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AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 1 A ÁGUA - PROPRIEDADES FÍSICAS I. Introdução: Para o seu crescimento e desenvolvimento normais, as plantas precisam de água, luz e nutrientes. A água é tão importante no contexto das plantas que, segundo Salisbury & Ross (1992) a fisiologia vegetal pode ser considerada como o estudo da água. Esta afirmação pode ser apreciada nos fatos a seguir. Na composição das células vegetais uma porcentagem considerável é água (em torno de 90%), embora o conteúdo de água possa variar entre os órgãos e de acordo com os estágios de desenvolvimento. Durante o crescimento primário o conteúdo de água dos tecidos varia entre 80 a 95%, mas durante o crescimento secundário esse conteúdo cai para níveis inferiores. Na madeira o conteúdo de água está na faixa de 35 a 75%. Nas sementes ortodoxas os teores são muito baixos, em torno de 5 a 15%. Além de constituir grande parte da massa fresca, a água está envolvida em muitos processos metabólicos das plantas (Taiz & Zeiger, 2002). Por isso, a compreensão dos processos de entrada e perda de água pelas plantas é de crucial importância na fisiologia vegetal. E para compreendê-los precisamos em primeiro lugar entender a água e suas características físico-químicas. A água é um componente-chave para toda a existência no nosso planeta e está envolvida em praticamente todos os processos biológicos, geológicos e químicos (Hu et al., 2003; Fink 2007). Através dos nossos sentidos, todos nós sabemos o que é a água. Nossas experiências com a água começam muito cedo no nosso desenvolvimento. Ela é tão familiar que não nos damos conta do quanto esta molécula é excêntrica e até hoje os cientistas do mundo inteiro ainda se debatem em torno de suas anomalias (Mahoney, 2007). O que sabemos até agora sobre a água? Sabermos que só um terço da superfície do nosso planeta não é recoberto por água, que sem ela não haveria Vida na Terra – pelo menos na forma em que a conhecemos - que possui a fórmula química mais conhecida do mundo (H2O). Mas o que torna a água tão AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 2 diferente? A chave para responder a essa importante questão está nas suas surpreendentes características e propriedades, como veremos a seguir. As notáveis propriedades físicas e químicas da água, resultantes das pontes de hidrogênio são muitos importantes para todos os organismos vivos. O conhecimento sobre a estrutura em rede da água é essencial para o entendimento de suas incomuns propriedades químicas e físicas. Como a vida começou na água e que a nossa biologia é baseada na água, podemos afirmar que as propriedades da água são limitantes para os mais diferentes aspectos da história natural, incluindo fisiologia, anatomia, comportamento, distribuição e evolução dos organismos (Fink 2007). II. Propriedades físicas: 1. Pontes de hidrogênio - é a atração eletrostática entre as moléculas de água através dos prótons H+. A molécula de água é polar, ou seja, possui uma porção (-), o ânion oxigênio e uma parte (+), os dois prótons H+. Embora a força atrativa seja fraca (20KJ/mol de pontes de hidrogênio), elas são a chave para entender o bizarro comportamento físico-químico da água, ou seja, as propriedades que propiciaram o desenvolvimento da Vida tal como a conhecemos. Os americanos gostam de coisas engraçadas e por isso costumam chamar a fórmula estrutural da molécula de água de “Mickey ears” (orelhas do Mickey - Gary Taubes, 2001). 2. Polaridade: a água é um excelente solvente. Entre as razões estão o tamanho reduzido da molécula e sua natureza polar, que dissolve facilmente substâncias iônicas. A água é um poderoso solvente devido à sua alta constante dielétrica. Lembre-se que a constante dielétrica mede a capacidade de neutralizar cargas elétricas. Em solução as moléculas de água orientam-se em torno de íons e envolvem suas cargas elétricas aumentando a sua solubilidade. Forma-se uma camada de hidratação, cujo tamanho vai depender da densidade da carga elétrica de cada íon. É maior para íons pequenos do que para os grandes. Esta camada atua como um isolamento elétrico que diminui a atração entre os íons de cargas elétricas opostas mantendo-os afastados uns dos outros. O grau de dissociação diminui muito com o aumento da concentração. Substâncias apolares se AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 3 dissolvem apenas parcialmente, devido às forças de Van der Waals. Em macromoléculas as porções parcialmente carregadas da água se orientam em direção às regiões carregadas formando ilhas de hidratação. A maioria das moléculas biológica tem ambos os segmentos: polar - são ionicamente carregados - e apolar, sendo, portanto hidrofílicas e hidrofóbicas. Ex: palmitato (C15H31 COO-). Lembre que as pontes de hidrogênio entre as macromoléculas e a água reduzem a interação entre as moléculas e ajuda a drená-las para a solução. 3. Tensão superficial: na superfície livre da água as pontes de hidrogênio ficam orientadas para dentro, em direção ao centro da massa líquida, conferindo elevada tensão superficial à água que só é menor do que a do mercúrio. Um importante significado A tensão superficial evita a entrada de água nos estômatos abertos. Os sais orgânicos não alteram significativamente a tensão superficial da água, ao contrário dos ácidos graxos e certos lipídios que ao se concentrarem na superfície a reduzem. Substâncias surfatantes são substâncias que possuem a cabeça hidrofílica (polar) e cauda hidrofóbica (apolar), sendo que a cabeça hidrofílica permanece imersa na solução e a cauda hidrofóbica permanece voltada para a superfície. Quando substâncias surfatantes são adicionadas aos fungicidas e adubos foliares, torna-se possível a penetração através dos estômatos. A tensão superficial afeta a camada superficial da água, fazendo com que ela se comporte como um filme elástico. Isto ocorre porque a atração entre as moléculas da água não é balanceada na superfície líquida. No interior do líquido as moléculas de água são igualmente atraídas umas pelas outras, em todas as direções, mas as da superfície não. A tensão superficial da água também permite a insetos e aracnídeos andar sobre a água, pois sua força contrabalança o peso do organismo. Possuir pontes de hidrogênio significa que moléculas de água são coesivas e que a tensão superficial que se estabelece torna a fronteira água-ar micro-habitats distintos (Hu et al., 2003). 4. Densidade: a maioria dos líquidos se contrai no resfriamento, apresentando densidade máxima no congelamento. Mas a água possui densidade máxima a AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 4 4oC. Assim a água não congela até a solidez no mar ou em lagos profundos, porque a água se expande quando congela, o que torna a água no estado sólido menos densa do que no líquido. Forma-se gelo na superfície, isolando a água que ficou mais abaixo impedindo o seu resfriamento. Mas quase todos os líquidos são mais densos no congelamento, tanto que o sólido formado afunda. Se o comportamento da água fosse semelhante ao dos outros líquidos, o gelo se acumularia no fundo dos lagos e oceanos durante o inverno, afetando a disponibilidade de nutrientes e a diversidade biológica de organismos de tais habitats (Fink, 2007; Mahoney, 2007). 5. Calor específico: refere-se à energia do aquecimento necessária para aumentar a temperatura de uma substância por uma quantidade específica (geralmente expresso em J.g-1). Em outras palavras, é a energia necessária para aumentar 1oC a unidade de massa de uma substância. O calor específico da água líquida é o mais alto do que todas as outras substâncias, exceto o da amônia líquida. Seu alto calor específico é causado pelo arranjo de suas moléculas, as quais permitem que os átomos dehidrogênio e oxigênio possam vibrar livremente, quase como se fossem íons livres. Para apreciarmos devidamente esta característica vamos comparar duas substâncias: ferro e água. Suponhamos que a mesma quantidade de calor foi absorvida pelas duas substâncias, mas como a capacidade do ferro de reter calor é menor do que a da água, por causa do menor calor específico, ele permanecerá quente por menos tempo, apesar de apresentar temperatura máximas superiores às da água. 6. Calor latente de vaporização: é a energia necessária para separar moléculas da fase líquida e movê-las para a fase gasosa a temperatura constante. O calor latente de vaporização para 1,0 g de a água a 25oC é 10,5 KJ.mol-1. Este alto valor pode ser explicado pela tenacidade das pontes de hidrogênio e pela grande quantidade de energia necessária para quebrar as pontes de hidrogênio e tornar as moléculas de H2O livres umas das outras. O alto calor latente de vaporização permite o resfriamento da planta pela evaporação da água a partir dos sítios de AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 5 evaporação das folhas. Este é um poderoso efeito de resfriamento, pois para cada grama de água evaporada a 15oC, a folha perde 2.462 J (energia calorífica). O ponto de vaporização é outra surpreendente característica da água. A água ferve a temperaturas muito altas – 100°C ao nível d o mar – quando comparada com outras moléculas de tamanho similar. Por não seguir o comportamento padrão, ela ocorre na forma líquida nas pressões e temperaturas existentes na Terra, senão existiria apenas na forma gasosa nas CNTP e a vida como nós conhecemos não seria possível (Sutcliffe 1979; Mahoney 2007). 7. Calor latente de fusão: grande quantidade de energia é necessária para transformar gelo em água a 0oC. Isto significa que é preciso retirar uma enorme quantidade de energia antes que a água congele. Para transformar 1 g de gelo a 0oC em água líquida é necessária 335J (80 cal) ou 5,9 KJ.mol-1. No gelo cada molécula de H2O é cercada por outras 4, formando uma estrutura tetraédrica. Os tetraedros são arranjados de tal maneira que o cristal de gelo é basicamente hexagonal, como demonstrado no padrão dos flocos de neve. Durante o degelo, o volume total de água decresce, pois as moléculas são empacotadas de forma mais eficiente no líquido do que no sólido. No líquido cada molécula é cercada por cinco ou mais moléculas. O resultado do empacotamento diferencial é que a água expande quando congela, tanto que o gelo tem uma densidade menor do que a água líquida. Embora no estado líquido cada molécula é cercada por cinco ou mais moléculas, a maioria das moléculas de água está ligada fortemente a apenas outras duas. Isto implica que no líquido as moléculas de água podem estar arranjadas em anel ou em cadeias que são agrupadas por pontes de hidrogênio adicionais mais fracas (Mahoney, 2007). 8. Capilaridade: a presença de pontes de hidrogênio na água causa a propriedade da coesão, que é a atração mútua entre as moléculas. A adesão é atração da água a uma fase sólida, ou seja, atração entre moléculas diferentes. Estas moléculas podem ser parede celular, superfícies de vidro entre outras. As duas propriedades coesão e adesão, além da tensão superficial dão origem ao AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 6 fenômeno da CAPILARIDADE. A ascensão da água por capilaridade cessa quando a coluna de água se equilibra com as forças de tensão superficial e adesão. É desta maneira que a água se move entre as partículas do solo e nas paredes das células vegetais. 9. Viscosidade: a viscosidade é a propriedade dos fluidos relacionada com o transporte microscópio por difusão molecular. Pode ser concebida como resistência ao fluxo. Ou seja, quanto maior a viscosidade, menor a velocidade em que o fluido se movimenta. Para outros líquidos, alta tensão superficial significa alta viscosidade, mas a água possui uma alta tensão superficial e uma baixa viscosidade. A coesão confere à água uma alta tensão, ou seja, a resistência à tração sem quebrar. Por outro lado a sua viscosidade é baixa, suas moléculas deslizam com relativa facilidade. Isto é causado pela contínua flutuação das pontes de hidrogênio que são feitas e desfeitas em 10-11 s, na água líquida. 10. Limpidez: a água líquida é quase incolor, facilitando a transmissão de luz. Absorve luz especialmente na região do vermelho, o que explica a cor verde- azulada, de mares e lagos. Tabela 1: Dados comparativos das propriedades físicas e químicas de moléculas pequenas como a água CH4 NH3 OH2 FH Ne Peso molecular 16,4 17,02 18,02 20,01 20,18 Ponto de fusão -182°C -77,7°C 0°C -83°C -248,6°C Ponto de vaporização -161,5°C -33,4°C 100°C 19,5°C -246,1°C ∆°C fusão-vaporização 20,5°C 44,3°C 100°C 102,5°C 2,5°C AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 7 III. POTENCIAL HÍDRICO a) Energia Livre de Gibbs: É uma medida da energia máxima disponível dentro do sistema para conversão em trabalho, a pressão e temperatura constantes. G = H - TS onde, H = entalpia S = entropia T = temperatura Kelvin como, H = E + PV ⇒ G = E + PV - TS onde, E = energia interna PV = pressão X volume É muito difícil conceituar em termos absolutos a energia livre, mas podemos fazer comparações, entre um estado de energia conhecido e outro desconhecido nos permite predizer a direção de uma mudança espontânea. A B ≡ decréscimo da energia livre (quantidade máxima de trabalho) B A ≡ aumento da energia livre (quantidade mínima de trabalho) Em um sistema sob condições de temperatura e pressão constante, uma mudança espontânea sempre se verifica com decréscimo de energia livre. ∆G = ∆H - T∆S ∆G = variação da energia livre de Gibbs ∆H = variação da energia total do sistema T∆S = energia não disponível para realizar trabalho. Mede o estado de desorganização do sistema AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 8 Como entalpia e entropia são difíceis de medir, em reações químicas utilizamos: ∆Go = variação da energia livre sob condições padrão. Significa que um mol de cada reagente será transformado em um mol de cada produto. ∆Go = -RT ln Keq onde, ∆Go = variação da energia livre sob condições padrão R = constante universal dos gases (8,314 J.mol-1.K-1 ou 1,987 cal.mol-1 .K-1) T = temperatura absoluta em oK Keq = constante de equilíbrio Numa reação: A + B ⇔ C + D [C] [D] Keq = ___________ [A] [B] AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 9 a) Se formar mais produto e consumir reagente, a Keq > 1 então o ln Keq = (+) ∆Go = -RT ln Keq ↓ ↓ (-) X (+) ∆Go = (-) ⇒ O processo é espontâneo b) Se formar menos produto, consumindo pouco reagente, Keq < 1, então o ln Keq = (-) ∆Go = -RT ln Keq ↓ ↓ (-) X (-) ∆Go = (+) ⇒ O processo não é espontâneo b) Potencial químico: - Qualidade extensiva: Sabemos que quanto maior for o volume de uma substância, maior será sua energia livre, ou seja, quanto mais moles da substância maior será a capacidade para realizar trabalho. - Qualidade intensiva: é a energia livre de uma substância em relação a uma quantidade unitária daquela substância. É vantajoso usar a qualidade intensiva pois ela é independente do volume. Usamos então o potencial químico. µi = potencial químico, energia livre por mol da substância. Para soluções diluídas, o potencial químico, é aproximadamente proporcional à concentração. Mas ele é mais bem expresso em termos de atividade. µi = RT ln aiai = γiCi onde, ai = atividade efetiva γi = coeficiente de atividade a espécie i e Ci = concentração da espécie i AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 10 c) Potencial da Água (Ψ): É o potencial químico da água num sistema ou parte do sistema, expresso em unidades de pressão e comparado com o potencial químico da água pura, que por definição é zero. d) Componentes do Potencial de Água: Ψa = Ψs + Ψp + Ψm + ρagh d.1. Potencial osmótico (Ψs): 1.1 Osmose: difusão de qualquer substância através de uma membrana diferencialmente permeável, em resposta a um gradiente de potencial químico. É mais utilizado para soluções aquosas e para o movimento de água através deste tipo de membrana. O potencial osmótico (também chamado de potencial de soluto é causado pela presença de partículas de soluto na água). O Ψs é sempre negativo ou nulo, porque se adicionarmos partículas de soluto à água, sempre o Ψa irá decrescer abaixo daquele da água pura. µa - µa* Va Ψa = AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 11 Tabela 3: Comparação das características de um osmômetro com uma célula parenquimática Mohr & Schopfer (1995): OSMÔMETRO CÉLULA VEGETAL Espaço externo contém água Espaço intercelular quase saturado com água Espaço interno preenchido com a solução Vacúolo da célula preenchido com suco vacuolar Membrana impermeável a íons, exceto a água Membrana plasmática seletivamente permeável Coluna de água em um manômetro Parede celular, resistente, mas elástica d.2. Potencial de pressão (Ψp): É a pressão real, ou seja, a pressão hidrostática. Quando aumentamos a pressão aumentamos a energia livre e o potencial químico em um sistema. O Ψp pode assumir os seguintes valores: P = 0 (pressão atmosférica) P = (-) (pressão negativa ≡ tensão, sucção, empuxo→ vasos de xilema, solo) P = (+) (pressão positiva → em células vivas) d.3. Potencial matricial (Ψm): Normalmente é incluído no Ψs ou mesmo noΨp., mas torna-se importante nos solos, especialmente os secos, nas sementes, principalmente as ortodoxas, além das paredes celulares;É causado pela presença de superfícies hidrofílicas, que adsorvem a água. A tenacidade com a qual as moléculas de água são adsorvidas ocorre em função de: a) natureza da superfície hidrofílica b) distância entre a superfície e as moléculas de água adsorvidas Este processo é denominado hidratação ou embebição. AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 12 Os valores de Ψa pode assumir são: Positivo (+) = porque a pressão pode ser positiva e muito alta Negativo (-) = porque a pressão pode ser negativa ou positiva, mas muito baixa e o Ψs (-) ser muito alto. Zero: ausência de solutos e pressão atmosférica (0) Para células o Ψs e o Ψp são os mais importantes. d.4. Potencial gravitacional (Ψg): No solo e em árvores altas (acima de 5 ou 10m) há um movimento de água no sentido vertical, é necessário levar em consideração o efeito da gravidade Ψa = Ψs + Ψp + Ψm + ρagh ρa = densidade de água pura g = aceleração devido à gravidade ρag ≅ 0,01 MPa.m-1 (0,0098 MPa.m-1) h = altura Este componente é irrelevante nas dimensões celulares AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 13 TABELA 1. Valores representativos dos componentes do potencial de água no solo e na raiz. (Dados modificados de Kramer, 1974; Nobel, 1991; e Slatyer, 1967.) Valores em MPa Local no sistema Solo-Planta- Atmosfera Ψp Ψs Ψm Solo arenoso com 0,15 g H2O/g solo a 1 cm da raiz 0 -0,05 -0,05 Solo argiloso com 0,15 g H2O/g solo 0 -0,05 -0,9 Solo arenoso próximo à raiz 0 -0,05 -0,15 Planta com transpiração lenta células corticais da raiz seiva do xilema da raiz 0,4 0,05 -0,6 -0,3 -0,05 -0,05 Planta com transpiração rápida células corticais da raiz seiva do xilema da raiz 0,1 -0,6 -0,6 -0,05 -0,05 -0,05 PLASMÓLISE É a habilidade da membrana plasmática de se retrair a partir da parede celular em resposta a um choque osmótico. a) Plasmólise incipiente ou plasmólise-limite: refere-se ao ponto no qual a membrana começa a se separar da parede celular. Neste caso o Ψp é zero, e o principal componente do Ψa passa a ser o Ψs. AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 14 b) Plasmólise convexa: as extremidades da membrana plasmática se separam da parede celular, mas a região mediana permanece ligada a ela. O citoplasma apresenta baixa viscosidade. Este tipo ocorre geralmente em células adultas. c) Plasmólise côncava: o citoplasma assume uma variedade de formas irregulares, a membrana plasmática adere à parede celular em vários pontos, na região dos plasmodesmas. IV. DIFUSÃO Envolve o movimento espontâneo, ao acaso, de moléculas individuais. Ocorre em ambas fases líquida e gasosa em plantas. a) Razão de Difusão: a taxa de transporte de solutos por difusão é diretamente proporcional ao gradiente de concentração. Jj = ( Cj1 - Cj2) Dj X Jj = fluxo difusivo da espécie j (mol.m-2.s-1) Cj1=concentração (mol.m-3 ou M) no ponto 1 (maior concentração) Cj2=concentração (mol.m-3 ou M) no ponto 2 (menor concentração) Dj = coeficiente de difusão da espécie j (m2.s-1) X = distância do ponto 1 ao ponto 2. b) Relações entre tempo e distância para difusão: As relações entre tempo e distância não são previstas pela 1ª Lei de Fick e a 2ª Lei de Fick é por demais complexa para nossos propósitos. Por isso podemos derivar uma expressão a partir desta uma expressão que nos forneça estes dados e seja relativamente AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 15 simples sem perder a precisão. Se a substância em questão estiver concentrada em um ponto inicial e o front se mover por pontos discretos uniformemente, então na medida em que a substância se difunde o gradiente de concentração torna-se menor e o movimento líquido torna-se mais lento. O tempo necessário para uma substância se difundir depende do quadrado da distância e da quantidade total da mesma. A geometria do sistema é outro dado importante para se verificar a taxa de difusão através do tempo e distância. Como para a maioria dos sistemas biológicos a geometria do sistema é praticamente 1. Então podemos utilizar uma fórmula relativamente simples derivada e adaptada da 2ª Lei de Fick. Lembre-se que nunca chegaremos a valores absolutos, pois os parâmetros são de certa forma arbitrários e a descrição da distribuição das moléculas com o passar do tempo é um dado estatístico (Nobel, 1991). te= ½ (Xe)2/Dj. K onde, te= tempo Xe= distância Dj= coeficiente de difusão K= constante da geometria do sistema. Mas se não soubermos a constante de geometria do sistema, mesmo assim poderemos chegar a uma resposta, se utilizarmos a expressão, diretamente derivada da 2ª Lei. Xe 2 = 4Djte Xe = distância onde a concentração cai a 1/e ou 37% do seu valor no plano de origem. A taxa de difusão é rápida a curtas distâncias e extremamente lenta a longas distâncias. A difusão só se torna importante em dimensões celulares, mas é AUTORA: Profª Dra Lourdes Isabel Velho do Amaral 2011 16 ineficiente como transporte de massa a longas distâncias. A longas distâncias o transporte de água ocorre por outro processo, o fluxo de massa. O fluxo de massa é um processo espontâneo e ocorre em resposta ao gradiente de pressão. Envolve o movimento de grupos de moléculas (Nobel 1991). Lembre-se das forças que operamnos três processos de transporte de água: Fluxo de massa = gradiente de pressão Difusão = gradiente de concentração Osmose = fluxo de massa + difusão BIBLIOGRAFIA FINK, L.S. 2007. H2O - The mystery, art, and science of water. Disponível em http://witcombe.sbc.edu/water/biology.html Acesso em: 10 set. 2007. HU, D.L., CHAN, B. & BUSH, J.W.M. 2003. The hydrodynamics of water strider locomotion. Nature 424: 663 – 666. KRAMER, P.J. 1974. Relaciones hídricas de suelos e plantas. Una sintesis moderna. Centro Regional de Ayuda Tecnica. Edutex, Mexico. MAHONEY, N. The chemistry of water. An overwiew. Unique and mysterious properties. Disponível em <http://www.nsf.gov/news/special_reports/water/index_low.jsp?id=properties> Acesso em: 10 set. 2007. MOHR, H. & SCHOPFER, P. 1995. Plant physiology. Springer, London. 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