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O aluno ideal

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1 
Caso: O Aluno Ideal 
 
Em uma sala de aula, um professor diz: 
- Aquele que dissertar aqui na frente a aula da semana passada ganhará 
dois pontos na média. 
 
Apenas um aluno levantou, dissertou e ganhou os dois pontos. Em seguida, 
o professor continua a aula, porém, segundo ele, trazendo outro assunto 
que estava previsto no próximo capítulo do livro, alegando “matéria nova”. 
 
Que reflexões poderíamos fazer a partir desse fato educativo? O que 
estariam pensando os alunos que não levantaram para dissertar o conteúdo? 
Será que esse professor sabe lidar com a diversidade? 
 
Ele fica satisfeito com respostas prontas e conclusivas. Por que matéria nova 
o assunto do próximo capítulo? Não tem relação com a matéria anterior? 
 
Será que se trata de tratarmos o conhecimento linearmente? Ou será que a 
noção de página morre, levando em conta que o conhecimento se encontra 
desterritorializado? 
 
Pois bem, fica evidente que esse professor respalda a prática na pedagogia 
tradicional, não abrindo espaço para outras possibilidades, afinal, os alunos 
poderiam estar se perguntando: “ e para mim, professor, o que o senhor 
teria para mim?” 
 
 
 
 
 2 
Será que apenas dominar conteúdos é suficiente para a formação do aluno? 
Apresentar domínio das ciências, domínio cognitivo? 
 
E a formação integral? Os “outros” saberes que também são formativos, tais 
como ser solidário, agregar valores à sala de aula, contribuir; participar, ser 
curioso, criativo, questionador, saber escrever etc.? 
 
Qual o papel do professor na atualidade? Não se trata de reconhecer que a 
escola é um espaço sociocultural, marcado pela heterogeneidade? 
 
Dayrell (1996, p. 139) faz alguns questionamentos: 
 
Quem são estes jovens? O que vão buscar na escola? O que significa para 
eles a instituição escolar? Qual o significado das experiências vivenciadas 
neste espaço? 
 
Para grande parte dos professores, perguntas como estas não fazem muito 
sentido, pois a resposta é óbvia: são alunos. E é essa categoria que vai 
informar seu olhar e as relações que mantém com os jovens, a compreensão 
das suas atitudes e expectativas. 
 
Assim, independente do sexo, da idade, da origem social, das experiências 
vivenciadas, todos são considerados igualmente alunos, procuram a escola 
com as mesmas expectativas e necessidades. 
 
 
 
 
 3 
Para esses professores, a instituição escolar deveria buscar atender a todos 
da mesma forma, com a mesma organização do trabalho escolar, mesma 
grade e currículo. A homogeneização dos sujeitos como alunos corresponde 
à homogeneização da instituição escolar, compreendida como universal. 
 
A escola é vista como uma instituição única, com os mesmos sentidos e 
objetivos, tendo como função garantir a todos o acesso ao conjunto de 
conhecimentos socialmente acumulados pela sociedade. 
 
Tais conhecimentos, porém, são reduzidos a produtos, resultados e 
conclusões, sem se levar em conta o valor determinante dos processos. 
Materializado nos programas e livros didáticos, o conhecimento escolar se 
torna objeto, coisa, a ser transmitida. Ensinar se torna transmitir esse 
conhecimento acumulado, e aprender se torna assimilá-lo. 
 
Como a ênfase é centrada nos resultados da aprendizagem, o que é 
valorizado são as provas e as notas, e a finalidade da escola se reduz ao 
passar de ano. 
 
Nessa lógica, não faz sentido estabelecer relações entre o vivenciado pelos 
alunos e o conhecimento escolar, entre o escolar e o extraescolar, 
justificando-se a desarticulação existente entre o conhecimento escolar e a 
vida dos alunos. 
 
O aluno não se sente reconhecido, representado no currículo, no universo 
escolar, na medida em que o seu saber não é legitimado no processo de 
 
 
 
 4 
aprendizagem. Em instituições de ensino predominantemente tradicionais, 
há um predomínio do currículo disciplinar em detrimento do currículo real, 
oculto, vivido. 
 
Sacristán (1995) propõe que o currículo escolar se fundamente no 
multiculturalismo, que exige um contexto democrático de decisões sobre os 
conteúdos de ensino, no qual os interesses de todos sejam representados. 
 
Mas, para torná-lo possível, é necessária uma estrutura curricular diferente 
da dominante e uma mentalidade diferente por parte de professores, pais, 
alunos, administradores e agentes que confeccionam os materiais escolares; 
fazer da escola um projeto aberto, no qual caiba uma cultura que seja um 
espaço de diálogo e de comunicação entre grupos sociais diversos.

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