de uso permitido mediante certificado de 
registro federal, documento temporário, que deve ser renovado por meio da comprovação periódica dos 
mesmos requisitos mencionados. Nesse contexto, estabelece o art. 12 do Estatuto do Desarmamento ser proibido 
possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, 
ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa 
b) Uma vez denunciado, quais teses defensivas a serem apresentadas? 
Manter sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido não configura 
o crime do art. 12 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). O art. 12 do Estatuto do Desarmamento afirma 
que é objetivamente típico possuir ou manter sob guarda arma de fogo de uso 
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de residência. Entretanto, 
relativamente ao elemento subjetivo, não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado 
prazo, é apanhado com a arma nessacircunstância. Trata-se de uma irregularidade administrativa; do contrário, 
todos aqueles que porventura tiverem deixado expirar prazo semelhante terão necessariamente de responder pelo 
crime, o que é absolutamente desproporcional. Avulta aqui o caráter subsidiário e de 
ultima ratio do direito penal. Na hipótese, além de se afastar da teleologia do objeto jurídico protegido, a saber, a 
administração e, reflexamente, a segurança e a paz pública (crime de perigo abstrato), banaliza - 
se a criminalização de uma conduta em que o agente já fez o mais importante, que é apor seu nome em 
um registro de armamento, possibilitando o controle de sua circulação. Precedente citado: HC 294.078- 
SP, Quinta Turma, DJe 4/9/2014. APn 686-AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/10/2015, 
DJe 29/10/2015. 
A Quinta Turma do STJ já decidiu que possuir arma de fogo com registro vencido não é crime, mas apenas 
infração administrativa. No entanto, a compreensão deve ser dada de modo diverso. Isso porque, ao editar a Lei 
10.826/2003, o legislador se interessou, expressamente, pela incolumidade pública - complexo de condições 
necessárias para a segurança e integridade pessoal dos indivíduos - e valorou tal interesse em uma norma (na 
hipótese, não possuir, de forma irregular, arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido), tutelada pelo 
tipo penal previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento. Não há controvérsia, assim, sobre a tipicidade 
formal da conduta em análise. Porém não se pode concluir, no incipiente momento do oferecimento da denúncia, 
que possuir arma de fogo com certificado federal vencido não é materialmente típico, a ponto de afastar o 
alcance do art. 12 do Estatuto do Desarmamento. A conduta delineada, além de formalmente típica, é 
antinormativa. Nesse passo, há doutrina afirmando que o juízo de tipicidade não é um mero juízo de tipicidade 
legal, mas que exige um outro passo, que é a comprovação da tipicidade conglobante, consistente na averiguação 
da proibição através da indagação do alcance proibitivo da norma, não considerada isoladamente, e sim 
conglobada na ordem normativa. Posto isso, quando o proprietário de arma de fogo deixa de demonstrar que 
ainda detém, entre outros requisitos, aptidão psicológica e idoneidade moral para continuar a possuir o 
armamento, representa, em tese, um risco para a incolumidade pública, de modo que a lei penal não pode ser 
indiferente a essa situação. Assim, sem investigar as peculiaridades de cada caso, é temerário afirmar, de forma 
automática e categórica, que não é crime possuir arma de fogo com registro expirado, máxime ante a finalidade 
do Estatuto do Desarmamento e porque não existe previsão de penalidade administrativa para tal conduta, não 
podendo a questão ser resolvida na seara administrativa. A Administração, ao contrário dos particulares, nada 
pode fazer senão o que a lei determina. Assim, a subsistir o entendimento de que tal conduta é materialmente 
atípica, os agentes públicos nem sequer poderiam adentrar na residência do particular para reaver as armas de 
fogo com registro vencido ou compeli-lo, por exemplo, a pagar multa. Sob diversa angulação, não é possível a 
aplicação, à hipótese, do princípio da adequação social, vetor geral de hermenêutica, segundo o qual, dada a 
natureza subsidiária e fragmentária do direito penal, não se pode reputar como criminosa uma ação ou omissão 
aceita e tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo legal incriminador. Sem embargo 
de opiniões contrárias, possuir diversas armas de fogo e munições, de uso permitido, com certificados vencidos 
não é uma conduta socialmente tolerável e adequada no plano ético. Já sob a ótica do princípio da lesividade, 
tem -se, aqui, que o perigo à incolumidade pública é idêntico àquele ocasionado pelo agente que possui arma de 
fogo ou somente munições sem certificado. Em função dos próprios objetivos da Lei do Desarmamento, o 
postulado da insignificância deve ser aferido caso a caso, de forma excepcional, para verificar a presença dos 
vetores já assinalados pelo STF, tais como a mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade social da 
ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
O STJ, antes do referido precedente da Quinta Turma, já havia decidido, por meio de sua Corte Especial, que 
"Considera-se incurso no art. 12 da Lei n. 10.826/2003 aquele que possui arma de fogo de uso permitido com 
registro expirado, ou seja, em desacordo com determinação legal e regulamentar" (APn 686-AP, DJe 5/3/2014). 
Por todo o exposto, o precedente da Corte Especial deve orientar o entendimento do Superior Tribunal sobre a 
matéria, sem prejuízo de que o aplicador do direito, caso a caso, utilize vetores gerais de hermenêutica para 
restringir o teor literal do tipo penal que, em situações peculiares, pode alcançar condutas socialmente 
admissíveis ou penalmente insignificantes. RHC 60.611-DF, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 15/9/2015, 
DJe 5/10/2015. 
QUESTÃO OBJETIVA: Sobre os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, assinale a resposta correta. 
a) O crime previsto no art. 14 do Estatuto (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) versa sobre armas de 
fogo e munições, não contemplando os acessórios entre suas elementares. 
b) Entende-se como posse de arma de fogo a conduta de possuir ou manter arma em casa ou local de trabalho, 
qualquer que seja ele, em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
c) Comete o crime do art. 14 do Estatuto o praticante de tiro esportivo que transporta arma de fogo municiada, 
quando a guia de tráfego autoriza apenas o transporte de arma desmuniciada. 
d) Para a consumação da infração penal prevista no art. 13 do Estatuto, basta que o sujeito ativo omita as cautelas 
necessárias para impedir que pessoas menores de 18 anos ou portadores de deficiência mental se apoderem de 
munições. 
e) O porte de simulacro de arma de fogo de uso restrito caracteriza o crime previsto no art. 16 do Estatuto. 
QUESTÃO OBJETIVA. GABARITO LETRA C. (Concurso Público. Ano: 2016Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: 
Delegado de Polícia Civil) 
O Estatuto do Desarmamento é uma norma penal em branco 1- Portaria do Exército não revoga lei; 2- A questão 
trata do estatuto do desarmamento, não de regulamentos do Exército; 3- Entendimento dos Tribunais foi 
amplamente destacado pelos colegas que comentaram acima. Logo, opino no sentido de que a questão não está 
desatualizada. 
 
MAS ATENÇÃO: 
"Art. 135-A. Fica autorizado o transporte de uma arma de porte, do acervo de tiro desportivo, municiada, nos 
deslocamentos do local de guarda do acervo para os locais de competição e/ou treinamento." 
PORTARIA Nº 28 – COMANDO LOGISTICO DO EXERCITO, DE 14 DE MARÇO DE 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 10 – DIR. PENAL 4 
No dia 25 de julho de 2014, por volta de 20h30min, em via pública localizada na Estrada Velha de Búzios, 
bairro Tangará, NORBERTO, de forma livre e consciente, conduziu o veículo automotor caminhão VW, 
placa KXX-0000, cor branca, com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool, 
conforme laudo de fl. 09. Nas mesmas condições de tempo e lugar, o denunciado praticou lesão corporal 
na direção de veículo automotor, obrando com imperícia e causando lesões em FERDINANDO, descritas 
no Boletim de Atendimento Médico e no Auto de Exame de Corpo de Delito. Momentos após, no mesmo 
local, NORBERTO, também de forma livre e consciente, desacatou funcionários públicos no exercício das 
suas funções. Na ocasião dos fatos, a vítima FERDINANDO estava trafegando na mesma Estrada 
quando, ao reduzir a velocidade para passar por quebra-molas, sentiu um forte

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