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3 Intertextualidade

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3 - INTERTEXTUALIDADE – AS RELAÇÕES ENTRE OS TEXTOS
Comunicação e Expressão - Profª Denise Duarte
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Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores.
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
(DIAS, Gonçalves. Canção do exílio -1846)
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
(Hino Nacional Brasileiro) data oficial 1909	 	
Minha terra tem macieiras da Califórnia 
(...)
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia.
(MENDES, Murilo. Canção do Exílio.) 1930
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A citação de um texto por outro, a esse diálogo entre textos dá-se o nome de intertextualidade.
	Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas: primeiro, para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado; e depois, para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizar com ele. 
	Assim, um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, recorre a textos alheios específicos para fundamentar sua fala, discordar da fala alheia, citar um conceito, aludir a um conhecimento coletivo ou ilustrar o que pretender dizer etc. Dessa maneira, estabelece-se um diálogo entre dois ou mais textos. 
	A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais. Daí a importância da leitura. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam entre si por meio de referências, citações e alusões. Diz-se que todo texto remete a outros textos no passado e aponta para outros no futuro. Quanto mais elementos reconhecermos em um texto, mais fácil será a leitura e mais enriquecida será a nossa interpretação, ou seja, a intertextualidade é um fenômeno cumulativo: quanto mais se lê, mais se detectam vestígios de outros textos naquele que se está lendo. Reconhecer o GÊNERO a que pertence o texto lido é uma das chaves para a melhor interpretação do contexto.
	A presença de vestígios de outros assuntos dá sustentação à tese de que intertextualidade constitutiva do texto é eminentemente interdisciplinar (o mesmo texto pode ser utilizado em diversas matérias com enfoques específicos a cada uma delas). O conjunto de relações com outros textos do mesmo gênero e com outros temas transforma o texto num objeto tão aberto quantas sejam as relações que o leitor venha a perceber.
	A intertextualidade permite entender por que a leitura desfaz as divisões entre as diferentes áreas do saber. O significado de um texto não se limita ao que apenas está nele; seu significado resulta da intersecção com outros. Assim a intertextualidade refere-se às relações entre textos os quais permitem que um texto derive seus significados de outros. 
Quando um texto de caráter científico cita outros textos, isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro de onde se extraiu a citação. Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe com ele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um determinado universo cultural. A  essa citação de um texto por outro, a esse diálogo entre textos dá se o nome de intertextualidade. 
Pode-se então perceber que intertextualidade nada mais é do que o conceito mais importante nos dias de hoje quando se fala sobre criação artística , principalmente a literatura. É muito difícil nos deparar atualmente no meio da cultura e do entretenimento com alguma coisa que seja realmente original. E isso se deve ao exercício constante da comparação, em que se estabelece, quase sempre, aproximações entre uma criação e outra. Quando se percebe que um texto usa outro texto em sua construção, mesmo que sem a intenção do autor, o que se comprova é que ocorreu a INTERTEXTUALIDADE.
Observe os textos a seguir: 
 “ Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.” (Gonçalves Dias)
“Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, 
Cantar o sabiá!” (Casimiro de Abreu)
“Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar.” (Oswald de Andrade)
“Minha terra não tem palmeiras... 
E em vez de um mero sabiá,” (Mário Quintana)
“Minha terra tem Palmeiras
Corinthians e outros times.” (Eduardo A. da Costa)
“Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió.” (Jô Soares)�
A Cigarra e a Formiga
Tendo a cigarra cantado todo o estio(verão), achou-se em apuros com a entrada do inverno. Não possuía nem um pedacinho de mosca, nem um vermezinho para se alimentar. Desesperada, foi bater à porta da formiga sua vizinha. Pediu que lhe emprestasse algum grão, a fim de poder subsistir até à chegada do tempo melhor. 
─ Eu pagarei com juros, disse ela, antes de agosto. Palavra de honra. 
A formiga não gosta de dar emprestado, nem é prestimosa: é esse o seu defeito. 
─ Que fazias no tempo de calor? – a formiga perguntou-lhe. 
─ Eu cantava noite e dia a todos que apareciam. – respondeu a cigarra. 
─ Cantavas no verão? Que bela vida! Pois bem, dança agora. 
										Fábula de La Fontaine
A Formiga e a Cigarra
Era uma vez uma formiguinha e uma cigarra muito amigas. Durante todo o outono, a formiguinha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno. Não aproveitou nada do Sol, da brisa suave do fim da tarde nem do bate-papo com os amigos ao final do expediente de trabalho, tomando uma cervejinha. Seu nome era "trabalho" e seu sobrenome, "sempre".
Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e nos bares da cidade; não desperdiçou um minuto sequer, cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o Sol, curtiu para valer, sem se preocupar com o inverno que estava por vir. Então, passados alguns dias, começou a esfriar. 
Era o inverno que estava começando. A formiguinha, exausta, entrou em sua singela e aconchegante toca repleta de comida. Mas alguém chamava por seu nome do lado de fora da toca. Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu: sua amiga cigarra, dentro de uma Ferrari, com um aconchegante casaco de visom. E a cigarra falou para a formiguinha:
– Olá, amiga formiga, vou passar o inverno em Paris. Será que você poderia cuidar da minha toca?
– Claro, sem problema! Mas o que lhe aconteceu? Como você conseguiu grana pra ir a Paris e comprar esta Ferrari?
– Imagine você que eu estava cantando em um bar, na semana passada, e um produtor gostou da minha voz. Fechei um contrato de seis meses para fazer shows em Paris... A propósito, a amiga deseja algo de lá?
– Desejo, sim. Se você encontrar um tal de La Fontaine por lá, manda ele pro DIABO QUE O CARREGUE! 
MORAL DA HISTÓRIA: "Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz benefício em fábulas do La Fontaine".
Fábula de La Fontaine reelaborada. 
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2003 (Lição 2)
KLEIMAN, Ângela. Leitura e interdisciplinaridade. Tecendo redes nos projetos das escolas. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1999. (Cap. 3) 
Isto é para mim fazer? Isto é para eu fazer?
Não há mais nada entre eu e você? Não há nada entre mim e você?
 SAMPA - Caetano Veloso
alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a ipiranga e a avenida são joão
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas
ainda não havia para mim rita lee, 
a tua mais completa tradução
alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a ipiranga e a avenida são joão
quando eu te encarei frentea frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes
e foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vende outro sonho feliz de cidade
aprende depressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
panaméricas de áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.
Exercícios
Explique o significado de Sampa.
O texto relaciona lugares de São Paulo, bem como poetas, músicos e movimentos culturais que agitavam a cidade na época em que foi escrito. Identifique-os.
Há uma referência à mitologia grega e a um de seus mitos. Qual é ele? Identifique uma passagem do texto que faz referência ao mito.
Qual o sentido da passagem que você transcreveu, tomando como referência o mito?
O poeta, Caetano Veloso, cita o quilombo de Zumbi. O que você sabe sobre essa passagem da história? 
O texto faz alusão a uma particularidade climática de São Paulo. Identifique-a.
Podemos interpretar SAMPA apenas com esta frase: São Paulo inspira ao mesmo tempo ódio e amor? Justifique?
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3- Intertextualidade

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