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III[1]. Princípios Fundamentais do Direito Penal

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3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL
3.1 Da legalidade ou da reserva legal
3.2 Da dignidade da pessoa humana
3.3 Da culpabilidade
3.4 Da exclusiva proteção de bens jurídicos
3.5 Da intervenção mínima e da fragmentaridade
3.6 Da pessoalidade e da individuação da pena
3.7 Da proporcionalidade
3.8 Da humanidade
3.9 Da adequação social
3.10 Da insignificância
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
O princípio da LEGALIDADE vem esculpido no inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal, que diz: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal “- redação que pouco difere do art. 1º do CP.
É o Princípio mais importante do direito penal;
Origina-se na Magna Carta Inglesa de João sem Terra, em 1215;
Foi previsto expressamente em todos os códigos penais, desde o código criminal do império, em 1830; 
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
Atribui-se a formulação latina do Princípio da Reserva legal- nullum crimen, nulla poena sine praevia lege- a Anselmo Von FEUERBACH, em seu tratado de Direito Penal, que veio à lume em 1801;
Contudo, na primeira parte do art. 7º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 já se afirmava: “Ninguém pode ser acusado, detido ou preso, senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por ela prescritas.”
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
FUNÇÕES DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
1) Proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia);
O inciso XL do art. 5º da CF, em reforço ao princípio da legalidade, diz que “a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu “ – IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL.
2) Proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
- Só a lei pode criar crimes e penas. A lei é a fonte imediata do direito penal.
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
3) Proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar o agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta);
- Se o fato não foi previsto expressamente pelo legislador, não pode o intérprete socorrer-se da analogia a fim de tentar abranger fatos similares aos legislados em prejuízo do agente. 
4) Proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa):
- No preceito primário do tipo penal incriminador deve haver uma definição precisa da conduta proibida.
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
LEGALIDADE FORMAL E LEGALIDADE MATERIAL
 
 Legalidade formal: obediência aos trâmites procedimentais previstos pela constituição para que determinado diploma legal possa vir a fazer parte de nosso ordenamento jurídico.
 Legalidade Material: Respeito ao seu conteúdo, suas proibições e imposições para a garantia de nossos direitos fundamentais por ela previstos. (Princípio da Estrita legalidade – Ferrajoli).
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
VIGÊNCIA E VALIDADE DA LEI
 O conceito de VIGÊNCIA da lei penal estaria para a legalidade formal, assim como o conceito de VALIDADE estaria para a legalidade material;
 “Num ordenamento jurídico dotado de Constituição rígida, para que uma norma seja válida ademais de vigente não basta que haja sido emanada com as formas predispostas para sua produção, senão que também é necessário que seus conteúdos substancias respeitem os princípios e os direitos fundamentais estabelecidos pela Constituição” - Ferrajoli
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
MEDIDAS PROVISÓRIAS REGULANDO MATÉRIAS PENAIS
 Somente por intermédio de lei ordinária, portanto, em obediência aos princípios da legalidade e da separação dos poderes, é que se pode legislar sobre matéria penal;
 
 Art. 62, § 1º, I, “b” da Constituição Federal (veda a edição de MP sobre direito penal).- Alteração feita pela EC 32.
 Algumas opiniões doutrinárias admitem que evental MP que verse sobre direito penal possa beneficiar o réu.
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
DIFERENÇA ENTRE O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E O PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL
 
 Alguns autores, a exemplo de FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS, procuram levar efeito uma distinção entre o princípio da legalidade e o da reserva legal.
 A referência ao princípio da legalidade permitiria a adoção de quaisquer dos diplomas elencados no art. 59 da CF/88, enquanto que o da reserva legal estaria limitado à criação legislativa, em matéria penal, somente às leis ordinárias, que é a regra geral, e às leis complementares. 
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PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
 O texto constitucional diz que a dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil, importa concluir que o Estado existe em função de todas as pessoas e não estas em função do Estado. Aliás, de maneira pioneira, o legislador constituinte, para reforçar a idéia anterior, colocou, topograficamente, o capítulo dos direitos fundamentais antes da organização do Estado.
    Assim, toda e qualquer ação do ente estatal deve ser avaliada, sob pena de inconstitucional e de violar a dignidade da pessoa humana, considerando se cada pessoa é tomada como fim em si mesmo ou como instrumento, como meio para outros objetivos. 
           
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PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
 O princípio da dignidade da pessoa humana segundo L. ROBERTO BARROSO:
 “identifica um espaço de integridade moral a ser assegurado a todas as pessoas por sua só existência no mundo... O desrespeito a este princípio terá sido um dos estigmas do século que se encerrou e a luta por sua afirmação um símbolo do novo tempo. Ele representa a superação da intolerância, da discriminação, da exclusão social, da violência, da incapacidade de aceitar o outro, o diferente, na plenitude de sua liberdade de ser, pensar e criar.”            
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PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Culpabilidade diz respeito ao juízo de reprovabilidade que se faz sobre a conduta típica e ilícita do agente.
O princípio da Culpabilidade possui três sentidos fundamentais:
Como elemento integrante do conceito analítico de crime (a terceira característica do conceito de crime);
Como princípio mediador da pena (deverá o julgador, após a condenação, encontrar a pena correspondente à infração penal); 
Como princípio impedidor da responsabilidade penal objetiva (é preciso que o agente tenha agido com culpa.  
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PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DE BENS JURÍDICOS
Segundo JESCHECK (1993, p. 01) "a missão do Direito Penal é a proteção da convivência humana na comunidade." e, nesse contexto a proteção restringe-se tão somente a certos bens jurídicos. Encontramos em MIR PUIG (1998, p. 92) a tradução do princípio de exclusiva proteção de bens jurídicos, segundo o qual o "Estado social e democrático de Direito só deverá amparar como bens jurídicos condições da vida social, na medida em que afetem as possibilidades de participação de indivíduos no sistema social. E para que os ditos bens jurídicos mereçam ser protegidos penalmente e considerarem-se bens jurídicos penais, será preciso que tenham importância fundamental." 
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PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
De acordo com este princípio, o Direito Penal só deve preocupar-se com os bens mais importantes e necessários à vida em sociedade.
O princípio da intervenção mínima, ou ultima ratio, é o responsável pela indicação dos bens de maior relevo que merecem a especial atenção do Direito Penal, mas se presta, também, a fazer com que ocorra a chamada descriminalização (retirada do ordenamento de certos típos incriminadores).
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PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
De toda a gama de ações proibidas e bens jurídicos protegidos pelo ordenamento, o direito penal só se ocupa de uma parte, fragmentos, se bem que dá maior importância.
Segundo Muñoz Conde, este caráter fragmentario do direito penal aparece sob um tríplice
forma nas atuais legislações: 
Defendendo o bem jurídico somente contra ataques de especial gravidade;
Tipificando somente uma parte do que nos demais ramos do ordenamento jurídico se estima como antijurídico;
Deixando, em princípio, sem castigo as ações meramente imorais, como a homossexualidade e a mentira.
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PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE
Também chamado de Princípio da Responsabilidade Pessoal ou Intranscedência- Art. 5º, XLV da CF.
Somente o condenado é que terá de se submeter á sanção (responsabilidade penal) que lhe foi aplicada pelo Estado;
Se estivermos diante de uma responsabilidade não- penal, a obrigação de reparar o dano, por exemplo, nada impede que, no caso de morte do condenado e tendo havido a transferência de seus bens aos seus sucessores, estes respondam até as forças da herança.
A pena de MULTA é penal.
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PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
A constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso XLVI, preconiza:
“a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
Privação ou restrição da liberdade;
Perda de bens;
Multa;
Prestação social alternativa;
Suspensão ou interdição de direitos.
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PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
Fase da cominação da pena;
Fase da aplicação da pena (arts. 59 e seguintes do CP);
Fase da execução da pena (art. 5º da lei n.º 7210/84- Lei de Execução Penal), “os condenados serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da pena.”
A individualização da pena e a lei 8.072/90 (lei de crimes hediondos)
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PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
“ O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem que alguém pode ser privado (gravidade da pena)”- Alberto Silva Franco;
Embora não tenha sido adotado expressamente na CF, tal princípio se dessume de outros que passaram a integrar o texto de nossa Constituição, a exemplo do princípio da individualização de pena.
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PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Como diz Luis Luisi, a consagração do princípio da humanidade no direito penal moderno, vem das idéias do Iluminismo, quando o os direitos humanos passaram a integrar o instrumento jurídico do pacto social – as constituições. 
O princípio da humanidade deriva da própria Constituição Federal. Ele pode ser deduzido pela proibição da pena de morte, perpétua, de banimento, de trabalhos forçados e cruéis (art. 5º, XLVII, da constituição Federal);
O princípio da humanidade – afirma Cezar Roberto Bitencourt - é que “nenhuma pena privativa de liberdade pode ter uma finalidade que atente contra a incolumidade da pessoa como ser social”.
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PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Já dizia Zaffaroni, que o “princípio da humanidade é o que dita a
inconstitucionalidade de qualquer pena ou conseqüência do delito que crie um impedimento físico permanente (morte, amputação, castração ou esterilização, intervenção neurológica etc)”
Observa-se que a idéia central do princípio da humanidade está em que o Estado não pode aplicar sanção que atinja a dignidade da pessoa humana ou que lese a constituição fisicopsíquica dos condenados. Entre os principais pontos do princípio em tela, encontra-se a proibição de penas cruéis e infamantes e a proibição de tortura e maus- tratos etc. Também, traz a idéia de buscar formas para reeducar e reinserir aquele que pratica um delito ou cumpre uma sanção à sociedade.
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PRINCÍPIO DA 
ADEQUAÇÃO SOCIAL
Apesar de uma conduta se subsumir ao modela legal, não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida;
Possui duas funções:
Restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo as condutas consideradas aceitas pela sociedade;
Fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade.
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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
O Princípio da Insignificância, introduzido por CLAUS ROXIN, tem por finalidade auxiliar o intérprete quando da análise do tipo penal, para fazer excluir do âmbito de incidência da lei, aquelas situações consideradas como de BAGATELA. 
Ao realizar o trabalho de redação do tipo penal, o legislador apenas tem em mente os prejuízos relevantes que o comportamento incriminado possa causar à ordem jurídica e social. Todavia, não dispõe de meios para evitar que também sejam alcançados os casos mais leves. O princípio da insignificância surge justamente para evitar situações dessa espécie, atuando como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.

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