O papel do negro na sociedade contemporânea.(Dissertação)

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Ao longo de três séculos o desenvolvimento econômico brasileiro foi calcado no emprego da mão de obra escrava africana, prática que conseguia bases de sustentação em teorias racistas como o Darwinismo social e o determinismo biológico. Apesar de ter sido abolida em 1888, o que faz do Brasil o último país das américas a tomar tal medida, a escravidão deixou como inexorável legado uma visão repleta de estigmas sobre a condição do negro, o qual tem de lidar com um preconceito há muito institucionalizado e que, no entanto, é veementemente negado.
Nesse sentido, é crucial ressaltar o descaso com que se deu o processo de abolição da escravidão: tendo conquistado sua liberdade jurídica, os negros se viram desamparados pelo governo imperial e absolutamente impedidos de reintegrar à sociedade de forma digna. Desse modo, a questão da igualdade social foi deixada de lado e a imensa parte da população que supostamente havia sido liberta era agora forçada a ocupar uma posição marginalizada que perdura, em diversos aspectos, até os dias de hoje.
Apesar de tais eventos terem acontecido recentemente na história do Brasil, ainda é comum a afirmação de que esse é um país etnicamente democrático- como se uma herança tricentenária pudesse ser superada em pouco mais de cem anos. Assim, na nação em que a população negra, apesar de majoritária, ocupa somente 20% das cadeiras na câmara dos deputados, o verificado é o que Gilberto Freyre chamou de “O mito da democracia racial”
Portanto, percebe-se que a abordagem em relação aos negros permanece muito distante do esperado em uma sociedade que insiste em reafirmar sua tolerância racial. Essa condição, uma vez integrada a uma cultura intimamente relacionada ao preconceito, deixa de ser debatida de forma adequada, de modo a perpetuar falhas de um sistema social decadente.