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Questões
1 - Os estudos de SADER (2001) e GOHN (1982) apresentam os movimentos sociais urbanos como novos personagens no cenário político brasileiro que junto com o novo sindicalismo do ABC ajudaram a construir o processo de redemocratização política, sendo importantes atores na construção dos capítulos relativos aos direitos sociais e à Seguridade Social na Constituição Federal de 1988. Tomando os autores como referência, e considerando o contexto econômico- político e social do país, escreva um texto acerca desses movimentos considerando a sua base social, suas influências e agendas políticas (entre 4 e cinco laudas).
O conceito de sociedade civil surgiu no Brasil no final dos anos 70 como sinônimo de participação e organização da população civil do país, na luta contra o então regime militar vigente. Isto estimulou inúmeros surgimentos de práticas coletivas no interior da sociedade civil. Neste período, novos autores entraram em cena, um deles foi os movimentos sociais populares apoiados pela teologia da libertação (de várias igrejas, principalmente católicos e luteranos), entidades da sociedade civil (OAB), dentre outros. Gohn diz que, “o principal polo de identificação dos diferentes atores era dado pela reivindicação de mais liberdade e justiça social” (GOHN, 2013,p. 302).
Segundo Gohn, os movimentos sociais “são ações sociais coletivas de caráter socio-político e cultural, que viabilizam formas distintas da população se organizar e expressar suas demandas” (GOHN, 2003, p.13). Através dos movimentos sociais a população busca a garantia dos seus direitos e também por melhorias, sejam elas trabalhistas, estudantis e outras. 
Neste contexto de movimentos sociais, surge então os sindicatos que são formas de organizações que tem em seu âmbito a representatividade. Ou seja, um grupo de pessoas votavam em líderes que os representariam, porém, no período em que os movimentos sociais foram suprimidos, acarretou uma perda nessa representatividade nas questões operárias. Surge então, o contexto do regime militar onde qualquer forma de manifestação era vista como vandalismo. 
Neste período houve então a necessidade do estímulo das funções assistenciais. Sader ressalva que os trabalhadores são a voz do sindicalismo e através desse contexto se tornam cidadãos que exigem por direito o respeito e a dignidade, tornando assim estes movimentos mais importante. 
A classe trabalhadora precisa se impor e caso elas não fossem respeitadas surgia uma nova forma de rei, um exemplo dessas greves foram as que aconteceram no ABC Paulista, que ocorreu na década de 70 no período da ditadura militar, que permanece presente até nos dias de hoje através da Central Única dos Trabalhadores-CUT, surgindo então, o novo sindicalismo que está mais pautado no propositivismo operativo e menos reivindicações utilizando mais das estratégias. Lula ressalta a importância das greves no contexto de vida dos trabalhadores, pois são elas que enfatizam a luta pela dignidade e pelos direitos. Lembrando que os movimentos sociais surgem de questões cotidianas onde surge o contexto da globalização, e com isso, a grande massa de desempregados. 
Sader faz um relato desses acontecimentos na ABC Paulista em seu livro “Quando novos personagens entram em cena”, onde esses movimentos influenciaram na produção de um novo sujeito coletivo (o sindicato), ele vê no cotidiano popular novos lugares para o exercício da política, onde entender e estudar o cotidiano, é entender um certo alargamento da política. As pessoas se uniam com o mesmo propósito e lutavam por isso, desenvolvendo então a autonomia do sujeito e ampliando as condições de vida.
Os Sindicatos são associações de pessoas de um mesmo segmento econômico ou trabalhista (operários, metalúrgicos, professores) e também de empresários (sindicatos patronais). Exemplos dessas centrais sindicais são as CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical, que são financiadas pelas contribuições dos trabalhadores. Estes sujeitos lutam em defesa dos interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos dos seus associados. Estes sujeitos coletivos organizam greves e manifestações para busca de melhorias nas condições de trabalho.
Os movimentos sociais segundo Sader é relacionado aos interesses do cotidiano da sociedade, mesmo tendo uma visão funcionalista dos movimentos sociais, onde as práticas sociais que eram presentes no cotidiano popular reprimidas pelo Regime Militar e é nesse contexto que os sujeitos começam a ter uma noção de classe entendendo que há uma importância na articulação de interesses para a representação coletiva criando então a identidade desses sujeitos.
Dessa forma surge o novo sujeito coletivo de acordo com Sader, é nesse período da tomada de consciência que surge um sujeito crítico, onde a linguagem era um instrumento de grande importância para os movimentos sociais.
Gohn nos diz que “o fato inegável é que os movimentos sociais dos anos 1970/1980, no Brasil, contribuíram decisivamente, via demandas e pressões organizadas, para a conquista de vários direitos sociais, que foram inscritos em leis na nova Constituição Federal de 1988” (GOHN, 2011, p. 342).
Ocorreu outras formas de organização popular mais institucionalizadas a partir de 1990, que foram os Fóruns Nacionais de Luta pela Moradia, pela Reforma Urbana, o Fórum Nacional de Participação Popular etc.“Os fóruns estabeleceram a prática de encontros nacionais em larga escala gerando grandes diagnósticos dos problemas sociais, assim como definindo metas e objetivos estratégicos para solucioná-los” (GOHN, 2003, p. 20). Foi a partir desses fóruns que surgiram parcerias entre o poder público e a sociedade civil, sendo impulsionadas pelas políticas estatais, como o bolsa escola e a política de Renda Mínima. Outro fato marcante foi a criação de uma Central dos Movimentos Populares, que estruturou vários movimentos populares em nível nacional, como a luta pela moradia, e buscou uma articulação e colaboração entre diferentes tipos de movimentos sociais populares e não populares. Surgiu também movimentos sociais contra as reformas estatais baseadas na política neoliberal, e a mulher passou a ter um papel muito importante na luta dos movimentos sociais, pois, se mostrou como essencial na luta pelos direitos e igualdade de gênero, contra discriminações, assim também como o movimento dos homossexuais. “Os jovens também geraram inúmeros movimentos culturais, especialmente na área da música, enfocando temas de protesto” (GOHN, 2003, p. 21).
Vários foram os movimentos sociais dos anos 1990, como: o movimento Ética na Política; os movimentos dos estudantes; os movimentos contra as reformas estatais; os movimentos dos desempregados; o movimento dos indígenas; o movimento dos funcionários públicos; os movimentos dos ecologistas, dentre tantos outros.
No entanto, as ONGs passaram a ter maior importância do que os movimentos sociais nos anos 1990, pois, segundo Gohn:
Trata-se de ONGs diferentes das que atuavam nos anos 1980 junto a movimentos populares. Agora são inscritas no universo do terceiro setor, voltadas para a execução de políticas de parceria entre o poder público e a sociedade, atuando em áreas onde a prestação de serviços sociais é carente ou até mesmo ausente, como na educação e saúde, para clientelas como meninos e meninas que vivem nas ruas, mulheres com baixa renda, escolas de ensino fundamental etc. (GOHN, 2011, p. 343)
Ainda segundo Gohn, “isto alterouo projeto político dos movimentos populares urbanos no sentido de um projeto político policlassista, um novo projeto político dos movimentos populares” (GOHN, 2013, p.306). Sendo assim:
Os anos 1990 mudaram a cena política. O fim do regime militar e a ascensão de setores da oposição a cargos no poder alteraram a composição política, e o país começou a reconstruir sua institucionalidade. Novos atores entram em cena, como as ONGs e outras entidades do terceiro setor. Muitos movimentos sociais desmobilizam-se. Novas políticas públicas passam a pautar questõesda cidadania e da participação, as políticas neoliberais ganham maior ênfase, os sindicatos se enfraquecem e a educação escolar ganha uma nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), mas torna-se também um dos alvos prediletos das reformas estatais. (GOHN, 2011, p. 348)
Neste novo século, para Gohn (2013), os movimentos sociais podem ser descritos em 14 eixos temáticos que envolvem as seguintes demandas e lutas:
Movimentos sociais ao redor da questão urbana, pela inclusão social e por condições de habitabilidade na cidade; 
Mobilização e organização popular em torno de estruturas institucionais de participação na gestão política-administrativa da cidade;
Movimentos pela educação;
Movimentos ao redor da questão da saúde;
Movimentos de demandas na área dos direitos;
Mobilizações e movimentos sindicais contra o desemprego;
Movimentos decorrentes de questões religiosas de diferentes crenças, seitas e tradições religiosas;
Mobilizações e movimentos dos sem-terra, na área rural e suas redes de articulações com as cidades via participação de desempregados e moradores de ruas, nos acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST); movimentos dos pequenos produtores agrários, as quebradeiras de coco do Nordeste etc;
Movimentos contra as políticas neoliberais;
Grandes fóruns de mobilização da sociedade civil organizada: contra a globalização econômica ou alternativa a globalização neoliberal (contra Alca, por exemplo); o Fórum Social Mundial (FSM); o Fórum Social Brasileiro; Fóruns da Educação (Mundial, de São Paulo); Fóruns Culturais (jovens, artesões, artistas populares etc.);
Movimento das cooperativas populares: material reciclável, produção doméstica alternativa de alimentos, produção de bens e objetos de consumo, produtos agropecuários etc;
Mobilizações do Movimento Nacional de Atingidos pelas Barragens, contra a construção de hidroelétricas e usinas – a exemplo do Belo Monte, implantação de áreas de fronteiras de exploração mineral ou vegetal etc;
Movimentos sociais no setor das comunicações, a exemplo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC);
Movimentos pela Ética na Política. Criados nos anos de 1990. Neste novo século ele ressurge em demandas localizadas como o Movimento Ficha Limpa (em relação aos candidatos às 309eleições), e está na base de várias marchas e atos de protesto.
Sader diz que os movimentos sociais é uma firmação dos setores da sociedade, implica na forma de elaboração das condições das classes no Brasil: elaboração mental (como percebê-la) e elaboração prática (como transformá-la).
Sader fala das três matrizes discursivas determinantes na constituição dos discursos dos movimentos sociais: A primeira é a matriz discursiva, teologia da libertação, onde a Igreja Católica, sofrendo a perda de influência junto ao povo, surgem às comunidades de base. Cristo era referência para uma luta de libertação e a morte era referida ao egoísmo e ao comodismo que aparece na vida da ação comunitária, e enfatizando assim as desigualdades sociais. A segunda é a matriz marxista, dos grupos de esquerda desarticulados por uma derrota política, surge em busca de novas formas de integração com os trabalhadores. A terceira e última é a matriz sindicalista, da estrutura sindical esvaziada por falta de função, surge um novo sindicalismo.
As Matrizes de acordo com Sader, são modos de abordagem da realidade, e os analisadores da realidade são também essas matrizes discursivas. No cotidiano, é melhor que se veja o pobre em sua ambiguidade: “conformismo e resistência”; e não como libertos de ideologia.
2 - Quase três Décadas depois dos movimentos sociais dos anos 70/80 e, após os chamados governos “progressistas” (Lula e Dilma), o Brasil, em 2013, assistiu a várias manifestações que sacudiram o país de norte a sul em junho de 2013, conhecidas como Jornadas de junho. Tomando como referência os textos de Harvey, Maricato e Iasi, escreva um texto analisando:
a) as cidades enquanto espaço de conflito (mercadoria X direitos);
b) os movimentos/ ativismo social como expressão de resistência e sua relação com o déficit de cidadania no país.
Harvey coloca que a sociedade capitalista precisa criar uma paisagem física, “uma massa de recursos físicos construídos pelo homem a sua própria imagem, apropriada, em linhas gerais, às finalidades da produção e do consumo” (HARVEY, 1982, p. 6-7). Ou seja, a produção e reprodução do espaço social é uma necessidade do modo de produção capitalista, condição para sua existência, que ao longo da história foi se modificando e, consequentemente, transformando os espaços. Ainda reitera que, o capitalismo separa o local de trabalhar do local de viver. Segundo Harvey:
A separação dos locais de trabalhar e de viver significa o que luta do trabalhador para controlar as condições de sua própria existência divide-se em duas lutas independentes. A primeira, localizada no local de trabalho, refere-se as condições de trabalho e a taxa de salário que oferece o poder aquisitivo para bens de consumo. A segunda luta, tratava do local de viver, é contra formas secundárias de exploração e apropriação, representadas pelo capital mercantil propriedade fundiária etc. (HARVEY, 1982, p. 8)
Este fracionamento entre duas lutas independentes propicia que, em determinadas condições históricas, os trabalhadores se organizem de formas diferentes para cada uma destas lutas. Se para as lutas relativas ao espaço de reprodução e consumo, são criadas associações de moradores, de consumidores, e diversas outras. Já para as lutas no local de trabalho, relativas à venda e consumo produtivo da força de trabalho, destaca-se a criação de sindicatos que são associações de pessoas de um mesmo segmento econômico ou trabalhista sendo as principais a Central Única dos Trabalhadores- CUT e a Força Sindical de acordo com Harvey.
Entretanto é necessário explicar que quando se diz em local de viver, há uma preocupação sobre este espaço no âmbito da vivencia, pois, se tem a necessidade de ver as condições de moradia, a questão do transporte, além dos espaços de lazer, do qual traz uma melhor condição de vida para os trabalhadores.
Deste modo, percebermos que os conflitos no campo da reprodução da força de trabalho refletem o conflito entre capital e trabalho, ou seja, que as lutas na “esfera do viver” são manifestações mediatizadas dessa contradição, que é fundante do capitalismo, entre capital e trabalho.
Harvey ainda cita que o custo de vida é determinante na questão da qualidade de vida que se tem e das mercadorias necessárias para isso, e com isso é imprescindível reproduzir a mesma força de trabalho, onde os próprios “trabalhadores mediam a circulação de mercadorias utilizando seus salários para adquirir meios de consumo produzidos pelos capitalistas” (HARVEY, 1982, p. 16).
A cidade é o principal local onde se dá a reprodução da força de trabalho. No entanto, ela não é apenas reprodução da força de trabalho, é também um produto, ou seja, um negócio que os capitais embolsam com sua produção e exploração, juros, lucros e renda. Segundo Maricato: 
A cidade constitui um grande patrimônio construído histórica e socialmente, mas sua apropriação é desigual e o nome do negócio é renda imobiliária ou localização, pois ela tem um preço devido aos seus atributos. Isso tem a ver também com a disputa pelos fundos públicos e sua distribuição (localização) no espaço. (MARICATO, 2013, p. 17 e 18)
Para Iasi, a cidade não é apenas uma organização operacional com bairros, ruas e prédios. Para ele, ela é muito mais que isso, é a expressão das relações sociais de produção do capitalismo, onde sua efetivação política e espacial estão no pilar da produção e reprodução do capital. A cidade segundo o autor é também um elemento contraditório, não só pelas desigualdades existentes, mas também pela dinâmica da ordem e da explosão. No entanto, essas contradições apesar de serem, na maioria das vezes, manifestadas todos os dias, passam despercebidas, como: os bairros e as pessoas pobres, os assaltos,o lixo, as doenças, os engarrafamentos, as drogas, a violência, a exploração, o mercado de coisas e pessoas que se transformam em coisas.
A vida nas cidades brasileiras, segundo Maricato, tem piorado nos últimos anos da década passada, pois, carregamos uma herança pesada, somos integrantes de um país da periferia do capitalismo. 
A partir dos anos 1980, houve um aumento da violência urbana, pois, com a globalização o país passa por uma notável transformação, mudam-se as dinâmicas urbanas, ambiental e demográfica, além da econômica e social. Aqui a urbanização se interioriza. No entanto, foi neste período que surgi uma nova política urbana, “em torno da qual organizaram-se movimentos sociais,pesquisadores, arquitetos, urbanistas, advogados, engenheiros, assistentes sociais, parlamentares, prefeitos, ONGs,etc” (MARICATO, 2013, p. 19). Diante disso, constrói-se uma Plataforma de Reforma Urbana.
Esse movimento logrou criar umnovo quadro jurídico e institucional ligado às cidades – política fundiária, habitação, saneamento, mobilidade, resíduos sólidos – além de novas instituições, como o Ministério das Cidades (2003), o Conselho das Cidades (2004) e as Conferências Nacionais das Cidades (2003, 2005 e 2007).(MARICATO, 2013, p. 19)
Apesar de todo esse avanço institucional, em 2009 com o retorno do governo Lula e posteriormente pelo de Dilma Rousseff, as cidades se dirigiram em uma direção desastrosa. “O coração da agenda da reforma urbana, a reformafundiária/imobiliária, foi esquecido” (MARICATO, 2013, p. 21). Apesar do crescimento da economia e do emprego terem trazido esperanças de dias melhores, estes, não chegaram a acontecer. No entanto, apesar das diversas doses de sacrifícios que as cidades cobram de seus moradores, um dos piores é a condição dos transportes.
Somos submetidos à serialidade e à consciência reificada, acordando de manhã, pegando um ônibus e pagando pelos bens e serviços utilizando o equivalente geral na forma monetária, do mesmo modo que o adquirimos vendendo nossa força de trabalho. Quando acontece de fato o choque de realidade a respeito das contradições da vida e a ordem nos responde: “caiam na real”, abre espaço para o início de um processo de reivindicações e luta contra a exploração capitalista. Ou a reação acontece ou seremos vítimas do sistema. As instituições da ordem empurram o indivíduo para a adaptação, para o comodismo. Como Iasi coloca, “O preço da passagem subiu, a inflação corrói meu salário, mas o que podemos fazer?”, as pessoas começam a justificar por meio das notícias nos jornais e televisão e tentam fugir da realidade, acabando na revolta ou na busca da adaptação da situação.
O que move a classe de um momento para o outro do processo da tomada de consciência não é a propaganda de um setor esclarecido sobre aqueles não esclarecidos, a passagem da serialidade para a explosão das massas acontece na medida em que a impossibilidade se torna mesmo impossível, foi o que aconteceu nas mobilizações de 2013 se apresentando e é o que está acontecendo nas mobilizações atuais.
Diante disto, em 2013 com o aumento das passagens de ônibus, os jovens do Movimento Passe Livre se organizam e vão às ruas. O ex prefeito da cidade de São Paulo Fernando Haddad, com um governo fundado no pacto de classes em nome do crescimento capitalista, reafirmou que não iria baixar o valor da passagem. O então governador do Estado de São Paulo manda para as ruas os “cães de guarda” do estado: a tropa de choque da Polícia Militar
As autoridades ficaram claramente surpresas com a atitude da população, pois, o que era esperado pelas autoridades era apenas alguns dias de manifestação, repressão, esvaziamento das ruas e tudo voltaria para a realidade. O autor faz duras críticas a ex presidenta Dilma diante dos “patéticos pactos” propostos por ela, reafirmando que tudo deveria continuar como estava, mostrando que a presidenta confiou na possível passividade dos movimentos sociais e tentou de alguma forma esconder o que de fato estava acontecendo, negociando para que o aumento da passagem prevista para janeiro acontecesse em junho, mês da Copa das Confederações acreditando que a população estaria ocupada demais torcendo para a seleção brasileira. Segundo Iasi, o caminho escolhido pelo PT (Partido dos Trabalhadores) desarmou a classe trabalhadora, gerando um acúmulo de forças, impedindo uma ação política organizada da classe.
A vida que pulsava acabou transbordando e o dique da ideologia não foi capaz de contê-la. Ou reagimos, ou seremos eternas vítimas do sistema. “Todo movimento da objetividade que rompe as formas antigas traz duas possibilidades: instituir novas formas, ou representar as velhas em novas roupagens” (IASI, 2013, p.44).
“Então que viva a moçada que ganhou as ruas. Se fizermos um bom trabalho pedagógico, teremos uma nova geração com uma nova energia para lutar contra a barbárie” (MARICATO, 2013, p. 23).
Referências Bibliográficas:
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na atualidade: manifestações e categorias analíticas. In: __________. (Org.) Movimentos sociais no início do século XXI: antigos e novos atores sociais. Petrópolis: Editora Vozes, 2003. p.13-32.
____________________. Movimentos sociais na contemporaneidade. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 47, p. 333-361, ago.  2011.
____________________. Desafios dos movimentos sociais hoje no Brasil. SER social, Brasília, v.15, n. 33, p261-384, jul. / dez. 2013.
HARVEY, David. Temas Urbanos e Regionais. O trabalho, o capital e o conflito de classes em torno do ambiente construído nas sociedades capitalistas avançadas. In: Espaços e Debates n°. 6. São Paulo: NERU/Cortez, 1982.
IASIS, Mauro. A rebelião, a cidade e a consciência. In: Cidades Rebeldes, BOITEMPO,2013.
MARICATO, E. É a questão urbana, estúpido!. In: Cidades Rebeldes, BOITEMPO,2013.
SADER, Eder. Quando novos personagens entram en casa: experiências, falas e lutas dos trabalhadores da Grande São Paulo, 1970-1980/Eder S. Sader. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

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