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AULA 8 - DIREITO DAS SUCESSÕES
O conceito de codicilos e seu objeto, requisitos e espécies
Codicilos (testamento-anão)
O codicilo, assim como o testamento, é ato de última vontade, porém trata da disposição de bens de pequeno valor ou apenas de valor sentimental. A palavra é de origem latina e, em Roma, era utilizada com o significado de um pequeno testamento. É um instituto pouco usado na prática, sendo o Brasil, um dos últimos países a admiti-lo. O codicilo ou pequeno escrito constitui uma disposição testamentária de pequena monta ou extensão.
Vejamos a definição de Codicilos segundo alguns autores:
Carlos Maximiliano
“É um ato de última vontade, que dispõe sobre assuntos de pouca importância, despesas e dádivas de pequeno valor” (Direito..., 1952, v. I, p. 557). Relata o clássico que o instituto tem origem do costume “de escreverem os hereditandos, após fazer o testamento, um ou mais bilhetes aos herdeiros instituídos, ordenando-lhes várias liberalidades, fazendo advertências e recomendações. A princípio eram atendidos espontaneamente; não se atribuía a esses papéis autoridade compulsória. Assim aconteceu até o reinado de Augusto, em Roma”. (MAXIMILIANO, Carlos. Direito.)
Orozimbo Nonato
“Em nosso Direito vigente perdeu o codicilo feição de testamento menos solene, para tornar-se apenas, numa declaração hológrafa, de efeitos e objeto limitados, escrito, datado e assinado por pessoa capaz de testar”
Orlando Gomes
O codicilo é um pequeno testamento que se tornou obsoleto, assumindo a forma hológrafa e com conteúdo bem restrito.
Caio Mário da Silva Pereira
A expressão, etimologicamente, traz a ideia romana de um diminutivo de códex, um pequeno código, sem as características complexas do ato testamentário. (INSTITUIÇÕES..., 2012, v. VI, p. 232)
Paulo Lôbo
O codicilo “é o escrito particular singelo, sem as formalidades exigíveis para os testamentos, que pode ser utilizado para disposições de última vontade de fins não econômicos ou de fins econômicos de pequena monta”. (DIREITO..., 2013, p. 236)
Zeno Veloso
Apesar de se parecerem, o codicilo é “muito menos que o testamento. Não é um testamento menos solene, como acontecia no regime das Ordenações (Livro IV, Título 86). Trata-se, por sinal, de figura em extinção no tempo da promulgação do Código Civil de 1916” (CÓDIGO..., 2012, p. 2.113).
Flávio Tartuce
O codicilo é um ato particular de última vontade simplificado e de expressão não considerável, para o qual a lei não exige maiores solenidades, em razão de ser o seu objeto de menor importância tanto para o falecido quanto para os seus herdeiros. (TARTUCE, 2017, p. 421)
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
Por meio de codicilo, é viável também fazer o perdão do herdeiro indigno (art. 1.818 do CC). Nesse último caso, fica em xeque a afirmação de que o codicilo tem pouca expressão, inclusive patrimonial, pois o perdão do indigno pode gerar uma atribuição de bens considerável da herança, pela via indireta ou oblíqua.
Apesar dessa conclusão, advirta-se, o codicilo continua sendo possível em casos tais, pelos exatos termos da lei.
Atenção
Cabe esclarecer que a análise do que sejam bens de pequeno valor no conteúdo codicilar deve ser feita caso a caso, de acordo com o montante dos bens do espólio, segundo aponta a grande maioria da doutrina (DINIZ, Maria Helena. Curso..., 2013, v. 6, p. 343; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Direito..., 2012, p. 304; VELOSO, Zeno. Código..., 2012, p. 2.113)
O codicilo poderá ser ato autônomo, pois terá validade independente do falecido ter ou não deixado testamento
Revogação do Codicilo
O codicilo poderá ser revogado expressa ou tacitamente.
Revogação Expressa - Quando outro codicilo ou testamento menciona expressamente a intenção de revogá-lo.
Revogação Tácita - Quando feito testamento posterior que não o confirme ou o modifique.
Art. 1.884. Os atos previstos nos artigos antecedentes revogam-se por atos iguais, e consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza, este os não confirmar ou modificar.
O codicilo, portanto, poderá ser revogado por testamento posterior ou por novo codicilo. Mas, porém, nem sempre o codicilo posterior revoga o anterior, poderá apenas completá-lo. O codicilo posterior somente revoga o primeiro se tiver disposição expressa nesse sentido ou tiver cláusula incompatível.
Existe divergência doutrinária a respeito da possibilidade do testamento ser revogado por um codicilo, no que tange à disposição de bens de pequeno valor. Parte da doutrina, encabeçada por Zeno Veloso (2003), entende que seria possível, porém a doutrina majoritária liderada por Pontes de Miranda, entende que codicilo, por ser ato menos solene não teria capacidade de revogar um testamento.
Os legados. Efeitos e regras de pagamento. As causas de caducidade dos legados e seus efeitos.
Legados:
Devemos observar algumas regras especificas como:
Art. 1.912
É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão.” Dessa forma, se antes da abertura da sucessão a coisa legada não pertencer mais ao testador por ter sido alienada ou perdida, o testamento, quanto a essa disposição, não produzirá efeitos.
Artigo 1.913
Se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário entregue coisa de sua propriedade a outrem, não o cumprindo ele, entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.” Para ser considerado aceito o legado, o sucessor deverá cumprir a condição estabelecida em testamento.
Art. 1.914
Se tão somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.
Artigo 1.915
Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.
Espécies de legado
Legado de coisa genérica ou de bens fungíveis: o testador pode legar bens que possam ser substituídos por outros.
Legado de coisa ou quantidade individualizada ou localizada: o testador poderá informar localização de coisa deixada em legado.
Art. 1.916. Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente.
Legado de crédito (legatum nominis) ou de quitação de dívida (legatum liberationis):
Art. 1.918. O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.
§ 1º Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o título respectivo.
§ 2º Este legado não compreende as dívidas posteriores à data do testamento.
Art. 1.919. Não o declarando expressamente o testador, não se reputará compensação da sua dívida o legado que ele faça ao credor.
Parágrafo único. Subsistirá integralmente o legado, se a dívida lhe foi posterior, e o testador a solveu antes de morrer.
Legado de material genético: relacionado à doação de órgãos.
Legado de dinheiro: quantia certa, não quinhão hereditário.
PURO E SIMPLES
Confere ao legatário a propriedade da coisa legada desde a abertura da sucessão, mas não lhe confere de pronto a posse, dependendo esta de requerimento do testador.
CONDICIONAL
Confere o legado, desde que ocorra o implemento de uma condição suspensiva pelo legatário.
A TERMO
Aguarda o implemento de um termo para que seja conferida a propriedade do legado.
Art. 1.924. O direito de pedir o legado não se exercerá, enquanto se litigue sobre a validade do testamento,e, nos legados condicionais, ou a prazo, enquanto esteja pendente a condição ou o prazo não se vença.
MODAL OU COM ENCARGO
Se o legatário não cumprir o ônus estabelecido, poderá ser revogada a propriedade.
Art. 1.938. Nos legados com encargo, aplica-se ao legatário o disposto neste Código quanto às doações de igual natureza.
LEGADO EM PRESTAÇÕES PERIÓDICAS
Equivale a uma constituição de renda.
Art. 1.926. Se o legado consistir em renda vitalícia ou pensão periódica, esta ou aquela correrá da morte do testador.
Art. 1.927. Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas, datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do termo dele.
Art. 1.928. Sendo periódicas as prestações, só no termo de cada período se poderão exigir.
Parágrafo único. Se as prestações forem deixadas a título de alimentos, pagar-se-ão no começo de cada período, sempre que outra coisa não tenha disposto o testador.
LEGADO ALTERNATIVO
O herdeiro escolhe o que seria objeto do legado.
Art. 1.932. No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção
FRUTOS DA COISA LEGADA
Os frutos pertencem ao legatário desde o momento da abertura da sucessão.
Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva.
§ 1º Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria.
§ 2º O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos que produzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial.
As regras de interpretação dos testamentos. As cláusulas restritivas de incomunicabilidade, impenhorabilidade e inalienabilidade.
Interpretação dos testamentos
Como visto, o testamento constitui um negócio jurídico diferenciado, sui generis e especial, com regras específicas em livro próprio da codificação privada, dedicado ao Direito das Sucessões. Sendo assim, o testamento possui preceitos específicos também a respeito do seu conteúdo e de sua interpretação no Código Civil, de 2002, normas essas que estão reunidas em tópico próprio da codificação intitulado “Das Disposições Testamentárias”.
Na linha das palavras de Carlos Alberto Dabus Maluf e Adriana Caldas Dabus Maluf:
O testamento, como espécie de negócio jurídico unilateral considera as regras de interpretação comum a todos os negócios jurídicos, mas também, possui regras próprias interpretativas:
1 – Ao se interpretar um negócio jurídico deve-se considerar a vontade real do sujeito, não a vontade exteriorizada;
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
2 – Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia deverão ser interpretados restritivamente, isto é, o juiz não poderá dar a esses atos negociais interpretação ampliativa, devendo limitar-se, unicamente, aos contornos traçados pelos contraentes, vedada a interpretação com dados alheios ao seu texto.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
3 – Nos testamentos presume-se que o prazo é estabelecido em favor do herdeiro. Se, porventura, houver prazo para a entrega de um legado, haverá presunção de que tal prazo foi fixado em favor do herdeiro obrigado a pagá-lo e não do legatário. O mesmo se diga relativamente aos prazos para a satisfação de encargo. Logo, nada obsta a que o herdeiro pegue o legado ou cumpra o encargo antes do vencimento do prazo.
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
4 – A nomeação de herdeiro — a título universal —, ou legatário — a título singular —, pode fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para certo fim ou modo, ou por certo motivo. (art. 1.897 do CC)
5 – Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. (art. 1.899 do CC)
6 – Algumas cláusulas inseridas no testamento são consideradas nulas de pleno direito, por incompatibilidade com o ato de última vontade, por diversas razões. (art. 1.900 do CC)
7 – Algumas cláusulas testamentárias são permitidas pelo sistema sucessório nacional. (art. 1.901 do CC)
8 – A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos ali situados. (art. 1.902 do CC)
9 – A disposição geral em favor dos pobres, dos estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos estabelecimentos ali situados. (art. 1.902 do CC)
10 – O erro na designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da coisa legada anula a disposição, em regra. (art. 1.903 do CC)
11 – Se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar a parte de cada um, partilhar-se-á por igual, entre todos, a porção disponível do testador. (art. 1.904 do CC)
12 – Se o testador nomear certos herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados. (art. 1.905 do CC)
13 – Se forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e se tais quotas não absorverem toda a herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem da vocação hereditária. (art. 1.906 do CC)
14 – Se forem determinados os quinhões de alguns herdeiros, mas não os de outros, o que restar da herança será distribuído por igual aos últimos, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros. (art. 1.907 do CC)
15 – Dispondo o testador que não caiba ao herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos. (art. 1.908 do CC)
16 – São anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. (art. 1.909 do CC)
17 – A ineficácia de uma disposição testamentária importa a das outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador. (art. 1.910 do CC)
São exemplos de regras fixadas pela doutrina e jurisprudência:
Das cláusulas restritivas no testamento: inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade
O cálculo da legítima deve ser feito sobre o ativo da herança, ou seja, sobre a herança líquida conforme regras estabelecidas no art.1.847, CC:
a) Os bens existentes no patrimônio do de cujus à data da sua morte;
b) As dívidas ou passivo do de cujus;
c) As despesas do funeral (art. 1.998, CC);
d) O valor dos bens sujeitos à colação.
Art. 1.847. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação.
Regra
O direito a herança é constitucionalmente garantido
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXX - é garantido o direito de herança.
Exceção
A inserção de cláusulas restritivas no testamento.
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
§ 1º Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa.
§ 2º Mediante autorização judicial e havendojusta causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros.
Cláusulas Restritivas
As que limitam o exercício de direito de propriedade do herdeiro. A colocação de uma delas já engloba as demais.
Súmula 49, STJ “a cláusula de inalienabilidade inclui a incomunicabilidade de bens”.
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conveniência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.
INALIENABILIDADE
Trata-se de restrição que impede o herdeiro de alienar o quinhão que recebeu. Imposta a cláusula de inalienabilidade, o herdeiro recebe o domínio limitado da herança. Tem ele a prerrogativa de usá-la, gozá-la e reivindicá-la, mas falta-lhe o direito de dela dispor. O principal efeito da cláusula de inalienabilidade é restringir a faculdade de disposição do bem gravado por seu titular. (DIAS, 2011, p. 288)
De início, a cláusula de inalienabilidade veda a alienação ou transmissão do bem clausulado, seja de forma gratuita ou onerosa. Quebra-se com a regra geral de sua transmissibilidade ou alienabilidade, passando este a ser um bem inconsumível juridicamente, conforme a segunda parte do art. 86 do Código Civil em vigor.
A vedação atinge atos como a venda, a doação, a dação em pagamento, a transação, a hipoteca, o penhor, a anticrese, a alienação fiduciária em garantia, entre outros negócios de transmissão. Conforme consta de didático acórdão superior, “a cláusula de inalienabilidade implica num ônus real que limita o direito de propriedade, impedindo temporariamente o exercício do direito de dispor da coisa”. (STJ, REsp 856.699/MS, 3.ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 15.09.2009, DJe 30.11.2009)
Nesse contexto, sendo imposta a cláusula e ocorrendo a posterior alienação, esta será nula de pleno direito, por ilicitude do objeto ou fraude à lei imperativa. (art. 166, inciso II ou VI, do Código Civil)
De qualquer modo, deve ser esclarecido que a cláusula de inalienabilidade não veda que o bem seja adquirido por usucapião, pois a restrição diz respeito às formas de aquisição derivada expostas, e não à aquisição originária como é a usucapião. Julgando dessa maneira, cabe transcrever, por todos: “O bem objeto de legado com cláusula de inalienabilidade pode ser usucapido. Peculiaridade do caso” (STJ, REsp 418.945/SP, 4.ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. 15.08.2002, DJ 30.09.2002, p. 268).
Carlos Alberto Dabus Maluf apresenta classificação importante a respeito das cláusulas de inalienabilidade, consolidadas perante civilística nacional (Cláusulas..., 2006, p. 47-48). Vejamos, de forma pontual.
Na inalienabilidade absoluta, está presente uma proibição de alienação de todos os bens para quem quer que seja. Há assim uma proibição universal objetiva, quanto a qualquer bem, e subjetiva, pois envolve qualquer sujeito para quem há a pretensão de transmissão da coisa.
Por outra via, no caso de inalienabilidade relativa, existe a permissão de alienação para determinadas pessoas e vedação para outras (inalienabilidade relativa subjetiva) ou restrição a certos bens da herança e para outros não (inalienabilidade relativa objetiva). (TARTUCE, 2017, p. 441)
INCOMUNICABILIDADE
É a disposição pela qual o testador determinada que a legítima do herdeiro necessário, qualquer que seja o regime de bens convencionado, não entrará na comunhão, em virtude de casamento. (GONÇALVES, 2011, p. 213)
Seguindo na exposição dos três institutos de restrição testamentária, a cláusula de incomunicabilidade afasta a comunicação de bens havidos antes ou depois da constituição da entidade familiar, seja por casamento ou união estável, mesmo sendo o seu regime o da comunhão universal de bens. (art. 1.668, inciso I, do CC)
Nota-se que, em qualquer regime de bens, a referida cláusula pode gerar efeitos, sendo relevante observar a sua instituição mesmo no regime da separação convencional, em que já há uma separação absoluta, pois nada se comunica. Isso porque, conforme bem observa Maria Berenice Dias, sempre é cabível uma ação judicial para a modificação do regime de bens, nos termos do art. 1.639, § 2.º, do Código Civil, o que pode dizer respeito ao regime em questão (Manual..., 2011, p. 290). (TARTUCE, 2017, p. 443)
IMPENHORABILIDADE
Consiste em blindar o herdeiro. Ao fim e ao cabo, visa a protegê-lo de seus credores. Impedida a penhora de bens recebidos por herança, desonera o herdeiro de responder por seus débitos. (DIAS, 2011, p. 289)
Por fim, pela cláusula de impenhorabilidade, o bem relacionado não pode ser objeto de penhora judicial, ou seja, não pode ser constrito para os fins de satisfação patrimonial de terceiros, caso de credores da parte relacionada. Em resumo, o bem não ingressa na responsabilidade patrimonial do devedor, mormente nos casos de inadimplemento obrigacional.
Três pontuações importantes devem ser feitas a respeito dessa cláusula que afasta a penhora. A primeira concerne ao fato de que a cláusula restritiva se opõe às dívidas do herdeiro, e não do autor da liberalidade, como leciona Carlos Alberto Dabus Maluf. (Cláusulas..., 2006, p. 62-63)
Seguindo essa premissa, da jurisprudência superior:
“Agravo regimental no agravo em recurso especial. Embargos à execução. Testamento. Cláusula de inalienabilidade e impenhorabilidade. Dívida do de cujus – penhora dos bens deixados aos herdeiros. Possibilidade. Precedente. Agravo improvido”. (STJ, AgRg no AREsp 29.802/RS, 3.ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 15.12.2011, DJe 02.02.2012)
“Recurso especial. Sucessão. Dívidas do morto. Testamento que grava os imóveis deixados com cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade. Possibilidade de penhora, em execução movida por credor do de cujus. 1. Os bens deixados em herança, ainda que gravados com cláusula de inalienabilidade ou de impenhorabilidade, respondem pelas dívidas do morto. 2. Por força do art. 1.676 do Código Civil de 1916, as dívidas dos herdeiros não serão pagas com os bens que lhes foram transmitidos em herança, quando gravados com cláusulas de inalienabilidade e impenhorabilidade, por disposição de última vontade. Tais bens respondem, entretanto, pelas dívidas contraídas pelo autor da herança. 3. A cláusula testamentária de inalienabilidade não impede a penhora em execução contra o espólio”. (STJ, REsp 998.031/SP, 3.ª Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 11.12.2007, DJ 19.12.2007, p. 1.230)
A segunda pontuação técnica, também levantada com profundidade pelo Professor do Largo de São Francisco, diz respeito a saber se impenhorabilidade alcança os frutos do bem principal, que são bens acessórios retirados deste sem diminuir sua quantidade. (MALUF, Carlos Alberto Dabus. Cláusulas..., 2006, p. 62-63)
A questão estava tratada parcialmente pelo art. 650 do Código de Processo Civil de 1973, segundo o qual: “Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia” (redação dada pela Lei 11.382, de 2006). Consigne-se que a regra foi repetida pelo art. 834 do CPC/2015, com a retirada da exceção relativa aos alimentos, in verbis: “Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis”. (TARTUCE, 2017, p. 444)
Atividades
Questão 1:
Maria, viúva, mãe de duas filhas, deixa, em testamento público, em benefício de sua sobrinha, um legado, que consiste em um carro. Pois o moça precisa de um automóvel para trabalhar, mas não teve condições de comprar um.
Morta a testadora e aberto o testamento, descobre-se que Maria não é proprietária de nenhum automóvel. Assim, as herdeiras declaram ao legatário que a disposição não é válida, na medida em que o testamento dispôsde algo que nunca pertenceu à testadora.
Diante disso, poderia a legatária exigir a entrega do veículo? Justifique.
R: Sim, pois o automóvel não foi especificado pelo testador. Logo, na forma do art. 1.915, CC, trata-se de legado de gênero (um carro), podendo a coisa ser determinada pela escolha e compra para futura entrega à legatária.
Questão 2: (2014 – VUNESP - TJ-RJ)
Sendo o legado, coisa certa e determinada deixada a alguém, denominado legatário, em testamento ou codicilo, é correto afirmar que:
a) o legado pode recair sobre coisa alheia, cabendo ao herdeiro a obrigação de adquirir a coisa alheia, por conta do espólio, para entregá-la ao legatário.
b) as benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias, apesar de serem bens acessórios, não aderem ao imóvel legado.
c) qualquer pessoa, natural ou jurídica, simples ou empresária, pode ser contemplada com legado, podendo, assim, o herdeiro cumular a qualidade de legatário.
d) em se tratando de legado de alimentos, não é possível presumi-lo como vitalício, ainda que o testador não tenha disposto expressamente acerca disso.

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