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SOMENTE PROCESSO PENAL I ATÉ SEMANA 10

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CASO PRÁTICO DA SEMANA 1 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
QUESTÃO 1 – RESPOSTAS: 
1.- Caso Plininho não compareça para prestar declarações, poderá responde pelo crime do art. 330 do CP? 
RESPOSTA: EVIDENTE QUE NÃO. Em analogia ao art. 457, CPP, que prevê o direito de não 
comparecer do réu solto, que foi intimado para a sessão do júri, a doutrina vem sustentando que 
O direito de não comparecer é uma decorrência lógica do direito de silêncio e do nemo tenetur 
se detegere (...). Indo além dessa conquista, o direito de não ir deve ser, reconhecido por 
analogia, em todo em qualquer ato processual ou pré -processual, não apenas no júri, mas 
especialmente na fase policial, em CPIs e também no próprio interrogatório judicial. (Aury Lopes 
Jr. Direito processual Penal . São Paulo: ed. Saraiva, 13ª ed., 2016, p.833. 
2.- E se houvesse processo penal tramitando regularmente e o juiz da Vara Criminal intimasse Plininho para o 
interrogatório, poderia o mesmo responder pelo delito em questão? 
RESPOSTA: No mesmo sentido, em relação ao crime de desobediência - não importará em 
reconhecimento do delito de desobediência quando o agente deixa de comparecer ao seu 
interrogatório em juízo, ou mesmo a fim de prestar declarações perante a autoridade policial, 
haja vista não estar obrigado a qualquer tipo de manifestação, nos termos preconizados no 
inciso LXIII do art. 5º da Constituição Federal. (Rogério Greco. Curso de Direito Penal, parte 
especial, vol.IV. Niterói: ed. Impetus, 2015, p.534) 
Deve ser esclarecido que o comparecimento tanto em sede policial, quanto em juízo, é a 
oportunidade para o acusado exercer a sua autodefesa, contando a sua própria versão dos fatos, 
podendo ser acompanhado por advogado em sede policial e, devendo ser acompanhado em juízo 
(indisponibilidade da defesa técnica em juízo). 
MULTIPLA ESCOLHA: 
1) Letra B 
2) Letra C 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 2 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
CASO 1 – O sistema processual é o acusatório, onde o acusado não é mais objeto do processo e 
sim sujeito de direitos. No atual sistema, os atos são públicos e o processo é regido, dentre 
outros, pelos princípios do contraditório e ampla defesa, de maneira que o acusado jamais poderá 
ser processado sem advogado, pois tem direito à defesa técnica. O acusado tem o direito de ser 
interrogado para que possa exercer a sua autodefesa. 
O Professor Guilherme de Souza Nucci, juiz de direito em São Paulo, afirma que: 
“o sistema adotado no Brasil, embora não oficialmente, é o misto. Registremos desde logo que há dois 
enfoques: o constitucional e o processual. Em outras palavras, se fôssemos seguir exclusivamente o disposto 
na Constituição Federal poderíamos até dizer que nosso sistema é acusatório (no texto constitucional 
encontramos os princípios que regem o sistema acusatório). Ocorre que nosso processo penal (procedimentos, 
recursos, provas, etc.) é regido por Código Específico, que data de 1941, elaborado em nítida ótica inquisitiva 
(encontramos no CPP muitos princípios regentes do sistema inquisitivo, como veremos a seguir). 
Logo, não há como negar que o encontro dos dois lados da moeda (Constituição e CPP) resultou no hibridismo 
que temos hoje. Sem dúvida que se trata de um sistema complicado, pois é resultado de um Código de forte 
alma inquisitiva, iluminado por uma Constituição imantada pelos princípios democráticos do sistema acusatório. 
Por tal razão, seria fugir à realidade pretender aplicar somente a Constituição à prática forense. Juízes, 
promotores, delegados e advogados militam contando com um Código de Processo Penal, que estabelece as 
regras de funcionamento do sistema e não pode ser ignorado como se inexistisse. Essa junção do ideal (CF) 
com o real (CPP) evidencia o sistema misto. 
É certo que muitos processualistas sustentam que o nosso sistema é o acusatório. Mas baseiam-se 
exclusivamente nos princípios constitucionais vigentes (contraditório, separação entre acusação e órgão 
julgador, publicidade, ampla defesa, presunção de inocência etc.). Entretanto, olvida-se, nessa análise, o 
disposto no Código de Processo Penal, que prevê a colheita inicial da prova através do inquérito policial, 
presidido por um bacharel em Direito, que é o delegado, com todos os requisitos do sistema inquisitivo (sigilo, 
ausência de contraditório e ampla defesa, procedimento eminentemente escrito, impossibilidade de recusa do 
condutor da investigação etc.) Somente após, ingressa-se com a ação penal e, em juízo, passam a vigorar as 
garantias constitucionais mencionadas, aproximando-se o procedimento do sistema acusatório. (...) 
Defender o contrário, classificando-o como acusatório é omitir que o juiz brasileiro produz prova de 
ofício, decreta a prisão do acusado de ofício, sem que nenhuma das partes tenha solicitado, bem como se 
vale, sem a menor preocupação, de elementos produzidos longe do contraditório, para formar sua convicção. 
Fosse o inquérito, como teoricamente se afirma, destinado unicamente para o órgão acusatório, visando a 
formação da sua opinio delict e não haveria de ser parte integrante dos autos do processo, permitindo-se ao 
magistrado que possa valer-se dele para a condenação de alguém”... 
Acerca desse tema o professor Geraldo Prado discorre da seguinte forma: 
“Se aceitarmos que a norma constitucional que assegura ao Ministério Público a privatividade do exercício da 
ação penal pública, na forma da lei, a que garante a todos os acusados o devido processo legal, com ampla 
defesa e contraditório, além de lhes deferir, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, a presunção 
de inocência, e a que, aderindo a tudo, assegura o julgamento por juiz competente e imparcial, pois que se 
excluem as jurisdições de exceção, com a plenitude do que isso significa, são elementares do princípio do 
acusatório, chegaremos à conclusão de que, embora não o diga expressamente, a Constituição da República 
adotou-o. Verificando que a Carta Constitucional prevê, também, a oralidade do processo, pelo menos como 
regra para as infrações de menor potencial ofensivo, e a publicidade, concluiremos que filiou-se, sem dizer, ao 
sistema acusatório. Porém, se notarmos o concreto estatuto jurídico dos sujeitos processuais e a dinâmica 
que, pelas relações jurídicas ordenadas e sucessivas, entrelaçam a todos, de acordo com as posições 
predominantes nos tribunais (principalmente, mas não exclusivamente no Supremo Tribunal Federal), não 
nos restará alternativa salvo admitir, lamentavelmente, que prevalece, o Brasil, a teoria da aparência 
acusatória, porque muitos dos princípios opostos ao acusatório são implementados todo dia. Tem razão o 
mestre Frederico Marques ao assinalar que a Constituição preconiza a adoção e efetivação do sistema 
acusatório. Também tem razão Hélio Tornaghi, ao acentuar que há formas inquisitórias vivendo de 
contrabando no processo penal brasileiro, o que melhor implica em considerá-lo, na prática, misto. O 
princípio e o sistema acusatório são, por isso, pelo menos por enquanto, meras promessas, que um novo Código 
de Processo Penal e um novo fundo cultural, consentâneo com os princípios democráticos, devem tornar 
realidade” 
De forma mais crítica, o professor Jacinto Nelson Miranda Coutinho aponta que: 
“o sistema, assim, é tomado como acusatório somente enquanto discurso porque não há, por definição, um 
sistema com tal natureza, de modo que o dizer misto, aqui, é o reconhecer como um sistema inquisitório que foi 
recheado com elementos da estrutura do sistema acusatório (por ex: exigência de processo devido, de 
contraditório, de parte, etc.), o que lhe não retira a matriz inquisitorial.” 
É de suma importância o conhecimento das posições extremas, tal qual a trazida pelo professor Jacinto Nelson 
Miranda Coutinho, para demonstrar que não é aceitaa tese de que o processo penal brasileiro é regido pelo 
sistema acusatório puro. 
MULTIPLA ESCOLHA: 
2- LETRA B - 3- LETRA A 
 
 
 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 3 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
QUESTÃO DISCUSRIVA => RESPOSTA: A simples delatio criminis NUM PRIMEIRO PLANO não autoriza a 
instauração de inquérito policial, devendo a autoridade policial, inicialmente, confirmar a informação (VPI) para 
instaurar o procedimento investigatório. Temerária seria a persecução iniciada por delação, posto que ensejaria 
a prática de vingança contra desafetos. O art. 5º, inciso IV, da CRFB veda o anonimato. 
Para o STJ a orientação fundamenta-se no raciocínio segundo o qual não se pode movimentar a polícia e o 
Judiciário tendo como base apenas uma notícia feita às ocultas, mesmo porque como já dissemos, a própria Lei 
Maior veda o anonimato. 
Mas, o entendimento segundo o qual não pode dar início a investigação e/ou processo exclusivamente em 
denúncia anônima não quer significar que não se possa colher outras provas com base na denúncia apócrifa. 
Assim foi a orientação da Quinta Turma do STJ. Para o relator Min. Jorge Mussi, “embora as informações não 
sejam idôneas a ponto de deflagrar ação penal por si só, caso sejam corroboradas por outros elementos de 
provas, dão legitimidade ao início da investigação” – STJ. O entendimento que fundamentou o HC 104.005/RJ é 
pacífico na jurisprudência. 
Em suma, para que um procedimento investigatório seja iniciado após diligências feitas com base em denúncia 
anônima, há que se destacar três momentos relevantes: (a) denúncia anônima; (b) diligências investigativas 
posteriores; (c) instauração do inquérito policial (ou adoção de alguma medida cautelar). 
Presentes os dois primeiros atos, resulta legitimado o terceiro. O que não parece tolerável, e esta é também a 
orientação jurisprudencial consolidada, é instaurar inquérito diretamente a partir da denúncia anônima, sem 
a realização das devidas investigações preliminares (para se apurar a veracidade mínima da denúncia). 
Além do mais, é firme a jurisprudência no Supremo Tribunal no sentido de que “nada impede a deflagração da 
persecução penal pela chamada 'denúncia anônima', desde que esta seja seguida de diligências realizadas para 
averiguar os fatos nela noticiados”.-.-.-.-.-.-.-.- 
O debate referente à possibilidade de se admitir acusações baseadas em declarações anônimas envolve questões complexas 
e controvertidas[1]. Uma delas consiste em saber em que hipóteses a utilização de um documento cujo autor não foi 
identificado justifica a instauração de um processo administrativo de investigação. 
Para esse efeito, a doutrina[2] afirma que, num primeiro momento, o órgão persecutório deve promover 
diligências informais, no plano da existência do fato — e não da autoria — para apurar se foi ou não, ou se está ou não, sendo 
praticada a alegada infração penal[3]. 
Essas diligências informais podem ser melhor compreendidas através de alguns exemplos retirados da jurisprudência. Vide, 
quanto a esse respeito, casos de (a) policiais que vão até ao local denunciado anonimamente, encontrando os réus carregando 
veículo com produto embalado como se fosse alimento[4]; (b) policiais que, após denúncia anônima, se deslocam à residência 
de réu, que é surpreendido acessando o banco de dados de acesso restrito com senha obtida por meios ilegais[5]; e (c) 
policiais que, ao abordarem determinado indivíduo, reconhecem a verossimilhança de delação anônima de posse de arma de 
fogo com numeração suprimida[6]. 
Mas não é só a polícia que pode efetuar diligências informais buscando confirmar notícia anônima[7]. No exercício das 
atribuições e prerrogativas que lhe são atribuídas pela Constituição da República e pela legislação infraconstitucional[8], é 
facultado ao Ministério Público notificar testemunhas; realizar inspeções; ter livre acesso a qualquer local público ou privado, 
respeitadas as normas constitucionais pertinentes à inviolabilidade do domicílio; além de requisitar informações, exames, 
perícias e documentos. 
Registre-se, contudo, que os procedimentos de averiguação em que as diligências preliminares não são 
efetivadas informalmente, mas sim por meio de despacho, tomada de declarações e relatórios formais, devidamente 
documentados ou identificados com o número da denúncia anônima recebida, procedendo-se, inclusive, à oitiva de supostas 
testemunhas, destoam do que é recomendado pela jurisprudência para essas hipóteses, na medida em que se equiparam a 
providências próprias de um processo administrativo de investigação efetivamente instaurado[9]. 
O que não se admite, em matéria de declarações de testemunhas anônimas num processo penal, é a imediata instauração do 
procedimento investigatório propriamente dito, sem que se tenha demonstrada nem a infração penal nem mesmo qualquer 
indicativo idôneo de sua existência. Essa constatação pode ser resumida da seguinte forma: nada impede a deflagração da 
persecução penal pela chamada denúncia anônima, desde que esta seja seguida de diligências destinadas a verificar se, dos 
fatos nela noticiados, há base para a instauração da respectiva investigação[10]. 
Daí a razão pela qual nossos tribunais de superposição terem por costume validar: (a) ação policial deflagrada a partir de 
denúncia anônima, com vistas à verificação de possíveis crimes contra a administração pública, e ulterior instauração de 
inquérito[11]; (b) diligências preliminares para apurar a veracidade das informações obtidas anonimamente e, só então, a 
instauração do procedimento investigatório propriamente dito[12]; (c) instauração de inquérito policial militar posterior a 
investigação preliminar motivada por denúncia anônima[13]; (d) investigação preliminar em data anterior à instauração do 
inquérito policial[14]; (e) investigações prévias, a partir de trabalho realizado pela ouvidoria de autarquia, referente a 
denúncias anônimas, que depois ensejaram a deflagração de inquérito policial[15]. 
Essa orientação não exerce papel menos importante na investigação e penalização das ilicitudes administrativas. É que, 
consoante assinala a literatura especializada, não obstante a existência de delação anônima, também aqui deverá a 
Administração Pública efetuar averiguações destinadas a apurar a real concreção daqueles comportamentos: "ocorrendo de 
a Administração vislumbrar razoável possibilidade da existência efetiva dos fatos denunciados anonimamente, deverá 
promover diligências e, a partir dos indícios coligidos nesse trabalho, instaurar a tomada de contas especial, desvinculando-
a totalmente da informação anônima."[16] 
Há, portanto, fronteiras claras à admissibilidade de um processo de investigação instaurado com base nas declarações de um 
terceiro anônimo, devendo o órgão responsável pela persecução penal cumprir as seguintes condições: (a) realizar diligências 
preliminares para apurar se as informações narradas na delatio criminis anônima são materialmente verdadeiras, antes de 
decidir pela instauração de um processo administrativo de investigação[17]; (b) servir-se de expedientes informais para a 
realização dessas diligências[18]; (c) respeitar, na execução das averiguações, os limites impostos pelos direitos fundamentais 
do cidadão[19]; (d) velar para que os direitos de defesa não sejam comprometidos no âmbito de processos de instrução prévia 
que possam ter caráter decisivo para a produção de provas de comportamentos suscetíveis de implicar responsabilidade 
penal. 
• NOTAS BIBLIOGRÁFICAS. 
[1] Cf. STJ, RHC 29.156/PR, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 19/06/2012, DJe 
29/06/2012. 
[2] Cf. PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 10ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 44. 
[3] Cf. aseguinte assertiva, considerada errada pelo gabarito definitivo da prova objetiva do concurso público para 
provimento de cargos de analista de controle externo do TCU (2008): “A denúncia anônima, por violar a garantia 
constitucional de vedação ao anonimato, não pode ser aceita nem mesmo para iniciar um procedimento investigativo sigiloso, 
voltado a apurar a existência dos fatos apontados pelo denunciante”. 
[4] Cf. TJSP, ACR 0069315-58.2006.8.26.0050, Comarca de São Paulo, Rel. Souza Nucci, 16ª Câmara de Direito Criminal, 
julgado em 14/08/2012, DJ 24/08/2012. 
[5] Cf. TJSP, ACR 0000550-85.2009.8.26.0161, Comarca de Diadema, Rel. Souza Nucci, 16ª Câmara de Direito Criminal, 
julgado em 14/08/2012, DJ 24/08/2012. 
[6] Cf. TJSP, ACR 0007797-96.2008.8.26.0050, Comarca de São Paulo, Rel. Souza Nucci, 16ª Câmara de Direito Criminal, 
julgado em 14/08/2012, DJ 24/08/2012. 
[7] Cf. a seguinte assertiva, considerada correta pelo gabarito definitivo da prova objetiva do concurso público de provas e 
títulos para preenchimento de vagas e formação de cadastro de reserva para o cargo de Juiz de Direito Substituto do Tribunal 
de Justiça do Estado do Acre (2011): “Márcio, conselheiro tutelar, recebeu denúncia anônima, por telefone, a respeito do 
funcionamento de uma boate, instalada em uma casa no centro da cidade, onde meninas adolescentes eram supostamente 
mantidas para a prática de prostituição. Confirmada a existência de adolescentes desacompanhadas de pais ou 
representantes legais na referida residência, Márcio deverá providenciar o encaminhamento das menores aos seus 
responsáveis legais ou, na falta destes, o acolhimento institucional, comunicando o MP, via relatório minucioso, dos fatos e 
providências”. 
[8] Cf. Constituição da República, art. 129, incisos VI, VIII e IX; Lei Complementar 75⁄93, art. 8º, incisos I, II, IV, V e VII e § 
2º. 
[9] Cf. STJ, HC 130.789/SC, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 09/08/2011, DJe 26/08/2011. 
[10] Cf. a seguinte assertiva, considerada correta pelo gabarito definitivo da prova objetiva do concurso público para 
provimento de cargos vagos de Advogado da União de 2ª Categoria (2012): “A jurisprudência do STJ admite a possibilidade 
de instauração de procedimento investigativo com base em denúncia anônima, desde que acompanhada de outros 
elementos”. 
[11] Cf. STJ, HC 38.093/AM, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 26/10/2004, DJ 17/12/2004, p. 589. 
[12] Cf. STF, HC 84.827/TO, Rel. Ministro Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 07/08/2007, DJ 23/11/2007, p. 79. 
[13] Cf. STJ, AgRg no Ag 1.346.501/MS, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 02/08/2011, DJe 10/08/2011. 
[14] Cf. STJ, HC 135.024/MT, Rel. Ministro Celso Limongi (Desembargador Convocado do TJ/SP), Rel. p/ Acórdão Ministro 
Haroldo Rodrigues (Desembargador Convocado do TJ/CE), Sexta Turma, julgado em 04/08/2011, DJe 17/10/2011. 
[15] Cf. STJ, HC 146.021/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 23/08/2011, DJe 01/09/2011. 
[16] Cf. FERNANDES, Jorge Jacoby. Tomada de Contas Especial. 2ª ed. Brasília: Brasília Jurídica, 1998, p. 51. Cf., ainda, a 
seguinte assertiva, considerada correta pelo gabarito definitivo da prova objetiva do concurso público destinado a selecionar 
candidatos para o provimento de vagas nos cargos de Oficial Técnico de Inteligência e de Agente Técnico de Inteligência, 
integrantes do Plano de Carreiras e Cargos da ABIN (2010): “Claudius, servidor público federal, foi acusado de ter praticado 
ato considerado infração administrativa cuja sanção prevista é a demissão do serviço público. Além disso, esse ato é também 
capitulado como crime, cuja pena é de 6 meses a 2 anos de detenção. A administração pública teve ciência da prática desse 
ato por meio de denúncia anônima. Imediatamente após essa denúncia, foi aberta sindicância investigativa sigilosa, em 
12/4/2004, a qual acabou por demonstrar a materialidade do fato e os indícios de participação de Claudius no evento. Em 
4/3/2005, publicou-se a portaria instaurando-se o processo administrativo disciplinar, com prazo de conclusão de 60 dias, 
prorrogáveis por mais 60 dias, o que acabou acontecendo. Claudius se negou a participar da instrução, sendo nomeado 
defensor dativo. Somente em 30/7/2007, foi publicada a portaria de demissão de Claudius, fundada nas provas produzidas 
no processo administrativo disciplinar. Paralelamente, Claudius respondeu a ação penal, tendo sido condenado à pena de 
reclusão de 6 meses, que foi substituída por uma pena restritiva de direito. A denúncia anônima, na espécie, poderia 
justificar a instauração da sindicância investigativa sigilosa, com vistas a identificar a sua procedência, mas não poderia, 
por si só, justificar a imediata abertura de processo administrativo disciplinar, dado o princípio constitucional que veda o 
anonimato”. 
[17] Cf. STF, HC 95.244/PE, Rel. Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma, julgado em 23/03/2010, DJe 30/04/2010. 
[18] Cf. STJ, HC 130.789/SC, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 09/08/2011, DJe 26/08/2011. 
[19] Cf. STJ, HC 137.349⁄SP, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 5⁄4⁄2011, DJe 30⁄05⁄2011. 
QUESTÕES DE MULTIPLA ESCOLHA: 
2- LETRA D - O acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido documentados no procedimento investigatório. 
3- LETRA B - Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras só se 
aplicam no território nacional. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 4 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
RESPOSTA => CASO 01 – Em que pese o artigo 10, parágrafo primeiro do CPP determine a remessa do 
inquérito ao juiz, posteriormente à promulgação da Constituição de 1988, houve a criação e 
organização das Centrais de Inquérito Policial, em 1991, tendo como regra o destinatário da 
investigação o Ministério Público pelo caráter UNIDIRECIONAL da investigação penal) e não o Juiz, em 
conformidade com o Sistema Acusatório adotado pela Nova Ordem Constitucional de 1988. Antes, isso 
se “justificava” pois somente o Judiciário era estruturado para receber os inquéritos e o juiz então 
acabava se limitando a receber a investigação e carimbar nos autos a remessa ao MP. Com as Centrais 
de Inquérito como regra, esse dispositivo perdeu a razão de ser, salvo para os casos em que seja 
necessário haver ordem judicial ou prestação jurisdicional para o regular desenvolvimento da 
investigação, devendo sempre o IP passar primeiramente pelo MP (custos legis e dominus litis) - para 
que este requeira a medida. Assim só haverá distribuição do inquérito ao judiciário no caso de 
anterior requerimento do MP de busca e apreensão, requerimento de interceptação telefônica, 
controle da legalidade da prisão temporária ou preventiva e arquivamento da investigação. O 
controle da legalidade da prisão em flagrante NA CAPITAL compete a Central de Custódia. 
 
TEM COMO CARACTERISTICAS: 
S IGILOSO (não é um procedimento administrativo aberto, apesar dos princípios da publicidade e 
transparência, mas a CF fala em matéria de segurança pública) FERNANDINHO BEIRA MAR iria curtir 
no FACE todos os andamentos do inquérito policial) 
I NQUISITIVO (ele tem um objetivo, quer colher provas, indícios, elementos informativos de 
autoria e materialidade. O Delegado de Polícia concentra funções: conduz o inquérito policial de 
acordo com o que ele achar qual diligência irá realizar. No inquérito não cabe o contraditório e 
ampla defesa, porque a pessoa é mero objeto de investigação. O princípio da ampla defesa não se 
aplica ao IP. O contraditório no inquérito é diferido, é postergado no tempo. O que foi produzido 
no inquérito tenho de produzir novamente em juízo) 
F ORMAL (ele é escrito, tanto que ao final do inquérito a AP realizada um relatório quenão deve 
expressar juízo de valor) 
U NIDIRECIONAL (O IP não é um fim em si mesmo. Colhe informações para que o MP formule a ação penal) 
D ISCRICIONÁRIO/DISPENSÁVEL (Se existirem outros elementos de prova o IP será dispensado / há 
um vídeo que demonstra toda prática delituosa, mostrando a autoria) 
S ISTEMÁTICO (O DP tenta reproduzir o fato como ele aconteceu. IP é retrospectivo, quer contar 
uma história de trás prá frente) 
CASO 2- Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. 
A- É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as garantias constitucionais 
do contraditório e da ampla defesa. 
B- A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos suficientes para a 
propositura da ação penal. 
C- Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível. 
D- A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no curso da investigação, de 
forma motivada e observados os requisitos legais. 
 
CASO 3-Leia o registro que se segue. => Mévio, motorista de táxi, dirigia seu auto por via estreita, que 
impedia ultrapassagem de autos. Túlio, septuagenário, seguia com seu veículo à frente do de Mévio, 
em baixíssima velocidade, causando enorme congestionamento na via. Quando Túlio parou em 
semáforo, Mévio desceu de seu táxi e passou a desferir chutes e socos contra a lataria do auto de Túlio, 
danificando-a. Policiais se acercaram do local e detiveram Mévio, que foi conduzido à Delegacia de 
Polícia. Lá, o Delegado entendeu que o crime era de dano, com pena de detenção de 01 a 06 meses 
ou multa. Iniciou a lavratura do Termo Circunstanciado, previsto na Lei n.º 9.099/95. Ao finalizá-lo, 
entregou a Mévio para que assinasse o Termo de Comparecimento ao Juizado Especial Criminal, o que 
foi por ele recusado. Indique o procedimento a ser adotado. 
 
a-Registro apenas em Boletim de Ocorrência para futuras providências. 
b- Considerando que ocorrera prisão em flagrante, ante a não assinatura do Termo de Comparecimento 
ao JECRIM, deve o Delegado de Polícia lavrar auto de prisão em flagrante, fixando fiança.* 
c- Deve o Delegado lavrar o auto de prisão em flagrante e permitir que Mévio se livre solto. 
d- O Termo Circunstanciado deve ser remetido ao Juízo, mesmo que Mévio não tenha assinado o Termo de 
Comparecimento, para que o Magistrado, ouvido o Ministério Público, tome as providências que julgar cabíveis, 
podendo até decretar eventual prisão temporária. 
 
COMENTÁRIOS: *JUIZ SUBSTITUTO/SP - 2007 - VUNESP - questão 56 
Se as condições econômicas do imputado forem desfavoráveis e ele não tiver condições 
de arcar com a fiança, o Art. 350 do CPP autoriza ao JUIZ conceder a liberdade provisória 
sem o pagamento, mas subordinando as condições dos artigos 327 e 328 do CPP. Além 
delas, poderá o juiz aplicar outras medidas cautelares diversas previstas no art. 319 do 
CPP, conforme a necessidade da situação. 
A sociedade contemporânea exige uma prestação jurisdicional mais rápida e efetiva. A criação e 
a instituição dos Juizados Especiais introduziram, no ordenamento jurídico, uma nova concepção no 
que diz respeito aos meios de resolução dos litígios, orientados e informados pelos valores mais 
práticos, modernos e condizentes com o estágio atual da sociedade, mediante os procedimentos oral 
e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação. 
O Constituinte, verificando a necessidade de estabelecer um procedimento mais simplificado para 
apuração, formalização e julgamento de infrações de menor potencial ofensivo, determinou a criação 
de ‘juizados especiais’ e edição de legislação (Artigo 24, X e 98, I e §1° CRFB). 
A partir da edição da Lei 9.099/95 temos dois procedimentos pré-processuais, a confecção do Termo 
Circunstancial de Ocorrência com posterior remeça aos Juizados Criminais nas infrações apenadas com 
até dois anos de prisão, e o Inquérito Policial com posterior remessa a Justiça para infrações punidas 
com mais de dois anos de prisão. 
O Termo Circunstanciado de Ocorrência é uma espécie de investigação criminal sumaríssima, 
destinada a delimitar a autoria, materialidade, circunstância de um delito, enfim, apurar uma infração 
penal de menor potencial ofensivo, quais sejam aquelas com pena máxima não superior a 2 (dois) anos, 
a teor do art. 61 da Lei nº 9099/95. 
O Inquérito Policial está para o procedimento comum ordinário/sumário (Artigo 394 e seguintes do 
CPP), assim como o Termo Circunstanciado de Ocorrência está para o procedimento comum 
sumaríssimo (art. 77 e seguintes da Lei nº 9099/95, c/c art. 394, § 1º, inciso III do CPP), vale dizer, 
existe uma correlação lógica entre os atos do procedimento preliminar de investigação (presididos pelo 
Delegado de Polícia) e os atos processuais da instrução/ação penal (presididos pelo Juiz de Direito). 
Dentro de um Termo Circunstanciado de Ocorrência são realizados atos típicos de investigação 
criminal, tais como: oitivas de pessoas (testemunhas, vítimas e autor), perícias criminais simples 
(constatação de substância entorpecente; constatação de dano; exame de corpo de delito nas lesões 
leves; entre outras), eventual medida cautelar de busca e apreensão, dentre outros atos, sendo certo 
que tais condutas, conforme disposição do Artigo 144, § 4º da CR/88, somente podem ser realizadas 
pela Polícia Civil (estadual ou federal), a quem compete a investigação dos crimes comuns e o exercício 
das funções de Polícia Judiciária perante a Justiça Comum. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 5 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
CASO 1 - João e José são indiciados em IP pela prática do crime de peculato. Concluído o IP e remetidos ao MP, 
este vem oferecer denúncia em face de João, silenciando quanto à José, que é recebida pelo juiz na forma em que 
foi proposta. Pergunta-se: Trata-se a hipótese de arquivamento implícito? Aplica-se a Súmula 524 do STF? 
1ª Corrente – aplica-se o verbete 524 do STF, é hipótese de arquivamento implícito subjetivo. 
(Afrânio Silva Jardim, Paulo Rangel) logo, p/ aditar precisa de novas provas. No momento em que a 
denúncia foi oferecida em face apenas de João e o juiz não exerceu a fiscalização do princípio da 
obrigatoriedade da ação penal pública, nos termos do art. 28 do CPP, deu-se o arquivamento 
implícito do IP, logo para que haja o aditamento somente com o surgimento de novas provas. 
2ª Corrente – Não existe arquivamento implícito no ordenamento jurídico brasileiro. Para que haja 
arquivamento é necessário requerimento expresso do MP fundamentando o seu pedido no art. 395 
do CPP, e a manifestação do juiz acerca desse pedido, aplicando o art. 28 do CPP. O art. 28 CPP diz 
que “o juiz no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa dos autos ao 
Procurador Geral”, então p/ haver arquivamento é preciso que o MP invoque razões, o que não ocorreu 
no caso em questão. Sendo assim, aquele corréu não denunciado não haverá arquivamento implícito, 
não cabendo invocar o verbete 524 do STF. O MP poderá aditar a denúncia a qualquer momento. 
(Polastri, Mirabete). 
Segundo o STF: O arquivamento implícito não foi concebido pelo ordenamento jurídico brasileiro, e 
modo que nada obsta que o Parquet proceda ao aditamento da exordial acusatória, no momento em 
que se verificar a presença de indícios suficientes de autoria de outro corréu. (Precedentes: AI nº 
803138 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, Dje 15.10.2012; HC nº 104356/RJ, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, Dje 02.12.2010; RHC nº 95141/RJ, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Primeira Turma, Dje 23.10.2009). O aditamento da denúncia pode ser feito, a qualquer 
tempo, com vistas a sanar omissões, desde que ocorra em momento anteriorà prolação da sentença 
final e seja oportunizado ao réu o exercício do devido processo legal, da ampla defesa e do 
contraditório, ex vi do art. 5º, LIV e LV da CRFB/88, desde que não haja requerimento de arquivamento 
por parte do MP nesse sentido. 
RHC 113273 / SP - SÃO PAULO 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 
Jurisprudência: STJ – 
“O silêncio do MP em relação a acusados cujos nomes só aparecem depois em aditamento à denúncia, não implica 
arquivamento quanto a eles. Só se considera arquivado o processo com o despacho da autoridade judiciária. (RT 
691/360). STF, HC 92663/GO 
Jurisprudência do TJ/RJ, 3ª Cam Crim. – Arquivamento implícito. Inexiste no Direito Brasileiro. 
“O arquivamento deve ser requerido ao juiz, para que haja controle da utilização dos princípios da 
obrigatoriedade, oportunidade e utilidade da propositura da ação penal; sem requerimento expresso e 
fundamentado pelo Promotor e decisão a respeito, não há arquivamento no Direito brasileiro.” 
 
Bem a propósito, o princípio da correlação exige que o fato reconhecido na sentença, corresponda, 
perfeitamente, àquele imputado na denúncia (ou queixa-crime), sob pena de violar inúmeros 
princípios, como por exemplo, ampla defesa, contraditório e, consequentemente, o devido processo 
legal, acarretando, outrossim, a nulidade absoluta.[1] 
A ligação desse princípio com os institutos sob comento está no fato de que é vedado ao Magistrado, 
de qualquer modo, sentenciar com base em “fato” diverso do apresentado na inicial acusatória. Até 
porque, como veremos, caso sobrevenha fato novo no transcorrer do processo, ao final da instrução, 
deverá o Juiz abrir vistas para o MP apresentar a chamada mutatio libelli. 
De início, nada mais importante que tratar do princípio da correlação, pois este limita e orienta tanto 
a emendatio libelli, quanto a mutatio libelli. 
Tais institutos estão tratados nos arts. 383 e 384 do CPP. Apesar de seus nomes serem um tanto quanto 
semelhante, diferem bastante em sua essência. 
Sendo assim, vejamos um a um, de maneira separada, até por uma questão de didática. 
2. Emendatio libelli (art. 383 do CPP) 
A emendatio libelli, vem conceituada no art. 383 caput do CPP, que diz: 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-
lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 
Dessa forma, na emendatio libelli, houve uma tipificação equivocada por parte do acusador, de modo 
que o Juiz (de ofício) apenas iria adequar (corrigir) esse enquadramento legal. Ademais, é indiferente 
se esse novo enquadramento vai gerar prejuízo ou benefício para o réu. 
Como se vê, não haveria necessidade, nessa hipótese, de aditamento da peça inicial, até porque, como 
se sabe, o réu se defende dos fatos, não da tipificação jurídica que lhe é imputada. 
Outrossim, Renato Brasileiro, com sua peculiar didática, apresenta 03 (três) hipóteses de ocorrência 
da emendatio libelli: 
· emendatio libelli por defeito de capitulação: não haveria qualquer alteração na questão fática, 
porém o Juiz, quando da sentença, enquadra o fato processual a tipo penal diverso do apresentado 
pelo Promotor de Justiça (ou querelante). Ex.: o acusado foi denunciado pelo crime de furto, tipificado 
no “art. 121” do CP. Dessa forma, como houve apenas um equívoco quando do enquadramento, o 
Magistrado, o condenaria com base no art. 155 do CP e não 121; 
· emendatio libelli por interpretação diferente: novamente, não haveria qualquer modificação 
quanto aos fatos, todavia, o Magistrado, entende que a narrativa fática trazida pela acusação se 
subsume a tipo penal diverso do apresentado pelo parquet. Ex.: houve uma subtração de valores por 
meio de fraude eletrônica na internet e, não obstante a acusação ser pelo crime de estelionato, o Juiz 
conclui que se trata de furto qualificado pela fraude. 
· emendatio libelli por supressão de elementar e/ou circunstância: nesse caso, haverá alteração 
fática. Apesar de parte da doutrina entender que não seria possível [2] a emendatio libelli, 
doutrinadores como Renato Brasileiro e Norberto Avena [3], entendem pela possibilidade, porém para 
isso é preciso que a alteração fática seja para suprimir elementares e/ou circunstâncias, não para 
acrescentar, hipótese em que seria necessário a mutatio libelli. Ex.: Houve a denúncia pelo delito de 
furto qualificado pelo abuso de confiança, porém no curso da instrução criminal, tal qualificadora não 
foi provada, dessa forma, nada impede que o Juiz condene o réu pelo furto simples sem precisar 
realizar a mutatio libelli.[4] 
Além disso, ainda é possível que, com essa retificação no enquadramento legal, seja cabível a 
suspensão condicional do processo, caso em que, nos termos do parágrafo primeiro do art. 383 e na 
súmula 337 do STJ, o juiz abrirá vistas ao Membro do Ministério Público e esse, verificando a presença 
dos requisitos contidos no art. 89, caput, da Lei 9.099/95, ofereça a proposta de suspensão condicional 
do processo. Senão vejamos: 
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão 
condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. 
Súmula 337 do STJ: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na 
procedência parcial da pretensão punitiva. 
É importante frisar também que, a emendatio libelli deve ser realizado quando da prolação da 
sentença, primeiro porque o artigo de que trata esse tema, está inserido no Título que trata da 
sentença e em segundo lugar, porque o acusado se defende dos fatos e não da capitulação jurídica 
dada pelo parquet.[5] 
Quando, todavia, o Juiz verificar que é incompetente, antes de proferir a sentença, declinará sua 
competência e remeterá os autos ao respectivo Magistrado competente, nos termos do parágrafo 
segundo do art. 383 do CPP: 
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. 
Por fim, a emendatio libelli é perfeitamente possível na fase recursal (diferentemente da mutatio 
libelli, conforme se verá), porém não se permite que haja reformatio in pejus quando apenas a defesa 
tiver recorrido, conforme entendimento acertado e recentíssimo do STF (STF. 2ª Turma. HC 
121089/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/12/2014 – informativo 770). 
3. Mutatio libelli (art. 384 do CPP) 
A princípio, se faz mister, reafirmar a necessidade de uma correlação entre a sentença e os fatos 
narrados na exordial acusatória, sob pena de nulidade absoluta. Dessa forma, não é possível que a 
sentença seja extra, ultra ou infrapetita. 
Conforme já dito, esse assunto vem tratado no art. 384 do CPP, que afirma no caput: 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em 
consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não 
contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 05 (cinco) 
dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se 
a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
O primeiro ponto a ser observado é a necessidade de está encerrada a instrução probatória (até porque 
não seria aceito – até por ausência de lógica – a realização da mutatio libelli, quando do recebimento 
da denúncia, por exemplo[6]), bem como haver uma novidade (para a inicial acusatória) quanto a 
alguma elementar (a lei 11.719/2008 excluiu a expressão circunstância elementar) do tipo ou 
circunstância da infração penal (ex.: qualificadora). 
Nesse caso, será necessário o Magistrado abrir vistas para o Ministério Público aditar a denúncia (ouqueixa crime). “Havendo o aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo 
de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.” (Art. 384, § 4º do 
CPP) 
Todavia, caso o aditamento seja rejeitado pelo Juiz, o processo seguirá (Art. 384, § 5º do CPP). 
O que ocorreria caso o parquet se recusar a realizar o aditamento? Nos termos do parágrafo primeiro 
do art. 384, seria utilizada a regra do art. 28 também do CPP, que afirma: “Se o órgão do Ministério 
Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará 
remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, 
designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, 
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.” Perceba nobre leitor, que se deve 
interpretar mutatis mutandi, pois literalmente, o dispositivo está se referindo à denúncia. 
Antes, todavia, de receber o aditamento, deve o Juiz abrir vistas para a defesa se manifestar sobre o 
mesmo, concretizando dessa forma, o princípio do contraditório e da ampla defesa. Após, o Magistrado 
decidirá se recebe ou não o aditamento. Rejeitando, tal deliberação será passível de Recurso em 
Sentido Estrito por parte do Ministério Público. Acolhendo o pleito, poderá ser impetrado a ação 
de habeas corpus, pois, em tese, poderá ter havido em tese constrangimento ilegal. 
Ademais, quando o dispositivo exige que se trate de ação pública, o faz pelo simples fato de que na 
ação penal privada não vige o princípio da obrigatoriedade (como ocorre nos casos de ação penal 
pública), mas o da oportunidade. Sendo assim, e desde que não tenha transcorrido o prazo decadencial 
de 06 (seis) meses, o particular poderia, porém sem qualquer iniciativa do órgão julgador, realizar 
a mutatio libelli. O professor Fernando Capez faz importante observação a respeito: “É bom lembrar 
que o procedimento do art. 384 do Código de Processo Penal somente se aplica na hipótese de ação 
penal pública e ação penal subsidiária da pública, sendo inadmissível o juiz determinar abertura de 
vista para o Ministério Público aditar a queixa e ampliar a imputação, na ação penal exclusivamente 
privada [...]”[7] 
Por fim, nos termos da súmula 453 do STF: “Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo 
único do Código de Processo Penal, que possibilitam das nova definição jurídica ao fato delituoso, em 
virtude de circunstância elementar não contida explícita ou implicitamente na denúncia ou queixa”. 
Note que a súmula se refere a parágrafo único, isso porque a mesma foi lançada antes do advento da 
lei 11.719/2008 que alterou, consideravelmente, o instituto sob comento. Todavia, é imperioso 
concluir que a mesma, em sua essência, continua tendo plena aplicabilidade, pois em sede recursal 
não se admite mutatio libelli. 
Referências bibliográficas: 
[1] NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2014. 
[2] TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 9ª ed. Salvador: 
Juspodivm, 2014. 
[3] AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. 6ª ed. São Paulo: Método: 2014. 
[4] BRASILEIRO, Renato. Manual de Processo Penal. 2ª ed. Salvador: Juspodivm, 2014. 
[5] BRASILEIRO, Renato. Manual de Processo Penal. 2ª ed. Salvador: Juspodivm, 2014. 
[6] NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 13ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2014. 
[7] CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 21ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
2- Na cidade “A”, o Delegado de Polícia instaurou inquérito policial para averiguar a possível ocorrência do delito 
de estelionato praticado em tese por Márcio, tudo conforme minuciosamente narrado na requisição do Ministério 
Público Estadual. Ao final da apuração, o Delegado de Polícia enviou o inquérito devidamente relatado ao 
Promotor de Justiça. No entendimento do parquet, a conduta praticada por Márcio, embora típica, estaria 
prescrita. Nessa situação, o Promotor deverá 
 
A) Arquivar os autos; 
B) Oferecer denúncia; 
C) Determinar a baixa dos autos; 
D) Requerer o arquivamento. 
 
 
3- A autoridade policial, ao chegar no local de trabalho como de costume, lê o noticiário dos principais jornais em 
circulação naquela circunscrição. Dessa forma, tomou conhecimento, através de uma das reportagens, que o 
indivíduo conhecido como “José da Carroça”, mais tarde identificado como José de Oliveira, teria praticado um 
delito de latrocínio. Diante da notícia da ocorrência de tão grave crime, instaurou o regular inquérito policial, 
passando a investigar o fato. Após reunir inúmeras provas, concluiu que não houve crime. Nesse caso, deverá a 
autoridade policial: 
 
A) determinar o arquivamento dos autos por falta de justa causa para a propositura da ação. 
B) encaminhar os autos ao Ministério Público para que este determine o seu arquivamento. 
C) relatar o inquérito policial, sugerindo o Ministério Público seu arquivamento, o que 
será apreciado pelo juiz. 
D) relatar o fato a Chefe de Polícia, solicitando autorização para arquivar os autos por ausência de justa causa 
para a ação penal. 
E) relatar o inquérito policial, requerendo o seu arquivamento e encaminhando-o ao juízo competente. 
 
2- LETRA D 
3- LETRA C 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 6 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
João, diretor de uma empresa de marketing, agride sua mulher, Maria, modelo fotográfica, causando-lhe lesão 
de natureza leve. Instaurado inquérito policial, este é concluído após 30 dias, contendo a prova da materialidade 
e da autoria, e remetido ao Ministério Público. Maria, então, procura o Promotor de Justiça e pede a este que não 
denuncie João, pois o casal já se reconciliou, a lesão já desapareceu e, principalmente, a condenação de João (que 
é reincidente) faria com que este perdesse o emprego, o que deixaria a própria vítima e seus três filhos menores 
em situação dificílima. Diante de tais razões, pode o MP deixar de oferecer denúncia? 
RESPOSTA: A pretensão de Maria não pode ser acolhida, em razão do princípio da obrigatoriedade da 
ação penal pública, que, no caso, é incondicionada. STJ - Verbete de Súmula 542: “A ação penal 
relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública 
incondicionada”. Salienta-se que o art. 88 da lei 9099/95 afirma que a lesão corporal de natureza 
leve (CP, art. 129) dolosa ou culposa, merecem representação ao Parquet. 
A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou revisão de tese firmada em recurso 
repetitivo para esclarecer que a ação penal nos crimes de lesão corporal cometidos contra a mulher, 
no âmbito doméstico e familiar (Lei Maria da Penha), é incondicionada. 
Dessa forma, a revisão, sob o rito dos recursos repetitivos, do entendimento firmado no julgamento 
do Recurso Especial 1.097.042 (Tema 177), deixa claro que o Ministério Público não depende mais da 
representação da vítima para iniciar a ação penal. 
De acordo com o ministro Rogerio Schietti Cruz, autor da proposta de revisão de tese, a alteração 
considera os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. 
 
“Concluiu-se, em suma, que, não obstante permanecer imperiosa a representação para crimes 
dispostos em leis diversas da Lei 9.099/95, como o de ameaça e os cometidos contra a dignidade 
sexual, nas hipóteses de lesões corporais, mesmo que de natureza leve ou culposa praticadas contra a 
mulher em âmbito doméstico, a ação penal cabível seria públicaincondicionada”, explicou o relator. 
Essa orientação já vinha sendo adotada pelo STJ desde 2012, em consonância com o entendimento do 
Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a matéria. A Terceira Seção do STJ chegou a editar a Súmula 
542. 
LEIA: AGRESSÃO À MULHER Condenado por violência doméstica não tem direito a pena alternativa 
A Lei Maria da Penha impede que o réu se beneficie do princípio da proporcionalidade estabelecido pela Lei 
9.099/1995. Por isso, não é permitido a um condenado pelo crime de lesão corporal leve em ambiente 
doméstico que consiga substituir sua pena de privação de liberdade por sanção restritiva de direitos. 
Com esse argumento, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal indeferiu Habeas Corpus (HC 129446) no qual a 
Defensoria Pública da União pedia a substituição da pena a um condenado a três meses de detenção, em regime 
aberto, pelo crime de lesão contra a mulher. 
Condenado pela prática do crime previsto no 129, parágrafo 9º, do Código Penal (violência doméstica), o réu 
conseguiu, em recurso julgado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, o direto à substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
Contra essa decisão, o Ministério Público estadual interpôs ao Superior Tribunal de Justiça recurso especial, o 
qual foi provido para afastar a substituição, aplicando ao caso a jurisprudência daquela corte no sentido de que 
a prática de delito ou contravenção cometido com violência ou grave ameaça, no ambiente doméstico, 
impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 
No Supremo, a DPU alegou que o réu foi condenado por lesão corporal leve e que não apresenta sinal de 
periculosidade. Sustentou que em crimes de menor potencial ofensivo, como entende ser o caso, é possível a 
substituição por restritiva de direitos, desde que a pena alternativa não se resuma ao pagamento de cestas 
básicas, de prestação pecuniária ou de multa, isoladamente, como expressamente proibido pelo artigo 17 da Lei 
11.340/2006 (Lei Maria da Penha). 
Rigor reforçado 
O ministro Teori Zavascki, relator do HC, explicou inicialmente que o emprego de violência na execução do 
crime é circunstância que veda a concessão do benefício, conforme prevê o artigo 44 do Código Penal. Com a 
edição da Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais), lembrou o ministro, parte da doutrina passou a sustentar 
que tal vedação, em relação aos crimes de menor potencial ofensivo, implicaria violação ao princípio da 
proporcionalidade. 
Essa corrente defende que não haveria essa restrição, por exemplo, a autores de delitos de lesão corporal leve, 
que poderiam ser beneficiados, em tese, com a transação penal ou a suspensão condicional do processo, 
institutos previstos na Lei 9.099/1995. 
Contudo, de acordo com o ministro, essa argumentação não alcança o crime de lesão corporal leve praticado 
em ambiente doméstico. Primeiro, segundo explicou, porque a pena máxima prevista para esse delito é de três 
anos, o que foge à definição de crime de menor potencial ofensivo. Segundo, pela proibição contida no artigo 41 
da Lei Maria da Penha, o qual estabelece que “aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a 
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995”. 
O relator lembrou ainda que o Plenário do STF declarou a validade desse dispositivo no julgamento conjunto da 
Ação Declaratória de Constitucionalidade 19 e da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4424. 
Diante dos fundamentos apresentados, o ministro afastou a argumento apresentado no HC no sentido de que o 
artigo 17 da Lei Maria da Penha autorizaria a substituição da pena. “Não parece crível imaginar que a Lei Maria 
da Penha, que veio justamente tutelar com maior rigor a integridade física das mulheres, teria autorizado a 
substituição da pena corporal, mitigando a regra do artigo 44 do Código Penal, que a proíbe”, ressaltou. 
QUESTÕES OBJETIVAS: 
2-Paulo Ricardo, funcionário público federal, foi ofendido, em razão do exercício de suas funções, por Ana 
Maria. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta no que concerne à legitimidade para a 
propositura da respectiva ação penal. 
a) Será concorrente a legitimidade de Paulo Ricardo, mediante queixa, e do MP, condicionada à representação 
do ofendido. 
b) Somente o MP terá legitimidade para a propositura da ação penal, mas, para tanto, será necessária a 
representação do ofendido ou a requisição do chefe imediato de Paulo Ricardo. 
c) A ação penal será pública incondicionada, considerando-se que a ofensa foi praticada propter officium e que 
há manifesto interesse público na persecução criminal. 
d) A ação penal será privada, do tipo personalíssima. 
 
3- Maria, que tem 18 anos de idade, é universitária e reside com os pais, que a sustentam financeiramente, foi 
vítima de crime que é processado mediante ação penal pública condicionada à representação. Considerando essa 
situação hipotética, assinale a opção correta. 
A- Caso Maria venha a falecer, prescreverá o direito de representação se seus pais não requererem a nomeação 
de curador especial pelo juiz, no prazo legal. 
B- O representante legal de Maria também poderá mover a ação penal, visto que o direito de ação é concorrente 
em face da dependência financeira e inicia-se a partir da data em que o crime tenha sido consumado. 
C- Caso Maria deixe de exercer o direito de representação, a condição de procedibilidade da ação penal poderá 
ser satisfeita por meio de requisição do ministro da justiça. 
D- Caso Maria exerça seu direito à representação e o membro do MP não promova a ação penal no prazo legal, 
Maria poderá mover ação penal privada subsidiária da pública. 
 
2- LETRA A – VERBETE DA SÚMULA DO STF 714. 
3- LETRA D 
Súmula 714 => É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada 
à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do 
exercício de suas funções. 
 
● Necessidade de contemporaneidade entre a ofensa e o exercício do cargo 
 
"Exige-se, para o fim de balizar a legitimação concorrente do Ministério Público (Súmula 714, deste STF) quando 
o funcionário público é ofendido em razão de suas funções, contemporaneidade entre as ofensas e o exercício do 
cargo, mas não contemporaneidade entre a data da denúncia e o exercício do cargo. O ordenamento jurídico 
confere legitimação ao Ministério Público em razão da necessidade de se tutelar, nessas hipóteses, além da honra 
objetiva ou subjetiva do funcionário, o interesse público atingido quando as ofensas são irrogadas em razão da 
função exercida. Ocorre que, nesses casos - quando há nexo de causa e efeito entre a função exercida pelo 
ofendido e as ofensas por ele sofridas -, também vulnerado resta de forma reflexa o bem jurídico Administração 
Pública." (Inq 3438, Relatora Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, julgamento em 11.11.2014, DJe de 
10.2.2015) 
 
● Dispensabilidade de forma especial para a representação e inequívoca manifestação de 
vontade do ofendido 
 
"Primeiramente, destaco que, ao contrário do que afirma o impetrante, quando se tratar de crime contra a honra 
de servidor público cometido em razão de suas funções, a legitimidade para a propositura da ação penal é 
concorrente, nos termos da Súmula 714/STF: '(...)'. A representação não exige forma especial, sendo suficiente 
para suprir os seus efeitos a inequívoca manifestação de vontade do ofendido no sentido de que o ofensor seja 
processado criminalmente, a qual pode ser verificada no boletim de ocorrência, na notitia criminis, nas 
declarações do ofendido na polícia ou em juízo." (HC 100588, RelatoraMinistra Ellen Gracie, Segunda Turma, 
julgamento em 14.9.2010, DJe de 1.10.2010) 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 7 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
CASO 01: Paula, com 16 anos de idade é injuriada e difamada por Estevão. Diante do exposto, 
pergunta-se: 
A) De quem é a legitimidade ad causam e ad processum para a propositura da queixa? 
 
RESPOSTA: Paula tem capacidade de ser parte (legitimatio ad causam) uma vez que foi vítima 
do crime, entretanto não possui capacidade para estar em juízo praticando atos processuais 
válidos (legitimatio ad processum). Assim sua incapacidade terá que ser suprida através da 
representação. 
 
Legitimidade ad causam - É a legitimidade para agir numa demanda judicial. É a pertinência 
subjetiva da demanda. Trata-se de instituto de direito material e que importa no 
preenchimento de uma das condições da ação. Assim, as condições da ação se referem à relação 
jurídica de direito material e não ao processo judicial em que esta será objeto de análise pelo 
juiz. 
 
O menor de 16 anos tem legitimidade ad causam para propor ação contra seu suposto pai, mas 
não tem legitimidade ad processum, por não ter capacidade para estar em juízo, devendo ser 
representado. 
 
Em tema de legitimidade ad causam há os institutos da legitimação ordinária (exercício pelo 
próprio titular do direito) e da legitimação extraordinária ou substituição processual (exercício 
por um terceiro, que postula em nome próprio na defesa de direito alheio - CPC, art. 6°). 
 
Legitimidade ad processum - É a chamada capacidade de estar em juízo (ou capacidade 
processual). Trata-se da aptidão para a prática dos atos processuais, independentemente de 
assistência ou representação. Tais atos podem ser praticados pessoalmente ou por 
representantes indicados em lei. Está prevista no art. 7° do CPC. Trata-se de instituto de direito 
processual, portanto, um dos pressupostos processuais de existência. A capacidade de estar em 
juízo (ou capacidade processual) não se confunde com a capacidade de ser parte. Esta é a 
personalidade judiciária, a aptidão para ser sujeito de uma relação jurídica processual ou 
assumir uma situação jurídica processual (autor, réu, assistente, excipiente, etc.). 
 
A capacidade de ser parte começa a existir a partir do momento em que a pessoa adquire a 
capacidade civil. Essa capacidade civil é adquirida com o nascimento com vida. Entretanto, a 
lei assegura os direitos do nascituro (teoria natalista escolhida pelo legislador no art. 2° do 
CC/2002). 
Os incapazes (CC, arts. 3º e 4º) têm capacidade de ser parte, mas falta-lhes capacidade processual 
ou capacidade para estar em juízo (legitimidade ad processum), razão pela qual precisam ser 
representados ou assistidos pelos pais ou representantes legais. 
Quem tem capacidade para estar em juízo tem capacidade de ser parte, mas a recíproca não é 
verdadeira. 
Em resumo esquemático: 
legitimidade ad causam (condição da ação) - é a legitimidade para agir, a pertinência subjetiva da 
demanda; 
legitimidade ad processum (pressuposto processual objetivo) - é a capacidade de estar em juízo 
ou capacidade processual; 
capacidade de ser parte (pressuposto processual subjetivo) - personalidade judiciária, aptidão 
para ser sujeito de uma relação jurídica processual. 
 
Jamais esquecer: 
Ação Penal é o direito subjetivo público autônomo e abstrato de invocar a tutela jurisdicional do 
Estado para que este resolva conflitos provenientes da prática de condutas definidas em lei como 
crime. 
A Possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir, a legitimidade “ad causam” e a justa causa são 
as denominadas condições para o exercício da Ação Penal. O pedido será possível juridicamente se a 
conduta praticada for típica, formal ou materialmente. 
O Interesse de agir é a necessidade e utilidade de ingressar com a ação penal. Terá a legitimidade ad 
causam o autor da ação se este for titular do direito ao qual a prestação da atividade jurisdicional 
protegerá, sendo o réu responsável pela lesão ao direito do autor. 
A justa causa nada mais é do que materialidade e indícios de autoria do crime em questão. 
B) Caso Paula fosse casada, estaria dispensada a representação por parte do cônjuge ou do 
seu ascendente? Em caso positivo por quê? Em caso negativo quem seria seu 
representante legal? 
RESPOSTA: Para alguns doutrinadores, Paula, sendo CASADA ou emancipada, a resposta seria 
SIM, ela não teria mais NECESSIDADE de um representante legal, podendo, assim, propor a 
queixa através de um advogado regularmente constituído com poderes especiais. Segundo a 
melhor doutrina, ainda que emancipada Paula AINDA SIM SERIA inimputável, já que a 
emancipação só geraria efeitos civis, e caso fizesse falsas afirmações não estaria sujeita as 
sanções pela prática do injusto penal de Denunciação Caluniosa. Assim necessária a intervenção 
do representante legal e, não possuindo Paula representante legal, seria viável a nomeação de 
curador especial (artigo 33 do CPP). 
C) Se na data da ocorrência do fato Paula possuísse 18 anos a legitimidade para a 
propositura da ação seria concorrente ou exclusiva? 
 
RESPOSTA: De acordo com o disposto no art. 5º do Código Civil a menoridade cessa a partir dos 
18 completos. Assim não faz sentido que no processo penal permaneça a legitimação 
concorrente para os maiores de 18 e menores de 21 anos, pois os maiores de 18 anos são pessoas 
habilitadas para todos os atos da vida civil. Segundo a melhor doutrina o artigo 34 do CPP, assim 
como outros dispositivos do Código de Processo Penal, perdeu o objeto e foram revogados. 
 
2- Acerca da ação civil ex delicto, assinale a opção correta. 
a) A execução da sentença penal condenatória no juízo cível é ato personalíssimo do ofendido e não se estende aos 
seus herdeiros. 
b) Ao proferir sentença penal condenatória, o juiz fixará valor mínimo para a reparação 
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, 
sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido. 
c) Segundo o CPP, a sentença absolutória no juízo criminal impede a propositura da ação civil para reparação de 
eventuais danos resultantes do fato, uma vez que seria contraditório absolver o agente na esfera criminal e 
processá-lo no âmbito cível. 
d) O despacho de arquivamento do inquérito policial e a decisão que julga extinta a punibilidade são causas 
impeditivas da propositura da ação civil. 
3- Relativamente às regras sobre ação civil fixadas no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta. 
a) São fatos que impedem a propositura da ação civil: o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de 
informação, a decisão que julgar extinta a punibilidade e a sentença absolutória que decidir que o fato imputado 
não constitui crime. 
b) Sobrevindo a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil não poderá ser proposta em nenhuma hipótese. 
c) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, a execução só poderá ser efetuada pelo valor fixado na 
mesma, não se admitindo, neste caso, a liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
d) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, poderão promover-lhe a 
execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
 
A ação civil ex delicto, ou actio civilis ex delicto, é uma ação ajuizada pelo ofendido na esfera cível 
para obter indenização pelo dano causado pela infração penal, quando existente. Esta ação parte do 
princípio da neminem laedere, ou seja, não é permitido a ninguém lesar direito de outrem, e 
quem o faz, pratica um ato ilícito. Mais especificamente, nesse caso, o prejuízo sofrido poralguém 
não é na esfera civil, e sim na penal, sendo a causa de pedir o fato criminoso. Toda vez que se comete 
um ilícito penal, surge uma pretensão punitiva que enseja em ação penal e aplicação de pena ou 
medida de segurança aos culpados, e na maioria das vezes, uma pretensão civil, a fim de se reparar o 
dano causado. Assim o é, pois em regra a violação de um interesse penalmente protegido também 
enseja em prejuízo. Em contrapartida, cometendo-se um ilícito civil, só haveria em uma pretensão 
punitiva penal se o ato estivesse tipificado no Código Penal. 
A legislação criminal incentiva, sempre que possível, o ressarcimento da vítima. Tal fato é 
visivelmente observado no Código Penal, quando estabelece que a obrigação de reparar o dano é 
efeito da condenação (art. 91, I-CP); que é causa de diminuição da pena (art. 16-CP); condição para 
a concessão do livramento condicional, salvo impossibilidade de fazê-lo (art. 83, IV-CP); condição 
de reabilitação (art. 94, III-CP) etc. 
O Código de Processo Penal também prevê institutos para a reparação da vítima, sendo estes ação 
civil ex delicto e as medidas cautelares para garantir os bens, alvos da indenização (busca e 
apreensão, sequestro, arresto e hipoteca legal). De acordo com Tourinho Filho e Fernando da Costa, 
o Estado procurou exercer uma tutela administrativa dos interesses privados atingidos pelo crime. A 
ação civil ex delicto é uma ação de execução a ser proposta pela vítima, contra o agente do 
crime, a fim de se obter reparação. Mesmo estando prevista no Código de Processo Penal, em seus 
artigos 63 ao 68, essa ação é proposta no âmbito cível. 
A legitimidade para ação civil ex delicto pertence ao ofendido, ao seu representante legal, aos seus 
herdeiros ou até à Defensoria Pública (instituto criado pela Constituição Federal de 1988, lhe 
incumbindo a orientação jurídica e defesa dos necessitados) e, na falta deste no Estado, ao MP, a 
pedido do ofendido e se este estiver em situação de pobreza (art. 68, CPP). Nesses casos, o 
representante da Defensoria ou do MP atuará como substituto processual do ofendido, uma vez que 
este não possui condições de arcar com as custas do processo. 
Em conclusão, a ação civil ex delicto é proposta diante de uma infração criminal, a fim de se obter 
indenização do dano causado pelo agente do crime. A regra é a de que a sentença penal que transitar 
em julgado faz coisa julgada no cível, prevalecendo o fundamento de que não se pode haver decisões 
conflitantes sobre o mesmo objeto tutelado. A prevalência da decisão penal perante o civil é clara, 
uma vez que se intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta até o 
julgamento definitivo daquela. A sentença penal condenatória transitada em julgado, servirá como 
título executivo para a proposição da ação ex delicto, sendo o ofendido, seu representante, herdeiros, 
a Defensoria Pública ou o Ministério Público (na falta daquele no Estado, e só em hipóteses em que o 
titular do direito à reparação do dano for pobre) legitimados a propor a ação. Esse título executivo, 
porém, é ilíquido, podendo o juiz penal, ao proferir uma sentença condenatória, fixar um valor mínimo 
de indenização, que servirá de base para que o juiz civil faça a liquidação definitiva. 
*Ocorrendo sentença penal absolutória em que não foi reconhecida a inexistência material do 
fato, ou que decidir que o fato imputado não constitui crime; despacho de arquivamento de 
inquérito ou das peças de informação; e decisão que julgar extinta a punibilidade, é possível a 
propositura da ação civil. Entretanto, ocorrendo alguma excludente de ilicitude, a sentença penal 
que reconhecer uma dessas hipóteses fará coisa julgada no cível. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 8 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
Caso: Determinado prefeito municipal, durante o mandato, desvia verbas públicas repassadas ao 
Município através de convênio com o Ministério da Educação, sujeitas a prestação de contas, visando 
ao treinamento e qualificação de professores. Referida fraude somente é descoberta após a cessação 
do mandato, instaurando-se inquérito policial na DP local. Concluído o Inquérito, no qual restaram 
recolhidos elementos de prova suficientes para a denúncia, o Promotor de Justiça oferece denúncia 
contra o ex-prefeito. Diante do exposto, diga qual o juízo competente para julgar o ex prefeito. 
RESPOSTA: A teor do art. 109, inciso IV, da CRFB, a competência é da Justiça Federal, por tratar-se de recursos 
provenientes da União e que ficam sob o controle do Tribunal de Contas da União. A denúncia não deve ser 
recebida, devendo o procedimento ser enviado à Justiça Federal. A competência será da Justiça Federal de lº 
Grau. Bem a propósito anuncia o Verbete de Súmula 208 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar 
prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal”. 
2-Compete à justiça federal processar e julgar 
a) furto de bem de sociedade de economia mista. 
b) crime de deserção praticado por bombeiro militar. 
c) crime contra a organização do trabalho. 
d) crime de transporte de eleitores no dia da votação. 
 
3- Paulo reside na cidade “Y” e lá resolveu falsificar seu passaporte. Após a falsificação, pegou sua moto e viajou 
até a cidade “Z”, com o intuito de chegar ao Paraguai. Passou pela cidade “W” e pela cidade “K”, onde foi 
parado pela Polícia Militar. Paulo se identificou ao policial usando o documento falsificado e este, percebendo a 
fraude, encaminhou Paulo à delegacia. O Parquet denunciou Paulo pela prática do crime de uso de documento 
falso. 
 
Assinale a afirmativa que indica o órgão competente para julgamento. 
a) Justiça Estadual da cidade “Y”. 
b) Justiça Federal da cidade “K”. (Vide Sumula 200 do STJ.) 
b) Justiça Federal da cidade “Y”. 
d) Justiça Estadual da cidade “K”. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 9 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
Aristodemo, juiz de direito, em comunhão de desígnios com seu secretário, no dia 20/05/2008, no município de 
Campinas/SP, pratica o delito descrito no art. 312 do CP, tendo restado consumado o delito. Diante do caso 
concreto, indaga-se: 
A) Qual o Juízo com competência para julgar o fato? 
Considerando que Aristodemo em concurso com seu secretário cometeram o crime de peculato, e que 
Aristodemo tem foro por prerrogativa de função, art. 96, III da CRFB, o magistrado e seu secretário serão julgados 
pelo Tribunal de Justiça, pois a jurisdição mais graduada do Tribunal predomina sobre a jurisdição menos graduada 
do 1º grau, fazendo com que também o funcionário seja julgado pelo Colegiado, art. 78, III do CPP. Nesse sentido, 
aliás, reza a súmula 704 do STF: “ Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo 
legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos 
denunciados.” 
B) Caso fosse crime doloso contra a vida, como ficaria a competência para o julgamento? 
A questão suscita divergências. Existe duas orientações acerca do tema. A primeira tese está no sentido 
de que o Juiz será julgado pelo Tribunal de Justiça nos moldes do art.96, III da CRFB/88, submetendo-se, contudo, 
o coautor a Júri Popular, art.5, XXXVIII da CRFB/88. É que ambas as competências tem assento na Constituição, 
devendo os processos serem separados, não podendo a lei ordinária, alterar regra constitucional. 
Convém salientar, todavia, segundo posicionamento no sentido da ocorrência da continência (77, I do 
CPP) a ensejar unidade de processo e julgamento prevalecendo a competência do Tribunal de Justiça, por força 
do art.78, III do CPP. No entanto, pensamos ser a primeira tese aquela que está em consonância com o Texto 
Maior.2- Tendo como referência a competência ratione personae, assinale a alternativa correta. 
a) Caio, vereador de um determinado município, pratica um crime comum previsto na parte especial do Código 
Penal. Será, pois, julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas funções, uma vez que goza do foro 
por prerrogativa de função. 
b) Tício, juiz estadual, pratica um crime eleitoral. Por ter foro por prerrogativa de função, será julgado no Tribunal de 
Justiça do Estado onde exerce suas atividades. 
c) Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma questão 
de competência originária decorrente da prerrogativa de função, será julgado pelo 
Superior Tribunal de Justiça. 
d) Terêncio é prefeito e pratica um crime comum, devendo ser julgado pelo Tribunal de Justiça do respectivo Estado. 
Segundo entendimento do STF, a situação não se alteraria se o crime praticado por Terêncio fosse um crime 
eleitoral. 
3- Acerca da competência no âmbito do direito processual penal, assinale a opção correta. 
a) Caso um policial militar cometa, em uma mesma comarca, dois delitos conexos, um cujo 
processo e julgamento seja de competência da justiça estadual militar e o outro, da 
justiça comum estadual, haverá cisão processual. 
b) Os desembargadores dos tribunais de justiça dos estados e dos tribunais regionais federais possuem prerrogativa 
de foro especial, devendo ser processados e julgados criminalmente no STF. 
c) A competência para processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção 
do juízo federal do local por onde as mercadorias sejam indevidamente introduzidas no Brasil. 
d) Caso um indivíduo tenha cometido, em uma mesma comarca, dois delitos conexos, um cujo processo e 
julgamento seja da competência da justiça federal e o outro, da justiça comum estadual, a competência para o 
julgamento unificado dos dois crimes será determinada pelo delito considerado mais grave. 
CONTEÚDO DA SEMANA 9: Competência ratione personae; ratione loci; forum domicilii; competência pela natureza da infração. Pela 
prevenção. Pela distribuição. Causas Modificadoras da Competência e Seus Efeitos. Taxatividade. Conexão. Conceito. Espécies e 
subespécies. Efeitos. Continência. Conceito. Espécies: cumulação subjetiva e cumulação objetiva. Regras para fixação do forum attractionis. 
Exceções. Perpetuatio jurisdicionis, a prevenção e a desclassificação (arts. 74, § 3º, 2ª parte; 419 e 492, § 1º e 2º, CPP) no procedimento 
por crime da competência de júri. 
 
CASO PRÁTICO DA SEMANA 10 – DIR. PROCESSUAL PENAL I 
Deoclécio, pistoleiro profissional, matou um desafeto de Pezão, a mando deste, abandonando o cadáver numa 
chácara de propriedade de Lindomar, que nada sabia. Temeroso de que lhe atribuíssem a autoria do homicídio, 
Lindomar sepultou clandestinamente o cadáver da vítima. Isso considerado, indaga-se: 
a) A hipótese é de conexão ou continência? 
Continência em relação a Deoclécio e Pezão pelo crime de homicídio, art.77, I CPP. Conexão do 
homicídio com ocultação de cadáver praticado por Lindomar, art.211CP c/c art.76, II CPP (Conexão 
objetiva). 
b) Haverá reunião das ações penais em um só juízo? 
Sim, art.78, I CPP. 
 c) Qual será o juízo competente para julgar Cabeção, Pezão e Lindomar? 
 Ao teor do art.78, I CPP compete ao Júri julgar todos os delitos. 
2- Em relação à delimitação da competência no processo penal, às prerrogativas de função e ao foro 
especial, assinale a opção correta. 
 
A- O militar que, no exercício da função, pratica crime doloso contra a vida de um civil 
deve ser processado perante a justiça militar. 
ERRADA => Em relação à alternativa A- A Justiça Militar somente é competente para processar e julgar os 
crimes militares próprios ( previstos exclusivamente no Código Militar) e desde que tenha sido praticado no 
exercício da função. No que diz respeito à assertiva A, o Código Penal Militar dispõe em seu art. 
9º, § único que, os crimes militares, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, 
serão da competência da justiça comum, daí a incorreção, haja vista que neste caso a 
competência será do Tribunal do Júri e não da Justiça Militar. EMENTA: PENAL. 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. CRIMES DOLOSOS CONTRA A 
VIDA PRATICADOS POR MILITAR OU POLICIAL MILITAR, CONTRA 
CIVIL.COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM. LEI 9.299, DE 7/8/96. EXAME DE 
PROVA: IMPOSSIBILIDADE. PRETENSÃO DE JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DO 
JÚRI: IMPOSSIBILIDADE. PRISÃO DOS RÉUS: LEGALIDADE. I. 
- Com a promulgação da Lei 9.299/96, os crimes dolosos contra a vida praticados 
por militar ou policial militar, contra civil, passaram a ser da competência da 
Justiça comum. II. - A alegação de que os réus agiram em legítima defesa implicaria o 
revolvimento de toda a prova, o que não se admite nos estreitos limites do habeas corpus. 
III. - Hipótese em que já tendo sido proferida sentença de primeiro grau e estando pendente 
de julgamento a apelação dos réus, não há falar em novo julgamento, pelo Tribunal do Júri, 
em razão da promulgação da Lei 9.299/96. A controvérsia ficou restrita, no 
caso, à competência para o julgamento do recurso. IV. - HC indeferido. STF. HC 76510. 
 
 
B- Membro do Ministério Público estadual que pratica crime doloso contra a vida deve ser 
processado perante o tribunal do júri e, não, no foro por prerrogativa de função ou especial, 
visto que a competência do tribunal do júri está expressa na Constituição Federal. 
ERRADA => O MEMBRO DO MPE tem prerrogativa de foro estabalecido do TJ correspondente ao Estado que atua 
(excetuados os eleitorais = TRE) 
 
 
C- No caso de conexão entre um crime comum e um crime eleitoral, este deve ser processado 
perante a justiça eleitoral e aquele, perante a justiça estadual, visto que, no concurso de 
jurisdições de diversas categorias, ocorre a separação dos processos. 
INCORRETO. Nos termos da Jurisprudência do STJ: "Ocorrendo crime eleitoral e comum (conexos), 
a competência para processar e julgar ambos os delitos é da Justiça Eleitoral". - Precedentes (CC 16.316/SP, Rel. 
Min. Felix Fischer).(CC 28.378/PB, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 3ª Seção) 
 
D- Não viola a garantia do juiz natural a atração por continência do processo do corréu 
ao foro especial do outro denunciado, razão pela qual um advogado e um juiz de direito que 
pratiquem crime contra o patrimônio devem ser processados perante o tribunal de justiça. 
CORRETA 
 
Letra "D": SÚMULA Nº 704 (STF) 
 
NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO 
POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM 
DOS DENUNCIADOS.

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