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História da Psicologia 1, 2, 3 e 4.

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História da Psicologia 
(SDE0012 t. 3004 e 3017) 
 
Prof.: John Luiz Baytack Beltrão de Castro 
 
Ementa: 
Ao longo deste semestre de 2016.1, na disciplina História da Psicologia, estudaremos: 
Evolução histórica dos conceitos psicológicos da antiguidade à modernidade. As ideias filosóficas que mais 
influenciaram a Psicologia. Contextualização sócio-histórica do estabelecimento da Psicologia como ciência 
autônoma. Principais verbetes da Psicologia nos séculos 19 e 20. Desenvolvimento da Psicologia como 
profissão no Brasil. Debates contemporâneos na Psicologia. 
Unidade I: Estudo Histórico da Psicologia: 
1.1. A importância do passado para o entendimento presente; 
1.2. As ideias psicológicas na antiguidade e na idade média; 
1.3. As ideias psicológicas no renascimento e modernidade; 
Unidade II: Contexto do surgimento das ciências psicológicas: 
2.1. A psicologia pré-científica; 
2.2. A fisiologia e a psicofísica; 
2.3. A Psicologia como ciência; 
Unidade III: Movimentos da Psicologia nos séculos 19 e 20: 
3.1. Estruturalismo e Funcionalismo; 
3.2. Comportamentalismo; 
3.3. Psicanálise; 
3.4. Psicologia cognitiva; 
Unidade IV: Psicologia como profissão e seus debates contemporâneos: 
4.1. O começo da profissionalização em Psicologia; 
4.2. Desenvolvimento da Psicologia como profissão no Brasil; 
4.3. Debates contemporâneos na Psicologia; 
 
Bibliografia básica: 
BENJAMIN JR., L. T. Uma Breve História da Psicologia Moderna, LTC, 2009. 
MARX, M. H., HILLIX, W. A. Sistemas e teorias em psicologia. São Paulo: Cultrix, 1998. 
SCHULTZ, D. P., SCHULTZ, S. E.; História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2009. 
Bibliografia complementar: 
BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. São 
Paulo: Saraiva, 1998. 
FREUD, Sigmund. Cinco lições de psicanálise. In: ______. Obras completas. v. 9. Rio de Janeiro: Companhia 
das Letras, 2013. 
 
 
A importância do passado para o presente 
Historiografia: refere-se ao estudo dos métodos de produção do conhecimento histórico. 
“Toda e qualquer produção humana — uma cadeira, uma religião, um computador, uma obra de 
arte, uma teoria científica — tem por trás de si a contribuição de inúmeros homens, que, num tempo 
anterior ao presente, fizeram indagações, realizaram descobertas, inventaram técnicas e 
desenvolveram ideias. Em suma: por trás de qualquer produção material ou espiritual, existe a 
História” (BOCK; FURTADO & TEIXEIRA, 1999, p. 39 grifo nosso). 
A história da Psicologia tem por volta de dois milênios (início na Grécia, de 700 a. C. até a 
dominação romana, véspera da era crista). O interesse por ela remonta aos primeiros espíritos 
questionadores (BOCK; FURTADO & TEIXEIRA, 1999, p. 39 grifo nosso). 
Sempre houve fascínio pelo comportamento, especulações acerca da natureza e condutas humanas 
são o tópico de muitas obras filosóficas. 
”É uma das mais antigas disciplinas acadêmicas, e ao mesmo tempo uma das mais novas” (BOCK; 
FURTADO & TEIXEIRA, 1999, p. 39 grifo nosso). 
No século V a. C., Sócrates, Platão, Aristóteles e outros sábios gregos se viam às voltas com muitos 
dos mesmos problemas que hoje ocupam os psicólogos: a memória, a aprendizagem, a motivação, a 
percepção, a atividade onírica e o comportamento anormal, por exemplo. 
As mesmas espécies de interrogações feitas atualmente sobre a natureza humana também o eram 
séculos atrás, o que demonstra uma continuidade vital entre o passado e o presente em termos de 
seu objeto de estudo. 
É indispensável recuperar sua história para compreender a diversidade com que a Psicologia 
se apresenta hoje. 
Não há uma única forma, abordagem ou definição particulares da Psicologia moderna com 
que concordem todos os psicólogos. 
Vemos uma enorme diversidade, e até desacordo, tanto em termos de especializações científicas e 
profissionais como em termos de objeto de estudo. 
O eixo de referência que vincula essas áreas e abordagens distintas é a história da evolução da 
disciplina Psicologia. 
O conhecimento da história pode trazer ordem à desordem, produzir sentido a partir do caos; 
permite enxergar o passado com mais clareza e explicar o presente. 
“HISTÓRIA” – Por que? O que é? 
 A história nos ajuda a entender o tempo que vivemos, mesmo que saibamos que toda história é 
uma narrativa e é arbitrária. 
É uma narrativa, porque diz respeito à descrição de fatos que aconteceram (contada por alguém 
que não estava no local e nem na mesma época); 
É a memória humana preservada e sem ela não podemos ter o senso de uma continuidade, não 
poderíamos nem mesmo preservar a cultura e os saberes que nos que nos constituem. 
É arbitrária porque é um historiador que conta a história e nada garante que ela seja contada do 
mesmo modo por outro historiador. Cada um irá destacar os fatos históricos que considera mais 
relevantes. 
O historiador, tal como o arqueólogo, trabalha com “fragmentos” = dados históricos, e a partir 
desses fragmentos / dados tenta recriar os eventos e as pessoas do passado. 
História da Psicologia 
E ainda, os dados podem ser incompletos... 
1. Eles podem ter se perdido, 
2. Podem ter sido deliberadamente suprimidos, 
3. Traduzidos de maneira imprecisa ou 
4. Distorcidos por um participante ou um pesquisador motivados por interesses pessoais. 
A história da Psicologia contém muitos exemplos incompletos ou, talvez, 
imprecisos de produção da verdade histórica. 
HISTÓRIA” – formas ou tipos (Conceituação) 
Há vários modos de se contar uma história. A seguir nos debruçaremos sobre duas formas: a 
evolutiva e a descontínua. 
1. História Evolutiva – linear (cronológica) 
� Concebe os fatos históricos numa cadeia linear = a evolução está sempre acontecendo = o 
futuro é sempre a superação do passado. 
� Nessa concepção seria possível acompanhar a evolução de um objeto no decorrer da 
história. 
� O passado interessa senão como passagem para um presente ao qual se pretende também 
superar em nome de um futuro mais grandioso, mais aperfeiçoado. 
� Há um suposto consenso coletivo que leva à evolução. 
Duas abordagens podem ser adotadas para explicar como a ciência psicológica se desenvolveu: 
1.1 Teoria personalista 
 
Considera que o progresso é decorrente da ação de pessoas que modificaram o curso da História 
/ figura do precursor. 
 
Há diversos precursores nas mais diversas áreas do saber: Platão, Aristóteles, Copérnico, 
Descartes, Newton, Hume, Wagner, Kant, Cantor, Marx, Nietzsche, Comte, Wundt, Saurrure, 
Freud, Lévi-Strauss, Foucault etc. 
 
 
1.2 Teoria naturalista 
 
Considera que a época modela as pessoas e assim os conhecimentos produzidos. 
O Zeitgeist, é a expressão alemã comumente utilizada para designar o espírito [Geist] intelectual 
de um tempo [Zeit], de uma época, e que determina inextricavelmente a ação dos sujeitos 
históricos 
O positivismo pode ser considerado um Zeitgeist. 
 
2. História Descontínua 
� Nega o sentido evolutivo de qualquer história, (a visão personalista, de precursores e mesmo 
do Zeitgeist, no âmbito científico). 
� Cada momento histórico só pode ser entendido nele mesmo, em seu contexto político e 
social. 
� É feita de confrontos, de lutas, nas quais normalmente é o vencedor que se coloca como 
detentor da verdade histórica, que narra uma certa história. 
� Não há objetos evoluindo através do tempo, mas em cada contexto emerge um objeto 
diferente, definido pelas práticas humanas e também pelo acaso, que não pode ser 
negado. 
A tese de doutorado do crítico francês Michel Foucault, publicada como História da Loucura na 
Idade Clássica – é uma ilustração da história descontínua. Em sua obra, em linhas gerais, aborda 
problemas concretos (a insanidade, a prisão,a clínica, o corpo, a medicina, a sexualidade) num 
contexto específico, geográfica (a França, na Europa ou no Ocidente) e historicamente (idade do 
clássica, do século XVIII, ou na Grécia antiga, etc.). 
� O passado pode nos mostrar que nada é eterno e que o tempo que vivemos é também 
construído, no presente, por múltiplas forças sociais e políticas. 
A importância de uma história da Psicologia 
Em suma, a História e seu estudo são imprescindíveis para o entendimento da Psicologia como 
saber, para percebermos de que modo o homem vem transformando seus modos de pensar a si 
mesmo e, principalmente, para termos a noção de que estamos construindo e utilizando um saber 
que não é universal, mas que tem sua própria história e que, portanto, tem também seus limites 
espaço-temporais. 
Nesse sentido, a Psicologia é um saber histórico, em transformação, inacabado e que está sendo 
continuamente construído. 
A psicologia é uma das mais antigas disciplinas acadêmicas e, ao mesmo tempo, uma das mais 
novas. 
Historia da Psicologia Moderna 
Wilhelm Wundt (1832-1920), até então médico e filósofo alemão, é considerado o fundador da 
Psicologia como ciência independente da disciplina filosófica. É o primeiro psicólogo na história, 
pois foi quem criou o primeiro laboratório de psicologia, em 1879, em Leipzig, na Alemanha. 
Sua obra e empreendimento são considerados os marcos dessa fundação que passa a assumir 
características científicas, baseando-se na observação, coleta de dados e experiências no teor do 
espírito positivista. 
No prefácio à primeira edição de Princípios de Psicologia Fisiológica, obra publicada em 1874, 
Wundt que essa obra consistia numa tentativa de delimitar um novo domínio da ciência ao qual dera 
o nome de Psicologia (SCHULTZ & SCHULTZ, 2001). 
As ideias psicológicas na Antiguidade e na Idade Média 
Como havíamos trabalhado na aula anterior, sobre “a importância do passado para o presente”, a 
Psicologia é uma das mais antigas e uma das recentes disciplinas acadêmicas. 
A história revela que há milhares de anos atrás, desde que o homem se percebeu como um ser 
pensante, inserido em um complexo chamado “natureza”, vem buscando respostas para suas 
dúvidas e fatos que comprovem e expliquem a origem, as causas e as transformações que ocorrem 
no mundo e, agora, no universo. 
O comportamento e a conduta humana são assuntos que sempre fascinaram os homens e estão 
registrados historicamente ao longo desses longos anos de existência do homem na terra. 
Por muito tempo buscou-se explicações para as questões naturais e humanas através de personagens 
mitológicos. 
Nas sociedades primitivas os acontecimentos eram explicados em termos de forças fora do âmbito 
dos eventos naturais observáveis (sobrenatural). As explicações eram externas, pois predominava o 
pensamento mítico. Daí a relevância do MITO. 
Para os gregos, os mitos eram narrativas sagradas sobre a origem de tudo. Eram tudo em que 
acreditavam como verdadeiro. Os poetas-videntes, que narravam os mitos, possuíam uma 
autoridade mística sobre os demais, pois eram "escolhidos dos deuses" que lhe mostravam os 
acontecimentos passados através de revelações e sonhos, para que esses fossem transmitidos aos 
ouvintes. 
O mito, sem dúvida, é, por essa razão, uma das primeiras e mais ricas construções do homem para 
entender a complexidade da vida. Foi inicialmente uma representação coletiva, transmitida através 
de várias gerações e que relata explicações do mundo, como é o caso da mitologia grega. 
A explicação mitológica não se prende à lógica racional, nem busca oferecer comprovações de suas 
afirmações. É simplesmente a tentativa do homem de dar nome a uma complexidade que não 
consegue compreende com sua razão. 
Usa alegorias simbólicas na explicação do homem e do mundo. 
Como exemplo, temos na mitologia escandinava, que as tempestades (fenômeno natural) seriam a 
expressão da cólera dos deuses guerreiros. Na mitologia grega, por outro lado, como relata Homero, 
a vitória na guerra era a expressão do favoritismo do deuses gregos. 
Com o passar do tempo, o MITO parecia não satisfazer os homens, pois se tornava, para alguns, 
insuficiente para explicar a quantidade cada vez maior de questões que surgiam. 
Assim, surgiu um novo modo de tentar explicar a complexidade da vida e esse novo modo recebeu 
o nome de FILOSOFIA e o surgimento desse modo de pensar estava atrelado a busca de 
entendimento pela racionalidade. 
Esse momento corresponde aproximadamente ao século VI a. C.. Precisamente, a Filosofia nasce na 
Grécia antiga e etimologicamente significa "amizade pelo saber” e define uma forma característica 
de pensar (pensamento racional). Com ela vários pensadores, chamados de filósofos, destacaram-se, 
cada um com sua forma particular de pensar e buscar a sabedoria. Assim, instala-se um corte 
histórico; tem-se o pensamento mítico e o pensamento filosófico. 
Do mýthus e crenças religiosas a humanidade ascendeu à razão, ao logo (lógos). Trata-se de uma 
evolução gradativa, uma vez que não houve um rompimento brusco com o pensamento dos 
antepassados. 
Durante muitos séculos, a FILOSOFIA tornou-se o campo de saber hegemônico na criação de 
concepções de mundo e de homem que se dedicava a pensar acerca do que posteriormente tornou-se 
domínio da Psicologia moderna e de outros campos de saber que tomam o homem como o ponto 
central, como a Antropologia e a Sociologia, por exemplo. 
O tipo de pensamento característico da FILOSOFIA era o pensamento racional e lógico e dele 
temos inúmeros testemunhos. 
Na história da FILOSOFIA, existiu um filósofo grego que se tornou o primeiro a efetuar uma 
espécie de corte, foi “um divisor de águas”, como se costuma dizer. Trata-se de Sócrates. A partir 
dele há uma filosofia pré-socrática e uma filosofia pós-socrática. 
Os filósofos pré-socráticos (anteriores a Sócrates) 
Contribuíram para o rompimento com a visão mítica e religiosa que se tinha até então da natureza 
(eventos naturais) adotando uma forma científica e racional de pensar. Abaixo tomaremos notas de 
um ponto importante destacados em geral por esses filósofos e que tem relação com nosso tema de 
estudo. 
Preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção. Para tal, 
discutiam que: 
� se o mundo existe é porque o homem o vê, ou 
� se o homem o vê é por aquele lhe ser anterior (problemas relacionados com a natureza do 
mundo físico). 
Com essa dupla maneira de filosofar, os filósofos introduziram duas abordagens opostas no campo 
da filosofia: idealismo e materialismo. 
Idealistas 
Os filósofos idealistas são os que partem da perspectiva de que é a partir do homem que se pode 
conceber o que quer que seja. O mundo é aquilo que o homem consegue formalizar por intermédio 
da sua percepção. É a ideia que forma o mundo. Essa doutrina filosófica prega que o mundo 
material é determinado pelas ideias. E nessa esteira ingressam filósofos como Pitágoras (pré-
socrático), Platão, Descartes, Kant chegando ao apegou na filosofia do alemão Georg Hegel. 
Materialistas 
Os filósofos materialistas, em contrapartida, pressupõem a matéria como causa de qualquer 
concepção de mundo. A matéria de que é feita o mundo é dada para a percepção. Incluem-se nessa 
doutrina os filósofos Tales de Mileto (água), Anaximandro (indeterminação), Anaxímenes (ar), 
Heráclito (fogo). Em sentido extremo essa doutrina postula que tudo o que existe no mundo é 
decorrente de circunstâncias materiais, inclusive o pensamento e os valores humanos. É o que 
ocorre no pensamento do filósofo alemão Karl Marx. 
No século VI a. C., os filósofos gregos propuseram uma primeira tentativa de sistematizar uma 
“psicologia” ao começarem a especular acerca do homem e sua interioridade. 
O termo Psicologia vem do grego e compõem-se de duas palavras: psyché (alma) logos(razão). No 
sentido etimológico, psicologia seria o estudo da alma. Essa ou espírito seria a parte imaterial do ser 
humano e englobaria pensamento, sentimentos (amor e ódio), irracionalidade, desejo, sensação, 
percepção etc. 
Entretanto, o significado de “alma” sofreu transformações através da própria evolução do 
pensamento da humanidade, sobretudo a partir da fundação da Psicologia moderna. 
Contribuições de três importantes filósofos gregos: 
(Sócrates, Platão e Aristóteles) 
Os filósofos gregos começaram a buscar respostas racionais para perguntas sobre a vida humana, 
sobre as coisas que nos circundam. Perguntas como: de onde viemos? Para onde vamos? Por que 
isso é ou não assim? O que fazemos neste planeta?, passaram a ocupá-los e as respostas que 
produziram são apresentadas em suas obras. 
Sócrates nasceu em Atenas (469 a.C.-399 a.C.) e se tornou um renomado filósofo ateniense do 
período da Grécia clássica. 
É considerado um dos fundadores da filosofia ocidental sendo, apesar das duras e contundentes 
críticas do filósofo alemão do século XIX, Nietzsche (1856-1900), é reiteradamente considerado um 
dos mais importantes filósofos de todos os tempos. 
Sua filosofia é conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram 
mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como pelas peças teatrais 
de seu contemporâneo Aristófanes. 
Atribui-se aos diálogos de Platão o relato mais abrangente de Sócrates a ter perdurado da 
Antiguidade à atualidade. 
A principal preocupação de Sócrates era com o limite que 
separa o homem dos animais. Para tal, situou na RAZÃO (inteligência) a principal característica 
humana. 
A RAZÃO permitia ao homem sobrepor-se aos seus instintos (base da irracionalidade). 
Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abriu um 
caminho que seria muito explorado pela Psicologia moderna. Isso quer dizer que as teorias da 
consciência são frutos dessa primeira sistematização na Filosofia. 
Sócrates dizia que a Filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio 
e reconhecesse suas limitações. Para tal, formulou a máxima que atravessa séculos e que se 
expressa sob a forma: "Conhece -te a ti mesmo“. Maiêutica. 
É assim que a “Psicologia” na Antiguidade ganha consistência. 
Discípulo direto de Sócrates e principal transmissor de sua obra, Platão, que viveu em Atenas, no 
período de 428/427 a.C.-348-347 a.C., foi um dos mais importantes filósofos gregos, sendo 
recorrentemente referenciado por diversos autores dos mais heterogêneos campos do saber. Foi 
quem inicialmente definiu um “lugar” para a razão humana no corpo (é na cabeça que se 
encontraria a alma do homem). 
Esse filósofo grego concebeu a alma como uma instância separada do corpo. Afirmou que a medula 
seria o elemento de ligação da alma (que está na cabeça) com o corpo. Para ele, quando o homem 
morria, a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo e assim 
sucessivamente. 
Assim, podemos considerar Platão como um filósofo que acreditava na existência e na 
sobrevivência da alma. 
Ler: o mito da caverna de Platão (Capítulo VII de A república) 
Aristóteles foi discípulo de Platão e é considerado um dos mais importantes pensadores da história 
da Filosofia. Contribuiu demasiadamente com a inovadora postulação de que alma e corpo não 
podem ser dissociados. Para esse filósofo, alma é a essência do corpo, é “a harmonia das funções 
vitais”. 
Psyché: seria o princípio ativo da vida. Tudo o que cresce, reproduz-se e se alimenta possui uma 
psyché ou alma. Nesse sentido, os vegetais, os animais e o homem teriam alma. 
Aristóteles retomou o estudo da Natureza, criou métodos de investigação que influenciaram o 
desenvolvimento da Ciência moderna, passando inicialmente pelo pensamento de são Tomás de 
Aquino e dos empiristas ingleses dos séculos XVI, XVII e XVIII. 
Enfatizou a verificação dos fenômenos através dos sentidos (experiência), para o estabelecimento 
do conhecimento confiável, não se prendendo a meras especulações racionais. 
Para o que posteriormente tornou-se a Psicologia moderna, uma das principais contribuições de 
Aristóteles foi estudar as diferenças entre a razão, a percepção e as sensações, tal como podemos 
encontrar em Do anima, texto considerado o primeiro tratado no âmbito da Psicologia. 
Quanto ao estudo da “alma humana”, há aproximadamente 2.300 anos antes da Psicologia moderna, 
já existiam duas correntes filosóficas que nasceram na Antiguidade, sobreviveram na idade média e 
modernidade e alcançaram a contemporaneidade. 
� A platônica: fundamentada na crença da imortalidade da alma e separada do corpo. 
� A aristotélica: fundamentada na ideia da alma como instância mortal e pertencente ao 
corpo. 
Portanto, posterior ao corte socrático, mas ainda na Antiguidade, no século III a. C., surgiram essas 
duas escolas filosóficas que foram denominadas de ESTOICISMO e EPICURISMO. 
O ESTOICISMO foi a escola filosófica fundada pelo filósofo grego Zenão de Cítio, a qual 
aderiram alguns pensadores que passaram a ser designados de estoicos. Esses afirmavam que todo 
universo corpóreo é governado por uma razão divina, que lhe garante a harmonia. Esse universo 
corpóreo foi denominado de Kosmos. 
No plano moral, esses pensadores pregavam a serenidade e a impassibilidade em face da dor ou do 
infortúnio. Propuseram que os homens deveriam viver de acordo com a lei racional da natureza e 
aconselhavam a indiferença em relação a tudo que é externo ao ser. 
O plano ético dessa escola filosófica baseava-se não no prazer, mas na busca da felicidade por 
intermédio da virtude. 
Tal como para Aristóteles, que escreveu que não há nada no intelecto que antes não tenha passado 
pelos sentidos, pela experiência sensível, para os estóicos, a mente humana é concebida como uma 
tabula rasa, uma herança que determinará o pensamento do filósofo empirista inglês John Locke. 
Desse modo, pode-se dizer que o ESTOICISMO é uma escola filosófica materialista. E, se tudo é 
material, toda atividade é movimento. Assim também deve-se conceber a ideia de Deus 
materialmente, tal como a alma e as propriedades das coisas. 
O EPICURISMO foi uma escola filosófica também pertencente aos séculos III e IV a. C. e que foi 
fundada pelo filósofo grego Epicuro. Os adeptos dessa escola foram chamados de epicuristas e 
afirmavam que a verdade provinha apenas da sensação. 
Em oposição aos estóicos, baseavam a ética na experiência do prazer. A busca da felicidade não era 
intermediada pela virtude, mas pelo prazer direto, desde que, entretanto, não fosse buscado 
egoisticamente ou em prejuízo dos demais. 
Os epicuristas acreditavam em deuses, mas defendiam que eles não intervinham no mundo material. 
Historicamente, a passagem das concepções filosóficas antigas às desenvolvidas na era medieval foi 
subsidiada por aqueles (os intérpretes da escola de Alexandria e de traduções latinas) que viveram 
no período do HELENISMO, termo derivado da obra do historiador alemão J. G Droysen 
(MARCONDES, 2014). 
Ora, o que vem a ser o HELENISMO? 
Esse termo serve para designar, segundo Marcondes (2014, p. 84), “a influência da cultura grega em 
toda região do Mediterrâneo Oriental e do Oriente Próximo desde as conquistas de Alexandre [...] 
até a conquista romana do Egito em 30 a. C., que passa a marcar a influência de Roma nessa mesma 
região”. 
Ainda segundo esse autor, “Embora houvesse uma filosofia desenvolvida em Roma e escrita em 
latim, ela resultava em grande parte de desdobramentos das escolas filosóficas gregas, sobretudo o 
estoicismo e o epicurismo”, escolas que nos deteremos a seguir. 
Antes de chegarmos à Idade Média, iniciada pela queda do último imperador romano (476 a.C.), 
mas já na era cristã,surgia o filósofo e teólogo santo Agostinho, que se tornou bispo de Hipona. 
É considerado um dos últimos pensadores da Antiguidade, ao mesmo tempo em que é um dos 
primeiros filósofos medievais, pois sua obra influenciou os rumos do pensamento medieval em seus 
primeiros séculos. O que se tornou conhecido através da sua pena como platonismo cristão, é a 
síntese entre o pensamento cristão e a filosofia grega. 
Marcondes (2014, p. 111) eleva-o ao lugar de “filósofo mais importante, devido à sua criatividade e 
originalidade, a surgir no pensamento antigo desde Platão e Aristóteles”. Também o considera “um 
pensador do final do período antigo, ainda profundamente ligado aos clássicos, mas já refletindo em 
sua visão de mundo e em suas preocupações as grandes mudanças pelas quais passa sua época e 
prenunciando o papel que o cristianismo terá na formação da cultura ocidental, para o que contribui 
de forma decisiva” (MARCONDES, 2014, p. 111). 
Das três contribuições ao desenvolvimento da filosofia destacadas por Marcondes (2014, p. 112), a 
segunda é particularmente relevante para nosso enfoque. Trata-se da sua “teoria do conhecimento 
em ênfase na questão da subjetividade e da interioridade”. 
Inspirado na filosofia platônica, transmitida pelos intérpretes de Alexandria, sobretudo por 
neoplatônicos como Plotino e Porfírio, e articulando-a aos ensinamentos de são Paulo e do 
Evangelho de são João, Agostinho “se pergunta então como pode a mente humana, mutável e 
falível, atingir uma verdade eterna com certeza infalível” (MARCONDES, 2014, p, 113 grifo 
nosso). 
A resposta a essa questão encontra-se no âmago de sua TEORIA DA ILUMINAÇÃO DIVINA, 
elaborada com base na teoria platônica da reminiscência (em Ménon e A república). 
Atingir uma verdade eterna é condição de possibilidade para o conhecimento e esse supõe algo de 
prévio. Nesse sentido, sua posição é inatista, pois supõe que o conhecimento não é derivado 
inteiramente da apreensão sensível ou da experiência concreta, necessitando de um conhecimento 
prévio que sirva de ponto de partida para o próprio processo de conhecer. 
Não se restringido à tese platônica, Agostinho introduz sua contribuição com a teoria da 
interioridade e da iluminação. Marcondes (2014) o considera o primeiro a desenvolver, com base 
em concepções neoplatônicas e estoicas, uma noção de INTERIORIDADE que prenuncia o 
conceito de SUBJETIVIDADE do pensamento moderno. Em sua filosofia encontra-se a oposição 
(interior-exterior) e a concepção de que a interioridade é o lugar da verdade. É olhando para a sua 
interioridade que o homem a descobre ou “no homem interior habita a verdade”. Essa interioridade 
“é dotada da capacidade de entender a verdade pela iluminação divina” (MARCONDES, 2014, p. 
114). A mente humana, acrescenta Marcondes (2014, p. 114), “possui uma centelha do intelecto 
divino, já que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. A teoria da iluminação vem 
assim a substituir a teoria platônica da reminiscência, explicando o ponto de partida do processo de 
conhecimento e abrindo o caminho para a fé”. (MARCONDES, 2014, p. 114). 
Dando um extenso salto, o pensamento psicológico foi amplamente silenciado ao longo da Idade 
Média, subjugado pelos dogmas cristãos. Ainda assim, temos dele notícias através de importantes 
pensadores que estavam fortemente influenciados pelo pensamento cristão, na medida em que o 
cristianismo era a principal religião da Idade Média e nessa época havia uma implacável supremacia 
da Igreja Católica Apostólica Romana sobre o pensamento filosófico e científico. 
Ler: O nome da Rosa, livro de Umberto Eco ou 
Assistir: O nome da Rosa, filme de Jean-Jacques Annaud 
Algumas das características desse momento era a autoridade da Igreja ao impor sobre os homens 
sua doutrina como verdade que não podia ser questionada. A razão foi amalgada à fé, 
permanecendo quase indissociáveis. Temendo perder a autoridade, a Igreja, por meios dos seus 
representantes, reprimia toda ideia que poderia traçar novos caminhos para a ciência, impedindo seu 
livre desenvolvimento. 
Nesse extenso período (aproximadamente 10 séculos), pouco conhecimento a ciência acumulou. O 
interesse pelos fenômenos naturais era nocivo para a salvação da alma. A concepção de homem que 
se tinha estava restrita aos dogmas cristãos. Era baseada no princípio de que o homem era a imagem 
e semelhança de Deus, que seu comportamento estava sujeito somente à vontade divina. 
Nesse sentido, o homem não podia ser objeto de investigação científica, pois o corpo era 
representado como sacrário da alma. 
Apesar da forte pressão exercida pela Igreja, particularmente alguns pensadores como santo 
Anselmo, conseguiram destacar-se, mas, sem dúvida, foi são Tomás de Aquino, filósofo e teólogo 
que pertenceu ao período da alta escolástica, quem conseguiu reorientar o pensamento Ocidental 
para o campo da investigação filosófica. 
São Tomás de Aquino é considerado o príncipe da escolástica. Ao contrário de Agostinho, Aquino 
não considerou a filosofia platônica, mas a aristotélica, sobretudo por meio dos seus intérpretes 
árabes, destacando-se a pena de Averróis. Isso quer dizer que no pensamento de Aquino alma e 
corpo eram indissociáveis. A alma não habita o corpo, ela o anima, como escreveu Aristóteles em 
Do anima. 
Ao buscar a distinção aristotélica entre essência e existência, Aquino postulou que o homem, na sua 
essência, busca a perfeição através de sua existência. Entretanto, ao Contrário de Aristóteles, 
afirmou que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência. O homem busca a 
perfeição a medida que busca a Deus. Assim, a alma, a essência, seria o elo de ligação entre o 
homem e Deus, o que conduziria a mortalidade à imortalidade. Aquino ainda ofereceu argumentos 
racionais para justificar os dogmas da Igreja. 
Da Antiguidade à Idade Média, acompanhamos, de forma breve e panorâmica, as ideias 
psicológicas nessas duas idades da História a partir dos argumentos de Sócrates, Platão e 
Aristóteles, das escolas estoicismo e epicurismo, de santo Agostinho e são Tomás de Aquino. Esse 
último revela em sua obra o interesse que muitos dos seus contemporâneos tinham acerca do 
pesquisa filosófica fora dos limites eclesiásticos sustentados pela escolástica. Poucos séculos 
depois, assistimos a grande produção artística e cultural que ensejou o Renascimento, abrindo 
caminhos para uma nova idade histórica, a IDADE MODERNA, como sua ideia de progresso e 
valorização do homem. 
As ideias psicológicas no Renascimento e na Modernidade 
O RENASCIMENTO é o período da História compreendido entre os séculos XIV e XVI, período 
que marca o fim da Idade Média. 
Pouco mais de 200 anos após a morte de são Tomás de Aquino, grande pensador do período da 
Idade Média, inicia-se uma época de transformações radicais no mundo europeu, configurando-se o 
(re)nascimento do passado ou Renascença. 
 O RENASCIMENTO é considerado um significativo movimento social, político, econômico e 
cultural, reflexo das transformações europeias entre a Idade Média e a Idade Moderna. É o renascer 
ou a reinterpretação do classicismo greco-romano. 
Produziu uma cultura baseada no individualismo (em contraposição à massificação medieval) e no 
princípio da razão (em contraposição ao pensamento regido pelo dogmatismo cristão). É a eclosão 
de manifestações artísticas, filosóficas e científicas. 
Além do resgate dos valores clássicos, da antiga cultura greco-romana, que ocasionou muitos 
progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, houve uma 
superação, na maior parte desses campos, da herança clássica. 
Fatores determinantes do Renascimento: 
� Impressa (Gutemberg); 
� Queda de Constantinopla (pelo Império Otomano liderado por Maomé II); 
� Expansão marítima (Novo Mundo); 
� Mecenas (pessoas dotadas de poder e dinheiropara fomentar produções). 
Algumas características gerais do Renascimento: 
� Racionalidade; 
� Antropocentrismo; 
� Cientificismo; 
� Ideal humanista; 
� Classicismo (reutilização das artes greco-romanas). 
Contexto: 
� Mercantilismo: houve descoberta de novas terras, acúmulo de riquezas pelas nações em 
formação como França, Itália, Espanha, Inglaterra, ocorrendo transformações em todos os 
setores da produção humana (artes, literatura e ciências sobretudo). 
� Mecanicismo: entendido como uma doutrina filosófica, também adotada como princípio 
heurístico na pesquisa científica, o mecanicismo concebe a natureza como uma máquina, 
obedecendo a relações de causalidade necessárias, automáticas e previsíveis, constituídas 
pelo movimento e interação de corpos materiais no espaço. 
Dentre as transformações e desenvolvimentos ocorridos durante o período do RENASCIMENTO, 
encontramos grandes personalidades históricas que demonstram que a Itália foi o berço do 
RENASCIMENTO. Dentre essas grandes personagens podemos citar: 
� Sandro Botticelli (1445-1510) 
� Leonardo da Vinci (1452-1519). 
� Michelangelo Buonarroti (1475-1564) 
� Rafael Sanzio (1483-1520) 
� Nicolau Maquiavel (1469-1527) 
� Nicolau Copérnico (1473-1543) 
� Galileu Galilei (1564-1642) 
Considerando, portanto, o trabalho desses artistas, escultores, filósofos, cientistas, denota-se o 
avanço na produção de conhecimentos que deram início à sistematização do conhecimento 
científico, como ocorre com o desenvolvimento da física de Isaac Newton, que revisitou a teoria da 
queda dos corpos de Galileu (1610). 
No campo específico da Psicologia, foi a partir dessa época histórica que na Europa emergiram duas 
grandes correntes filosóficas que se tornaram as bases para os fundamentos epistêmicos da 
Psicologia. Essas duas correntes filosóficas são o RACIONALISMO e EMPIRISMO. 
Elas remontam aos séculos XVI, XVII e XVIII e seus adeptos estavam preocupados, dentre outros 
aspectos, com a identificação da origem do conhecimento ou da razão humana. 
Suportando-se na obra de grandes filósofos como René Descartes, Baruch Spinoza e Gottfried 
Leibniz, o RACIONALISMO foi uma das duas correntes da Filosofia Moderna de grande 
influência no pensamento ocidental e de onde muitos modos de pensar contemporâneos encontram 
seus fundamentos, inclusive no campo da Psicologia, tendo essa sido fundada como ciência no 
século XIX. 
Qual o argumento central do RACIONALISMO? 
Há verdades intemporais que nenhuma experiência nova poderá modificar. Essas verdades são 
essenciais para a razão humana incluindo-se entre elas as ideias inatas identificadas por Descartes 
como: “o eu, Deus, os axiomas geométricos, a perfeição e o infinito” (SCHULTZ & SCHULTZ, 
2001). 
O EMPIRISMO desenvolveu-se na Europa sustentando-se na obra de diversos filósofos como 
Francis Bacon (1561-1626) e John Locke (1632-1704), inicialmente, passando por Georges 
Berkeley (1685-1753) e chegando à sua expressão mais radical na obra do filósofo escocês David 
Hume (1711-1776). 
Qual o argumento do EMPIRISMO? 
Baseia-se na proposição lockeana segundo a qual, “quando nascemos, a mente é uma espécie de 
folha em branco que adquire conhecimento mediante a experiência sensorial” (SCHULTZ & 
SCHULTZ, 2001). Interessando-se pelo funcionamento mental, os empiristas negaram as ideias 
inatas propostas por Descartes, alegando que os seres humanos não estão equipados, ao nascerem, 
com qualquer espécie de conhecimentos. Que esses conhecimentos, inclusive os supostamente 
inatos, decorreriam das experiências sensoriais. Que as ideias nos foram ensinadas desde a tenra 
infância. 
René Descartes (1596-1659) filósofo francês. 
� Rompeu com os dogmas teológicos e tradicionais. 
� Absorveu a posição dualista (separação entre mente e corpo); 
� Defende a relação de interação entre essas substâncias. 
Esse filósofo propõe uma teoria interacionista entre mente e corpo (dualismo psicofísico). Apesar 
de serem duas entidades distintas, são capazes de exercer influências mútuas. Em sua concepção, o 
homem possuiria: 
• Substância/coisa extensa (res extens): o corpo material/física. Essa substância seria 
determinada por leis físicas (corpo desprovido de espírito, corpo como uma máquina); 
• Substância/coisa pensante (res cogitans): o pensamento imaterial, livre de determinismos 
físicos. 
O corpo desprovido de espírito, de alma ou de razão, é análogo a uma máquina. Essa analogia 
favorece decisivamente a pesquisa científica, o avanço na anatomia e fisiologia, base para a 
fundação da Psicologia no século XIX, subsidiada por Princípios da Psicologia Fisiológica e o 
PRIMEIRO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL. 
Do dualismo cartesiano, temos, portanto: 
� O corpo englobando todas as funções de sobrevivência; 
� E a razão tendo por função o pensamento. 
Esse filósofo simbolizou a passagem do Renascimento para o período 
moderno da ciência, do estudo da alma (no sentido abstrato) para o estudo da mente e suas funções. 
Em 1637, tornou pública Discurso do método, considerada a obra inaugural da Filosofia Moderna e 
que marca, de saída, uma descontinuidade na transmissão do conhecimento por ter sido escrita em 
francês, permitindo que sua leitura não ficasse restrita aos doutores, mas que pudesse ser lida por 
todos os homens. 
Nessa obra expõe seus argumentos iniciais acerca da “razão”, termo que em sua concepção é 
sinônimo de “alma”, “espírito” e “mente” (ROSENFIELD, 2013). 
Uma das questões centrais em torno das quais gravita o pensamento de Descartes é: nada 
reconhecer como verdadeiro sem que, antes, tenha passado previamente pela razão, pelo crivo de 
um procedimento metódico, baseado na dúvida. “Nenhuma ideia merece o qualitativo de 
verdadeira, se não for objeto de um questionamento radical que permita chegar a princípios, 
proposições primeiras, que sejam, de fato, indubitáveis” (ROSENFIELD, 2013, p. 7). 
Discurso do método destina-se a expor argumentos relativos a como conhecemos, como podemos 
ter acesso a ideias verdadeiras, que sejam imunes ao erro, quando perseguidas segundo um 
procedimento metódico, sistemático. 
A razão é concebida por Descartes como sendo o que torna todos os homens iguais. Ela é 
formalmente igual para todos. É através dela que o homem torna-se capaz de distinguir o verdadeiro 
do falso. Para esse filósofo, se a razão é igual para todos, o que os diferenciariam? Sua resposta é: a 
opinião. Enquanto a razão iguala, as opiniões diferenciam os homens. 
Descartes (1637) pretende com Discurso do método inaugurar um projeto ambicioso no qual seja 
possível aos homens orientarem-se através de um método que permita que o edifício do 
conhecimento seja construído sobre bases sólidas, que não poderiam ser demolidas por opiniões 
impertinentes. Um método voltado para a busca da verdade, referida essa a um livre exercício da 
razão, que pode ser publicamente reproduzido por qualquer um, no surgimento de um conhecimento 
indubitável. Encontrar a verdade significa somente um encontro com a razão consigo mesma num 
procedimento livre e metódico. E qual seria, para Descartes, a verdade primordial? 
O “cogito ergo sum” ou “je pense, donc je suis” (penso, logo sou). É em Discurso do método, 
portanto, que Descartes (1637) põe em questão tudo o que se lhe apresenta encontrando como limite 
o pensar. 
Para chegar a essa verdade, o homem deve proceder por etapas iniciando no nível das ideias para 
progressivamente estender-se a outros campos da vida, dos costumes até a sociedade. Nessa 
perspectiva, a humanidade avança se empreende a reforma do pensamento, e essa começa por 
indivíduos que procuram retomar as próprias bases do conhecimento em geral. 
Quais seriam essas etapas? 
Descartes propõe quatro regras do método que podem ser adotadas por qualquer pessoa quetenha 
firme convicção de avançar nas vias do conhecimento verdadeiro, despojada de preconceitos e ao 
livre exame, ao questionamento mais aberto. 
Primeira regra: não aceitar nada como verdadeiro sem antes ter passado pelo crivo da razão. Aqui 
entra em ação a dúvida hiperbólica. 
Segunda regra: tudo que aparece como complexo deve ser dividido em tantas partes simples quanto 
possíveis, pois a razão, ao focar um problema perfeitamente delimitado, tem mais condições de 
resolvê-lo do que encará-lo de modo composto. 
Terceira regra: a simplificação operada pela segunda regra deve seguir um ordenamento, de modo 
que a remontagem para o complexo possa ser feita sem desvios, que prejudicariam a verdade 
almejada. Trata-se de um ordenamento sustentado pela lógica. A busca da verdade pressupõe o 
descobrimento de nexos necessários e naquele momento ocultos entre as coisas do mundo sensível 
– fadadas ao erro – e as proposições, que são verdadeiras. 
Quarta regra: esse procedimento pode ser retomado e repetido dando lugar a tantas revisões quanto 
necessárias, de modo que as contribuições e objeções de todos possam ser levadas em consideração, 
pois ela é a condição mesma do estabelecimento da verdade. Pense-se mais especificamente nos 
processos de verificação das verdades científicas. 
Segundo Schultz & Schultz (2001), Descartes propôs um ideário que teve profunda influência no 
desenvolvimento da psicologia moderna. Que esse filósofo sugeriu que a razão dá origem a duas 
espécies de ideias: as ideias derivadas e as ideias inatas. 
Por ideias inatas deve-se entender as que independem das experiências sensoriais. Ainda segundo 
Schultz & Schultz (2001), a doutrina das ideias inatas, culmina na teoria nativista da percepção – a 
ideia de que nossa capacidade de perceber é antes inata do que adquirida – e na escola da psicologia 
da Gestalt, um dos fundamentos da Gestalt-terapia, uma abordagem clínica que, não obstante, 
fundamenta-se na experiência do contato. 
Por ideias derivadas podemos conceber as ideias produzidas pela aplicação direta de um estímulo 
externo como o som de um sino ou a visão de uma árvore. Isso quer dizer que as ideias derivadas 
são produtos das experiências sensoriais. 
Apesar de tomarmos o filósofo inglês Francis Bacon como um dos pioneiros do Empirismo 
britânico, é certamente o trabalho acurado e primoroso do também filósofo inglês, John Locke 
(1632-1704), trabalho fruto de quase vinte anos de reflexão, que assinala o início formal desse 
movimento filosófico que influenciou diretamente o próprio ideário de Wundt de fundar a 
Psicologia como uma ciência baseada sobretudo na experiência. 
Ensaio acerca do entendimento humano, publicada inicialmente em 1690, é a grande obra de Locke 
na qual o autor expõe seus argumentos relativo ao funcionamento do entendimento, interessando-se 
particularmente pelo modo como o ser humano adquire conhecimentos. Para ingressar nesse 
projeto, ele rejeita a doutrina das ideias inatas proposta por Descartes, alegando que os seres 
humanos não estão equipados ao nascerem com qualquer espécie de conhecimento. Locke renova a 
máxima aristotélica segundo a qual não há nada no intelecto que não tenha passado antes pela 
experiência sensível. Assim, retomando o caminho apontado e desenvolvido por Aristóteles, Locke 
explica o caráter inato das ideias em termos de aprendizagem e de hábito, como reforçará Hume 
posteriormente. 
Ao supor ser a mente um papel em branco, desprovido de todos os caracteres, sem quaisquer ideias, 
Locke se pergunta como pode ela ser preenchida? De onde há de vir esse vasto estoque que a 
fantasia humana pintou nele com uma variedade quase infinita? A essas perguntas, Locke (1690) 
responde com uma só palavra: a experiência. Nela está fundado todo o nosso conhecimento; e dela 
deriva, em última análise, o próprio conhecimento. 
 Segundo Schultz & Schultz (2001), Locke reconhecia dois tipos de experiências: as provenientes 
das sensações e as da reflexão. O que advêm da estimulação sensorial direta causada por objetos 
físicos no ambiente, são impressões sensoriais simples. Sobre essas a mente poderia exercer forte 
influência reflexiva de modo a gerar outras ideias, sendo que, a existência dessas últimas, portanto, 
estaria condicionada àquela. 
Essa teoria da experiência é o fundamento para o conhecimento. Isso quer dizer que no nível do 
desenvolvimento do humano a sensação – que compõe os processos elementares da consciência 
destacados por Wundt – é sua porta de entrada. Provém dela a possibilidade para que outras ideias 
possam ser produzidas. Ela é uma precursora necessária da reflexão porque tem de haver primeiro 
um reservatório de impressões sensoriais para que a mente seja capaz de refletir. 
Georges Berkeley (1685-1753) foi um filósofo irlandês que se alinhou aos filósofos empiristas 
seguindo diretamente o projeto de Locke, mas objetando a distinção acolhida por esse filósofo 
acerca das qualidades primárias e das qualidades secundárias. É o que vai defender em Ensaio para 
uma nova teoria da visão, publicado em 1709. 
É considerado um empirista porque concorda com os pioneiros dessa corrente que postulam que 
todo o conhecimento do mundo exterior e interior provêm da experiência sensível. Segundo Schultz 
& Schultz (2001, p. 48), para “Berkeley, todo conhecimento era um função da pessoa que percebe 
ou passa pela experiência [...] Ele afirmava que a percepção é a única realidade de que podemos 
estar certos. Não nos é dado conhecer com certeza a natureza dos objetos físicos do mundo 
vivencial. Tudo o que sabemos é como percebemos esses objetos. Como está dentro de nós , sendo 
portanto subjetiva, a percepção não reflete o mundo externo”. 
Através dessa obra, Berkeley torna-se um dos pioneiros no que tange a explicação de processos 
puramente psicológicos em termos de associações de sensações. Segundo Schultz & Schultz (2001), 
ele deu continuidade à tendência associacionista no âmbito do Empirismo, antecipando, a moderna 
concepção da percepção da profundidade ao considerar as influências dos indícios fisiológicos de 
acomodação e convergência. 
Gottfried Leibniz (1646 e 1716) foi um filósofo alemão que trouxe diversas contribuições para o 
campo da Filosofia e da lógica matemática. Nasceu em Leipzig e se inclui entre os filósofos 
racionalista ocupando um lugar diferenciado porque se deteve a examinar acuradamente as teses 
precedentes e que orientavam o curso do pensamento europeu. 
As teses antinômicas de Descartes (inatismo) e Locke (empirismo), por exemplo, já estavam 
estabelecidas e Leibniz, ao examiná-las, propôs uma articulação entre ambas no que concerne ao 
problema da verdade. Para tal, precisou retomar os postulados precedentes nomeando duas espécies 
de verdades: as “verdades de razão” e as “verdades de fato” (CHAUI, 2003). 
As verdades de razão enunciam que uma coisa é o que é, necessária e universalmente, não 
podendo ser diferente que do é e de como é. Seu exemplo mais evidente são as ideias matemáticas, 
tal como defendidas por Descartes e, antes dele, por Sócrates, como podemos observar em seu 
questionamento no Menon de Platão, ao demonstrar, através de tal procedimento, que o escravo – 
até então desprovido de saber – era alguém que possuía conhecimentos. Em suma, as verdades de 
razão são inatas. 
As verdades de fato são, ao contrário das inatas, dependentes da experiência. Elas são obtidas por 
meio da sensação, da percepção e da memória. São empíricas e se referem a coisas que podem ser 
diferentes do que são. 
As verdades de fato são verdades porque para elas funcionam o princípio da razão suficiente, 
segundo o qual tudo o que existe, tudo o que percebemos e tudo aquilo de que temos experiência 
possui uma causa determinada e essa causa pode ser conhecida. Pelo princípio da razão suficiente – 
pelo conhecimento das causas – todas as verdadesde fato poderão, em certas condições, tornar-se 
verdades de razão. Para Leibniz, o que são verdades de fato para a inteligência humana limitada ou 
finita são verdades de razão para a inteligência divina e infinita. 
O filósofo escocês David Hume, que viveu entre 1711-1776, foi quem efetuou a crítica mais radical 
ao Racionalismo ao objetar, por exemplo, o princípio da causalidade, refutando, com sua objeção, o 
império metafísico em torno do qual grande parte dos filósofos, desde a Grécia Clássica, fizeram 
orbitar o objeto de suas investigações. Para esse filósofo, o princípio da razão suficiente defendido 
por Leibniz é apenas um “hábito” adquirido por experiência como resultado da repetição e da 
frequência de nossas impressões sensoriais. As críticas de Hume à causalidade e ao princípio da 
razão suficiente levam, em termos epistemológicos, à resposta de Kant (CHAUI, 2003). 
Seguindo o ponto reinaugurado por Locke e a linha traçada a partir desse ponto por Berkeley, Hume 
enveredou sua pesquisa para o campo da combinação das ideias simples em ideias complexas 
desenvolvendo a teoria da associação. Segundo Schultz & Schultz (2001), Hume concordou com 
Berkeley, mas levou a ideia mais adiante abolindo a ideia da mente como substância para tomá-la 
como uma qualidade secundária. Isso implica que ela só pode ser observada por meio da percepção 
e não passa do fluxo de ideias, sensações e lembranças. Considerada desse modo a mente humana, 
portanto, comportaria as impressões e as ideias. 
Em Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio 
nos assuntos morais, Hume (1739 e 1740) declara que as percepções da mente humana se reduzem 
a dois gêneros distintos chamados por ele de impressões e ideias. A diferença entre essas, escreve, 
consiste nos graus de força e vividez com que atingem a mente e penetram em nosso pensamento ou 
consciência. As percepções que entram com mais força e violência podem ser chamadas 
impressões; sob esse termo incluo todas as nossas sensações, paixões e emoções, em sua primeira 
aparição à alma. Denomino ideias as pálidas imagens dessas impressões no pensamento e no 
raciocínio, como, por exemplo, todas as percepções despertadas pelo presente discurso, excetuando-
se apenas as que derivam da visão e do tato, e excetuando-se igualmente o prazer ou o desprazer 
imediatos que esse mesmo discurso possa ocasionar. Creio que não serão necessárias muitas 
palavras para explicar essa distinção. Cada um, por si mesmo, percebe imediatamente a diferença 
entre sentir e pensar. (HUME, 1739[2009], p. 25). 
Para tornar mais acurada a teoria da associação, Hume propõe nessa obra duas leis as quais chama 
de semelhança ou similaridade e a contiguidade no espaço e no tempo. Quanto mais semelhante e 
mais contíguas duas ideias, tanto mais prontamente elas se associam. Hume, inspirado nas grandes 
revoluções científicas de Copérnico, Galileu, Newton, alegou que do mesmo modo que os 
astrônomos determinaram as leis de força do universo físico seria possível realizar o mesmo no 
universo mental. As leis da associação de ideias eram a contraparte da lei da gravidade na Física. 
Hume faz do hábito o ponto radical da sua crítica ao Racionalismo fundamentado na razão como 
princípio do conhecimento. O hábito seria o acúmulo de experiências sensoriais que compõem as 
impressões e as ideias e que subverte o princípio da causalidade. Atribuímos uma lei que seria 
universal com a força do hábito, que é uma experiência puramente subjetiva. Hume constrói sua 
pesquisa em objeção às ideias dominantes na física, como as leis de Isaac Newton. Para ele, é o 
hábito que orienta o ser humano e a percepção que esse tem do mundo que lhe cerca. 
Iluminismo 
Movimento da elite intelectual que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos 
XVII e XVIII, sendo esse último seu apogeu. O século XVIII passou a ser designado como “das 
luzes”, tendo como precursores desse movimento: 
� René Descartes (método universal de pensamento racional e científico) 
� Isaac Newton (lei da gravitação universal, procurando explicar a natureza de maneira 
racional) 
� John Locke (Dois tratados de governo e Ensaio acerca do entendimento humano – base do 
liberalismo) 
Esses filósofos afirmavam que a sociedade tinha de ser igualitária. Influenciaram a organização 
social e política com suas ideias, momento onde a razão humana passou a ser a fonte de todo o 
conhecimento. 
Foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado, propondo movimentos reformistas 
que combatiam o mercantilismo, os monopólios, as desigualdades sociais, o absolutismo e à 
proibição do livre pensamento. 
Nessa época, portanto, o desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, 
deu origem a ideias de liberdade política e econômica. 
Assim, os Iluministas (filósofos e economistas), que difundiam essas ideias, julgavam-se 
propagadores da luz e do conhecimento. 
Além dos três precursores, são considerados os principais pensadores do Iluminismo Voltaire 
(1694-1778), Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Montesquieu (1689-1755), somando-se a eles, 
no plano econômico (liberalismo), Adam Smith, Turgot e François Quesnay (1694-1774) 
O centro do Iluminismo foi a França; 
Contando com a ajuda dos filósofos e economistas iluministas, os franceses Denis Diderot (1713-
1784) e D’Alembert escreveram a grande Encyclopédie (1772), com o resumo dos conhecimentos 
humanos que iriam divulgar as ideias do Século das Luzes. 
O filósofo alemão Immanuel Kant, um dos mais conhecidos expoentes do pensamento iluminista, 
num texto escrito precisamente como resposta à questão O que é o Iluminismo? 
"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se 
impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão 
independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta 
não de uma deficiência do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do 
entendimento independentemente da direção de outrem. 
Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo". 
A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do 
conhecimento. E estas fontes de conhecimento são vistas como a única forma de tirar o homem das 
trevas, da ignorância. 
As principais características do iluminismo: 
� Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer 
tipo de conhecimento; 
� Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de 
conhecimento tanto da natureza quanto da sociedade, política ou economia; 
� Crença nas leis naturais, normas da natureza que regem todas as transformações que 
ocorrem no comportamento humano, nas sociedades e na natureza; 
� Crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à 
liberdade, à posse de bens materiais; 
� Crítica ao Absolutismo, ao Mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero; 
� Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei; 
� Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a crença em Deus.

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