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Psicopatologia RESUMO

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1 
DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA I 
 CURSO DE PSICOLOGIA – FHS / UNIVALE 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
O termo psicopatologia surgiu em 1878, como sinônimo de psiquiatria 
clínica. Esse termo se compõe de psico, que se refere ao psiquismo e se 
origina do grego psiqué – que significa sopro, respiro, princípio vital – e 
pathos, que tem o sentido de sofrimento e também de paixão; isto é, perda 
do controle racional de si e de seus atos. 
 
Algumas pessoas, em determinadas circunstâncias, se comportam de 
forma perturbada, transtornada. Isso é produto de determinantes 
genéticos, ontogenéticos (história particular de vida de cada um) e 
culturais. Grande parte de nosso comportamento é aprendido ao longo de 
nossa vida, o que ocorre em um certo contexto sócio-cultural. 
 
A psicopatologia como disciplina científica é independente da medicina e 
está comprometida com a compreensão da experiência íntima do 
sofrimento psicológico do indivíduo dentro de uma perspectiva 
biopsicossocial. 
 
Os transtornos mentais estão descritos em duas publicações tradicionais, 
com utilização internacional, que é a CID-10 (Código Internacional de 
Doenças, da Organização Mundial de Saúde) e o DSM-IV (Manual 
Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais, editado pela Associação 
Norte-Americana de Psiquiatria). 
 
O conceito de normalidade em psicopatologia é uma questão de grande 
controvérsia. Não obstante isso, podemos definir o patológico como aquilo 
que causa perturbação intensa e persistente ao próprio indivíduo ou à 
sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 2 
Semiologia psicopatológica é o estudo dos sinais e sintomas dos transtornos 
mentais. 
 
Para a caracterização de um quadro, há os sinais comportamentais objetivos, 
verificáveis pela observação direta do paciente, e os sintomas, que são as 
vivência subjetivas relatadas pelo sujeito, suas queixas e narrativas, aquilo que 
ele experimenta e, de alguma forma, comunica a alguém. 
 
A coleta de sinais e sintomas requer a habilidade sutil em formular perguntas 
mais adequadas para o estabelecimento de uma relação produtiva e a 
conseqüente identificação dos signos dos transtornos mentais. 
 
Em psicopatologia é fundamental a observação minuciosa, atenta e perspicaz 
do comportamento da pessoa, do conteúdo do seu discurso e do seu modo de 
falar, da sua mímica, da postura, da vestimenta, das forma como reage e do 
seu estilo de interação com o entrevistador, com outros pacientes e com seus 
familiares. 
 
As síndromes são agrupamentos relativamente constantes e estáveis de 
determinados sinais e sintomas. A síndrome é puramente uma definição 
descritiva de um conjunto momentâneo de sinais e sintomas. 
 
O reconhecimento das entidades nosológicas (transtornos) não tem apenas um 
interesse científico ou teórico; ele geralmente viabiliza ou facilita o 
desenvolvimento de procedimentos terapêuticos e preventivos mais eficazes, 
além de favorecer a comunicação entre profissionais de uma equipe 
multiprofissional. 
 
A psicopatologia, como ciência, exige um pensamento rigorosamente 
conceptual, que seja sistemático e que possa ser comunicado de modo 
inequívoco. 
 
Os sintomas psicopatológicos são estudados em dois aspectos básicos: a 
forma dos sintomas (sua estrutura básica, relativamente semelhante nos 
diversos sujeitos, como são alucinação, delírios, etc.) e seu conteúdo, que é 
aquilo que preenche a alteração estrutural e a subjetiva (conteúdo de culpa, 
religioso, persecutório, etc.). Este geralmente é mais pessoal, depende da 
história de vida do sujeito, de seu universo cultural e da sua personalidade 
antes da manifestação dos sintomas. 
 
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 3 
 
- Por que algumas pessoas às vezes se comportam de maneira perturbada, 
transtornada? O comportamento é determinado por fatores genéticos e 
biológicos, ontogenéticos (história de vida) e culturais (ambiente social). 
 
 
- Grande parte de nosso comportamento é aprendido ao longo da vida, no 
contexto sócio-cultural em que vivemos. 
 
 
- Não há nos considerados transtornos mentais uma patologia subjacente 
biologicamente caracterizada, identificada objetivamente. 
 
 
- O processo de diagnóstico é estritamente através de julgamento ou avaliação 
social, e seguem normas sócio-culturais. Os critérios de julgamento ou 
avaliação são produzidos e firmados arbitrariamente por pessoas e 
institucionalizados por práticas culturais. 
 
 
- As normas variam de acordo com cada cultura e cada momento histórico. 
 
 
- As NORMAS MÉDICAS são de caráter objetivo e dizem respeito ao 
funcionamento biológico do organismo. As NORMAS SOCIAIS são de caráter 
relativo e dizem respeito ao funcionamento comportamental da pessoa no 
contexto de seu ambiente sócio-cultural. 
 
 
- Comportamentos considerados como problemáticos, para a própria pessoa ou 
para a sociedade, são, no modelo psicológico, devidos à idiossincrasias em 
relação às demandas sociais e interpessoais. 
 
 
- As descrições dos transtornos mentais têm sido tarefa da psiquiatria, e estão 
dispostas em duas publicações tradicionais, com utilização internacional: o 
DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais), editado 
pela APA (Associação de Psiquiatria Norte-americana) e o CID (Código 
Internacional de Doença), editada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 4 
TEMAS EXISTENCIAIS COMUNS NO CONTEÚDO DOS SINTOMAS 
PSICOPATOLÓGICOS 
 
 
Temas e interesses centrais para o ser 
humano 
O que buscas e deseja 
Sexo (sexualidade) 
Alimentação (nutrição do corpo) 
Conforto físico 
. Sobrevivência 
. Prazer 
 
Dinheiro 
Poder (influência sobre os outros) 
Prestígio 
. Segurança 
. Controle (dominação) 
. Reconhecimento 
 
 
 
TEMORES COMUNS QUE SE EXPRESSAM NO CONTEÚDO DOS 
SINTOMAS PSICOPATOLÓGICOS 
 
 
Temores centrais do ser humano Formas comuns de lidar com os 
temores 
Morte . Religiosidade / misticismo 
. Continuidade através de novas gerações 
Ter uma doença grave 
Sofrer dor física ou moral 
Miséria 
. Vias mágicas (superstição, simpatias) 
. Vias científicas 
 (Medicina, Economia, 
 Psicologia e outras ciências) 
Falta de sentido de vida . Busca de relações pessoais significativas 
. Busca de modelos em sua cultura 
 
 
 
SENTIMENTOS / POSSÍVEIS COMPORTAMENTOS CRÍTICOS 
 
Raiva agressão 
Medo Fuga, isolamento, desamparo, evitação. 
Frustração Passividade, inquietação improdutiva 
Prazer Iniciativa irresponsável, sem limites 
Auto-estima Buscar reconhecimento e aceitação 
Auto-confiança Eficácia obsessiva no que faz 
Inveja, despeito Prejudicar ou criticar injustamente o outro 
 
Fonte: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, 2 ed. Porto 
Alegre: ArtMed, 2008. 
 
 
 
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 5 
 
O que é “normalidade” em saúde mental? 
 
Para responder à questão, podemos começar por associar saúde a 
qualidade de vida. 
 
Qualidade de vida pode ser entendida como uma condição de bem-estar do indivíduo, relativo a fatores objetivos e subjetivos da 
experiência humana. 
 
Nesse sentido, a OMS (Organização Mundial de Saúde) propõe uma 
visão multifatorial para o conceito de qualidade de vida, sustentando-o 
em cindo dimensões: 
 
1) saúde física; 
2) saúde mental ou psicológica 
3) grau de independência ou autonomia 
4) relações sociais e integração na comunidade 
5) Meio ambiente (condições materiais do ambiente onde se vive) 
 
O conceito de bem-estar compreende três categorias básicas de 
valores: 
 
1) recursos individuais de satisfação das necessidades primárias de 
vida e segurança 
2) valores afiliativos, sociais e interpessoais (integração social) 
3) capacidade de satisfação às necessidades de desenvolvimento 
pessoal, agregando realizações à singularidade do sujeito (envolve 
aspectos como auto-confiança, afetividade, auto-estima e auto-
realização). 
 
 
 
Saúde mental, portanto, não é um conceito puramente sanitário, que 
implica apenas na ausência de “sintomas” que sugiram perturbações 
psicológicas; saúde mental deve ser entendida como um estado de 
bem-estar psicossocial, que envolve recursos pessoais e singulares 
para implementar o desenvolvimento do potencial de cada indivíduo, 
para o seu progresso pessoal, econômico e social, integrado à sua 
comunidade. 
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 6 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA 
 
 
 
. “O conceito de normalidade em psicopatologia é questão de grande controvérsia. 
Quando se trata de casos extremos, cujas alterações de comportamento e 
funções mentais são de intensidade acentuada e longa duração, o delineamento 
da fronteira entre o normal e o patológico não é tão problemático. Entretanto, há 
casos em que tal delimitação entre o normal e patológico é extremamente difícil.” 
 
. “O conceito de normalidade em psicopatologia implica na própria definição do 
que é saúde e doença mental.” 
 
. “Em termos legais ou forense, a determinação de anormalidade psicopatológica 
pode ter importantes implicações legais, criminais e éticas, podendo definir o 
destino social e institucional de uma pessoa. Em função de um diagnóstico 
psiquiátrico, uma pessoa pode ser considerada imputável ou inimputável perante a 
Justiça.” 
 
. “Em termos culturais, o conceito de normalidade em psicopatologia impõe a 
análise do contexto sócio-cultural do indivíduo.” 
 
. “A orientação profissional implica na definição da capacidade e adequação de um 
indivíduo para exercer uma certa profissão (que pode exigir manipular máquinas, 
usar armas, dirigir veículos coletivos, etc.). Ele pode não estar apto à profissão, 
sem entretanto apresentar uma “anormalidade psicopatológica”.” 
 
. “Na prática clínica, é importante a capacidade de se discriminar, no processo de 
avaliação e intervenção, quais os aspectos do comportamento do indivíduo 
configura-se como uma psicopatologia, se fazem parte de um momento de vida 
difícil ou se caracteriza sintomas de um transtorno mental.” 
 
. “Há diversos critérios de normalidade e anormalidade em psicopatologia. A 
adoção de um ou de outro depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, 
ideológicas e pragmáticas do profissional.” 
 
. “O critério de normalidade como ausência de sintomas, de sinais de doença é 
muito utilizado. Assim, do ponto de vista psicopatológico, normal seria o indivíduo 
que não apresenta nenhum sinal de transtorno mental definido. Entretanto, tal 
critério é falho e precário porque é redundante e não esclarece o que seria um 
indivíduo “mentalmente saudável”.” 
 
. “A normalidade ideal como critério é tomada como uma certa utopia, na medida 
em que uma norma arbitrariamente idealizada do que seria supostamente sadio 
pode ser absolutamente inatingível. Implicaria ainda em aspectos sócioculturais e 
ideológicos, dogmáticos e doutrinários. Exemplos de tal critério de normalidade 
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são aqueles baseados na adaptação forçada do indivíduo às normais morais e 
políticas de determinada sociedade. 
 
“O essencial no papel do exame psiquiátrico é legitimar, 
na forma de conhecimento científico, a extensão do 
poder de punir a outra coisa que não a infração... é 
situar a ação punitiva judiciária num conjunto de 
técnicas de transformação moral dos indivíduos.” 
(FOUCAULT, “Os Anormais”, 2002, p. 23) 
 
. “A normalidade estatística sustenta-se na identificação da freqüência, que se 
aplica especialmente a fenômenos quantitativos, com determinada distribuição 
estatística na população em geral. O normal então é aquilo que se observa com 
maior freqüência. O indivíduo que se situa estatisticamente fora dessa distribuição 
normal, passa a ser considerado anormal ou doente. Tal critério é muitas vezes 
falho, porque nem tudo que é freqüente é necessariamente saudável.” 
 
. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu, em 1958, a saúde como o 
completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de 
doença. Tal conceito é crítico por ser muito vasto e impreciso, pois bem-estar é 
algo difícil de se definir objetivamente. Além disso, um completo bem-estar é tão 
utópico que poucas pessoas seriam consideradas “saudáveis”.” 
 
. “A normalidade funcional considera o fenômeno como patológico a partir do 
momento em que é disfuncional, provoca sofrimento para o próprio indivíduo e/ou 
para seu grupo social.” 
 
. “A normalidade como processo, mais do que uma visão estática, considera os 
aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das crises, das mudanças 
próprias de cada fase de vida do indivíduo. Este conceito é particularmente útil na 
avaliação psicológica de criança, adolescentes e em indivíduos na terceira idade.” 
 
. “A normalidade subjetiva dá maior ênfase à percepção subjetiva do próprio 
indivíduo em relação ao seu estado de saúde, às suas vivências subjetivas. A 
falha deste critério é que alguns indivíduos que se sentem muito bem, como no 
caso de pessoa em fase maníaca, apresentam de fato um grave transtorno 
mental.” 
 
. “A normalidade operacional é um critério eminentemente arbitrário, com 
finalidades pragmáticas explícitas. Define-se a priori o que é normal e o que é 
patológico (a partir de um manual ou código de classificação, por exemplo) e 
busca-se trabalhar operacionalmente com tais conceitos.” 
 
. “Nota-se que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam 
consideravelmente. Em alguns casos pode-se utilizar uma associação de vários 
critérios. Trata-se de uma área da psicopatologia que exige uma postura crítica e 
reflexiva dos profissionais.” 
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 8 
 
“A fronteira entre saúde e doença é um continuum e não uma dicotomia de saúde 
absoluta versus doença absoluta.” 
 
“Em psicopatologia é fundamental observar e compreender os aspectos 
psicossociais dos transtornos mentais”. 
 
“O adoecer é influenciado por fatores taiscomo: personalidade, modo de vida e 
crenças pessoais. É ainda afetado por fatores culturais, relacionamentos sociais e 
pela dos relacionamentos que as pessoas têm com aqueles que lhes são 
próximos.” 
 
“É preciso interpretar os sintomas: são simples sinais de uma doença mental ou 
expressões de que algo vai muito mal na vida da pessoa?” 
 
“Alguns aspectos adicionais acerca do “adoecimento mental” e suas implicações 
sociais: a doença como algo negativo e destrutivo para a própria pessoa e/ou para 
aqueles que com ela convivem; a doença como desobrigação de 
responsabilidades sociais; a doença como um “modo de vida”; a doença como 
mecanismo de enfrentamento de problemas, fracassos e frustrações, como uma 
razão socialmente aceitável para o indivíduo justificar (consciente ou 
inconscientemente) seus insucessos.” 
 
“Comportamentos interpretados como sintomas de um transtorno mental pode ser 
uma resposta de esquiva a situações de avaliação social.” 
 
Fontes: 
 
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 2000. 
 
FOUCAULT, M. Os Anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 9 
PERSPECTIVAS CONCEITUAIS DA PSICOPATOLOGIA 
 
 
Perspectiva médico-naturalista: trabalha com uma noção de homem 
centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. 
O adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do 
cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do 
aparelho biológico. 
 
Perspectiva existencial: O doente é visto principalmente como 
“existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas 
natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é 
fundamentalmente histórico e humano. 
 
Perspectiva comportamental: o homem é visto como produto de três 
níveis de variação e seleção (filogenia, ontogenia e cultura), que 
compõe um conjunto (repertório) de comportamentos observáveis, 
verificáveis, que são regulados por estímulos (contingências de 
reforço), leis e princípios de aprendizagem (operante). 
 
Perspectiva cognitivista: centra a atenção sobre as representações 
cognitivas conscientes de cada indivíduo. As representações 
cognitivas conscientes são vistas como essenciais ao funcionamento 
mental, normal e patológico. Os sintomas resultam de 
comportamentos e representações cognitivas disfuncionais (crenças 
irracionais), aprendidas e reforçadas pela experiência social. 
 
Perspectiva psicanalítica: o homem é visto como ser determinado, 
dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise 
dá importância primordial aos afetos, que dominariam o psiquismo. O 
homem racional, plenamente auto controlado, senhor de si mesmo e 
de seus desejos seria uma enorme ilusão. Na visão psicanalítica, os 
sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão 
de conflitos predominantemente inconscientes, de desejos que não 
podem ser realizados (proibidos), de temores aos quais o indivíduo 
não compreende, não se dá conta de sua existência. 
 
 
 
 
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 10 
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
 
´A avaliação psicológica é um processo de busca de 
informações sobre o funcionamento psicológico da pessoa 
em situações específicas. Refere-se a análise e síntese 
dessas informações à luz dos conhecimentos da psicologia 
com o propósito último de entender os processos psicológicos 
e sua relação com as situações problemas do indivíduo, de 
forma a planejar ações e intervenções que venham a 
beneficiar as pessoas envolvidas, promover a saúde mental e 
o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade.” 
 
“ Os testes psicológicos são instrumentos de observação de 
amostras de comportamentos das pessoas a partir das quais 
os psicólogos inferem características psicológicas. Consistem 
de ferramentas para um processo mais amplo denominado de 
avaliação psicológica, onde o psicólogo utiliza, além dos 
testes, outras fontes de informação, como entrevistas, 
inventários e escalas.” 
 
“A avaliação psicológica tem um impacto social muito grande. 
O psicólogo deve pensar sobre quem solicitou a avaliação, 
quem terá acesso às informações e quais ações serão 
tomadas a partir das informações obtidas na avaliação. Esse 
cuidado é muito importante, porque os resultados poderão ser 
usados como base para intervenções e ações decisivas para 
a vida das pessoas.” 
 Ricardo Primi, Doutor em Psicologia pela USP-SP 
 ( Revista Diálogos, Conselho Federal de Psicologia, n. 3, 2005) 
 
“É um problema sério a avaliação acabar fechando-se em testes 
psicológicos, sem se considerar o diálogo e a interação entre avaliador 
e avaliado, onde deve haver respeito ao outro, dando ao avaliado um 
papel mais ativo na construção do resultado obtido com a avaliação” 
 
 Clotilde Ferreira, Doutora pela Universidade de Londres 
 ( Revista Diálogos, Conselho Federal de Psicologia, n. 3, 2005) 
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 11 
 
O PROCESSO DO PSICODIAGNÓSTICO 
 
 
. Pode-se identificar duas posições extremas com relação ao valor e aos limites do 
psicodiagnóstico: uma que afirma que ele não tem nenhum valor, pois cada 
pessoa é uma realidade única e inclassificável e que serviria apenas paras 
“rotular” as pessoas, além de servir como instrumento de controle e punição por 
regimes políticos totalitários. De outro lado, o valor do psicodiagnóstico é 
sustentado por ser considerado muito importante , um elemento fundamental da 
prática clínica. 
 
. Apesar de ser absolutamente imprescindível considerar-se os aspectos mais 
pessoais e singulares de cada indivíduo, o psicodiagnóstico pode auxiliar para a 
compreensão da problemática do cliente, na medida em que antecipa a descrição 
de padrões de comportamentos, permitindo ao terapeuta um delineamento inicial 
de estratégias terapêuticas adequadas. 
 
. Há no processo de psicodiagnóstico uma relação dialética permanente entre o 
particular individual (aquele paciente específico, aquela pessoa em particular) e 
geral e o universal (a base teórica do terapeuta que referencia sua compreensão 
do caso). 
 
. É importante não se esquecer que os diagnósticos são “idéias”, caracterização e 
classificação de descrições verbais de comportamentos, e não “causas” do 
comportamento. O indivíduo não se comporta de determinada maneira porque 
“está com depressão”; ao contrário, diz-se que ele está deprimido porque observa-
se que se comporta de determinada maneira. 
 
. O psicodiagnóstico baseia-se na observação, avaliação e inferência de aspectos 
do comportamento da pessoa em atendimento. Baseia-se em sinais e indícios 
apresentados pela pessoa e nos relatos de sua história particular, durante a 
entrevista. 
 
. O psicodiagnóstico sustenta-se sobre a totalidade dos dados clínicos, do 
momento e da história de vida do cliente. É esta totalidade de dados clínicos e 
psicossociais que, detectada, avaliada e interpretada com base nos 
conhecimentos teóricos científicos, conduz a conclusão psicodiagnóstica. 
 
. Um procedimento de psicodiagnóstico pode envolver aplicação de técnicas de 
entrevistas (abertas ou padronizadas), escalas, inventários e testes, como os os 
testes de personalidade (muitoutilizados em psicologia jurídica), os testes 
projetivos (com o Rorschach, o Teste das Pirâmides de Pfister e o HTP). 
 
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 2000. 
 
 12 
 
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL 
 
 
 
. Para o behaviorismo radical, “sintoma” é comportamento e, como tal, deve ser 
compreendido investigando-se a dotação genética do indivíduo e suas condições 
ambientais, presentes e passadas, que o instalaram e o mantém; ou seja, as 
contingências de reforçamento do seu ambiente natural. 
 
. “A avaliação comportamental envolve a descrição de comportamentos do cliente 
de maneira precisa e operacional, buscando avaliar o que ele FAZ e não o que ele 
TEM.” (TORÓS, 1997). 
 
. Para o terapeuta analista de comportamento, todo “sintoma” se constitui, a 
princípio, de uma perturbação gerada pela tensão entre os recursos operantes do 
cliente (excesso ou déficit comportamental) em sua relação com o ambiente. 
 
. O comportamento é determinado por fatores genéticos (predisposição biológica e 
fatores orgânicos), história ambiental de vida (ontogenia), aspectos sócio-culturais 
e contexto atual de vida. 
 
. Uma vez que a análise do comportamento enfatiza os relações funcionais entre 
as variáveis do ambiente e o comportamento, os objetivos principais da avaliação 
clínica são identificar as varáveis ambientais controladoras dos comportamentos 
problemáticos (sintoma) do cliente. 
 
. Comportamento perturbado é produto de contingências perturbadoras, passadas 
e presentes na vida do cliente. Portanto, deve-se investigar onde, quando e com 
que freqüência os comportamentos problemáticos começaram a ocorrer e ocorrem 
atualmente. 
 
. O diagnóstico psiquiátrico tradicional não deve levar o analista de 
comportamento a comprometer a conceitualização funcional dos fenômenos 
clínicos de cada cliente. O diagnóstico psiquiátrico deve ser utilizado basicamente 
para facilitar a comunicação entre os profissionais e complementar informações 
sobre o padrão de comportamento que o cliente apresenta. 
 
. “Em uma avaliação comportamental, é imprescindível descobrir quais são os 
estímulos conseqüentes à resposta em análise, a fim de ser determinada as 
perspectivas terapêuticas.” (TORÓS, 1997) 
 
. “A unidade comportamental se constitui de três aspectos: o cognitivo-verbal, o 
fisiológico-emocional e o motor.” (HAYNES, 1987; TORÓS, 1997). 
 
 
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 13 
. “Os transtornos psiquiátricos estão constituídos por classes de comportamentos 
que se inter-relacionam nos três sistemas de resposta – motor, cognitivo e 
emocional/fisiológico.” (TORÓS, 1997). 
 
. “Para o behaviorismo radical, todo e qualquer comportamento é selecionado por 
contingências filo e ontogenéticas. Isso impede um julgamento sobre os 
comportamentos [serem “sadios” ou “patológicos”] ... uma vez que todo e qualquer 
comportamento é adaptativo, dentro das contingências que o mantém.” (BANACO, 
1997). 
 
. “Apesar de serem adaptativas, no sentido de terem sido selecionadas pelas 
conseqüências, alguns comportamentos são causas de sofrimento à pessoa e 
àqueles convivem com ela.” (BANACO, 1997) 
 
 
Tópicos a serem considerados numa avaliação inicial 
 
 
1) Anotação do(s) problema(s), queixa(s) apresentado(s): Tipo de problema, 
descrição detalhada dos comportamentos problemáticos (aspectos 
comportamentais públicos e privados, afetos e pensamentos relatados, 
freqüência e contexto onde ocorrem); 
2) Situação atual de vida: descrição de condições de vida na família, no trabalho 
e atividades de lazer; 
3) Desenvolvimento: a) história familiar (descrição dos pais, relacionamento com 
irmãos e parentes); b) história escolar/ocupacional (vida escolar e 
profissional); c) história social (relações de amizade na infância, adolescência e 
idade adulta); d) sexualidade (comportamento sexual e relacionamentos); 
4) Algum de tipo de experiência traumática (abalos de relações familiares, 
perdas, violência, problemas médicos, abuso de substâncias psicoativas, 
abuso sexual ou físico); 
5) História médica (estado geral de saúde, se fez ou faz algum tipo de tratamento 
médico); 
6) História psiquiátrica: Fez ou faz algum tipo de tratamento psiquiátrico ou 
psicológico; 
7) Observação de aspectos gerais do cliente: comportamento durante a 
entrevista, aparência, humor, afeto, fala, funcionamento cognitivo e intelectual. 
 
Fonte: 
 
RANGÉ, B. (Org.) Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiátricos. Campinas: Editora PSY II, 1995. 
 
TORÓS, D. O que é diagnóstico comportamental. In: DELITTI, M. Sobre comportamento e cognição, cap. 8, v. 2, São 
Paulo: ARBytes, 1997, p. 98-103. 
 
BANACO, R. A. Auto-regras e patologia comportamental. In: ZAMIGNANI, D. R. Sobre comportamento e cognição, cap. 12, 
v. 3, São Paulo: ARBytes, 1997, p. 80-88. 
 
 
 
 
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 14 
NEUROSE E DOENÇA MENTAL 
 
 
“O comportamento de esquiva pode tomar formas bizarras ou 
neuróticas...estranhos padrões de comportamento surgem da necessidade de se 
livrar da ansiedade que a coerção provoca. O comportamento de esquiva sempre 
sugere uma história de punição.” (SIDMAN, 1995, p. 179 e 180) 
 
“Dizer que toda neurose ou doença mental é simplesmente um comportamento de 
esquiva seria fazer uma perigosa redução... porém, não deve desconsiderar-se a 
conduta bizarra como passíveis de ser uma resposta produzida por um controle 
aversivo.” SIDMAN, 1995, p. 180) 
 
“O comportamento de esquiva acontece quando estímulos discriminativos 
sinalizam perigo iminente, aumentando a probabilidade de sua ocorrência. Tais 
SDs podem vir do ambiente externo, público ou do ambiente privado, sob a pele, 
na forma de condições corporais (como medo), geradas por pensamentos ou 
regras que descrevem conseqüências punitivas.” (SIDMAN, 1995) 
 
 
 
 ESQUEMAS “PATOLÓGICOS” DE ESQUIVA À PUNIÇÃO 
 
 
1) DESORDEM DE CONVERSÃO (hipocondria, paralisias): maneira de escapar 
da punição ou de simplesmente esquivar-se de sinalização aversiva. Por 
exemplo: “ficar” cego, mudo ou incapaz de andar pode ser uma forma do corpo 
[inconscientemente, não controlado verbalmente] se esquivar de contingências 
aversivas. Um ajustamento comportamental à ansiedade pode se “converter” 
em um ajustamento físico. 
 
 
2) AMNÉSIA SELETIVA: Em vez de esquivar-se da coerção, tornando-nos 
fisicamente incapaz (como na desordem de conversão), podemos nos tornar 
“incapazes” de lembrar, como uma perda defensiva da memória, que se 
constitui de uma resposta de fuga/esquiva da punição. 
 
 
3) FOBIA: Condição corporal que acompanha resposta de fuga a estímulos 
condicionados, os quais não sinalizam perigo ou ameaça real. 
 
 
4) FORMAÇÃO DE REAÇÃO: Quando somos fortemente impelidos em direção a 
uma ação que nos sinaliza conseqüências aversivas, uma maneira que 
encontramos de “impedirmos” a ocorrência desse comportamento é se 
comportando de forma exatamente oposta. Assim, evitamos a punição. 
5) SUBLIMAÇÃO: Em vez de “impedirmos” a ocorrência de nosso comportamento 
passível de punição nos comportandode forma oposta (como na formação de 
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 15 
reação), na sublimação fazemos algo semelhante. “Enganamos” a agência 
punitiva nos comportando de forma “disfarçada”, que não gera conseqüência 
punitiva. Substituímos o comportamento “proibido” pelo comportamento 
“socialmente aceito”. 
 
 
6) PROJEÇÃO: Algumas vezes, nos comportamos em função de algo que 
aprendemos a temer nos outros e a desaprovar em nós mesmos. Um forma de 
se esquivar da conseqüente auto-punição (auto-desprezo, auto-recriminação) é 
não discriminarmos a nossa própria conduta, atribuindo-a a outra pessoa. 
Projeção é comportamento de esquiva à auto-consciência, evitamos “enxergar” 
o que fazemos e passamos a ver tal comportamento nos outros. 
 
 
7) DESLOCAMENTO: É dirigir uma ação desaprovável (passível de gerar 
punição) a alguém ou a algo que não sinaliza ameaça de punição. É produzir 
uma conseqüência “alternativa” àquela original. 
 
 
8) REGRESSÃO: Se um repertório atual (mais “amadurecido”) não funciona (não 
evita punição e nem obtém reforçadores), haverá uma tendência de se regredir 
a um repertório comportamental mais arcaico. Quando tal esquema estiver em 
operação, ao invés do terapeuta buscar explicações em “traumas ou 
complexos da infância”, cabe-lhe instalar no repertório do cliente uma variação 
de resposta que amplie seu repertório, tornando-o mais eficaz e socialmente 
adequado, no intuito de transformar seu ambiente em um contexto que lhe seja 
mais favorável. 
 
 
9) OBSESSÃO E COMPULSÃO: A repetição compulsiva de uma resposta 
“segura e garantida” (selecionada pela conseqüência), pode estar sob controle 
da conseqüência de impedir a ocorrência de eventos privados, como 
pensamentos negativos obsessivos, aliviando a ansiedade corespondente. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: 
 
SIDMAN, Murray. Coerção e suas implicações. Campinas: Editora PSY, 1995 
 
 
 
 
 
 
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 16 
UNIDADE 3 – ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES MENTAIS 
 
 
3.1) A CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES 
 
A consciência pode se alterar por processos fisiológicos (orgânicos) e/ou 
processos psicológicos (emocionais). 
 
Alterações quantitativas da consciência: 
 
a) Obnubilação da consciência ou turvação da consciência: É o rebaixamento 
quantitativo da consciência em grau leve e moderado. A pessoa pode já estar 
claramente sonolenta ou mesmo desperta, o que dificulta a observação. De 
qualquer forma, há sempre uma diminuição do grau de clareza do sensório, 
com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. Nota-se que a 
pessoa tem dificuldade para organizar e integrar as informações sensoriais do 
ambiente, podendo o pensamento mostrar-se ligeiramente confuso, mesmo a 
pessoa não se apresentando sonolenta. 
b) Torpor: É um estado de marcante turvação da consciência no qual a pessoa 
pode ser apenas despertada por estímulo enérgico, sobretudo de natureza 
dolorosa (um beliscão, por exemplo). Aqui a pessoa apresenta-se 
evidentemente sonolenta, com a psicomotricidade mais inibida do que no 
estado de obnubilação. 
c) Coma: É o grau mais profundo de rebaixamento quantitativo do nível de 
consciência. No estado de coma não é possível qualquer atividade voluntária 
consciente. 
 
Alterações qualitativas da consciência 
 
a) Estados crepusculares: Ocorre estreitamento transitório do campo da 
consciência, afunilamento da consciência, com a conservação de uma 
atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a 
ocorrência de atos automáticos. Durante o estado crepuscular ocorrem com 
freqüência atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional. 
Podem ocorrer em quadros histéricos agudos, em epilépticos relacionado à 
confusão pós crise convulsiva) e em intoxicações. 
b) Dissociação da consciência: Designa a fragmentação do campo da 
consciência, caracterizando um estado semelhante ao sonho, em geral 
desencadeado por acontecimentos psicologicamente significativos 
(conscientes ou inconscientes), que geram grande ansiedade para a pessoa. 
As crises dissociativas podem durar horas, raramente permanecendo por dias. 
Ocorre geralmente em quadros histéricos (crises histéricas do tipo 
dissociativas) e quadros de ansiedade intensa. 
c) Transe: Estado de dissociação da consciência que se assemelha a “sonhar 
acordado”, diferenciando-se pela presença de atividade motora e 
estereotipada, com suspensão dos movimentos voluntários. Não se deve 
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 17 
confundir com o transe religioso, culturalmente contextualizado e legitimado, 
com o transe histérico. 
 
3.2) A ATENÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES 
 
A alteração mais comum em menos específica da atenção é a diminuição global 
da atenção, chamada hipoprosexia, que se caracteriza por uma perda básica da 
capacidade de concentração, com fadigabilidade aumentada. Há dificuldade em 
atividades cognitivas como lembrar, pensar, racionar e interpretar informações. 
 
Denomina-se aprosexia a total abolição da capacidade de atenção, por mais forte 
e variados que sejam os estímulos. 
 
A hiperprosexia é um estado da atenção exacerbada, no qual há uma tendência 
incoercível a manter-se indefinidamente osbre certos objetos com surpreedente 
infatigabilidade. 
 
A distração é um sinal, não de um déficit propriamente, mas de superconcentração 
ativa da atenção sobre determinados conteúdos ou objetos, com a inibição de tudo 
o mais em volta. Há nesse caso uma certa hipertenacidade e hipovigilância. 
 
A distraibilidade é, ao contrário da distração, um estado patológico que se 
caracteriza por uma instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção 
voluntária, com dificuldade ou incapacidade para se fixar ou se manter atento em 
qualquer coisa que exija esforço produtivo. A atenção do indivíduo é muito 
facilmente desviada de um objeto a outro. 
 
Nos quadros maníacos há diminuição da atenção voluntária e aumento da atenção 
espontânea, com hipervigilância e hipotenaciade. A atenção do indivíduo em 
estado maníaco “salta” rapidamente de um estímulo a outro, sem se fixar em 
nada. 
 
Nos quadros depressivos, há geralmente uma diminuição geral da atenção, 
caracterizando a hipoprosexia. Em alguns casos de depressão severa, há uma 
fixação em certos temas depressivos (hipertenacidade), e diminuição da 
capacidade de mudar o foco da atenção. 
 
Na esquizofrenia costuma ocorrer alterações da atenção caracterizadas pela 
dificuldade de filtrar adequadamente estímulos sensoriais relevantes, tornando a 
pessoa muito susceptível a distrair-se. 
 
3.3) A ORIENTAÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES 
 
A orientação autopsíquica é a orientação do indivíduo em relação a si mesmo. 
Revela-se quando a pessoa sabe dizer quem é, como é seu nome, que idade tem, 
onde nasceu, etc. 
 
 18 
A orientação alopsíquica diz respeito à capacidade da pessoa orientar-se em 
relação ao mundo, quanto ao tempo (orientação temporal) e quanto ao lugar onde 
está (orientação espacial) 
 
A orientação temporal indica se a pessoa sabe em que momentocronológico 
estamos vivendo, a hora do dia, o dia da semana, o dia do mês, do ano, etc. A 
orientação temporal é mais sensível a ficar prejudicada por transtornos mentais, 
particularmente por alterações da consciência. 
 
A orientação espacial é investigada perguntando-se ao paciente o lugar onde ele 
se encontra no momento, a cidade, o bairro, o país, etc. Pode-se ainda investigar 
perguntando se ele consegue presumir a distância do lugar onde se encontra e a 
sua residência, por exemplo. 
 
A orientação pode ficar alterada por diversas causas: 
 
a) Desorientação por redução do nível de consciência (torporosa ou confusa): é 
aquela na qual o indivíduo está desorientado por turvação da consciência. Esta 
é a forma mais comum de desorientação. 
b) Desorientação por déficit de memória de fixação (amnéstica): Aqui a pessoa 
não consegue fixar em sua memória as informações ambientais básicas, 
fazendo-o perder a noção de tempo e espaço. Este tipo de desorientação é 
típica da Síndrome de Korsakoff (perturbação mental de origem infecciosa ou 
tóxica, geralmente por uso abusivo de bebida alcoólica). 
c) Desorientação por apatia ou desinteresse profundo (apática ou abúlica): A 
desorientação é devida a uma marcante alteração do humor e da volição. A 
pessoa sem motivação e interesse, geralmente em quadros depressivos, torna-
se insensível a estímulos do ambiente, ficando assim desorientada. 
d) Desorientação delirante: Ocorre em pessoas em profundos estados delirantes, 
vivenciando intensamente idéias absurdas e irreais, como sendo 
absolutamente reais. 
e) Desorientação oligofrênica: Ocorre em pessoas com grave déficit intelectual, 
por incapacidade ou dificuldade de compreender, reconhecer e interpretar o 
mundo à sua volta. 
f) Desorientação histérica: Ocorre em quadros histéricos graves, geralmente 
acompanhada de alterações de identidade pessoal (fenômeno denominado de 
possessão histérica ou desdobramento da personalidade), bem como por 
alterações da consciência secundárias à dissociação histérica, como estados 
crepusculares e estados oniróides. 
g) Desorientação por desagregação do pensamento: Ocorre em pessoas em 
quadro de perturbação psicótica, geralmente na esquizofrenia em estado 
crônico e avançado. A pessoa apresenta uma desorganização profunda do 
pensamento, que a impede de se orientar adequadamente em relação ao 
mundo e a si mesma. 
h) Desorientação quanto à própria idade: Ocorre geralmente em pessoas com 
esquizofrenia crônica, sendo um bom indicativo clínico de déficit cognitivo da 
esquizofrenia hebefrênica. 
 19 
3.4) VIVÊNCIA DO TEMPO E DO ESPAÇO E SUAS ALTERAÇÕES 
 
3.4.1) Alterações da vivência do tempo 
 
- O tempo subjetivo é aquele interior, pessoal, vivenciado pelo sujeito 
- O tempo objetivo é aquele exterior, cronológico, mensurável. 
 
Em alguns casos, ocorre um certo descompasso entre o tempo subjetivo e o 
cronológico. Tal descompasso pode indicar uma legítima alteração da vivência do 
tempo, como um fenômeno secundário, decorrente de um fenômeno primário, 
como no caso de alteração da consciência, da memória ou do pensamento. 
 
Em geral, a passagem do tempo é sentida como lenta e vagarosa nos estado 
depressivos, e rápida e acelerada nos estados maníacos. O ritmo psíquico é 
também oposto nesses dois quadros: há na mania um taquipsiquismo geral 
(aceleração do pensamento e da linguagem, além da psicomotricidade); na 
depressão, um bradipsiquismo (lentificação das funções cognitivas). 
 
- Ilusão sobre a duração do tempo: É a deformação acentuada da percepção da 
duração do tempo. Ocorre sobretudo nas intoxicações por alucinógenos ou 
psicoestimulantes (como cocaína, anfetaminas, etc.), nas fases agudas e 
iniciais das crises psicóticas em situações emocionais intensas. 
- Atomização do tempo: Vivemos no tempo presente que se vincula à memória 
de um passado e à idéia de um futuro. A alteração ou falta dessa vivência do 
fluir temporal produz uma redução quase puntiforme ou atomizada do tempo, 
fazendo-o parecer uma sucessão de pontos presentes que não se articulam. 
Ocorre nos estados de exaltação e agitação maníaca, geralmente 
acompanhados de fuga de idéias e de distraibilidade intensa. 
- Inibição da sensação do fluir do tempo: Corresponde à falta na pessoa da 
sensação do “avançar subjetivo” do tempo, perdendo o sincronismo entre o 
passar do tempo objetivo e o fluir do tempo interno, dando a sensação de que 
o tempo não passa ou passa lentamente. Ocorre em síndromes depressivas 
severas. Na esquizofrenia, a pessoa vivencia uma certa passividade em 
relação ao fluir do tempo, com uma sensação de que o tempo é controlado por 
uma instância exterior ao Eu. Pessoas muito ansiosas descrevem uma 
“pressão” do tempo, como se o tempo fosse sempre insuficiente em relação ao 
tempo que elas interpretam que precisam. 
 
3.4.2) Alterações da vivência do espaço 
 
No estado de êxtase, há uma perda das fronteiras entre o Eu e o mundo 
externo(transtorno da consciência do Eu). Neste quadro, a pessoa sente-se como 
se estivesse em estado de fusão com o mundo exterior. A vivência de espaço na 
pessoa em estado maníaco é de um espaço extremamente dilatado e amplo, que 
invade o espaço das outras pessoas. A pessoa desconhece as fronteiras 
espaciais e vive como se todo o espaço fosse seu. 
 
 20 
Nos quadros depressivos, o espaço externo pode ser vivenciado como muito 
“encolhido”, escuro e pouco passível de ser adentrado pela própria pessoa e pelos 
outros. 
 
A pessoa em quadro paranóide vivencia o seu espaço interno, subjetivo como 
invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo externo. O 
espaço externo é para ela invasivo, fonte de perigos e ameaças. 
 
No caso de pessoa com agorafobia (medo intenso de espaços públicos com muita 
gente, como praças e estádios), o espaço externo é vivenciado como sufocante, 
pesado, perigoso e potencialmente aniquilador (quando nesses lugares, a pessoa 
pode ter a sensação de que vai morrer). 
 
 
3.4) A SENSOPERCEPÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES 
 
O ambiente fornece constantemente estimulação sensorial ao organismo, levando-
o a organizar ações voltadas a sua sobrevivência e a sua interação social. A 
percepção pode ser entendida como a tomada de consciência pelo indivíduo da 
estimulação sensorial. 
 
3.4.1) Alterações quantitativas da sensopercepção 
 
a) Hiperestesia: é a condição na qual as percepções estão anormalmente 
aumentadas. Os sons, por exemplo, são ouvidos de forma muito amplificada, 
quando um ruído parece um estrondo e cores tornam-se intensamente vívidas. 
Ocorre nas intoxicações por alucinógenos, em algumas formas de epilepsia, no 
hipertireoidismo, na esquizofrenia aguda e em alguns quadros maníacos. 
 
 
b) Hipoestesia: é quando a percepção encontra-se anormalmente diminuída. É 
observada em alguns pacientes depressivos, quando o mundo é percebido 
como mais escuro, sem brilho, os alimentos não têm mais sabor, os odores 
perdem sua intensidade. 
 
 
A analgesia (insensibilidade a dor) de partes do corpo, assim como disestesias 
(diminuição da sensibilidade) corporais, quando não de origem neurológica, 
podem ocorrer em pessoas histéricas, em hipocondríacos e, ocasionalmente, em 
indivíduos submetidos a estados emocionais intensos. 
 
3.4.2) Alterações qualitativas da sensopercepção 
 
São as alterações da sensopercepção mais importantes em psicopatologia. 
Compreendem as ilusões, as alucinações, a alucinose e a pseudo-alucinação. 
 
 21 
a) Ilusão: é a percepção deformada de um objeto presente. Ocorre basicamente 
nos estados de rebaixamento do nível de consciência (obnubilaçào), quando a 
percepção torna-se imprecisa; nos estados de fadiga grave e em determinados 
estados afetivos de acentuada intensidade, que gera as chamadas ilusões 
catatímicas. As ilusões mais comuns são as visuais eas auditivas. 
 
b) Alucinação: É a vivência da percepção de um objeto (voz, ruído, imagem), sem 
que este objeto esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo. As 
alucinações verdadeiras têm todas as características de um objeto real (nitidez, 
corporeidade, projeção no espaço, etc.). As alucinações mais freqüentes são: 
 
b.1) Alucinações auditivas: É o tipo de alucinação mais freqüente. Podem ser 
simples, nas quais se ouve apenas ruídos primários. Podem ser audioverbais, que 
são as mais significativas. Nesta, a pessoa escuta vozes, sem estímulo real. 
Geralmente são vozes que ameaçam o indivíduo, o insultam, o mandam fazer 
coisas. Os conteúdos freqüentemente são depreciativos e de perseguição. 
Ocorrem tipicamente nas esquizofrenias. 
 
b.2) Alucinações musicais: É descrita como a audição de tons musicais e melodias 
sem o correspondente estímulo auditivo externo. É um tipo de alucinação raro. 
Estão associadas a déficit auditivo, doenças neurológicas e transtornos 
psiquiátricos, principalmente depressivos, freqüentemente em idosos. 
 
b.3) Alucinações visuais: São visões nítidas que a pessoa experimenta, sem a 
presença real de estímulos visuais. Podem ser simples (denominadas fotopsias, 
nas quais a pessoa vê cores, bolas, pontos brilhantes) ou complexas. Nessas 
alucinações visuais complexas incluem figuras, imagens de pessoas (vivas ou 
mortas), de partes do corpo (órgãos genitais, caveiras, monstros, etc.), de 
entidades sobrenaturais (o demônio, uma santa, um fantasma, etc.), de objetos, 
etc. Podem ainda ser visões de cenas completas (ver o quarto pegando fogo, por 
exemplo), sendo denominadas de alucinações cenográficas. Na alucinação 
liliputiana, a pessoa vê inúmeros personagens diminutos, minúsculos, entre 
objetos reais de sua casa, por exemplo. Estas são raras e podem ocorrer em 
quadros psicóticos e em pacientes com epilepsia. As alucinações visuais são mais 
freqüentes nas síndromes de abstinência, como no caso do Delirium Tremens 
(uso abusivo de álcool) e nos quadros psicóticos desencadeados por substâncias 
psicoativas, como LSD, mescalina, etc. 
 
b.4) Alucinações táteis: A pessoa sente espetadas, choques, insetos correndo 
sobre a sua pele. Ë freqüente no Delirium Tremens e nas psicoses tóxicas, 
principalmente produzida pelo uso de cocaína. 
 
 
b.5) Alucinações olfativas e gustativas: São relativamente raras. As olfativas, em 
geral, são o “sentir” cheiro de coisas podres, de cadáver, de fezes, etc. Ocorrem 
na esquizofrenia e em crises epilépticas. Em geral, estão relacionadas a 
interpretações delirantes. Nas alucinações gustativas, a pessoa sente na boca 
 22 
sabores “estranhos”, como gosto de sangue, de urina, de fezes, etc. Ocorrem 
geralmente em conjunção com as alucinações olfativas. 
 
b.6) Alucinações cenestésicas e cinestésicas: As alucinações cenestésicas são 
sensações incomuns e claramente anormais em diferentes partes do corpo, como 
sentir o cérebro encolhendo, o fígado se despedaçando ou sentir uma víbora 
dentro da barriga. As alucinações cinestésicas são vivências alteradas de 
movimentos do corpo, como sentir o corpo afundando, as pernas encolhendo ou 
um braço se entortando (sem isso estar de fato ocorrendo). 
 
c) Alucinose: É o fenômeno pelo qual a pessoa discrimina que sua percepção 
está alterada. Embora ela veja uma imagem ou ouça uma voz ou ruído que 
não existe, falta-lhe a crença absoluta que geralmente ocorre na alucinação. A 
pessoa permanece consciente de que trata-se de algo estranho acontecendo-
lhe. Ocorre freqüentemente em quadros psicóticos de origem psicorgânica. 
Uma forma comum de alucinose auditiva, por exemplo, ocorre em alcoolistas 
crônicos e se caracteriza por vozes que falam do indivíduo na terceira pessoa 
(“Olha como ele está imundo.”, por exemplo). A alucinose visual ocorre 
freqüentemente em indivíduos com alterações neurológicas ou em intoxicações 
por substâncias psicoativas. 
 
d) Pseudo-alucinação: É um fenômeno que, embora se pareça com a alucinação, 
dela se diferencia por não apresentar os aspectos vívidos e corpóreos de uma 
imagem perceptiva real. Assim, na pseudo-alucinação, a voz ou a imagem é 
percebida de forma pouco nítida, com contornos imprecisos. Geralmente a 
pessoa verbaliza “... é como se fosse uma voz” e não “...é uma voz”. Pode 
ocorrer em estados afetivos intensos, na fadiga, em quadros de rebaixamento 
do nível de consciência e em intoxicações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
ALGUMAS DIFERENÇAS ENTRE TRANSTORNO PSICÓTICO E 
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões Transtorno psicótico Transtorno de personalidade 
Vê coisas que não 
existem (alucinações 
visuais)? 
Sim Não 
Ouve vozes que não 
existem (alucinações 
auditivas)? 
Sim Não 
Tem crises em que perde 
a consciência 
Sim Não 
Quando comete um crime, 
sabe que fez algo errado? 
Não Sim 
Arrepende-se do que fez? Não Não 
Tem determinantes 
biológicos? 
Sim Sim 
O ambiente em que vive 
contribui para a 
manifestação do 
problema? 
Não (?) Sim (?) 
Pode ser identificado 
antes de se manifestar? 
Não Sim 
Existe algum tipo de cura? Não Não 
Existe tratamento? Sim 
(estabilização de crise e 
reabilitação psicossocial) 
Não 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA AFETIVIDADE E DO HUMOR 
 
ALTERAÇÕES DO HUMOR 
 
DISTIMIA: é o termo que designa a alteração básica do humor, tanto no sentido 
da inibição quanto no da exaltação. Não confundir com a síndrome Distimia, 
constante na CID-10 (F34.1), que se caracteriza como uma depressão leve e 
crônica do humor. 
 
Distimia hipotímica é um estado de depressão do humor, uma espécie de 
tristeza patológica, melancolia. 
 
Distimia hipertímica é um estado de exaltação do humor, quando a pessoa fica 
expansiva e eufórica de uma maneira desproporcional a seu contexto. Caracteriza 
o aspecto psicopatológico dos quadros de mania. 
 
Eutimia é a faixa normal, equilibrada do humor, quando se observa a ausência de 
humor deprimido ou exaltado. 
 
Ideação suicida: Freqüentemente ocorre em pessoas com o humor severamente 
deprimido, com sentimentos de desesperança e angústia profunda. Caracteriza-se 
por idéias relacionada à morte (gostaria de morrer), idéias de suicídio (penso em 
me matar), planos suicida (planejei como vou me matar), atos iniciais (comprei 
veneno para me matar) e tentativas propriamente ditas. 
 
DISFORIA diz respeito a uma distimia que se caracteriza por uma tonalidade 
afetiva desagradável, mal-humorada, com forte componente de irritação, 
amargura, desgosto e agressividade. 
 
 
EUFORIA, como um estado de humor alterado de maneira mórbida, é uma alegria 
patológica, no sentido de ser exagerada, predominando uma intensidade 
desproporcional às circunstâncias. 
 
ELAÇÃO é o estado onde, além da alegria patológica, há uma expansão do Eu, 
uma sensação subjetiva de grandeza e poder que extrapola os seus limites. 
 
PUERILIDADE é uma alteração do humor que se caracteriza por seu aspecto 
infantil, simplório e regredido. Ocorre especialmente na esquizofrenia e em 
indivíduos com déficit intelectual e em alguns casos de quadros histéricos. 
 
ESTADO DE ÊXTASE é uma sensação de beatitude, plenitude, dissolução do Eu 
no todo do mundo exterior. Pode estar presente no transe histérico, na 
esquizofrenia ou na mania. 
 
IRRITABILIDADE PATOLÓGICA é uma hiperatividade desagradável, hostil e 
agressiva em resposta a qualquer estímulo do ambiente, por menor que seja. 
 25 
Ocorre nas síndromes depressivas, nos quadros de mania, nas síndromes 
ansiosas e na esquizofrenia. 
 
ANSIEDADE, ANGÚSTIA E MEDO 
 
ANSIEDADE é definida como um estado de humor desconfortável, umaapreensão negativa em relação ao futuro, uma inquietação interna desagradável 
produzida pela antecipação mental de um perigo. Compõe-se de manifestações 
fisiológicas e psicológicas. 
 
A ansiedade pode ser de desempenho (associada à execução de tarefas, com a 
possibilidade de ser avaliado) e antecipatória (vivência desagradável imaginária 
de uma situação futura. É comum na fobia social). 
 
ANGÚSTIA é uma sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão, de 
sufocamento. Assemelha-se com a ansiedade, mas diferenciando-se desta por ter 
uma conotação mais corporal e mais relacionada a lembranças do passado. 
 
MEDO caracteriza-se por referir-se a um objeto real, presente, preciso, definido. 
 
FOBIA é um medo psicopatológico, em virtude de ter uma intensidade 
desproporcional e incompatível com as possibilidades de perigo real oferecido 
pelo objeto ou situação fobígena. 
 
ALTERAÇÕES DA AFETIVIDADE (EMOÇÕES E SENTIMENTOS) 
 
APATIA é a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva, caracterizada por uma 
incapacidade de sentir afetos. É própria dos quadros depressivos. 
 
HIPOMODULAÇÃO DO AFETO é a incapacidade do indivíduo modular, regular a 
resposta afetiva de acordo com as situações de vida, sugerindo rigidez emocional 
em sua relação com o mundo. 
 
INADEQUAÇÃO DO AFETO (PARATIMIA) é a reação completamente 
incongruente a situações de vida ou a determinados conteúdos ideativos, 
revelando desarmonia ou contradição profunda entre a esfera afetiva e a ideativa. 
 
POBREZA AFETIVA é a perda progressiva e patológica das vivências afetivas. 
Ocorre nas demências e em alguns casos de esquizofrenia. 
 
EMBOTAMENTO AFETIVO é a perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. É 
claramente observável pela mímica, postura e atitude do indivíduo. Ocorre na 
esquizofrenia. 
 
 
 
 26 
SENTIMENTO DE FALTA DE SENTIMENTO é a vivência de incapacidade para 
sentir emoções, experimentada de forma penosa pelo indivíduo. Ao contrário da 
apatia, o sentir o “não sentir” é vivenciado com muito sofrimento. Pode ocorrer em 
quadros depressivos. 
 
ANEDONIA é incapacidade total ou parcial para sentir prazer com determinadas 
atividades e experiências de vida que antes o indivíduo sentia. A anedonia 
freqüentemente ocorre simultaneamente com a apatia. 
 
LABILIDADE OU INCONTINÊNCIA AFETIVA são estados nos quais ocorrem 
mudanças súbitas e imotivadas do afeto, do humor ou das emoções. O indivíduo 
oscila de forma abrupta, rápida e inesperada de um estado afetivo para outro. 
Ocorre nos quadros de depressão ou mania, em estados graves de ansiedade e 
na esquizofrenia. 
 
AMBIVALÊNCIA AFETIVA são sentimentos opostos em relação a um mesmo 
estímulo ou objeto, sentimento que ocorrem de modo absolutamente simultâneo. 
 
NEOTIMIA é a designação para sentimentos e experiências afetivas inteiramente 
novas vivenciadas por indivíduos em estado psicótico. São afetos muito estranhos 
e bizarros para a própria pessoa que os experimenta. 
 
FOBIAS 
 
Fobia simples (ou específica) é o medo intenso e desproporcional de 
determinados objetos (pequenos animais, insetos, etc.). 
 
Fobia social é o medo intenso de contato e interação social, de situações onde o 
indivíduo imagina que pode ser criticado ou humilhado. 
 
Agorafobia é o medo de espaços amplos e de aglomerações, como estádios, 
cinemas,supermercados, onde o indivíduo teme ficar retido no lugar, sem 
possibilidade de fuga para um lugar supostamente seguro, geralmente sua casa. 
 
Claustrofobia é o medo de entrar (e ficar preso) em espaços restritos e fechados, 
como elevadores, pequenas salas, etc. 
 
Pânico é uma reação de medo intenso, de pavor, relacionada geralmente ao 
perigo imaginário de morte iminente. Manifesta-se quase sempre como crises 
repentinas e agudas, acompanhada de medo intenso de morrer ou perder o 
controle de si, de “enlouquecer”. As crises de pânico caracterizam-se pelo início 
abrupto de uma sensação de grande perigo e desejo premente de fugir. Ocorrem 
respostas somáticas autonômicas como palpitações, suor frio, tremores, 
formigamentos nos lábios e dedos, sensação de falta de ar, dor no peito, náusea, 
dando ao indivíduo uma nítida sensação de que vai morrer naquele momento. As 
crise duram alguns minutos e tendem a se repetir. Geralmente não se consegue 
identificar algum fator desencadeante para as crises. 
 27 
ALTERAÇÕES DA VONTADE (VOLIÇÃO) 
 
O ato volitivo (ou ato da vontade) é traduzido pelas expressões típicas “Eu quero” 
ou “Eu não quero”, que caracterizariam a vontade humana. 
 
O processo volitivo se compõe de quatro etapas: 
 
1) Intenção ou propósito, na qual ocorrem inclinações , tendência básica ou 
interesses, cujos impulsos ainda são inconscientes e imperceptíveis ao 
sujeito. 
2) Deliberação, que é ponderação consciente, quando o indivíduo analisa, 
considera os aspectos e implicações de determinada decisão. 
3) Decisão propriamente dita, que é o momento culminante do processo 
volitivo, no qual os “motivos vencidos” cedem aos “motivos vencedores”. 
4) Execução, que é fase final do processo volitivo, quando o ato psicomotor é 
posto em funcionamento, com o objetivo de consumar aquilo que foi 
decidido. 
 
O ato de vontade pautado por estas quatro etapas, no qual a ponderação, análise 
e reflexão precedem à execução motora, denomina-se de ação voluntária. 
 
ALTERAÇÕES DA VONTADE 
 
Hipobulia / abulia: É a diminuição ou mesmo a abolição da atividade volitiva. O 
indivíduo refere que não tem vontada para nada, sente-se sem energia. Ocorre 
associada à apatia, à fadiga, à dificuldade de tomar decisão e são típicas dos 
quadros depressivos graves. 
 
Apragmatismo: incapacidade de atividades volitivas simples, como escovar os 
dentes, trocar de roupa, arrumar o quarto, etc. Resulta de alteração da volição. 
 
 
ATOS IMPULSIVOS 
 
Em oposição à ação voluntária, são uma espécie de curto circuito do ato 
voluntário, quando passa direto da fase de intenção à de execução. Predominam 
ações psicomotoras automáticas, sem reflexão, ponderação ou decisão prévia, 
ocorrendo de forma instantânea e explosiva, sendo incontroláveis pelo sujeito. 
 
ATOS COMPULSIVOS OU COMPULSÃO 
 
São reconhecidos pelo sujeito como indesejáveis e inadequados, e, assim, tenta 
refreá-los ou adiá-los, freqüentemente sem sucesso. Envolve atos relativamente 
simples, como coçar-se ou arranhar-se, até rituais complexos. São precedidos de 
desconforto subjetivo e urgência de realizá-lo, e são seguidos de sensação de 
alívio. Ocorrem freqüentemente associados a idéias obsessivas muito 
desagradáveis, funcionando então como forma de neutralizar tais pensamentos. 
 28 
 
 
 
 
IMPULSOS E COMPULSÕES AGRESSIVAS AUTO E HETERODESTRUTIVAS 
 
Automutilação: É o impulso em direção ao comportamento de autolesão, quando 
o indivíduo produz em si mesmo escoriações na pele, furam os braços com pregos 
e cacos de vidro, arrancam os cabelos (tricotilomania). As formas mais brandas 
ocorrem no transtorno de personalidade borderline, no transtorno obsessivo-
compulsivo e em casos de deficiência mental. As formas mais graves ocorrem em 
quadros psicóticos graves. 
 
Frangofilia: Impulso patológico de destruir os objetos que circundam o indivíduo, 
associado a estados de excitação agressiva. Ocorre nas psicoses (esquizofrenia e 
mania), em quadros de intoxicação por psicotrópicos, nos transtornos de 
personalidade borderline e em alguns deficientes mentais. 
 
Piromania: Impulso de atear fogo a objetos, prédios, casas, etc. Ocorre 
principalmente em indivíduos com transtornos de personalidade. 
 
Impulso suicida: Ocorre quase sempre em quadros ansiosos e depressivos, 
associados a sentimentos de desesperança, desmoralização e pensamentos de 
ruína. É freqüente no episódio depressivo grave, na dependência de álcool, na 
esquizofrenia, nos transtornos de personalidadeborderline, dependente, 
esquizóide, histriônica e de evitação. 
 
IMPULSOS E COMPULSÕES DE INGESTÃO DE DROGAS OU ALIMENTOS 
 
Dipsomania: Impulso periódico para ingestão de grandes quantidades de álcool, 
quando, de tempos em tempos, o indivíduo bebe até ficar inconsciente. 
 
Bulimia: Impulso a ingerir rapidamente grande quantidade de alimentos super 
calóricos e, em seguida, sentindo-se culpado e com medo de engordar, provocar 
vômito ou tomar laxativo. 
 
Potomania: compulsão à beber água ou outros líquidos sem que haja uma sede 
exagerada correspondente. Difere-se da polidipsia, quando há uma sede 
exagerada, geralmente por alterações metabólicas. É observada em 
esquizofrênicos crônicos. 
 
COMPULSÕES RELACIONADAS AO COMPORTAMENTO SEXUAL 
 
Fetichismo: Comportamento sexual caracterizado pelo prazer concentrado em 
partes das vestimentas (sapatos, por exemplo) ou do corpo da pessoa desejada. 
 
 29 
Exibicionismo: É a compulsão em mostrar os órgãos genitais, contra a vontade 
da pessoa que observa. O ato de exibir já é o suficiente para a pessoa sentir 
prazer. 
 
Voyeurismo: Compulsão em obter prazer apenas pela observação visual de uma 
pessoa que está tendo uma relação sexual, ou simplesmente nua ou se despindo. 
Pedofilia: Compulsão de satisfazer desejo sexual por crianças ou pré-
adolescentes de sexo oposto. 
 
Pederastia: Compulsão de satisfazer desejo sexual por crianças ou pré-
adolescentes de mesmo sexo. 
 
Gerontofilia: Desejo sexual por pessoas muito mais velhas, idosas. 
 
Zoofilia: Compulsão em ter relações sexuais com animais. Também denominado 
de bestialismo. 
 
Necrofilia: Compulsão em ter relações sexuais com cadáveres. 
 
Cropofilia: Compulsão em obter prazer com uso de excrementos (fezes e urina) 
no ato sexual. 
 
Ninfomania: Desejo sexual quantitativamente exagerado na mulher, trazendo-lhe 
desajustamento social. 
 
Satiríase: Desejo sexual quantitativamente exagerado no homem, trazendo-lhe 
desajustamento social. 
 
Compulsão a utilizar roupas íntimas do sexo oposto (por exemplo, homens 
que sentem compulsão a usarem secretamente lingerie e outras vestimentas 
femininas). Não trata-se necessariamente de homossexuais ou transexuais. 
 
Compulsão a introduzir objetos no ânus ou vagina (FISTING), tais como 
lâmpadas, potes de vidro, garrafas, etc. 
 
OUTROS IMPULSOS E COMPULSÕES 
 
Poriomania: Impulso de sair andando a esmo, ganhar o mundo sem destino certo. 
Ocorre na esquizofrenia, deficientes mentais e em perturbações psicorgânicas. 
 
Cleptomania: É o roubo patológico, ato impulsivo ou compulsivo de roubar 
objetos sem valor relevante, predominando a excitação e o prazer que tal ato 
produz na pessoa. 
 
Compulsão a comprar: A pessoa sente necessidade incontrolável de comprar 
coisas sem ter necessidade ou mesmo poder aquisitivo para tanto, predominando 
um certo alívio de tensão com o ato, seguido de culpa e arrependimento. 
 30 
 
 
 
 
ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE 
 
Agitação psicomotora: aceleração e exaltação de toda a atividade motora, 
geralmente secundária a um taquipsiquismo acentuado, comumente associada a 
hostilidade e heteroagressividade. Pode ocorrer em quadros maníacos, 
esquizofrênicos agudos e psicorgânicos, além de quadros paranóicos e em 
indivíduos com retardo mental e síndromes demenciais. 
 
Lentificação psicomotora: Redução, tornada lenta toda a atividade psíquica 
(bradipsiquismo). Toda movimentação voluntária torna-se lenta e difícil. 
 
Estupor: Perda de toda atividade espontânea, com preservação do nível de 
consciência e da capacidade sensitivo-motora para reagir ao ambiente. 
 
Catalepsia: acentuado exagero no tônus postural, com grande redução da 
mobilidade passiva. Ocorre na esquizofrenia catatônica, assim como a flexibilidade 
cérea (a pessoa pode ser “moldada” em uma determinada posição). 
 
Cataplexia: perda abrupta do tônus muscular, geralmente levando a pessoa à 
queda no chão. Presente na narcolepsia (crises repentinas de sono). 
 
Estereotipias motoras: repetições automáticas e uniformes de determinado ato 
motor complexo, indicando perda de controle motor voluntário. Ocorre na 
esquizofrenia. 
 
Maneirismo: estereotipia motora caracterizada por movimentos bizarros e 
repetitivos. Ocorre na esquizofrenia e em formas graves de histeria e em 
deficientes mentais. 
 
Conversão: surgimento abrupto de manifestações físicas (paralisias, anestesias, 
parestesias, cegueira, etc.) de origem psicogênica. Ocorre predominantemente na 
histeria em personalidades histriônicas. 
 
ALTERAÇÕES DA MARCHA 
 
Abasia: incapacidade de se levantar e andar, sem origem orgânica. Ocorre na 
histeria. 
 
Apraxia: incapacidade para iniciar o movimento espontâneo e organizar a 
atividade gestual da marcha. Resulta de lesões cerebrais. 
 
Acatisia: inquietação motora provocada por antipsicóticos 
Discinesia: Perda da coordenação motora 
 31 
O PENSAMENTO E SUAS ALTERAÇÕES 
 
 
O PROCESSO DE PENSAR 
 
Compõem-se dos seguintes aspectos: 
 
1) Curso do pensamento: é o modo como o pensamento flui, a sua 
velocidade e ritmo ao longo do tempo. 
 
2) Forma do pensamento: é a sua estrutura básica, a sua arquitetura, 
preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do indivíduo. 
 
3) Conteúdo do pensamento: é aquilo que dá substância ao pensamento, os 
seus temas predominantes, o assunto em si que preenche o pensamento. 
 
ALTERAÇÕES DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PENSAMENTO 
 
ALTERAÇÕES DOS CONCEITOS 
 
Desintegração dos conceitos: Ocorre quando os conceitos sofrem um processo 
de perda de seu significado original, e uma mesma palavra passa a ter 
significados cada vez mais diversos. É comum que o sujeito passe a utilizar as 
palavras de forma totalmente pessoal e idiossincrática. É característica da 
esquizofrenia e pode ocorrer também nas síndromes demenciais. 
 
Condensação dos conceitos: Ocorre quando dois ou mais conceitos são 
fundidos, a pessoa involuntariamente condensa, junta duas ou mais idéias em um 
único conceito que se expressa por uma nova palavra. 
 
No plano da linguagem as desintegrações e condensações dos conceitos são 
designadas de neologismos; ou seja, palavras inteiramente novas ou palavras já 
existentes e conhecidas recebendo novos significados, completamente 
idiossincráticos. É característica dos quadros psicóticos. 
 
ALTERAÇÕES DOS JUÍZOS 
 
Juízo deficiente ou prejudicado: É um tipo de juízo falso devido ao fato de que a 
elaboração dos juízos é prejudicada pela deficiência intelectual, pela pobreza 
cognitiva do indivíduo. Aqui, os conceitos são inconsistentes e o raciocínio é pobre 
e defeituoso. De um modo geral, os erros de juízo por deficiência não são 
persistentes e irredutíveis, como são os delírios. 
 
Juízo de realidade rompido: São as alterações do juízo de realidade 
denominadas de delírios, que são as mais importantes em psicopatologia. A 
pessoa perde sua capacidade de avaliar a realidade de forma razoável, dando-lhe 
um sentido estranho, improvável e bizarro. 
 32 
ALTERAÇÕES DO RACIOCÍNIO E DO ESTILO DE PENSAR 
 
O que caracteriza o pensamento normal é ser regido pela lógica formal (indução e 
dedução), bem como orientar-se segundo a realidade consensual e os princípios 
de racionalidade da cultura da qual a pessoa faz parte. 
 
TIPOS ALTERADOS DE PENSAMENTO 
 
É difícil a discriminação entre o pensamento normal e aquele perturbado 
patologicamente, principalmente quanto aos tipos de pensamento e ao estilo de 
pensar, que é próprio de cada pessoa. De qualquer forma, a psicopatologia 
registra alguns tipos de pensamento associados a estados mentais alterados e a 
transtornos psiquiátricos. 
 
Pensamento mágico: É o tipo de pensamento que fere frontalmente os princípios 
da lógica formal e também não respeita os indicativos e imperativos da realidade 
sensível.Pressupõe que a uma relação puramente subjetiva de idéias 
corresponda uma associação objetiva de fatos. Uma relação puramente aleatória 
seria interpretada como uma relação objetivamente causal entre fenômenos. É 
comum em crianças, em tipos de personalidades imaturas (esquizotípica, 
histriônica, boderline e narcísica). Pode ocorrer também na esquizofrenia e na 
histeria. Seria uma espécie de superstição extravagante. 
 
Pensamento derreísta: É semelhante ao pensamento mágico, diferenciando-se 
deste em função de, em algumas situações, obedecer à lógica e à realidade, mas 
só naquilo que interessa aos interesses e desejos da pessoa, distorcendo assim a 
realidade para adapta-la aos seus anseios. Seria um tipo de fantasia, de devaneio. 
Ocorre em transtornos de personalidade, na esquizofrenia e na histeria. 
 
Pensamento concreto: Não há distinção entre uma dimensão abstrata, simbólica 
e uma dimensão concreta. O indivíduo não consegue entender ou utilizar 
metáforas. Ocorre principalmente na deficiência mental e também na 
esquizofrenia. 
 
Pensamento inibido: Lentidão de raciocínio, diminuição da velocidade e do 
número de conceitos, juízos e representações mentais utilizadas no processo de 
pensar, tornando o pensamento pouco produtivo. Ocorre em quadros depressivos 
graves e em quadros demenciais. 
 
Pensamento vago: As relações conceituais, a formação de juízos e a 
concatenação desses em raciocínios são marcados pela imprecisão. O 
pensamento torna-se ambíguo, sem clareza, obscuro. Pode ser um sinal inicial da 
esquizofrenia ou de quadros demenciais. 
 
Pensamento prolixo: A pessoa não consegue chegar a qualquer conclusão sobre 
o que estão falando, a não ser após muito tempo e esforço. Há uma mistura de 
forma imprecisa do que é essencial ao tema e o que é supérfluo. 
 33 
Pensamento deficitário ou oligofrênico: É o pensamento de estrutura pobre e 
rudimentar. O indivíduo tende ao raciocínio concreto, conceitos escassos e sem 
uso de metáforas. 
 
Pensamento demencial: Pensamento também pobre, mas tal empobrecimento é 
desigual e, em certos pontos, pode revelar elaborações mais ou menos 
sofisticadas, embora de forma geral seja irregular, sem congruência. É freqüente 
nas fases iniciais de quadros demenciais, quando o indivíduo tenta dissimular 
suas dificuldades cognitivas. 
 
Pensamento confusional: Ocorre devido à turvação da consciência, que torna o 
pensamento incoerente, de curso tortuoso, impedindo a pessoa de processar 
adequadamente seu raciocínio. 
 
Pensamento desagregado: É a forma típica de pensamento radicalmente 
incoerente, no qual os conceitos e juízos não se articulam de forma lógica. A 
linguagem vira uma “salada de palavras”. Ocorre na esquizofrenia grave. 
 
Pensamento obsessivo: são idéias obsessivas, que impõem-se à consciência de 
modo persistente e incontrolável, que a pessoa tenta bani-las mas não consegue, 
gerando um estado de angústia constante. 
 
ALTERAÇÕES DO PROCESSO DE PENSAR 
 
CURSO DO PENSAMENTO 
 
Aceleração do pensamento: O pensamento flui de forma muito acelerada, uma 
idéia se sucedendo a outra rapidamente. Ocorre nos quadros de mania, nos 
estados de ansiedade intensa, na esquizofrenia e psicoses tóxicas. 
 
Lentificação do pensamento: O pensamento flui lentamente, de forma 
dificultosa. Há uma certa latência entre os estímulos e as respostas. Ocorre 
principalmente nas depressões graves e estados de rebaixamento da consciência. 
 
Bloqueio do pensamento: A pessoa, ao relatar algo, no meio de uma conversa, 
interrompe bruscamente seu pensamento, sem qualquer motivo aparente. É uma 
alteração quase que exclusiva da esquizofrenia. 
 
Roubo do pensamento: É uma vivência, freqüentemente associada ao bloqueio 
do pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida sensação de que seu 
pensamento foi roubado da sua mente, por uma força ou ente estranho. É típico 
da esquizofrenia. 
 
 
 
 
 
 34 
FORMA DO PENSAMENTO 
 
 
 
Fuga de idéias: É uma alteração da estrutura do pensamento, secundária a uma 
acentuada aceleração do pensamento, na qual uma idéia se segue à outra de 
forma extremamente rápida, perturbando as associações lógicas entre os juízos e 
conceitos. É característica nos quadros de mania. 
 
Dissociação do pensamento: Os juízos não se articulam de forma coerente uns 
com os outros, constituindo um estado de desorganização mental, onde o 
pensamento tem suas idéias e conceitos dissociados uns dos outros. 
 
Afrouxamento das associações: Neste caso, embora ainda haja uma 
concatenação lógica entre as idéias, nota-se já certa imprecisão ou afrouxamento 
dos enlaces associativos, onde as associações parecem mais livres, não 
articuladas de forma consistente. Ocorre nas fases iniciais da esquizofrenia. 
 
Descarrilhamento do pensamento: O pensamento passa a extraviar-se de seu 
curso normal, toma atalhos, desvios, “sai dos trilhos”, retornando aqui e ali no seu 
curso original. Geralmente está associado à distraibilidade. Ocorre na 
esquizofrenia e na mania. 
 
Desagregação do pensamento: Aqui há uma profunda e radical perda dos 
enlaces associativos, uma total perda de coerência do pensamento. Sobram 
apenas fragmentos de idéias e conceitos, sem qualquer articulação minimamente 
racional. É uma alteração típica de formas avançadas de esquizofrenia e quadros 
demenciais. 
 
Na esquizofrenia, de um modo geral, o processo de desestruturação do 
pensamento segue a seguinte seqüência, em ordem de gravidade: afrouxamento 
das associações, descarrilhamento e, finalmente, desagregação do pensamento. 
 
 
CONTEÚDO DO PENSAMENTO 
 
 
Os principais (mais freqüentes) conteúdos do pensamento que preenchem os 
sintomas (sinais que sugerem perturbação mental) psicopatológicos são os 
seguintes: 
 
Conteúdos persecutórios, depreciativos, religiosos, sexuais, de poder e grandeza, 
de ruína e culpa, além de conteúdos hipocondríacos. 
 
 
 
 
 35 
O JUÍZO DE REALIDADE E SUAS ALTERAÇÕES (O DELÍRIO) 
 
Na psicopatologia do delírio, a primeira distinção essencial a se fazer é entre o 
erro não determinado por processo mórbido (por transtornos mentais) e as 
diversas formas de juízos falsos determinados por transtornos mentais. 
 
Os erros são psicologicamente compreensíveis, enquanto o delírio tem como 
característica principal a incompreensibilidade. Ou seja, não tem raízes na 
experiência psíquica do homem normal e, por isso, é incapaz de ser 
compreendida pelos outros. 
 
As crenças culturalmente sancionadas são descritas como partilhadas por um 
grupo cultural, seja ele religioso, político, étnico, de jovens, místico ou outros. As 
crenças culturalmente sancionadas não devem ser confundidas com os sintomas 
psicopatológicos. 
 
As idéias delirantes, ou delírios, são juízos patologicamente falsos. Dessa forma, o 
delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental ou a define, e que 
se caracteriza por uma certeza irremovível, não passível de ser modificada pela 
persuasão ou mesmo evidências apontadas. 
 
Estrutura dos delírios 
 
1) Delírio simples (monotemático): São idéias que se desenvolvem em torno 
de um só conteúdo, de um tema único, geralmente de um único tipo 
(apenas religioso, apenas persecutório, etc.). 
2) Delírio complexo (pluritemático): São aqueles que englobam vários temas 
ao mesmo tempo (persecutório misturado com de ciúme, religioso, etc.). 
3) Delírio não-sistematizado: São delírios sem concatenação consistente. 
Ocorrem geralmente em indivíduos com baixo nível intelectual e seus 
conteúdos variam a cada momento. 
4) 4) Delírios sistematizados: São os delírios bem organizados, com histórias 
ricas, consistentes e tem concatenadas, que mantêm ao longo do tempo os 
mesmos conteúdos, com riquezas de detalhes. 
 
Em estados afetivos intensos, como nas depressões graves e nos quadros de 
mania, o indivíduo passa a viver em

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