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TRAUMATOLOGIA FORENSE 
PROFESSOR ROBERTO BLANCO 
 
AULA 1 
Conceito de traumatologia 
Estudo dos traumas. Trauma nada mais é do que a ação da energia que é 
capaz de produzir lesão. Essa energia que fere é chamada de energia 
vulnerante. Assim, trauma é da a ação da energia vulnerante. Se a energia 
fere, o resultado dessa energia é a lesão. Assim, lesão é o resultado do 
trauma. Os traumas e as lesões vão ser estudados na traumatologia. 
Para que o trauma possa transferir essa energia para o corpo deve haver um 
objeto que o faça. Objeto é qualquer material que nós tenhamos de perceber 
com nossos sentidos, seja ou não manufaturado pelo homem. Os que foram 
manufaturados para desempenhar determinado trabalho leva o nome de 
instrumento. Assim, todo instrumento é um objeto, mas nem todo objeto é 
um instrumento. 
Os objetos e instrumentos são os meios com os quais a energia vulnerante 
será transferida para o organismo. 
Agentes vulnerantes: 
1) Física 
1.1) Mecânica – exige o movimento do agente vulnerante, sendo o 
movimento do agente (ativo), da vítima (passiva) ou de ambos 
(misto). 
1.2) Elétrica 
1.3) Térmica 
1.4) Sonora 
1.5) Barométrica 
1.6) Luminosa 
1.7) Radiante 
2) Química 
2.1) Ácidos 
2.2) Bases 
2.3) Tóxicos 
cabine12
Highlight
3) Biológica 
3.1) Vírus 
3.2) Bactérias 
3.3) Protozoário 
3.4) Vegetais 
3.5) Animais 
4) Mista 
4.1) Físico-química 
4.2) Biomecânica 
Agentes vulnerantes físico mecânicos: 
- Contundentes 
- Perfurante 
- Cortante 
- Misto 
• pérfuro-cortante 
• pérfuro-contunde 
• corto-contundente 
Aspecto da lesão e mecanismo de ação: 
Contundente – a lesão tem superfície plana ou romba, daí a lesão é plana 
(aspecto) e age predominantemente por pressão (mecanismo). A superfície 
de contato com o alvo é sem aresta ou ponta. 
Perfurante – o aspecto da lesão é em ponto, já que tem ponta, mas não 
tem gume, e o agente age por pressão. A superfície de contato com o alvo 
é em com uma ponta. 
Cortante – a lesão é em linha e o mecanismo de ação é 
predominantemente por deslizamento, mas também tem um pouco de 
pressão. A superfície de contato com o alvo é o gume do instrumento 
cortante. 
Quando se fala em lesão cortante se fala em lesão em arco de violino, já 
que é como se fosse um arco de violino passando sobre as cordas. 
 
 
Lesões e morte das ações contundentes. 
Nada impede que um instrumento cortante ou pérfuro-cortante, como a 
faca, faça uma lesão contundente, desde que eu bata com o cabo, mas isso 
não a torna um instrumento contundente, ele continua um instrumento 
pérfuro-cortante. Instrumento contundente não pode ter nem ponta nem 
gume. A característica dos instrumentos contundentes é o peso. 
Mas, de qualquer forma, o instrumento leva o nome relacionado às lesões 
que ele habitualmente gera, mas ele pode agir de forma anômala sem que 
isso mude sua natureza. Uma espada, que seria um instrumento corto-
contundente, se bater de lado na pessoa fará uma lesão contundente, mas 
isso não muda o tipo de instrumento que ela é. 
A pele tem como camada superficial a epiderme, logo em baixo, fica a 
camada basal, que fabrica, renova, as células da epiderme e também 
separa a epiderme da derme. Na derme é que ficam os vasos sanguíneos, os 
nervos. A epiderme não tem vasos. 
Essa camada basal tem reentrâncias, como se fosse uma montanha-russa, 
da a derme pode avançar pra dentro da epiderme, e vice-versa, não há uma 
distância regular. Fala-se em estrutura de colchão ou travesseiro de casca 
de ovo. Essas reentrâncias levam o nome de papilas dérmicas, que são 
relevantes para a impressão digital. 
Quando um individuo vivo recebe uma pancada, esse vasos que estão 
embaixo da epiderme sofrem vaso dilatação, daí fica a pele fica quente e 
avermelhada. Quando os vasos sanguíneos recebem essa pressão, o plasma 
do sangue sai dos vasos através dos seus pequenos orifício. É o 
extravasamento de plasma. Isso é o que se chama de rubefação ou 
eritema. Só ocorre em vivos porque exige a vaso dilatação. Some em 30 a 
50 minutos. A rubefação é uma conseqüência de uma lesão corporal, que 
pode decorrer de um crime de lesão corporal ou mesmo da contravenção de 
vias de fato. 
Agora, se a pressão for um pouco maior, além de o vaso se dilatar, ele 
rompe, daí o sangue extravasa e derrama em baixo da pele, na hora que a 
gente olha a pele, no lugar onde houve a pancada, aparece uma mancha. 
Essa mancha leva o nome de equimose. Essa tanto pode acontecer no vivo 
como no cadáver. 
Tipos se equimose: 
1) Petéquias – palavra que vem de peste, porque a vítimas da peste 
apresentavam hemorragias puntiformes, parecendo uma picada de 
pulga. Daí hoje chama-se essas pequenas hemorragias puntiformes de 
petéquias. Antigamente, quando se viam petéquias, dizia-se que se 
tinha morrido por asfixia, mas hoje sabe-se na asfixia existem 
petéquias, mas em outras mortes que nada tem a ver com asfixia elas 
também aparecem. Em qualquer hipótese em que a pressão dentro 
dos vasos aumenta, a tendência do sangue é extravasar na forma de 
petéquias. As vezes o que acontece é um aumento de pressão. Essa 
pressão pode ser de dentro empurrando pra fora (compressão) ou de 
fora puxando pra fora (sucção). Seja uma ou outra, quando esse 
sangue começar a sair, ele vai sair na forma de petéquia. 
2) Sugilação – é um conjunto de petéquias numa área de maior 
pressão, seja decorrente de um chupão ou de uma ventosa. Quando a 
pessoa está morta, o sangue desce para as partes mais baixas do 
corpo, daí a pressão de dentro para fora cria sugilações post mortem. 
3) Víbices - duas equimoses lineares (víbices) paralelas com centro livre, 
como no caso de lesão com instrumento cônico (cassetete). 
4) Manchas de Tardieu – petéquias um pouco maiores do tamanho de 
ervilha. Antigamente, essas manchas eras diagnosticadas como 
asfixia. Hoje sabemos que essas manchas aparecem em vários tipos 
de morte (envenenamento, infarto do miocárdio, qualquer morte que 
não haja extravasamento de sangue pode aparecer manchas de 
Tardieu). 
5) Manchas de Paltauf – quando se morre por afogamento, a água 
entra nos alvéolos, rompendo os capilares e, por conseqüência, vasos 
sanguíneos, ocorrendo hemorragia dentro do pulmão. Daí nós vemos 
algumas equimoses no pulmão do afogado. Essa equimoses recebem o 
nome de manchas Paltauf. Podem ter petéquias e manchas de Tardieu 
no pulmão do afogado, mas tem que ter mancha de Paltauf. Já uma 
pessoa que morrer por eletroplessão, infarto ou envenenamento pode 
ter petéquia, mancha de Tardieu, mas não terá mancha de Paltauf. 
Esta mancha é patognomônica de afogamento. Se você acha um cara 
morto na água sem essas manchas, você pode procurar outra causa 
de morte, porque não foi afogamento. O que de comum entre todas 
elas, é que são todas espécies de equimoses. 
6) Máscara equimótica de Morestin – para que uma pessoa respire, a 
pessoa faz movimentos de tórax, se um peso age em cima do tórax, 
dificulta o movimento do tórax. Quando há uma compressão do tórax 
o esterno fica comprimindo o coração contra a coluna, daí ele não 
consegue se expandir normalmente. Ele consegue mandar o sangue, 
mas não consegue recebê-lo porque está comprimido, daí o sangue 
começa a se acumular na cabeça. Nesse momento, ele em gotículas 
começa a extravasar em forma de petéquias. Daí, dependendo do 
tempo em que ele ficar submetido a essa compressão, já que o sangue 
não consegue voltar, depois de um tempo, aquelas petéquias viram 
sugilações. De repente, a face e o pescoço estão totalmente tomadas 
por uma máscara, como se fosse uma equimose única, mas não é 
isso, é como se fosse milhares e milhares de petéquias resultantes do 
extravasamento de sangue.Essa é a máscara de Morestin. 
7) Equimose cérvico-facial de Le Dentu – é sinônimo de máscara de 
Morestin. A presença dessas máscaras significa compressão do tórax, 
porque coração consegue fazer a sístole, ou seja, bombear o sangue, 
mas não consegue fazer a diástole, ou seja, ele não consegue captar o 
sangue que ele acabou de enviar. São formas de asfixia indireta por 
compressão do tórax. 
8) Bossa serosa – é uma lesão em cima de um osso. Este não permite 
que o sangue se expanda para baixo, daí aparece um saliência na 
pele. É o famoso “galo”. Se o material que tem é soro, linfa, não é 
sangue, nos temos uma bossa serosa. 
9) Bossa sanguínea – quando tivermos uma bossa com sangue. 
Podemos diferenciar esta da de cima é pela cor, a sanguínea é 
avermelhada, roxa, azulada. A serosa não tem cor. 
10)Hematoma – as vezes os vasos rompem e um pouco de sangue 
extravasa e se acumula naquela área. Se for uma área corporal que 
não tem osso, o sangue se espalha para cima e para baixo, formando 
um hematoma (seria um tumor de sangue, etimologicamente). É uma 
bolsa de sangue que se acumula em uma cavidade que não existia, é o 
próprio sangue que criou essa cavidade, por isso se fala que o 
hematoma é uma coleção de sangue numa cavidade neo-formada. 
Assim, se o sangue se acumular uma das cavidades já 
existentes(cavidade peritonial, pleural, pericárdica) ele não é um 
hematoma, você tem uma coleção de sangue formando uma 
hemorragia interna. O hematoma tem que criar a cavidade. O 
hematoma não é tão visível, o que é visível é a equimose. Ele não tem 
representação externa, se tiver a representação externa é a bossa, se 
for só a cor, é uma equimose. O hematoma só é visto de por exame 
cadavérico ou na cirurgia. 
11) Sufusão hemorrágica – é uma equimose extensa, que se espalha 
pela superfície do corpo, comum quando a vítima é atingida por uma 
superfície plana e larga, quando ela cai sobre o solo. 
É indispensável que o perito faça, no exame cadavérico, mesmo na ausência 
de lesões externas, um exame da cavidade craniana, independentemente de 
sinais externos de prováveis lesões internas. Não raro, não há lesões 
externas, mas há gravíssimas lesões internas. 
Dura-máter – membrana espessa que reveste o encéfalo. Uma coleção de 
sangue que fica dentro do osso do crânio, mas fora da dura-máter, é 
chamada de hematoma extra-dural. Na medida que esse hematoma vai 
aumentando, ela comprime o cérebro, ocasionando lesões principalmente no 
bulbo e na ponte. 
Quando há esse hematoma, nas primeiras horas, a vítima não sente nada. 
Daí 6 horas depois, ela começa a ter dor de cabeça, visão dupla, tonteira, 
vômitos em jato, começa a ficar desorientada, fica agressiva. Daí, quando 
isso acontece com alguém que está bebendo álcool, as pessoas pensam que 
aquele comportamento é produto de embriaguez, mas não é, ele está sendo 
vítima de um hematoma que está comprimindo o cérebro dele. Não raro, 
essas pessoas entram no hospital e são tratadas de embriaguez. Só se 
descobre a causa da morte no exame cadavérico. Agora, excepcionalmente, 
esse hematoma aparece em uma cadáver, quando ele está numa fogueira, 
sendo queimado, e o calor do fogo começa a fazer o encurtamento da 
musculatura, daí o sangue começa a ser empurrado e começa a extravasar 
no cérebro. Então, não é raro encontrar o hematoma extra-dural em 
cadáveres carbonizados. 
Através da forma da lesão, podemos saber qual foi o agente vulnerante que 
produziu aquela lesão. 
Já a tonalidade da lesão, nos temos uma idéia de há quanto tempo aquela 
lesão aconteceu. Já nas escoriações a crosta é o elemento importante. Na 
ferida, a cicatriz, na fratura, o calo ósseo. Ou seja, a descrição de 
determinados elementos da lesão, permitira ao operador de direito dizer 
qual foi o nexo temporal daquela lesão. 
Outro aspecto muito importante é a precisa localização da lesão. Essa 
localização fornecera ao operador de direito uma idéia de qual foi o dolo do 
agente. Se a equimose estiverem no pescoço, eu penso em esganadura, no 
rosto, penso em lesão, se estiverem próximas às áreas genitais, eu penso 
em crimes contra os costumes. 
No momento em que ocorre uma lesão, o vaso sanguíneo dilata e permite o 
extravasamento do sangue, e a visão desse sangue derramado permite 
identificar a equimose. Mas essa equimose tem uma forma. Imagine uma 
pessoa agredida com um cassetete, um tubo de PVC, fio, mangueira, bastão 
de basebol, daí com a pressão, o sangue extravasa, e se alinha na lateral da 
superfície atingida. Assim, o sangue não fica no exato local em que o objeto 
acertou, ele fica nas áreas adjacentes, já que é empurrado pela pressão 
para longe do local em que o agente vulnerante acertou. Assim, no caso 
desses agentes, vamos ter faixas paralelas de equimose, com um centro 
pálido. A espessura entre as faixas arroxeadas da uma idéia da espessura do 
instrumento, o tamanho da lesão da uma idéia do tamanho mínimo do 
instrumento. As faixas não são exatamente paralelas, porque a ponta do 
instrumentos bate com mais forca que a base, se a forca é maior, o sangue 
se espalha para mais longe na área referente à ponta do instrumento. 
Assim, essas manchas não são paralelas, elas são convergentes para a base, 
empunhadura do objeto. Ou divergentes em direção à ponta do instrumento. 
Esse aumento de sangue causado pelo aumento da pressão é chamado de 
sugilação. É muito comum se alegar que essas manchas são decorrentes de 
uma queda para fugir das agressões, mas se há vários grupos de faixas, em 
direções diferentes, de mesma espessura, isso indica agressão. 
Esse sangue que extravasa não recebe mais oxigênio. Daí a hemoglobina 
começa a se decompor, dando origem a outras substancias de outras 
tonalidades. 
Assim, no 1º dia, a equimose é avermelhada. No que o tempo vai passando, 
o avermelhado vai virando arroxeado (1 ou 2 dias). Passados mais alguns 
dias, nós verificamos que a região vai ficando azulada (3 a 5 dias). Mais 
algum tempo, a região fica esverdeado (1 semana). Depois fica amarelado 
(10 a 15 dias). Depois disso, a equimose desaparece (18 a 20 dias). Assim, 
pela evolução da tonalidade da equimose, o perito tem uma idéia se a 
equimose é recente ou mais antiga. 
Assim um cara chamado Legrand Du Saulle, viu isso e comparou com o 
espectro da luz solar. Assim, criou o espectro equimótico de Legrand Du 
Saulle. 
Quem faz essa limpeza das hemoglobinas são os glóbulos brancos, daí 
quanto maior a área, mais demorará para tirar tudo, se tem pouco, os 
prazos são menores. 
Assim, se alguém chega pro perito e fala que foi espancado ontem e está 
com uma equimose esverdeada, dá pra saber que não foi espancado ontem. 
Ao contrário, se chega com uma equimose avermelhada dizendo que foi 
espanado há 15 dias, ele não foi espancado há tanto tempo. 
Há determinadas regiões do corpo que são muito oxigenadas, como o olho e 
a bolsa escrotal, daí quando o sangue extravasa na parte branca, chamada 
de esclerótica, nós temos uma equimose que fica em baixo de uma 
membrana que cobre essa parte que é a conjuntiva, daí nos temos uma 
equimose subconjuntival. Mas como o olho é muito oxigenado, a 
hemoglobina recebe oxigênio e demora mais a se decompor, assim nessas 
equimoses não há o espectro equimótico de Legand Du Saulle, ela pode ter 
15 dias e ser vermelha. Ela pode ir sumindo ainda vermelha. Assim, ao olho 
não se aplica a relação coloração/tempo da lesão. Não há como auferir o 
nexo temporal quando há equimose subconjuntival. 
A hemorragia subconjuntival pode surgir, por exemplo, de asfixia, em razão 
da sugilação do sangue que não consegue voltar ao coração, não conseguem 
sair da cabeça. 
A forma da equimose pode indicar o que aconteceu, como, por exemplo, se 
tivermos estigmas ungueais ou digitaisno pescoço, que são marcas de 
dedos ou unhas, que indicam esganadura. 
Equimose periórbitaria, famoso olho roxo, pode ser resultado de impacto 
direto ou de fratura na base do crânio. Ou seja, não é certo que um olho 
roxo tenha sido decorrente de um soco no olho, podendo ter outras origens. 
Quando se dá nos dois olhos, chama-se de sinal do Zorro ou do 
guaxinim. 
O perito não diz o que aconteceu, ele diz os vestígios. Ele não trabalha com 
indícios, isso quem faz é o delegado, juiz, promotor, etc.. É aplicação do 
brocardo visum et repertum (ver e referir), olhar e descrever aquilo que está 
vendo, como uma máquina fotográfica. Só vai dar opinião se for chamado a 
opinar em juízo para dar parecer, mas na hora de fazer o laudo, ele só diz os 
vestígios da lesão, descrevendo a forma, a tonalidade e o local da lesão. 
A forma, o aspecto e a tonalidade da equimose serão utilizadas para todos 
os demais tipos de lesão, na medidas das suas características. 
Perceba que até agora a pele não rompeu. 
Vamos agora à escoriação. A etimologia da palavra é arrancar (ex) o 
revestimento (corio) do corpo, que nada mais é do que a pele. 
Na escoriação há o arrancamento da epiderme em razão de ação 
contundente. Não sangra, quando muito aparece um pouco de plasma. Esse 
plasma evapora, daí no lugar aparece uma crosta, e como o plasma é 
incolor, branco amarelado, assim, essa crosta é branco amarelada. Essa 
crosta leva o nome de crosta serosa, ou seja, só há plasma, linfa. 
Só que as vezes a crosta aprofunda um pouco mais e atinge a o alto da 
camada basal, onde já temos alguns vasos. Assim, a escoriação vai ter soro 
e sangue, daí fica avermelhado e não branco amarelado. Daí essa crosta 
será sero-hemática. 
Só que as vezes ela vai ainda mais fundo, e ultrapassa a derme papilar (que 
fica logo abaixo da camada basal, indo até a derme reticular. Aqui já há 
vasos sanguíneos maiores, sangra mais, daí eu vou ter uma crosta 
hemática. 
Mas a escoriação nunca passa da derme, se ultrapassar a derme, a lesão 
deixa de ser escoriação e vira ferida. A diferença entre ferida e escoriação 
não é extensão, mas a profundidade. A mais profunda das escoriações é 
mais superficial que a mais superficial das feridas. 
É interessante que na escoriação, a camada basal que sobra substitui a pele. 
Daí nos primeiros dias, temos a casquinha vermelha, três dias depois, ela 
fica castanha, depois de 5 dias, ela começa a ficar preta, mas 3 a 5 dias, ela 
começa a soltar em volta, mais 3 a 5 dias ela se solta inteira, da periferia 
pro meio. De baixo da casca há uma epiderme rosada. Uns 10 dias depois a 
pele esta completamente regenerada. Assim, a escoriação regenera 
totalmente, sem deixar vestígios. 
No entanto, na ferida, ela, por mais superficial que seja, ela atinge os planos 
inferiores, então não tem como ela regenerar. Então a evolução de uma 
ferida é através de uma cicatriz, que fica pra sempre. 
A escoriação regenera e a ferida cicatriza. 
A vítima da escoriação não pode demorar a ir ao legista, porque os vestígios 
podem sumir. Já a vítima da ferida pode ir muito tempo depois, já que a 
cicatriz não vai sumir. 
Através da crosta da escoriação eu posso estabelecer o nexo temporal, 
analisando a cor, a consistência, se ela está fixa ou se soltando. A data não 
é precisa, é aproximada. 
Através do estudo da forma da escoriação, eu vou poder saber qual foi a 
forma que a lesão foi feita, como a marca dos dedos ou das unhas no 
pescoço no caso de esganadura. Dá pra saber se foi a mão direita ou a 
esquerda, se foi pela frente ou por trás. Assim, dá para estabelecer o nexo 
causal. Essas lesões típicas das unhas e dos dedos leva o de estigmas 
ungueais ou digitais, respectivamente. Estigma é marca. 
Feridas contusas 
Vamos transpor agora a barreira da pele, ultrapassando a derme, estudando 
as feridas. 
Vamos falar só de ferida contusa, pois estamos estudando as ações 
contundentes. Mas termos que compará-la com a ferida incisa, que decorre 
da ação cortante. A ferida incisa faz uma incisão, ela corta, a ferida contusa 
resulta de uma contusão, ou seja, o agente contundente não corta, ele 
rasga. 
 
Aspecto a observar Feridas incisas Feridas contusa 
Bordas Regulares, sem 
escoriações 
Irregulares, escoriadas 
Cauda de escoriação Pode estar presente Extremamente rara 
Vertentes (paredes) Regulares, em bisel ou 
verticais 
Irregulares, 
anfractuosas 
Traves de tecido 
entre as vertentes 
Em geral, ausentes Em geral, presentes 
(traves de tecido 
segurando uma vertente 
na outra) 
Fundo Em geral, regular Em geral, muito 
irregular 
Vasos Em geral, sangram mais 
(já que são cortados) 
Em geral, sangram 
menos (ficam 
esmagados) 
Cicatrização Mais estética, linear Menos estética, irregular 
 
O instrumento cortante com o gume cego pode agir como se fosse um 
instrumento contundente. Se eu tenho uma ferida com bordas regulares e 
me apresentam um instrumento cego, provavelmente esse agente não fez 
essa ferida. 
O contrário também se aplica, se vem uma ferida com bordas irregulares e 
apresentam um instrumento cortante afiado, essa ferida não foi feita por 
esse instrumento. 
Só que as vezes a força do agente contundente é maior, podendo alcançar o 
osso e gerar uma fratura interna ou exposta. 
O esmagamento o tecido é esmagado, ficando amorfo. Mas quando o 
esmagamento é tão intenso que uma parte o corpo é separada da restante, 
chama-se de amputação traumática. 
Cuidado que o termo amputação é reservado para atos médicos, o termo 
para ação lesiva é mutilação, sendo mais correto se falar em mutilação 
traumática. 
Mecanismos de ação: 
1) Pressão; 
2) Tração; 
3) Torção; 
4) Deslizamento; 
Lesões mais comuns: 
1) Rubefação; 
2) Equimose; 
3) Bossa; 
4) Hematoma; 
5) Entorse/luxação; 
6) Fratura fechada; 
7) Escoriação; 
8) Ferida contusa ou incisa; 
9) Fratura exposta; 
10) Amputação; 
11) Mutilação; 
12) Esmagamento. 
 
AULA 2 
Lesões e morte provocadas por instrumento perfurante 
Instrumento perfurante é aquele que tem a forma cilíndrica com a 
extremidade cônica, portanto ele é cilíndrico-cônico. Ele tem a extremidade 
cônica para entrar mais fácil na pele, já que a pressão vai ser maior, já que 
a superfície vai ser menor (Pressão = força/superfície). 
Exemplo de instrumentos perfurantes temos a agulha de seringa, por 
exemplo. Esses são os instrumentos perfurantes de pequeno calibre. Mas 
temos também os de médio calibre, como os picadores de gelo, espetos de 
churrasco, vergalhões com ponta. A diferença entre os calibre é a lesão que 
eles vão fazer. 
Agora os instrumentos perfurantes de grande calibre não existem porque 
eles passam para outra categoria, que seriam os pérfuro-contundentes. 
A pele tem, na derme, uma grande quantidade de fibras elásticas, elas que 
conferem a elasticidade que a pele tem. Quando o instrumento perfurante 
penetra na derme, como ele não corta, não tem gume, ele simplesmente 
afasta as fibras. 
Se ele é de pequeno calibre, as fibras se afastam momentaneamente, o 
instrumento passa e quando sai, as fibras voltam para o lugar, ficando uma 
lesão puntiforme ou punctória. Essa lesões são feridas, eis que 
ultrapassam o limite da derme. Na maioria das vezes não sangram, porque, 
mesmo que atinjam um vaso, quando saem as fibras dos vasos fecham. Mas 
elas podem ser mortais porque o instrumento pode estar infectado. 
Essas feridas que inflamam se chamam flebites. Se elas foram crônicas, os 
vasos começam a endurecer, daí nós temos a flebosclerose. A presença de 
flebites ou flebosclerose me indicam que essa pessoa que usa com muita 
freqüência introduzidas por meio de instrumentos perfurantes de pequeno 
calibre, podendose tratar de um usuário de drogas, mas não podendo 
excluir pessoas que realmente precisem de medicamentos. 
Feridas punctórias na barriga de gestantes podem indicar que ela fez 
exames do feto, como na amniocentese, para saber o sexo do neném, se 
existe algum problema, etc. Mas, as vezes, o que é introduzido no útero é 
uma substancia tóxica para provocar o aborto, sendo que o único vestígio 
que o delito deixará será essa ferida puntiforme na ponta da barriga. 
Vamos agora aos instrumentos perfurantes de médio calibre. 
Esse instrumento não corta, ele só perfura. Daí no que ele entra no corpo, 
ele atravessas as fibras elásticas do corpo, mas como ele tem um calibre 
cabine12
Highlight
significativo, ele afastas as fibras. Só que ele as afasta muito, de tal maneira 
que quando ele esta introduzido no corpo ele fica com um orifício circular. 
No momento em que o instrumento sair, as fibras vão tentar voltar ao 
aspecto natural. Mas sendo um instrumento de médio calibre, essas fitas 
foram esgarçadas e esticadas além de um certo limite. Então, na hora que o 
instrumento sair, as fibras tentam fichar o buraco, mas não conseguem. Daí 
a forma da ferida é de um circulo esticado, uma fenda, uma casa de botão, 
uma bucetinha. 
O problema é que a ferida feita pelo instrumento perfurante de médio calibre 
parece muito com a ferida feita pelo instrumento pérfuro-cortante de dois 
gumes. Só que se o perito usar uma lupa, os ângulos são agudos e cortados 
no pérfuro-cortante, no perfurante são agudo e repuxados. 
Como a pele é elástica, cada região do corpo tem uma linha de força que 
puxa a pele em um sentido. Daí, as feridas feitas pelos instrumentos 
perfurantes em locais próximos têm a mesma direção, já que a pele repuxa 
a todas da mesma forma. 
Daí criou-se as leis de Filhós: 
1) lei do paralelismo: as feridas perfurantes feitas por um instrumento 
de médio calibre, em uma mesma região, serão paralelas entre si. 
2) lei da semelhança: as feridas são semelhantes às feridas pérfuro-
cortantes de dois gumes. 
Anos depois, um cara chamado Langer criou a lei do Polimorfismo, que 
diz que as feridas perfurantes quando são feitas em uma área de 
entrecruzamento e superposição de fibras elásticas, como na conexão do 
peito com o ombro, mostrarão aspecto estrelado, anômalo, ou seja, 
polimorfo. Eu não terei a forma definida da ferida. Daí a leis de Filhós não se 
aplicarão. 
O estomago é formado por músculos, sendo que as fibras estão em mais de 
uma direção, em camadas superpostas. Daí se você introduzir um 
instrumento perfurante no estomago e observar cuidadosamente essa lesão 
você repara que na camada superficial a ferida tem uma forma, tracionado 
uma direção, numa camada mais profunda a ferida vai estar em outra 
direção. Quanto mais camadas superpostas você tiver, maior o numero de 
direções você vai ter. 
Agora, se eu tiver um instrumento pérfuro-cortante de dois gumes, as 
feridas vão ter direções diferentes, de acordo com a incidência na qual o 
instrumento entrou, não tendo qualquer relação com a direção que as fibras 
elásticas puxam. Não se aplicarão nem a lei de Filhós e de Langer. 
Estoque é um instrumento perfurante feito com um vergalhão apontado. 
 A tesoura fechada é um instrumento perfurante de médio calibre. Quando 
você abre a tesoura cada lado será um instrumento pérfuro-cortante de um 
gume. Agora, se a tesoura for de calibre maior, ela não funcionará mais 
como instrumento perfurante, mas pérfuro-contundente. Mas aberta, 
funcionará da mesma forma como um instrumento pérfuro-cortante de um 
gume. 
Lesões e morte por instrumentos cortantes- 
É aquele instrumento que tem uma lâmina, que tem uma das extremidades 
afiadas, chamada de gume. Quanto mais afiado for o gume, menor vai ser a 
força que eu vou ter que aplicar, já que a superfície vai ser menor. Mas será 
mais fácil ainda se eu deslizar o gume, daí ele vai afastar, cortando as fibras 
que unem a pele. 
A ferida não será mais puntiforme, mas sim em linha, já que a extensão vai 
ser maior que a profundidade. Quando eu olhar as bordas dessa ferida, as 
bordas serão regulares, sem escoriação, os vasos na parede da ferida estão 
cortados, daí eles sangram muito. Essa ferida é chamada de ferida incisa. 
Uma das características dessa ferida incisa é que na hora que o agressor 
atinge a pele, ele está utilizando um força maior, daí ele desliza e tira. Daí 
se nota que a ferida é mais profunda no inicio, e vai se superficializando no 
final. Assim, o ponto mais profundo marca o inicio do golpe e o mais 
superficial a saída. As vezes o final é tão superficial que atinge apenas a 
derme e a epiderme, não sendo mais ferida nesse ponto, mas sim uma 
escoriação. Daí um cara chamado Romanese disse que essa escoriação que 
marca o final da ferida é chamada de cauda de escoriação. Só que pode 
acontecer que antes de o instrumento entrar, ele atinja apenas a superfície, 
e aparece uma escoriação no inicio, mas não posso chamar de cauda no 
inicio, porque ela fica no final. Resolveu-se chamando de escoriação de 
entrada e escoriação de saída. A escoriação que fica mais próxima da 
maior profundidade é a de entrada, e a que fica mais próxima da menor 
profundidade é a de saída. 
Analisando-se a ferida, podemos saber o sentido que o golpe foi dado. 
O ato de deslizar chama-se de ação em arco de violino, porque é como se 
o instrumento cortante fosse o arco e a pele as cordas do violino. A lesão 
não parece um arco de violino, o movimento é que parece. 
Mas como diferenciar uma ferida incisa feita com o objetivo de lesionar e a 
ferida com a finalidade médica, chamada de ferida cirúrgica, sendo essa 
feita pelo bisturi, que é um instrumento cortante. As características básicas 
das duas feridas são as mesmas. Mas o agente que visa atingir a vítima 
causa uma ferida com o fundo côncavo, variável. Na ferida cirúrgica, o 
bisturi entra, corre e sai, não tendo escoriação de entrada ou de saída, e a 
profundidade na entrada é igual a profundidade de saída. Além disso, o 
fundo é plano e não côncavo. 
 
 
Mas deve-se levar em conta também a localização da ferida, já que incisões 
médicas não são feitas em qualquer lugar, mas em lugares específicos, a 
depender do intuito do médico. 
Mas guarda-se o nome ferida incisa para lesões criminosas. 
Há um grupo de feridas incisas que atingem a vítima exatamente no nível do 
pescoço. Se o agente cortante passa na parte anterior (da frente) ou lateral 
do pescoço, dá-se o nome de esgorjamento.- 
Nome da ferida Esgorjamento Degolamento Decapitação 
Localização no 
pescoço 
Antero-lateral Posterior (atrás) Independe 
Agente 
vulnerante 
Mais comum: 
cortante, pode 
ser pérfuro-
cortante e corto-
contundente 
Mais comum: 
cortante, pode 
ser pérfuro-
cortante e corto-
contundente 
Mais apropriado: 
corto-
contundente. O 
simplesmente 
cortante não é 
suficiente, em 
tese 
Causa jurídica 
da lesão 
Predomina o 
suicídio 
Predomina o 
homicídio 
Comuns: suicídio 
e lesão post 
mortem 
Causa da morte 
médica 
Anemia aguda, 
hemorragia 
externa. Pode 
haver 
broncoaspiração 
e embolia gasosa 
Anemia aguda, 
hemorragia 
externa. Pode 
haver 
broncoaspiração 
e embolia gasosa 
Descerebração e 
anemia aguda por 
hemorragia 
externa 
 
Quando você passa um agente cortante no pescoço, você pode cortar a 
parte respiratória (cartilagens respiratórias), a parte circulatória (veia 
jugular ou artéria carótida) ou a parte neurológica (nervo vago que vai para 
o coração). A causa da morte no esgorjamento vai depender de qual foi o 
elemento lesionado pelo agente vulnerante. Você pode, por exemplo, morrer 
“afogado” por ter aspirado seu próprio sangue (haverá um aspectode 
mosaico hemorrágico nos pulmões, indicando que a pessoa estava viva 
quando aspirou o sangue), você pode morrer de embolia gasosa porque 
entrou ar na veia jugular, já que o coração faz sucção, se você atingir o 
nervo vago, você morre de parada cardíaca porque é ele quem dá a ordem 
pro coração bater, pode morrer pela perda excessiva de sangue (anemia 
aguda), que pode atingir um ponto tal que chegue a um choque 
hipovolêmico (choque em que o volume de sangue diminui), sendo a morte 
iminente, etc. 
Mas para saber se foi suicídio ou homicídio temos que analisar outros 
aspectos. 
Como a entrada é mais profunda que a saída, se a vítima for destra, ela vai 
fazer um corte no lado esquerdo, de cima pra baixo e de trás para frente. 
Assim, eu devo encontrar uma ferida na parte posterior e mais superficial na 
parte anterior. O lance é que a pessoa está confusa, daí ela não tem muita 
certeza do golpe que vai dar. Por isso é comum encontrar na vítima lesões 
de hesitação no punho, sendo feridas superficiais, não mortais, indicando 
que a vítima está tomando coragem para dar o golpe mortal, está hesitando. 
Mas como ela corta alguma vezes no punho e não morre, ela vai pro 
pescoço. Quando ela chega no pescoço, ela não dá um golpe decisivo, mas 
pequenas feridas pouco profundas e aos poucos ela vai aprofundando, daí, 
aos poucos, você nota uma ferida que tem entalhes está dizendo para o 
observado que o golpe veio e parou, veio de novo e parou, indicando que a 
vítima esta hesitando, que ela não está convicta, falando em favor do 
suicídio. O agressor não da golpe aos poucos, dá um golpe só. Mas não é 
patognomônico, essas lesões falam em favor daquelas hipóteses. 
A pessoa quando é atacada, ela para se defender de golpe usa as mãos, daí 
é muito comum que apareçam lesões na região palmar, na borda ulnar (osso 
ulna) parte de fora do antebraço. Essas lesões são as lesões de defesa. 
Assim, se tivermos lesões de defesa e golpe único no pescoço, não terei 
dúvida que estou diante de um homicídio. 
As lesões de hesitação não são mortais, porque ai não seriam de hesitação. 
E normalmente são agrupadas em áreas comuns de suicídio, pulso, cotovelo, 
área do coração e pescoço. 
O degolamento é na parte posterior do pescoço, de trás, mas, de resto, se 
aplica tudo o que se disse acima. 
Na decapitação, não importa de onde veio o golpe, desde que se tenha 
cortado a cabeça, separado do corpo. Normalmente, utiliza-se um objeto 
mais pesado, corto-contundente. Exemplo é a guilhotina. 
Quando o agente cortante atinge o corpo através de uma prega de pele, ele 
vai fazer duas feridas incisas, mas um só golpe. É o caso do golpe que pega 
no braço e depois no tórax, o golpe que pega na duas mamas da mulher, 
mas não chega no peito em baixo. Ou o caso de um gordão que emagrece e 
fica com as pelancas, daí pode ser que um só golpe pegue varias pregas de 
pele. Assim, nesses casos, um só golpe dado em uma prega de pele, vai 
produzir inúmeras lesões. 
Portanto, nem sempre o número de feridas vai ser igual ao numero de 
golpes. 
Quanto mais enrugada for a pele, maior o número de feridas que aquele 
golpe único vai ocasionar. 
Isso acontece muito também com tiro, que vai atravessando o corpo, 
passando por braços e tórax, por exemplo. Assim, você pode ter varias 
entradas e saídas, mas um tiro só. 
Assim, as vezes uma lesão culposa pode produzir múltiplas lesões. 
Outro aspecto interessante é quando a pessoa recebe um corte horizontal e 
vertical no mesmo lugar, como uma cruz, ou duas diagonais, como um X. 
Assim, a ferida vai ficar em forma de estrela. 
Se a vítima estava viva, uma das características da vítima viva, é a 
retratibilidade. Isso quer dizer que quando a pele é cortada com a pessoa 
viva, a pela retrai, ela repuxa. Não fica fechada, linear, só fica assim, se o 
corpo já estiver morto. Se estiver vivo, ao receber um corte no pescoço, por 
exemplo, a retratibilidade da pele faria abrir uma enorme breca no pescoço. 
Uma pessoa que perde a mão para uma guilhotina, no lugar em que ela foi 
cortada, a pele retrai, deixando a parte em baixo da pele exposta. A mesma 
coisa com a decapitação, se a pessoa tava morta quando foi decapitada, não 
haverá uma retração da pele. 
Assim, voltando aos dois cortes no mesmo ponto. Quando ele recebeu o 
primeiro corte, a pele abriu, quando recebeu o segundo golpe, a pele já 
estava aberta. Daí faz-se o seguinte, escolhe-se uma das feridas e fecha-se 
ela. Daí quando for fechar a outra, se essa segunda a ser fechada foi a 
segunda a ser feita, ela não fechará em uma linha continua, mas sim 
quebrada. Isso que dizer que você fechou na ordem certa, ou seja, fechou 
primeiro a que foi primeiramente feita e em segunda a que foi feita em 
segundo lugar pelo agressor. 
Se você não tiver feito na ordem certa, haverá uma sobra de pele, você não 
consegue fechar. Daí você tem que desfazer e começar pela outra para ver 
se acontece o que foi dito acima. 
Lesões e morte pelos agentes mistos 
Vamos começar pelos pérfuro-cortantes. Ele tem que ter uma ponta para 
poder furar e pelo menos um gume para poder cortar, mas ele pode ter 
inúmeros gumes. Dois gumes – punhal. Três gumes – lima do serralheiro, a 
lesão é em forma de triângulo. Quatro gumes – estrelinha ninja (shuriken), 
daí a lesão vai ter forma estrelada. 
Na pérfuro-cortante de um gume, a ferida vai ser em forma de gota, tendo 
um ângulo agudo e um ângulo arredondado, rombo. O ângulo fechado 
demonstra que ali agiu o gume, no ângulo rombo sabe-se que ali entrou o 
dorso do objeto. Quanto mais rombo o ângulo, mais grosso o dorso, e 
quanto mais agudo o ângulo, mais afiado era o instrumento. 
Mas isso é para o caso de a faca entrar na vertical. Se ela entrar inclinada, 
ela vai ter as duas bordas agudas, como se tivesse dois gumes, apesar de 
ser um instrumento pérfuro-cortante de um gume. 
Agora, se ele tem dois gumes, ele vai fazer uma ferida em fenda, lembrando 
que pode ser também um instrumento perfurante de médio calibre. Assim, 
tenho que olhar as bordas, se elas estiverem cortadas, pérfuro-cortante de 
dois gumes, se estiverem repuxadas, sem cortes, o instrumento é 
perfurante de médio calibre. 
A medida de gumes que o instrumento tem, mais ângulos ele terá. Assim, 
poderíamos imaginar um instrumento pérfuro-cortante com um sem numero 
de gumes, podendo fazer parecer com a ferida de um instrumento 
perfurante. Mas isso só em exemplo de laboratório mesmo, na prática esse 
instrumento não existe. 
Como o instrumento é pérfuro-cortante, se ele agir por pressão, a ferida vai 
ser mais profunda do que extensa. Porque se eu pegar o instrumento 
pérfuro-cortante e deslizá-lo, terei uma ferida incisa, mas o instrumento 
continuara sendo pérfuro-cortante. Não se confunde a lesão com o nome do 
instrumento. 
Se for de dois gumes, terá ferida em casa de botão. 
Imagine que uma faca tenha certa largura e certa profundidade. Só que a 
ferida é muito mais larga e profunda que a faca que a ocasionou. Isso ocorre 
porque quando ela penetra o agente arrasta a faca na direção do gume. A 
extensão da ferida será maior do que a largura da face, é o que ocorre no 
haraquiri japonês. Quando você corta a barriga, os intestinos pulam, daí 
fala-se que houve evisceração. 
Agora imagine um gordão que tem de distância da pele até a aorta tem 70 
centímetros (profundidade), e eu sei isso com a minha régua, que é o 
instrumento indispensável do perito, sendo que tem que ser de papel, não 
pode ser chique, porque o Blanco é roots. Sabe-se também que por trás da 
aorta passa a coluna vertebral. 
Só que a faca que fez a ferida tem 30 centímetros. Mas como pode? Um 
perito Frances chamado Lacassagne disse que em áreas capaz de sofrerem 
compressão, se você usar uma pressãomuito grande naquela região, você 
pode fazer com que a pele se aprofunde e fazer com que um instrumento de 
30 centímetros alcance um órgão que está a 70 cm da pele. A pele foi 
comprimida, daí como, as vezes, a arma tem uma guarda, essa guarda fica 
marcada na pele, deixando sua assinatura. Daí você vê uma ferida em casa 
de botão com uma equimose de cada lado. Isso demonstra que foi aplicada 
grande pressão na pele. 
Esse tipo de lesão, o Lacassagne chamou esse tipo de lesão em lesão de 
sanfona ou de acordeón. 
Uma ferida que passe por baixo da pele, mas que não entre na cavidade 
abaixo da pele, seja na cabeça, não entrando na caixa craniana, ou no peito, 
não entrando na cavidade torácica, atingindo só a pele mesmo, essa ferida 
leva o nome de ferida em sedenho. Por baixo da pele e fora das 
cavidades. 
Já quando um ferimento tem entrada e saída, ele é um ferimento 
transfixante. Já quando tem entrada, mas não tem saída, ele é um 
ferimento penetrante. Daí esse ferimento acaba em algum lugar, esse 
lugar é chamado de lesão em fundo de saco, outros chamam de ferida 
cega. É cega porque você não vê o outro lado. 
Quando for transfixante ou penetrante, ele pode ser não cavitário, ai ele é 
sedenho. Mas ele pode ser também cavitário, sendo normalmente mais 
graves porque corre muito mais risco, já que ele pode acertar órgãos 
internos. 
Quando o ferimento arranca parte do couro cabeludo, o nome que se dá é 
lesão em escalpe. Só arranca a pele, não quebra nada. 
Mas se estivermos de posse de uma haste de grande calibre, instrumento 
perfuro contunde, se ele penetrar na região do ânus, atrás da bolsa escrotal 
ou da vagina, teremos uma ferida específica. Essa região em volta do ânus 
se chama períneo. O nome dessa lesão é empalamento. A estaca 
pontiaguda entra pelo períneo. Agora, se o instrumento de haste entrar por 
qualquer outra parte do corpo, encravamento. A diferença é que o 
empalamento tem uma localização específica. 
O dente pode causar lesões diferentes a depender de qual dente se analise. 
Os dentes da frente são cortantes, os caninos, pérfuro-contundentes, e os 
molares, contundentes. Mas, de um modo geral, a arcada humana, exerce 
uma ação corto-contundente, sendo que ele pode arrancar pedaços, daí se 
dá o nome de lesão em saca-bocado. A importância para a pericia é que 
através da marca da dentada você pode identificar o autor da dentada. A 
dentada é uma lesão com assinatura. Ela é uma lesão patognomônica – essa 
lesão, esse instrumento, é uma associação com grau de certeza. 
Esquartejamento é diferente de espostejamento. Aquele é dividir em 
quatro. Este é cortar a pessoa em pedaços para, talvez, dificultar a 
identificação ou para ocultar o cadáver. Antigamente se espostejava a vítima 
para fazer publicidade de mortes. 
 
AULA 3 
 Balística: 
 
Arma: Qualquer instrumento (aparelho manufaturado pelo homem) com 
cabine12
Highlight
objetivo primordial de atacar ou defender. Arma imprópria é aquela que não 
foi criada para atacar, para outra finalidade, mas que podem servir para 
ataque. 
Da próprias, temos as de arremesso, como a zarabatana (Curare, capaz de 
causar paralisia no corpo), arco e flecha. 
Arma de pressão: não chegam a ser arma, usada para esportes e diversão, 
disparando chumbinho, que não pode passar de 6mm de diâmetro e projeto 
podem atingir 160 m/s. Pode ser por mola ou por pressão. Não se incluem 
nas armas de fogo proibidas. 
Arma de fogo, o nome, decorre do fato, porque para que o projétil seja 
lançado, a carga do propelente, ao queimar, produza gás, que ao se 
expandir, saia o tiro. 
Arma brancas levam esse nome porque tradicionalmente são confeccionadas 
em metal, que dão a impressão ao sol de serem brancas. São utilizadas pela 
força muscular. 
Nas armas de fogo, o projétil é disparado pela queima do gás que 
normalmente é pólvora. Quanto maior a quantidade de gás, maior a força do 
projétil. 
O projétil normalmente é de chumbo, que fica no estojo, local que contém a 
pólvora. O projétil é colocado tampando o estojo. Para queimar a pólvora, 
coloca-se um espoleta na base da bala. Na hora que a espoleta recebe 
pressão, ela solta uma faísca, dai a pólvora vai liberando gás até o momento 
que a pressão fica tão grande que é expelida. 
O cano da arma serve para direcionar o projétil em direção ao alvo. O 
projétil deve passar bem justo com o cano, sem espaço. Por isso que se usa 
chumbo, que é mais mole, dai pode sofrer deformações ainda dentro do 
cano, não deixando escapar gases. Saindo do cano, não há mais aceleração, 
sendo a velocidade máxima do projétil na boca da arma. Dai pra frente ele 
sofre desaceleração com o ar. 
O cartucho nada mais é do que o conjunto formado pelo estojo, projétil, 
pólvora e pela cápsula de espoletamento (espoleta). 
O cão é o que bate na espoleta. Na ponta do cão fica o percussor. 
Arma carregada é a que tem uma bala pronta para ser disparada. Arma 
alimentada é a que tem balas no carregador. 
O nome pistola vem de pistão, já que o cano da arma parece um pistão ao 
ser acionada ejetando a cápsula. 
O fabricante para otimizar a carga de gás, aumenta o tamanho do cano, que 
empurra o gás mais tempo, ganhando mais velocidade e alcance. O 
problema é que o atrito com o cano é maior, dai se aumenta o estojo para 
caber mais pólvora dentro dele. O lance também é que o atrito com o cano, 
poderia deformar demais o chumbo, dai ele blindou o núcleo de chumbo com 
uma jaqueta de metal, que tem a função de diminuir o atrito da arma com o 
núcleo de chumbo. 
Metralhadora é construída para dar rajada, o sub-metralhadora é feita para 
dar tiro intermitente, mas pode dar rajada. 
Pressão é igual a forca sobre superfície. P = F/S 
Energia cinética é igual a massa vezes a velocidade ao quadrado, sobre dois. 
EC = mV2/2 
Projétil de baixa velocidade é aquele que viaja abaixo da velocidade do som 
(340m/s = mach 1) 
Quando viaja acima de mach 2, é de alta velocidade. Entre mach 1 e 2, 
média velocidade. 
A velocidade é importante para saber a energia cinética. O projétil com mais 
velocidade transfere mais energia que o lento, nas mesmas condições, 
causando lesões muito mais graves. A lesão depende muito mais da 
velocidade do que do peso do projétil, já que ele pode transferir mais 
energia, causando mais lesões. 
Coeficiente balístico – capacidade de penetração no alvo. 
Coeficiente balístico = massa/fator de ponta x calibre2 
Quando aumentar a massa, aumenta o coeficiente, um tiro mais pesado 
entra mais que o mais leve. A ponta é fundamental porque, quanto mais 
pontudo o projétil, mais ele penetra. Quanto mais bicuda a ponta, diminui o 
fato de ponta, aumentando o coeficiente balístico. O ultimo elemento é o 
calibre, que é o diâmetro do projétil. Quanto mais grosso foi o projétil, maior 
o calibre, mais difícil para ele entrar. Mais fino, menor o calibre, ele entra 
mais. 
Quanto mais grosso e maior fator de ponta, mais energia é liberada na hora 
que se choca com o corpo, mas ela penetra menos. 
O objetivo do projétil é transferir a energia que ele tem ao alvo. Se o alvo é 
de baixa densidade, macio, elástico, que não opõe grande resistência ao PAF 
(projétil de arma de fogo), ele vai atravessar. 
O ferimento quem tem entrada e saída, ele é chamado de transfixante. Ele 
sai do corpo levando ainda energia, não transferindo toda sua energia. 
Já se o PAF atinge alvo de alta densidade, duro, rígido, o alvo vai opor 
grande resistência ao PAF, que tem entrada, trajeto e saída. 
O ferimento nesse caso é penetrante, entra e não sai, fica dentro do corpo. 
Nesse caso ele deixou toda a energia que ele trazia dentro do alvo. Portanto 
ferimento transfixante transfere menos energia ao alvo, já que ele atravessa 
o alvo,mantendo energia ao sair. 
A extremidade do projétil cônico é mais leve que sua traseira, dai com o 
arrasto ele tende a levantar, virar ao contrário, dar cambalhotas, etc. 
Dai, para evitar isso, faz-se saliências e reentrâncias em forma de espiral, 
chamadas de raias, dai essas armas diz-se que tem alma raiada (ou 
estriada, mas essa nomenclatura não é tão correta), em contraposição 
àquelas que tem almas lisas. 
Com essas raias, o projétil é obrigado a girar em seu próprio eixo, num 
movimento de rotação. Com essa rotação ele evita as cambalhotas, 
mantendo sua estabilidade na trajetória. 
A lesão de entrada depende muito da estabilidade com que o projétil entrou 
no corpo, pois se bater de ponta, o buraco de entrada vai ser menor, se 
bater de lado, vai entrar com um buraco maior. Mas o que entrou de ponta, 
entra mais do que o que entrou desestabilizado. 
Soma-se a isso a densidade do órgão, um menor (pulmão) vai deixar a bala 
passar com mais facilidade que um órgão de alta densidade (fígado). 
O projétil quando sai do cano não vem perfeitamente reto, mas vem fazendo 
pequenos círculos (“com formato de nuvem”), do mesmo jeito que um peão 
rodando que vai perdendo velocidade. Quanto maior a velocidade, menor é o 
movimento lateral. 
O grande movimento é chamado de movimento de precessão. 
Os pequenos movimentos, círculos internos, movimento de nutação. 
Dai quanto maior a velocidade do movimento de rotação, maior a 
estabilidade, porque menor a precessão e a nutação, dai é maior a 
penetração, com uma lesão menor, de ponta. 
Quanto menor o movimento de rotação, a nutação e a precessão aumentam, 
aumenta a dificuldade cresce, dai a transferência de energia aumenta, dai a 
extensão da lesão é maior. 
O movimento do ponto A ao ponto B, chama-se de movimento de 
translação. 
Cano liso não tem rotação, e se tiver, é ao acaso. Armas de cano liso são 
feitas para tiro de curto alcance, como as espingardas, que tem cano longo e 
liso. Escopeta é espingarda em castelhano. 
Essas armas disparam um tipo especial de cartucho. Até agora estudamos 
cartuchos de projeteis únicos. Mas existem cartuchos que não tem só um 
projétil, mas varias bolinhas de chumbo, chamadas de balim, e encher o 
cartucho. Como os balins não são compactos, a bala leva um bucha que não 
deixa que o gás passe pelos balins. Por cima, para não deixar os balins 
caírem, coloca outra bucha. 
Esse é o cartucho de projeteis múltiplos. A bucha também sai, na frente e 
atrás. 
Não precisa da raia porque não vai haver o contato do balim com o cano. 
As buchas caem rápido, mas os balins seguem e começam a se afastar, se 
espalhar. Quanto mais longe, menos balins penetram. E como a massa é 
pequena, tem pouca capacidade de penetração. Assim, a grandes distâncias, 
ela não é muito efetiva contra grandes animais, como o homem. 
Quanto menor o balim, cabem mais balins estojo, a depender do objetivo. O 
cartucho é para a espingarda, a depender do calibre (.12, por exemplo), 
mas o número de balins pode variar. 
Pode se colocar um projétil só também, bem grande, chamado de balote. 
Esse balote tem as ranhuras nas laterais, já que a arma tem cano liso. Mas 
como o projétil é raiado, ele tem movimento de rotação, dado pelas raias. 
Se calcula o calibre de uma espingarda não pelo balim, mas sim de acordo 
com o diâmetro do cano. Você faz uma esfera de chumbo do diâmetro do 
cano, pesa ela e vê quantas são necessárias para pesar uma libra. Na 12 
você precisa de 12 esferas pra completar uma libra. Quanto maior o valor 
numérico do calibre aumenta, o tamanho da esfera (e, por conseguinte o 
diâmetro do cano) diminui. 
A bucha normalmente é de papelão. Mas pode ser uma bucha pneumática, 
que é como se fosse um copo cheio de balins que é disparado junto com os 
balins, que no ar abre suas aletas laterais. Dai, durante alguns metros, os 
balins são mantidos dentro da bucha, que só após abre como se fosse pára-
quedas. Isso faz com que as balas fiquem juntas mais tempo e mais longo. 
Quanto mais curto o cano, maior é a dispersão dos balins. 
Com a bucha pneumática, a dispersão dos balins só vai ocorrer após uma 
determinada distancia do cano. 
A espingarda pode ter um “choque” na ponta do cano, que serve para 
diminuir a dispersão dos balins. 
Assim, não é só porque os balins entraram juntos no corpo que o tiro foi de 
perto. Temos que avaliar a bucha utilizada, o tamanho do cano, bem como a 
existência do cano. 
Em projeteis únicos, o calibre pode ser medido em centésimo de polegadas 
(USA - .38), em milésimo de polegadas (UK - .380) e em milímetros (ALE – 
7.62mm, 5,56mm). Isso gera muita confusão. 
Na proporção que o calibre aumenta aqui, o diâmetro aumenta, ao contrário 
da espingarda, que quanto maior, menor o calibre. 
O calibre também pode ser real, que é quando se mede a boca da arma. O 
calibre da caixa de munição é o nominal. 
O projétil ao passar pelo cano com raias ganha estrais. Cada arma tem um 
número de raias, para direita ou para a esquerda. 
Todos os projéteis que saem de determinada arma tem o mesmo número de 
estrias e para o mesmo lado. 
Mas cada arma, mesmo que iguais, vem com defeitos microscópicos, que 
fazem com que seja possível identificar de qual arma o tiro saiu. 
Assim, se batiza de estrias primárias, as feitas pela arma, e secundárias, as 
feitas pelos defeitos. 
Existem ainda as estrias terciárias, que são as estrias provocas pelo uso da 
arma, de acordo com o desgaste da arma. Essas podem ser alteradas com o 
uso e a idade da arma. 
Há armas que o cano são escamoteáveis, ou seja, podem ser substituídos. O 
lance é que a identidade tem a ver com o cano e não com a arma. Se mudar 
o cano, não dá para identificar mais, confundindo a perícia. 
Mas ai tem outro recurso. Cada pino de percussor, que bate na espoleta, 
tem sua marca própria também. Assim, se a policia encontrar o estojo 
deflagrado e a arma, mesmo com o cano trocado, pode se comparar essa 
marca do percussor nos estojos. 
Outra coisa é verificar a localização dos estojos, que se estiverem um perto 
do outro, o cara tava atirando parado. Se tiverem separados, o cara tava em 
movimento. 
Esse foi o estudo de balística, estudo do deslocamento do projétil. Se for 
dentro da arma, balística interna, se do lado de fora, externa. Se for dentro 
do alvo, balística terminal. 
O projétil é um agente pérfuro-contundente. 
Se é um projétil de guerra, o objetivo é transfixar, pois saída, ele tem 
potencialidade de atingir outro alvo. O tiro policial não tem objetivo de 
transfixar, pois tem alvo definido, eis que só pode atirar em legítima defesa 
própria ou de terceiro. Por isso a policia deve usar projeteis de ponta romba 
e de chumbo mole, não revestidos por metal. 
Isso tudo dificulta a penetração. Na hora que o projétil bater no alvo, ele se 
deforma, parecendo um cogumelo, tendo muita dificuldade continuar 
atravessando o alvo, dispersando toda sua energia. Seu stopping power é 
maior. É normal também se fazer um orifício na ponta do projétil, com o 
objetivo de criar um ponto fraco, facilitando a deformação. O nome dessa 
cavidade é hollowpoint. “Isso é só uma curiosidade”, velho filho da puta. 
Outra curiosidade... 
Tiro pro alto: tem menos lesividade que o tiro direto, porque tem muita 
resistência do ar. A tese que a velocidade do tiro pro alto é igual na subida e 
descida só funciona no vácuo. Quando ela desce na atmosfera, tem menos 
potencialidade lesiva. Se tiver trajetória de parábola, ela continua tendo 
muita potencialidade lesiva. 
E mais uma... 
Dizem que a bala queima, mas não é verdade. Na boca da arma, há uma 
língua de fogo. Mas a variação térmica do projétil é muito pequena. O 
projétil entra cheio de bactéria, devendo-se tomar antibiótico. 
Agora,pra fechar. 
Há possibilidade de entoxicação pelo chumbo. Assim, deve-se retirar o 
projétil do corpo. Mas se ele estiver em um lugar que não esteja em contato 
com nada, o organismo vai envolve-lo e ele vai ficar isolado. O problema é 
quando ele fica na articulação e não é retirado. O líquido da articulação 
ataca o chumbo, que se dissemina pelo organismo e pode entoxicar. 
 
Aula 4 
Lesões por instrumentos pérfuro-contundentes – PAF – Lesões de entrada 
 
A função do projétil é perfurar, mas com calibre alto e ponta rombuda, ele 
além de perfurar, contunde. 
O mecanismo de lesão da PAF é a pressão que exerce sobre a superfície. O 
grau de contusão é maior ou menor de acordo com a ponta do projétil. 
Trajeto é diferente de trajetória. O primeiro é o percurso que o PAF faz 
dentro do alvo. Trajetória é o percurso que o PAF da boca da arma até o 
alvo. 
A epiderme é destruída no ponto de contato do PAF, pois é mais rígida. A 
derme, que é mais elástica, ela sofre uma envaginação, e o projétil tenta 
atravessar, como se fosse um dedo de luva. O PAF vem sujo de diversas 
coisas, ele ao passar na derme, praticamente se limpa desses resíduos. A 
derme, após o PAF passar, volta ao seu tamanho normal. Por isso o orifício 
de entrada é menor que o calibre da arma. 
Por isso o desenho ficaria com a epiderme com um buraco maior, a derme 
com um buraco um pouco menor e suja desses resíduos, desse sarro. Essa 
cabine12
Highlight
parede suja leva o nome de orla de enxugo,(ou orla de resíduos). Como 
escoriação é o arrancamento da epiderme com exposição da derme, essa 
área limítrofe, chama-se também de orla de escoriação, que fica por fora 
da orla de enxugo. 
Quando aparecerem esses indícios, há evidência de lesão por PAF. 
O conjunto dessas duas orlas, a doutrina chama de anel de fisch. 
Quando o PAF passa, os vasos da derme sangram e o tecido gorduroso fica 
sujo de sangue. Dai forma-se uma orla de equimose, em volta da orla de 
escoriação. 
Essas características são de disparos feitos à distância. 
Agora veremos a incidência do tiro. 
Se o PAF atinge a pele a 90º, ele vai lesionar a pele de uma maneira 
uniforme por todos os lados. A orla de escoriação terá uma forma 
concêntrica. Isso não quer dizer que eles estejam frente a frente, o que 
importa é o ângulo de incidência do tiro. 
Se o angulo de incidência é oblíquo, quando o PAF bater no corpo, o atrito 
dele com a parte mais próxima da pele vai ser maior, dai nesse lado vai 
haver mais detritos e escoriações. A orla de escoriação não será concêntrica, 
terá formato de uma meia lua crescente. 
A orla de escoriação vai ser importante para saber de onde veio o projétil. 
Quanto mais espessa a orla de escoriação em relação ao outro lado, maior 
será o ângulo de entrada. 
No momento do disparo, o PAF parte, mas atrás dele fica a nuvem de gás 
proveniente da pólvora. O gás se espalha em forma de cone, conhecido 
como cone de dispersão. 
A primeira camada seriam os gases superaquecidos, que são como uma 
língua de fogo, que pode até denunciar a sua localização. Por isso algumas 
armas tem um supressor de luminosidade. 
Um pouco mais adiante, esse gás já não chega mais, mas a pólvora que 
virou fumaça chega em forma de pequenos grãos, mas como são muito 
pequenos, são logo detidos pelo ar. Não alcançam uma distancia maior. 
Mas grãos de pólvora que não queimou tem uma massa maior, que vão um 
pouco mais longe. 
O PAF faz atrito com o cano, dai saem pequenos pedaços do cano, do 
projétil e da mistura iniciadora da espoleta. 
Quando encontramos uma lesão provocada exclusivamente pelo PAF, sem os 
elementos do cone de dispersão, temos o tiro à distancia. Mas os elementos 
do cone tem que naturalmente não ter alcançado. Porque se o autor usou 
um travesseiro, casaco, etc. Entre a arma e a vítima, esse anteparo pode ser 
usado como um filtro. Assim, tem-se a impressão que ele foi feito à 
distância, mas foi feito à curta distância. 
As vezes esse anteparo gera resíduos, como um vidro ou madeira. Assim, 
tem que saber que tipo de resíduo está engastado em volta do ferimento. 
Tiro à curta distância ou à queima roupa é aquele que, além do dano do 
projétil, tem também as alterações provocadas pelos elementos 
constituintes do cone de dispersão. 
O nome é “à queima roupa” porque a pólvora de fato pode vir a queimar a 
roupa, principalmente a pólvora antiga, pólvora negra. Hoje a pólvora 
produz muito menos fumaça, por isso chamam de pólvora branca, em 
oposição à negra. 
De acordo com os elementos do cone que alcançam a pele, podemos saber a 
distância do tiro. P. Ex.: se houver a queimadura, é porque o tiro foi dado de 
muito perto. 
Se houver uma fumaça no ferimento, se você limpar a fumaça vai ver as 
pequenas partículas presas na pele. 
O tiro de muito perto deixa a queimadura, que é chamada de orla de 
queimadura ou orla de chamuscamento. 
Esse esfumaçamento que fica em volta também é chamado de orla de 
esfumaçamento ou orla de tisnado (que significa sujo). 
Aquelas granulações abaixo da orla de esfumaçamento ficam na derme, 
fazendo uma verdadeira tatuagem, por isso são chamados de orla de 
tatuagem. 
Uma vez que o cone vai abrindo, tem-se maior distância da boca do cano. 
Você pode medir o tamanho dessas orlas, e, fazendo experiências em 
laboratório, você pode saber a distância em que o tiro foi disparado. 
Quanto mais pólvora tiver, mais longe vai o cone. O cone não costuma 
passar de 70 centímetros. Dai, se não fizerem os testes, só da pra afirmar 
que foi há menos de 1 metro. 
Tiro a curta distância com incidência oblíqua: 
Não se olvide que a área mais afastada do ângulo menor escoria menos. Só 
que no tiro à curta distância, além da orla de fisch, o material pulverolento 
que sair da boca da arma vai se espalhar em área mais extensa para o lado 
oposto do ângulo pequeno, ficando com menor intensidade de pólvora 
menor, e será menor a área e mais concentrada a pólvora no ângulo que 
vier a bala. É o oposto da orla de escoriação que é maior na ângulo que vier 
a bala. 
O lance é que se o ângulo for muito pequeno, essa área de resíduos pode 
parecer maior no lado em que a bala for disparada. 
Pode haver lesão de entrada sem enxugo, desde que haja um anteparo 
antes que filtre, limpe a bala. Assim, se tiver enxugo, é lesão de 
entrada. Se não tiver enxugo, não quer dizer que não é lesão de 
entrada. Pode ocorrer inclusive que um mesmo PAF entre duas vezes no 
mesmo corpo. Na segunda entrada não vai haver orla de enxugo porque o 
PAF foi limpo na primeira entrada. O enxugo quando presente, garante a 
primeira entrada, isso é certo. 
Tiro com o cano encostado sem osso embaixo: 
Se a boca esta apoiada na pele, todo o material que sai da boca da arma, 
não tem pra onde se expandir, dai todo ele vai entrar na pele. Dai vai haver 
a orla de fisch com uma orla de queimadura. Não vai haver orla de 
esfumaçamento ou de tatuagem, porque tudo entrou na pele. O tiro com 
cano encostado não tem material pulverolento por fora, está tudo por 
dentro. A pele, por se muito elástica, num exame de microscópio, as bordas 
dessa lesão tem fissuras, que estão querendo romper, que só não se 
rompem porque a pele é elástica. 
Essas fissuras na pele podem aparecer também em disparos a distância 
quando a bala vem com muita forca. 
Disparo com o cano encostado com osso embaixo: 
A bala passa direto pelo osso, mas quando os gases vêm, eles batem no 
osso e voltam, mas voltam com uma pressão muito grande e o buraco de 
entrada que seria proporcional ao calibre do projétil, faz um buraco muito 
grande. Mas o que faz esse buraco são os gases. É o fenômeno da casca da 
banana. A parte de dentro vira pra fora como se fosse casca de banana. Um 
perito chamado Hoffmann, chamouessa lesão em boca de mina, porque 
parecia uma boca de mina de carvão, porque ela fica toda preta em volta. 
Também chamou de lesão em câmara de mina. 
O buraco de entrada nesse caso é muito maior que a lesão de saída. 
Quando a bala transfixa o crânio, no buraco de entrada, ele fica sujo de 
pólvora, já que os gases entraram junto do crânio. Esse resíduo de pólvora 
no osso do crânio, chama-se sinal de Benassi, normalmente, em baixo da 
câmara de mina de Hoffmann, temos um sinal de Benassi. 
Só que o osso do crânio é duplo, entre as duas camadas do osso, tem uma 
membrana, que fica cheio de pedaços de osso. E essa bala quando bate no 
osso, ela fica desestabilizada, dai o buraco na parte de dentro do osso do 
crânio é maior do que a de fora, como se fosse a metade de um cone, que 
leva o nome de tronco de cone, em ângulo divergente, crescente, em bisel. 
Esse aspecto de funil leva o nome de sinal de Bonnet. 
Na saída, o sinal de Bonnet fica invertido, menor na parte de dentro e maior 
perto da saída. 
O sinal de Benassi indica que foi encostado o tiro, o sinal de Bonnet tem em 
qualquer entrada e saída de bala na cabeça. 
As vezes, no local em que o tiro foi dado, a boca da arma fica desenhada no 
local onde foi disparado o tiro, indicando que aquele é o buraco de entrada. 
Esse desenho também indica que não há osso por baixo, porque senão 
haveria uma boca de mina de Hoffmann. A esse desenho da arma na pele, 
dá-se o nome de sinal de Puppe-Werkgartner. 
É possível que haja um tiro com o cano encostado e com pólvora por fora, 
desde que haja algum dispositivo que disperse o gás proveniente do cano da 
arma antes do final da boca. Assim, nesses casos há a lesão de entrada e 
queimadura por pólvora em cima do cano. 
Se a arma não tiver encostada com firmeza, pode ser também que ela recue 
um pouco e não entre tudo, ficando queimado em volta da entrada. 
Lesão de saída: 
Quando a bala sai, ele começa empurrando a derme, que é mais elástica, 
que, por sua vez, empurra a epiderme. Dai a bala sai. Quando ela sai, a 
derme e epiderme voltam para posição normal. Só que nesse caso não há a 
orla de escoriação. Também não há orla de enxugo, porque os resíduos já 
ficaram pelo corpo. 
Assim, podemos dizer que a lesão de saída é, normalmente, maior que a 
lesão de entrada, normalmente, não tem escoriação e nem enxugo. A 
irregularidade da saída, dependerá da estabilidade do PAF. As vezes as 
lesões de saída são tão atípicas que não se consegue saber se elas são 
lesões de saída. 
O mesmo acontece com a lesão de entrada, se elas forem atípicas. Dai o 
perito tem que ficar ligado no trajeto, já que não dá pra saber pela entrada 
ou saída. Ele deverá olhar lascas de osso, por exemplo. 
O lance é que a vítima esta deitada, encostada no muro, com uma carteira, 
o PAF não vai sair normalmente, dificultando a saída. Dai a derme empurra a 
epiderme até o anteparo onde o PAF sairia, ai a derme se atrita com o 
anteparo, nisso, a derme não tem como esticar, dai a derme não vai, dai o 
atrito da epiderme com o anteparo faz com que eu veja uma orla de 
escoriação na saída do projétil. 
Orla de escoriação normalmente não tem na saída, mas nesses casos de 
anteparo, a saída terá também a tal orla. 
 
 
Trajeto: 
Trajeto é o percurso que a bala corre dentro do corpo humano. 
Avalia-se dentro do corpo a densidade do tecido que o PAF atingiu. Se 
atingir um osso, por exemplo, ele vai liberar mais energia do que se 
atingisse o pulmão. Neste ela passa com facilidade, despendendo menos 
energia pra atravessar. A lesão do pulmão tem menos “exuberância” do que 
uma igual no fígado, por exemplo. 
Densidade = massa/volume (do órgão) 
Quanto mais macio, menor duro, mais elástico, menos denso, e vice-versa. 
Túnel permanente e cavidades temporárias: 
Túnel permanente é quando a PAF passa e deixa um rastro, mesmo após a 
morte eu posso saber qual foi o trajeto do PAF, em um tiro transfixante. 
Quando o PAF vem, ele vem com uma velocidade, que pode de alta ou baixa 
velocidade. Se ele é de alta velocidade, tem mais energia. 
O projétil entra nos tecidos como se fosse uma lancha na água empurrando 
a água ao passar, quanto maior a velocidade, mais ele vai empurrar os 
tecidos pro lado. 
O PAF de alta velocidade, além de fazer o túnel permanente, ele ao passar 
pelo corpo, ele pode gerar lesões pela onda de pressão produzida por sua 
passagem. De acordo com a resistência maior menor dos tecidos, teremos 
lesões maiores ou menores. 
Nisso que o PAF vai passando, forma-se uma cavidade, que só existe 
enquanto o projétil ta passando, que, por isso, é chamada de cavidade 
temporária. Essa lesão paralela vai depender dos tecidos pelos quais ela 
vai passar. Depois que ele passa, a cavidade temporária tende a voltar ao 
normal. 
O PAF quando entra no corpo se desestabiliza, não tendo uma trajetória 
retilínea, em regra. No túnel permanente ele fica em pé, vai virando, etc. No 
que ele fica em pé, ele libera mais energia. Nisso, a cavidade temporária fica 
maior. Ao longo da trajetória, o PAF vai virando cambalhota e assim vai 
formando cavidades diferente. Além disso, a densidade do órgão que a bala 
atravessar também vai interferir. 
No PAF de baixa velocidade, a onda de pressão deles é muito pequenas, dai 
não tem força suficiente pra gerar grandes lesões de cavidade temporária. 
Não é que não tenha cavidade temporária, o lance é que elas são fracas. 
PAF de ponta fina passam mais facilmente, liberam menos energia, fazem 
cavidades temporárias menores. Quanto mais grossa a ponta, maior a 
cavidade temporária. PAF blindado não se deforma, causa menos cavidade 
temporária. 
O trajeto é muito importante para você entender a incidência do disparo. 
Você parte do pressuposto que o PAF seguiu uma trajetória retilínea. Mas ele 
pode bater num osso e mudar o ângulo de incidência, por exemplo, dai ele 
serve pra ter uma idéia. 
Experiência com blocos de gelatina: 
Quem vê mythbusters, pode avançar o tape... 
Quanto mais deformável for o PAF, mais cavidade temporária ele faz. 
Lesões por arma de fogo de disparo de cartuchos múltiplos: 
O número de projéteis dependerá do número de balins que haja dentro do 
estojo. 
A ferida aqui dependerá da distância do alvo. 
Aqui, você não vê uma ferida, mas um conjunto de feridas. A esse conjunto 
de lesões dá-se o nome de rosa de tiro de Cevidalli. 
Quanto maior o diâmetro da rosa, nas mesmas condições, o tiro foi menos 
concentrado, mostrando que o tiro foi dado de mais longe. 
Mas não pode se olvidar do choque, que serve para retardar a dispersão 
dos balins. Dai isso pode fazer com que varie o diâmetro mesmo que na 
mesma distância. O cano serrado, ao contrario, permite a dispersão mais 
precoce dos balins. Há a possibilidade da bucha pneumática, que retardam 
a dispersão também, já que esse copinho só se abre com s balins dentro 
depois de estar do lado de fora do cano. 
O perito não pode se basear exclusivamente na rosa de tiro de Cevidalli, já 
que existem variações. Ele tem que conhecer a armar e o projétil. 
As vezes dentro da pele você encontra a bucha pneumática. Bem como as 
vezes do lado do buraco você vê escoriações das aletas da bucha, como no 
sinal de Puppe-Werkgartner, indicando que a bucha deve estar de baixo da 
pele. 
É muito importante analisar as vestes da vítima, pois elas podem ser 
capazes de filtrar os elementos do cone de dispersão. As vezes a bala passa 
pelas vestes e leva um pedaço pra dentro do corpo. 
Residuografia é o estudo dos gases expelidos pela arma. É possível que a 
mão com resíduos da pólvora. Pode estar na mão da vítima, desde que ele 
tenha tentado segurar a arma. 
Já não se aceita mais a pesquisa de nitritos e de nitratos para identificar a 
presença depólvora, porque muitos outros produtos tem essas substâncias. 
O que se busca hoje são micro partículas de metal, principalmente presentes 
na cápsula de espoletamento, que podem ser metais variados, mas se 
estiverem em quantidades compatíveis com a quantidade da cápsula, podem 
indicar a autoria. 
 
AULA 5 
 
Respiração orgânica e respiração celular 
Lesões e mortes causadas por asfixia 
Conceito de asfixias – mecânicas 
 
Chama-se asfixiologia forense. Asfixia significa falta de pulso e não falta de 
ar. 
Quimicamente, só dizemos que há asfixia em nível celular se houver falta de 
oxigênio – hipoxia – e excesso de gás carbônico - hipercapnia ou 
hipercarbia. Só um dos dois não é asfixia, deve haver a combinação dos 
dois. 
Para morrer, não é preciso que haja anoxia, que é a ausência de oxigênio, 
mas só a hipoxia, dês que em níveis muito baixos. 
Estudaremos a asfixia mecânica, que é tratada como uma energia 
vulnerante físico-quimica, porque age-se inicialmente através de um 
agente físico, mecânico, e, ao final, provoca uma alteração química no 
organismo. 
Sufocação direta pode ser a obstrução dos orifícios respiratórios. Se 
eu usar toalhas, a sufocação não vai deixar vestígios, se eu usar as mãos, 
provavelmente, vão ficar marcas dos dedos e das unhas na pele. 
Outra forma de sufocação direta pode se dar pela obstrução das vias 
aéreas superiores, que é a obstrução por balas, brinquedos, comida, etc., 
das vias respiratórias. O que acontecia com a bala Soft. 
Nos dois casos, o problema é exclusivamente respiratório. 
Outras vezes o problema é de sufocação indireta. Essa se dá quando 
alguém coloca um peso em cima do tórax, por exemplo. Se ela for 
comprimida de um modo que não consiga respirar, em 3 a 5 minutos ela 
morre. O nome que se dá a essa forma de sufocação indireta é compressão 
torácica ou do tórax. 
Quando você observa a cabeça da pessoa que estava com compressão do 
cabine12
Highlight
tórax, você percebe que começa a aparecer um pontilhado hemorrágico. 
Esse pontilhado diz que há uma compressão, mas que não esta comprimindo 
completamente, mas só o suficiente para que o tórax não se expanda. Dai o 
sangue começa a acumular na cabeça, depois a extravasar graças a pressão 
de forma progressiva. 
Depois de um tempo parece que o cara está com uma mascara arroxeada. A 
essa máscara se dá o nome de máscara de Morestin. 
Essa máscara diz que um peso comprimiu o tórax de forma que o coração 
não conseguisse receber todo o sangue de volta, deixando o sangue se 
acumular nos vasos que deveriam levar o sangue de volta ao coração. 
A intensidade da máscara de Morestin diz pro perito quanto tempo o cara 
ficou com o peso no peito. 
Outra forma de asfixia indireta é a crucificação. Como o cara ta preso na 
cruz, o peso começa a forçar o corpo pra baixo, forçando a musculatura 
respiratória, deixando ela exausta. Dai, aos poucos, ele ia se asfixiando. 
Em se tratando de asfixia, não há sinais gerais que identifiquem-na – 
patognomônico. 
Petéquias são pequenas marcas de sangue, como mordidas de mosquito ou 
pulga. Uma petéquias um pouco maior leva o nome de mancha de 
Tardieu. O Tardieu quando via essas manchas tinha certeza que o cara 
morreu por sufocação. Mas isso já foi superado. 
Essas duas manchas indicam que na hora que ocorre um asfixia ou morte 
rápida, o sangue se acumula nos vasos, esses se dilatam, dai o sangue 
começa a extravasar, dando azo às petéquias ou manchas de Tardieu. 
Um lugar que as petéquias são bem notáveis é o globo ocular na parte 
esclerótica do olho, ou parte branca, que se chamam de petéquias 
subconjutivais. Esse é um sinal sugestivo, e não afirmativo, de asfixia. 
Asfixia por modificação do meio ambiente respirável: 
Aterramento, soterramento, confinamento são modificações qualitativas e 
quantitativas do ar que respiramos. 
Até 6% de oxigênio em nível celular, o ser humano suporta. Abaixo disso o 
cérebro começa a reclamar, tonteira, desmaio, visão turva, etc. 
Se você trocar o ambiente respirável por líquido teremos afogamento. 
Se você trocar o ambiente respirável por sólido em pó, sólido pulverolento, 
granuloso, há soterramento. 
Se você substituir o ambiente respirável por gases irrespiráveis ou não 
tóxicos, haverá confinamento. Se for gás tóxico, termos envenenamento 
ou entoxicação. É o caso do CO2, por exemplo. 
Afogamento 
 É possível o afogamento sem que o corpo esteja completamente submerso, 
desde que a boca e o nariz estejam. 
O afogamento pode ser com água doce ou salgada. Na prática, não faz 
diferença de qual o modo. 
A água salgada é mais concentrada de partículas do que a água doce. O 
sangue é menos concentrado do que a água salgada e mas concentrado do 
que a água doce. 
No momento é que há afogamento em água doce, como o sangue é mais 
concentrado, o glóbulo vermelho começa a receber muita água a ponto de 
estourar. No que ele estoura ele libera potássio (K) que é tóxico para os 
músculos do coração, ocorrendo o fenômeno da fibrilação ventricular, que é 
uma alteração do ritmo cardíaco. Assim, o coração não consegue bombear o 
sangue. 
Na água salgada, acontece o contrário, o sangue sai das hemácias, ficando 
ela murcha. 
Voltando à água doce, quando ela entra no alvéolo, faz osmose com a água 
do sangue, como essa é mais concentrada, ela puxa a água do alvéolo 
enchendo. (O afogamento em água doce leva em média 4 a 7 minutos). No 
afogamento em água doce o sangue fica mais diluído, menos concentrado, 
menos denso. 
O sangue sai do pulmão e vai para o átrio direito, descendo para o ventrículo 
direito, circulando o corpo e voltando para o coração, só que agora no átrio 
esquerdo, indo para o ventrículo esquerdo, voltando para o pulmão e 
recomeçando o ciclo. 
Assim, no afogamento por água doce, o sangue no átrio direito (primeiro) 
esta mais diluído, menos concentrado, do que no átrio esquerdo. Isso 
porque muita água entrou no pulmão. Assim analisando a densidade do 
sangue dos átrios ou ventrículos direitos e esquerdos, posso saber se foi 
com água doce se a densidade do lado esquerdo for menor do que a do lado 
direito. 
Em se tratando de água salgada, o raciocínio é invertido, o sangue perde 
água pro alvéolo. Assim, no exame cadavérico, vê-se a grande presença de 
líquido no pulmão, ocorrendo o fenômeno do edema de pulmão. É tão 
grande a quantidade de líquido que ele começa a voltar para a boca e 
narina, ocorrendo o fenômeno do cogumelo de espuma. 
Assim, o sangue fica mais concentrado no átrio esquerdo do que no átrio 
direito. 
Se a densidade dos átrios é idêntica, o boneco não morreu afogado, 
podendo ter sido jogado no mar/rio depois. 
Um tal de Carrara percebeu um fenômeno interessante. Quando você 
coloca sal na água, a temperatura de congelamento cai. Quanto mais sal 
você coloca, mais baixo fica o ponto de congelamento. Assim, você pode 
estudar o ponto de congelamento dos sangues dos átrios esquerdo e direito 
para ver qual estava com mais sal e, por conseguinte, saber se morreu em 
água doce ou salgada. 
Afogado Branco de Parrot: necropsia branca, pericia branca, morte 
branca. Toda vez que você procura algo e não acha nada como causa da 
morte, você fala de pericia branca. A causa da morte é indeterminada. 
Dai, para solucionar isso, alguns caras vieram com a tese de que quando 
alguém pula numa água muito fria, haveria o choque térmico, ocasionando o 
grande refluxo de sangue pro coração repentinamente de modo que o 
coração não agüente. Poderia ocorrer também que a pessoa engoliu 
pequenas quantidades de água na laringe ocasionando os espasmos da 
glote, fechando a passagem de ar. Nesses dois casos a pessoa morre dentro 
d’água sem água nos pulmões. 
Portanto, o afogado brancode Parrot, na verdade não é afogado, ele morreu 
por problemas neurológicos, reflexos, sem deixar qualquer vestígios, mas 
dentro d’água. 
Outro modo de saber se a pessoa morreu afogada, é analisando se uma 
algas microscópicas, chamadas diatomáceas, entraram na corrente 
sanguínea, sendo espalhadas pelo corpo todo. 
Assim, as vezes o cara morre dentro d’água e os peixes comeram tudo, dai 
não dá para saber o que aconteceu. Dai se analisam os ossos para ver se ele 
tem algas diatomáceas na medula óssea, se tiver é porque ele aspirou água 
com algas, que foram parar dentro dos ossos. 
De acordo com as algas encontradas dentro dos ossos, da pra saber mais ou 
menos o local em que ocara morreu, porque essas algas são diferentes de 
região para região. Assim, mesmo que o cara tenho sido levado pela 
correnteza, da pra saber aonde ele morreu, pelo menos mais ou menos. Isso 
só no CSI Miami. 
Agora vamos estudar as lesões post mortem e intra vitam. 
Há 5 fases de afogamento, a primeira fase, ela se agita, luta contra o 
afogamento. Na 2ª fase ela faz uma apnéia voluntaria, segurando o ar. Só 
que como o gás carbônico vai aumentando dentro do sangue, esse excesso 
vai estimulando o bulbo, que faz a pessoa respirar, ai entramos da terceira 
fase, que é a hipernéia involuntária. O que mata o cara em baixo d’água 
não é a falta de oxigênio, é o excesso de gás carbônico. A seguir o cara 
entra em coma asfíxico – 4ª fase, morrendo em seguida, 5ª fase. 
Quando você olha um pulmão de um afogado, a água rompe os alvéolos, 
causando uma equimose. Assim, teremos as petéquias, pequenas, as 
manchas de Tardieu, um pouco maiores, e agora sim, exclusiva do 
afogamento, as manchas de Paltauf, que são ainda maiores que as de 
Tardieu. 
Não há afogado sem mancha de Paultauf. 
Soterramento 
Há soterramento no sentido estrito e amplo. No amplo é aquele caso você 
encontra o cara literalmente em baixa da terra, mas pode ser que ele não 
tenha resíduos nas vias aéreas. Se ele estiver com resíduos nas vias aéreas, 
há o soterramento em sentido estrito. 
O material só entra no pulmão se o cara foi soterrado vivo. 
Confinamento 
O individuo fica preso num ambiente que não permite a renovação com o ar 
atmosférico. Por exemplo, o caso do submarino russo Kursk. 
No que a quantidade de CO2 aumenta no ambiente e cai o O2, o corpo 
apresenta um quadro de hipertermia, aumenta a temperatura do corpo. 
Assim o cara sua muito, evaporando esse suor, o ambiente fica úmido, por 
conta disso, o suor começa a demorar mais pra evaporar. Assim, se 
tivermos um quadro de suor, umidade, hipoxia e hipercapnia, esse cara 
morreu por confinamento em ambiente fechado. 
Mas existe confinamento em ambiente aberto, como em fossos que são 
estreitos e fundos. Assim, como o ar não circula lá em baixo, pode ser que a 
concentração de oxigênio lá chegue a 5%. Assim, após algum tempo a 
pessoa pode desfalecer. Ai lá no fundo tem um palmo de água, mas como o 
cara desfaleceu, ele se afoga em um palmo de água. 
Asfixias por constrição do pescoço 
São asfixias mecânicas. 
No momento em que o pescoço é apertado, nós podemos ter problemas em 
nível circulatório, arterial ou venoso; podemos ter problemas ainda na área 
neurológica, como no nervo vago que passa pelo pescoço, como também no 
seio carotídeo. Podemos ter ainda problemas respiratórios, na traquéia, 
laringe e no osso hióide. Podemos ter também problemas raquemedulares, 
quando a constrição afetar a coluna vertebral. O mais raro é o 
raquemedular. O mais comum é o problema circulatório, como no mata leão. 
As vezes, a pessoa para separar um briga, pega no pescoço da outra e 
estimula o nervo vago, que é quem manda o coração bater. Dai da uma 
sobrecarga nele e, em pessoas com predisposição, pode gerar uma parada 
cardíaca, mesmo sem querer, matando a pessoa. 
Bradicardia – oposto da taquicardia, ou seja, poucos batimentos do 
coração. 
Asfixia mecânica do pescoço com as mãos é chamada de esganadura. 
Encontram-se marcas de dedos e de unhas no pescoço. Estigamas 
unguiais marca de unha, estigmas digitais, marca de dedos. 
Asfixia mecânica por meio de laço leva o nome de estrangulamento ou 
enforcamento. 
A diferença é que se a força que apertar o laço for o peso do corpo, termos 
enforcamento. Se qualquer outra força que não seja o corpo da vítima 
apertar o pescoço, termos estrangulamento. 
Há sinais especiais no enforcamento e estrangulamento. 
A marca deixada pela corda chama-se de sulco, analisando o sulco, podemos 
saber qual foi o tipo de asfixia. 
Quanto menor a superfície, o calibre da corda, precisaremos de menos força, 
fazendo um sulco bem visível. Se usarmos um medidor de pressão, não 
haverá nenhuma marca. Corda de sisal arranha o pescoço. O sulco vai 
depender do material utilizado, as vezes fica até um decalque do 
instrumento utilizado, como os elos de uma corrente. 
Quando o sulco aparece, eu posso saber se foi enforcamento ou 
estrangulamento. 
Se ele tava pendurado, o sulco vai ser obliquo, ascendente e vai apertar 
mais de um lado do que do outro, tendo profundidade variada. 
Diferentemente do estrangulamento, em que o sulco é horizontal, a 
profundidade do sulco é mais uniforme e ele é contínuo. 
 No enforcamento, normalmente o sulco é alto, acima da laringe, acima do 
osso hióideo. No estrangulamento o sulco costuma ser baixo. 
Só que esses indícios são apenas sugestões, porque nada impede que a 
vítima estivesse ajoelhada e o agressor mais alto. Assim, seria um 
estrangulamento com indícios de enforcamento. Principalmente se depois da 
morte, o agressor pendurasse a vítima pelo pescoço. A posição e a forma do 
sulco são apenas sugestivos, não são patognomônicos, afirmativos. 
Enforcamento completo é aquele que não tem nenhuma parte do corpo no 
chão. O incompleto é aquele que a vítima tem alguma coisa apoiada no 
chão. 
Isso porque só o peso da cabeça já é suficiente para enforcar. 
O perito não diz se foi suicídio, homicídio ou acidente, ele só diz que foi 
enforcamento. 
Se o nó esta na parte de trás, posterior do pescoço, chamamos de 
enforcamento típico. Se o no esta em qualquer outra parte do pescoço, 
chamamos de atípico. 
A parte que aperta o pescoço chama-se alça, que é sustentada pelo nó. Esse 
nó pode ser fixo ou corrediço. Normalmente quando ele é corrediço, ele 
encosta no corpo, quando é fixo ele normalmente não encosta no pescoço. 
Assim, se ele aparece, provavelmente teremos um nó corrediço. 
A alça pode passar mais de uma vez ao redor do pescoço, criando sulcos 
múltiplos ou simples. 
Na hora que o pescoço começa a ser apertado, o organismo entra em vaso 
dilatação, dai esses vasos podem se romper, principalmente no olho, 
chamada subconjuntival. 
Quando há enforcamento, há um estiramento do pescoço por conta do peso 
do corpo. 
A artéria carótida do pescoço, tem três divisões, interna, externa e média, 
chamada túnicas interna, média, etc. Quando o pescoço é esticado no 
enforcamento, vasos sanguíneos da carótida se rompem, causando uma 
equimose na túnica externa, conhecido como sinal de Friedberg. 
Mas quando esticou, a túnica interna também se rompeu, esse rasgão é 
conhecido como sinal de Amussat. 
Outro sinal muito importante é o que fica também na carótida quando 
alguém esgana com tanta força que o sinal da unha fica marcado em meia 
lua na carótida, conhecido como sinal de França. 
O nervo vago é protegido por uma bainha, e quando há o estiramento, há 
uma ruptura dessa bainha, conhecido como sinal de Dotto. 
A presença desses sinais é sugestiva e não patognomônica. 
Como no enforcamento há a vaso dilatação, as vezes você encontra o pênis 
do enforcado com ereção, até mesmo ejaculação. Assim, criou-se a lenda de 
que enforcamento é prazeroso.Chama-se de asfixia auto-erótica. 
 
 
 
 
 
Aula 6 
Lesões e morte causadas pela energia térmica 
cabine12
Highlight
Calor é a variação na quantidade de energia térmica transferida de um 
sistema para o outro. 
Há conceitos básicos para estudar essa matéria, que são a) insolação: as 
lesões térmicas são causadas pelo sol; b) intermação: qualquer outra fonte 
de calor que não seja o sol. 
O nosso mecanismo interno de controle de calor fica na base do bulbo, 
denominado hipotálamo, onde funciona o centro termorregulador. É lá que 
saem as ordens para que o organismo se adapte a variações de 
temperatura. 
Atualmente sabemos que se o problema resulta de alterações no 
hipotálamo, as lesões são chamada de insolação. Mas se a responsabilidade 
não é do hipotálamo, podendo ser do sistema cardiovascular, por exemplo, 
então nos temos uma alteração que recebe o nome de intermação. 
Esse é o conceito moderno desses conceitos. 
Outra classificação vai depender do contato direto ou não da fonte térmica 
com o corpo. Se a ação do calor age no corpo de forma difusa (não há 
contato), então nos temos uma alteração que recebe o nome de 
termonose. Se há o contato, nos temos a queimadura. 
Não há queimadura do sol, há, na realidade termonose. O mesmo se eu 
receber o calor de uma fogueira, mas estiver distante dela. 
Os agente vulnerantes mais comuns para provocar queimaduras: a) fogo, b) 
liquido fervente, c) líquidos ferventes, d) gases superaquecidos, e) sólidos 
incandescentes, f) substancias cáusticas, g) alguns fármacos e h) vegetais. 
Os fármacos dentro do corpo sob determinadas fontes térmicas ou químicas 
podem gerar farmacodermites. Já a ação térmica sobe vegetais em 
contato com o corpo leva o nome de fotofitodermites. 
Fogo 
A proporção que o fogo vai se aproximando, o corpo tenta se defender. A 
primeira reação é uma vaso dilatação periférica, não conseguindo, os 
líquidos começam a extravasar, dai começa a haver uma elevação da 
epiderme. Depois a epiderme começa a se romper. 
Se notarmos tão somente a vaso dilatação na pele, avermelhada, termos o 
eritema, ou queimadura de 1º grau. 
Quando começa a aparecer extravasamento de líquidos vasculares, elevação 
e ruptura da epiderme, nos já temos o aparecimento das flictemas ou 
bolhas, que são as queimaduras de 2º grau. 
No momento em que a derme começa a ser agredida, essas lesões já 
caracterizam a escarificação da derme ou queimadura de 3º grau. 
Após o fogo romper a derme, escarificar, a ação térmica é tão intensa que 
ocorre o fenômeno da carbonização ou 4º grau. 
Lussena classificou esses sinais e numerou-os em graus. 
Quanto mais profunda é a lesão, significa que a lesão foi maior. Entretanto a 
carbonização não foi tão profunda, sendo superficial. Ela nem sempre é 
mortal, podendo ser superficial, parcial ou geral. 
Cauterizar verruga nada mais é do que carbonizar a região. 
A carbonização, mesmo quando total ou profunda isto não significa que a 
pessoa morreu carbonizada. A carbonização total ocorre normalmente em 
organismo que já morreu de uma outra causa qualquer, ficando o corpo em 
contato com o fogo e sendo carbonizado. 
Não se atesta diante de um cadáver carbonizado que ele morreu de 
carbonização, devendo se fazer um exame profundo para saber a real razão. 
Mas como caracterizar que as lesões foram feitas pelo fogo no exame 
cadavérico? 
É preciso observar as características das lesões deitas pelo fogo. 
Uma forma é analisar o pelo do corpo. O pelo ao ser queimado, queima e 
encolhe, ficando esturricado, crestados. 
Outro jeito é: o fogo queima aonde ele encostar, podendo causar 
carbonização, em qualquer parte do corpo, aonde quer que ele atinja 
(diferentemente do líquido fervente), sendo a gravidade homogênea com o 
contato. 
As vestes podem influenciar também, protegendo ou amplificando a ação do 
fogo. 
“Onde há fogo, há fumaça”. Na fumaça há óxidos. Quando esses óxidos 
entram em contato com a água e com o muco da arvore respiratória, 
formam substancias ácidas, que reagem de forma exotérmicas, causando 
queimaduras internas, chamadas lesão de inalação. Se existe essa lesão, a 
vítima estava viva dentro do incêndio. Essa lesão pode causar o fechamento 
da glote, causando asfixia. Pode ser que ocorram lesões na mucosa da 
arvore respiratória, que pode infeccionar e levar à morte. 
Assim, se o cara foi encontrado carbonizado, mas não haviam lesões de 
inalação, é porque, provavelmente, ela já estava morta quando o fogo a 
atingiu. 
A fuligem da fumaça se deposita sobre a mucosa da árvore respiratória, nós 
vemos o sinal de Montalti, que nada mais é do que a fuligem na mucosa 
da árvore respiratória. 
Se não tem sinal de Montalti, pode ser que já estivesse morto. Se tem o 
sinal, é porque tava vivo na hora do incêndio. 
Características das lesões causadas por líquido fervente 
A transferência de calor depende da superfície de contato, transferindo-se o 
calor do mais quente pro mais frio. 
Aqui as fases são exatamente iguais às do fogo com exceção do 4º grau. 
Aqui os pelos também não serão crestados. 
Pela gravidade, o líquido escorre, nisso ele vai esfriando, dai o ponto de 
contato tem uma queimadura mais intensa do que as áreas subjacente, dai 
dizer-se que a gravidade é decrescente a medida que o líquido escorre ao 
longo do corpo. 
Pode acontecer que ao esfriar o líquido junto à pele, ele se resfrie, passando 
a ter um aspecto sólido, deixando vestígios no corpo (pixe, cera, lacre). 
 Características das lesões por sólidos incandescentes 
A ação vai ser muito parecida com a do fogo, havendo pelos crestados, 
carbonização, mas só onde o ferro encostar. Ficará marcada uma cicatriz 
capaz de representar a forma do sólido. 
Estigmatizar outrem pode configurar lesão corporal gravíssima tendo em 
vista a deformidade permanente. 
Lesões por vapores superaquecidos 
Pode ser vapor em uma caldeira, que, ao atingir o corpo, transfere a energia 
térmica para o corpo. Nesse caso também não há queimadura de 4º grau ou 
pelos crestados. A lesão vai ser homogênea, ao contrário dos líquidos. 
Assim, podemos diferenciar um do outro. Quando há grandes pressões, o 
vapor pode até arrancar as roupas da vítima, gerando lesões generalizadas. 
Lesões causadas por agentes cáusticos 
Serão tratados juntamente com agentes químicos. Mas já sabemos que eles 
causam queimaduras porque causam uma reação exotérmica, que pode 
queimaduras de até 4º grau. Mas não utilizamos o termo carbonização, mas 
sim necrose de coagulação. 
Fotofitodermite 
Normalmente é causado por limão quando exposto aos raios solares. Há 
uma reação com o líquido, queimando a pele. Gera lesões no máximo de 2º 
grau. 
Pode ocorrer com bronzeadores caseiros usando folhas de figo. Assim, tudo 
o que não estava protegido por roupas sofreu queimaduras. 
Lesões bolhosas que se confundem com queimaduras 
Há uma quantidade muito grande de lesões bolhosas que se confundem com 
queimaduras de 2º grau. 
É o caso, por exemplo, das farmacodermites, reações anômalas a um 
determinado agente químico (remédio) que, normalmente, não produz 
aquele efeito. Isso é uma idiossincrasia. 
Tem que ter cuidado com a afirmativa de que a lesão bolhosa é decorrente 
de queimadura 
Dentro do líquido de queimadura há uma grande concentração de proteínas. 
Essa característica é só de queimaduras em pessoas vivas. Isso se chama 
sinal de Chambert. 
Em queimaduras em pessoas mortas, há o líquido, mas não há proteínas. 
Pode ser post mortem ou por causa da putrefação. 
Aspecto médico-legais do cadáver carbonizado 
Grave problema é identificar o carbonizado quando há uma carbonização 
generalizada, porque não tem mais pele, olhos, cabelo, etc. 
O cadáver carbonizado ficacom os braços totalmente flexionados, como se 
fosse um lutador de boxe. A flexão dos músculos é tão forte que pode 
quebrar ossos. Isso ocorre apenas após a morte. Essa posição se dá o nome 
de sinal de Devergie ou do boxeur, esgrimista, saltimbanco, lutador. 
A mesma coisa se dá nos músculos inferiores. 
Para poder identificar você pode usar as digitais se elas estiverem 
preservadas, ou uma dobra, prega, se apresenta preservada e nessa parte 
dobrada tem uma tatuagem ou uma cicatriz. 
Mas se carbonizou completamente temos que procurar outras formas de 
identificação. 
É impressionante, mas a carbonização funciona como um isolante térmico. 
No momento que a superfície é carbonizada, protege-se os órgãos internos. 
As vezes, só. 
Nesse interior podemos encontrar elementos importantes para a 
identificação. 
Hoje em dia, qualquer pedaço desprezível de material preservado poderá ser 
utilizado para fins de exame de DNA. O problema são as regiões onde não 
há DNA. 
Assim, a arcada dentária funciona como identificador, se ela tiver sido 
preservada. 
Procura-se por eventuais cirurgias, como apendicite, ligadura de trompas, 
etc. Pode resolver a identidade também. 
O cadáver carbonizado tem que ser aberto para averiguação. 
Fasciotomia – você corta a cobertura tendinosa do músculo quando a 
retração da pele após uma queimadura pode impedir o fluxo sanguíneo, 
causando uma isquemia. 
Dai quando isso vai pro legista, esses cortes podem ser interpretados 
erradamente, confundindo a fasciotomia com lesão criminosa. 
A causa mais comum de pessoas queimadas é a destruição da pele, dai a 
pessoa perde água e sais minerais, não sendo possível repor. Quanto maior 
a área queimada, maior a chance de desidratação. 
Dai Wallace criou a regras do 9 O esquema é o seguinte, você pega o 
corpo e divide em cabeça (9%), braços(9% x 2), pernas(9% x 2), tronco 
(18 %) e dorso (18%). A soma é 99%, 1 % é a área genital. Ao entrar a 
pessoa queimada no hospital, o medico faz o somatório das áreas 
queimadas para saber a área queimada. De acordo com o percentual e a 
profundidade modifica-se o procedimento médico. A partir de 50% o negócio 
começa a ficar preto. 
A segunda causa de morte é a infecção, porque sumindo a epiderme, a 
derme fica exposta à atuação do micróbios. 
Pode ocorrer também a já citada lesão de inalação, gerando infecções 
internas. 
As pessoas nos hospitais podem apresentar a úlcera de estresse de 
Curling. Isso não é uma úlcera, são pequenas ulcerações na mucosa 
gástrica, gerando uma hemorragia digestiva, podendo levar a uma anemia 
aguda, matando o cara. 
Modernamente, a graduação em graus foi substituída pela classificação de 
Krisek, agora se fala em queimaduras superficiais (1º grau), parcial - 
superficial ou profunda (2º grau) – essas regeneram - e totais (3º grau) – 
essas cicatrizam. 
Ele não fez menção à carbonização. 
Mecanismos de transferência de energia térmica 
1) condução – contato entre os sistemas. 
2) Irradiação – a onda térmica alcança o sistema receptor estando a 
fonte distante. 
3) Convexão/convecção – sucessivas camadas de ar ou líquido fazem a 
comunicação (cachoeira, ventilador). 
4) Transpiração – perda de calor graças à evaporação do suor liberado na 
pele. 
Quem avisa pro corpo que ele tem que suar é o hipotálamo (lembra ainda?). 
A primeira ordem é vaso dilatação periférica, ao mesmo tempo os pelos são 
abaixados. Depois produz-se e elimina-se o suor. 
O problema é que as vezes o hipotálamo para de funcionar. Dai não se 
perde mais calor pela transpiração, e a temperatura interna começa a subir 
hipertermia. Dai fica com o corpo quente e a pele seca – sinais de 
insolação. 
Se perder muita água, entra em sincope térmica, desmaiando, porque o 
primeiro órgão principal a ficar sem água é o cérebro. 
O problema que esse pessoal de síncope morre com necropsia branca, ou 
seja, sem sinais. 
Agora, se o ambiente for frio, ao invés de fazer vaso dilatação, vai fazer a 
vaso constrição, pra não levar o frio pra dentro. O problema e que se estiver 
muito frio, ele fecha muito os vasos, podendo gerar uma isquemia das 
extremidades. Isso pode gerar a necrose dos tecidos se demorar muito, já 
que não chega oxigênio nos tecidos. Isso pode chegar ao extremo de 
amputação dos tecidos necrosados. 
Os pelos aqui ficam eriçados. 
Aqui há inibição da sudorese. Por outro lado aumenta-se o metabolismo, dai 
a pessoa começa a tremer para aumentar a temperatura interna. 
Há também o aumento do apetite. No calor extremo há a redução do 
apetite. 
OBS: encontrei a pessoa caída, o corpo quente e a pele úmida, o problema é 
de intermação, não é do hipotálamo. Agora, encontrei a pessoa caída, o 
corpo ta quente e a pele seca, temos insolação, problema no hipotálamo. 
O lance é que a intermação com o tempo acaba afetando o hipotálamo. 
Lesões causadas pelo frio 
Não são muito comuns aqui, mas temos que saber. 
Normalmente nós estamos perdendo calor constantemente para o ambiente, 
Só que em ambiente muito frio essa perda é muito exagerada. 
Quando estamos em muito frio, também podemos ter lesões de 1º a 3º 
grau. 
O 1º grau é a mesma coisa. Eritema. O 2º grau também, flictemas. 
Só que no 3º grau muda. No calor quente o que ocorre é a escarificação, 
aqui ocorre a granguena ou a necrose, em primeiro lugar nas 
extremidades. 
A amputação é o resultado final da área necrosada. 
Uma outra complicação é que o corpo todo sofre com o frio. No calor quente 
aparece a úlcera de Curling, aqui vão aparecer a úlcera de estresse de 
Wischneswski. Do mesmo jeito que a de Curling não é causada pelo calor, 
mas sim do estresse que a vítima apresentava por estar internada no 
hospital, a mesma coisa no frio, são inúmeras pequenas úlceras que causam 
sangramento no estomago. 
O frio impede a putrefação. 
Em algumas cirurgias pára-se o coração, dai precisa-se diminuir o 
metabolismo. Para isso diminui-se a temperatura do corpo para 22º para 
operar e depois volta a temperatura. 
Algumas pessoas caem na água fria, parecem que estão mortas, o 
metabolismo pára, mas fazendo-se a ressuscitação, essas pessoas voltam a 
vida sem seqüela. Ou seja, não dar o paciente como morto após cair na 
água gelada sem ele apresentar outros indícios de morte que não a parada 
cardiorrespiratória. 
Lesões e morte causada pela energia radiante 
É a radiação ionizante. Podem causar lesões extremamente parecidas com 
queimaduras. Os eritemas e flictemas são iguais. Mas ao invés de 
escarificação, temos a ulceração – nada mais é do que a lesão da derme, 
mas é de difícil cicatrização – que pode chegar à necrose. 
São queimaduras, mas são mais complexas. 
OBS: corpo carbonizado com marcas de arame ao redor, circundados, sinal 
de utilização do “microondas” do tráfico. 
OBS: só da pra andar sobre as brasas porque há uma fina camada de cinzas 
cobrindo as brasas, isolando o calor. Por isso que só se anda sobre brasas a 
noite, porque não é perceptível o uso das cinzas. 
 
 
Aula 7 
Lesões e morte causadas pela ação elétrica 
É uma forma vulnerante de ordem física. Temos as seguintes fontes de 
energia elétrica: Natural, cósmica ou meteórica, bem como a industrial, 
fabril ou doméstica. 
Primeiro vamos analisar a energia elétrica natural. 
O nome que se dá é eletrofulguração (ou só fulguração)– lesão causada 
cabine12
Highlight
pela energia elétrica natural. Entretanto, alguns autores dividem em 
eletrofulguração quando a lesão não é mortal e eletrofulminação(ou só 
fulminação), quando a lesão elétrica causa a morte. 
Efeito Joule – transformação da corrente elétrica em calor. 
Esse calor é tão grande que pode gerar carbonização. A transferência de 
energia é tão abrupta que é normal as roupas seremarrancadas do corpo, 
rasgadas e, as vezes, queimadas. Daí a vítima fica pelada. 
As vezes a vítima é atingida pelo raio e não há qualquer efeito, ou 
queimaduras de primeiro grau. Mas não se sabe porque ao certo. Além 
disso, o raio pode gerar lesões de 1º ao 4º grau, cataratas, lesões auditivas, 
lesões psicológicas permanentes ou temporárias. Ou seja, nas lesões 
causadas por eletrofulguração tem um leque enorme, desde nada até a 
morte – com ou sem carbonização. 
As vezes, quando a pessoa é atingida pela energia elétrica aparece um sinal 
característico, chamado de sinal de Lichtenberg – Licht é luz em alemão. 
Esse sinal não é obrigatório. Ele parece uma ramificação, como se fosse uma 
folhagem. Isso não mais é do que a vaso dilatação dos vasos sanguíneos 
que da pra ver através da pele. Ele é temporário. 
O que chama muita atenção no local em que houve a lesão é que ao lado do 
cadáver, junto às roupas espalhadas, é comum que as peças de metal do 
ambiente fiquem imantadas – é o fenômeno da imantação. Pode, ser 
cintos, relógios, cordões, anéis, etc. 
A vítima é jogada no chão quando bate o raio, daí pode ser que ele tenha a 
marca de Lichtenberg, mas o que lhe causou a morte foi a ação contundente 
da queda. O sinal de Lichtenberg não é patognomônico, nem obrigatório, 
mas na ausência de outras lesões mais a imantação, vai permitir que o 
perito indique a ocorrência da eletrofulguração. 
Morte causada pela ação elétrica industrial 
Aqui a terminologia não é mais eletrofulguração, mas eletroplessão (com L 
mesmo, já que plessein significa ferir em grego – assim a palavra é ferir 
com eletricidade). 
A pele tem uma grande resistência elétrica, não havendo concordância da 
exata medida, variando de 5 mil a 30 mil ohms. Agora, nos pontos em que a 
pele é mais fina, lisa, a resistência é menor. Aonde a pele é mais espessa,, 
áspera, grossa, a resistência é maior. A resistência também varia se a pele 
estiver suada, molhada, com cremes hidratantes, descendo a resistência até 
mil ohms. 
Não se esqueça da fórmula de física de V= R x i. Se a resistência é maior, a 
corrente (i) é menor. 
Normalmente uma corrente de 100 mA(mili-ampere) é suficiente para 
matar. Mas pode ser que o cara seja atingido pela corrente maior do que 
esta e não morra. Isso vai depender de onde ele foi atingido. 
A corrente elétrica só entra quando ela possa sair, devendo haver um ponto 
de escoamento, que, normalmente, é a terra. Se não der pra fechar o 
circuito, a corrente nem mesmo entra. 
A corrente elétrica interfere nos batimentos do coração, podendo causar 
fibrilação ventricular (que é um tipo de arritmia, daí o coração perde força), 
ou até parada cardíaca. 
A corrente procura sempre o percurso mais curto em com menor resistência. 
No lugar aonde a pessoa encosta no fio condutor aparece uma marca, 
conhecida como marca elétrica de Jellinek, mas ela não é obrigatória, 
nem sempre ela aparece. E quando aparece, não quer dizer que a pessoa 
morreu de eletroplessão, significa que a pessoa foi atingida por uma 
corrente elétrica. Pode ter morrido pela queda após levar o choque. 
Autopsia branca é aquela que não mostra qualquer sinal de lesão, que 
justifique a morte. 
Essa marca de Jellinek pode reproduzir a forma do ponto de contrato na 
pele. 
Os sinais internos são aqueles de qualquer morte súbita, rápida, sem perda 
sanguínea, que são sangue fluido e escuro, petéquias disseminadas, 
congestão polivisceral e livores cadavéricos escuros. 
A lesão de entrada é dura, é seca, áspera, se a pessoa sobrevive é indolor, 
ela é escavada no centro e elevada nas margens. No exame sob o 
microscópio da marca de Jellinek os núcleos e citoplasma das células estão 
alongadas, como se fossem uma cerca de toras. Além disso, a lesão de 
entrada é acida e seca. A lesão de saída é alcalina e úmida. Isso deveria ser 
verdade, teoricamente – puta merda. 
Isso por isso acontece quando estamos diante de uma corrente continua, 
onde os fluxos dos elétrons vão sempre em uma direção. A corrente 
continua também é chamada de corrente galvânica. 
Já na corrente alternada ou farádica, o fluxo de elétrons oscila, ora é em 
um sentido, ora é em outro. As oscilações ocorrem de 50 a 60 vezes por 
segundo. Assim a corrente é de 50 ou 60 Hz. Nesses casos, não há as 
características acima citadas, pois ambas as lesões de entrada e saída tem 
as mesmas características, não havendo aquela diferença de básico e acido, 
seco e úmido. 
A corrente elétrica quando passa pelo coração muda de sentido 60vezes por 
segundo, daí o coração que bate umas 70 vezes por minuto fica 
descontrolado. Daí o movimento do coração que é ritmado, se transforma 
num movimento descontrolado. Isso é a fibrilação ventricular. 
Daí vem o desfibrilador, que é uma corrente continua que da uma ordem de 
parar tudo, gerando uma parada cárdica. Essa parada pára aquele batimento 
desordenado, daí o organismo recupera o ritmo natural. O lance é que ele 
pode não voltar a trabalhar, daí tem que fazer CPR(sigla em inglês). 
Isso vale para as correntes de baixa intensidade. Vermos agora as de média 
e baixa intensidade. 
As vezes a pessoa pega num fio condutor com média ou alta amperagem 
que nem passa pelo coração, mas ela ao passar faz com que a musculatura 
periférica responsável pela respiração sofra um espasmo, que é uma 
contração que não se interrompe, que se mantém. Pode ocorrer no braço e 
na mão que ta segurando esteja sofrendo espasmo, daí você não consegue 
soltar. Daí a pessoa morre asfixiada com o coração batendo. 
A corrente pode passar pelo bulbo, que tem os centro cardiorrespiratórios, 
podendo bloqueá-lo, daí você vai morrer de parada cardiorrespiratória, mas 
não mais de origem periférica, mas de origem central. 
No que aumenta a corrente, o efeito Joule também aumenta, aumentando a 
temperatura do corpo, podendo a hipertermia colaborar para a morte 
também (50º a 60º). 
A corrente quando é forte ao ponto de causar a carbonização causa a 
desidratação, podendo gerar um isolamento, impedindo a passagem da 
corrente. Dois caras perderam as mãos, mas não morreram. 
O motivo de a corrente elétrica matar é o seguinte. A membrana 
citoplasmática escolhe o que vai entrar e sair da célula, tendo uma diferença 
de polaridade o interior e exterior da célula. Além disso há uns poros que 
deixam, ou não as coisas entrarem e saírem. Só que ao passar a corrente, 
há um alargamento dos poros. Esse alargamento recebe o nome de 
eletroperfuração. Ela não perfura, mas alarga os buracos, alterando a 
capacidade seletiva da membrana. Daí, a depender da importância da célula, 
podem surgir lesões desde desprezíveis até a morte. 
 
 
Fisiopatologia da corrente elétrica no corpo humano 
Taser – autopsia em vítimas de corrente elétrica. 
O corpo humano é um condutor elétrico. 
Mas se você se pendurar em um fio “vivo”, não fechará o circuito, o 
problema é quando você encosta em outro fio ou no chão. Quando você 
encosta no chão você fica numa rede em paralelo, você não recebe a 
corrente toda, mas apenas uma parte. A força da corrente depende da 
resistência que a vítima oferecer. A corrente prefere sempre escoar do ponto 
de menor resistência. 
Se o fio arrebentar e não encosta no chão, o cara que pegar na corrente, 
receberá toda a corrente, estando ligada em série. Se ele encostar no chão, 
volta a ser em paralelo. 
A depender da força da energia elétrica, não é necessário nem mesmo que 
você encoste no fio, formando-se o arco elétrico e pegando você à distância, 
correndo pelo ar. São aquelas faíscas entre esferas de metal. A quantidade 
de energia elétrica é tão grande que salta pelo ar. Quanto maior a voltagem, 
mais distância o arco alcança. 
A energia elétrica também é usada pelo taser como armamenos que letal 
(less than letal weapon), na linguagem mais moderna (antigas não letais). 
Esse aparelho pode ser de contato ou disparado (voador), ele tem baixa 
amperagem corrente, mas alta voltagem. Esse sinal quando entra no corpo 
confunde as ordens dos sistema nervoso central, daí a vítima não consegue 
gritar ou reagir, instantaneamente caindo no solo. Nos 15 segundos 
seguintes a pessoa fica sem reação. A arma é paralisante em conseqüência 
da grande voltagem. Ocorre que o taser pode matar. O taser é uma arma 
controlada, não podendo ser livremente utilizada no Brasil. 
O taser transmite a eletricidade até mesmo pela roupa. 
O que pode ser disparado (voador), ao ser acionado, lança ao ar inúmeros 
confetes que podem identificar a arma. 
O taser impede que o neurotransmissor passe as mensagens ao músculo, 
confundindo, entrando em flacidez, perdendo a vítima o controle e 
desabando. 
No sinal de Lichtenberg, repare que ele aparece na pele, mas a lesão ocorre 
não na pele, mas nos vasos sanguíneos superficiais. 
A morte na corrente elétrica de baixa amperagem geralmente ocorre por 
fibrilação ventricular. Mas o legista não vê a fibrilação ventricular, porque ela 
só pode ser vista em vida com um monitor cardíaco. O que ele pode ver é o 
sinal de Jellinek ou o sinal de Piacentino, - que são hemorragias 
puntiformes na parede do quarto ventrículo encefálico. 
Mas se ele tem elementos que a vítima estava sofrendo fibrilação e depois 
morreu sem deixar vestígios, ele pode sugerir que a morte ocorreu pela 
energia de baixa voltagem. 
No exame cadavérico nas mortes de eletroplessão ou eletrofulguração deve 
se abrir tudo (cavidade craniana, torácica, abdominal e raquena – nas 
costas), sendo os órgãos analisados minuciosamente. Macroscopicamente, 
as vezes encontramos o dito sinal de Piacentino, que é super raro, que é 
uma hemorragia petequial. Esse sinal pode aparecer, mas é mais raro que 
comum. Esse sinal só diz que a vítima foi atingida por corrente elétrica, mas 
não que morreu disso. 
Só pode ter cerca eletrificada se ela estiver identificada e a corrente não seja 
idônea de matar. Mas pode ser que essa corrente mesmo baixa pode matar 
se o local estiver molhado, porque, mesmo sendo a voltagem baixa, se a 
resistência cai, a intensidade aumenta. São conhecidas como ofendículas 
(cercas eletrificas, cacos de vidro, etc.). 
 
AULA 9 (não existe a aula 8) 
Exame de corpo de delito que apresente lesões corporais 
É necessário que se entenda que nem sempre que hajam lesões corporais 
não significa que tenham ocorrido crime de lesões corporais. 
O exame de corpo de delito é de lesões corporais, mas isso não significa que 
o crime seja esse. Por exemplo, numa tentativa de homicídio nos podemos 
ter lesões corporais, num crime de transito, maus tratos, torturas, podem 
haver lesões corporais apresentadas pela vítima. O crime deixa vestígios que 
são lesões corporais. O exame de corpo de delito numa tentativa de 
latrocínio não é exame de corpo de delito de latrocínio, mas sim de lesões 
corporais. 
O perito não analisa o dolo ou culpa do agente, ele analisa as lesões em si. 
No caso do crime de lesões corporais ele não vai olhar para o caput, mas 
sim para as causas qualificadoras do crime. 
Só há crime de lesões corporais se a vida já for extra-uterina. 
Lesões corporais leves 
Ocorre quando não estão presentes nenhum dos incisos dos §§1º e 2º, 129, 
CP, mas há a lesão. 
Lesões graves e gravíssimas 
Se da lesão resulta incapacidade ocupações habituais para mais de 30 dias – 
o perito não pode fazer um prognostico no 1º exame de que essas lesões 
vão gerar incapacidade para mais de 30 dias, por mais experiente que ele 
seja e por piores que sejam as lesões. É indispensável o segundo exame, 
chamado exame complementar e deve ser feito após 30 dias da lesão. 
(doutrinariamente, no Direito Penal, se as lesões forem tão graves que seja 
óbvio que ele vai ficar incapacitado por mais de 30 dias, não é necessário 
que a vítima volte – exemplo, quebrou o fêmur e a bacia em 4 lugares 
diferentes). 
Já no caso de incapacidade permanente para o trabalho o problema é saber 
se tal incapacidade é para o trabalho da vítima ou se é qualquer trabalho 
disponível. O Blanco acha que é para qualquer trabalho, não é bem assim. 
Você não pode obrigar o Pitangui (?) ser secretário, lixeiro ou ascensorista. 
O outro problema é saber se é pra vida toda. Em regra, sim, mas o perito 
tem que marcar uma data para reavaliar a lesão. O permanente deve ser 
visto como duradoura, já que no exame complementar 180 dias depois, por 
exemplo, o cara ainda estiver machucado, pode colocar no permanente. 
Debilidade permanente de membro, sentido ou função. A permanência aqui 
tem a mesma lógica do parágrafo acima. Debilidade é enfraquecimento. 
Quando você perde um dedo você não perde a função de pinça ou de puxar, 
daí você não perdeu totalmente a função do membro. Na verdade ele ficou 
debilitado. Veja que nesse caso é desnecessário o exame permanente. Mas 
se o dedo foi implantado, vai precisar fazer o segundo exame. 
Agora, se a pessoa perde a mão, a conseqüência é outra, é a perda ou 
inutilização de membro, sentido ou função. Mas veja que não é perda do 
membro, porque o membro é o superior, que permanece. Nesse caso é 
inutilização da função. 
A mesma sistemática se apresenta aos sentidos (os 5 – se sobrar um olho é 
debilidade, se perder a audição em um ouvido, debilidade - salvo se o cara 
já era cego ou surdo do outro ouvido) e à função (cardíaca, renal, pulmonar, 
reprodutora, hepática – se você perde só um testículo é debilidade, salvo se 
já não tivesse o outro). 
A lei não fala em perda de órgão, então se a pessoa tem dois órgãos, perde 
um mas o outro continua desempenhando sua função normal, houve apenas 
sua debilidade. 
Vamos ver agora a aceleração de parto e o aborto. Cuidado que esse aborto 
aqui não é um aborto doloso, é culposo. Se houver dolo, o crime é de 
aborto. Mas o legista não esta preocupado com o dolo do agente, ele só diz 
que houve aceleração de parto por causa da lesão ou então o aborto. 
Acelerar o parto é errado, o que há é a antecipação do parto. E ele tem que 
saber que ela tava grávida para poder ser previsível. E o feto nasce e 
continua vivo. Se a surra na mulher matar o neném, e for possível provar 
que ele morreu por causa das lesões que ela tava grávida, mas sem o 
animus de fazer o aborto, além de saber que ela tava grávida. 
O problema é quando ele nasce vivo e morre depois. O problema agora é 
“morreu de que”? Se as lesões de dentro do útero acabaram por matá-lo, é 
como se ele tivesse morrido dentro do útero, mudando e aceleração de parto 
para lesão corporal que causou aborto. 
Temos ainda a figura médico-legais do perigo de vida. Para configurar, em 
primeiro lugar, não poder haver a intenção de matar, senão era homicídio. 
Daí temos que ter uma indefinição médica se a vítima vai morrer ou viver. 
Daí termos o perigo de vida. Não basta haver um ferimento grave, como 
uma perfuração do tórax ou rompimento de uma artéria de maior calibre. Se 
não houve infecção generalizada – septicemia, se a vítima não entrou em 
estado de choque, se ela não pegou tétano, se ela não entrou em estado de 
coma, não teria havido perigo de vida. 
Vamos ver agora a enfermidade incurável – tem que se ter em mente que o 
Código é de 1940, hoje não há muitas doenças incuráveis. Agora, para sua 
caracterização não é necessário que o paciente se submeta a uma cirurgia 
para “diminuir o dolo do agressor”, assim uma simples hérnia seria uma 
enfermidade incurável (cara, isso não tem nenhum respaldo em direito 
penal, se o cara não procurou o médico ele mesmo que deu causa a 
enfermidade incurável e não o agressor). 
Vamos veragora deformidade permanente – não é para sempre, é visto de 
acordo com o exame completar (180, 270, 365 dias), é duradouro. Deformar 
é tirar a forma, uma cicatriz, que quando a pessoa é vista em público as 
pessoas se espantam ou causa grande vergonha à vítima, afeta a 
observação, causa aversão. Hoje em dia a deformidade pode ser em 
qualquer parte do corpo, inclusive nas partes intimas. 
Vitriolagem – o acido sulfúrico tem o nome vulgar de óleo de vitríolo. Daí 
se o cara jogar acido sulfúrico na cara da pessoa para deformá-la, dá-se o 
nome de vitriolagem. Depois generalizou-se chamar de vitriolagem jogar 
uma substancia cáustica, ácida, com dolo de causar deformidade 
permanente. 
O perito, em caso de membro engessado, costuma utilizar o laudo médico 
para dar seu parecer, mas ele deve ressalvar que deu tal opinião com base 
unicamente no atestado médico. 
Dor – não há equipamento para avariar a dor, daí se o periciado só reclama 
de dor, mesmo que a dor seja real, o perito não pode afirmar que aquela dor 
seja uma lesão corporal, sem que haja uma equimose, edema, escoriação, 
ferida, fratura. 
Daí foram criados certos sinais indicativos de presença ou ausência de dor. 
Ele usa esses sinais para ver se o periciado está simulando a dor. São eles: 
- sinais de Imbert: ele não diz o que é. 
- sinais de Mankoff: você toma o pulso do paciente, daí de repente aperta 
o local dolorido. Se você faz isso, deve haver uma reação de taquicardia 
momentânea. Se o pulso não alterar, ele ta simulando. 
- sinais de Levi: olhar para o olho da vítima e subitamente apertar o local 
dolorido, se houver uma reação pupilar, realmente há dor. Caso contrario, 
se a pupila se mantém inalterada, ele está simulando. 
- sinais de Muller (ou Miller): marca um círculo no lugar onde o paciente 
diz que ta doendo e outros círculos nas proximidades, daí vendo o paciente 
ou manda ele olhar para o outro lado e o perito começa a apertar e começa 
a notar se o paciente esta sendo coerente ou não com os pontos de dor 
indicados. 
Repare que não faz diferença ou não ter dor, o que importa é a lesão. 
Roupas sujas de sangue também não fazem prova de lesão. 
A dissimulação é o contrário da simulação. Nessa você diz que esta sentido 
algo que não existe, e naquela você diz que não esta sentindo algo que 
existe. 
Metassimulação é o exagero da dor, com nos casos de futebol. Neuróticos 
costumam dramatizar o que estão sentindo. Mas isso é inconscientemente, 
ele não mente, ele realmente acredita. 
Lesão corporal seguida de morte 
O laudo não é mais de lesão corporal, mas sim auto de exame cadavérico. 
OBS: a lesão no crime de tortura deve vir acompanhada de um especial fim 
de agir, que é causar dor extrema à vítima. O perito não analisa o especial 
fim de agir, mas só as lesões. No laudo onde está o quesito “tortura” ele não 
pode afirmar nem negar, ele deve dizer “quesito prejudicado”. 
 
SEXOLOGIA FORENSE 
AULA 1 
Estupro (pré-reforma da Lei. 12.015/2009) 
A vagina é só aquilo que fica do hímen para cima, do hímen para baixo, é 
vulva ou vestíbulo vaginal (cópula vestibular ou vulvar é quando o pênis não 
passa do hímen). Se não ultrapassar o hímen, não houve conjunção carnal, 
mas ele passar, mesmo que incompletamente, já é conjunção carnal. 
Mulher virgem é aquela que nunca praticou conjunção carnal. O perito 
averigua isso vendo a estrutura do hímen, vulgo cabaço. Ele é uma 
membrana mucosa, com uma face vestibular e outra vaginal. Ele apresenta 
um orifício que recebe o nome de óstio, a membrana em si recebe o nome 
de orla. Se o óstio é amplo de forma que o pênis entre sem romper o 
hímen, chama-se de hímen complacente. O de óstio pequeno é o não 
complacente, se o pênis passar a orla vai se romper. Se o perito constatar a 
ruptura, houve conjunção carnal. O problema é o hímen complacente, que 
não dá vestígios no hímen, devendo o perito buscar outros vestígios. 
Existem hímens com uns perfuração, outros com várias, os aspectos dos 
óstios são diferentes e em números diferentes. 
O hímen pode romper em qualquer lado, em cima, em baixo, de um lado. 
Mas o lance é que quando rompe cria uma ferida, ficando a borda 
sanguinolenta, equimosada e dolorida. Isso quer dizer que a rotura recente. 
Daí ele cicatriza, mas é diferentemente das cicatrizes comuns porque a 
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ferida não fecha, ele cicatriza em cada borda da ruptura. 
O problema é que não podemos afirmar quanto tempo o hímen leva para 
cicatrizar, variando de 3 a 30 dias. O perito só diz rotura recente ou 
cicatrizada. Além disso, ela pode ter a conjunção mesmo sem a ruptura. 
Relógio de Lacassagne divide-se a perseguida na posição ginecológica 
como se fosse um relógio para indicar mais ou menos em que quadrante foi 
a ferida, dando um ponto de referência. 
Oscar freire criou os quadrantes de Oscar Freire, dividindo em quadrante 
direito e esquerdo e anterior e posterior. 
Tudo isso é para localizar a rotura no hímen. Mas para o operador é mais 
importante se houve ou não a ruptura. 
O problema é que a mulher pode apresentar soluções de continuidade no 
hímen, que são chamadas de entalhe. 
Quando há uma rotura, a lesão vai até a borda de inserção do hímen, já os 
entalhes não vai até a borda, por isso se diz que a rotura é completa e os 
entalhes incompletos. A rotura podem ocorrer em qualquer lugar no hímen, 
uma não tem relação com a outra, por isso dizemos que as roturas são 
assimétricas. Já os entalhes, quando aparecem, normalmente, são 
simétricos, um fica na outra extremidade do outro. As roturas cicatrizam, os 
entalhes como são naturais, não cicatrizam. As roturas são adquiridas, os 
entalhes nascem com a pessoa, são congênitos. Na rotura as bordas podem 
ser unidas, elas coaptam, já nos entalhes, como não há material sobrando, 
eles não coaptam (podem haver exceções). 
Carnúnculas mirtiformes são restos de hímen aderidos à parede vaginal. 
Surgem após o parto vaginal ou resultam de intensa e continua atividade 
sexual. 
Tem que tomar cuidado para não confundir entalhe com rotura, porque 
pode-se achar que a mulher não é virgem, quando ela é. 
Mas isso é quando o hímen não é complacente, se for as coisas mudam. 
Nesse caso, o perito vai pesquisar a existência de esperma no canal vaginal, 
lembre-se, do hímen para dentro. Se tiver para fora do hímen, terá ocorrido 
ato libidinoso diverso da conjunção carnal. 
Assim, se achar esperma do hímen para dentro o perito pode indicar que ela 
não é mais virgem (mas pode inclusive ocorrer de que o cara tenha 
ejaculado do lado de fora da vagina e o esperma tenha entrado, daí ela seria 
virgem – não é absoluta essa conclusão, como é a rotura do hímen). 
O esperma é um líquido biológico extremamente variado, tem de tudo. A 
primeira coisa que você procura é o espermatozóide. Basta encontrar um. 
Só que as vezes o homem é portador de azoospermia, ou seja, ele não 
produz espermatozóide. Mesmo assim o perito poderá fazer o diagnostico de 
conjunção carnal se ele encontrar líquido prostático, já que a mulher não 
tem próstata. Um deles é o PSA (prostatic specific antigen), se houver PSA, 
ele poderá afirmar que houve conjunção carnal ou ato libidinoso, a depender 
de onde ele encontre. O PSA tem uma proteína P30, assim, se tiver o P30, 
houve ejaculação. 
No líquido prostático há uma grande quantidade da fosfatase ácida, mas o 
lance é que na vaginal também há esse acido. Só que na mulher tem 5 
unidades/ml, já no homem há 300 unid./ml. Assim, feito o exame 
quantitativo e der perto de 300, é porque teve conjunção. Mas se se puder 
afirmar que a fosfatase ácida for prostática, ela só pode ser masculina. 
Mas as vezes não e encontra nada disso, mas a mulher esta grávida, daí 
você pode dizer que houve conjunção carnal. Mas o lanceé que há 
vertilização in vitro. Em tese, isso não é absoluto. 
Mas os 3 sinais de “certeza” da conjunção carnal são: 1) rotura do hímen, 
2) presença de esperma no canal vaginal, 3) gravidez. Mas essas certezas 
todas podem ser discutidas, contestadas. 
Mas se eu tenho hímen não complacente e esperma no canal vaginal ou 
gravidez, eu posso afirmar que não houve conjunção carnal, porque o hímen 
não está rompido. 
O perito não afirma que houve estupro, mas só conjunção carnal. O mesmo 
com o atentado violento ao pudor, ele só demonstra que houve ato 
libidinoso diverso da conjunção carnal. 
O lance é saber se a lesão na genitália poder ser encarada como violência 
para fins de caracterização do tipo penal. É difícil diferenciar a lesão para 
obter a conjunção carnal e aquela utilizada no ato da conjunção carnal. 
Antigo atentado violento ao pudor 
Ato libidinoso é tudo aquilo que estimula a libido, que pode ser por 
quaisquer um dos 5 sentidos. A libido em psiquiatria é para qualquer coisa 
quede prazer, mas em direito penal a libido é voltada para o apetite sexual. 
Para ser ato libidinoso, alguém tem que tocar em alguém, porque tem que 
praticar. Fazer, ou deixar que se pratique, ou seja, que nela se faça. O 
simples fato de ser presenciado o ato não enseja o ato libidinoso, sendo o 
fato atípico. 
O esperma no vestíbulo vaginal - tudo dá a crer que é ato libidinoso e não 
conjunção carnal. O esperma em qualquer outra are do corpo que não seja a 
área vaginal é ato libidinoso diverso da conjunção carnal. 
O chupão (sugilação) é visto pelo Blanco como ato libidinoso diverso da 
conjunção carnal. 
No coito anal vão surgir lesões, que também são rupturas, só que são 
chamadas fissuras anais, e tem as mesmas características das roturas 
vaginais (feridas sanguinolentas, doloridas e equimóticas). O problema é o 
mesmo da conjunção carnal, esses vestígios não são patognomônicos. 
Diferentemente se achar esperma, que ai se tem certeza. 
Muito dos autos de libidinagens não deixam vestígios. Daí o perito não vai 
poder fazer nada, devendo a prova ser produzida de forma testemunhal. 
Mas, tendo em vista que os vestígios são complicados, as vezes o perito põe 
a lesão como compatível com ato libidinoso, é muito temerário isso, mas 
ocorre. 
 
AULA 2 
Infanticídio e aborto 
A gravidez começa, para o direito penal, com a nidação, e termina quando 
começa o parto. Este ocorre, majoritariamente, quando o colo do útero 
começa a dilatar. Esse é espaço de tempo em que há o aborto, após esse 
termo, não há mais aborto, mas infanticídio ou homicídio, a depender do 
caso. 
Acontece que as vezes a manobra contra o feto ocorre durante a gravidez, 
mas ele só morre depois do parto. Se a morte é decorrente das lesões que 
sofreu enquanto estava dentro do útero, continua sendo aborto – o crime 
ocorre no momento é que há a ação ou omissão, mesmo que outro 
(momento) seja o da ocorrência do resultado. 
Outra parte da doutrina entende se inicia o parto quando se rompe o saco 
amniótico, daí essa doutrina entende que a partir desse momento o parto já 
começou, mesmo que o colo do útero não esteja dilatado. Outros ainda 
entendem que no momento que o tampão de muco cervical, espécie de 
rolha, é que começa o parto. 
Nesse momento, qualquer que se a doutrina, o feto ainda não nasceu, ele 
ainda não respirou o ar ambiental, mas, mesmo assim, já seria homicídio ou 
infanticídio. Ele é um feto nascente. 
A segunda fase do parto é a expulsão do concepto, daí se corta o cordão 
umbilical. Em seguida é expulsa a placenta. Esse é o momento em que o 
parto termina. 
Assim que sai a placenta, começa um novo período na vida da mulher, o 
chamado puerpério. Essa palavra significa “parir criança”. Esse estado só 
começa quando acaba o parto. Ela perde sangue através do canal vaginal, 
entre outras coisas. 
O puerpério pode se dividir em 4, imediato, recente, tardio e longínquo. 
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Highlight
O imediato que é enquanto as secreções chamadas lóquios(??) forem 
bastante hemorrágicas, sanguinolentas. 
Em seguida, esse sangramento vai diminuindo, os lóquios vão ficando 
amarelados. Daí a fase recente. 
Depois disso, os lóquios vão ficando esbranquiçados, não há mais eliminação 
de sangue, daí estamos no puerpério tardio. 
Diz a medicina que o puerpério dura de 6 a 8 semanas. O povo chama de 
resguardo. O puerpério terminaria quando a mulher voltasse às condições 
fisiológicas naturais, o ovário voltasse a funcionar. Quando a mulher voltar a 
ovular, ela sai do puerpério. 
Mas se a mulher está amamentando, normalmente, o ovário não esta 
funcionando, podendo durar muito mais do que 8 semanas, sendo o 
puerpério tardio. 
Qualquer coisa que eu faça com o embrião antes da nidação, hoje, é atípico. 
O lance é que o embrião em laboratório, mesmo antes da nidação, tem 
proteção de acordo com a lei 11.105/2005 – lei de biossegurança. 
Aborto criminoso e aborto legal 
Qualquer manobra feita com o intuito de matar o concepto, o nascituro, o 
embrião, o feto, é manobra de aborto, tipificado nos art. 124 a 127, CP. O 
128 é o aborto provocado legal. Em oposição dos outros, que são 
criminosos. 
Não se esqueça que no crime de aborto se mitiga a teoria monista dos 
crimes, punindo co-autores (gestante e agente) por crimes diferentes. 
Para haver o aborto não é necessário que o feto seja expelido. Ele pode ficar 
lá morto até mesmo por um longo tempo. O nome a que se dá isso é feto 
macerado. Isso porque como ele está morto, começa um processo da pele 
de soltar do corpo, ficando a derme sanguinolenta, as articulações ficam 
moles, com uma amplitude de movimento muito maior. A maceração é um 
fenômeno cadavérico, destrutivo, que decorre do feto ficar mergulhado 
naquele líquido estando morto. 
Quando ele é expelido, é visualmente perceptível que ele está macerado, daí 
podemos afirmar que eles está morto dentro do útero há mais de 24 horas. 
Quando a maceração está com mais de 7 dias, pode ocorrer que os ossos do 
crânio se acavalem, fiquem uns em cima dos outros. A isso se dá o nome de 
sinal de Spalding. 
As vezes o feto morre dentro do saco amniótico e o organismo absorve a 
água da bolsa, daí ele fica mumificado, podendo ficar lá dessa forma por 
anos. As vezes ele fica impregnado por cálcio, sódio ou potássio. Daí ele fica 
como que calcificado, como se fosse um fóssil. Esse feto mumificado ou 
calcificado, a doutrina chama de litopédio (lito - pedra; pédio – criança). 
O aborto ocorre no momento que o feto morre, não no momento em que ele 
é expelido. 
Outro problema que ocorre é quando ocorre a nidação. As células que 
envolvem o embrião dão depois origem à placenta, que é quem alimenta o 
embrião. Essas células formam o trofoblasto do embrião, que o ligam no 
endométrio. Só que as vezes o embrião morre, mas as células trofoblásticas 
continuam se desenvolvendo. Da forma-se uma massa como se fosse um 
cacho de uvas. Se ela fizer um exame hormonal vai parecer que ela está 
grávida. Mas não há mais concepto, mas só essa massa. Essa massa recebe 
o nome de mola hidatiforme. 
O aborto só é legal se a única forma de salvar a vida for o aborto, e tem que 
ser da mulher, quem tem que correr risco é a mulher. Gravidez de risco não 
é motivo suficiente para tirar o feto. Também se admite o aborto 
sentimental ou piedoso, que é o aborto de gravidez decorrente de aborto. 
Infanticídio 
Temos que saber qual dos estados do estado puerperal que é elementar do 
tipo de infanticídio. Com certeza, durante o parto ela estaria sob o estado 
puerperal. O problema é o logo após. 
Toda mulher que tem um filho, assim que acaba o parto entra no puerpério, 
é um estado natural, fisiológico. Só que o puerpério é aquele período pós-
parto, mas o infanticídio dizque até mesmo durante o parto ela já estaria no 
estado puerperal. Alonga-se (para trás) a figura do puerpério no tipo. 
Mas o que é que justifica que ela mate o filho com uma pena menor. Antes 
era a desonra que justificava. Hoje não há mais. Daí se admite que no 
estado puerperal a mulher poderia sofrer de depressão puerperal, psicose 
puerperal, febre, infecção ou perturbação mental puerperal. O estado 
puerperal do direito penal é uma ficção jurídica que entrou no direito penal 
para substituir a desonra da gestante. 
Não há perturbação da saúde mental, isso seria caso de inimputabilidade no 
art. 26, CP. O estado puerperal é uma alteração no comportamento leve, 
pois se ela for um pouco maior sai-se do infanticídio e vai para o homicídio 
na forma do 26, CP. Então, o estado puerperal é uma influência mínima. 
O exame de corpo de delito do infanticídio na mulher infanticida visa avaliar 
se ela teve um filho recentemente, daí se procurar por aqueles lóquios, 
cicatrizes uterinas. Se ele olhar no fundo da vagina ele vai olhar o colo do 
útero e ver que a fenda é mais arrombada em quem já teve filho. Esse 
buraco maior leva o nome de focinho de tenca. 
O médico só fala que ela está no puerpério, não da pra dizer se ela estava 
sob o estado puerperal, no máximo atestar uma daquelas doenças acima 
citadas. Assim, independentemente de ela ter uma dessas doenças, se ela 
está no puerpério, ela vai estar para o direito no estado puerperal. 
Não importa mais que dia que foi, quantos dias depois, o “logo após” dura 
enquanto durar o estado puerperal. Por isso é muito difícil a mulher cometer 
homicídio contra o filho recém nascido. 
Mas para mulher matar o próprio filho, ele deve estar vivo na hora da ação. 
Para isso existe um grupo de testes chamados docimasias. Elas podem ser 
respiratórias pulmonares. Mas elas podem ser circulatórias também (ele 
poderia estar vivo mesmo antes de respirar). As respiratórias podem ser 
pulmonares ou extrapulmonares. 
A pulmonar mais famosa é a docimasia hidrostática pulmonar de 
Galeno. Você pega, coloca o pulmão na água, se ele boiar, é porque o 
nascituro respirou, os pulmões receberam ar. Daí posso afirmar que a 
docimasia foi positiva, nasceu com vida. 
Mas se afundar, eu pego com uma tesoura e corto tudo, só deixo os 
pulmões. Se flutuar, é porque respirou, respirou menos, mas respirou. 
Docimasia positiva. 
Se mesmo assim afundar, eu pego a tesoura de novo e corto os pulmões em 
pedacinhos, se um flutuar, respirou. 
Se todos afundarem, eu pego um soquete e esmago os pedacinho de 
pulmão. Se surgir bolhas de ar, respirou. 
Mas se mesmo assim der negativo, estaria diante de um natimorto. Daí 
estarei diante de um aborto. 
Há também a docimasia radiológica pulmonar de Bordas. Nesse caso 
você tira uma chapa de raio x dos pulmões. Se ele nunca tiver respirado, os 
pulmões tem uma conformação como se fosse uma massa branca. Se ele 
ficar escuro é porque tem ar. 
Docimasia visual pulmonar de Bouchut – o pulmão que não respirou é 
vermelho escuro, é muito denso, ele lembra o fígado, as bordas são agudas 
e a superfície é lisa. No momento que o pulmão respira, as bordas são 
arredondadas, ele fica mais claro, mais avermelhado, ele tem baixa 
densidade, na superfície você vê um monte de mosaicos, que são os 
alvéolos. 
Docimasia microscópica pulmonar de Balthazard-Lebrun: esse é 
patognomônico – se o microscópio mostrar que os alvéolos estiverem 
distendidos, é porque o pulmão respirou, se eles estiverem compactos, é 
porque não respirou. Esse é importante porque quando o feto nasce morto, 
a equipe medica bombeia (insuflação de ar) ar para dentro para reanimá-lo. 
Só que se ele estiver morto, não vai distender os alvéolos. Só se distendem 
fisiologicamente. 
Veja que se fizerem a insuflação o pulmão vai flutuar, mesmo assim ele teria 
nascido morto. 
Há também as docimasias extrapulmonares. A primeira é a de Breslau. Ele 
pegou o esôfago, intestino delgado, grosso, estomago e amarrou tudo nas 
duas pontas. Daí se o neném respirou pode ter entrado ar dentro do tubo 
digestivo. Nesse caso, se boiar é porque respirou. Ele faz com o tubo 
digestivo o que o Galeno fez com o pulmão. Cuidado, porque se o feto 
estiver em putefração, o pulmão e aparelho gastrointestinal vão estar cheios 
de ar. 
Outra coisa que pode acontecer é o feto respirar o líquido amniótico, daí nos 
exames vai dar negativo porque vai afundar. Mas é um falso negativo. Por 
isso a importância do exame microscópico. 
Mas se eu encontrar só a cabeça do feto, daí eu tenho a docimasia extra-
pulmonar auricular de Wendt-Wreden-Gellée, ele se mostra quando o ar 
entra no ouvido médio, o que é normal. Daí eu mergulho a cabeça do feto 
na água, retiro o pavilhão auditivo dele, perfuro o tímpano. Se sair bolha de 
ar, ele respirou. Se o cadáver tiver em putrefação vai borbular. 
A última é a docimasia alimentar. Se eu encontrar alimentos em qualquer 
lugar, é porque ele se alimentou. 
Tem caído em prova as docimasias circulatórias, que é feita quando o 
feto morreu antes de respirar. O que acontece é o seguinte, quando o feto 
sai do útero, ele vem de cabeça, só que o canal é estreito, daí a cabeça é 
apertada pela musculatura do colo uterino. Se a mulher é nulípara (nunca 
teve filhos) ou primípara (secundípara, multípara, etc.), ou seja, sua 
abertura é pequena e sua musculatura uterina é forte, ela aperta a cabeça. 
Daí o sangue que tava vindo do coração consegue vir pro cérebro, mas na 
hora de voltar pelas veias, como está apertado, um pouco do sangue fica 
contido na cabeça. Daí ele morre e para a circulação. Daí fica uma bossa 
sanguínea (saliência sanguínea onde tem osso embaixo) no couro cabeludo. 
Pode sair soro também, daí a bossa vão ser sero-sanguinolenta, ou só soro 
(bossa serosa). Se eu encontrar uma dessas bossas é porque quando ele 
passou pelo canal do parto, ele tava vivo. A isso se dá o nome de tumor do 
parto ou caput sucedaneum ou ainda bossa encefálica. 
Como o feto vem com o occipital (cacareco, coroa) pra frente, chama-se de 
bossa cefálica occipital. Se ele tiver essa característica, é porque ele nasceu 
vivo e se morreu depois é porque a mulher cometeu infanticídio e não 
aborto. 
Questões médico-legais do casamento 
Começamos com himenologia, que é o estudo do hímen. Não confundir 
com himeneologia que é o estudo das questões médico-legais sobre o 
casamento. 
O que veremos exatamente é a questão do erro essencial quanto a pessoa 
do outro cônjuge. Para nos interessa o defeito físico irremediável. 
A impotência tem varias espécies, 4 pra ser exato. Daí só algumas são 
idôneas para anular o casamento. 
Impotência concipiendi – incapacidade que a mulher tem de procriar por 
um problema qualquer de saúde. Não gera anulação do casamento. 
Impotência gerandi – incapacidade do homem de procriar, seja por 
azoospermia, seja por outro motivo. Também não é idôneo a sustentar a 
anulação do casamento. 
Impotência coeundi – impotência sexual do homem propriamente dita, 
brocha. Pode embasar uma anulação do casamento. Antes era pros dois 
esse nome, depois criou-se um só para a mulher. Pode ser agenesia de 
pênis, micropenia, mutilações. 
Impotência acupulia – impotência coeundi na mulher, ela não tem 
condições para manter relações carnais. Pode embasar também. Exemplos 
são a agenesia vaginal (não ter a vagina), ou atresia vaginal 
(estreitamento vaginal tão grande que não permite a penetração do pênis). 
Pode ser também sinequias vaginais, que são cicatrizes que impedem a 
conjunção carnal, pode ser que ela tenha sofrido queimaduras ou lesões lá 
dentro. 
Frigidez não é motivo de anulação de casamento. 
Pseudo hermafrodita masculino é homem, mas tem corpo de mulher, mas é 
homem, não pode casar com homem.Já o pseudo hermafrodita feminino é 
mulher com corpo de homem, não pode casar com mulher. Esses 
casamentos seriam inexistentes porque de pessoas do mesmo sexo. 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA IMPUTABILIDADE PENAL 
PROFESSOR TALVANE MARTINS MORAES 
 
AULA 1 
Só que pode fazer a perícia forense é um psiquiátrica. 
As condições que excluem a imputabilidade do agente estão no art. 26, CP e 
são: o agente que por doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de 
cabine12
Highlight
entender o caráter ilícito do fato. 
As expressões da lei não correspondem às expressões médicas. Por 
exemplo, doença mental, na linguagem médica é um quadro de patologia 
grave do ponto de vista mental. Do ponto de vista do legislador, aquilo é 
um conjunto de transtornos, que podem passar pelas doenças mentais, mas 
também incluiu circunstâncias que o psiquiatra não chama de doenças, por 
exemplo um intoxicação grave, um estado pré-comatoso. Ou seja, qualquer 
estado que haja um prejuízo nítido para p estado metal do individuo. 
 Legislador fala também em desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado. Essas duas são situação diferentes. O primeiro é aquele 
desenvolvimento mental que não teria se completado, por situações 
traumáticas ou de deficiente que possa ter ocorrido ao longo do 
amadurecimento do indivíduo. Isso é diferente do desenvolvimento mental 
retardado, no qual a pessoa já possui um retardamento de inteligência e que 
não permite ele aprender valores éticos e morais. 
E é preciso que esse problema mental seja grave, não basta ser leve. 
A isso tem que se somar o fato de tais fatores gerarem um prejuízo no seu 
discernimento, que é o juízo critico, capacidade de entender o que se passa, 
ou então um prejuízo total da sua manifestação de vontade, capacidade de 
escolha volitiva. Não basta ter um prejuízo, é necessário que esse prejuízo 
prive totalmente o indivíduo de se manifestar ou compreender. 
O legislador teria adotado a teoria bio-psicológica. O primeiro plano seria o 
biológico, ou seja, a existência de uma doença grave. E o segundo plano que 
seria o psicológico que seria a incapacidade de se entender ou se auto-
determinar. Os dois devem coexistir no momento do crime. 
Mas como a pericia psiquiátrica pode saber essas circunstâncias no momento 
do crime se o crime pode ter ocorrido há muitos anos. 
Já o parágrafo único do art. 26 fala-se de redução de pena se houver 
perturbação da saúde mental, ou seja, algo que envolva o funcionamento 
psíquico, mas que não seja suficiente para retirar tal funcionamento. 
Ou então o desenvolvimento incompleto ou retardado fazendo com que o 
individuo não seja inteiramente capaz de entender o caráter ilícito ou se 
auto-determinar. Ou seja, há uma diminuição, mas subsiste essa 
capacidade. 
Um outro dispositivo interessante é o 28, CP. Nele não se exclui a 
imputabilidade quando o agentes estiver acometido por emoção ou paixão. 
Entretanto, no que tange à embriaguez por drogas ou álcool, diz-se que 
isento de pena o agente que, por embriaguez completa e de origem fortuita 
ou proveniente de força maior (a voluntária ou culposa não), ocasiona no 
individuo a inteira incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se 
auto-determinar no momento da ação ou omissão. Aqui também fica bem 
claro o critério bio-psicológico. 
Quando a embriaguez é voluntaria ou culposa, não há que se falar em 
inimputabilidade, porque quando o agente resolveu usar a droga ele era 
livre, por isso se fala em actio libero in causa. Mas se ele não utilizou a sua 
liberdade de tomar a droga ou álcool, ai sim caberá, em tese, a diminuição 
ou isenção de pena, se juntamente com os demais requisitos. 
A pena pode ser reduzida se a embriaguez não lhe retirar completamente a 
auto-determinação ou capacidade de entender o caráter ilícito, se a 
embriague for proveniente do caso fortuito ou força maior, poderá ter sua 
pena reduzida, da mesma forma que o art. 26, CP. 
O incidente de insanidade mental deve ser argüido pelo juiz, MP, defensor, 
curador, ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, devendo o 
juiz autorizar. Assim, não pode o delegado requerer esse exame. Só o juiz 
poderá ordenar (art. 149, CPP). 
Se for na fase de inquérito que alguém alegue a inimputabilidade, seria 
importante já na fase de IP (inquérito policial) esclarecer. Mas, nesse caso, 
deverá o delegado requerer que o juiz determine o exame (149, p.ú., CPP). 
Esse exame é feito por instituições oficiais, como o IML, os hospitais de 
custódias e tratamento psiquiátrico e, na ausência destes, será nomeado um 
perito pelo juiz. 
Esse exame é feito através de entrevista, observação e exame dos autos, 
sendo importante para esclarecer as duvidas que a lei exige que sejam 
esclarecidas, na forma dos art. 26 e 28, CP. Assim, há o lado técnico médico 
e lado técnico criminal. O exame que se pede não é um exame psiquiátrico 
comum, é um exame vinculado a prática de um delito. Assim, se ele sabe a 
mecânica e motivos do crimes, ele pode averiguar melhor a imputabilidade. 
O delito é marcado do prejuízo mental no momento da prática do delito, 
como um selo. Os próprios leigos podem identificar sinais de distúrbio 
psicológico. O próprio agente ao falar sobre o delito deixa transparecer o 
selo da patologia. 
Todas as informações podem ser cotejadas pelo perito. Em caso de 
simulação, normalmente, conseguem perceber, pois o individuo tenta 
justificar sua conduta, é um mecanismo de defesa, e ela vem sempre a 
posteriori à prática do crime. 
Existe uma previsão da chamada superveniência de doença mental, ou seja, 
é a maluquice pós-crime. Nessa hipótese o art. 152, CPP dispõe que o 
processo será suspenso até que o acusado se restabeleça. É feito também 
um exame pericial para averiguar. 
Modificadores patológicos da imputabilidade penal 
As medidas de segurança 
A doença mental tem a característica de desestruturar os suportes psíquicos 
do individuo. É o não dizer coisa com coisa. A doença mental retira a lógica 
do pensamento, é rompido o arco intencional do raciocínio. 
Hoje, há grande probabilidade de cura de pessoas nesses estados, com o 
crescimento dos tratamentos, até mesmo por medicamentos. Há grande 
possibilidade de a pessoa ser reabilitada. Até pouco tempo não existiam 
tratamentos. Esses começaram a ser criados a partir da década de 50. 
Antes, essas pessoas eram isoladas em manicômios. 
Esse avanço teve reflexos no âmbito do direito penal. Apesar de o cara ser 
absolvido ele é remetido para medida de segurança, no qual ele é 
compulsoriamente submetido a um tratamento que pode ser feito mediante 
internação ou em regime ambulatorial. 
O método de tratamento escolhido fica vinculado à pena atribuída ao delito. 
Na realidade, o método deveria ser de acordo com a gravidade da doença, 
mas não é. Só se interna quando o quadro é muito grave. 
O critério médico não foi absorvido pelo legislador. 
O prazo da internação ou do tratamento ambulatorial é indeterminado, mas 
tem um prazo mínimo de um a 3 anos. Mas, após o prazo mínimo, pode ser 
liberada a qualquer momento, desde que os peritos indiquem que encerrou-
se a periculosidade. 
Os inimputáveis são presumidamente perigosos. 
Na hipóteses do p.ú. do art. 26, a pena privativa de liberdade pode ser 
substituída pela medida de segurança se houver indicação para esse tipo de 
tratamento. 
Anamnese 
Levantamento histórico relativo aos antecedentes médicos do examinando, 
bem como de seus familiares e pessoais. 
Muitas patologias mentais estão ligadas à transmissão genética. 
AULA 2 
Se houver dúvida quanto a origem primeira da doença psíquica, você faz um 
exame físico aprofundado para tentar descobri-la.É feito da mesma forma 
como é feita numa pessoa normal. 
Não há como obrigar o periciando a ser examinado. 
O item discussão e conclusões é o item de ouro do laudo, ai está 
exatamente contida toda a função pericial. Aqui é que vamos evidenciar 
quais as condições técnicas que o agente tinha no momento da ação ou 
omissão. 
cabine12
Highlight
Etapas do exame pericial de sanidade mental: 
- Identificação do periciado 
- História : i) criminal; ii) da doença 
- Exame psíquico 
- Exame físico 
- Diagnóstico médico 
- Discussões e conclusões: i) fatores criminodinâmicos; ii) fatores 
criminogênicos; iii) nexo causal, iii-a) crime e condições 
contemporâneas e autodeterminação 
- Resposta aos quesitos 
Toda vez que se fala em “ao tempo do crime” pode parecer que o perito faz 
um exame em exercício de especulação. Mas não é assim, eles conseguem 
fazer um diagnóstico fidedigno, com firmeza cientifica e segurança técnica. 
Fatores criminogênicos são os fatores que interferem na motivação do delito. 
E essa motivação, quando não é patológica, quando ocorre em decorrência 
de outras circunstâncias, ela é perfeitamente compreensível a nós, como, 
por exemplo, precisar de um dinheiro, mesmo que isso seja desprezível. 
Para ver isso analisamos vários elementos dos autos, como a denúncia, os 
testemunhos, nos elementos contido em relatórios de autos (inquérito) e a 
própria versão que o acusado oferece ao fato, porque ele fez aquilo. Daí vem 
o primeiro sinal de patologia, pois quando o crime tem uma causa 
patológica, o que nos vamos ver no ato é a falta de compreensividade, não é 
compreensiva. Não tem qualquer motivo lógico, é uma motivação inusitada, 
completamente esdrúxula. 
Não é por ciúme, raiva, vingança, mas sem qualquer motivo plausível. 
É ai que podemos afirmar que mesmo anos depois é possível se saber se ao 
momento ele estava doente ou não. Isso porque podemos identificar o selo 
da patologia. Mas não é só. 
Analisa-se a criminodinâmica, que é a forma de atuar do individuo, para 
verificar se a patologia está presente ou não. Quando o individuo está 
inconsciente de seus atos ele não foge da policia, ele não participa da 
elaboração do plano, na participa de reuniões para dividir o produto do 
roubo. Então, na realidade, mostra-se que o individuo mantinha qualidade 
de juízo critico, que é o que a lei questiona no art. 26, CP. 
O crime do doente mental, quando não tem flagrante, normalmente não tem 
autoria estabelecida. Isso porque a policia tenta estabelecer um nexo entre a 
vítima e o possível autor, que inexiste nesse tipo de crime. 
Ainda tem o perito que avaliar se há o nexo causal entre a doença e o delito 
praticado, analisando o discernimento e auto-volição do agente. Na prática 
eu vejo isso utilizando a criminogênese e dinâmica, para analisar a 
motivação e a dinâmica do crime analisando profundamente os autos. O 
momento do crime é nitidamente marcado por uma ação patológica quando 
ele é praticado pelo maluco. O perito analisando esse selo é que vai poder 
estabelecer o nexo, ele tem que saber ler as circunstâncias. Isso porque o 
doidinho pode praticar o crime sem que haja influência da patologia, 
podendo o doente mental cometer um crime que não tenha nenhuma 
relação com a patologia, cometendo o crime mediante injusta provocação, 
por exemplo. 
Portanto, o perito tem que avaliar, além da existência da patologia, o nexo 
entre ela e o crime cometido. CSI Miami mesmo, como já diria o Blanco. 
Assim, em relação ao nexo, deve ser levado em consideração não só o crime 
em si, mas também as condições contemporâneas de entendimento e 
autodeterminação. 
Em primeiro lugar, então, devemos analisar se existe doença mental com 
desordem mental que deixe o individuo fora da realidade, não é qualquer 
doença mental, ou sua diminuição no caso do p.ú. do art. 26, CP. 
Responder os quesitos é o último passo, que normalmente dizem respeito ao 
elementos do art. 26, CP. 
O individuo quando está sob violenta paixão ou emoção pode ter uma reação 
psicológica que realmente diminua a capacidade critica e de 
autodeterminação. É o que se chamava de privação dos sentidos. Mas isso 
mesmo que diminuindo a sua capacidade mental não é aceita pelo CP para 
retirar a sua imputabilidade. 
O juiz pode levar em conta a passionalidade do ato, mas no campo jurídico, 
não no campo médico legal. 
Classicamente se divide emoção e paixão no sentido de que esta é mais 
demorada do que a emoção, que é mais efêmera. 
Medidas de segurança e o exame da cessação da periculosidade 
Se o juiz acatando a opinião dos peritos, absolve o boneco, aplicando 
medida de segurança por um prazo mínimo, sendo por um prazo 
indeterminado. Essas podem ser ambulatoriais ou internação. 
Essa medida de segurança acaba quando os peritos determinarem que 
cessou a periculosidade. Mas quem faz cessar não é o laudo, mas a ordem 
do juiz. 
Não se esqueça que há uma presunção de periculosidade do doido que foi 
absolvido impropriamente. 
Há um laudo próprio para isso. Esse laudo tem a finalidade de informar ao 
juiz se há a necessidade de permanecer a medida de segurança. 
Esse laudo começa com o preâmbulo, depois identificação, histórico do caso 
(que não se preocupa mais com o ato do crime, mas sim do período da 
internação até a época atual, como ele evoluiu). Fdp mudou de assunto... 
Pode ser que a evolução da doença reduza a periculosidade do cara, isso 
porque ele pode sair de uma fase alucinógena e ir para uma de completa 
demência, na qual ele não tem mais qualquer iniciativa, nem mesmo para 
cometer crimes. 
Os caras do p.ú. do 26 pode ser submetido a tratamento ao invés de ser 
condenado a uma pena qualquer. Quem indica o tratamento adequado 
(especial tratamento curativo) são os peritos, ou seja, se deve internar o 
cidadão, não para cumprir pena, mas para ser submetido a tratamento. 
Assim, após analisarem ser o cara incidente no art. 26, p.ú., CP, os peritos 
devem, ato continuo, indicar qual seria o tratamento adequado, o prisão ou 
o especial tratamento curativo. 
 
IMPUTABILIDADE PENAL NO USO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS 
Diferenças entre uso e dependência de drogas: quadros agudos e crônicos 
Droga é toda substancia que introduzida no organismo altere as funções 
deste. 
Há drogas lícitas e ilícitas. Mas mesmo as drogas licitas podem gerar crimes, 
como vender álcool a menores. 
O estado de embriaguez não vai, por si só, eximir a imputabilidade penal, da 
mesma forma que a emoção ou paixão. 
Entretanto, há algumas exceções interessantes, como no caso do cara que 
em estado de embriaguez completa, em caso de caso fortuito ou força 
maior, era ao tempo do fato inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou se autodeterminar de acordo com esse entendimento. 
Veja que parece muito com o art. 26, CP. O mesmo critério é utilizado nos 
dois casos, o critério bio-psicológico. Não é só a embriaguez (fato biológico), 
mas também a incapacidade de entender o caráter ilícito da conduta 
(psicológico). 
Aplica-se a teoria do actio libero in causa explica que aquele que tem 
liberdade antes de se embriagar é responsável por seus atos. A culpabilidade 
dessas pessoas é analisada de acordo com o momento anterior ao da 
embriaguez voluntaria ou culposa. 
O art. 28, CP, §2º, prevê uma redução de pena se o agente embriagado por 
caso fortuito ou força maior, não possuía ao tempo da ação ou omissão a 
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou se determinar 
de acordo com esse entendimento. 
Veja que é praticamente uma cópia do p.ú. do art. 26, CP. 
Mas o que é embriaguez completa? Quando ele inicia a ingestão do álcool, 
tão logo ele alcance o estomago ele é rapidamente absorvido e ingressano 
sangue e vai ter ação sistêmica, mas, principalmente, no sistema nervoso 
central. Daí ele ocasiona o abaixamento da autocensura (Freud chamava 
essa autocensura de superego). 
Assim, o individuo naturalmente tem os impulsos, inclusive os criminosos, 
mas a autocensura adquirida com a vida em sociedade, o contém. 
A conseqüência disso é uma sensação de bem estar, perda de inibições, etc. 
Se o indivíduo continua com a intoxicação alcoólica, ele começa a ter 
reações orgânicas, mais especificamente na atividades psíquicas e 
neurológica (motora – é ela que da harmonia aos movimentos). 
Normalmente esses sintomas são de marcha ebriosa (sinuosa, dificuldade de 
caminhar em linha reta), a voz começa a ficar pastosa, arrastada. Para o 
lado psíquico a coisa agrava, por exemplo, ele pode ter alterações do humor 
para o pólo da euforia, irritação ou depressão (tristeza). Além disso, a 
elaboração do pensamento se torna confuso. Os reflexos diminuem, os 
movimentos ficam debilitados, perde o equilíbrio, perde noção de 
profundidade. 
Essa embriaguez não é completa. Se ela fosse decorrente de caso fortuito ou 
força maior, estaria no §2º, do art. 28, CP. 
O próximo estágio é a embriaguez completa. Do ponto de vista psicológica 
há um perda total da continência dos impulsos, dos afetos, ele não consegue 
mais expressar a sua fala. Do ponto de vista motor, as glândulas salivares 
começam a fabricar saliva e ele não consegue mais segurar, é a hora que 
começa a babar. Perde a noção do ridículo, o pensamento novelado, 
enrolado se agrava. Ele também não consegue mais manter a posição 
bípede estável, ele fica balançando. Pode haver incontinência estomacal e 
urinária. 
Isso não pode ser confundido com dependência, a embriaguez por si só não 
quer dizer dependência. O dependente pode ficar em estado de embriaguez, 
mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Dependência é um quadro 
crônico porque ela se manifesta após um uso continuado e repetitivo que 
ocasiona uma ligação patológica entre a droga e organismo do individuo, 
chegando numa fase que ele não consegue ficar sem a droga, ele tem 
compulsão ao uso da droga. A tendência também é sempre aumentar o uso 
da droga. 
Vamos agora analisar as drogas ilícitas. 
Em razão da gravidade do uso e dependência de drogas ilícitas houve por 
bem estabelecer parâmetros legais para limitar e proibir as drogas ilícitas. 
Essas drogas tem uma maior potencialidade de diminuir a autocensura. 
O crack, por exemplo, promove comportamentos de agitação, agressividade 
e compulsividade que muitas vezes estão relacionadas com o aumento do 
comportamento criminoso. 
Avaliação médico-legal do uso e abuso de drogas 
Exame de embriaguez pelo álcool e substancias de efeitos análogos 
O uso das drogas é marcadamente sublinhado pela entoxicação aguda, 
tendo uma alteração de comportamento que pode levar a criminalidade. 
Por causa disso as drogas ilícitas foram colocadas sob uma legislação 
especial. Mas com a lei 11343/2006 veio a despenalização do usuário de 
drogas, só mantendo (e aumentando) a pena do traficante. 
Para nós só interessam alguns artigos. Vamos começar pelo 45 da 
11342/06. 
É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da 
ação ou omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
se de acordo com esse entendimento. 
Veja que o legislador colocou duas coisas distintas no art. Uma coisa é 
dependência, que é um quadro crônico, que é formada ao longo de um 
tempo. A outra hipótese é o uso da droga em caso fortuito ou força maior, 
no mesmo sentido que as drogas licitas do CP. Assim, nesses casos fica 
afastada a imputabilidade. 
O parágrafo único do art. 45, diz que quando absolver o agente por força 
pericial das condições referidas no caput, poderá o juiz determinar o 
encaminhamento do drogado para tratamento médico adequado. 
Mas repare que não há imposição de medida de segurança, diferentemente 
da inimputabilidade, aqui o juiz poderá determinar. Assim, os peritos que 
indicam ao juiz se é necessário o tratamento médico e qual é o adequado, se 
ambulatória, se sob internação. 
Agora se trata de reconhecer caminhos alternativos para solução daquele 
que infringe a norma penal em virtude de uso ou dependência de drogas. 
A mesma sistemática se aplica ao caso de condenação do agente, 
juntamente com pena aplicada, poderá o juiz encaminhá-lo a tratamento. 
O exame de dependência de drogas e o laudo de dependência de drogas 
Nada mais é do que uma espécie de exame psiquiátrico de sanidade mental. 
Neste avalia-se a sua sanidade mental, na dependência de drogas é 
necessário que os peritos examinem aquele que está sendo processado 
quando houver duvida que ataque sua sanidade mental no sentido de 
dependência de drogas. 
Pode ocorrer a coexistência das patologias clássicas de doenças mentais com 
a dependência de drogas. 
O laudo do exame de dependência de drogas: 
- Preâmbulo (apresentação do documento – já é impresso no timbre da 
folha nos institutos oficiais). 
- Identificação do periciando. 
- Histórico criminal, i) denúncia, ii) elementos dos autos, iii) versão do 
periciando aos peritos. 
 
O exame não é feito com dosagens de drogas no sangue ou urina, o simples 
fato de haver esses resquícios não autoriza a imputar uma dependência. 
Esses exames só constatam a presença da droga ou álcool no corpo, não 
quer dizer que a pessoa é dependente. 
Após fazer aquele relatório, passa-se à anamnese - histórico de médico do 
periciando: 
- anamnese, i) antecedentes familiares, ii) antecedentes pessoais (curva 
de vida – ao longo da vida ele anexa valores, troca experiências com o 
meio, se houve uso de drogas no decorrer da vida e como começou, 
constrói sua singularidade, ninguém tem um sósia psicológico), iii) 
histórico da doença, da dependência (saber por que etapas ele passou, 
como se chegou ao estado de dependência, procurar sintomas do uso 
da droga, principalmente drogas de uso injetável, mas também no 
caso da cocaína, que deixa marcas no septo nasal), iv) exames 
complementares (podem ou não ser solicitados, pode ser um exame 
psicológico, encefalograma, de sangue, para identificar patologias 
relacionadas à dependência, não para indicar a dependência). 
- Exame psíquico: tradução de uma analise psicológico-psiquiátrica, 
como a avaliação critica, o conteúdo do pensamento, a forma pelo 
qual o pensamento se manifesta e, por ultimo, a característica afetivo-
conativa da doença, capacidade de conter os próprios impulsos e de se 
ligar a valores, hierarquizando as diferenças entre as coisas 
importantes e os aspectos secundários. Não é raro que o dependente 
de droga coloque a droga em patamar mais elevado do que a família, 
por exemplo. É normal também a pessoa cair de “classe social” por 
conta da droga e do álcool 
- Diagnóstico: deve ter características médico-legais, não é no terreno 
clínico, não se busca o tratamento, serve para responder ao juiz se 
existe quadro de dependência. Esse diagnóstico pode incluir também 
uma doença mental (esquizofrenia, por exemplo). 
- Discussão e conclusões: item mais longo e importante do laudo. Os 
demais itens são mais médicos, analisam o quadro do examinando. 
Aqui não. Primeiro separa-se os fatores criminogênicos (razão de 
ser do delito, porque o delito se consumou – por exemplo, roubou para 
conseguir dinheiro para a droga); fatores criminodinâmicos (como 
se deu o delito, se tinha o selo da dependência); e elucidar o nexo 
causal entre dependência e o ato criminoso, além disso se no 
momento do crime ele estava em situação de dependência,se o delito 
foi movido pela dependência. 
- Por último, o perito responderá os quesitos feitos. O perito não pode 
deixar de responder a quesitos, é dever dele responder todos os 
quesitos, mesmo os que não tenham pertinência. Mas quesitos 
genéricos não tem ligação com o direito, o direito analisa o caso 
concreto. Assim, perguntar se a cocaína causa dependência não tem 
nada a ver com o caso concreto, não acrescenta nada. Caberia ao 
esclarecer que a cocaína é substância capaz de causar dependência 
desde que se observem diversos fatores. 
O exame de recuperação de dependência de droga e abordagem da Justiça 
Terapêutica 
Se assemelha muito ao exame de dependência, mas o objetivo não é o 
mesmo, sendo o objetivo aqui, já tendo acatado o juiz o exame pericial que 
determinava a inimputabilidade por dependência d droga, ele possa avaliar 
após o tratamento, se o individuo está em condições de voltar à vida 
normal, se ele está livre da dependência. 
Tem-se utilizado a justiça terapêutica, ou seja, dá-se ao individuo a 
possibilidade de ele mesmo se inserir em programas que ele 
progressivamente saia da dependência das drogas. Vem do modelo 
estadunidense, não está inserido na lei, mas é uma faculdade do juiz agir 
dessa forma. Essa é a tendência dessa nova lei.

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