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A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NO BRASIL DE HOJE De acordo com documento produzido pelo Conselho de Segurança da ONU, a Justiça de Transição é um conjunto de abordagens, mecanismos, judiciais e não judiciais, e estratégias para enfrentar o legado de violência em massa do passado, para atribuir responsabilidades, para exigir a efetividade do direito à memória e à verdade, para fortalecer as instituições com valores democráticos e garantir a não repetição das atrocidades. Em linhas gerais, é a fase de transição em que os países passam, saindo da ditadura para a democracia, formada por quatro características primordiais que são: a reparação das vítimas daquele período, a busca pela verdade e construção da memória, a reforma das instituições do Estado e o restabelecimento da igualdade dos indivíduos perante a lei. Entre o período de 1964 a 1985, o Brasil viveu sob o regime de ditatura civil militar, época em que diversas atrocidades foram cometidas e direitos humanos foram violados pelos agentes do Estado. Vários outros países, principalmente da América do Sul, passaram por períodos de ditadura e, ao contrário do Brasil, conseguiram fazer a Justiça de Transição. No nosso país, o processo transicional ainda não foi devidamente efetivado até o momento. A partir do início de um processo de redemocratização do Brasil, foi promulgada a Lei de Anistia, em 1979. A Anistia, segundo o Manual: Uma História por Contar, do MNDH, “é um ato do poder público que extingue a possibilidade de punição dos/as acusados/as de crimes políticos, inclusive os casos dos/as que lutaram e resistiram ao autoritarismo”. Ainda segundo o Manual, “a anistia brasileira tinha a intenção de alcançar também os responsáveis pelos crimes graves e violentos promovidos pelos agentes da ditadura.” Acontece que a redação da referida Lei deu margem a interpretações dúbias, prevalecendo o entendimento adotado pelo Estado que a vê como um perdão aos agentes do Estado que cometeram violações aos direitos humanos, o que faz com que muitas questões ocorridas no período obscuro da ditadura ainda permaneçam sem esclarecimentos. Com isso, o Direito à memória para recordar, entender, refletir sobre o passado e o Direito à verdade para conhecer os fatos que aconteceram e poder construir leituras sobre eles, também não são respeitados, bem como arquivos com documentos que reúnem informações sobre pessoas, fatos, acontecimentos do período da ditadura e que poderiam ser reveladores e contribuirem para se esclarecer casos de tortura, desaparecimentos, mortes e perseguições estão dispersos em vários órgãos e regiões do País. O processo de transição no Brasil começou pelas mãos dos militares, os mesmos responsáveis pelas atrocidades cometidas durante a ditadura, e não poderia se esperar outra coisa senão a dificuldade em se fazer valer aqui os preceitos da Justiça de Transição, para uma real recomposição do Estado e da sociedade, com o resgate dos seus direitos e da cidadania perdida, e evitar que crimes como os que foram cometidos naquele período nunca mais aconteçam, além de trazer à tona e dar uma resposta sobre o que aconteceu de verdade com aquelas pessoas no período ditatorial. ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DA BAHIA CEL PM ANTÔNIO MEDEIROS DE AZEVÊDO CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS AUXILIARES – CFOAPM 2017 SOCIOLOGIA DA VIOLÊNCIA INSTRUTOR: CAP PM FÁBIO CAMPOS ALUNOS: AL OF PM SANTOS Nº 145 AL OF PM EVALDO MATOS Nº 157 AL OF PM CELMA Nº 199 AL OF PM MARIZETE BRANDÃO Nº 205 AL OF PM CARLA Nº 211 A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NO BRASIL DE HOJE Salvador – BA 2017
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