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Ação Cautelar

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AÇÃO CAUTELAR. INSCRIÇÃO NO CADIN. NÃO COMPROVAÇÃO DO PERICULUM IN MORA. NECESSIDADE DE CONTRADITÓRIO. LIMINAR INDEFERIDA.
Decisão: Cuida-se de Ação Cautelar, proposta pelo Estado do Piauí em face da União, onde se requer a concessão de medida cautelar initio litis et inaudita altera pars, determinando à requerida que não promova à inserção ou, se já houver inserido, que proceda à baixa do nome do requerente no CADIN ou em qualquer outro cadastro de inadimplentes de responsabilidade da requerida, em virtude do Convênio 994/2000, vedando a União de exigir, para transferências voluntárias de recursos para essa unidade federativa, prova de regularidade do convênio citado na exordial
Narra o requerente que encontra-se na iminência de ser inserido no CADIN – Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal, em razão de pendência atinente ao cumprimento do Convênio nº 994/2000, firmado entre o Estado do Piauí, por sua então Secretaria de Obras e Serviços Públicos, e a Secretaria Executiva do Ministério da Integração Nacional, objetivando a construção da Barragem de Castelo, no município de Castelo do Piauí.
Segundo alega o requerente, a sua inscrição no CADIN impedirá que participe de novos Convênios e Acordos de Cooperação com a União, como também que receba desse ente federativo novos recursos provenientes de transferências voluntárias, excetuadas as verbas destinadas à assistência social, saúde e educação, nos termos da Lei Complementar nº 101/2000. Estaria configurado, de acordo com sua argumentação, o periculum in mora.
Afirma, ainda, que o art. 5º, § 2º, da Instrução Normativa STN nº 01, de 15/01/1997, que regulamenta os convênios e acordos de cooperação da União, ao asseverar que a suspensão da inadimplência somente ocorre nos casos em que os gestores faltosos não se encontram mais à frente da administração pública do órgão convenente e quando ocorre a instauração de Tomada de Contas Especial contra aqueles, agasalha a pretensão do Estado do Piauí, pois (i) o gestor que firmou o mencionado contrato de repasse e que recebeu os respectivos recursos administrando o Piauí, Sr. José Roncalli Costa Paulo, não se encontraria mais nos quadros da Administração Pública Estadual; e (ii) a União Federal, por meio de sua Corte de Contas, já teria procedido à instauração da referida Tomada de Contas Especial (TC 014.519/2003-6).
“Instrução Normativa STN nº 01, de 15 de janeiro de 1997 – Art. 5º (…) § 1º. Para os efeitos do item I, deste artigo, consideram-se em situação de inadimplência, devendo o órgão concedente proceder à inscrição no cadastro de inadimplentes do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI e no Cadastro Informativo – CADIN, o convenente que:
I – não apresentar a prestação de contas, final ou parcial, dos recursos recebidos, nos prazos estipulados por essa instrução normativa;
II – não tiver a sua prestação de contas aprovada pelo concedente por qualquer fato que resulte em prejuízo ao erário.
III – estiver em débito junto a órgão ou entidade, da Administração Pública, pertinente a obrigações fiscais ou a contribuições legais.
§ 2º. Nas hipóteses dos incisos I e II do parágrafo anterior, a entidade, se tiver outro administrador que não o faltoso, e uma vez comprovada a instauração da devida tomada de contas especial, com imediata inscrição, pela unidade de contabilidade analítica, do potencial responsável em conta de ativo “Diversos Responsáveis”, poderá ser liberada para receber novas transferências, mediante suspensão da inadimplência por ato expresso do ordenador de despesas do órgão concedente.”
Registra o requerente que o Convênio 994/2000 foi firmado no ano de 2000, período em que a Secretaria de Obras e Serviços Públicos, hoje transformada na Secretaria de Infraestrutura, tinha como Secretário o Sr. José Roncalli Costa Paulo, o qual já deixou o cargo. Pondera que não é razoável culpar única e exclusivamente o Estado do Piauí pela má atuação de um ex-gestor, porquanto tal responsabilização significa na prática aplicar uma punição à sua pobre população; entende que deve o gestor público à época ser individualmente responsabilizado pelo débito decorrente da irregularidade ora analisada. Invoca, nesse diapasão, o princípio da intranscendência subjetiva das medidas restritivas de direito, segundo o qual as consequências da medida punitiva devem recair sobre a esfera jurídica do infrator.
Em anexo, o requerente junta cópia do acórdão nº 5343/2011 da 1ª Câmara do Tribunal de Contas da União que, no bojo de tomada de contas especial, julgou irregulares as contas de José Roncalli Costa Paulo e do Estado do Piauí, condenando-os a ressarcir aos cofres do Tesouro Nacional, solidariamente, as quantias de R$ 14.793,22 e R$ 22.206,78, abatidas as parcelas já satisfeitas.
É o relatório. Passo a decidir.
A garantia do contraditório no processo civil, que é a regra que decorre do sistema constitucional (CF, art. 5º, LV), impõe a oitiva, sempre que possível, da parte contrária, de modo a que os elementos da cognição judicial não fiquem a depender apenas do cenário unilateralmente narrado pelo requerente. Não há como se evitar, com efeito, que por detrás da singeleza da argumentação do requerente possa se esconder aspecto de fundamental importância para a solução do conflito, que somente a bilateralidade das postulações contrapostas é capaz de trazer a lume.
O requerente não apontou, na exordial, quais seriam as exigências da União para evitar a inclusão do Estado do Piauí no CADIN, nem comprovou o periculum in mora por ele descrito.
Cite-se a ré, para apresentar defesa no prazo legal, após o que apreciarei o pedido de tutela de urgência.
Publique-se.
Brasília, 06 de outubro de 2011.
Ministro Luiz Fux
Relator
Documento assinado digitalmente

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