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TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL ATUALIZADO

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DIREITO PENAL I - CONCEITO, NORMA PENAL, FONTES DO DIRETO 
	
TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL
DIREITO PENAL: CONCEITO E FINALIDADES
.
Aspecto FORMAL – “Sob o aspecto formal, direito penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa as sanções a serem-lhes aplicadas”.
Aspecto SOCIOLÓGICO – “Já sob o enfoque sociológico, o direito penal é mais um instrumento do controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social”. 
Significa que o direito penal é um dos instrumentos de que se vale o Estado. Todos os ramos do direito pensam na harmônica convivência social. A finalidade, apesar de ser a mesma, o que diferencia o direito penal dos outros ramos? A drasticidade da sua consequência jurídica. O direito penal é direcionado pelo princípio da intervenção mínima. É o único que tem como consequência a pena privativa de liberdade.
Alguns doutrinadores diferenciam direito penal objetivo de direito penal subjetivo.
Direito penal OBJETIVO – “Conjunto de leis penais em vigor no país: Código Penal, leis extravagantes, etc”. Isso é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal. 
Direito penal SUBJETIVO – “Direito de punir do Estado”. O chamado Ius puniendi. Exerce o Ius puniendi tanto o Poder Legislativo ( quando cria as figuras típicas), como o Poder Judiciário ( aplicação da lei penal e execução de sua decisão).
Existe direito penal objetivo se não existir o direito penal subjetivo? Pode agir o direito penal subjetivo sem o objetivo? Então, eles estão umbilicalmente atrelados: 
“O direito penal objetivo é expressão ou emanação do poder punitivo do Estado.”
Vamos aprofundar um pouco. Esse direito penal subjetivo (que é o direito de punir estatal – o examinador pode questionar sobre o direito subjetivo, querendo que vc fale sobre o direito de punir apenas) é condicionado ou incondicionado? Limitado ou ilimitado? É um monopólio do Estado? O Estado transfere para o particular o direito de punir alguém?
O direito penal subjetivo é monopólio do Estado e mais, o direito penal subjetivo é limitado, quando se diz isso, se diz que ele é condicionado. E o professor vai trazer três exemplos de limitação ao direito penal subjetivo:
Limitação ao direito de punir (ao direito penal subjetivo) – prescrição. Se alguém perguntar o que é prescrição, basta dizer: “é uma limitação temporal ao direito de punir.” O direito de punir também tem limites no espaço: princípio da territorialidade. A lei penal só se aplica aos fatos praticados no território brasileiro. É o limite espacial ao direito de punir. E por fim, um limite modal (quanto ao modo) e dizem que é o mais importante na CF: princípio da dignidade da pessoa humana. Esse princípio traz uma limitação quanto ao modo de punir.
Vcs anotaram que o direito penal subjetivo é monopólio do Estado. Há casos em que o Estado tolera punição particular? Antes de responder, atenção: será que exemplo de punição particular tolerada pelo Estado poderia ser a legítima defesa? O Estado quando te permite agir em legítima defesa ele está dizendo que “o monopólio de agir é meu, mas eu tolero uma punição particular nesse caso?” Não. Nas hipóteses de legítima defesa, vc está se defendendo. 
Outra hipótese: O Estado em alguns casos permite ao particular processar o agente. Mas na ação penal de iniciativa privada, ele não transfere a punição. Ele transfere apenas o direito de perseguir a pena. Quem pune é ele, Estado. Ele transfere apenas a titularidade da ação, o direito de agir, de perseguir a pena. Então, esses não são exemplos de exceção ao direito de punir do Estado. Onde está a exceção, então??
Caso de PUNIÇÃO POR PARTICULAR tolerada pelo Estado: Estatuto do índio – Lei nº 6.001/73: art. 57: “Será tolerada a aplicação pelos grupos tribais de acordo com as instituições próprias de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.” Paralelamente ao poder punitivo estatal, existe o poder punitivo da tribo. O Estado tolera isso, mas com ressalvas: há que haver respeito à dignidade da pessoa humana (vide parte grifada).
FINALIDADE DO DIREITO PENAL: é proteger os bens mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade (ou essenciais ao indivíduo e à comunidade). Nilo Batista aduz que “a missão do direito penal é a proteção dos bens jurídicos, através da cominação, aplicação e execução da pena”. A pena, portanto, é simplesmente o instrumento de coerção de que se vale o Direito Penal para a proteção de bens, valores e interesses mais significativos da sociedade. O direito penal objetiva tutelar os bens jurídicos mais valiosos por meio de um critério político, já que a sociedade dia após dia evolui. Bens que em outros tempos eram tidos como fundamentais e, por isso, mereciam a proteção do Direito Penal, hoje já não gozam mais desse status, tais como: os crimes de sedução, rapto e adultério. 
MODELO PENAL GARANTISTA: “ O garantismo - entendido no sentido de Estado Constitucional de Direito, isso é, aquele conjunto de vínculos e regras racionais impostos a todos os poderes do Estado na tutela dos direitos de todos, representa o único remédio para os poderes selvagens” (Ferrajoli). Isso é tutela os direitos contra a irracionalidade dos poderes, contra o arbítrio. Os direitos fundamentais – direitos humanos constitucionalizados – adquirem, portanto, a função de estabelecer o objeto e os limites do direito penal nas sociedades democráticas. 
DIREITO PENAL - Finalidade Analisando fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como infrações penais, anunciando as respectivas sanções. OBJETO: O crime enquanto norma.
CRIMINOLOGIA – ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, da vítima e o comportamento da sociedade. OBJETO: O crime enquanto fato.
POLITICA CRIMINAL - Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade. OBJETO: O crime enquanto valor.
AS VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
A noção de “velocidades do Direito Penal” foi idealizada por Jesuás-María Silva Sánchez. Trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal, mais ou menos grave.
 (Á) A 1º a velocidade enfatiza as infrações penais mais graves, punidas com penas privativas de liberdade, exigindo, por este motivo, um procedimento mais demorado, que observa todas as garantias penais e processuais penais.
 (B) Já a 2a velocidade relativiza, flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, em compensação, prevê como consequência jurídica do crime sanção não privativa de liberdade (penas alternativas). ' 
(C) Fala-se ainda na 3a velocidade do Direito Penal, mesclando-se as duas anteriores. Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), permitindo, para determinados crimes (tidos como mais graves), a flexibilização om eliminação de direitos e garantias constitucionais (2a velocidade), caminho para uma rápida punição. O Estado responde de forma intensa (nem sempre sinônimo de justiça) e célere. Essa velocidade está presente na condução do Direito Penal do Inimigo.
FONTES DO DIREITO PENAL
	Quando estudo fontes do direito penal, eu estudo a origem, o lugar de onde vem e como se exterioriza a norma jurídica. É esse o estudo das fontes do direito penal. São duas as espécies de fontes do direito penal:
Fonte MATERIAL – quando se fala em fonte material, a referência que se faz é à fonte de produção. Isto é, o órgão encarregado de criar direito penal, o ente encarregado de criar o direito penal. Qual é esse ente encarregado de criar o direito penal no Brasil? É a União – art. 22 (Compete privativamente à União), I, da CF. Quando a CRFB diz competir a Uniãolegislar sobre Direito Penal, quer dizer que somente a conjugação da vontade do povo, representado pelos seus deputados, com a vontade dos Estados, representados pelos seus senadores, e, ainda com a Sanção do Presidente da República, é que se pode inovar em matéria penal, criando ou revogando, total ou parcialmente as leis penais. O estado é a única fonte de produção do Direito Penal. Contudo, para que possa exteriorizar a sua vontade, deve valer-se de algum instrumento, o qual, in casu, é a LEI. Não obstante, a própria Carta Magna prevê uma exceção, disciplinando a possibilidade dos Estados-membros legislarem sobre questões específicas de direito penal, desde que autorizados por lei complementar (art. 22, pará grafo único, CF/88).
Fonte FORMAL – quando se fala em fontes formais, a referência que se faz é às fontes de revelação, ou seja, a forma de exteriorização do direito penal. Atenção: a fonte material seria a fábrica, a fonte formal, o veículo de revelar o que lá é fabricado. A doutrina clássica divide a fonte formal em:
As fontes formais são tradicionalmente classificadas em:
(A) Imediata: a lei é a única fonte formal imediata do direito penal. 
(B) Mediata: abrange os costumes e os princípios gerais de direito. 
Embora a doutrina tradicional tenha consolidado a classificação acima apresentada, entendemos que este rol exige uma atualização, fomentada, inclusive, pela EC n° 45 (Reforma do Sistema Judiciário Nacional). Essa releitura resulta na complementação do rol de fontes imediatas e na revisão das fontes mediatas. Assim, teremos:
2.1. 	Fonte Formal Imediata – Lei (isso será visto nas próximas aula, onde veremos o princípio da legalidade), Constituição Federal, os Tratados e convenções internacionais de direitos humanos, a jurisprudência.
A lei Lei (com uma observação: única capaz de regular a infração e a sua pena – é exclusiva na criação de crimes e cominação de penas); permanece figurando como fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar infrações penais (crimes e contravenções penais) e cominar sanções (pena ou medida de segurança).
 A Constituição Federal situa-se no rol das fontes imediatas. Muito embora a lei detenha a exclusividade no tocante à criação das infrações penais e das respectivas sanções, não se pode deixar de constatar que a Carta Magna nos revela direito penal, estabelecendo alguns patamares abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir. Esses patamares são verdadeiros mandados de criminalização, porque vinculam o legislador ordinário, reduzindo a sua margem de atuação para obrigá-los a proteger (de forma suficiente/eficiente) certos temas (bens ou interesses). É o que ocorre, por exemplo, com o crime de racismo (art. 5o, XLII, CF/88), crimes hediondos e equiparados (art. 5o, XLIII, CF/S8), ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5o, XLIV, CF/88) e com os crimes ambientais (art. 225, §3°, CF/88)30. Os mandados de crimlmalização são reconhecidos pelo STF:
"A Constituição de 1988 contém um significativo elenco de normas que, em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas (CF, art. 5a, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7o, X; art. 227, § 4 a). Em todas essas normas é possível identificar um mandado de criminalização expresso, tendo em vista os bens e valores envolvidos." (STF - Segunda Turma - HC 104410 - Rei. Min. Gilmar Mendes - DJe 27/03/2012). 
Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos. Um acordo internacional versando sobre direitos humanos, celebrado por escrito entre Estados e regido pelo direito internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, deve obrigatoriamente ser seguido, possuindo caráter vinculante (“hardlaw”), não importando se aprovado pelo Congresso Nacional com quórum de emenda, caso em que o acordo tem status constitucional (art. 5°, §3°, CF/88) ou quórum simples, figurando, então, com o status de norma infraconstitucional, porém supralegal (art. 5°, § 2o, CF/88). Diante desse quadro, os tratados, convenções e regras de direito internacional sobre direitos humanos devem ser encaradas como fonte formal imediata do Direito Penal. Importante esclarecer, no entanto, que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do advento da Lei 12.694/12 (que definiu organização criminosa), o STF manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC n° 96007).
Tratados Internacionais de Direitos Humanos
Com relação aos tratados o alerta é o seguinte: Os tratados internacionais podem entrar no nosso ordenamento com dois status diferentes.
Na pirâmide de Kelsen, a Constituição está no topo e é conformada pela chamada norma fundamental (que ele não conseguiu explicar o que é). Os tratados internacionais de direitos humanos entram no nosso ordenamento jurídico como: Depende:
Se ratificados por quorum especial, entram com status de emenda constitucional – art. 5º, § 3º da CRFB.
Se ratificados por quorum comum, entram com status supralegal, ou seja, superior à lei. Isso significa que a lei tem que obedecer à Constituição e também aos tratados supralegais. RE 466343
 A jurisprudência adquiriu novos contornos e importância no cenário jurídico-penal, passando a ser fonte imediata reveladora de direito. É o que ocorre de forma evidente com as súmulas vinculantes , a exemplo do verbete de n° 24, que disciplina a atipicidade de crime contra a ordem tributária quando pendente o lançamento definitivo do tributo. De outro lado, as decisões jurisprudenciais, ainda que não vinculantes, configuram também fonte formal imediata, a exemplo do que ocorre com o crime continuado (art. 71, CP), cujos contornos atuais dados pelos tribunais limitam a continuidade no tempo (trinta dias entre as infrações) e no espaço (mesma comarca ou comarcas vizinhas). [1: . As súmulas vinculantes podem ser editadas pelo STF, com base no art. 103-A, CF/88, que dispõe: "O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, apôs reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar sú mula que, a partir âe sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional n° 45, de 2004) (Vide Lei n° 11.417, de 2006). 35. Cf. STJ - Quinta Tuima - AgRg no REsp 1244833 - Rei. Ministro Jorge Mussi - DJe 01/02/2012. 36. Cf. STJ - Quinta Turma - HC 206.227 - Rei. Min. Gilson Dipp - DJe 14/10/2011. 52]
Os princípios, que muitas vezes conduzem ã absolvição ou redução de pena, constituem também fonte imediata. Note-se, por exemplo, o efeito que a aplicação do princípio da insignificância tem, na condição de excludente da tipicidade material (vide tópico sobre princípios). 
Por fim, os complementos da norma penal em branco seguem a lei, de modo que se incluem também neste rol de fontes imediatas do Direito Penal.
2.2. 	Fontes Formais Mediatas – Fonte formal mediata Dentro desta moderna perspectiva das fontes do Direito Penal, figura como fonte mediata apenas a doutrina.
	
	FONTES IMEDIATAS
	FONTES MEDIATAS
	FONTES INFORMAIS
	Antes da EC/45
	Lei
	Costumes
Princípios Gerais do Direito
	
	Depois da EC/45
Doutrina Moderna
	Lei
Constituição
Tratados Internacionais de Direitos Humanos
Jurisprudência
	Doutrina
	Costumes
Princípios Gerais do Direito
FONTE INFORMAL DO DIREITO PENAL (COSTUMES) 
Os costumes são comportamentos uniformes e constantes (elementoobjetivo) pela convicção de sua obrigatoriedade (elemento subjetivo). Aparecem como fonte informal do Direito Penal. Ao tratar das fontes do Direito Penal, Aníbal Bruno já ensinava que o costume não se encontra entre elas, tendo em vista estar contido na própria norma, apresentando-se como elemento de interpretação. Todavia, admite o autor a possibilidade de larga aplicação do costume no que tange às normas não atinentes à definição de infrações e de cominação de penas: “Fora das normas estritas de definição de crimes e cominação de sanções, pode-se afirmar a influência do costume. Ele valerá, por exemplo, na extensão de causas de exclusão da antijuridicidade ou da culpabilidade. Em muitos desses casos, o próprio fundamento da justificativa ou dirimente, ou a limitação de sua eficácia, está no costume, na prática uniforme e constante, segundo os interesses e tendências sociais e culturais”. Em forma de perguntas e respostas, vamos explicar o instituto. 
Costumes criam infrações penais? A resposta só pode ser negativa. É absolutamente vedado o costume incriminador. Como vimos, a lei é a única forma de rotular como crime (ou contravenção penal) determinada conduta, obedecendo, inclusive, o princípio da reserva legal. O costume, na ausência de lei (praeter legem), não pode dar vida a novas figuras incriminadoras, embora tenha eficácia em outros setores do direito penal, v.g., atuando como causa supralegal de exclusão da ilicitude ou mesmo da culpabilidade. 
Costumes revogam infrações penais? Vamos partir a resposta de uma infração penal que gera, na prática, essa tormentosa discussão: será que o jogo do bicho permanece contravenção penal? Três correntes divergem sobre a possibilidade (ou não) do costume abolir infração penal (abolicionista): 
1a corrente: admite-se o costume abolicionista, ou revogador da lei. Para esta corrente, embora o costume não tenha o condão de criar crime ou contravenção penal, ele é capaz de revogar a lei nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social, deixando de repercutir negativamente na sociedade. Considera-se, nessas hipóteses, que a ausência de reprovação social corresponde à revogação formal e material da norma penal incriminadora, dispensando-se, inclusive, a edição de lei revogadora por parte do Congresso Nacional. Para esta corrente, jogo do bicho não mais deve ser punido, pois a contravenção foi formal e materialmente abolida pelo costume. 
2 CORRENTE: é inadmissível o costume abolicionista. Entretanto, quando o fato já não é indesejado pelo meio social, a lei não deve ser aplicada pelo Magistrado. Isto significa que a lei, materialmente revogada, depende apenas da revogação formal por outra lei emanada do Congresso Nacional. Até o advento desta lei revogadora, a conduta, apesar de formalmente típica, não deve ser punida, dada a ausência de eficácia social da infração penal. CONCLUSÃO: para os adeptos desta corrente, jogo do bicho, apesar de formalmente contravenção, não serve para punir o autor da conduta, pois materialmente abolida. 
3º CORRENTE: somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista e, enquanto determinada lei estiver em vigor, terá plena eficácia. Esta corrente prevalece, sobretudo, por disposição expressa da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, que dispõe, no seu art. 2o: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. Nessa linha intelectiva, a título de exemplo, não se pode alegar que a venda de CDs e DVDs piratas permite a sobreposição do costume sobre a norma, revogando o artigo 184, §2°, do CP, que incrimina a violação de direitos autorais. Nesse sentido, inclusive, têm decidido o STF39 e o STJ40.CONCLUSÃO: para quem se filia a esta corrente, jogo do bicho permanece infração penal, servindo a lei para punir os contraventores enquanto não revogada por outra lei. 
Qual, então, a FINALIDADE DO COSTUME no ordenamento jurídico-penal?
 Apesar de não possuir o condão de criar ou revogar crimes e sanções, o costume é importantíssimo vetor de interpretação das normas penais. Em outras palavras, é possível o uso do costume segundo a lei (secundum legem), atuando dentro dos limites do tipo penal. Esse costume interpretativo possibilita a adequação do tipo às exigências éticas coletivas, v.g., como ocorre na definição do que seja repouso noturno, expressão constante do artigo 155, §1°, 39. STF - Primeira Turma - HC 98898 - Rei. Min. Ricardo Lewandowsld - DJe 20/04/2010. 
No mesmo sentido, decidiu o Pretório Excelso que o princípio da adequação social não incide sobre a manutenção de casa de prostituição, dada a necessidade de lei para revogação do delito e, portanto, a insuficiência dos costumes para operarem este efeito (STF - Primeira Turma - HC 104467 - Rei. Min. Cármen Lúda - DJe 09/03/2011). 40. STJ - Quinta Turma - HC 150.901 - Rei. Min. Gilson Dipp - DJe 09/03/2011. Neste caso, é evidente a importância do costume, já que, em grandes centros urbanos, o período de descanso será diverso daquele observado em pequenas comunidades do interior.
NORMA PENAL
A proibição e o mandamento que vêm inseridos na lei, são reconhecidos como normas penais, espécies do Gênero norma jurídica que, na definição de Bobbio, são aquelas “cuja execução é garantida por uma sanção externa e institucionalizada”.
Lei Penal – tem um caráter descritivo, descreve as condutas com aplicação de pena.
Norma Penal – por trás da lei penal existe a norma penal que surge para tutelar um bem jurídico. O legislador, então, formula uma norma penal, é aquela que contém uma norma de proibição para proteção dos bens jurídicos ( ex: art. 121 do CP) ou um mandamento (art. 135 do CP). 
Para violar uma norma proibitiva o sujeito deve ter uma AÇÃO POSITIVA, por isso é que é incorreta a afirmação que o “sujeito violou ou infringiu o art. 121”, ele, na verdade, infringiu a norma penal não escrita e implícita (NÃO MATARÁS) que visa a proteção do bem jurídico a VIDA. “Quando um indivíduo comete um crime ele não viola a lei, mas sua norma.”(BINDING)
Para violar uma norma mandamental, o sujeito deve permanecer inerte, deve se OMITIR. Por isso, por trás de um crime omissivo há sempre uma norma penal mandamental. E por trás de um crime de ação, há sempre uma norma penal proibitiva. 
CLASSIFICAÇÃO:
NORMA PENAL INCRIMINADORA – é a proibição ou mandamento contido na lei. É aquela que define um crime e impõe uma sanção. Ex: art. 155 do CP.
NORMA PENAL NÃO INCRIMINADORA – Não definem crime e nem sanção:
Permissivas: é aquela que define as causas de exclusão de ilicitude (permissivas justificantes - art. 23 do CP) e de culpabilidade (permissivas exculpantes - art. 26 ao 28). 
Complementares ou explicativas: complementam ou explicam o conteúdo de uma outra norma penal. Ex: art. 327 do CP – define o que é funcionário público + para sabermos o que é peculato (art. 312) é necessário que saibamos o que é funcionário público, ex: art. 59 do CP fornecem métodos ou princípios gerais para aplicação do direito penal). 
Por fim, a lei penal de extensão ou integrativa é aquela utilizada para viabilizar a tipicidade de alguns fatos, como fazem os artigos 14, II e o artigo 29 do Código Penal - a tentativa e a participação (em sentido estrito) seriam condutas atípicas não fossem tais normas
Outra Classificação:
NORMA PENAL EM BRANCO – OU PRIMARIAMENTE REMETIDAS – É uma norma penal incriminadora cujo conteúdo está incompleto. A leitura do tipo, por si só, não dá certeza da existência do crime, sendo necessário analisar um outro ato normativo para completar a norma. 
NORMA PENAL EM BRANCO em sentido amplo, homogêneas ou de complementação homóloga: quando a norma que complementa seja da mesma fonte legislativa da norma penal em branco. Seu complemento é um ato normativo do poder legislativo ( a lei). Ex: art. 327 (conceito de funcionário público) c/c art. 312 do CP. Ex: art. 237 do CP c/c 1521 do Código Civil ( conceito de impedimentos).NORMA PENAL EM BRANCO em sentido estrito ou heterogênea: São aquelas que encontram o seu complemento em uma fonte legislativa diversa daquela que a editou. Ex: para saber o que é droga, precisamos da Portaria da ANVISA – elaborada pelo Poder Executivo e não pelo Legislativo. Ex: art. 269 do CP – o Ministério da Saúde é quem define as doenças. 
OBS: TIPOS PENAIS ABERTO: é aquele cujo preceito primário também está em aberto e precisa de complementação, porém essa complementação deriva da DOUTRINA e não da lei. Ex: os crimes culposos. 
TIPOS PENAIS IMPERFEITOS: são tipos em que não há uma previsão clara sobre a sanção imposta no crime. Ex: art. 304, o preceito secundário está em aberto. 
ART.304 é exemplo de norma penal em branco no preceito primário e imperfeita no secundário. 
OBS 2: Majoritariamente é aceito que as normas penais em branco não ferem o Princípio da Legalidade pois a conduta proibida está definida em lei e o complemento é um elemento do tipo previsto em lei. 
LEI PENAL:
PRECEITO PRIMÁRIO: hipótese legal ou fática. É a parte que descreve a conduta que por ação ou omissão se realizada levará a aplicação de uma pena. 
PRECEITO SECUNDÁRIO – Consequência ou efeito jurídico. É o setor que tem como função descrever qual é a pena a ser imposta pelo sujeito que realizou a conduta descrita no preceito primário. Há duas espécies de punição: pena privativa de liberdade, restritivas de direito e multa – art. 32 do CP.

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