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PSICOSSOMÁTICA

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PSICOSSOMÁTICA 
Roberto Andersen 
Índice 
cap título pág 
 Introdução 02 
 O emocional e suas implicações bio-químicas 05 
 Conceituação da psicossomática 14 
 Sintoma de conversão x somatização 16 
 O processo psicossomático 18 
 Conclusão 20 
 Bibliografia 22 
 
Introdução 
 Maior talvez do que todos os segredos contidos na natureza do universo está 
o mistério do Ser Humano: esse grande desconhecido... 
 Pesquisado pela ciência médica em seus mínimos detalhes, o Ser Humano 
apresenta características especiais que colocam-no em desigualdade para com 
todas as outras espécies de animais sobre a Terra. 
 As inúmeras experiências sobre comportamento instintivo dos animais 
mostram isso, principalmente aquelas onde o filhote é separado de seus 
semelhantes imediatamente após o nascimento. Sendo um gato, por exemplo, ele 
sempre desenvolve todas as características especiais de sua espécie, ou seja: 
miando; procurando um local com areia para esconder as fezes; etc. 
 Só com o homem isso não ocorre. Sem o convívio com o semelhante, de 
onde ele precisa tirar o exemplo para imitar, o ser humano não desenvolve nenhuma 
das características de sua espécie, como andar ereto, falar, tipo de alimentação, 
comportamento social etc. 
 Exemplos vivos são encontrados a cada momento, principalmente em 
florestas isoladas, como as irmãs lobas da França e inúmeros outros casos 
explorados, inclusive, pela indústria cinematográfica mundial, quando observou-se 
que a adaptação ao sistema de vida atual torna-se impossível quando não se inicia 
com ele. 
 Isso, por si só, já representa um grande mistério. Por que esse Ser é tão 
dependente da sua sociedade? Como sobreviveu a isso desde o início? Sempre foi 
assim, ou o progresso foi o responsável pela eliminação de seus instintos-
características? 
 A verdade é que, a partir de uma determinada época, assumimos um certo 
tipo de comportamento, adotado como padrão, e que não condiz com nossos 
instintos naturais mas, por conveniência de nosso progresso cultural somos 
compelidos a aceitar como nosso comportamento social, não devendo, por 
educação, sair dessa linha previamente traçada. 
 Quando esse homem, por algum motivo, perde parcial ou totalmente o poder 
do controle comportamental, suas atitudes passam a sofrer influência marcante de 
seu instinto. Nesse momento a sociedade, a depender da época, pune-o 
rigorosamente, queima-o na fogueira ou interna-o em um hospício, considerando-o 
como louco, feiticeiro ou "possuído". 
Se de um lado o fanático religioso tende a imputar aos maus espíritos todas as 
razões para tais males, excluindo qualquer possibilidade de causa física, do outro 
lado está o pesquisador materialista que, acometido de uma sensação de auto-
suficiência científica, exclui qualquer influência espiritual, da alma, ou extra-corpórea 
para essas mesmas doenças. 
E se sempre existiram as diferentes interpretações é porque sempre existiu o objeto, 
ou seja: o fato das doenças que surgem sem causa física aparente, levando, cada 
um, a depender de seu modo de entender as coisas, a procurar um médico, um 
curandeiro, um psicólogo ou um exorcista... 
Hoje chamamos de Conhecimento Psicossomático aquele que nos leva a entender 
que existe alguma coisa além do simples material como causa de alguns males 
físicos e que, essas coisas podem não ser exatamente espirituais, mas sim coisas 
internas de cada um de nós, independentes da matéria e do espírito, talvez alojadas 
no terreno do emocional. 
Num momento em que o saber quântico começa a tomar formas, mostrando ao 
mundo que não existem limitações definidas entre quaisquer áreas do 
conhecimento, podemos começar a observar mudanças profundas nos antigos 
extremismos. 
Assim foi com a própria Igreja, que passou a recomendar que, antes de se recorrer 
ao exorcismo, sejam esgotadas todas as formas de tratamento médico e psicológico 
do paciente (recomendação Papal de dezembro de 1998). 
Assim está sendo com o conhecimento médico em geral, tendendo a uma grande 
abertura holística, que faz com que o paciente seja visto como um todo, ao invés do 
conceito antigo do tratamento especializado e limitado a uma só área do corpo ou a 
um só tipo de doença. 
 
 
 
Capítulo 1 
O emocional e suas implicações bioquímicas 
 Para reduzir a tendência de alguns incrédulos a não aceitar a realidade 
psicossomática, achamos conveniente, antes de discutir seus conceitos, mostrar 
alguns resultados científicos bastante claros acerca da ligação entre os aspectos 
emocionais do paciente e algumas de suas funções orgânicas. 
 A ciência médica mostra que existe uma ligação entre a hiperatividade do 
sistema nervoso simpático e as alterações de algumas funções orgânicas. 
 "...a hiperatividade do sistema simpático ocorre em muitas áreas do 
organismo, ao mesmo tempo, mais que em áreas focais, e os efeitos habituais são: 
(1) diminuição da freqüência cardíaca – às vezes com palpitação cardíaca; (2) 
aumento da pressão arterial; (3) constipação e (4) aumento do índice metabólico..." 
(Guyton, pg.613) 
 Como a hiperatividade do sistema nervoso é, normalmente, fruto de fatores 
emocionais, todas essas conseqüências podem ter tido como causa, não 
obrigatoriamente um fator físico, mas, no mínimo, um componente emocional 
bastante forte. 
 No caso dos sinais parassimpáticos essas ligações são ainda mais bem 
definidas e localizadas, podendo provocar doenças de características bem 
específicas: 
 "... o estímulo de áreas específicas dos músculos motores dorsais dos nervos 
vagos pode causar mais ou menos especificamente: (1) o aumento ou diminuição da 
freqüência cardíaca ou palpitação cardíaca; (2) espasmo do esôfago; (3) aumento 
da peristalse no trato gastrintestinal alto ou (4) aumento da hiperacidez gástrica com 
resultante aparecimento de úlcera péptica. O estímulo da região sacra do nervo 
parassimpático, por outro lado, tende a causar extrema secreção glandular cólica e 
peristalse, com diarréia conseqüente..." (Guyton, pg.613) 
 Ora! Se são os padrões emocionais do indivíduo que controlam os centros 
simpático e parassimpático do hipotálamo e da porção inferior do tronco cerebral; se 
esse controle é o que provoca a sua hiperatividade; se a sua hiperatividade 
comprovadamente causa todos os fenômenos orgânicos descritos por Guyton nas 
transcrições anteriores; então os padrões emocionais do indivíduo são, no mínimo, 
elementos fortemente presentes na causa de muitas enfermidades verdadeiras. 
 "...Pode-se ver imediatamente que os padrões emocionais que controlam os 
centros simpático e parassimpático do hipotálamo e da porção inferior do tronco 
cerebral, podem causar grandes variedades de efeitos psicossomáticos 
periféricos..." (Guyton, pg.613) 
 Ainda no mesmo estudo, Guyton nos diz que existe uma relação evidente 
entre muitos tipos de enfermidades orgânicas e o controle anormal da secreção 
pituitária anterior, que é causada por distúrbios emocionais, como transcrito a seguir: 
 "... O estímulo elétrico do hipotálamo posterior aumenta a secreção de 
corticotropina, pela glândula pituitária anterior e, por conseguinte, aumenta, 
indiretamente, a saída de hormônios adrenocorticais. Um dos efeitos disso é um 
aumento gradativo da hiperacidez gástrica, devido ao efeito dos glicocorticóides 
sobre a secreção gástrica. Durante período prolongado de tempo isso poderia, 
evidentemente, levar a úlcera péptica, que é um efeito bem conhecido da 
hipersecreção, pelo córtex adrenal. Da mesma forma a atividade do hipotálamo 
anterior aumenta a secreção pituitária de tireotropina que, por sua vez, aumenta a 
excreção de tireoxina e leva a uma elevação do índice metabólico básico. Sabe-se 
bem que diferentes tipos de distúrbios emocionais podem levar à tireotoxicose, 
resultando isso, provavelmente, da hiperatividadedo hipotálamo anterior. 
 Por conseguinte, a partir desses exemplos, é evidente que muitos tipos de 
enfermidades psicossomáticas orgânicas possam ser causados pelo controle 
anormal da secreção pituitária anterior." (Guyton, pg.613) 
 Não podemos descartar as informações de Guyton acima, todas relatadas em 
seu Tratado de Fisiologia Médica, livro texto das cadeiras de Fisiologia da muitas 
universidades. 
Para ajudar ainda mais na comprovação das sérias influências do emocional no 
orgânico, a Dra. Mina Michal, Doutora em Ciências pela Escola de Medicina da 
Universidade de Cambridge, professora e pesquisadora do Hospital Addenbrookes 
(Cambridge), Universidade de Toronto (Toronto), Royal College of Surgeons 
(Londres) e Centre de Researches Battelle (Genebra), realiza freqüentes pesquisas 
sobre o assunto, tendo, inclusive, fundado uma sociedade Suíça especializada em 
programas de saúde e de desenvolvimento de recursos humanos, voltada para a 
redução do stress. 
Embora suas pesquisas sejam voltadas para o stress do cotidiano, suas conclusões 
são diretamente aplicáveis aos pacientes psicossomáticos, já que o processo é 
exatamente o mesmo. 
E como todos os seus estudos são baseados em experimentações científicas, evita-
se a descrença do profissional mais cartesiano. 
As doenças relatadas a seguir são algumas das que são mais freqüentemente 
encontradas entre os pacientes psicossomáticos, ou seja, todas elas com a 
possibilidade de ter sido causada pelo fator emocional: 
Doenças Cardiovasculares 
Os estudos clínicos e experimentos que vem sendo realizados pelos pesquisadores 
em todo o mundo evidenciam "... a correlação de situações ansiogênicas ou 
estressantes com a liberação de catecolaminas corticosteróides e sua conseqüente 
repercussão cardiovascular." (Souza, pg. 57) 
 "Estudos epidemiológicos demonstram forte ligação entre doença cardíaca e 
fatores estressantes. Tais distúrbios incluem doença coronariana, hipertensão, 
arteriosclerose e trombose. De fato, muitos médicos acreditam que o stress... ...é o 
fator mais importante da doença coronariana e dos infartos cardíacos."(Michal, vol.2, 
pág.9) 
 
Diabetes 
No caso da diabetes, a ligação com os fatores emocionais é mais do que notória, já 
que o stress libera açúcar, que é normalmente armazenado no fígado em forma de 
glicogênio. Simultaneamente, a adrenalina liberada inibe a função da insulina, o 
principal hormônio pelo qual o corpo elimina o açúcar do sangue. 
 No homem da caverna esse processo era extremamente necessário para que 
ele tivesse um suprimento extra de energia a partir desse açúcar liberado, 
permitindo com que ele respondesse com uma atividade física necessária a sua 
sobrevivência, ou seja, correr ou lutar. 
Para o homem moderno, entretanto, cujos problemas não são, normalmente, de 
enfrentamento físico, não haverá o consumo desse açúcar liberado como fonte extra 
de energia, ficando esse excesso no sangue. 
 Uma repetição desse estado pode levar a manutenção de altos níveis de 
açúcar na corrente sangüínea, podendo levar ao diabetes no futuro. 
 Afecções cutâneas 
 Mina Michal diz que o fator emocional pode ser a única causa de escoriações 
neuróticas e dermatite artefacta, e em outros como o prurido crônico simplex e 
anogenital, o stress pode exacerbar o quadro clínico. 
 No caso de urticária, acne, rosácea, herpes simplex e eczema os aspectos 
emocionais podem se tornar fatores precipitantes ou permanentes. 
 Devido a alteração no estado geral de saúde e a diminuição da resistência 
corpórea, o fator emocional poderá influenciar, de forma indireta, doenças cutâneas, 
como a psoríase. 
 Úlceras 
 A secreção ácida excessiva causada pelo estado de ansiedade pode não 
provocar o aparecimento da úlcera, mas se essa acidez for mantida por longos 
períodos de tempo, o resultado será, certamente, o seu aparecimento. 
 
 Sistema imunológico 
 A expectativa da repetição, que constitui o terceiro estágio do processo 
normal do paciente psicossomático é o que vai deixá-lo em permanente estado de 
stress logo, como veremos adiante, constitui o estágio onde a doença se instala. 
 A ocorrência desse stress pela primeira vez serve, inclusive, para estimular o 
sistema imunológico. 
 Entretanto, quando o estado estressante é mantido, ocorre o inverso, ou seja, 
começa a haver prejuízo na resposta imunológica celular e humoral (circulante). 
 Um dos efeitos desse estado psicossomático é que ele prejudica a produção 
de anticorpos, provavelmente através da ação do cortisol e outros hormônios 
corticosteróides, que estão intimamente ligados à resposta do organismo à lesão. 
 O cortisol aumenta o processo metabólico (gliconeogênese) corpóreo durante 
o período de maior atividade. 
 Durante esse processo, o cortisol mobiliza gorduras e proteínas para a 
corrente sangüínea. 
 A mobilização de proteínas reduz os seus depósitos. Como no paciente 
psicossomático o processo é mantido por um longo período, pode não haver 
proteína suficiente disponível para a formação de células sangüíneas maduras e de 
anticorpos. 
Isso se reflete na redução da atividade das células B do sangue e pelas alterações 
nas contagens das células T reguladoras, que destroem vírus e bactérias. 
 Por esse motivo o paciente psicossomático pode ter o seu sistema 
imunológico bastante prejudicado, podendo aparecer, a partir desse aspecto, uma 
infinidade de doenças, desde o resfriado comum até o câncer. 
 Asma brônquica 
 A asma brônquica é a doença que apresenta a ligação mais evidente com os 
fatores emocionais dos pacientes psicossomáticos. 
 A ligação é tão clara que grande parte dos profissionais de saúde, que já 
trataram do problema, fazem referência a tensões emocionais fortes, em suas 
diferentes manifestações (ódio, medo, ansiedade, etc), como fatores 
desencadeantes do mal. 
 A tradicional "bombinha" utilizada para neutralizar as crises asmáticas do 
estilista de alta costura de uma novela da Rede Globo (Souza, pg. 45) já foi 
mostrada em outras produções de grande porte, como em filmes, peças teatrais, etc, 
dando a exata dimensão do problema. 
 Por esse motivo o profissional de saúde que tem em mãos um paciente 
asmático deve estar familiarizado com a conexão entre o sistema límbico e o córtex 
cerebral, que controla o hipotálamo por meio das substâncias neurotransmissoras, 
provocando, nesses casos, reações asmáticas. 
 Estando familiarizado, esse profissional estará consciente de que o caminho 
correto para o tratamento começa com o estudo da personalidade do paciente, onde 
procura encontrar fatores que sirvam com base para a identificação de estados de 
tensão emocional fortes, procurando relacionar tais fatos com os momentos de crise. 
 Embora o uso da medicação adequada sirva para aliviar as crises e permita 
uma vida mais satisfatória do paciente, o profissional deve procurar encontrar tais 
fatores desencadeantes, pois somente a eliminação dessa dependência poderá 
libertá-lo definitivamente da doença. 
 Há diversos casos em que os fatores desencadeantes são verdadeiras 
"defesas" inconscientes, servindo para que o paciente "se esconda" da 
responsabilidade, apresentando-se impotente para solucionar seus problemas, já 
que está acometido de uma forte crise... 
 Em casos desse tipo é muito comum o paciente não desejar a cura definitiva, 
embora de forma inconsciente, podendo até, em alguns casos em que o paciente se 
convenceu de que sua asma faz parte de sua defesa e conseguiu livrar-se dela após 
uma espécie de "convencimento" seguido do tratamento clínico adequado, 
apresentar sintomas em outras áreas do corpo, como se a defesa estivesse 
"migrando" a procura de uma outra "arma" qualquer. 
 Como referência a ação psicoterápica a adotar, importante se torna a citação 
dos objetivos e dos fundamentos apresentados porAlfrede Lemle (Souza, pg.49 e 
50), que são: 
A) Objetivos da ação psicoterápica: 
 Redirecionar a relação do asmático com o seu problema, no que muito 
contribuirá para a redução do seu sofrimento; 
 Construção de uma relação médico-paciente livre e madura, no que 
contribuirá no combate a resistência ao tratamento. 
B) Fundamentos para o redirecionamento do asmático com o seu problema: 
 Conscientização do asmático de que seu objetivo não é "curar a asma"; 
 O uso adequado da medicação poderá proporcionar uma vida satisfatória, 
embora com eventuais sintomas; 
 O uso da medicação correta, com a devida supervisão médica, representa 
uma garantia para a ausência do risco de vida. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 
Conceituação da psicossomática 
 A relação mostrada no capítulo anterior entre o aspecto emocional e diversas 
enfermidades, cada uma com uma característica própria e atuando em uma 
diferente área do organismo, nos alerta para o perigo de chamarmos a disciplina de 
Medicina Psicossomática, já que se assim a chamarmos estaríamos passando uma 
idéia de delimitação de seu campo de atuação, direcionando-a a um determinado 
tipo de doença ou sintomas. 
 O nome mais apropriado deveria ser simplesmente Psicossomática, já que 
seu conhecimento deve estar sempre presente em todas as áreas médicas, 
ajudando ao profissional na pesquisa geral das causas de qualquer tipo de 
enfermidade. 
 Como bem disse Porto em sua obra Semiologia Médica: 
 "...A medicina psicossomática deixa de ser uma especialidade ou um grupo 
de doenças para converter-se em um fundo, um colorido de toda a medicina 
contemporânea. 
 Independentemente de sua etiologia, a doença está inserida na biografia do 
paciente, e o médico nunca poderá ajudá-lo devidamente se não compreender o 
significado biográfico do seu padecimento..." (Porto, pg.1080). 
 Mas como entender o seu conceito? Acreditamos que o estudo tem início no 
entendimento das emoções, pois é nelas que estamos colocando o peso da 
causalidade. E para bem definir o que essas emoções podem provocar, convém 
refletir sobre as seguintes palavras de Sabetti, em O princípio da totalidade: 
"As emoções são movimentos energéticos de uma qualidade específica e, mesmo 
que sua expressão direta esteja bloqueada, procuram outras vias de expressão. 
Entre as várias vias de descarga, quatro são as mais freqüentemente usadas: a 
psicopatologia (loucura), a dramatização do comportamento (crime), a sublimação (o 
"vício do trabalho") ou a doença psicossomática (alguma manifestação de doença 
física). Dessas quatro vias a que nos interessa é a última, na qual sintomas físicos 
são manifestações indiretas de uma mensagem emocional mais profunda que está 
tentando expressar-se." (Sabetti, pg.182) 
 Nossa conceituação de psicossomática, então, procura ser um pouco mais 
abrangente do que a simples avaliação fisiológica das interações do corpo com o 
aspecto emotivo do ser. Ela transcende essa relação em direção ao estudo de todo 
o Ser integrado, de forma holística, com a convicção de que esse Ser pesquisado e 
analisado é muito mais do que a simples soma de todas as suas partes, incluindo aí 
tanto a vida psíquica consciente como, e principalmente, a inconsciente. 
 Nossa conceituação precisa deixar bem clara a diferença entre reação 
psicossomática e paciente psicossomático. 
Entendemos como reação psicossomática a reação temporária provocada por um 
acontecimento muito forte na vida do indivíduo e que o tenha chocado 
sobremaneira, ao ponto do organismo preparar uma resposta orgânica simbólica. 
Essa resposta significa uma forma inconsciente de auto-proteção. 
Já o paciente psicossomático é o indivíduo que durante toda a sua vida apresenta 
respostas ou surtos de características psicossomáticas. Essa é a sua única forma de 
vida e ele se acha dependente dela. 
 
 
 
Capítulo 3 
Sintoma de conversão x psicossomatização 
 O Sintoma de Conversão apresentado pela Conversão Histérica apresenta, 
normalmente, a excitação psíquica utilizando um falso caminho exclusivamente 
somático, ou seja: acontece uma ordem do tipo – não vou andar – e ocorre a 
paralisia sem, no entanto, apresentar qualquer tipo de lesão. É apenas simbólico. 
 Na psicossomatização uma tensão física não passa para o psíquico e 
permanece sobre uma via física. Não é uma expressão simbólica, mas uma espécie 
de fracasso do Ego. 
 Enquanto que no fenômeno psicossomático o processo se desenvolve em 
três diferentes tempos: o trauma de infância; a evocação do trauma; e a expectativa 
da repetição; na conversão histérica apenas um fato desenvolve o processo e, 
normalmente, relacionado com os complexos edipianos. 
 Um cego que não apresenta lesão significa a vitória de algum medo interno, 
levando-o a desenvolver um comportamento de conversão histérica que o livra da 
responsabilidade de ver, ou que obriga aos familiares lhe dar toda a atenção que 
inconscientemente desejava ter. 
 Mas as diferenças nem sempre são tão evidentes, pois a linha que divide o 
comportamento histérico do comportamento somatizante apresenta, muitas vezes, 
uma grande indefinição, embora o somatizante apresente lesão e o histérico não. 
Capítulo 4 
O processo psicossomático 
O Fenômeno Psicossomático é apresentado em três tempos bem definidos, tendo 
início em algum trauma na infância (que pode ter sido uma perda de grande 
significância, do tipo morte ou separação), a evocação desse trauma (algum 
acontecimento que o faz relembrar desse trauma); e a expectativa da repetição, 
quando está, então, estabelecida a enfermidade. 
Um trauma de infância, então, é o início do processo. Normalmente ligado a uma 
perda de grande importância para o paciente, esse trauma vai ser gravado em seu 
inconsciente, onde fica esquecido durante muito tempo. 
Em determinado momento da vida desse paciente ocorre um fato que o faz 
relembrar desse trauma. 
É o momento da evocação do trauma, que funciona como uma espécie de gatilho 
para que o emocional ligado ao inconsciente inicie o seu processo de trabalho, 
alterando as condições antes estáveis de seu organismo. 
Esse processo inicial leva cerca de um ano, montando, inconscientemente, a 
expectativa de repetição, ou seja: o emocional do indivíduo já se prepara 
inconscientemente para a repetição do fato que relembra o trauma da infância. 
Essa expectativa significa alteração em seu estado emocional, provocando 
hiperatividades em seu sistema nervoso. Essa hiperatividade vai ser refletida em 
algum órgão, estabelecendo aí a enfermidade. 
A escolha desse órgão não é ao acaso. Entre os fatores que determinam essa 
localização estão: 
1) Fragilidade orgânica: 
Uma fragilidade localizada, como uma lesão antiga, mesmo que totalmente curada, 
pode servir de alojamento para essa enfermidade, sejam elas da área digestiva, 
cardíaca, ou outras; 
2) Benefício inconsciente: 
A necessidade, inconsciente ou não, de fugir da responsabilidade ou de chamar a 
atenção para si mesmo, pode provocar a localização da doença em órgãos que o 
impossibilitem de andar, falar, trabalhar, etc... 
 3) Traumatismo afetivo desencadeante: 
 A própria natureza de um traumatismo afetivo, como um estupro, por 
exemplo, pode desencadear um processo em que a enfermidade se localize nos 
órgãos genitais, provocando doenças na área ginecológica ou distúrbios sexuais. 
 
Conclusão 
 Embora estejamos todo o tempo estudando as implicações psicossomáticas 
em todo o organismo do paciente, estudo direcionado exclusivamente para o seu 
corpo, nossa conclusão extrapola o tratamento de uma enfermidade do corpo e 
alcança a enfermidade do ser como um todo. 
 Por enfermidade do ser como um todo estamos nos referindo ao grande mal 
da particularização deuma determinada área do conhecimento, quando o homem é 
forçado pelas mais diversas academias a um trabalho incessante em direção a sua 
especialização profissional, sendo convencido pelo sistema a não dar a devida 
importância a qualquer conhecimento diferente dos de sua área, como se o mundo 
fosse constituído de seu interesse primário, em primeiro lugar, e complementado de 
forma bastante desimportante, pelas demais áreas do conhecimento humano. 
 Assim o homem se desinteressa pela cultura geral e mergulha fundo em sua 
área de interesse, vencendo, no início, todas as barreiras profissionais e alcançando 
sucesso nos empregos, até o dia em que precisa, em cargos mais elevados, efetuar 
raciocínios comparativos, quando então percebe que todas as áreas estão 
interligadas todo o tempo e o conhecimento de uma necessita, sem dúvida alguma, 
do conhecimento dos rudimentos de todas as outras. 
 Em alguns casos existe a possibilidade da recuperação, exigindo do homem o 
redirecionamento de seus estudos de uma forma mais abrangente e tolerante, mas 
em alguns casos essa descoberta chega muito tarde, significando a perda da 
posição alcançada, ou até o fracasso total de sua vida profissional. 
 Ou seja, aquilo que no caso específico das doenças provenientes de causas 
psicossomáticas, pode causar até a morte do paciente (na inobservância dessa 
relações causais pelo médico assistente, mesmo que esteja sendo medicado com 
correção clínica), quando transportado para a vida em geral pode determinar a 
falência de um ser, condenando-o ao fracasso intelectual, por mais títulos que tenha 
alcançado em sua área específica de especialização profissional. 
 Concluímos, então, que o conhecimento psicossomático mostra ao 
profissional de saúde que os estudos quânticos tão em evidência no mundo da 
física, são verdades em todas as áreas do conhecimento, mostrando que todas as 
coisas do mundo estão relacionadas entre si, por mais diferentes que possam 
parecer, determinando ao homem uma atualização constante em todas as áreas do 
conhecimento, devendo ele libertar-se da maléfica tendência de superestimar sua 
área específica em detrimento do necessário conhecimento das demais. 
 
Bibliografia 
autor obra cidade editora ano 
Souza, Josélio Gomes 
de 
Medicina Psicossomática Niterói SPOB 1998 
Porto, Celmo Celeno Semiologia Médica Rio de 
Janeiro 
Guanabara 1986 
Guyton, Arthur C. Tratado de Fisiologia 
Médica 
Rio de 
Janeiro 
Guanabara 1986 
Michal, Mina Stress São Paulo Roche Brasil 1997 
Zohar, Danah O Ser Quântico São Paulo Best Seller 1996 
Sabetti, Stephano O Princípio da Totalidade São Paulo Summus 1991

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