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Art. 155 - Furto: sujeito ativo, passivo e conduta

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Art. 155 TíTULO 11- DOS CRIMES CONTRA O PAmlMÔNIO
Sujeito ativo: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do furto, salvo o próprio dono
da coisa. Para a maioria, conforme o caso, haverá o delito de exercício arbitrário das
próprias razões (arts. 345e 346,ambos do CP).
Já Magalhães Noronha, argumentando seu escólio com um interessante caso de
direito real de garantia (penhor), afirma haver furto, pois, a despeito de ter ocorrido
subtração de coisa própria, há um sujeito ativo (o dono), um sujeito passivo (o credor),
uma ação criminosa (o apoderarnento), um objeto material (a coisa) e há lesão a um
bem jurídico (o direito real de garantia do credor), afastando-se. desse modo, a inci-
dência do art. 346do CP(CódigoPenalbrasileiro comentado clt., v. 5, L" parte, p. 56).
Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitima-
mente a detém, a coisa comum, configura o crime do art. 156do CP.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, física ou jurídica, proprietária, possuidora ou
detentora da coisa assenhorada.
Conduta: é punível a subtração, a retirada da coisa de quem a detém.
Da análise do tipo em estudo, fica claro que o objeto material do crime deve ser
coisa alheia móvel, economicamente apreciável. O interesse apenas moral da coisa,
segundo alguns, também configura o crime. Nucci, contudo, discorda, assim argumen-
tando seu posicionamento: "coisa puramente de estimação: entendemos não ser objeto
material do crime de furto, pois é objeto sem qualquer valor econômico. Não se pode
conceber seja passível de subtração, penalmente punível, por exemplo, uma caixa de
fósforo vazia, desgastada, que a vítima possui somente porque lhe foi dada por uma
namorada, no passado, símbolo de um amor antigo. Caso seja subtraída por alguém,
cremos que a dor moral causada no ofendido deve ser resolvida na esfera civil, mas
jamais na penal, que não se presta a esse tipo de reparação (ob. cit. p. 666).
A coisa deve ser alheia:
Apoderamento de Consequência
Coisa de ninguém
(res nul/ius)
Fato atípico
Coisa abandonada
(res derelicta)
Haverá crime de apropriação indébita
Coisa perdida de coisa achada (art. 169, parágrafo
(res deperdita) único, 11, do CP),pois apesar de alhei~,
não há subtração, mas apropriação.
A coisa deve ser móvel. Para fins penais são considerados coisas móveis os bens
capazes de ser transportados de um local para outro sem que percam sua real identi-
dade (os navios, aeronaves e os materiais separados provisoriamente de um prédio,
ao contrário do direito civil, são móveis para o direito penal).
Alerta Cezar Roberto Bitencourt: "Os direitos, reais ou pessoais, não podem ser
objeto de furto. Contudo, os títulos ou documentos que os constituem ou representam
podem ser furtados ou subtraídos de seus titulares ou detentores" (Tratado de direito
penal: parte especial, v. 3, p. 5).
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