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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Unidade R9
Aline Meira
Beatriz Camara
Francelia Oliveira
Assistência Social. Visita Documentada
ORGANIZAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS
RIO DE JANEIRO
2016
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Campus R9
Aline Meira
Beatriz Camara
Francelia Oliveira
Assistência Social. Visita Documentada
Atividade estruturada da disciplina Organização e Políticas Públicas, Profa. Anelise Lusser.
RIO DE JANEIRO
2016
Apresentação
Analisamos o campo de atuação profissional e seus desafios contemporâneos, verificando se a atuação do Psicólogo nas políticas públicas é coerente. 
Relatório
A história do Lar Maria de Lourdes começou 1998, quando a casa Deolindo Couto, que funcionava na Tijuca, fechou suas portas deixando desamparadas as crianças que dependiam da unidade para morar e receber cuidados básicos. Hoje conta com duas unidades, pertencentes à mesma ONG, localizadas bem próximas uma da outra. Uma unidade é responsável pelos menores de idade, que são transferidos para o abrigo dos maiores ao completar 18 anos.
Os menores chegam ao abrigo por despacho da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso e nele permanecem enquanto a justiça, a psicóloga e a assistente social da instituição, estas em mediação jurídica, acompanham os familiares responsáveis pelo seu cuidado. 
A equipe de trabalho é multidisciplinar constituída por uma psicóloga, duas assistentes sociais, um médico, enfermeira, nutricionista e fisioterapeuta, sendo exigida judicialmente a presença da psicóloga ou da assistente social no abrigo, que está sujeito à multa caso a norma seja descumprida. Também são necessários cuidadores para o atendimento das necessidades básicas dos menores, cozinheiros e auxiliares de serviços gerais. 
Elas atuam com o objetivo de reinserir o menor na família a partir da recuperação dos vínculos familiares que foram rompidos. O prazo limite para a reintegração é de 3 anos, o qual, pela falta de políticas públicas e de investimento do estado, pode ser estendido a até 5 anos, após os quais se torna inviável o retorno a família, segundo a Psicóloga, que nos concedeu uma entrevista.
O retorno do menor à família é determinado em juizo a partir da avaliação de laudo emitido pela psicóloga em que constam tanto as informações sobre o desenvolvimento do menor quanto a progressão do acompanhamento da família pela instituição. Apesar da determinação judicial emitida, há reincidência dos familiares que não assumem o cuidado do menor, deixando-o exclusivamente por conta da instituição. Mesmo com a criança abrigada, algumas famílias recebem o BPC, Benefício de Proteção Continuada, e não repassam o valor para o abrigo. 
Segundo a psicóloga, o Lar é uma extensão do Estado, para a qual ele transfere o seu dever de protetor de direitos e, ao mesmo tempo, cobra severamente para que todas as necessidades sejam atendidas. O Lar não pode se recusar a receber uma criança caso a mesma seja indicada pela Justiça. 
O Lar Maria de Lourdes está destinado ao acolhimento de crianças e adolescentes especiais (a maior parte com encefalopatia, este é o nome genérico dado para qualquer alteração patológica com sinais inflamatórios relacionados ao encéfalo) afastados da família de origem por ordem judicial. 
O papel da psicologia na instituição de acolhimento vai além da avaliação do estado físico e emocional do acolhido, sendo essencialmente também um trabalho voltado para o todo, ou seja, o trabalho do psicólogo é agrupado em quatro tópicos: atividades com as crianças, com a família, com a equipe técnica do abrigo e responder todas as solicitações relacionadas à justiça. 
Para as crianças, o psicólogo utiliza atividades lúdicas, dinâmicas que possibilitem a expressão e o autoconhecimento. 
Quanto à família, o trabalho do psicólogo é feito através de visitas, as causas de estes sujeitos estarem sendo abrigados e cuidado por uma instituição refere-se a uma situação de risco encontrada nos meio onde eles vivem. A decorrência desses fatos se relaciona com a existência de uma vulnerabilidade social, conceito sociológico que define grupos e locais que se encontram dentro de uma sociedade nos quais não são evidenciados os benefícios e direitos que todos deveriam ter diante de um mundo civilizado. 
A atuação da Psicóloga na assistência do abrigo em questão envolve ações psicoeducativas de apoio, laudos, mediação jurídica com as famílias, tentativa de retomar os vínculos entre outras demandas. 
A questão política, pedagógica, inclusiva e de saúde é dever do Estado e apesar de discussões, ainda encontram-se muitas instituições criadas pela sociedade civil preocupadas com a situação da vulnerabilidade e do futuro destas crianças. A execução da assistência social pelo Lar Maria de Lourdes reproduz a configuração das políticas públicas da Assistência Social brasileira, na qual o Estado não assume as políticas e decai em parcerias público-privadas com instituições filantrópicas que executam por ele.