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Direito Constitucional SEÇÃO 1 ESPELHO DE CORREÇÃO Seção 1 Direito Constitucional Na prática! Muito bem, aluno! Diante do que relembramos e do que você estudou, certamente você já chegou à conclusão de que a peça indicada para garantir o direito de Magnólia é o habeas data, não é mesmo? Isso porque é ele o remédio constitucional previsto constitucionalmente para combater ato que viola o direito de acesso à informação pessoal constante em registro ou banco de dados de órgãos públicos disciplinado pela Lei nº 9.507, de 12/11/1997, e assim garantir o direito ao acesso à informação pessoal. Você também deve ter observado que o direito pleiteado no caso de Magnólia é uma garantia fundamental, eis que assegurada no próprio texto constitucional, porém que não se confunde com outros direitos fundamentais, como o direito à certidão e o direito à petição, ou o direito à informação no sentido geral. O que está em jogo é o direito à informação pessoal da cliente constante em registro público, eis que o Hospital em que Magnólia se tratou é uma instituição governamental, integrante ou de da Administração Pública, e as informações requeridas não são sigilosas ou de uso privativo da instituição. A autoridade coatora neste caso é o(a) Diretor(a) do Hospital Estadual que negou formalmente as informações a Magnólia, portanto, na sua peça é essa autoridade coatora que fi gurará no polo passivo da ação. Outro ponto importante é o endereçamento da sua petição, que deve ser dirigido ao juiz estadual de primeira 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DIREITO CONSTITUCIONAL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 1 instância, eis que a autoridade coatora é agente público estadual e não se trata de caso de competência originária do Tribunal. Lembre-se também de que o habeas data é uma ação essencialmente gratuita e que sua petição inicial deve observar os requisitos formais da lei processual. Vamos então ver o espelho da peça! Questão de ordem! EXCELENTÍSSIMO(A) SR.(A) DR.(A) JUIZ(A) DA MM. VARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ Magnólia, brasileira, cearense, estado civil, profi ssão, portadora da CI nº xxxxxxxxxx-x, inscrita no CPF sob o nº xxxxxxxxxxxx-xx, endereço eletrônico, residente e domiciliada em Imaginária, na rua, nº, bairro, Ceará, representada por seu advogado conforme procuração in fi ne assinada (doc. Nº), com endereço profi ssional na rua, bairro, nº, Cidade, CEP, vem, respeitosamente, perante a Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, inciso LXXII, alínea a, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, e na Lei nº 9.507/97, impetrar o presente: HABEAS DATA Contra o ato coator praticado pelo(a) Diretor Geral do Hospital Público Estadual da Capital do Estado do Ceará, órgão integrante da Administração Pública Direta do Estado, e vinculado à Secretaria de Saúde do Estado, sediada na rua, nº, 33 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 1NPJ bairro, Imaginária, Ceará, pelos fundamentos de fato e de direito que se seguem: I – Da Gratuidade Primeiramente se faz importante asseverar que o habeas data, por mandamento constitucional, caracteriza-se como ação gratuita nos termos do art. 5º, inciso LXVII, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, c/c o art. 21 da Lei nº 9.507/97. Razão pela qual não se deve falar em recolhimento de custas processuais, ou quaisquer outros valores para a prestação da justiça ora requerida. II – Da Legitimidade Ativa e Passiva A legitimidade para a impetração de habeas data é sempre do impetrante para informações de si, ou seja, é um remédio personalíssimo. A legitimidade ativa para a impetração do habeas data está prevista no art. 5º, inciso LXXII, alínea a, na Constituição da República Federativa do Brasil e no art. 7º, inciso I, da Lei nº 9.507/97. Assim, no caso em tela, o legitimado ativo para impetrar o habeas data é a Sr.ª Magnólia, pois visa assegurar o conhecimento de informação de caráter personalíssimo que foi recusado, sem nem uma justificativa, pelo(a) Diretor(a) do Hospital. Da leitura do art. 5º, inciso LXXII, alínea a, da CRFB de 1988, c/c o art. 1º, parágrafo único da Lei nº 9.507/97, pode-se extrair que o legitimado passivo é sempre registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, ou seja, é sempre que tem o poder-dever de conceder vistas, retificação ou de dados referentes ao legitimado ativo. No caso em tela, conclui-se que o legitimado passivo é o(a) Diretor(a) Geral do Hospital que tem o poder-dever de conceder as informações pleiteadas pela impetrante. 44 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 1NPJ III – Da Narração Fática A impetrante, em razão de um grave estado de saúde, precisou ser internada no dia ......, no referido hospital. Após x dias de internação, recebeu alta, porém sendo informada de que seu quadro clínico correspondia aos sintomas da doença Lúpus e que, por tal razão, deveria fazer uso de medicação constante e fazer um acompanhamento médico regular. Para poder prosseguir no seu tratamento e providenciar a medicação necessária, a paciente solicitou cópia do seu prontuário médico à Diretoria do Hospital, já que quando da sua alta nenhum documento formal lhe foi fornecido, somente informações verbais. A solicitação da documentação foi feita por escrito e protocolada junto à Secretaria do Hospital, conforme faz prova pelo documento em anexo. Ocorre que, após passados alguns dias, a impetrante foi formalmente notificada da recusa da sua solicitação, tendo o hospital alegado que tais informações eram informações técnicas de conhecimento e acesso restrito aos médicos do hospital. . IV – Da Fundamentação Jurídica IV. I – Do Cabimento da Ação O habeas data é uma ação constitucional que tem como objeto a tutela dos direitos fundamentais, direito líquido e certo do impetrante referentes a informações personalíssimas que pretende conhecer, as quais se encontram em registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, assim, por meio do habeas data objetiva-se fazer com que todos tenham acesso às informações que o Poder Público ou entidade de caráter público possuam a seu respeito, conforme o previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no art. 5º, inciso LXXII, alínea a e na Lei nº 9.507/97, art. 7º, inciso I. 55 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 1NPJ No caso em tela, faz-se presente a condição da ação necessária para a impetração do habeas data, visto que a impetrante procurou obter a informação de caráter pessoal pela via administrativa através de um requerimento, como foi descrito na narração fática, mas o mesmo foi negado com base em uma justificativa infundada. IV. II – Do mérito A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 assegura a todos o direito à informação, direito esse considerado fundamental (CRFB, art. 5º, inciso XIV e XXXIII), porém o habeas data visa tutelar informações de caráter personalíssimo constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, para a retificação de dados, anotações ou complemento de informações pessoais. No caso em tela o que se pleiteia é a garantia constitucional de ter conhecimento a informações personalíssimas constantes em banco de dados de entidade governamental. Tal direito vem assegurado na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, in litteris: Art. 5º (omisso) LXXI – conceder-se-á habeas data a) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público. O dispositivo exarado acima assegura à impetrante o direitoao conhecimento da informação de caráter pessoal que está em seu poder em face da sua recusa no fornecimento da informação solicitada pela via administrativa. No caso em tela, a informação pleiteada pela impetrante se faz de grande importância, pois deseja dar seguimento ao seu tratamento de saúde, o que não pode ser feito sem nenhum 66 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 1NPJ documento formal emitido pelo Hospital em que foi tratada e diagnosticada. Excelência, a impetrante, com a devida vênia, foi diagnosticada com uma grave doença e não pode se conformar apenas com informações verbais dadas pelos médicos, o fornecimento do documento com suas informações pessoais, no caso do seu prontuário médico, se faz imperioso para a segurança da mesma. Ademais, é importante destacar que as informações constantes em prontuário médico não são privativas do hospital, devendo ser dadas ao conhecimento do paciente, no caso da impetrante. Ressalta-se que tal garantia também vem assegurada na Lei Nº 9.507/97, expressamente: Art. 7º Conceder-se-á habeas data: I – para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constante de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Tal lei infraconstitucional visa ratificar a tutela assegurada pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no art. 5º, inciso LXXII, alínea a. V – Dos Pedidos e Requerimentos Ante todo o exposto, requer-se: I – a notificação da autoridade coatora, sobre os fatos narrados, assim, se for interesse prestar informações, de acordo com o art. 11 da Lei nº 9.507/97; II – a oitiva do representante do Ministério Público no prazo legal de cinco dias nos termos do art. 12 da Lei nº 9.507/97; III – pedido de prioridade de julgamento conforme o art. 19 da Lei nº 9.507/97; IV – que julgue procedente o pedido, determinando ao impetrado o conhecimento da informação aqui pleiteada. 77 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 1NPJ Dá-se à causa o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para fi ns legais. Instruem a presente exordial os seguintes documentos: I – Recusa administrativa II – Protocolo do requerimento administrativo Nestes termos, pede-se deferimento. Fortaleza, dia 18 de setembro de 2017. Nome do Advogado, OAB XXXX Resolução comentada 1) Vimos que em que pese a Constituição Federal elencar expressamente alguns direitos fundamentais, isto não exclui o reconhecimento de outros que estejam, por exemplo, previstos em tratados internacionais dos quais o Brasil seja signatário. Quais os exemplos de direitos fundamentais que não estão expressos na Constituição, mas que devem ser igualmente respeitados no Brasil? 2) Os direitos fundamentais introduzidos por tratados internacionais têm força constitucional? Qual o status hierárquico deles dentro do ordenamento jurídico brasileiro? Eles podem ser parâmetro para o controle de constitucionalidade de uma lei infraconstitucional, por exemplo? 3) Qualquer violação a direito fundamental pode ser tutelada por mandado de segurança? Como você conceituaria um direito líquido e certo? 4) Quais as principais diferenças entre o mandado de segurança e os demais remédios constitucionais? 5) Como saber quando será o caso de habeas data ou de mandado de segurança? 888 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 1NPJ
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