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CONCEITO concursos de pessoas

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CONCEITO 
 O concurso de pessoas (também chamado de concurso de 
agentes) pode ser definido como a concorrência de duas ou mais pessoas para 
o cometimento de um ilícito penal. 
 O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 29, não define 
especificamente o concurso de pessoas, porém, afirma que “quem, de qualquer 
modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de 
sua culpabilidade”. 
 Art. 29. Concurso de pessoas 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o 
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de 
sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, 
a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de 
crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa 
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido 
previsível o resultado mais grave. 
Na doutrina, tem-se definido o concurso de agentes como a reunião de 
duas ou mais pessoas, de forma consciente e voluntária, concorrendo ou 
colaborando para o cometimento de certa infração penal. 
Para a caracterização de um ilícito penal, é necessário, primeiramente, 
uma conduta humana, positiva ou negativa, cometida por uma ou várias 
pessoas, não sendo todo comportamento do homem um delito, em face do 
princípio de reserva legal somente os que estão tipificados pela lei penal podem 
assim ser considerados. 
Já os requisitos para a caracterização do concurso de pessoas serão 
demonstrados a seguir. 
TEORIAS 
 Quando um crime é cometido por mais uma de uma pessoa, 
ocorre o concurso de pessoas. Nas palavras do doutrinador Fábio 
Miranda Mirabete, o concurso pode ser definido como a ciente e voluntária 
participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal, havendo 
uma convergência de vontades visando um fim comum, sendo 
dispensável um acordo prévio entre as pessoas. 
Seguindo essa mesma linha, Guaracy Moreira adiciona mais uma 
característica ao concurso de pessoas, ao salientar que nem todos praticam a 
mesma ação num evento criminoso. Há os que praticam o verbo previsto no tipo 
penal, os coautores, e há os que colaboram para o resultado, os participes. 
Discordando de certa parte da doutrina, o mestre Nelson Hungria, adota 
outra postura quando se trata da questão de haver ou não um acordo prévio 
entre os agentes. Em sua doutrina ensina que, deve haver um acordo de 
vontades que o acordo de vontades verse sobre o objetivo crime e sobre os 
meios de alcança-lo. Enquanto não se fundem em uma só as opiniões dos co-
partícipes, ou enquanto não se estabelece entre eles a perfeita unidade de 
intenção (desígnios) e de planos, não é atingido o summatum opus, ou seja, não 
é atingida a consumação do concurso de agentes. Contudo, para que se tenha 
o concurso de pessoas é preciso preencher os seguintes requisitos: 
a. Pluralidade de condutas: é necessária a participação de duas ou 
mais pessoas, cada uma com a sua conduta delituosa; 
b. Relevância causal de cada uma: a participação deve ser relevante 
para a concretização do delito; 
c. Liame subjetivo: deve existir um vinculo entre os agentes, um liame 
subjetivo, ou seja, as condutas devem ser homogêneas: todos devem ter a 
consciência de que estão colaborando para a realização de um crime; e 
d. Identidade de infração para todos participantes: todos devem 
responder pelo mesmo crime. 
 Quando ao requisito b. relevância causal, é pelo código penal no 
art. 29, §1º do Código Penal, que deve ser apurado no caso concreto, em que a 
pena será reduzida de um sexto a um terço. Tratando deste assunto, o mestre 
Marcelo Fortes Barbosa utiliza como exemplo de participação de menor 
importância a do motorista que se limitou a levar os latrocidas ao local do crime 
sem espera-los para dar-lhes fuga. Emprestar um veículo para a prática de furto 
se nos afigura como uma participação de menor importância. 
No Direito Penal Brasileiro, existem duas principais teorias adotadas no 
concurso de pessoas: a teoria monista e a pluralista. 
 Na teoria monista crime é único e indivisível, ainda que tenha 
sido praticado em concurso de várias pessoas. Não se distingue entre as várias 
categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador, cúmplice e etc.), sendo todos 
autores (ou coautores) do crime. 
 A crítica para essa teoria, que se baseia no fato de que essa 
posição dificulta o estabelecimento da “equivalência das condições”, que torna 
assunto de grande discussão, pois a própria lei estabelece que seja unitário o 
crime, mas admite causas de agravação e atenuação da pena. 
 Na teoria pluralista, a pluralidade de agentes corresponde a um 
real concurso de ações distintas, tendo como consequência uma multiplicidade 
de delitos, praticando cada agente um crime próprio, autônomo, independente 
dos demais. 
 A crítica existente para essa teoria baseia-se na ideia de que a 
participação de cada agente não são autônomas, nem independentes, pois 
conversem para uma mesma ação de um único resultado derivado de todas as 
causas diversas. 
 A lei penal vigente adota a teoria monista ou unitária. Assim, 
todos aqueles que concorrem para a produção do crime, devem responder por 
ele. A teoria comporta algumas exceções, como por exemplo, no caso de aborto 
consentido, a gestante responde por infração ao art. 124 (consentir que outrem 
lhe provoque) e quem realizou o aborto pelo crime do art. 126 (provocar aborto 
com consentimento da gestante), nesses casos é aplicada a teoria pluralista, que 
admite que cada um dos concorrentes responda pela sua própria conduta, pois 
cada um pratica um crime próprio, autônomo. 
REQUISITOS CARACTERIZADORES 
Para que se configure o concurso (eventual) de pessoas é indispensável 
a existência de requisitos de natureza objetiva e subjetiva, somados a outros que 
possam complementar e aperfeiçoar a prática criminosa. 
É possível extrair, pelo menos quatro requisitos básicos para o concurso 
de pessoas na prática criminosa, os quais se algum desses inexistentes, não há 
de se falar em concurso de pessoas. São eles: 
1) Pluralidade de agentes e de condutas 
Concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração 
penal. No concurso de pessoas nem todos os participantes, embora assim o 
desejem, contribuem com sua ação na infração penal. Alguns praticam o fato 
material típico, núcleo do tipo; outros praticam atos que, por si sós, configurariam 
atos atípicos. 
Todos os participantes de um evento criminoso não o fazem 
necessariamente da mesma forma, nas mesmas condições e nem com a mesma 
importância, mesmo que contribuindo livre e espontaneamente para o seu 
resultado. Para Esther Ferraz, “enquanto alguns praticam o fato material típico, 
representado pelo verbo núcleo do tipo, outros se limitam a instigar, a induzir, a 
auxiliar moral ou materialmente o executor ou executores praticando atos que, 
em si mesmos, seriam atípicos”. Contudo, como disposto no caput do artigo 29 
do Código Penal, a participação de cada um deve se conjugar, para colaboração 
causal de obtenção resultado criminoso, razão pela qual, todos respondem pelo 
mesmo crime. 
Todavia, é necessária a diferenciação de autor do mero partícipe, até 
pelo primado maior da culpabilidade, ou seja, da responsabilização das pessoas 
"na medida de sua culpabilidade", como dispõe o caputdo art. 29 do Código 
Penal. Por autor entende-se aquele que executa com suas próprias mãos todos 
os elementos do tipo penal, em que poderá ainda utilizar de outra pessoa como 
instrumento ou aquele que realiza a parte necessária de decisão criminosa para 
prática criminosa. 
Este é o principal requisito para que se caracterize o concurso de 
pessoas. 
2) Relevância causal das condutas 
A conduta de típica ou atípicade cada participante deve se integrar em 
uma corrente causal que determina o resultado. Para configurar participação a 
conduta precisa ter eficácia causal, provocando, facilitando, estimulando a 
conduta principal. Portanto, conduta irrelevante para a produção do crime não 
possui qualquer eficácia causal. 
Não satisfaz a multiplicidade de agentes e condutas para que se 
configure o concurso de agentes, é necessário ainda que o crime se faça por 
meio de condutas nas quais se possa vislumbrar o nexo de causalidade entre 
elas e o resultado obtido. Desse modo, cada conduta deve ser relevante para a 
contribuição objetiva do crime, no encadeamento causal dos eventos. Caso a 
conduta típica ou atípica de cada participante não seja da corrente causal para 
determinação do resultado, será ela por si só irrelevante. Obviamente, se conclui 
que nem todo comportamento vai caracterizar a participação, pois é necessário 
que haja, no mínimo, estimulação, induzimento ou facilitação para prática 
criminosa. Nesse sentindo, condutas irrelevantes ou insignificantes para 
existência do crime serão desprezadas, não constituindo sequer participação 
criminosa. 
3) Vínculo Subjetivo 
Para aperfeiçoamento do concurso de pessoas, devem existir vários 
agentes que contribuam para uma ação comum. Não satisfaz o agente atuar com 
dolo/culpa. É necessário que haja uma relação subjetiva entre os participantes 
do crime, pois, do contrário, várias condutas poderão ser isoladas, autônomas e 
até mesmo desprezíveis. Deve haver, portanto, um vínculo psicológico e 
normativo entre os diversos autores do crime, de forma a se analisar essas 
condutas como um todo, e a ser possível a aplicação do art. 29 do Código Penal. 
Ensina Cezar Roberto Bittencourt que, todavia, o simples conhecimento 
da realização de uma infração penal ou mesmo a concordância psicológica 
caracterizam, no máximo, “conivência”, que não é punível, a título de 
participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição 
causal, ou, então, constituir, por si mesma, uma infração típica. 
 “Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo 
causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade 
criminosa de outrem, visando à realização do fim comum, 
cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes 
à responsabilidade pelas consequências da 
ação.” (MIRABETE, Manual, v.1, p.226) 
Portanto, deve haver uma participação consciente e voluntária no fato, 
mas não é indispensável o acordo prévio de vontade para a existência do 
concurso de pessoas. A adesão tem que ser antes ou durante a execução do 
crime, nunca posterior. No caso de acordo posterior a execução do crime, esse 
caracteriza o favorecimento pessoal ou real previsto nos art. 348 e 349 do Código 
Penal, e não o concurso de pessoas. 
Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à vontade do 
outro, em que os participantes deverão atuar com vontade homogênea, no 
sentido todos visarem a realização do mesmo tipo penal. A existência de vínculo 
subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio (pactum sceleris) entre os 
delinquentes. Rogério Greco afirma que se não se conseguir vislumbrar o liame 
subjetivo entre os agentes do crime doloso, cada um responderá isoladamente 
por sua conduta. 
Já nos delitos culposos há divergência doutrinária. Antigamente, se 
pesava a possibilidade de concurso de agentes, porém, atualmente tem se 
admitido, até com certa tranquilidade que alguém possa conscientemente 
contribuir para a conduta culposa de terceiro. Aqui, deve-se verificar o elemento 
vontade na realização da conduta, mas não na produção do resultado. 
Diferentemente do concurso de pessoas no crime doloso, o binômio consciência 
e vontade não conectam para um objetivo de prática criminosa, mas sim de 
realizar a conduta culposa pela imprudência, negligência, ou imperícia. Sendo 
assim, é importantíssimo diferenciar o vínculo subjetivo que existe no concurso 
de pessoas (crimes dolosos) com o normativo (crimes culposos). 
4) Identidade de fato 
O quarto e último requisito para se configurar o concurso de pessoas, as 
infrações praticadas pelos concorrentes sejam únicas – Unidade da Infração 
Penal. É imprescindível que todos atuem com esforços conjugados a fim do 
mesmo objetivo criminoso. 
Damásio de Jesus considera que se trata de identidade de infração para 
todos os participantes, não propriamente de um requisito, mas sim de verdadeira 
consequência jurídica diante das outras condições. Desse modo, não há de se 
falar em concurso de pessoas se a concorrência entre dois ou mais agentes não 
se destinar a mesma prática de certa e determinada infração penal. 
Deve-se existir, portanto, uma unidade da infração penal, requisito 
básico para concurso de pessoas e produto lógico-necessário em face do 
concurso de agentes. Essa infração penal deverá ser ao menos tentada, bem 
como dispõe o art. 31 do Código Penal, em casos de impunibilidade de ajuste, 
determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário. 
BIBLIOGRAFIA 
GOMES, Luiz Flávio. Participação de várias pessoas no crime culposo. 
Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 878, 28 nov. 2005. 
HUNGRIA, Nelson e LYRA, Roberto. Compêndio de Direito Penal. Rio 
de Janeiro: Livraria Jacyntho, 1936. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, Parte Geral. 29 ed. 
São Paulo: 2012. v. 1. 
_______, Manual de Direito Penal, Parte Especial. 29 ed. São Paulo: 
2012. v. 2. 
MOREIRA FILHO, Guaracy. Código Penal Comentado. 1 ed. São Paulo: 
Rideel, 2010. 
CAPEZ, Fernando. Código Penal Comentado. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. 
JESUS, Damásio de. Direito Penal, parte geral. 33 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. v.1.

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