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Mito Vivo e Tragédia Ao se apropriar de uma tragédia como Édipo Rei para relacionar com a ideia de mito vivo, é possível observar certos aspectos que diferenciam o mito da tragédia. Dentre eles podemos destacar a importância da pratica religiosa no mito. Eliade aponta inúmeros exemplos com relação às práticas devotas e sinceras de tribos onde a interação com o mito é fundamental para a sobrevivência cultural e até mesmo cotidiana da tribo. Eliade também afirma que o mito tem como principal função revelar os modelos exemplares de todos os ritos e atividades humanas significativas que vai desde a alimentação, até a arte e sabedoria. Quando nos voltamos para as tragédias esta relação se torna muito mais semântica. Sófocles aproveita a tridimensionalidade de seus personagens para abordar temas que até hoje são considerados complexos. Este é o objetivo principal compreendido dentro da obra. A necessidade do autor em colocar em discussão, em problematizar os tabus naquela sociedade. Ao invés de seguir a ideia de regra e prática que o mito sugere na maioria das vezes, a tragédia entrega o tema para o questionamento. Assim também, a tragédia foca o homem e suas ações muito mais que o mito. Sartre e Destino As tentativas de Édipo de fugir de seu destino deixam uma resposta clara de que dentro do universo criado por Sófocles é uma parte significante na tragédia por ser eficaz e real. Sófocles também abre um espaço para uma analise e questionamentos sobre o comportamento do homem e a moral. Sartre, com uma visão existencialista, observa o destino como algo inoperante quando diz: “... o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é anda. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, com ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz.” Sartre também afirma que a consciência distingue o homem dos animais, pois é ela que torna possível a autoanálise. O homem é capaz, através da consciência, pensar sobre si mesmo e então pôr-se para fora de si. Ao autoanalisar, o homem percebe que vive/ existe para si, que ele próprio constrói sua existência e que não ha essência ou modelo para orientar seu caminho. O futuro é disponível e aberto e que ele esta condenado a ser livre. Assim, enquanto Sófocles necessita da intervenção dos deuses e o auxilio de oráculos para guiar seu personagem, Sartre nega a existência de divindades, pois algo não definível de acordo com o existencialismo, não poderia existir. Destino e liberdade se tornam opostos. No entanto, a proposta de uma tragédia como a de Édipo Rei também é a promover o questionamento para aquele que está diante de sua história. Questionamentos esses que transpassam temas como existencialismo, liberdade e destino, como também tabus, sendo um dos mais famosos o complexo de Édipo.
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