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Aula 1 - Introdução a Epidemiologia

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Profª Paula de Castro Nunes
UNI-IBMR
Introdução a Epidemiologia
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Objetivos da aula
 Entendimento dos conceitos básicos da epidemiologia e saúde coletiva;
 Integração dos conceitos com a prática.
Apresentação da metodologia do estudo de caso.
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Definição
“Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.” 
(Rouquayrol e Goldbaum, 1999).
 Outros autores, ao longo do tempo, conceituaram a epidemiologia de diversas formas, contudo podemos dividir a definição da epidemiologia em três formas pensamento: 
- Senso comum: “Doutrina das epidemias”
- Senso amplo: “Ciência dos fenômenos de massa”
- Etimológico: “epi = sobre; demos = povo e logos = estudo” 
 
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Especificidades da Epidemiologia
	Fornecer os conceitos, o raciocínio e as técnicas para estudos populacionais, no campo da saúde.
Como a doença se distribui segundo as características das pessoas, lugares e épocas consideradas?
 Que fatores estão relacionados à ocorrência da doença e sua distribuição na população?
 Que medidas devem ser tomadas a fim de prevenir e controlar a doença? 
Qual o impacto das ações de prevenção e controle sobre a distribuição da doença?
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Histórico
John Snow (1840-1850) 
 Controlou um surto de cólera através da investigação epidemiológica, com a identificação dos fatores em comum daqueles que morreram com a doença.
 
 Suas conclusões revelaram que todos que contraíram o cólera haviam utilizado a mesma fonte de abastecimento água. – estudo clássico da epidemiologia
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Teste de hipótese – taxas de mortalidade
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Conceito antigo: Definições limitadas a preocupação com doenças transmissíveis
Conceito atual: “É o campo das ciências que estuda nas populações os vários fatores e condições que determinam a ocorrência e a distribuição dos eventos relacionados com a saúde”. 
 	No sentido mais amplo: estudo do comportamento coletivo da saúde e doença
Histórico
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Raciocínio epidemiológico
 A suspeição sobre uma possível influência de um fator em particular na ocorrência da doença
 Essa suspeição pode vir da prática clínica, da análise de padrões da doença, de observações de pesquisa de laboratório, de especulação teórica .
As doenças não acontecem por acaso na população. Existem fatores determinantes das doenças e agravos da saúde que, uma vez identificados, precisam ser eliminados, reduzidos ou neutralizados. 
Características que predispõe ou que protegem: Genéticas ou resultados de exposições ambientais
(Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004)
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Raciocínio epidemiológico
	 O exemplo clássico e marcante do início desta ciência foi um estudo realizado por John Snow, em Londres no século 19 e 20. Neste estudo ele constatou que o risco de adquirir cólera estava intimamente relacionado ao consumo de água fornecida por determinada companhia. Na meticulosa investigação, Snow construiu uma teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas em geral e sugeriu que a cólera era disseminada através da água contaminada, mesmo antes da descoberta do bacilo causador do cólera. Pode, dessa forma sugerir alterações na forma em que a água era distribuída e na forma de saneamento da cidade.
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T.; Epidemiologia Básica. 1.ed., São Paulo: Livraria Editora Santos, 1996. p.1-4
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Outros exemplos (séculos XVIII e XIX):
• Doenças carenciais: 
Lind - escorbuto (deficiência de vitamina C) –estudo experimental em tripulações de navio
Goldberger - pelagra (deficiência de niacina (Vit B3) –estudo experimental em orfanatos e presídios
• Doenças infecciosas:
Jenner - varíola experimento vacina
John Snow - epidemia de cólera em Londres em 1854
Semmelweis - comparação do perfil de mortalidade entre maternidades febre puerperal x lavar as mãos
Intervenção visando o controle, sem conhecer seu agente etiológico
Segunda metade do século XIX  microbiologia
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Principais usos da Epidemiologia
Diagnóstico da situação de saúde na comunidade
Extensão da doença na comunidade (carga de doença)
Aprimoramento na descrição do quadro clínico das doenças
Identificação de síndromes e classificação de doenças
Investigação etiológica 
História natural das doenças
Determinação de riscos do desenvolvimento de doenças
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T.; Epidemiologia Básica. 1.ed., São Paulo: Livraria Editora Santos, 1996. p.1-4
Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004
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Principais usos da Epidemiologia
Planejamento e organização dos serviços
Fornecer subsídios e avaliar tecnologias, programas, políticas públicas, serviços e decisões regulatórias
Determinação de prognósticos
Verificação do valor de procedimentos diagnósticos
Avaliar medidas terapêuticas
Análise crítica de trabalhos científicos
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T.; Epidemiologia Básica. 1.ed., São Paulo: Livraria Editora Santos, 1996. p.1-4
Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004
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Epidemiologia e Prevenção
 Identificar subgrupos da população que apresentam alto risco de desenvolver a doença
Fatores modificáveis: obesidade, tabagismo
Fatores não-modificáveis: idade, sexo e raça
(Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004)
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Epidemiologia e Prevenção
Prevenção primária: Ação com o objetivo de prevenir a doença antes do início de seu desenvolvimento
Prevenção secundária: Identificação de pessoas que já desenvolveram a doença, mas que estão no estágio inicial
(Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004)
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Tríade Epidemiológica das Doenças
(Gordis L. Epidemiology. 3rd ed. Pennsylvania: Elsevier Saunders, 2004)
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Tríade Epidemiológica das Doenças
 Agente: são os fatores etiológicos:
• Biológicos (microrganismos)
• Químicos (mercúrio, álcool, medicamentos)
• Físicos (trauma, calor, radiação)
• Nutricionais (carência, excesso) 
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Tríade Epidemiológica das Doenças
 Hospedeiro: são os fatores que influenciam a exposição, a susceptibilidade ou a resposta aos agentes: 
Idade
Sexo
Estado civil
Ocupação
Escolaridade
Características genéticas
História patológica pregressa
Estado imunológico
Estado emocional 
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Tríade Epidemiológica das Doenças
 Ambiente: são os fatores que influenciam a existência do agente, sua susceptibilidade e seu contato com o hospedeiro
•Determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes)
•Determinantes biológicos (acidentes, infecções)
•Determinantes sociais (comportamentos, organização social) 
 
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História Natural das Doenças
Módulo de Princípios de Epidemiologia para o Controle
de Enfermidades OPAS/ OMS 2010
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Medidas de Saúde e Doença
Sempre existiu uma grande dificuldade na mensuração da saúde por parte da epidemiologia. O seu amplo significado, exposto pela definição da OMS como “...estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doenças...” levou aos epidemiologistas a definirem conceitos mais práticos e mais fáceis de medir. 
Os aspectos da saúde, para a epidemiologia, concentram-se, portanto, em aspectos de saúde que são relativamente concretos e prioritários para alguma ação.
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Medidas de Saúde e Doença
Esta simplificação retoma a noção dicotômica da saúde em doença presente e doença ausente. 
Geralmente utilizam-se critérios para a determinação da presença ou ausência da doença, chamados
de critérios diagnósticos, que são baseados em sinais, sintomas e resultados de exames. 
Ex.: diagnóstico de febre reumática, onde alguns sinais são mais importantes do que os outros, porém sempre auxiliados pela utilização de recursos laboratoriais. 
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Medidas de Saúde e Doença
Os critérios utilizados em epidemiologia devem, portanto, ser de:
fácil uso;
mensuração simples;
Padronizada;
cientificamente embasada. 
Já os critérios para avaliação clínica, as utilizadas na prática, não são tão rigidamente específicas, sendo o julgamento clínico mais importante para determinar a ausência ou presença de doença.
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Medidas de Saúde e Doença
Prevalência
Incidência
Letalidade
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Prevalência e Incidência
“A prevalência de uma doença é o número de casos em uma população definida em um certo ponto no tempo, enquanto incidência é o número de casos novos que ocorrem em um certo período em uma população específica” (Beaglehole).
Ambas são maneiras diferentes de medir a ocorrência de doenças em uma população, envolvendo basicamente a contagem dos casos. 
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Prevalência e Incidência
A simples mensuração do número de casos de uma doença é útil, porém, sem fazer referência à população de onde esses casos provém, há prejuízos na compreensão do problema em termos da sua magnitude e do seu comportamento ao longo do tempo. 
Não é adequado utilizar os números absolutos de casos em comparações entre lugares, países, estados, regiões ou cidades diferentes com populações de tamanhos diferentes. Também não é apropriado fazer-se acompanhamento da tendência de uma doença por longos períodos de tempo em que a população varia muito de tamanho. Enfim, o número absoluto de casos não expressam riscos.
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Prevalência e Taxa de Prevalência 
Pode ser entendido como a medida do que “prevalece” na população. É considerado um indicador estático por pouco se alterar no decorrer do tempo. Sendo útil no planejamento em saúde e em programas e serviços prestados à população. 
Cálculo: P = (no de casos existentes (novos + antigos – curas, altas ou óbitos)/população exposta ) x 10n.
Prevalência Pontual: calculada para um ponto determinado no tempo.
Prevalência no período: calculada com o número total de pessoas que tiveram a doença (casos novos + antigos) durante um período de tempo.
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ABRANTES, Marcelo M.; LAMOUNIER, Joel A.; COLOSIMO, Enrico A.. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. J. Pediatr. (Rio J.),  Porto Alegre ,  v. 78, n. 4,   2002 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572002000400014&lng=en&nrm=iso>. access on  02  Aug.  2014.  http://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572002000400014.
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Fonte: http://portalses.saude.sc.gov.br/arquivos/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_07/03_02_04.html
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Principais Fatores que Influenciam a Taxa de Prevalência 
Gravidade da doença – se muitas pessoas adoecem e consequentemente morrem, a taxa de prevalência diminui.
Duração da doença – quanto menor o tempo de duração da doença, menor será sua taxa de prevalência e vice-versa.
Número de casos novos - determina um aumento da taxa de prevalência.
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Principais Fatores que Influenciam a Taxa de Prevalência 
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Incidência e Taxa de Incidência 
A incidência refere-se ao número absoluto e a taxa de incidência refere-se ao valor relativizado em função do tamanho da população. Pode ser considerada a medida mais importante em epidemiologia, pois reflete a dinâmica com que os casos novos aparecem na população, é a “força de morbidade”. 
No cálculo da taxa de incidência, o numerador é o número de casos novos que ocorreram em um período definido de tempo e o denominador é a população em risco de contrair uma doença neste período. 
	Cálculo: I = (No de casos novos no período / população exposta no período) x 10n.
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Letalidade
Mede a severidade que uma determinada doença possui, ou seja, quantas mortes causaram dentre aqueles que possuíam a doença em um certo período de tempo. Neste sentido, o cálculo da letalidade determina uma proporção.
	Cálculo: Letalidade = (no de mortes por determinada doença / número de casos da doença no período) x 10n.
BEAGLEHOLE, R.; BONITA, R.; KJELLSTRÖM, T.; Epidemiologia Básica. 1.ed., São Paulo: Livraria Editora Santos, 1996. 175p.
PEREIRA, M. G.; Epidemiologia Teoria e Prática. 2.ed., Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1999, 596p. 
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