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LEI PENAL NO ESPAÇO

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LEI PENAL NO ESPAÇO – Art. 5º, do CP – 09 pág.
	O mesmo fato criminoso pode atingir no espaço interesse de vários países igualmente soberanos. Qual país vai aplicar a lei? É isso que vamos estudar agora, quando um crime gera um conflito da lei penal no espaço, onde vários países igualmente soberanos têm interesse em punir aquele fato.
	“Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir o âmbito territorial da aplicação da lei penal brasileira, bem como a forma como o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal.”
	É por isso que temos que estudar lei penal no espaço. Para saber o âmbito territorial da nossa lei. Quando um fato punível atinge os interesses de vários países igualmente soberanos, temos cinco princípios para dirimir a matéria.
1.	Princípios aplicáveis à lei penal no espaço adotados no Brasil 
	Pergunta de concurso!
1º Alerta: O Brasil adotou o Princípio da territorialidade como regra. Art. 5º, do Código Penal: - Aplica-se a lei penal do local do crime, não importando a nacionalidade do agente (princípio da nacionalidade/ ou da personalidade ativa), da vítima (princípio da nacionalidade/ ou da personalidade passiva) ou do bem jurídico (princípio da defesa ou real).�
	“Territorialidade - Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.”
Esse princípio é absoluto ou relativo? Se o art. 5º fosse composto apenas da parte grifada, teríamos que dizer que a territorialidade aqui é aplicada de forma absoluta. Mas como a parte não grifada fala em “sem prejuízo de”, o Brasil adotou o princípio da territorialidade temperada, haja vista que o Estado, mesmo sendo soberano, em determinadas situações, pode abrir mão da aplicação de sua legislação, em virtude de convenções, tratados e regras de direito internacional, tal como previsto no caput deste artigo.
	1º Exemplo: imunidade diplomática – é o caso em que não se aplica a lei brasileira ao crime cometido em território nacional por conta de tratados de direitos internacionais.
	2º Exemplo: EC-45 – Tribunal Penal Internacional (TPI) – é o caso de crime praticado em território nacional e não se aplica a lei brasileira.
São três situações passíveis de ocorrência: 
O crime é cometido no Brasil e lei aplicada é a brasileira (Princípio da territorialidade). 
O crime é cometido no estrangeiro e a lei a ser aplicada é a brasileira (Princípio da extraterritorialidade – art. 7º). 
O concurso vai querer esta hipótese: O crime é cometido no Brasil e a lei aplicada é a estrangeira. A lei estrangeira está entrando no território brasileiro. (Princípio da intraterritorialidade – art. 5º como exceção).
O que é o Princípio da intraterritorialidade? É o Brasil cedendo espaço na sua soberania para aplicação da lei estrangeira. O fato criminoso, apesar de praticado no Brasil, será punido de acordo com a lei estrangeira aplicada pelo seu juiz criminal. Diversamente do que ocorre no Direito Civil, em nenhuma hipótese o juiz criminal brasileiro pode aplicar legislação penal estrangeira. 
“O artigo 5º adotou o princípio da territorialidade excepcionado pelo princípio da intraterritorialidade.” 
É assim que o art. 5º tem que ser lido. O que está grifado é territorialidade, o que está sem grifo é intraterritorialidade.
Em regra, a lei penal brasileira tem o seu espaço delimitado no território nacional. O que é território nacional?
2.	Território Nacional
O que é território nacional? O território nacional é a soma do território (espaço) físico + espaço jurídico ( espaço físico por ficação, por equiparação, por extensão ou território flutuante).
Por território físico – entende-se o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito à soberania do Estado (solo, rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa – 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continente e insular (art. 1º da Lei nº 8.617/93) – e espaço aéreo correspondente (Art. 11 do Código Brasileiro de Aeronáutica: “O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território e mar territorial”.)
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e aeronaves brasileiras (matriculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente em alto-mar (noção de alto-mar: art. 87 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar) ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º, § 1º do CP).
É também aplicável a lei brasileira aos crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial no Brasil (art. 5º, § 2º do CP).
 Veja a delimitação do território nacional aplicada pelo art. 5º, §§ 1º e 2º:
 
“§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.”
Aeronaves ou embarcações BRASILEIRAS: – A preocupação tem que ser com sua natureza: 
Se ela é pública e está a serviço do país – não importa que esteja cheia de argentino ou que esteja sobrevoando a Grécia, se pousou na Alemanha, atracou na Holanda, é extensão do território brasileiro. Acabou. Onde quer que se encontre, é extensão do território brasileiro. Tudo o que for praticado lá dentro, sofre a incidência de nossa lei.
Se ela é mercante ou privada – só é extensão quando em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente ao alto-mar. Se é avião da TAM, só pune a lei brasileira se estiver sobrevoando o alto-mar, senão é a lei estrangeira. Se em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente, aplica-se a lei da bandeira da aeronave ou embarcação. (Seguem a lei da bandeira que ostentam!). É óbvio que se estiverem em território nacional (no Brasil) aplica-se a lei brasileira.
Aeronaves ou embarcações ESTRANGEIRAS: A preocupação, também, tem que ser com sua natureza: 
Quanto aos navios e aeronaves estrangeiros, em território brasileiro, desde que PRIVADOS, são considerados parte de nosso território. 
SE PÚBLICAS - aplica-se a lei da bandeira!!!!
Caso da EMBAIXADA - Embaixada é extensão do território brasileiro lá fora? A embaixada estrangeira aqui é extensão do território deles? NÃO! Embaixada não é extensão do território que representa. O tratado internacional que previa isso não existe mais. A embaixada é inviolável�. Ser inviolável é uma coisa. Ser extensão de território estrangeiro é outra.
É importante observar que o CP não trouxe qualquer regra específica atinente às embaixadas. Assim, a título de exemplo, a embaixada norte-americana no Brasil é território brasileiro e ao crime nela praticado será aplicada a lei penal brasileira – salvo a incidência de convenção, tratado ou regra de direito internacional. 
“§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.” 
 
Há 04 problemas que caem em prova e são sempre os mesmos:
Vamos supor que eu estou em alto mar. A embarcação de natureza privada é brasileira e naufragou. Sobreos destroços dessa embarcação, um italiano mata um argentino. Qual lei será aplicada? A lei brasileira. Os destroços da embarcação continuam ostentando a mesma bandeira.
Alto mar. Embarcação brasileira de natureza privada colide com uma embarcação holandesa também de natureza privada e alto-mar. Com os destroços das duas embarcações constrói-se uma jangada. Um americano mata um argentino. Qual lei será aplicada? A brasileira, a holandesa, a americana ou a argentina? A lei não resolve. Não tem solução legal. Na dúvida, eu aplico a lei da nacionalidade do agente. Isso é uma construção doutrinária porque a lei não resolve. Não adianta buscar solução para este problema na lei.
Costa brasileira. Embarcação colombiana PÚBLICA está atracada no litoral brasileiro. As embarcações públicas são extensões dos seus territórios. O marinheiro colombiano comete um crime na embarcação. Que lei é aplicada? A colombiana. 
O marinheiro colombiano que saiu da embarcação do exemplo anterior pratica crime em solo brasileiro, fora da embarcação. Está sujeito a qual lei? Depende. São duas correntes a disputar o tema:
1º corr – Entende que ele sempre carrega a sua bandeira, por uma questão de jurisdição internacional, como a embarcação era de natureza pública ele estará sempre a serviço de seu país no território brasileiro.
2º corr - O candidato deverá analisar se ele saiu do navio a serviço ou não do seu Estado, pois se está a serviço, carrega a sua bandeira (lei colombiana). Se não está a serviço, deixa a sua bandeira e será punido pela lei brasileira. Isso já caiu em concurso.
	Há tempos atrás parou um navio holandês de natureza PUBLICA abortador na costa brasileira. Na Holanda não é crime. E como lá se aplica a lei holandesa, não é crime. Não tem o que fazer. A polícia brasileira não pode fazer nada porque é a lei holandesa que será aplicada.
3.	O lugar do crime
	Quando se fala da aplicação da lei penal no espaço, o Brasil adotou o princípio da territorialidade – isso significa: em regra, aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos no território nacional.
	O que é território nacional? O território nacional é a soma do território físico + jurídico. Mirabete assevera que, em sentido estrito, o “território abrange o solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo.”
 E quando se considera um crime cometido no território?	
	4.	Teorias sobre o local do crime
	E quando um crime se considera cometido no território? Aqui, há três teorias possíveis:
Teoria da ATIVIDADE – considera-se local do crime o lugar da ação ou da omissão. Lugar do crime = lugar da conduta.
Teoria do RESULTADO – lugar do crime é exatamente o lugar do resultado.
Teoria da UBIQUIDADE (ou MISTA) – para essa teoria, o lugar do crime é tanto o lugar da conduta quanto o lugar do resultado.
	Qual das três teorias o Brasil adotou? A teoria da ubiquidade, ou mista, ou híbrida, no seu art. 6º:
		“Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” 
2º Alerta: Nosso CP adotou a teoria da ubiqüidade conforme o art. 6º do CP!!! E a adoção dessa teoria resolve os problemas apontados pela doutrina, principalmente, no que diz respeito aos crimes de distância. Exemplo: um argentino envia uma carta-bomba para um brasileiro. A carta-bomba chega ao Brasil e explode na mão do brasileiro, causando-lhe a morte. Se adotada no Brasil a teoria da atividade e na Argentina a teoria do resultado, o agente, autor do crime, ficaria impune.
	Se no Brasil ocorreu somente a cogitação ou atos preparatórios, o Brasil não é considerado lugar do crime. Para que o Brasil seja considerado lugar do crime é indispensável o início da execução. O Brasil exige, no mínimo, o início da execução.
CRIMES À DISTÂNCIA (ou de espaço máximo) – o crime percorre territórios de dois Estados Soberanos (Brasil e Argentina, por exemplo). Gera conflito internacional de jurisdição ( qual país aplicará sua lei)? Aplica-se o art. 6º do CP.
CRIMES EM TRÂNSITO – o crime percorre territórios de mais de dois países soberanos (Brasil, Argentina e Uruguai, por exemplo). Gera conflito internacional de jurisdição ( qual país aplicará sua lei)? Aplica-se o art. 6º do CP.
CRIMES PLURILOCAIS - O crime percorre dois ou mais territórios do mesmo país soberano (comarcas de Rio de Janeiro, Niterói e Caxias). Gera conflito internacional de competência (qual comarca aplicará a lei penal do país)? Aplica-se, em regra, o art. 70 do CPP.
4.1.	Passagem Inocente
Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido a bordo de embarcação privada estrangeira de passagem pelo mar territorial brasileiro?
“Na análise do lugar do crime a doutrina e a jurisprudência trabalham com a chamada passagem inocente. Quando um navio estrangeiro passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino (no nosso território não atracará), crimes praticados em seu interior não interessam ao Brasil.”
O tratado que versa sobre a passagem inocente ( Lei nº 8.617/93, art.3º), só se refere a embarcações, não fala de aeronaves, mas a doutrina e a jurisprudência estendem às aeronaves, já que o espírito é o mesmo no que tange a uma aeronave que apenas sobrevoa o território nacional para chegar ao seu destino.
5.	Extraterritorialidade (art. 7º, do CP)
O p. da extraterritorialidade preocupa-se com a aplicação da lei brasileira às infrações penais cometidas além de nossas fronteiras.
Esse assunto trata das hipóteses em que a lei brasileira sai do território nacional para alcançar fatos ocorridos no estrangeiro.
	Vamos estudar o art. 7º :
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:        
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
“b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;” 
	
“c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;”
	
“d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;”
	
“II - os crimes:  
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
	
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.” 
“§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; - não se exige a permanência do agente – trata-se de uma condição de procedibilidade (imprescindível para o inicio da ação penal).
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado – condição objetiva de punibilidade, de modo que sua ausência não impede o processo, mas gera a improcedência da ação penal.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição – há uma perfeita coincidência entre os crimes pelos quais o Brasil autoriza a extradição e os crimes pelos quais o Brasil aplica a lei brasileira - em apartada síntese, os crimes tem que ser punidos com reclusão e a sua pena precisa suplantar 1 ano (art.77 do Estatuto do Estrangeiro – lei nº 6815/80) - condição objetiva de punibilidade,
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena - condição objetiva de punibilidade,
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.- condição objetiva de punibilidade,
 “§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condiçõesprevistas no parágrafo anterior:        
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça.” 
	As hipóteses do inciso I são de extraterritorialidade incondicionada. O inciso II traz hipóteses de extraterritorialidade condicionada aos requisitos do § 2º e as hipóteses do § 3º, a doutrina chama de hipercondicionada (são necessários os requisitos do § 2º mais os requisitos do § 3º).
Na incondicionada, eu vou aplicar a lei brasileira, pouco importa se ele foi processado, absolvido ou condenado no estrangeiro.
Já na territorialidade condicionada e na hipercondicionada, o fato de ele ter sido condenado ou absolvido no estrangeiro já impede a lei brasileira de atuar.
Dispositivos:
Art. 7º, I, a, b, c – Princípio da defesa – Extraterritorialidade incondicionada.
Art. 7º, I, d – P. da justiça universal- Extraterritorialidade incondicionada.�
Art. 7º, II, a - P. da justiça universal- Extraterritorialidade condicionada.
Art. 7º, II, b - P. da nacionalidade ativa- Extraterritorialidade condicionada.
Art. 7º, II, c - P. da representação- Extraterritorialidade condicionada.
Art. 7º, § 3º - P. da nacionalidade passiva- Extraterri//...Hipercondicionada.
	Vamos agora analisar os requisitos do § 2º - indispensáveis para que a lei brasileira saia do território nacional. 
	São requisitos cumulativos: para a lei brasileira ser aplicada, depende do agente entrar no território nacional. Crime cometido por brasileiro no estrangeiro, depende deste brasileiro entrar no território nacional. Entrar no território nacional não se confunde com permanecer no território. Basta colocar o pé aqui que a condição está presente. A letra “a” tem natureza jurídica de condição de procedibilidade. Isso significa que, sem prova de que o agente entrou no território nacional, o juiz não pode receber a denúncia. Não pode haver processo.
	Não basta o brasileiro entrar no território. Para que eu aplique a lei brasileira o fato tem que ser punível também no país onde foi praticado. O brasileiro vai no Afeganistão e casa com 200 mulheres. Aqui no Brasil, o crime é de poligamia. E lá? É crime? Não. Se aqui é crime e lá não é, não dá para processar.
	Não basta o agente entrar no nosso território, não basta que o fato seja punível também no estrangeiro, mas é imprescindível que o crime em questão esteja entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição. Isso significa que o Brasil resolveu coincidir os crimes pelos quais ele autoriza a extradição com os crimes que ele vai alcançar no estrangeiro. Tem gente que lê essa alínea e pensa: “mas o Brasil vai ter todo esse trabalho para extraditar?” Calma! Não significa que o Brasil já esteja pensando na extradição. Significa que o Brasil resolveu coincidir os crimes pelos quais ele autoriza a extradição com os crimes que ele vai alcançar quando praticados no estrangeiro. O rol é o mesmo.
	Para que a lei brasileira saia do nosso território, não basta o agente entrar no território nacional, o fato tem que ser punível também no país em que praticado, este crime tem que estar entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição. E além de tudo, o agente não pode ter sido absolvido no estrangeiro ou ali ter cumprido pena. 	Nas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, eu não estou nem aí para o que aconteceu com ele no estrangeiro. Ele vai cumprir a lei brasileira. Aqui, não. Se ele já foi absolvido e já cumpriu pena, não posso aplicar a lei brasileira.
	Além disso tudo, para que a lei brasileira saia do nosso território, é preciso ainda que o agente não tenha sido perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não tenha sido extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
	Foi dito que a alínea “a” é uma condição de procedibilidade, ou seja, sem ela não pode haver processo. E as outras condições? Qual é a natureza jurídica das quatro alíneas seguintes ( b,c, d, e): a natureza delas é de condição objetiva de punibilidade. O que significa isso? Significa que pode haver processo, mas sem elas, o juiz não pode condenar. Sem prova da condição, o juiz não pode condenar. 
	A hipótese do § 3º, além das condições do §2º, tem que preencher as condições das alíneas “a” e “b” do mesmo parágrafo.
Pegadinha de concurso: Dilma está na Suíça e vai sozinha ao Shopping. Um suíço aborda a Dilma e manda passar o dinheiro. Dilma reage, o suíço mata a Dilma e vai embora. A lei brasileira será aplicada neste caso? Sim. De que modo? Incondicionada, condicionada ou hipercondicionada? Olha o que diz o art. 7º, I, a: crime contra a vida ou liberdade do Presidente da República. Eu pergunto: houve crime contra a vida ou liberdade do Presidente da República? Claro que não. Houve crime contra o patrimônio com resultado morte. E crime contra o patrimônio não está no inciso I, a. Então, o que vamos aplicar? É hipótese de extraterritorialidade hipercondicionada. Crime praticado por estrangeiro contra brasileiro. O art. 7º, I, a, é crime contra a vida e contra a liberdade. Só. Não abrange patrimônio, não abrange honra, não abrange costume. Nada. É vida ou liberdade. Tanto não é crime contra a vida que não vai a júri. Vejamos a Súmula 603, do STF:
	“Súmula 603, do STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri.”
Caso verídico: um brasileiro nos EUA matou um americano. Esse brasileiro, logo após o crime, retorna ao Brasil. Ele entrou no território nacional (presente a condição de procedibilidade), o fato é punível lá também (presente a condição objetiva de punibilidade), esse crime está no rol que os delitos autoriza a extradição (presente a 2ª condição objetiva de punibilidade), ele não foi absolvido e nem foi condenado a cumprir pena, logo presente a 3ª condição objetiva de punibilidade. Ele também não foi perdoado e nem teve extinta a punibilidade. Pronto presente a 4ª condição objetiva de punibilidade. O Brasil pode punir.
	Agora, pergunta-se: de quem é a competência (CURIOSIDADE APENAS): Justiça estadual ou federal? Ou é do tribunal penal internacional? Em regra, a competência é da estadual. Será federal se houver interesse da União, o que não é o caso. Cuidado com isso! Para ser da Justiça Federal, art. 109, da Constituição Federal.
	E qual é o lugar competente para o processo e julgamento? O crime foi cometido nos Estados Unidos. Ele vai ser julgado no Brasil. Onde? Vai ser julgado pela justiça estadual da Capital do Estado onde o agente mora ou morou. E se ele não mora e nunca morou? Aí é a Capital da República. Isso tudo está no art. 88, do CPP:
	“Art. 88.  No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.”
Exceção ao princípio da vedação do bis in idem:
	Na extraterritorialidade condicionada, se ele já cumpriu pena no estrangeiro o Brasil vai puni-lo? Não. E na incondicionada? É perfeitamente possível ele ser processado lá e aqui. Ele ser condenado lá e aí. Isso é exceção ao princípio da vedação do bis in idem. Esse princípio tem três ângulos de análise: 
	1º) o processual – ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato. Reparem que ele está sendo processado lá e aqui.
	2º) Material – ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato. Ele está ou não sendo condenado duas vezes pelo mesmo fato? Está.
	3º) Execucional – ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato. Ele será ou não objeto de duas execuções sobre o mesmo fato? Sim.
	A exceção ao princípio da vedação ao bis in idem está exatamente na extraterritorialidade incondicionada.
	Francisco de Assis Toledo, lendo o art. 8º do Código Penal diz que esse dispositivo não evita o bis in idem. Ele atenua o bis in idem. 
	“Art. 8º - A pena cumprida noestrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.” 
	Este artigo não evita o bis in idem. Não evita dois processos, não evita duas condenações, ele apenas atenua o bis in idem. Como? Se no estrangeiro ele é condenado a uma pena de 10 anos e no Brasil ele é condenado a uma pena de 20 anos, se diz que são penas idênticas. Isso significa que, quando ele chegar ao Brasil depois de cumprir a pena de 10 anos no estrangeiro, ele só terá que cumprir mais dez. Se no estrangeiro ele é condenado a uma pena de multa e no Brasil é condenado a uma pena de 1 ano, tem como abater multa de privativa de liberdade? Não. E como resolve? Fica a critério do juiz a compensação. Fica a critério do juiz dizer quanto de multa terá que abater da pena privativa de liberdade. 
 Trata-se de embarcações não brasileiras!!!!!
� Temos outros princípios: O princípio da justiça penal universal ou da justiça cosmopolita: o agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado, não importando sua nacionalidade, do bem jurídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação de repressão a determinados delitos de alcance transnacional. 
O princípio da representação, do pavilhão, da substituição ou da bandeira: a lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos em arenoves e embarcações privadas, quando praticadas no estrangeiro e aí não sejam julgados. 
� A inviolabilidade das embaixadas decorre da Convenção de Viena de 1965, segundo o qual “Os locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do Estado acreditado não poderão neles penetrar sem o consentimento do Chefe da Missão.” ( art.. 22, 1, Dec. Nº. 54.435/65).
� Há divergência na doutrina sobre o assunto. Fragoso entende que trata-se do P. da defesa (ou real), enquanto que Cléber Masson entende ser o P. da personalidade ou nacionalidade ativa.

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