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A Constitucionalidade da Lei do Feminicídio - 13.104/2015

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FACULDADE DA AMAZONIA OCIDENTAL - FAAO 
 
 
ANA GABRIELA PEREIRA DA SILVA 
PÂMELA DA SILVA LIMA 
YARA DO NASCIMENTO ALEXANDRINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DO FEMINICÍDIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio Branco 
2015 
2 
 
ANA GABRIELA PEREIRA DA SILVA 
PÂMELA DA SILVA LIMA 
YARA DO NASCIMENTO ALEXANDRINO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DO FEMINICÍDIO 
 
 
Monografia apresentada para o Curso de 
Bacharel em Direito, como requisito de 
nota parcial das disciplinas de 
Metodologia da Pesquisa Jurídica, Análise 
e Produção Textual e Introdução ao 
Estudo do Direito. 
 
Orientadores: Profª. Adel Malek Hanna e 
Profª Igor Clem Souza Soares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio Branco 
2015 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O verdadeiro passional não mata. O amor 
é, por natureza e por finalidade, criador, 
fecundo, solidário, generoso. Ele é cliente 
das pretórias, das maternidades, dos lares 
e não dos necrotérios, dos cemitérios, dos 
manicômios. O amor, o amor mesmo, 
jamais desceu ao banco dos réus. Para os 
fins de responsabilidade, a lei considera 
apenas o momento do crime. E nele o que 
atua é o ódio. O amor não figura nas 
cifras da mortalidade e sim nas da 
natalidade; não tira, põe gente no mundo. 
Está nos berços e não nos túmulos. 
(Roberto Lyra, 1975, p. 97) 
 
4 
 
 FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
ANA GABRIELA PEREIRA DA SILVA 
PÂMELA DA SILVA LIMA 
YARA DO NASCIMENTO ALEXANDRINO 
 
 
A CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DO FEMINICÍDIO 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na Faculdade da Amazônia 
Ocidental/FAAO, no curso de Direito, para obtenção de nota parcial, na cidade de 
Rio Branco/AC, no ano de 2015. 
 
 
Aprovado em 2015, com nota __________ 
 
 
 
______________________________ 
Prof(a). 
Orientador(a) 
 
 
 
______________________________ 
Prof(a). 
Membro Interno / FAAO 
 
 
 
______________________________ 
Prof(a). 
Membro Interno / FAAO 
 
 
 
 
Rio Branco 
2015 
 
5 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. A HISTÓRICA INFERIORIZAÇÃO DA MULHER ................................................ 9 
1.1. VIOLÊNCIA E SUAS EXPRESSÕES .......................................................... 11 
1.2. O CRESCENTE FENÔMENO DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO ..................... 12 
1.3. A VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SEUS NÚMEROS ....................................... 14 
2. FEMINICÍDIO - LEI 13.104/2015 ....................................................................... 16 
2.1 TIPOS DE FEMINICÍDIO .................................................................................. 17 
2.2 - LEI MARIA DA PENHA X FEMINICÍDIO ......................................................... 19 
2.3 O IMPACTO DA LEI DO FEMINICÍDIO ........................................................... 21 
3. MARCAS DO FEMINICÍDIO .............................................................................. 23 
3.1. O MASSACRE DE REALENGO .................................................................. 23 
3.2. O ASSASSINATO DE ELIZA SAMUDIO .................................................... 25 
3.3. AMANDA BUENO E O CRIME PASSIONAL ............................................... 26 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
RESUMO 
 
A presente monografia proporciona um estudo a respeito da Constitucionalidade da 
Lei do Feminicídio. Lei n. 13.104, de 09 de março de 2015, alterando o Código 
Penal, a lei é definida como uma qualificadora do homicídio. No entanto surgem 
alguns questionamentos a respeito de sua importância, constitucionalidade e real 
necessidade. Para aprofundar e bem entender esse assunto, examina-se e 
conceitua-se, em um primeiro momento a conduta humana, a histórica inferiorização 
da mulher e as suas marcas em nossa sociedade atual. Em seguida essa conduta 
humana é analisada no homicídio de mulheres em razão de gênero e o seu 
crescdente fenômeno; discorre-se então sobre os diferentes tipos de feminicídio 
existentes, a aprovação da lei e seus impactos diante dos dias atuais. Há uma 
enorme desigualdade de gênero presente na sociedade brasileira e tipificar o 
feminicídio significa promover a igualdade entre homens e mulheres, lembrando que 
ainda há um imenso caminho a ser percorrido para alcaçar tal objetivo. – Vale 
ressaltar que o Brasil ocupa a sétima posição mundial de assassinato de mulheres. – 
O feminicídio é uma forma de segurança e proteção à mulher e é também mais uma 
importante medida para a garantia dos direitos às mulheres. Por fim, são expostos 
alguns casos marcantes e a importância e constitucionalidade presente na lei que 
busca erradicar a extrema violência contra a mulher. O trabalho será elaborado a 
partir de ampla pesquisa bibliográfica a respeito do tema, com uso de doutrinas 
jurídicas e legislação onde utilizaremos o método hipotético dedutivo para chegar a 
uma conclusão final. 
 
7 
 
 ABSTRACT 
 
This monograph provides a study on the Constitutionality of Femicide Act. Law n. 
13,104, of March 9, 2015, changing the Criminal Code, the law is defined as a 
qualifying the murder. However arise some questions as to its importance, 
constitutionality and real need. To deepen and fully understand this issue, it 
examines and appraised, in the first instance human conduct, the historical inferiority 
of women and their brands in our current society. After that human behavior is 
analyzed in the killing of women due to gender and their crescdente phenomenon; 
then it talks about the different types of femicide, the approval of the law and its 
impact on the present day. There is a huge inequality of this kind in Brazilian society 
and typify femicide means to promote equality between men and women, noting that 
there is still a huge way to go to alcaçar this goal. - It is noteworthy that Brazil 
occupies the seventh position worldwide murder of women. - The femicide is a form 
of security and protection of women and is also one more important step towards 
ensuring the rights of women. Finally, they exposed some landmark cases and the 
importance and constitutionality in this law that seeks to eradicate extreme violence 
against women. The work will be drawn from extensive literature on the subject, with 
the use of legal doctrines and legislation which will use the hypothetical deductivemethod to reach a final conclusion. 
 
8 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ainda vivemos em uma sociedade que controla o comportamento e o corpo 
da mulher com as formas mais extremas possíveis. O machismo trata as mulheres 
como cidadãs de segunda categoria em que são subordinadas a qualquer tipo de 
ordem. Suas vidas, vistas historicamente pelo homem como objeto de posse, estão 
sempre à disposição e são de livre acesso, sendo no ambiente doméstico ou 
público. 
A violência que ainda atinge milhares de brasileiras, viola, agride, diminui, inferioriza, 
e em casos extremos, tira a vida brutalmente. No Brasil uma mulher é espancada a 
cada 24 segundos, ou dez a cada 4 minutos (Segundo a Fundação Perseu Abramo 
2010). É nesse contexto que o feminicídio em sua forma mais extrema está inserido. 
O Brasil ocupa a sétima posição entre as nações que mais matam suas mulheres. 
Nesta monografia iremos abordar a histórica inferiorização da mulher, 
detalhando os principais fatos que ocorreram nas sociedades antigas. Além disso, 
pretendemos definir o que é violência, suas atuais classificações, a forma como ela é 
vista, principalmente, quando é praticada contra a mulher; os fatores que culminaram 
no pensamento de opressão e submissão ainda existente na sociedade 
contemporânea, e analisaremos o crescente fenômeno da violência de gênero. 
Ainda também, buscaremos de maneira clara explicar a Lei do Feminicídio e 
sua tipificação, o seu significado para a sociedade brasileira, sua relação com a Lei 
Maria da Penha e os impactos causados por sua aprovação. 
Por fim, no último capítulo serão expostos três casos marcantes para que se 
posa entender as circunstâncias que levaram a prática desses crimes e sua 
gravidade. Onde também nos posicionaremos a respeito da constitucionalidade 
presente na Lei do Feminicídio. 
 
9 
 
1. A HISTÓRICA INFERIORIZAÇÃO DA MULHER 
 
Durante a idade contemporânea, muitos estudiosos começaram a debater a 
existência da história da mulher, afinal, durante esse tempo todo, ela vem sendo 
escrita mediante a visão e o consentimento masculino. A razão que justifica esse 
fato é que os homens sempre ocuparam lugar de destaque na sociedade, como 
cargos políticos e sociais, os espaços considerados públicos. Às mulheres era 
reservado o espaço privado, em que se dedicavam ao lar, aos filhos e marido. 
A inferiorização da mulher, segundo estudos antropológicos, teve inicio nas 
sociedades primitivas com a divisão do trabalho entre homens e mulheres. Os 
homens eram caçadores e guerreiros, diga-se de passagem, trabalhos considerados 
nobres, já para as mulheres, quando não pertenciam a alta sociedade, como rainhas 
e mulheres de chefes de Estado, restavam-lhes então os trabalhos domésticos e a 
subordinação ao pai ou marido. Em Roma, por exemplo, um estatuto jurídico 
garantia, por lei, o poder absoluto dos homens sobre as mulheres. 
Natalia Lausch, explica que o conceito de amor atual, de um homem para 
uma mulher, foi totalmente destruído pelo conceito do amor patriarcal, segundo ela: 
 
“Amar uma mulher significa ser cavalheiro (ou seja, inferiorizá-la e tratá-la 
de forma paternalista por causa de seu gênero), respeitoso 
(condescendente até onde não lhe for prejudicial), protetor (como se ela não 
conseguisse cuidar de si mesma e necessitasse de um homem para fazê-
lo), etc. Todas essas qualidades mascaram a opressão misógina que 
acontece em boa parte das relações cis-hétero na sociedade. Não me 
bastam pequenos atos de gentileza enquanto ser mulher na sociedade 
ainda for motivo de subalternação e subjugação; não me basta que essa 
gentileza seja motivada pelo patriarcado; não me basta que a gentileza às 
mulheres exista como forma de dominação. Dominação essa que ocorre de 
forma sutil: tentam nos domar com esse suposto amor que está mergulhado 
na noção patriarcal de que amar é prender e objetificar a parceira.” 
 
Os homens patriarcais adoravam dizer que “amam” as mulheres, que as 
tratam “bem”, que são “gentis” e que as “respeitam”. O que não conseguiam 
perceber é que suas atitudes amorosas sufocavam os sentimentos da mesma. A 
sutileza e a imperceptibilidade desse tipo de caso torna-se perigosíssimo, pois se 
pensa que esse é o melhor tratamento, mas na verdade se está oprimindo quem o 
recebe. 
Durante a Idade Média a mulher esteve principalmente presa ao lar ou aos 
conventos. O Cristianismo primitivo, pela doutrina de São Paulo, enfatizou que a 
inferiorização e a subordinação da mulher era uma condição natural, e, portanto, de 
origem divina. Porém, podemos destacar algumas mulheres que conseguiram 
sobressair-se, embora se fizesse necessário utilizar trajes masculinos, como Joana 
D’ arc. Seu fim foi o mesmo de muitas outras, que eram julgadas como feiticeiras e 
levadas às fogueiras, por conta de seus pensamentos e comportamentos 
considerados inadequados para aquela época. Cerca de 75% dos mortos em 
fogueira durante a Idade Média e Moderna eram mulheres. 
10 
 
Foi com a Revolução Francesa e seus ideais, no final do século XVIII, que 
surgiram as pensadoras feministas, como a francesa Olympe de Gouges, autora da 
“Declaração dos Direitos de Mulheres e Mulheres Cidadãs” (1791), que defendeu 
igualdade entre homens e mulheres no ambiente público e privado, e a inglesa Mary 
Wollstonecraft, que escreveu” Defesa dos Direitos da Mulher” (1790). Esses 
pensamentos eram baseados nos ideais de Liberdade, igualdade e fraternidade, 
porém os revolucionários não aceitaram a ideia de assegurar esses direitos às 
mulheres, e foi assim, que Olympe de Gouges, teve como destino a guilhotina. 
 No século XIX, tivemos outro acontecimento marcante, foi com a Revolução 
Industrial e a consolidação do capitalismo que as mulheres passaram a se organizar 
em fábricas e sindicatos, reivindicando melhores condições de trabalho, proteção 
contra a exploração e o direito de participar da política, fato que gerou uma grande 
greve operária de uma Indústria Têxtil em Nova Iorque, em 1857, onde morreram 
centenas de operarias queimadas. 
Em 1960, os modelos sociais e culturais do comunismo Soviético e do 
American Way Of Life começaram a ser questionados. Surge assim, a fundação do 
feminismo na década 70, sua principal influência foi à obra teórica de Simone 
Beauvoir, O Segundo Sexo, de 1949, que diz: 
 
“As mulheres de hoje estão destronando o mito da feminilidade; Começam a 
afirmar concretamente sua independência; mas não é sem dificuldade que 
conseguem viver integralmente sua condição de ser humano. Educadas por 
mulheres, no seio de um mundo feminino, seu destino normal é o 
casamento que ainda as subordina praticamente ao homem; o prestígio viril 
está longe de se ter apagado: assenta ainda em sólidas bases econômicas 
e sociais. É, pois necessário estudar com cuidado o destino tradicional da 
mulher. Como a mulher faz o aprendizado de sua condição, como a sente, 
em que universo se acha encerrada, que evasões lhe são permitidas, eis o 
que procurarei descrever. Só então poderemos compreender que problemas 
se apresentam às mulheres que, herdeiras de um pesado passado, se 
esforçam por forjar um futuro novo. Quando emprego as palavras “mulher” 
ou “feminino” não me refiro evidentemente a nenhum arquétipo, a nenhuma 
essência imutável; após a maior parte de minhas afirmações cabe 
subentender: “no estado atual da educação e dos costumes”. Não se trata 
aqui de enunciar verdades eternas, mas de descrever o fundo comum sobre 
o qual se desenvolve toda a existência feminina singular.” 
 
Todavia, a modernidade não foi moderna com as mulheres. Algumas 
expressões das revoluções e manifestações, acima citadas, como o ideal de 
Liberdade, igualdade e fraternidade, são praticadas apenas entre umgênero: o 
masculino. Com as lutas feministas as mulheres conquistaram, sim, alguns direitos, 
como no campo de igualdade entre os homens, porém, é necessário que se 
compreenda que se trata de conquistas meramente de aparências, a sua 
substancialidade é praticada de outra forma. As buscas por uma igualdade efetiva, 
com a finalidade de que sejam dadas as mesmas oportunidades para homens e 
mulheres, ainda fazem parte das rotinas de cada uma. 
 
11 
 
1.1. VIOLÊNCIA E SUAS EXPRESSÕES 
 
A violência é um desequilíbrio entre fortes e oprimidos. De acordo com 
Aristóteles, ” violência é tudo aquilo que vem do exterior e se opõe ao movimento 
interior de uma natureza; ela se refere à coação física em que alguém é obrigado a 
fazer aquilo que não deseja (imposição física externa contra uma interioridade 
absoluta e uma vontade livre)”. Como forma de sobrevivência, mediante de sua 
vulnerabilidade diante da natureza, o homem primitivo teve como princípio vital o 
fenômeno da violência. Hoje em dia, ela ainda existe pelo simples fato de ser uma 
consequência da organização humana no mundo. Tal atitude desenfreada afeta a 
saúde, ameaça à existência de vida, produz danos emocionais e psicológicos, e, por 
fim, provoca a morte. 
Podemos perceber que herdamos das civilizações antigas um preconceito 
exacerbado social, biológico e cultural que define a mulher como ser inferior, incapaz 
de realizar atividades públicas, condenadas, assim, a se tornar propriedade do pai 
ou marido. Como explica Dinarte Belato, “Essa condição de inferioridade gerou um 
imaginário legitimador de violência destinada a produzir uma figura de mulher 
submissa, calada e obediente”. 
Como conseqüência desses acontecimentos, criou-se na sociedade um 
problema tanto no contexto nacional como internacional chamado violência. Para 
que possamos entender esse fenômeno, faz-se necessário definir alguns conceitos 
que classificam a violência. 
Violência intrafamiliar ou doméstica: é toda ação ou omissão que prejudique o 
bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito de 
desenvolvimento de outro membro da família. É a violência ocorrida em casa, no 
âmbito familiar ou em relação à familiaridade, afetividade ou coabitação, ou seja, nas 
relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de 
parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, padrasto ou outros), 
por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetividade (amigo ou amiga 
que more na mesma casa). As agressões podem ser na forma de abuso físico, 
sexual, psicológico, negligência e abandono. Eduardo Galeano comenta que: 
 
“A extorsão, o insulto, a ameaça, o cascudo, a bofetada, a surra, o açoite, o 
quarto escuro, a ducha gelada, o jejum obrigatório, a comida obrigatória, a 
proibição de sair, a proibição de se dizer o que pensa, a proibição de fazer o 
que pensa, e a humilhação pública são alguns dos métodos de penitência e 
torturas tradicionais na vida da família. Para castigo à desobediência e 
exemplo de liberdade, a tradição familiar perpetua uma cultura do terror que 
humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do 
medo. Os direitos humanos deveriam começar em casa.” 
 
Violência física: é caracterizada pela ação que prejudique ou cause dano à 
integridade física de uma pessoa. Podendo causar lesões internas e externas ou 
ambas. As agressões podem se manifestar de várias formas: empurrões, socos, 
tapas, mordidas, chutes, queimaduras, cortes, estrangulamentos, lesões por armas 
12 
 
ou objetos cortantes, obrigar a tomar remédios inadequados e desnecessários 
(como álcool, drogas e alimentos de péssima procedência), tirar de casa a força, 
amarrar, arrastar, arrancar a roupa, abandonar em lugares desconhecidos, danos a 
integridade corporal decorrentes de negligência (omissão de cuidados e proteção 
contra situações de perigo, doenças, gravidez, alimentação e higiene). Tudo isso 
pode ser agravado quando o agressor esta sob o efeito de álcool ou quando possui 
uma embriagues patológica ou um transtorno explosivo. 
Violência psicológica/moral: é toda ação ou omissão destinada a degradar ou 
controlar o comportamento, crenças e decisões da mulher por meio de intimidação, 
manipulação, ameaça direta e indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra 
conduta que prejudique a saúde psicológica, a autodeterminação ou 
desenvolvimento pessoal. Essa violência abala a autoestima da mulher através de 
palavras ofensivas, desqualificação, difamação, insultos constantes, desvalorização, 
chantagem, isolamento de amigos e familiares, privação de liberdade, críticas pelo 
desempenho sexual, omissão de carinho e negar atenção. A agressão emocional, 
tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por punições exageradas 
transmitidas verbalmente. Não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente 
provoca cicatrizes para toda vida. De acordo com Minayo, trata-se, portanto, “de 
uma violência silenciosa, pois a sua manifestação acontece entre as quatro paredes 
das casas, no choro contido, na ilusão de que não acontecerá outra vez, e de que o 
agressor irá mudar.” 
Violência sexual: a vitima é obrigada a manter contato sexual (seja físico ou 
verbal), ou a participar de outras relações sexuais com uso de força, intimidações, 
chantagem, suborno, manipulação ou qualquer outro mecanismo que anule a 
vontade pessoal. De acordo com o Código Penal de 1940: a violência sexual pode 
ser caracterizada de forma física, psicológica ou com ameaça, compreendendo o 
estupro, a tentativa de estupro, a sedução, o atentado violento ao pudor e o ato 
obsceno. Vale ressaltar que esse tipo de ato é frequentemente cometido pelo próprio 
marido/companheiro da vitima. 
 
1.2. O CRESCENTE FENÔMENO DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO 
 
Para entendermos esse fenômeno que vem tomando grandes proporções, 
faz-se necessário retornar um pouco na cultura ocidental, que de acordo com alguns 
historiadores, foi onde deu início a essa violência de gênero. A classificação do que 
é mulher tem sido baseada em conceitos biológicos e fatos sociais, que são 
determinantes para essa desigualdade entre homens e mulheres. Na Grécia, 
exemplo, os mitos contavam que, a curiosidade do sexo feminino, influenciou 
Pandora a abrir a caixa e espalhar todos os males do mundo, e como consequência 
a esse acontecimento, as mulheres passaram a ser responsáveis por todo o tipo de 
desgraça. 
O Cristianismo não pregava muito diferente, consideravam as mulheres como 
sendo pecadoras e culpadas pelo desterro dos homens do paraíso, devendo por 
isso ser submissa, obediente e passiva para obter sua salvação. Caso as mulheres 
13 
 
resolvessem reagir ou questionar esse tipo de comportamento, a punição era 
violentá-las e, se esse ato se repetisse, eram queimadas. Devemos considerar que 
esse tipo de pensamento era considerado normal e significava imposição de respeito 
para as demais, ou seja, uma forma de calar. 
 É considerada violência de gênero aquela que é exercida de um sexo sobre o 
sexo oposto. Em geral, esse conceito refere-se à mulher. Este comportamento é 
consciente e provoca lesões corporais e mentais. Assim, quando todas as violências 
acima são relacionadas e praticadas contra a vítima por conta de sua identidade de 
gênero, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra 
condição está-se diante da violência de gênero. Alice Bianchini afirma que: 
 
“Ao longo da História, nos mais distintos contextos socioculturais, mulheres 
e meninas são assassinadas pelo tão-só fato de serem mulheres. O 
fenômeno forma parte de um contínuo de violência de gênero expressada 
em estupros,torturas, mutilações genitais, infanticídios, violência sexual nos 
conflitos armados, exploração e escravidão sexual, incesto e abuso sexual 
dentro e fora da família.” 
 
Esse tipo de violência possui características singulares que a diferencia dos 
outros tipos de violência. Ela acontece de maneira rotineira e cotidiana, na maioria 
das vezes, é praticada pelas relações de parentesco e pode existir durante anos. 
São atitudes que causam danos aos mecanismos de defesa física e psicológica. Não 
podemos desconsiderar que o homem pratica esses maus tratos com quem exerce 
relações afetivas e amorosas. A violência de gênero é classificada em três fases, 
segundo a Psicóloga americana Lenore Walker: 
 
a) Fase da tensão: esta fase é caracterizada pela presença da violência 
psicológica. O agressor mostra irritabilidade, hostilidade e a tensão aumentam, mas 
não de forma explosiva. A mulher apresenta características de angústia, duvida de 
suas capacidades e sente-se culpada por tudo que está passando. 
 
b) Fase de agressão: Toda a tensão gerada na fase anterior chega a um 
limite, e é descontada através da violência física, psicológica e sexual grave. Os 
danos causados são agravantes e necessitam de auxílio médico, porém, 50% das 
mulheres não possuem coragem de recorrer. 
 
c) Fase de calma e conciliação: O agressor após cometer o abuso, sente-
se arrependido e culpado. Utiliza diversas estratégias de manipulações afetivas, 
pede perdão e promete mudar de atitude. Esse ato de conciliação, no primeiro 
momento, parece ser verdadeiro, pois é uma estratégia para manter a calma e calar 
a vitima. 
 
Após a conclusão do ciclo dessas fases, existe um momento de calmaria para 
que a mulher possa manter sua relação, o que permite que ela crie expectativas de 
melhores condições e veja o lado bom de seu companheiro. Assim, torna-se difícil 
14 
 
tomar atitude de romper a relação. Com o passar do tempo, os ciclos voltam a se 
repetir e a fase de agressão é a mais intensa, ou seja, se está o tempo todo entre a 
tensão e agressão. Quando não existe mais a fase da conciliação muitas mulheres 
procuram ajuda. Quando o ciclo de tensão e agressão não se rompe, a mulher torna-
se cada vez mais dependente de seu agressor, em que a frequência e a intensidade 
dos maus tratos são maiores, ocasionando sérios ricos de vida à mulher. 
Quando elencamos os conceitos históricos e as definições desse tipo de 
violência, percebemos que os crimes praticados contra as mulheres são justificados 
por questões de ordem cultural, social e religiosa em diversos países do mundo. 
Segundo Nadine Gasman, porta-voz da ONU Mulheres no Brasil, “A violência contra 
as mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de forças nas 
relações de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e 
reproduzida pela sociedade”. 
De acordo com alguns estudos, existem outros fatores associados a violência 
de gênero e suas formas de manifestação, como a problemática da exclusão social, 
preferências sexuais e outras condutas que contrariam as normas de 
comportamentos impostas “tradicionalmente” na sociedade. Em todos esses casos a 
causa é justificada pela condição de subordinação do gênero feminino diante do 
sistema patriarcal. Segundo Ana Letícia Aguillar: 
 
“No momento em que qualquer destas formas de violência resultam na 
morte da mulher, essa se converte em feminicídio. O feminicídio é, portanto, 
a manifestação mais extrema de um continuum de violência. Dessa 
perspectiva, a violência de gênero é um elemento central que ajuda a 
compreender a condição social das mulheres. A presença ou ameaça real 
de violência cotidiana e de femicídio ilustram como a opressão e a 
desigualdade colocam as mulheres em uma posição de terrível 
vulnerabilidade. A violência contra as mulheres é de fato a pedra angular da 
dominação de gênero.” (Aguilar, 2005, p. 3). 
 
Contudo, a busca pela igualdade de direitos e oportunidades entre homens e 
mulheres não tem impedido o crescimento da violência de gênero. Isso decorre do 
histórico poder exercido pelo homem. Os costumes, a educação e os meios de 
comunicação também criam estereótipos que reforçam a ideia de que o sexo 
masculino tem o poder de controlar os desejos, as opiniões e a liberdade de ir e vir 
das mulheres. 
 
1.3. A VIOLÊNCIA DE GÊNERO E SEUS NÚMEROS 
 
Os corpos das mulheres foram historicamente vistos como objetos de 
reprodução da vida humana na visão masculina, já que possuíam livre acesso. O 
sexismo e as representações das mulheres como sendo submissa a imposição 
masculina culminaram em uma avassaladora violência que atinge milhares de 
brasileiras cotidianamente. A ONU divulgou dados de que “7 em cada 10 mulheres 
no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida.” 
15 
 
Uma pesquisa realizada em 2010, pela Fundação Perseu Abramo revelou que 
uma em cada cinco mulheres, 18% das entrevistadas, afirmou que já sofreu alguma 
vez algum tipo de violência por parte dos homens, sendo conhecido ou 
desconhecido. Das modalidades de violências acima citadas, duas em cada cinco 
mulheres (40%) já teria sido pelo menos uma vez na vida, controladas, violência 
psíquica ou verbal (23%) e ameaça ou violência física (24%). 16% das mulheres já 
levaram empurrões, tapas ou foram sacudidas, sofreram xingamentos e ofensas 
referidas a sua conduta sexual e 15% foram controladas a respeito de aonde iriam e 
com quem sairiam. Além disso, 13% foram ameaçadas de surra, uma em cada dez 
mulheres (19%) já foi espancada, ou seja, uma mulher é espancada a cada 24 
segundos, ou 10 a cada 4 minutos. O marido ou parceiro é responsável por mais de 
80% das agressões dos casos aqui reportados. 
No que diz respeito à raça ou etnia, a pesquisa informa que 35% das 
mulheres que já sofreram alguma violência são pardas, 11% são negras e 45% 
brancas. Somando – se negras e pardas, estas são agredidas em 46% dos casos. 
Amarelas e Indígenas correspondem a 2% cada. 
A Pesquisa Nacional de Domicilio (PNAD) – Características da Vitimização e 
Acesso à Justiça mostram que, pessoas desconhecidas foram responsáveis por 
39% dos casos de agressão, pessoas conhecidas respondem por 36%, o cônjuge 
12,2% e parentes 8,1%. Quando somamos os percentuais dos casos em que a 
agressão foi cometida por conhecido, incluindo cônjuges e parentes, chega-se ao 
percentual de 52,5 %. Ainda conforme essa pesquisa, 55,7% das vítimas de 
agressão não procurou a polícia. Dentre as razões justificadas para não procurá-la, 
33,1% afirmaram que tinham medo de represália ou não queriam envolver a 
autoridade policial no caso. 
Em 2011, dos 107.572 atendimentos registrados no SINAM (Sistema Nacional 
de Informação de Agravos e Notificação, do Ministério da Saúde), 70.270 foram à 
mulheres vítimas de violência, ou seja, 65,4% do total. Dois em cada três 
atendimentos na área pesquisada foram mulheres, o que indica que a violência 
existente atualmente é contra as mulheres. 
Dos 26.358 atendimentos que registram algum tipo de risco decorrente das 
violências sofridas, 50% relatam que o risco de morte, seguido pelo risco de 
espancamento (39%). A frequência com que a violência acontece, segundo a central 
de atendimento, é uma vez por semana. 
Em relação ao homicídio feminino, denominado Feminicídio, Segundo o mapa 
da violência de 2012 o Brasil ocupa a sétima posição entre 84 países nas taxas de 
homicídios femininos, atrás apenas de El Salvador, Trinidad e Tobago, Guatemala, 
Rússia e Colômbia. 
É possível observar, com os dados expostos na pesquisa nacional, que a 
violência contra a mulher na sociedade brasileira é exacerbada e endêmica. 
Combateressas atitudes ainda é um constante desafio, realizado de forma lenta, 
devido suas proporções. Para que isso ocorra de forma eficiente é necessário 
transformar as raízes da cultura machista na qual estamos inseridos. Cultura essa 
que permite que mulheres sejam violentadas, assediadas ou estupradas por 
16 
 
andarem nas ruas sozinhas, por romperem relacionamentos amorosos ou, pelo 
simples fato, como muitos justificam, de que as mulheres que usam roupas curtas e 
que mostram alguma parte do seu corpo merecem ser espancadas. 
 
2. FEMINICÍDIO - LEI 13.104/2015 
 
 Em razão do número elevado e cada vez maior do assassinato de mulheres 
em todo o mundo, inclusive no Brasil – onde aproximadamente cinco mil mulheres 
são mortas anualmente – no dia 09 de março de 2015 o Senado Federal aprovou a 
Lei do Feminicídio, Nº 13.104/2015. Tal lei é uma alteração do Código Penal, 
definida como uma qualificadora do homicídio, que é motivado pelo ódio, desprezo 
ou sentimento de perda de propriedade sobre a mulher. Esse crime é caracterizado 
pela prática de violência sexual, a mutilação ou a tortura da vítima antes ou depois 
do assassinato. Homicídio doloso que envolve violência doméstica e familiar, e o 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Os crimes que caracterizam a 
qualificadora do feminicídio são, principalmente, a destruição da identidade da 
vítima. 
 A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência 
da República, Eleonora Menicucci, escreveu um artigo comentando sobre a sanção 
da lei que tipifica o feminicídio, publicado no dia 14 de março de 2015. Segundo a 
Ministra: 
 
“O governo, criou mais um instrumento de proteção e integridade das 
mulheres. Ressaltou ainda, que o feminicídio não se constitui em evento 
isolado e nem repentino ou inesperado. Mas sim, faz parte de um processo 
contínuo, que inclui uma vasta gama de abusos desde verbais, físicos e 
sexuais. ” 
 
Foi no dia 09 de março de 2015, dia da aprovação da lei 13.104/2015, que a 
Presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que tipificou o feminicídio como crime 
hediondo. Dessa forma, atendeu uma das maiores lutas mundiais das mulheres. O 
conceito desse tipo de crime e sua classificação surgiram na década de 70 para dar 
visibilidade à discriminação, opressão e desigualdade sistemática, que em sua forma 
mais extrema, culmina na morte. 
 O Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 292 de 2013 possui dois artigos: 1º é 
destinado a acrescentar os §§ 7º e 8º ao art. 121 do Código Penal e o 2º conclui a 
cláusula que prevê a vigência da lei na data de sua publicação. O § 7º cria a 
qualificadora do crime de homicídio denominada “feminicídio”, que seria a violência 
praticada contra a mulher. Já o § 8º prescreve que a pena do feminicídio não 
prejudica a aplicação das demais penas relativas aos crimes conexos. 
A pena para esse tipo de crime é reclusão de 12 a 30 anos (Art. 121, § 2º, VI, 
Código Penal), correndo o risco de ser aumentada de 1/3 em até a metade se for 
praticado: a) durante a gravidez ou até 3 (três) meses posteriores ao parto; b) contra 
17 
 
pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na presença de 
ascendente ou descendente da vítima. 
É importante ressaltar que essa lei alterou o artigo 1º da Lei Nº 8072/90 (Lei 
de Crimes Hediondos), onde deixa claro que o feminicídio é a nova modalidade de 
homicídios qualificados. 
 
2.1 TIPOS DE FEMINICÍDIO 
 
 A qualificadora do feminicídio não poderá ser provada através de um laudo 
pericial ou exame cadavérico, já que nem sempre o assassinato de uma mulher será 
considerado feminicídio. Para ser assim configurada, a acusação feita ao Ministério 
Público mediante as provas deverá ser incontestável provando ser “por razões da 
condição de sexo feminino”. 
As expressões do feminicídio derivam de diversas razões, como a idade da 
vítima, sua condição de trabalho quando desempenha um cargo muito alto e 
prestigiado e a relação entre a vítima e o agressor. A feminista e deputada 
mexicana, Marcella Lagarde, define o Feminicídio como sendo: 
 
“O feminicídio é o genocídio praticado contra as mulheres, e ocorre quando 
as condições históricas geram práticas sociais que permitem atentados 
contra a integridade, a saúde, a liberdade e a vida das mulheres. No 
feminicídio concorrem, em tempo e espaço, danos contra mulheres 
cometidos por conhecidos e desconhecidos, abusadores ou assassinos 
individuais ou em grupo, ocasionais ou profissionais, que levam à morte 
cruel de algumas de suas vítimas. Nem todos os crimes são arquitetados ou 
realizados por assassinos em série: podem ser em série ou individuais, e 
alguns são cometidos por conhecidos, parentes, namorados, maridos, 
companheiros, familiares, visitantes, colegas e companheiros de trabalho; 
também são perpetrados por desconhecidos e anônimos, e por grupos 
mafiosos de delinquentes ligados a modos de vida violentos e criminosos. 
No entanto, todos têm em comum o fato das acreditarem que as mulheres 
são utilizáveis, dispensáveis, maltratáveis e descartáveis. E, claro, todos 
concordam em sua infinita crueldade e são, de fato, crimes de ódio contra 
as mulheres” 
 
Sendo assim, de acordo com sua definição conseguimos definir a tipologia 
desse tipo de crime. Que consiste em: 
 
a) Feminicídio passional ou íntimo: É considerado o tipo clássico do assassinato 
de mulheres cometido por homens com os quais as mulheres mantinham ou 
mantiveram relações amorosas. Os casos são praticados por maridos, ex-
maridos, namorados e companheiros. A justificativa para esse tipo de 
violência está ligada à forma de amar, posse exacerbada, amores não 
correspondidos e ciúmes. 
Dentro do Feminicídio íntimo ainda temos os crimes relacionados à honra, 
eles envolvem meninas e mulheres que são mortas por seus familiares por 
não apresentarem uma conduta sexual ou um comportamento dentro do 
padrão exigido, ou seja, de acordo com as crenças patriarcais de cada 
18 
 
família. Essas condutas vistas como anormais são: adultério, relação sexual e 
até mesmo casos de estupro. Essas agressões são vistas como uma forma 
de proteger a reputação da família, que seguem à risca sua tradição e 
ensinamentos religiosos. 
Segundo um estudo realizado no Reino Unido e na Suécia, os sistemas de 
justiça e serviço social demonstraram que enxergam esses crimes como 
sendo uma “tradição cultural” e não como uma forma extrema de violência 
contra a mulher. 
 
b) Feminicídio não íntimo: ocorre quando o agressor não tem relações íntimas 
ou familiar com a vítima, mas havia relação de confiança, amizade ou 
hierarquia, tais como colegas de trabalho, amigos e empregadores. Nesse 
tipo de classificação temos dois subgrupos, os que ocorreram pratica de 
violência sexual ou não. 
 
c) Feminicídio por conexão: esse tipo crime ocorre com mulheres que se 
encontram na chamada “linha de fogo”, ou seja, são os casos de mulheres 
que tentam impedir a pratica de um crime contra outra mulher e acabam 
sendo assassinadas por tomar esse tipo de atitude. Independe do tipo de 
vínculo entre a vítima e o agressor. 
 
Ainda sobre a tipologia do feminicídio, Jill Radford afirma que o feminicídio 
possui diferentes formas. Como por exemplo: 
 
“O feminicídio racista, no qual mulheres negras são mortas por homens 
brancos; o feminicídio lesbofóbico, quando lésbicas são assassinadas por 
homens heterossexuais; o feminicídio marital, que consiste no assassinato 
de mulheres por seus maridos; feminicídio cometido fora do ambiente 
doméstico da vítima, por estranhos; o feminicídio em massa. Feminicídios 
ocorrem também em locais onde não é dado às mulheres o direito ao 
controle sobre sua própriafertilidade e, por consequência, sobre seu corpo, 
onde mulheres morrem em decorrência de abortos mal sucedidos; mulheres 
mortas em decorrência de cirurgias desnecessárias; infanticídios, nos quais 
bebês do sexo feminino são mortas com mais frequência do que bebês do 
sexo masculino; até a preferência deliberada dada, em certas culturas, a 
meninos em detrimento das meninas, o que resulta em mortes por 
negligência ou desnutrição.” (Radford, 1992, p. 7). 
 
Quando definimos os tipos de feminicídio facilitamos o julgamento e o 
entendimento do ato praticado contra a mulher. Dessa forma, o que se pretende é 
que a “igualdade perante a lei signifique igualdade por meio da lei, ou seja, a lei 
deve ser um instrumento capaz de criar igualdades e o florescimento de relações 
justas e equilibradas entre as pessoas”, como afirma a Ministra Carmem Lúcia 
Antunes Rocha. 
Além disso com esse estudo pretende-se desmascarar o patriarcado que se 
sustenta como uma instituição controladora do corpo feminino e com capacidade 
punitiva sobre as mulheres. É inquestionável a relevância dos homicídios de 
19 
 
mulheres, pois resultam de um sistema no qual o poder e a masculinidade são 
considerados sinônimos, e dessa forma acrescentam uma carga negativa ao 
ambiente social de misoginia: que consiste no ódio e desprezo pelo corpo feminino e 
pelos atributos associados a feminilidade. 
 
2.2 - LEI MARIA DA PENHA X FEMINICÍDIO 
 
Após a aprovação da Lei do Feminicídio diversos questionamentos foram 
gerados a respeito de sua constitucionalidade e real necessidade. De um lado 
pesquisadores, legisladores e sociólogos procuram entender a fundamental 
importância dessa lei, e de outro temos aqueles que afirmam que ela pode ser 
considerada uma complementação da Lei Maria da Penha, assim, torna-se 
necessário entender a diferença entre as leis citadas. A primeira impressão, é que as 
duas leis apresentam dentro de sua constitucionalidade o mesmo significado, porém 
quando estudamos mais a fundo percebemos que elas apresentam divergências 
quanto a relação entre a vítima e o agressor, ambiente onde é praticada a violência 
e os reais motivos que levam a praticar esse crime. 
 A Lei Maria da Penha tem por objetivo a criação de mecanismos para coibir e 
prevenir a violência doméstica e familiar contra a vítima mulher. Toda mulher 
independentemente de sua classe, etnia, religião, orientação sexual, renda, cultura, 
idade e nível educacional, tem direitos garantidos por lei, tais direitos impedem a 
prática de violência, previnem a saúde física e mental e permite o seu 
aperfeiçoamento social, moral e intelectual. A Lei Maria da Penha, segundo o artigo 
5º da Constituição Federal configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause lesão, sofrimento 
físico, sexual ou psicológico, dano moral ou patrimonial e até mesmo a morte da 
vítima, no âmbito da unidade doméstica. 
 Entre o agressor e a vítima deve existir uma relação de afetividade, que pode 
decorrer da convivência no lar, de um relacionamento amoroso (atual ou ex: 
namorado, marido, companheiro) ou relação de parentesco em um sentido mais 
amplo (pai, padrasto, cunhado, irmão, primo, tio). A mulher, independentemente de 
exercer o papel de mãe ou esposa, não perde a proteção penal especial, esse 
mesmo caso aplica-se diante de suas preferências sexuais. 
 A Lei do Feminicídio, totalmente contrária ao que foi exposto na Lei 
11.340/2006 (Lei Maria da Penha), é um atentado direto à vida da mulher. O crime 
possui um impacto silenciado, e é praticado sem distinção de lugar, raça, cultura, ou 
classe social, além de ser a expressão mais brutal da dominação masculina em 
relação a mulher. É um problema global praticado com uma intensa carga de 
crueldade e terror, carregado pelo ódio principalmente quando as mulheres decidem 
dar um basta na relação afetiva. Segundo o que é definido pela Corte Internacional 
dos Direito Humanos: 
 
“O Feminicídio representa o extremo de um caminho de terrorismo anti-
feminismo e inclusive uma ampla variedade de abusos verbais e físicos, 
20 
 
como violação, tortura, escravidão sexual (particularmente conhecida como 
prostituição), abuso sexual, infantil, incestuoso, ou extrafamiliar, agressões 
físicas e emocionais, assédio sexual (por telefone, nas ruas, no escritório, 
na aula), mutilação genital (...), operações ginecológicas desnecessárias 
(...), heterossexualidade forçada, esterilização forçada, maternidade forçada 
(pela criminalização da contracepção do aborto), psicocirurgia, negação de 
comida para mulheres em algumas culturas, cirurgias plásticas e outras 
mutilações em nome do embelezamento. Sempre que destas formas de 
terrorismo resultar a morte, elas se transformam em feminicídios.” 
 
Ainda podemos destacar algumas características específicas desse crime, 
definidas por Lourdes Bandeira (Secretária Executiva da Secretaria de Políticas para 
as Mulheres da Presidência da República): 
 
a) Destruição do corpo feminino com excessiva crueldade e desfiguração da 
identidade do mesmo; 
 
b) É realizado por meios sexuais mesmo que não se manifeste o desejo sexual; 
 
c) É cometido por meio de relações interpessoais e íntimas ou por alguma razão 
pessoal do agressor, associando-se dessa forma à violência doméstica; 
 
d) Caráter violento, cruel e terrorista com predominância de relações de gênero 
hierárquicas e desiguais; 
 
e) As mulheres são expostas a situações de barbárie e terror, como por 
exemplo: são estupradas, mortas, queimadas, mutiladas, torturadas, 
asfixiadas, mordidas, baleadas, decapitadas, etc. Essas diversas ações 
podem ocorrer ao mesmo tempo sobre um mesmo corpo; 
 
f) É um crime de apropriação do corpo feminino pelo marido (proprietário), 
sendo considerado um território para uso ou comercialização diante das 
atribuições que o corpo oferece. Podendo ser usado na prostituição e até 
mesmo no tráfico de órgãos; 
 
g) É considerado o nível mais elevado de um processo de terror, em que a 
mulher é submetida: mamilos arrancados, seios mutilados, genitália retalhada. 
 
Diante dos questionamentos sobre a constitucionalidade do feminicídio 
classificado e tipificado é necessário que o Código Penal Brasileiro ponha fim nesse 
crime social silenciado, impondo-o na sociedade de forma mais clara para que se 
possa erradicá-lo. O foco principal deve ser diferenciá-lo das tipificações dos crimes 
passionais já existentes que são considerados menos graves, com penas mais 
brandas de acordo com a legitimação do sistema jurídico. 
 
21 
 
2.3 O IMPACTO DA LEI DO FEMINICÍDIO 
 
 Tornar crime o feminicídio tem gerado um grande e intenso debate entre os 
estudiosos das questões de gênero, muitos justificam a necessidade de criminalizar 
essa conduta, já que reconhecem que essa pratica é a forma de violência machista 
mais extrema oriunda das relações desiguais de poder entre os gêneros. Outros já 
compreendem que a Lei do Feminicídio se encontra inserida nos tipos penais 
existentes na legislação brasileira, como homicídio qualificado, sequestro, vilipendio 
de cadáver e entre outros. 
 Independentemente da divergência de opiniões em criminalizar ou não o 
feminicidio, existe, atualmente, um consenso em relação a proporção e gravidade do 
problema, dessa forma entende-se a real necessidade de explicar e torná-lo visível 
para que a partir desse ponto seja intensificada a sua prevenção. A criminalização 
do feminicídio está inserida no contexto da violência e somente dessa forma 
conseguimos iniciar as análises. Essa discussão é de suma importância no campo 
jurídico, político e social. 
 Quando estudamose analisamos a história da mulher ao decorrer dos anos 
percebemos que, elas foram e ainda são (em sua grande maioria), educadas de 
acordo com valores de submissão e invisibilidade passados pelo sistema patriarcal 
em que a sociedade está inserida. No espaço privado elas desenvolviam o papel de 
criadoras e cuidadoras; já no espaço público não possuíam voz e sobre elas eram 
lançados olhos de repreensão caso fugissem das atribuições consideradas “naturais” 
que lhe eram impostas. 
 Fernanda Marinela, presidente da Comissão da Mulher Advogada, Pedro 
Paulo Medeiros, presidente da Comissão de Direito Penal, e Aline Bianchini, 
membra da Comissão da Mulher Advogada escreveram um artigo denominado de: 
Feminicidio e o PL 8305/14, onde afirmam que: 
 
“ Ainda que não haja acordo sobre a criminalização do feminicidio, existe um 
consenso mínimo acerca de algumas das suas características: a morte das 
mulheres pelo fato de ser mulher é produto das relações de desigualdade, 
de exclusão, de poder e de submissão que se manifestam 
generalizadamente em contexto de violência sexista contra as mulheres. 
Trata-se de um fenômeno que abarca todas as esferas da vida das 
mulheres, com o fim de preservar o domínio masculino nas sociedades 
patriarcais.” 
 
Apesar haver um consenso entre as opiniões expostas, muitos estudiosos 
ainda divergem sobre a criminalização do feminicidio, sendo que um dos principais 
argumentos defendidos está relacionado, exatamente, ao que se refere a 
intensificação da proteção de mulheres, que segundo eles, já é realizada por meio 
dos tipos penais existentes na constituição federal. Outro posicionamento que temos 
é que muitos magistrados acreditam que haverá dificuldades no cumprimento da lei, 
visto que apresenta uma redação curta e ampla e sua aplicação dependerá do 
entendimento de cada magistrado. 
22 
 
A professora de Direito e Antropologia da Universidade Mackenzie, Bruna 
Angotti, defende que: “muitos casos do feminicídio ainda esbarrarão no machismo 
de policiais e juristas e, por isso, a lei não será aplicada. O problema vai além. A 
professora afirma que há não só a necessidade de criar uma lei e de preparar 
profissionais, mas também de promover uma mudança estrutural na legislação. ” 
Diante da aprovação da Lei do Feminicídio, algumas pessoas por meio das 
redes sociais também se manifestaram contrarias a tal admissão, questionando se 
agora matar uma mulher é mais grave que matar um homem ou se a vida masculina 
tem menos valor perante a lei. O Advogado Vinicius Rodrigues Arouck, Sócio do 
Escritório Ramos, Arouck e Schmidt Advogados Associados, reprova a lei afirmando 
que: 
 
“A inclusão da lei do feminicidio com a redação que lhe foi dada dará início 
a uma perigosa ferramenta para o Estado-Punidor, principalmente contra os 
homens que, por algum motivo, mate alguma mulher. Isso porque a cultura 
machista ainda se encontra enraizada em nossa sociedade (admito) e, por 
vezes, senão sempre, duvidar-se-á que o homicídio praticado por homem 
contra a mulher não foi motivado por razão de gênero e/ou discriminação 
contra a condição de mulher. A inclusão do feminicidio dará margem a 
denúncias arbitrarias e prejudicará, e muito, a defesa do eventual acusado. 
Isso porque a presunção sempre será da existência de feminicidio, o que 
inverterá, na pratica (ainda que a teoria diga outra coisa), o ônus probatório, 
pois é o homem quem terá que provar a inexistência de tais motivações. E 
como provar isso? A meu ver, é quase uma prova diabólica, de difícil 
comprovação de inexistência por parte do acusado. Acredita-se que sob a 
falsa impressão de dar maior proteção a mulher, o que se terá, na verdade, 
é uma considerável desproteção ao homem que ficara a mercê de um tipo 
penal quase inafastável quando existir homicídio de homem contra a mulher 
em casos de violência doméstica e familiar ou em caso de ”menosprezo e 
descriminação de gênero”. ” 
 
A escritora Jarid Arraes, da coluna Questão de Gênero da Revista Fórum, 
manifestou-se diante de tais posicionamentos, onde afirma que questionar a lei 
dessa forma é agir de má-fé. Expondo o seguinte argumento: 
 
“Tornar as leis mais duras para crimes de ódio- incluindo o ódio contra o 
feminino, contra a mulher - é uma forma importante de reconhecer um 
problema grave e buscar meios para exterminá-lo. Isso não quer dizer que 
as mulheres são frágeis, mas que há um problema social gravíssimo que 
não pode passar batido. O debate é bem-vindo, mas não os pensamentos 
misóginos que tentam invalidar a repulsividade do machismo. Além disso 
defende a importância de que tanto homens como mulheres assumam o 
compromisso de desconstruir o machismo existente em si e em seu 
cotidiano. Os homens devem intervir em situações onde há machismo e 
violência contra a mulher, como comentários depreciativos, xingamentos de 
cunho sexista ou situações em que um amigo, por exemplo, expõe a 
intimidade e privacidade de uma mulher. Também é preciso repensar as 
próprias opiniões e buscar entender porque há tanta diferença entre coisas 
e tratamentos direcionados para mulheres e homens. As mulheres devem 
oferecer apoio mútuo umas às outras e construir relações de acolhimento e 
empoderamento porque com a nossa união o enfrentamento ao machismo é 
mais eficiente.” 
23 
 
No meio em que vivemos há aqueles que consideram essa lei um exagero. O 
que não podemos deixar de enxergar é que ela representa um grande passo em 
direção a equiparação dos sexos. A aprovação da Lei do Feminicídio tem por objeto 
imediato responder a necessidade de que sejam tomadas providencias mais 
rigorosas aos altos índices de violência praticada contra a mulher. Assim, colocamos 
em evidencia a existência de homicídios ocasionados por questão de gênero e, que 
esse crescente fenômeno não pode mais ser colocado “debaixo dos panos”. 
 
3. MARCAS DO FEMINICÍDIO 
 
O feminicídio possui marcas cada vez mais brutais e comuns no dia a dia das 
mulheres. Essa atrocidade tem tomado proporções cada vez maiores, de acordo 
com pesquisas atuais, no período de 2001 a 2011 foram registrados mais de 50 mil 
casos de feminicídio, o que equivale a aproximadamente 5.000 mortes por ano, no 
Brasil. Estima-se que grande parte desses óbitos foram decorrentes de violência 
doméstica e familiar, uma vez que, segundo o estudo realizado, um terço deles 
ocorreram em âmbito familiar. Dessa forma, na história do Brasil alguns crimes 
deixaram marcas fortemente cravadas na vida dos familiares das vítimas e de todos 
os brasileiros e, assim, torna-se necessário conhece-los. 
 
3.1. O MASSACRE DE REALENGO 
 
No dia 7 de abril de 2011, por volta das 08:30 da manhã, na Escola Municipal 
Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro, 
que Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois 
resolveres atirando em várias meninas e meninos. Ao total foram 12 vítimas, sendo 
10 meninas e 2 meninos. 
Após o crime, a Policia Federal iniciou as investigações e encontrou textos 
escritos pelo atirador no qual ele julgava as mulheres como sendo “seres impuros”. 
Encontraram, ainda, blogs e fóruns masculinistas que Wellington frequentava, que 
consiste em um grupo de ódio composto basicamente por homens brancos, héteros 
e cissexuais que acreditam que não vivemos mais em uma sociedade patriarcal, 
mas sim matriarcal no qual o verdadeiro descriminado é o homem branco e 
heterossexual. Segundo o testemunho de sua irmã adotiva e o de seu colega mais 
próximo, ele era reservado, sofria bullying e pesquisava muito sobre assuntos 
relacionados a atentados terroristas e a grupos religiosos fundamentalistas. 
Na época do massacre ocorrido em Realengo, um desses blogs 
masculinistas,se manifestou diante do ocorrido, expondo o seu posicionamento 
marcado pelo ódio: “ Esse mercado sexual seletivo cria homens errantes, como é o 
caso deste assassino. Alguns homens com menos poder diante do mercado sexual 
adquirem uma extrema raiva e frustação contra o processo seletivo das mulheres. ” 
Segundo a blogueira e feminista Lola Aronovich: 
 
24 
 
“Os masculinistas possuem um discurso extremamente misógino, onde 
pregam para seus seguidores que todas as mulheres agem por interesse 
em riquezas materiais e que, por isso, só se relacionam com homens que 
possuem dinheiro, carro, enfim, indicadores externos de status sociais que, 
para eles, seriam sinônimos de sucesso – os homens que preenchem esses 
requisitos são o que chamam de macho alfo. Os outros homens que não 
são ricos – machos betas – não teriam chance, então, de se relacionarem 
com as mulheres, mesmo sendo “caras bonzinhos”. ” 
 
Mediante ao que foi exposto, chegou-se à conclusão, por meio das 
autoridades judiciais participantes das investigações, que o crime ocorreu porque 
Wellington Menezes acreditava que ele não estava recebendo o que acreditava 
merecer, de acordo com o que estava aprendendo nos blogs masculinistas, que era 
a atenção e os serviços sexuais das mulheres. A razão para tudo isso ter ocorrido é 
que o atirador entendeu de forma errante que as mulheres lhe deviam algo, já que 
ele era merecedor só pelo fato de ter nascido homem. 
O caso envolve um sentimento de masculinidade exacerbado, já que os 
homens foram ensinados desde o começo que eles tudo podem e que tudo 
merecem. David Wong, escreveu um artigo conhecido como “ 5 maneiras em que o 
homem moderno é treinado para odiar as mulheres”, nesse artigo explica que a 
própria sociedade diz aos homens o que cada um merece e como merece: 
 
“Nos foi dito por cada filme, programa de TV, revista em quadrinhos, vídeo 
game e música com os quais nos deparamos. Quando o Karate Kid ganha o 
torneio, seu prêmio é um troféu e Elisabeth Shue. Neo salva o mundo e é 
recompensado com Trinity. Marty McFly ganha sua garota dos sonhos, John 
McClane ganha sua esposa de volta, Keanu “Speed” Reeves fica com 
Sandra Bullock, Shia LaBeouf fica com Megan Fox em Transformers, o 
Homem de Ferro ganha Pepper Potts, o herói de Avatar ganha a Na’vi mais 
gostosa, Shrek ganha Fiona, Bill Murray ganha Sigourney Weaver em 
Ghostbusters, Frodo ganha Sam, WALL-E ganha EVE... e assim por diante. 
Raios, ao final de An Officer and a Gentleman, Richard Gere entra no local 
de trabalho da moça e simplesmente carrega ela para fora como se ele 
estivesse recolhendo seu terno na lavanderia. (...) em todos os casos, a 
mulher não terá poder de decisão sobre isso. (...) então é muito frustrante, e 
eu quero dizer frustrante ao ponto de se tornar violento, quando nós não 
recebemos o que nos foi prometido. Um contrato foi quebrado. Essas 
mulheres, quando exercem seu direito de escolha, estão nos negando isso 
para nós. É por isso que todo Cara Legal fica chocado ao descobrir que 
comprar presentes para uma garota e fazer favores para ela não lhe será 
recompensado com sexo. É por isso que recorremos a ‘puta’ e ‘vadia’ como 
nossos xingamentos padrões – nós não estamos brabos porque mulheres 
gostam de sexo. Nós estamos brabos porque mulheres estão distribuindo 
para outras pessoas o sexo que elas nos deviam”. 
 
A mídia é um fator agravante para que esse tipo de pensamento seja comum 
no meio social, por ainda tratar a mulher como um objeto. No caso do crime 
Massacre em Realengo, a mídia tradicional justificou tal comportamento dizendo que 
Wellington Menezes era psicopata, sociopata e que sofria bullying. O que não 
consegue perceber é que tomando esse tipo de posicionamento, ela individualiza o 
problema a um homem e impossibilita, bloqueando o pensamento da sociedade, os 
25 
 
debates e questionamentos necessários para se chegar a uma conclusão mais justa. 
Além disso, ignora que o massacre é produto que uma cultura misógina geradora de 
uma masculinidade agressiva, cega, brutal e falida. 
 
 
 
3.2. O ASSASSINATO DE ELIZA SAMUDIO 
 
O caso Eliza Samudio refere–se aos acontecimentos que envolveram o 
desaparecimento e morte da modelo Eliza Silva Samudio. Durante as investigações, 
uma das testemunhas relatou aos investigadores que vítima teria sido morta por 
estrangulamento. Em seguida, o cadáver teria sido esquartejado e grande parte dos 
pedaços foram jogados aos cachorros. 
Tudo começou por que no dia 13 de outubro de 2009 Eliza prestou queixa à 
polícia dizendo ter sido mantida em cárcere privado pelo Bruno Fernandes e seus 
amigos Russo e Macarrão, onde foi obrigada a tomar substancias abortivas. 
Também os acusou de espancamento. A questão é, que somente em julho de 2010 
que o Instituto Médico Legal do Rio de janeiro e a polícia concluíram os exames 
periciais, época do desaparecimento da modelo em que já era tratado como 
homicídio. Em 26 de Junho de 2010, a Policia Civil de Minas Gerais declarou o 
goleiro Bruno Fernandes suspeito, por conta do desaparecimento da ex-amante, que 
tentava provar na Justiça que ele não é o pai do filho dela. 
Apesar da modelo Eliza Samudio ter sofrido grandes pressões físicas e 
psicológicas como sequestro, espancamento, arma apontada na cabeça e, por final, 
esquartejamento e morte e do caso ter tido grande repercussão tanto no cenário 
nacional como internacional, a capa da Revista Placar de Abril de 2014 trouxe como 
foco de sua matéria o ex-goleiro Bruno Fernandes. Em letras bem destacadas a fala 
do mesmo: “Me deixem jogar” estava em destaque, preferiu assim colocar o 
assassino e não a vítima, na capa, apelando na matéria, como se ele estivesse 
sendo impedido injustamente de exercer sua profissão. Considerando-se assim, por 
muitas pessoas, um desrespeito com todas as mulheres que sofrem diariamente 
violência por parte de seus parceiros. 
Em 13 de outubro de 2009, quando a modelo registrou ocorrência policial e 
pediu medidas protetivas o Sistema Judiciário não agiu diferente. A Juíza de Direito 
do 3º Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, de Jacarepaguá, 
negou proteção a Eliza, onde alegou que ela tinha com Bruno apenas um 
relacionamento de caráter eventual e sexual. 
Quando Bruno foi condenado o Juiz da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá 
declarou que Eliza tinha um “ Comportamento desajustado”, já que “mantinha outros 
envolvimentos com muitos jogadores de futebol”. “ Neste ponto, não se define bem 
quem é vítima de quem”, conclui o Juiz. 
O que podemos perceber diante dos fatos expostos nos dois crimes é que em 
muitos pontos a Justiça deixou a desejar e negou o seu dever, desqualificando Eliza 
Silva Samudio, taxando-a como uma mulher pertencente a uma categoria inferior 
26 
 
que não merece atenção e proteção de quem é responsável por dar. Com isso, 
mostraram para sociedade que se a mulher não mantiver um relacionamento 
estável, como casamento ela pode ser violentada sem que o Estado aplique suas 
medidas protetivas. 
 
3.3. AMANDA BUENO E O CRIME PASSIONAL 
 
Foi na tarde do dia 16 de abril de 2015 que Cícera Alves de Sena, 29 anos, 
mais conhecida pelo seu nome artístico de Amanda Bueno, ex dançarina da Gaiola 
das Popozudas e mãe de uma menina de 12 anos, foi assassinada no jardim da 
própria casa, no bairro da Posse, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. 
 Quatro dias antes do assassinato em 12 de abril, Amanda e Milton ficaram 
noivos após completarem seis meses de relacionamento. No dia seguinte, Amanda, 
que já havia parado de dançar resolveu contar ao seu noivo que havia trabalhado 
em uma boate de strip-tease em Taguatinga, Brasília, e que recorria da condenação 
por tentativade homicídio de uma ex-colega. O casal começou a discutir e Milton 
ofendeu Amanda. 
Três dias depois, ele foi almoçar com uma ex-namorada, que fez vídeos e 
fotos do encontro, que foram enviados para o celular de Amanda com o intuito de 
provoca-la. Naquela tarde, Amanda mandou uma mensagem de voz para sua mãe, 
que mora em Goiás, avisando que iria voltar para a casa de sua família. 
Quando Milton voltou para casa, o casal voltou a discutir diante da suspeita 
de Amanda de que ele estava tendo uma relação extraconjugal. Diante das 
chateações Milton deixou o local. Horas mais tarde, retorna embriagado e os dois 
voltam a discutir. Uma câmera de segurança registra o exato momento que Milton 
pega Amanda pelo pescoço e bate com a cabeça dela 11 vezes em uma pedra do 
jardim e lhe dá 10 coronhadas na cabeça. 
Na sequência, ele entra na casa veste um colete a prova de balas e se arma 
com um revolver, três pistolas e uma escopeta calibre 12. Ao passar por Amanda, 
que estava caída no chão, atira com a pistola e na sequência, com a escopeta no 
rosto da noiva. 
Depois de disparar contra Amanda, Milton tentou limpar a cena do crime e se 
livrar das armas e munições guardadas na residência. Em seguida, roubou um carro 
e fugiu do local. Ao tentar escapar da perseguição da polícia, capotou o veículo e 
ficou preso entre as ferragens. 
Após ser preso e ter confessado matar Amanda por um momento de surto, a 
justiça decretou a prisão preventiva de Milton, autuado em flagrante pelos crimes de 
roubo majorado com emprego de arma de fogo, porte ilegal de arma e homicídio 
triplamente qualificado, por motivo fútil, sem chance de defesa e feminicídio. 
O caso teve tanta repercussão que os discursos foram carregados de ódio. 
Por Amanda ser uma dançarina de funk e ter trabalhado como stripper, os 
comentários nas redes sociais taxaram-na como merecedora da própria morte. Essa 
violência cometida no espaço virtual também atingiu a filha de Amanda que teve que 
excluir suas redes sociais pois constantemente era alvo de ofensas. 
27 
 
Os comentários diante dos crimes acima expostos são os mais desumanos 
possíveis. A sociedade para exercer domínio sobre os corpos femininos e sua 
sexualidade dividem as mulheres em duas categorias: as santas e as putas, ou seja, 
de acordo com o seu comportamento “sexual”. Essas discriminações definidas pelo 
sistema patriarcal colaboram para que tenhamos uma segregação e retaliação 
social, violenta e expressivamente “sutil”. 
A juíza Marixa Fabiane Rodrigues do caso Eliza Samudio defende a 
importância da criação do feminicídio. Segundo ela neste contexto estão inseridos 
os crimes popularmente conhecidos como passionais, além do assassinato de 
mulheres consideradas objetos descartáveis. É importante pois esses crimes não 
serão mais julgados como homicídio simples e sim como homicídios qualificados. 
Assim afirma: “A mulher não pode ser vista como objeto de posse. Ela não é posse. 
No momento em que você está vendo a mulher como objeto de posse, como seu, e 
você vai lá e mata, que valor você está dando para esta pessoa? Ela é descartável. 
Isso é Feminicído. ” 
Vivemos em uma sociedade que se equivoca ao afirmar que homens e 
mulheres possuem direito iguais de acordo com o Princípio da Igualdade. Não é 
negável que segundo a Constituição de 1988, as mulheres conquistaram a sua 
igualdade formal, baseando-se no artigo 5º, inciso I, homens e mulheres são iguais 
em direitos e obrigações. Contudo, na prática, o sexo feminino ainda sofre diversas 
restrições ao que se refere a esses direitos. 
Tudo começa com a péssima divisão de trabalho que estamos inseridos, onde 
para as mulheres ainda cabem, na maior parte do tempo, atividades relacionadas ao 
âmbito doméstico, como cuidados com os filhos, casa e familiares. Uma pesquisa 
realizada pelo IPEA divulgou que o tempo médio que os homens se dedicam aos 
trabalhos domésticos é de 10 horas semanais, enquanto as mulheres dedicam 25 
horas semanais às mesmas tarefas. Em porcentagem isso representa 150% a mais 
do tempo médio gasto pelos homens, além disso, muitas ainda trabalham fora de 
casa e, mesmo assim, cuidam da casa e dos familiares. Dessa forma, não sobra 
muito tempo para as mulheres se aplicarem a outras atividades extras, como a 
política. Tudo isso gera reflexos no campo profissional, já que no Brasil os homens 
ganham, aproximadamente, cerca de 30% a mais do que as mulheres com o mesmo 
nível de instrução e idade. 
O trabalho, muitas vezes não remunerado, é o que impede o exercício pleno 
dos direitos das mulheres. Isso possibilita que um sentimento de dependência e 
vulnerabilidade em relação ao seu parceiro seja ainda mais cravado no dia a dia das 
mulheres. É justamente essa desigualdade material que está na base da violência 
doméstica. Parece ser meio clichê afirmar que o preconceito ainda ensina meninas a 
não serem tão independentes, fortes, a assumirem uma condição de inferioridade 
que não pertence mais a elas, e que muitas vezes são subestimadas aos desafios e 
taxadas como sexo frágil, que dependem de leis para sobreviver. 
Maria Berenice Dias, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de 
Família (IBDFAM), argumenta que o próprio texto constitucional prevê tratamentos 
diferenciados para homens e mulheres. Ainda afirma que o princípio constitucional 
28 
 
da igualdade depende do reconhecimento das diferenças e das desigualdades 
históricas entre homens e mulheres. Segundo ela: 
 
“Para pensar a cidadania, hoje, há que se substituir o discurso da igualdade 
pelo discurso da diferença. Certas discriminações são positivas, pois 
constituem, na verdade, preceitos compensatórios como solução para 
superar as desequiparações. Mesmo que o tratamento isonômico já esteja 
na lei, ainda é preciso percorrer um longo caminho para que a família se 
transforme em espaço de equidade.” 
 
 A Lei do Feminicídio vem sendo cada vez mais questionada diante de sua 
constitucionalidade. O que não podemos e nem devemos afirmar é que a inclusão 
dessa lei no Código Penal é inconstitucional, já que ela não é contrária ao princípio 
jurídico de igualdade, uma vez, que busca promover o real cumprimento desse 
princípio. 
 Devemos considerar que essa lei representa um avanço ao combate a 
violência contra a mulher, reconhecendo que existem tipos de violência em que as 
mulheres são submetidas pelo simples fato de serem mulheres. Dessa forma, fica 
explícito que a violência sofrida pela mulher não é uma violência como qualquer 
outra. 
 Leonardo Isaac Yarochewsky, Professor de Direito Penal dos cursos de 
graduação e pós-graduação da Faculdade PUC-MG, se manifesta a respeito desse 
assunto da seguinte maneira: “o PLS discrimina a mulher, considerando-a como 
“sexo frágil”. Seria um projeto “paternalista” e que violaria o princípio da igualdade. 
Ao incluir o feminicídio no Código Penal, o PLS estaria dando mais valor à vida da 
mulher do que à do homem.” Percebe-se assim, que há um equívoco nas palavras 
de Leonardo e que suas palavras estão baseadas em princípio de igualdade 
meramente formal. 
 A Lei do Feminicídio representa, portanto, a busca pela igualdade tão 
desejada, já que não viola o princípio constitucional da igualdade entre pessoas do 
mesmo sexo. Ela não trata a mulher de forma diferenciada, porque no meio social 
em que está inserida já é submetida a condições diferenciadas. Por fim, a lei não 
está tratando a vida humana de forma desigual, pelo contrário, tem procurado 
preservar a vida das mulheres, que estão constantemente ameaçadas pelo 
machismo exacerbado do sistema patriarcal. Ou aceita o que lhes é imposto ou é 
punida, sem ter o direito de defesa, de forma monstruosa comtapas, abusos 
sexuais, mutilações, estrangulamentos, tortura, escravidão sexual, em que a forma 
mais extrema dessas agressões culmina na morte. 
 A juíza Marixa Fabiane declarou em um de seus posicionamentos a 
importância da aprovação dessa lei, que segundo ela: 
 
“Isso é crime de ódio. E essa discussão é que vai ser colocada a partir do 
momento que se tipificar a conduta do feminicídio. Vai provocar uma 
reflexão em toda a população. Vai provocar um debate amplo em torno da 
morte de mulheres. Então, esse debate vai ser o principal fruto da 
qualificação do crime. Os acadêmicos de direito vão estudar, vai começar a 
29 
 
ter debate doutrinário, porque os juristas vão se debruçar sobre o tipo penal, 
ou para criticar, ou para elogiar (...) que se fale que está bom, que está ruim, 
isso é o debate. Que se discuta. O que não pode é fingir que está tudo 
normal. “ 
 
Dessa maneira, para que tenhamos uma diminuição do número de mortes 
gerados por essas agressões grotescas é necessário que haja um trabalho de 
conscientização do real problema que milhares de mulheres enfrentam, através da 
educação, seja ela familiar ou social, da desconstrução do pensamento machista, 
que enxerga o corpo e a vida da mulher como sendo objetos que estão a sua 
disposição para lhe servir a qualquer tempo e, principalmente, do controle da 
sociedade patriarcal que durante muitos anos vem sendo sustentada por aqueles 
que toleram e justificam seus pensamentos agressivos. 
A aprovação da Lei do Feminicídio é uma conquista histórica na luta pela 
igualdade de gênero e universalização dos direitos humanos, entres estes, o direito 
a integridade física e o direito à vida. É um marco no combate a violência contra 
mulher e promove justiça e respeito aos direitos das vítimas dessa grave violação 
que ameaça o destino e rouba a vida de tantas mulheres. 
 
 
 
 
 
 
30 
 
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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