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CASO PRÁTICO DA SEMANA 2 – DIR. PENAL 4 LETRA A: O crime de desobediência não se constitui por ato de desobediência à lei, mas por ato de desobediência à ordem de funcionário em atuação da lei. Desobediência à normas jurídicas, regulamentos, portarias, não se constitui em crime de desobediência. No que concerne a avisos e editais complementares à lei, ensina Nelson Hungria (Comentários ao código Penal, volume IX, pág. 417) ¨o texto do artigo 330 não impede que se reconheça mesmo em tal caso o crime (desde que se prova a inequívoca ciência do edital por parte do agente). O Ministro Nelson Hungria (obra citada, volume IX, 417), já alertava que ¨se pela desobediência de tal ou qual ordem oficial, alguma lei comina determinada penalidade administrativa ou civil, não se deverá reconhecer o crime em exame, salvo se a dita lei ressalvar expressamente a aplicação do artigo 330 do Código Penal.¨ Só há crime de desobediência ou resistência contra ato legal. Sem comprovação rigorosa da legalidade do ato, não há resistência punível (RT 525/331;506/359; 507/376). Isso porque não há crime na oposição à ordem ilícita, quer seja a ilegalidade patente, quer seja dissimulada. Se o ato é ilegal seria licita a resistência. Porém não se pode confundir ilegalidade do ato com a injustiça da decisão de que este deriva. Uma vez que o ato seja regular na sua forma e se funde in thesi em preceito legal, já não será permitida a resistência, como disse Nelson Hungria(Comentários ao Código Penal, volume IX, pág. 415). Lecionava o Ministro Nelson Hungria que ¨esta será lícita, por exemplo, quando dirigida contra a execução de um mandado de prisão preventiva(embora revestido das formalidades legais) e expedido contra autor de crime afiançável fora dos casos dos incisos I a III do artigo 313 do Código de Processo Penal; mas já não o será quando praticada a pretexto de evitar uma prisão decorrente de sentença condenatória supostamente contrária à prova dos autos.¨ há uma tendência a considerar a legalidade da ordem condição objetiva de punibilidade, que não integra o tipo penal, não carecendo de estar abrangido o dolo. Já o crime de resistência envolve uma oposição, mediante violência ou ameaça, à execução de ato legal. O ato deve estar sendo executado, isto porque violência anterior ou posterior ao ato não configura o delito. Não se constitui crime de resistência a violência ou ameaça praticada antes do início da execução do ato ou aquela ocorrida após ter este concluído em represália ao agente ou autoridade. A oposição deve ter caráter militante, ativo. Isso porque a mera desobediência, a oposição branca, a resistência passiva, realiza o tipo descrito no artigo 330 do Código Penal (RF 225/329). Assim a oposição à prática do ato legal deve ser atuante e positiva. Não caracteriza o crime de resistência: o ato de simples indisciplina (RT 423/422); a recusa em ingressar em viatura policial e ainda o uso de palavrões (RJTJESP 47/379); o esbravejar (RT 548/322); deitar-se no chão ou agarrar-se a um poste para evitar a prisão; recusar-se a abrir a porta para o ingresso de policiais. Assim, como ensinou Heleno Cláudio Fragoso (Lições de Direito Penal, volume II, 5ª edição, pág. 451), a oposição deve dar-se mediante violência (força física exercida sobre a vítima) ou ameaça (manifestação de causar um mal). Assim as simples palavras ou gestos ultrajantes constituem a materialidade do crime de desacato (artigo 331 do CP). Quando houver imprecação de pragas ou blasfêmias estamos diante de um crime de desacato, previsto no artigo 331 do Código Penal. A violência é emprego de força física. A ameaça (vis moralis, vis compulsiva) pode ser real, como apontar uma arma, mesmo descarregada ou simulada, verbal ou escrita, realizada na presença de funcionário ou não, pois deve ser endereçada ao funcionário público ou a seus auxiliares. É indispensável que o agente empregue força física ou ameaça (RF 200/249; RT 382/87; 469/415; RTJ 106/494). Por sua vez, a ameaça há de ser real ou verbal, como ocorre com a promessa de um mal. Sendo assim, a violência deve ser física exercida sobre o executor ou seu auxiliar. Não há na resistência, uma violência contra coisa, mas contra a pessoa. Nesse ponto, não se aplicam, como o devido respeito, os exemplos de Nelson Hungria, como, por exemplo, do cavalo do soldado que encalça o criminoso e é morto a tiros (Comentários ao Código Penal, volume IX, pág. 409). Da mesma forma, não há o crime de resistência se há simples ofensas por palavras, gestos ou vias de fato ultrajantes, que caracterizam o crime de desacato (RT 532/329). O comportamento rude e deselegante, por si só, não caracteriza o crime de resistência (RJT/SP 122/498). A oposição deve ter caráter militante, ativo. Isso porque a mera desobediência, a oposição branca, a resistência passiva, realiza o tipo descrito no artigo 330 do Código Penal (RF 225/329). Assim a oposição à prática do ato legal deve ser atuante e positiva. Não caracteriza o crime de resistência: o ato de simples indisciplina (RT 423/422); a recusa em ingressar em viatura policial e ainda o uso de palavrões (RJTJESP 47/379); o esbravejar (RT 548/322); deitar-se no chão ou agarrar-se a um poste para evitar a prisão; recusar-se a abrir a porta para o ingresso de policiais. Assim, como ensinou Heleno Cláudio Fragoso (Lições de Direito Penal, volume II, 5ª edição, pág. 451), a oposição deve dar-se mediante violência (força física exercida sobre a vítima) ou ameaça (manifestação de causar um mal). Assim as simples palavras ou gestos ultrajantes constituem a materialidade do crime de desacato (artigo 331 do CP). A lição de Manzini, trazida por Paulo José da Costa Jr. (obra citada, pág. 511), é de que ¨os funcionários públicos e os empregados do serviço público devem ser respeitados, mas a lei não exige que sejam também venerados como pessoas sagradas e intocáveis, não se podendo interpretar como delitiva a mera reprovação, expressa de modo não injurioso, de seus atos.¨ Assim a objetividade jurídica é o interesse em garantir o prestígio dos agentes do Poder Público e o respeito devido à dignidade de sua função, tendo-se em vista que a ofensa que lhes é irrogada, em sua presença, no exercício de sua atividade funcional ou em razão dela, atinge, em verdade, a própria Administração Pública. A lição de Heleno Cláudio Fragoso (obra citada, pág. 461) é aqui repetida, no sentido de que não há injúria, difamação ou desrespeito ao funcionário (que seria, eventualmente, crime contra a pessoa), mas atentado a um interesse geral, relativo à normalidade do funcionamento da administração pública. Mas, para que se possa afirmar a presença do funcionário, deve ele encontrar-se no local onde a ofensa é praticada. Não se exige que o ofendido veja o ofensor, nem que perceba o ato ofensivo, bastando que lhe fosse possível conhecimento diretamente do fato. Assim a censura justa mesmo que áspera não tipifica o crime. Portanto, não constitui desacato a crítica e mesmo a censura que sejam veementes, desde que não se apresentem de forma injuriosa. Assim já se entendeu que não constitui desacato, a mera censura ou crítica, ainda que veementes e exaltadas, sobre a atuação de servidor público, quando não há adjetivação ofensiva. Não há no crime de desacato apenas injúria, difamação ou desrespeito ao funcionário, mas atentado a um interesse geral que diz respeito à normalidade do funcionamento da administração pública. O tipo exige como elemento subjetivo o dolo na vontade consciente de praticar a ação ou a proferir a palavra injuriosa com o objetivo de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem se dirige. Há o chamado dolo especifico. Fala-se que o dolo no desacato exige um especialfim de agir (dolo específico), que consiste na vontade consciente de praticar a ação ou proferir a palavra injuriosa, com o propósito de ofender ou desrespeitar o funcionário a quem se dirige. Mas não se admite no desacato a exceção da verdade. Por sua vez, não há crime se a ofensa constitui apenas repulsa a ato injusto e ilegal da vítima (RT 483/345; 495/352; 502/336). Assim não se pode dizer desacatado o funcionário que prova a repulsa ultrajante, como no caso em que o diretor da repartição chama alguém de imbecil, mas não se pode dizer desacatado, por haver este retrucado ao dizer: ele é um idiota. Se o funcionário público primeiro ofende a dignidade da função, não pode exigir seja ela respeitada. Assim já se entendeu que não constitui desacato se a ofensa constitui apenas repulsa a ato injusto e ilegal da vítima, que deu causa, assim, ao ultraje. Discute-se o dolo nos casos de exaltação ou nervosismo do agente. Há, no que se entende por posição minoritária, afirmando-se que constituiria arrepio a qualquer lei psicológica que um indivíduo desacatasse outro a sangue frio, sem qualquer motivo antecedente, pelo simples prazer de desabafar, sendo irrelevante para configurar o delito o estado emotivo ou colérico do agente (RT 304/478, 327/397, 401/289, 417/285, 505/316, dentre outros). Por sua vez, há corrente, que se fundamenta no fato de que se exige o chamado dolo específico, afirmando estar excluído o dolo nos casos em que o agente está sob o efeito de cólera (RF224/289),ou ainda irritação(RT557/349, 706/357), ou ainda a conduta se deve a exaltação momentânea (RT 668/361, 683/326, 697/372; RSTJ 40/442; JSTJ 42/345), desabafo (RF238/298), incontinência de linguagem ou ainda falta de controle emocional. PENSE NISSO: Demonstrado que os crimes-meio (desacato e desobediência) foram cometidos somente para a concretização do delito-fim (resistência), no mesmo contexto fático, pelo princípio da consunção deve o terceiro absorver os dois primeiros, sendo necessário reformar a sentença, sobejando apenas a condenação pelo delito de resistência. LETRA B: Trata-se de crime capitulado no Art. 329, § 1º do CP, porque o agente usou de violência para evitar a ordem de entregar o material destinado à pichação e fugir em seguida do local. Não há que se falar em coadunar a contravenção penal de vias de fato, posto que a violência real por si só se amalgama ao tipo-base. Se houvesse progresso da violência dentro da escala que estudamos, poderíamos pensar em dois crimes (resistência em concurso formal com lesões corporais leves), por exemplo. QUESTÃO OBJETIVA: LETRA B Justificativas: III - Para configuração do crime de corrupção passiva, na modalidade solicitar vantagem indevida, NÃO é necessário que a solicitação do funcionário seja correspondida pelo particular. IV - Se o funcionário deixa de praticar ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, comete o delito de condescendência criminosa. NÃO => Corrupção passiva privilegiada. CASO PRÁTICO DA SEMANA 3 – DIR. PENAL 4 LETRA A: NÃO. Trata-se de crime de FAVORECIMENTO REAL previsto no art. 349 do CP, porquanto o agente LAURO pretendia tornar seguro o proveito do crime. A conduta típica vem expressa pelo verbo prestar, que significa conceder, dedicar, render. O objeto da prestação deve ser auxílio (ajuda, socorro) destinado a tornar seguro o proveito do crime. O crime se consuma com a prestação do auxílio, independente do êxito na empreitada. Não se confunde a figura da receptação dolosa com a de favorecimento real. Na primeira, o agente visa o proveito econômico próprio, ou de terceiro, enquanto que no favorecimento, ele visa assegurar o proveito do autor do crime, ou seja, beneficiar o criminoso. Embora não previsto na Lei como condição de procedibilidade, alguns doutrinadores entendem ser necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória proferida no processo que pune o crime anterior, (devido ao constante do artigo 349 – C.P. “criminoso”) para o início da ação penal contra o favorecedor. Se houvesse promessa de ajuda antes do sujeito cometer o crime, já haverá participação no crime e não simples favorecimento pessoal". Cita-se, no exemplo o elemento que “promete ao criminoso” que o esconderá após a consumação do roubo. Desta forma, "é evidente que aqui o sujeito que prometeu ajuda vai responder como partícipe do roubo, crime mais grave e não por mero favorecimento pessoal, que constitui delito de menor potencial ofensivo". Na lição de Julio Fabbrini Mirabete, "a vontade de auxiliar o autor do crime, conhecendo previamente o fato delituoso, é o dolo do crime de favorecimento real. Na dúvida a respeito do crime antecedente, há dolo eventual. Exige-se, porém, o fim específico da conduta: o de tornar seguro o proveito do crime por seu autor." O mesmo autor sublinha, nesse sentido, que "no favorecimento real, delito contra a administração da justiça, o agente não visa a proveito, que pode ser de qualquer natureza (patrimonial, moral, sexual, etc.), mas tão-somente beneficiar o criminoso" (Manual de Direito Penal. Vol. 3. 14ª. ed.). LETRA B: Evidente que NÃO. Assim como ocorre na receptação que é punível ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa (artigo 180, § 4º, do CP). Bastando a prova da receptação ainda que praticada por menor ou inimputável (RT 628/362) ou ainda por pessoas enumeradas no artigo 181 do Código Penal, que têm imunidade absoluta ou relativa. Vide art. 108, 1ª parte do Código Penal. QUESTÃO OBJETIVA: LETRA C c) denunciação caluniosa com pena de 2 a 8 anos e multa, aumentada da sexta parte. Justificativa: PROSPERA A MAJORANTE. A denunciação caluniosa não exige, para sua configuração, nenhuma finalidade especial que motive a conduta do agente. A verificação psicológica no agir do agente, dando causa à investigação, sabedor de que aquela pessoa é inocente, por si mesma, já se caracteriza como má-fé. O animus de prejudicar está ínsito na alma do agente que sabe estar mentindo, mas não mede limites para sua maldade. A denunciação caluniosa não exige, para sua caracterização, nenhum fim especial e na lição de Carrara “é indiferente o fim de caluniar”. E, pela simples consciência da falsidade da imputação tem por si só “uma intenção malvada”. Prevalece em nosso Direito a orientação de não possuírem relevância os fins e motivos de agir. E, esta é a orientação cabível, para os casos dessa natureza. É que o Estado, sujeito passivo da infração, se ressente com o desvio ou a distorção provocada pelo agente, das atividades de seus órgãos destinados a assegurar a tutela jurídico-penal. Assim tem assentado a jurisprudência dos Tribunais. Vejamos: “O tipo legal de crime descreve a conduta e o resultado. No caso da – denunciação caluniosa – o bem tutelado é a Administração Pública, no particular aspecto da Administração de Justiça. Investigação policial é gênero, de que inquérito policial é a espécie. A teleologia, assim compreendida, o estudo da finalidade, da norma demonstra a lei visar a impedir a movimentação da máquina administrativa (compreende também a atividade parlamentar e judicial) provocada por notitia criminis infundada. A análise do elemento subjetivo e do elemento subjetivo do tipo far-se-á no processo. A consumação se dá com a oferta da sindicância, porque, com o inquérito policial, configura-se – investigação policial.” (STJ- 6ª Turma- Resp n. 88.881/DF- Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro –DJU 13/10/97, p. 51653). CASO PRÁTICO DA SEMANA 4 – DIR. PENAL 4 Com base nos estudos realizados sobre os crimes em espécies e delitos hediondos, responda às questões formuladas: a) Qual a correta capitulação da conduta do motoqueiro? Ainda,o delito restou tentado ou consumado? Responda de forma objetiva e fundamentada. RESPOSTA: Trata-se do crime previsto no art. 157, § 3º. In fine, do CP na forma da lei 8072/90. CONSUMADO. Tal tipificação tem o arrimo no Verbete de Sumula 610 do STF assim dispõe: "Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima." b) Caso o motoqueiro venha a ser preso e posteriormente condenado pelo delito praticado, sendo no curso do processo-crime descoberto que o mesmo é reincidente, qual será o prazo mínimo de cumprimento de pena para a progressão de regimes? Responda de forma objetiva e fundamentada. RESPOSTA: 3/5 (três quintos). A propósito, quando a lei de crimes hediondos foi editada em 1990, o texto primitivo vedava a progressão de regime prisional numa afronta à própria Constituição e princípios informadores da pena (razoabilidade, humanidade das penas, proporcionalidade) e então em 2006 o STF houve por bem conhecer da INCONSTITUCIONALIDADE do citado dispositivo fazendo emergir o mesmo percentual de 1/6 (hum sexto) para imediata progressão de regime tal como previa a LEI DE EXECUÇÃO PENAL, devolvendo ao legislador infraconstitucional a incumbência de normatizar dispositivo para disciplinar percentuais equilibrados de acordo com a gravidade objetiva dos crimes hediondos. Assim, veio disciplinando a lei 11.464 de 28.3.2007 e publicada no Diário Oficial da União em edição extra no dia 29/3/2007, os percentuais de dois quintos (2/5) se o réu for primário e três quintos (3/5) se o réu for reincidente. Assimilando esse novo direcionamento a redação dada pela Lei 11.464/2007 ao § 1º do art. 2º, Lei dos Crimes Hediondos diz expressamente que a pena por crime ali tratado será cumprida “inicialmente” em regime fechado. Buscando manter a dicotomia com os crimes comuns, a execução da pena mesmo com a perspectiva da progressão de regimes, conforme regra universal em nosso direito, a execução penal foi exasperada. Criou-se o estágio peremptório de cumprimento da pena, para então se falar em progressão de regime. Assim se o reeducando for primário, o canal da progressão é aberto após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena e se for reincidente, depois de 3/5 (três quintos). Nota-se que o primeiro requisito para a progressão do regime nos crimes hediondos não envolve o critério subjetivo, pois partiu-se da ideia de um período de tempo mínimo para consolidação da função recuperadora da pena ou mesmo contenção do comportamento do sentenciado, para depois disso se cogitar da incidência do avanço. Com isso, decorrida a faixa temporal de 2/5 ou 3/5 dependendo da situação do apenado, abre- se a porta para que cumprido mais 1/6 da pena e preenchidos os demais requisitos do art. 112, Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal) funcione o sistema progressivo: fechado para o semiaberto e deste para o regime aberto, sucessivamente. Logicamente que os aspectos subjetivos e ligados ao mérito do condenado devem ser aferidos durante toda a jornada de cumprimento da pena, mesmo que anterior ao interregno de 1/6, adentrando na primeira faixa AINDA COMENTANDO A LETRA A: Quanto ao latrocínio com homicídio consumado e tentativa de subtração, temos, no Supremo Tribunal Federal, a súmula 610, que hoje serve como bússola para quase toda a jurisprudência: Desnecessário esclarecer que se trata da corrente majoritária. A súmula 610 não se apresenta (ainda) como súmula vinculante; nada obstante a presença dela tem causado quase o mesmo efeito na jurisprudência pátria, tendo-se em vista o grande número de decisões no mesmo sentido. Uma segunda posição doutrinária entende que, no caso em testilha, teremos latrocínio tentado, porque o latrocínio é crime complexo e, como tal, necessita de que os dois tipos penais que o compõem estejam consumados; caso contrário, ficará na fase do conatus. Já adiantamos ser esta a nossa posição, que mais à frente vamos fundamentar. Entendemos que a segunda corrente é a mais adequada ao nosso Código Penal, em respeito ao art. 14, I, assim redigido: "Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Além disso, é a que mais se coaduna com a consumação do crime complexo. Entendemos que, para a consumação do crime complexo, assim como a de para qualquer crime, é necessário verificar-se a presença de todos os elementos do tipo penal, porquanto do contrário estaremos ainda diante da tentativa. Cabe-nos lembrar que o nosso Código Penal Militar possui redação com técnica legislativa mais apurada; técnica essa que poderia solucionar a refrega em debate. No seu artigo 242, § 3º, última parte, assim está disposto: "Art. 242, § 3º - Se, para praticar o roubo, ou assegurar a impunidade do crime, ou a detenção da coisa, o agente ocasiona dolosamente a morte de alguém, a pena será de reclusão, de quinze a trinta anos, sendo irrelevante se a lesão patrimonial deixa de consumar-se..." (grifo nosso) Verificamos, por conseguinte, que, com essa redação, o legislador de 1969 já vislumbrava a possibilidade de divergências em torno do tema, lançando mão assim, em respeito ao princípio da legalidade, de tipificação especial em relação à consumação do crime complexo. A corrente majoritária capitaneada pelo Supremo Tribunal Federal, com a edição da súmula 610, parece-nos equivocada, não só em função da lei, pois essa é cristalina ao determinar a presença de todos os elementos que compõem os tipos penais para a consumação do crime, senão também em função da falta de razoabilidade na aplicação da pena. Assim, para a consumação do crime de latrocínio, existe a necessidade irrefragável da presença das figuras que compõem esse crime complexo, ou seja, é obrigatório que o homicídio seja consumado, assim como a subtração. Entretanto, a corrente majoritária, com respaldo na súmula, entende que, com consumação no homicídio e subtração tentada, será caso de latrocínio consumado, todavia, com subtração consumada e homicídio tentado, estaremos diante de latrocínio tentado. O que poderá justificar esse entendimento da nossa Corte Suprema, tendo-se em vista que, em um primeiro momento, as situações são idênticas? A única solução que nos parece possível estaria na ponderação dos bens tutelados no latrocínio, convém a saber: vida e patrimônio. Ou seja, os nossos tribunais, no intuito de melhorar a norma penal do art. 157, § 3º, in fine, do CP, em conjunto com o art. 1º, II, da Lei 8.072/90, adotaram um fundo axiológico para a interpretação da norma. Dessarte, a despeito do nosso legislador tratar os crimes contra o patrimônio, em sua grande parte, de forma mais severa (com as nossas críticas) do que sanciona os crimes contra a vida ou a integridade física, parece-nos que os tribunais superiores, mais uma vez, tentam adequar a norma da melhor forma possível à realidade fática. Sem dúvida, o bem jurídico vida tem preponderância sobre o bem jurídico patrimônio e, sopesando os dois bens violados, não podemos considerá-los valorativamente idênticos. Assim sendo, a morte consumada, mesmo com a subtração tentada em contraponto com a subtração consumada, sem a ocorrência de morte, com toda a evidência denota uma discrepância de valores. Em outras palavras, aplicando-se uma ponderação de bens e interesses, a consumação, ou não, da subtração patrimonial no latrocínio revela-se, para a jurisprudência, inteiramente insignificante para a concretização do crime de latrocínio, sendo importante apenas saber se houve morte ou não em decorrência da violência para a subtração. Em suma, não resta dúvida de que as soluções encontradas pela doutrina e jurisprudência não são satisfatórias, tantodo ponto de vista da técnica na edição da súmula, quanto do ponto de vista da dosimetria da sanção penal. Ao defendermos o posicionamento da tentativa de latrocínio, na conduta de homicídio consumado e subtração tentada, respeitamos a doutrina do crime complexo; agora desrespeitamos a justa aplicação da pena, pois inegável que, em tal conduta, uma vida se encontrou ceifada, e, no entanto, ao se aplicar a pena de tentativa de latrocínio (6 anos e 8 meses a 20 anos), verifica-se total incompatibilidade com a perda de uma vida. Contudo, a corrente que defende a hipótese de latrocínio consumado (súmula 610 - STF) também não se encontra em melhor posição, visto que se aplicar a pena de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos para todos os casos de latrocínio em que haja morte, com ou sem subtração da coisa, não é razoável, ferindo mortalmente o princípio da proporcionalidade da pena. Entendemos desarrazoada a súmula 610; em primeiro plano, porque, no crime de homicídio qualificado (art. 121, § 2, V, do Código Penal), o que efetivamente ocorreu, a pena é de 12 (doze) a 30 (trinta) anos, ou seja, ao se aplicar o latrocínio consumado, teremos uma pena 8 (oito) anos maior (tendo como base a pena mínima), em segundo plano, também não entendemos possível a aplicação do latrocínio consumado, adotado pela súmula, para um crime em que o resultado morte pode ocorrer tanto a título de dolo como de culpa. Haja vista que, se a violência empregada for dolosa para o resultado morte, esbarraremos no problema acima e, se, entretanto, a morte ocorrer culposamente, a discrepância se tornará incomensurável. Imaginemos a hipótese em que um agente, ao tentar subtrair uma maleta da vítima, encontre resistência desta e, depois de pequeno duelo, o meliante empurra a vítima, que vem a cair sob uma mesa e a morrer; entretanto não conseguindo o sujeito ativo subtrair o bem da vítima por motivos alheios à sua vontade. Estamos diante de um latrocínio? A resposta é positiva; por conseguinte deveremos, pela corrente da súmula, aplicar a esse agente uma pena em abstrato de 20 a 30 anos. Não nos parece razoável tal raciocínio, conquanto se cuide da tutela do bem vida. Dessa forma, não pode ser outra a interpretação dos nossos tribunais no que diz respeito à aparente afronta na lógica da aplicação do crime consumado, em ofensa à própria norma expressa no art. 14, I, do Código Penal. Embora louvável a interpretação dos nossos tribunais, entendemos que essa correção na ponderação dos bens jurídicos, em certos casos, se configurará em prejuízo do réu. Existem defeitos na norma, isso é indiscutível, contudo o magistrado poderia fazer melhor uso daquilo de que dispõe, como, por exemplo, as circunstâncias judiciais (art. 59, CP) e as causas gerais ou especiais de aumento de pena, para tentar dosar melhor a pena na medida da culpabilidade do autor do fato criminoso, sendo certo que, ao trabalhar ex ante com a tipicidade da conduta, acabará o magistrado afrontando o Direito Penal, de forma perigosa para a sociedade. Questão objetiva A respeito do que dispõe a Constituição Federal de 1988 e a Lei n.º 8.072/1990, assinale a opção correta. a) O agente que pratica homicídio simples, consumado ou tentado, não comete crime hediondo. b) A prática de racismo constitui crime hediondo, inafiançável e imprescritível. c) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insuscetível de graça ou anistia. d) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima é hediondo quando praticado contra parente consanguíneo até o quarto grau de agente da segurança pública, em razão dessa condição. e) A lei penal e a processual penal retroagem para beneficiar o réu. QUESTÃO OBJETIVA: LETRA A CASO PRÁTICO DA SEMANA 5 – DIR. PENAL 4 ROMOALDO, padrasto de L.T, de 11 anos de idade, foi denunciado pelos vizinhos por ter submetido a criança a intenso sofrimento físico e mental com o fim de castigá-la ao agredi-la por diversas vezes com a utilização de seu cinto, pois esta estava brincando na sala de sua casa no momento em que ROMOALDO assistia ao jogo final do campeonato estadual de futebol e o barulho da brincadeira atrapalhava sua concentração no jogo. Dos fatos, ROMOALDO restou denunciado pelo delito de maus -tratos, previsto no art.136,§1º, do Código Penal. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre os crimes em espécie e crimes hediondos e equiparados, responda de forma objetiva e fundamentada se a capitulação da conduta de ROMOALDO está correta. RESPOSTA: A situação narrada versa sobre a distinção entre os delitos de tortura, equiparado a delito hediondo e o delito de maus tratos, previsto no art.136, do Código Penal. Desta forma, podendo-se observar a finalidade do réu em fazer a vítima experimentar sofrimento físico e emocional, o que se exige para a caracterização do delito de tortura previsto no art.1º, II, da lei n.9455/1997. Para Guilherme de Souza Nucci, o dolo específico do agente neste delito "é o de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”, acrescentando que "não se trata de submeter alguém a uma situação de mero maltrato, mas, sim, ir além disso, atingindo uma forma de ferir com prazer ou outro sentimento igualmente.” (NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Parte Geral. Parte Especial. 6.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.) É bem frequente que, no âmbito do direito penal, sejam vistos delitos aparentemente bem similares, onde aspectos por vezes sutis se encarregam de diferenciá-los. Pois bem, os crimes de maus-tratos e tortura-castigo podem ser confundidos com certa facilidade, fazendo-se necessária uma breve explanação acerca das principais características de cada um desses delitos. Inicialmente, veja-se o que diz o Código Penal sobre o crime de maus-tratos, litteris: Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa. §1º – Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de um a quatro anos. §2º – Se resulta a morte: Pena – reclusão, de quatro a doze anos. 3º – Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Conforme Guilherme de Souza Nucci, “expor, neste contexto, significa colocar em risco, sujeitar alguém a uma situação que inspira cuidado, sob pena de sofrer um mal.” Impende mencionar que: “[…] é preciso destacar que tudo gira em torno da finalidade especial do agente, tratando do elemento subjetivo do tipo específico, de ter alguém sob sua autoridade, guarda ou vigilância, maltratando-a. Por isso, o tipo faz referência ao que pode ser usado para esses objetivos, mencionando a privação da alimentação ou dos cuidados indispensáveis e a sujeição a trabalho excessivo ou inadequado.” Destarte, vê-se que o dolo presente no tipo penal de maus tratos é de expor a perigo. Seria, por exemplo, um pai tentando “ensinar uma lição” ao seu filho deixando-o trancado no quarto por um dia apenas com pão e água. Além disso, no crimes de maus-tratos, qualquer resultado além da mera exposição a perigo é considerado culposo. Logo, caso os maus-tratos resultem em lesão corporal grave ou homicídio, haverá aumento de pena por este resultado preterdoloso. Ademais, no tocante aos sujeitos ativo e passivo, aquele precisa ser detentor de autoridade, guarda ou vigilância em relação a este. Não pode ocorrer este crime entre cônjuges, por exemplo. A seu turno, o delito de tortura-castigo apenas foi tipificado com o advento da Lei nº. 9.455/97,comumente denominada Lei da Tortura, a qual preconiza que: Art. 1º Constitui crime de tortura: II – submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena – reclusão, de dois a oito anos. Com efeito, o dolo presente na tortura é o de dano. A intenção não seria expor a perigo, mas sim causar o dano em si. O elemento subjetivo não é apenas maltratar, é causar dor ou sofrimento intenso com o objetivo de punir. Não obstante, há quem opte por diferenciar ambos os delitos pela intensidade da punição. Logo, em consonância com quem defende este entendimento, a tortura-castigo seria uma modalidade mais incisiva de maus-tratos. Há decisões neste sentido, colha-se: APELAÇÃO CRIMINAL. IMPUTAÇÃO DE TORTURA-CASTIGO. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE MAUS TRATOS. DISTINÇÕES ENTRE MAUS TRATOS, TORTURA E LESÃO CORPORAL NO CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. CONFIGURAÇÃO, NO CASO, DE LESÃO CORPORAL NO ÂMBITO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. PRELIMINARES REJEITADAS. (…). Diretrizes para juízo de adequação típica na constelação fática que envolve violência nas complexas relações socioafetivas entre pais/mães e filhos: (i) o crime de maus tratos, no abuso dos meios de correção (art. 136, § 3º, do CP), é de incidência excepcionalíssima e de aplicação subsidiária, para situações de meras vias de fato no âmbito doméstico ou lesões de baixo conteúdo de injusto, evidenciado e pertinente o fim educativo; (ii) o crime de tortura (art. 1º, II, e § 4º, II, Lei nº 9.455/97), tipifica-se nos casos em que o domínio parental, orientado para castigar ou prevenir condutas filiais e externalizado por meio de violência ou grave ameaça, substancia-se em resultado de intenso sofrimento físico ou mental; (iii) quando materializadas lesões corporais na atuação dos pais sobre os filhos, mas não na extensão e/ou intensidade exigíveis para o gravoso patamar da tortura, a desclassificação primária ocorre para lesão corporal no contexto de violência doméstica (art. 129, § 9º, CP). Diferenças, quanto ao art. 1º da Lei nº 9.455/97, entre as figuras do inciso I (tortura-de-finalidade-hedionda) e do inciso II (tortura- castigo/prevenção). A segunda abarca fins eventualmente pedagógicos, em situações socioafetivas sutis e complexas, a aumentar, na ponderação, as exigências típicas, para densificar maior conteúdo de injusto. Não é a finalidade educativa (elemento subjetivo) que diferencia a tortura-castigo dos maus tratos, e sim a gravidade objetiva da conduta, a par do elemento normativo intenso sofrimento, que vai discernir se o mesmo fenômeno (determinada lesão, v.g.) vai plantar raízes numa ponta ou noutra do espectro tipológico, ou permanecer a meio termo, na órbita das lesões-violência doméstica. E a finalidade transcendente (para castigar/educar) não é incompatível com motivação banal ou desproporcional e tampouco anula o dolo de lesão. (…). (Apelação Crime Nº 70058020322, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 29/05/2014) (TJ-RS – ACR: 70058020322 RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Data de Julgamento: 29/05/2014, Terceira Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 03/07/2014) Em suma, vê-se que a diferença entre os tipos penais jaz no dolo de cada delito: no crime de maus-tratos, é de expor ao perigo, na tortura-castigo, é de dano. Além disso, há quem aponte que a tortura-castigo seria uma forma mais incisiva e intensa de maus-tratos. CASO PRÁTICO DA SEMANA 6 – DIR. PENAL 4 LEONARDO foi surpreendido por policiais militares, na noite de sábado, 11 de janeiro de 2014, às 00h30min, próximo a um bar localizado na Asa Norte de Brasília, trazendo consigo uma porção de cocaína totalizando massa líquida de 26,45g. No carro em que ele estava foi encontrada a droga em um saco plástico e dinheiro. Dos fatos restou denunciado e condenado pelo delito de tráfico de drogas, previsto no art.33, caput, da Lei n.11343/2006. Em sede de apelação criminal suscitou sucessivamente: (i) atipicidade material da conduta pelo princípio da insignificância; (ii) A desclassificação para o delito de porte de drogas para uso. Ante o exposto, sendo certo que no momento da abordagem, seus atos não poderiam qualificar sua conduta como sendo a de vendedor de drogas, analise a possibilidade de aplicação das teses defensivas. Responda de forma objetiva e fundamentada. Sugestão de gabarito: O caso concreto versa sobre o delito de uso de drogas e a controvérsia acerca da incidência do princípio da insignificância. Segue, abaixo, trecho da decisão: [...] O delito de porte de substância entorpecente para uso pessoal é formal e de perigo abstrato. A pequena quantidade de droga encontrada com o acusado da prática do delito previsto no art. 28 da Lei Antidrogas não descaracteriza o crime, haja vista a presunção de perigo que decorre da sua conduta que, ao adquirir a droga para seu consumo, realimenta esse comércio, pondo em risco a saúde pública. 2. O objeto jurídico da norma em questão ultrapassa a esfera pessoal do acusado e atinge toda a coletividade, em face da própria potencialidade ofensiva do delito de porte de drogas. 3. Inaplicabilidade do princípio da insignificância ao caso, por ausência dos seus requisitos, quais sejam: (i) mínima ofensividade da conduta do agente; (ii) ausência de periculosidade social da ação; (iii) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e (iv) relativa inexpressividade da lesão jurídica.[...] [...] Ademais, o crime de porte ilegal de drogas é de perigo abstrato ou presumido, de modo que, para a sua caracterização, não se faz necessária efetiva lesão ao bem jurídico protegido, bastando a realização da conduta proibida para que se presuma o perigo ao bem tutelado [...] O normal é que um usuário de cocaína, que vai "cheirar" a droga, usa 1 grama por vez. Então, a quantidade encontrada com o réu não, nem de longe, pode ser tida como insignificante. Ao que tudo leva a crer, o recorrido deveria estar traficando a droga, porque no carro em que ele estava foi encontrado a droga em um saco plástico, uma balança de precisão e dinheiro, que são elementos indicadores da traficância (fls. 06). Contudo, no momento da abordagem, seus atos não poderiam qualificar sua conduta como sendo a de vendedor de entorpecente. Por esta razão, corretamente tipificado como portador de entorpecente para uso. Assim, não há que se falar em atipicidade material da conduta do apelado, uma vez que ele trazia consigo a substância entorpecente, que tem dimensão suficiente para afetar a saúde pública. Isto porque, o objeto jurídico da norma em questão é a saúde pública e não apenas o usuário, uma vez que sua conduta ultrapassa a esfera pessoal, atingindo toda a coletividade, diante da potencialidade ofensiva do delito de porte de drogas. Acrescente-se, ainda, que a alegada pequena quantidade de droga encontrada com o recorrido é própria do tipo penal, uma vez que, se fossem grandes as porções apreendidas, em tese, restaria caracterizado o crime de tráfico de entorpecentes [...] Questão objetiva. Letra A. Cabe salientar que a conduta prevista no §2º do art.1º, não é equiparada a delito hediondo e configura-se como delito omissivo próprio. O princípio da insignificância não se aplica ao uso e tráfico de drogas. Como esses são crimes de perigo abstrato, é irrelevante a quantidade da substância apreendida. Com base nesse entendimento, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça afastou a insignificância e, em decisão unânime, determinou o recebimento de denúncia por prática de tráfico internacional em razão da importaçãoclandestina de 14 sementes de maconha por remessa postal. Para STJ, mesmo 14 sementes de maconha ameaçam a saúde pública no Brasil. Segundo denúncia do Ministério Público, o acusado importou as sementes da Holanda, ao preço de R$ 200, para cultivo em território nacional. Em primeira e segunda instâncias, a Justiça de São Paulo aplicou o princípio da insignificância e rejeitou a denúncia, por considerar que a quantidade de sementes apreendidas era pequena e que não havia perigo aos outros bens tutelados no crime de contrabando. ENQUANTO ISSO NA 1ª Turma aplica princípio da insignificância a caso específico de porte de droga: Foi concedido, na tarde de hoje (14), pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o Habeas Corpus (HC) 110475, impetrado pela defesa de um condenado por porte de entorpecente em Santa Catarina. Pela ausência de tipicidade da conduta, em razão da “quantidade ínfima” (0,6g) de maconha que ela levava consigo, a Turma entendeu que, no caso, coube a aplicação do princípio da insignificância. Segundo o relator, ministro Dias Toffoli, P.L.M. foi condenado à pena de três meses e 15 dias de prestação de serviços à comunidade, conforme o artigo 28 da Lei 11.343/06, pois ele foi preso em flagrante ao portar, para uso próprio, pequena quantidade de substância entorpecente. A defesa interpôs recurso perante o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) pedindo a aplicação do princípio da insignificância e, subsidiariamente, a redução da pena em face da confissão espontânea. Porém, o pedido foi negado, tanto pela Justiça estadual, quanto pelo STJ, que alegou que a análise do caso implicaria o revolvimento de provas, incabível em HC. Para o relator, ministro Dias Toffoli, “a aplicação do princípio da insignificância, de modo a tornar a conduta atípica, exige que sejam preenchidos requisitos tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, nenhuma periculosidade social da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e relativa inexpressividade da lesão jurídica”. O que, segundo o relator, ocorreu no caso. O ministro afirmou, ainda, que a privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se justificam quando “estritamente necessários à própria proteção das pessoas”. Assim, por entender que, no caso houve porte de ínfima quantidade de droga, a Primeira Turma, acompanhando o relator, deferiu o pedido de aplicação do princípio da insignificância e determinou o trancamento do procedimento penal instaurado contra P.L.M., invalidando todos os atos processuais desde a denúncia, inclusive até a condenação imposta, por ausência de tipicidade material da conduta. Questão Objetiva. Letra D. CASO PRÁTICO DA SEMANA 7 – DIR. PENAL 4 SUGESTÃO DE GABARITO: POSIÇÃO A: Pelo que consta do enunciado “Russo, que estava armado, exigiu que Astolfo transportasse 50 g de cocaína para outro traficante, que o aguardaria em um Posto de Gasolina, sob pena de Astolfo ser expulso de sua residência e não mais poder morar na Favela da Zebra. Astolfo, então, se viu obrigado a aceitar a determinação”, podemos concluir que a DEFESA poderá apontar como tese defensiva o instituto da COAÇÃO MORAL IRRESISTIVEL onde o agente é impossibilitado de agir de forma voluntária por conta de coação de ordem moral. Exclui-se a culpabilidade em função da inexigibilidade de conduta diversa. Conforme art. 22 do Código Penal (CP), quando uma conduta é praticada mediante coação irresistível só é punível o coator. RUSSO será considerado AUTOR MEDIATO pela conduta de ASTOLFO. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Ou seja, a coação, quando irresistível, exclui o crime. Contudo, há que se delinear a diferenciação entre a coação moral e a coação física, uma vez que a atuação delas dá-se de modo diverso. Inicialmente, importa entender o que compõe o crime. Segundo a teoria finalista tripartida, o crime é composto pelos seguintes elementos: fato típico, ilicitude e culpabilidade. Decorrentemente, a falta de um desses elementos enseja a inexistência de crime. O fato típico é composto pela conduta, pelo resultado naturalístico, pelo nexo causal e pela tipicidade. Já o terceiro elemento do crime, a culpabilidade, é composto por: imputabilidade penal; potencial consciência da ilicitude da conduta praticada; exigibilidade de conduta diversa. A conduta, primeiro elemento do fato típico, é composta pela voluntariedade (domínio da vontade sobre a ação) e pela consciência da conduta praticada, o que nada mais é que “o comportamento humano consciente e voluntário, dirigido a um fim”. A coação pode ser irresistível ou resistível. A irresistível divide-se em coação física irresistível e coação moral irresistível. A coação física irresistível (vis absoluta) dá-se por atrito motor, contato físico. A coação moral (vis compulsiva) ocorre em âmbito psicológico. A coação moral irresistível vicia a vontade do sujeito, não a elimina, portanto. Vontade viciada ainda é vontade, logo, não está excluída a voluntariedade. Diante da coação moral irresistível, o sujeito - mantendo o controle da sua vontade sobre a ação - pratica a conduta que lhe foi exigida pelo coator, mesmo sem ter o ânimo de praticá-la. [...] ALTERNATIVAMENTE Considerando que o acusado é primário, de bons antecedentes, e que não consta em seu desfavor qualquer indício de envolvimento com organização criminosa ou dedicação às atividades criminosas, cabível a aplicação do redutor de pena previsto no Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343. As circunstâncias da infração tornam até mesmo possível a aplicação da causa de diminuição em seu patamar máximo. Em sendo reconhecida a existência do tráfico privilegiado do Art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, cabível o requerimento de substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, pois não mais subsiste a vedação trazida pelo dispositivo. Da mesma forma, o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes hediondos ou equiparado s trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8072 por violação do princípio da individualização da pena, de modo que nada impede a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda penal. Diante do exposto, deveriam ser formulados os seguintes pedidos: a) absolvição do crime de tráfico, na forma do Art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal; b) subsidiariamente, aplicação da pena base no mínimo legal; c) reconhecimento das atenuantes do Art. 65, incisos I e III, alíneas “c” e “d”, do Código Pen al; d) aplicação da causa de diminuição do Art. 33, § 4º da Lei nº 11.343; e) aplicação do regime inicial aberto de cumprimento da pena; f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. POSIÇÃO B: NÃO. o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes hediondos ou equiparado s trazida pelo Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8072 por violação do princípio da individualização da pena, de modo que nada impede a fixação do regime inicial aberto de cumprimento da reprimenda penal. O Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da vedação em abstrato contida no § 4º do Art. 33 da Lei de Drogas, e a Resolução nº 05 do Senado, publicada em 15/02/2012, suspendeu a execução da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direito” do parágrafo acima citado. POSIÇÃO C: SIM, plenamente. Para administrar os milhões de reais que o tráfico de drogas movimenta a cada mês no Rio de Janeiro, os criminosos tentam se estruturarcomo uma empresa. As quadrilhas possuem uma hierarquia de cargos, com possibilidade de ascensão. Os "funcionários" trabalham sob regime de plantão. E, para obter mais lucro em seus negócios, costumam adicionar substâncias aos entorpecentes. Os traficantes, no entanto, não vendem só drogas e diversificam cada vez mais suas atividades, explorando serviços como gatonet (TV a cabo clandestina) e distribuição de gás, além de abrir empresas. A organização, no entanto, ainda é muito rudimentar. Um exemplo disso são as anotações sobre a movimentação financeira, que normalmente são feitas à mão em cadernos ou blocos. Sem falar no fato de enterrarem parte do dinheiro. Questão objetiva. Letra B Na estrutura hierárquica das quadrilhas há a participação de 14 diferentes agentes, dos quais oito têm ação direta, três têm cargos auxiliares e outros três são peças importantes, mas não encontradas em todas as favelas. O primeiro na hierarquia do tráfico é o "dono" do morro. São os homens que dão as ordens nas favelas sob seu controle. A maior parte está presa, como Marcinho VP, Fernandinho Beira-Mar, entre outros, que administram os seus negócios de dentro da cadeia. Logo abaixo, estão os "gerentes-gerais", também chamados de "frentes", que são homens de confiança dos ‘donos’, como FB (Fabiano Atanázio da Silva), na Vila Cruzeiro, e Pezão (Luciano Martiniano da Silva), no Alemão. Eles são os responsáveis pelos negócios na favela, a quem os outros gerentes são subordinados. Nenhum crime, como roubos e assassinatos, é praticado pelos criminosos sem autorização do frente. Em seguida, estão os "gerentes de boca de fumo", como são conhecidos os pontos de venda de drogas. Além deles, há o gerente responsável pela venda de cada tipo de droga, como o gerente do crack e da cocaína. Todos os ‘funcionários’ da boca prestam contas a ele. O cargo mais cobiçado pelos mais jovens é o de "vapor", o que vende a droga diretamente para o usuário. Segundo agentes ouvidos pelo R7, o cargo é muito procurado porque, a partir dele, os criminosos passam a receber por comissão, de acordo com a venda. Além disso, quem se destaca tem grande chance de chegar ao cargo de gerente. Os que cobiçam o cargo de ‘vapor’ são os "soldados", responsáveis pela segurança da favela, e os "olheiros", que têm função de vigilância. Também conhecidos como 'fogueteiros' ou 'radinhos', por usarem morteiros e rádios de comunicação, eles precisam avisar sobre a chegada da polícia ou de traficantes rivais. Aqueles que têm mais tempo trabalhando para o tráfico, mas que não conseguiram ser ‘promovidos’, geralmente atuam na "endolação", que consiste em embalar as drogas para a venda. Para os traficantes, os mais velhos são escolhidos porque não têm mais condições físicas de correr da polícia. Outra figura importante é o "armeiro", que tem conhecimento técnico sobre armas e é o responsável pela manutenção de fuzis, metralhadoras e pistolas. Na maioria das vezes, ex-militares são recrutados para esta função. Cargos auxiliares Nas funções auxiliares estão as figuras do "fiel" (trabalha eventualmente para o tráfico, basicamente com a função de esconder armas e drogas em casa, por não ter ligação direta com o negócio, podem ser acionados a qualquer momento), "portador" (cargo normalmente ocupado por mulheres, que, na condição de visitantes de presos, transmitem informações entre quem está na cadeia e quem está na favela) e as "tias", mulheres mais velhas, em sua maioria parentes de presos, que escondem o dinheiro da quadrilha. Os outros cargos relacionados são os de "matuto" (responsável por abastecer com grandes quantidades de armas e drogas as favelas cariocas, geralmente pegam o material na fronteira com o Paraguai e levam até o Rio), "químico" (presente em poucas favelas, somente naquelas em que há refinarias de cocaína, onde ele transforma a pasta base em cocaína em pó pronta para a venda) e "açougueiro" (especialista em corte de carne, esquarteja os corpos de desafetos mortos pelo tráfico, que são jogados em rios, aos porcos ou queimados, presente em poucas comunidades). Em suma: Segundo o ministro Luiz Fux, a conduta do fogueteiro do tráfico estava tipificada no artigo 12, parágrafo 2º, inciso III, da Lei 6.368, revogada pela Lei 11.343. Nas mesmas penas incorria, ainda, quem contribuía de qualquer forma para incentivar o uso da droga. “Tem-se aí que o informante na sistemática anterior é penalmente responsável como coautor ou partícipe do crime para o qual colaborava”, disse, considerando que “o fogueteiro é, sem dúvida alguma, um informante”. Segundo Fux, a conduta do colaborador foi reproduzida não no artigo 33, mas no artigo 37 da Nova Lei de Drogas. Conforme ele, o inciso III, parágrafo 2º do artigo 12 traz a expressão ‘contribui de qualquer maneira’ ao passo que o artigo 37 da Lei 11.343 utiliza os termos ‘colaborar, como informante’. “É certo que não há distinção antológica entre os termos nucleares ‘contribuir’ e ‘colaborar’ a ensejar inafastável conclusão de que ambas as condutas estão tipificadas em ambas as leis”, analisou Fux. Ele afirmou que alguns doutrinadores se referem ao fogueteiro como “sujeito do crime do artigo 37, da Lei 11.343”. Nesse sentido, citou doutrina que diz que qualquer pessoa pode praticar este crime, como, por exemplo, informantes dos morros que, ao soltar fogos, avisam ao grupo criminoso a chegada da polícia. CASO PRÁTICO DA SEMANA 8 – DIR. PENAL 4 LETRA A) Diferencie as condutas de organização criminosa, associação criminosa e associação criminosa para fins de tráfico de drogas. Associação para o tráfico: previsão legal no artigo 35 da lei 11.343/06: Associar 2 ou mais pessoas para o fim de, reiteradamente ou não, traficar (prática do art. 33 caput, § 1º e 34 da lei 11.343/06). Associar-se significa reunir-se em sociedade para determinado fim (tornar-se sócio), havendo uma vinculação sólida, quanto à estrutura, e durável, quanto ao tempo (que não signifique perpetuidade). Vai muito além que um ajustamento ocasional ou encontro passageiro. A simples associação para esse fim já configura o crime, não sendo necessário a efetivação desses delitos. O tipo subjetivo é o dolo + fim específico (praticar o tráfico). Associação criminosa: prevista no art. 288 do Código Penal. É uma infração de médio potencial ofensivo. Conduta: pune-se a associação de 3 ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes. Obs: de acordo com Mirabete, o agente que integra mais de uma associação criminosa, viola diversas vezes a lei, caracterizando concurso material de delitos. Requisitos: Associação: associar-se significa reunir-se em sociedade para determinado fim (tornar-se sócio), havendo uma vinculação sólida, quanto à estrutura, e durável, quanto ao tempo (que não signifique perpetuidade). Conforme já foi dito. Pluralidade de pessoas – 3 ou mais pessoas. Dispensa ordem e hierarquia. Para o fim de praticar uma série indeterminada de crimes – são crimes dolosos e não abrange contravenção penal. Cuidado: os seus membros não precisam se conhecer, tampouco viver no mesmo local. Mas devem saber sobre a existência dos demais. Basta que o sujeito esteja consciente em formar parte de uma associação cuja existência e finalidades lhe sejam conhecidas. Atenção: é imprescindível que a reunião seja efetivada antes da deliberação dos delitos, pois se já foi deliberado os crimes é concurso de agentes. - Voluntariedade: dolo + finalidade específica (cometer crimes). Organização criminosa: prevista na lei 12.850/2013. É a associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais (crimes e contravenções penais) cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Perceba que pressupõe hierarquia e divisão de tarefas. O objetivo da organização criminosa é obter direta ou indiretamente vantagem de qualquer natureza, ou seja, não será necessariamente econômica. - Voluntariedade: dolo + finalidade específica (obter vantagem de qualquer natureza). LETRA B) Identifique a correta capitulação das condutas de Mayandreson Araújo Albuquerque. Trata-se de crime previsto no art. 33 c/c art.35 e 40, IV da Lei 11.343/06 na forma da leo 12850/13.- Justifica-se a condenação dos pacientes pela prática do crime descrito no artigo 33, caput, com a aplicação da causa especial de aumento de pena prevista no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, e não pela prática do delito de tráfico de drogas em concurso material com o ilícito do artigo 16 da Lei n. 10.826⁄2003, como estabelecido pela Corte estadual, necessário se faz, para melhor análise da questão sub examine, transcrever o disposto no artigo 16, caput, do Estatuto do Desarmamento: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Já o inciso IV do artigo 40 da Lei n. 11.343⁄2006, por sua vez, prevê causa especial de aumento de pena relativa ao crime de tráfico de drogas cometido com o emprego de arma de fogo: Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: [...] IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; (grifo próprio) Conforme visto, a Lei n. 11.343⁄2006 prevê como causa especial de aumento, para os crimes previstos nos artigos 33 a 37, efetivo emprego de arma de fogo, em que o agente porta ilegalmente a arma para viabilizar o cometimento do delito de narcotráfico, e não o fato de possuir ou de portar concomitantemente arma de fogo de uso restrito. Isso significa que "A absorção do crime de porte ou posse ilegal de arma pelo delito de tráfico de drogas, em detrimento do concurso material, deve ocorrer quando o uso da arma está ligado diretamente ao comércio ilícito de entorpecentes, ou seja, para assegurar o sucesso da mercancia ilícita. Nesse caso, trata-se de crime meio para se atingir o crime fim que é o tráfico de drogas, exige-se o nexo finalístico entre as condutas de portar ou possuir arma de fogo e aquelas relativas ao tráfico." (HC n. 182.359⁄RJ, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 4⁄12⁄2012). Assim, havendo conflito aparente de normas entre o crime previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento e a majorante descrita no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, deve prevalecer a condição especial de a arma pertencer ou estar sendo empregada para assegurar o sucesso do tráfico de drogas. Em conclusão, considerando entendimento do STJ, aplica-se a causa de aumento do art. 40, IV, da Lei 11.343/06 quando o caso concreto indicar que a(s) arma(s) fora(m) utilizada(s) como processo de intimidação difusa ou coletiva para viabilizar a prática do narcotráfico. Ao contrário, caso a utilização de armas não tenha um cunho finalístico em relação ao cometimento de crime da lei de Drogas, ou seja, não tenha ligação direta com este último delito, o enquadramento será no crime da lei de Armas em concurso com o crime da lei de Drogas (arts. 33 a 37), afastando- se, nesta hipótese, a causa de aumento do art. 40, IV, da lei 11.343/06. Questão Objetiva. Letra E. e) após o acordo de colaboração, nos depoimentos que prestar, o colaborar renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. Traficantes de drogas presos portando armas: tipo específico da lei de armas em concurso com tráfico ou aplicação da causa de aumento do art. 40, IV, da Lei 11.343/06? O caso é relativamente comum na prática forense. Consiste na prisão de pessoas traficando drogas e ao mesmo tempo portando armas. Sobre a tipificação da situação, conforme doutrina e jurisprudência, o enquadramento correto dependerá das circunstâncias do caso. Vejamos. Em síntese, dois caminhos são possíveis: a) concurso entre os crimes de tráfico de entorpecentes e porte ilegal de arma de fogo; b) crime de tráfico de entorpecentes aumentado pela regra do art. 40, IV, da Lei 11.343/06 (“o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva”). Sobre a questão, Guilherme de Souza Nucci, na obra “Leis Penais e Processuais Penais Comentadas”, Vol. 01 (8ª Edição – Rio de Janeiro: Forense, 2014), entende que os tipos penais dos arts. 33 a 37 da lei 11.343/06, por sua natureza, não são violentos, não possuindo, dentro do tipo penal forma apta a abrigar ameaça ou emprego de arma. Nesta toada, no caso de flagrante em que se apreende drogas e armas, deve incidir crime da lei de armas em concurso com o tráfico. Alerta, também, para o cuidado de não incorrer em “bis in idem”, aplicando-se a lei do desarmamento e também a qualificadora do art. 40, IV, da Lei 11.343/06. Renato Brasileiro de Lima assevera que, em razão da parte final do art. 40, IV, da Lei de Drogas, a violência, a grave ameaça e a arma de fogo devem ser utilizadas pelos traficantes com o fim de atingir seus objetivos, intimidando-se pessoas ou determinada coletividade (“Legislação Criminal Especial Comentada” – 3ª edição. Salvador: Editora JusPODIUM, 2015). O Superior Tribunal de Justiça já teve a oportunidade de julgar o tema: “(...) 2. O Código Penal não estabelece limites mínimo e máximo de aumento ou redução de pena a serem aplicados em razão das agravantes e das atenuantes genéricas, respectivamente. Nesse sentido, a doutrina e a jurisprudência têm se orientado no sentido de que cabe ao magistrado, dentro do seu livre convencimento e de acordo com as peculiaridades do caso concreto, escolher a fração de aumento de pena pela incidência da agravante, em observância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 3. Não há constrangimento ilegal quando verificado que as instâncias ordinárias procederam ao razoável aumento de 1/5 da pena, na segunda fase da dosimetria, pela agravante da reincidência, visto que o paciente era, ao tempo do crime, reincidente específico. 4. A Lei n. 11.343/2006 prevê como causa especial de aumento para os crimes previstos nos artigos 33 a 37 o efetivo emprego de arma de fogo, em que o agente porta ilegalmente a arma apenas para viabilizar o cometimento do delito de narcotráfico, e não o fato de possuir ou de portar concomitantemente arma de fogo de uso restrito. 5. Não há como aplicar-se a causa especial de aumento de pena prevista no inciso VI do artigo 40 da Lei n. 11.343/2006 em substituição à condenação pelo crime do artigo 16 da Lei n. 10.826/2003, quando verificado que o delito de tráfico de drogas não foi praticado com o emprego de arma de fogo (caso em que incidiria a majorante em questão), visto que a arma apreendida não estava sendo utilizada como processo de intimidação difusa ou coletiva para viabilizar a prática do narcotráfico. 6. Para afastar o acórdão impugnado e, por conseguinte, concluir que a arma de fogo estava sendo utilizada como meio de intimidaçãodifusa para assegurar o sucesso da mercancia ilícita de drogas, seria necessário o revolvimento de matéria fático-probatória, providência essa que, conforme cediço, é inadmissível na via estreita do habeas corpus. 7. Habeas corpus não conhecido. (HC 261.601/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 19/12/2013)” O voto do Ministro Rogério Schietti exaure a questão, valendo transcrever trecho da fundamentação quanto ao ponto: “...No que se refere à pretendida condenação dos pacientes pela prática do crime descrito no artigo 33, caput, com a aplicação da causa especial de aumento de pena prevista no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, e não pela prática do delito de tráfico de drogas em concurso material com o ilícito do artigo 16 da Lei n. 10.826⁄2003, como estabelecido pela Corte estadual, necessário se faz, para melhor análise da questão sub examine, transcrever o disposto no artigo 16, caput, do Estatuto do Desarmamento: Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Já o inciso IV do artigo 40 da Lei n. 11.343⁄2006, por sua vez, prevê causa especial de aumento de pena relativa ao crime de tráfico de drogas cometido com o emprego de arma de fogo: Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: [...] IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; (grifo próprio) Conforme visto, a Lei n. 11.343⁄2006 prevê como causa especial de aumento, para os crimes previstos nos artigos 33 a 37, efetivo emprego de arma de fogo, em que o agente porta ilegalmente a arma para viabilizar o cometimento do delito de narcotráfico, e não o fato de possuir ou de portar concomitantemente arma de fogo de uso restrito. Isso significa que "A absorção do crime de porte ou posse ilegal de arma pelo delito de tráfico de drogas, em detrimento do concurso material, deve ocorrer quando o uso da arma está ligado diretamente ao comércio ilícito de entorpecentes, ou seja, para assegurar o sucesso da mercancia ilícita. Nesse caso, trata-se de crime meio para se atingir o crime fim que é o tráfico de drogas, exige-se o nexo finalístico entre as condutas de portar ou possuir arma de fogo e aquelas relativas ao tráfico." (HC n. 182.359⁄RJ, Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 4⁄12⁄2012). Assim, havendo conflito aparente de normas entre o crime previsto no artigo 16 do Estatuto do Desarmamento e a majorante descrita no artigo 40, IV, da Lei n. 11.343⁄2006, deve prevalecer a condição especial de a arma pertencer ou estar sendo empregada para assegurar o sucesso do tráfico de drogas. Sobre a matéria posta em discussão, verifico que a Corte de origem, ao dar provimento ao recurso ministerial, destacou que (fls. 96⁄97): ‘Quanto à condenação dos réus, também, pelo delito previsto no Estatuto do Desarmamento, com razão o órgão de acusação, pois equivocada a absorção do crime de porte ilegal de arma pelo delito de tráfico, pois a arma de fogo apreendida estava na cintura do réu Darlan. Sendo assim, forçoso concluir que o armamento apreendido não estava sendo utilizado como meio de intimidação difuso, o que afasta a aplicação da majorante prevista no inciso IV do art. 40 da Lei de Drogas.’ Do trecho anteriormente transcrito, constato a impossibilidade de aplicação da causa especial de aumento de pena prevista no inciso VI do artigo 40 da Lei n. 11.343⁄2006 em substituição à condenação pelo crime do artigo 16 da Lei n. 10.826⁄2003, pois, conforme restou apurado, o delito de tráfico de drogas não foi perpetrado com o emprego de arma de fogo (caso em que incidiria a majorante em questão), visto que a arma apreendida não estava sendo utilizada como processo de intimidação difusa ou coletiva para viabilizar a prática do narcotráfico. Assim, o que houve, na verdade, foram desígnios autônomos e condutas diversas quando da prática dos crimes de tráfico de drogas e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Dessa forma, não vislumbro nenhuma ilegalidade no ponto que o Tribunal de Justiça estadual entendeu devida a condenação dos pacientes por ambos os delitos, em concurso material.” CASO PRÁTICO DA SEMANA 9 – DIR. PENAL 4 QUESTÃO: Mediante denúncia anônima, foi descoberto que ROBERTO possuía no interior de sua residência, armas de fogo e munições de uso permitido com os respectivos registros vencidos. Indagado por policiais, informou que tinha conhecimento das regras estabelecidas pelo Estatuto do Desarmamento, mas que não tinha a intenção de utilizá-las, mas, de tornar-se um colecionador de armas, pois acreditava ser esta conduta permitida por lei. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre o Estatuto do Desarmamento, responda de forma objetiva e fundamentada às questões: a) Qual a tipificação dada à conduta de ROBERTO? O caso concreto versa sobre a controvérsia acerca do delito de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido como delito de perigo abstrato (art. 12 da Lei 10.826/2003), elementos de sua caracterização, bem como a discussão acerca da incidência do erro de proibição. Foi desenvolvida a questão a partir de decisões proferidas pelo STJ, constantes nos Informativos n. 570 e 572. A conduta do agente de possuir, no interior de sua residência, armas de fogo e munições de uso permitido com os respectivos registros vencidos pode configurar o crime previsto no art. 12 do Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). De fato, o cidadão, para ser autorizado a adquirir arma de fogo de uso permitido, deverá preencher os requisitos previstos nos incisos I, II e III do art. 4° da Lei 10.826/2003, quais sejam: a) comprovação de idoneidade, com apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal; b) apresentação de documentos comprobatórios de ocupação lícita e de residência certa; e c) capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio do artefato. Ademais, mesmo que previamente autorizado a adquirir, somente poderá manter a posse de arma de fogo de uso permitido mediante certificado de registro federal, documento temporário, que deve ser renovado por meio da comprovação periódica dos mesmos requisitos mencionados. Nesse contexto, estabelece o art. 12 do Estatuto do Desarmamento ser proibido possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa b) Uma vez denunciado, quais teses defensivas a serem apresentadas? Manter sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido não configura o crime do art. 12 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). O art. 12 do Estatuto do Desarmamento afirma que é objetivamente típico possuir ou manter sob guarda arma de fogo de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de residência. Entretanto, relativamente ao elemento subjetivo, não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado prazo, é apanhado com a arma nessacircunstância. Trata-se de uma irregularidade administrativa; do contrário, todos aqueles que porventura tiverem deixado expirar prazo semelhante terão necessariamente de responder pelo crime, o que é absolutamente desproporcional. Avulta aqui o caráter subsidiário e de ultima ratio do direito penal. Na hipótese, além de se afastar da teleologia do objeto jurídico protegido, a saber, a administração e, reflexamente, a segurança e a paz pública (crime de perigo abstrato), banaliza - se a criminalização de uma conduta em que o agente já fez o mais importante, que é apor seu nome em um registro de armamento, possibilitando o controle de sua circulação. Precedente citado: HC 294.078- SP, Quinta Turma, DJe 4/9/2014. APn 686-AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/10/2015, DJe 29/10/2015. A Quinta Turma do STJ já decidiu que possuir arma de fogo com registro vencido não é crime, mas apenas infração administrativa. No entanto, a compreensão deve ser dada de modo diverso. Isso porque, ao editar a Lei 10.826/2003, o legislador se interessou, expressamente, pela incolumidade pública - complexo de condições necessárias para a segurança e integridade pessoal dos indivíduos - e valorou tal interesse em uma norma (na hipótese, não possuir, de forma irregular, arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido), tutelada pelo tipo penal previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento. Não há controvérsia, assim, sobre a tipicidade formal da conduta em análise. Porém não se pode concluir, no incipiente momento do oferecimento da denúncia, que possuir arma de fogo com certificado federal vencido não é materialmente típico, a ponto de afastar o alcance do art. 12 do Estatuto do Desarmamento. A conduta delineada, além de formalmente típica, é antinormativa. Nesse passo, há doutrina afirmando que o juízo de tipicidade não é um mero juízo de tipicidade legal, mas que exige um outro passo, que é a comprovação da tipicidade conglobante, consistente na averiguação da proibição através da indagação do alcance proibitivo da norma, não considerada isoladamente, e sim conglobada na ordem normativa. Posto isso, quando o proprietário de arma de fogo deixa de demonstrar que ainda detém, entre outros requisitos, aptidão psicológica e idoneidade moral para continuar a possuir o armamento, representa, em tese, um risco para a incolumidade pública, de modo que a lei penal não pode ser indiferente a essa situação. Assim, sem investigar as peculiaridades de cada caso, é temerário afirmar, de forma automática e categórica, que não é crime possuir arma de fogo com registro expirado, máxime ante a finalidade do Estatuto do Desarmamento e porque não existe previsão de penalidade administrativa para tal conduta, não podendo a questão ser resolvida na seara administrativa. A Administração, ao contrário dos particulares, nada pode fazer senão o que a lei determina. Assim, a subsistir o entendimento de que tal conduta é materialmente atípica, os agentes públicos nem sequer poderiam adentrar na residência do particular para reaver as armas de fogo com registro vencido ou compeli-lo, por exemplo, a pagar multa. Sob diversa angulação, não é possível a aplicação, à hipótese, do princípio da adequação social, vetor geral de hermenêutica, segundo o qual, dada a natureza subsidiária e fragmentária do direito penal, não se pode reputar como criminosa uma ação ou omissão aceita e tolerada pela sociedade, ainda que formalmente subsumida a um tipo legal incriminador. Sem embargo de opiniões contrárias, possuir diversas armas de fogo e munições, de uso permitido, com certificados vencidos não é uma conduta socialmente tolerável e adequada no plano ético. Já sob a ótica do princípio da lesividade, tem -se, aqui, que o perigo à incolumidade pública é idêntico àquele ocasionado pelo agente que possui arma de fogo ou somente munições sem certificado. Em função dos próprios objetivos da Lei do Desarmamento, o postulado da insignificância deve ser aferido caso a caso, de forma excepcional, para verificar a presença dos vetores já assinalados pelo STF, tais como a mínima ofensividade da conduta, nenhuma periculosidade social da ação, reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. O STJ, antes do referido precedente da Quinta Turma, já havia decidido, por meio de sua Corte Especial, que "Considera-se incurso no art. 12 da Lei n. 10.826/2003 aquele que possui arma de fogo de uso permitido com registro expirado, ou seja, em desacordo com determinação legal e regulamentar" (APn 686-AP, DJe 5/3/2014). Por todo o exposto, o precedente da Corte Especial deve orientar o entendimento do Superior Tribunal sobre a matéria, sem prejuízo de que o aplicador do direito, caso a caso, utilize vetores gerais de hermenêutica para restringir o teor literal do tipo penal que, em situações peculiares, pode alcançar condutas socialmente admissíveis ou penalmente insignificantes. RHC 60.611-DF, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 15/9/2015, DJe 5/10/2015. QUESTÃO OBJETIVA: Sobre os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento, assinale a resposta correta. a) O crime previsto no art. 14 do Estatuto (porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) versa sobre armas de fogo e munições, não contemplando os acessórios entre suas elementares. b) Entende-se como posse de arma de fogo a conduta de possuir ou manter arma em casa ou local de trabalho, qualquer que seja ele, em desacordo com determinação legal ou regulamentar. c) Comete o crime do art. 14 do Estatuto o praticante de tiro esportivo que transporta arma de fogo municiada, quando a guia de tráfego autoriza apenas o transporte de arma desmuniciada. d) Para a consumação da infração penal prevista no art. 13 do Estatuto, basta que o sujeito ativo omita as cautelas necessárias para impedir que pessoas menores de 18 anos ou portadores de deficiência mental se apoderem de munições. e) O porte de simulacro de arma de fogo de uso restrito caracteriza o crime previsto no art. 16 do Estatuto. QUESTÃO OBJETIVA. GABARITO LETRA C. (Concurso Público. Ano: 2016Banca: FUNCAB. Órgão: PC-PA. Prova: Delegado de Polícia Civil) O Estatuto do Desarmamento é uma norma penal em branco 1- Portaria do Exército não revoga lei; 2- A questão trata do estatuto do desarmamento, não de regulamentos do Exército; 3- Entendimento dos Tribunais foi amplamente destacado pelos colegas que comentaram acima. Logo, opino no sentido de que a questão não está desatualizada. MAS ATENÇÃO: "Art. 135-A. Fica autorizado o transporte de uma arma de porte, do acervo de tiro desportivo, municiada, nos deslocamentos do local de guarda do acervo para os locais de competição e/ou treinamento." PORTARIA Nº 28 – COMANDO LOGISTICO DO EXERCITO, DE 14 DE MARÇO DE 2017. CASO PRÁTICO DA SEMANA 10 – DIR. PENAL 4 No dia 25 de julho de 2014, por volta de 20h30min, em via pública localizada na Estrada Velha de Búzios, bairro Tangará, NORBERTO, de forma livre e consciente, conduziu o veículo automotor caminhão VW, placa KXX-0000, cor branca, com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool, conforme laudo de fl. 09. Nas mesmas condições de tempo e lugar, o denunciado praticou lesão corporal na direção de veículo automotor, obrando com imperícia e causando lesões em FERDINANDO, descritas no Boletim de Atendimento Médico e no Auto de Exame de Corpo de Delito. Momentos após, no mesmo local, NORBERTO, também de forma livre e consciente, desacatou funcionários públicos no exercício das suas funções. Na ocasião dos fatos, a vítima FERDINANDO estava trafegando na mesma Estrada quando, ao reduzir a velocidade para passar por quebra-molas, sentiu um forte
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