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26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/11 Intertextualidade Neste conteúdo, vamos tratar da Intertextualidade - um importante fator de textualidade, pois nenhum texto nasce do 'nada', mas sempre retoma um outro. Veja como e porque isso acontece lendo os orientações a seguir e também consultando a bibliografia indicada: FIORIN, José Luiz & PLATÃO, Francisco. (2008). Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: (Lição 2). KOCH, Ingedore Villaça & ELIAS, Vanda Maria. (2006). Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto. Observe os textos a seguir: Veja que os textos são semelhantes. Como o de Gonçalves Dias é anterior aos demais, o que ocorre é que estes fazem alusão àquele. Eles citam e/ou retomam aquele. Assim, um escritor, ao fazer uso da palavra, muitas vezes, recorre a textos alheios específicos para fundamentar sua fala, discordar da fala alheia, citar um conceito, aludir a um conhecimento coletivo ou ilustrar o que pretender dizer etc. Dessa maneira, estabelece-se um diálogo entre dois ou mais textos. A esse diálogo entre os textos dá-se o nome de intertextualidade. Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas: a) para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado; 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/11 b) para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizar com ele. A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, depende do repertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais. Daí a importância da leitura. Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travam entre si por meio de referências, citações e alusões. Diz-se que todo texto remete a outros textos no passado e aponta para outros no futuro. Quanto mais elementos reconhecemos em um texto, mais fácil será a leitura e mais enriquecida será a nossa interpretação, ou seja, a intertextualidade é um fenômeno cumulativo: quanto mais se lê, mais se detectam vestígios de outros textos naquele que se está lendo. Reconhecer o GÊNERO a que pertence o texto lido é uma das chaves para a melhor interpretação do contexto. A presença de vestígios de outros assuntos dá sustentação à tese de que intertextualidade constitutiva do texto é eminentemente interdisciplinar (o mesmo texto pode ser utilizado em diversas matérias com enfoques específicos a cada uma delas). O conjunto de relações com outros textos do mesmo gênero e com outros temas transforma o texto num objeto tão aberto quantas sejam as relações que o leitor venha a perceber. Exemplos de intertextualidade: José Carlos Drummond de Andrade 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/11 Disponível em: <http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond14.htm>. Acesso em: 25 ago. 2008. E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, Você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, proptesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio, - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/11 Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse, a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse.... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, José! José, para onde? Carlos Drummond de Andrade. In Poesias. José Olympio, 1942. E agora, José? A festa acabou? Já não há mais PT? Não, José, de tudo isso fica uma grande lição: não é a direita que inviabiliza a esquerda. Esta tem sido vítima de sua própria incoerência, inclusive quando se elege por um programa de mudanças e adota uma política econômica de ajuste fiscal que trava o desenvolvimento, restringindo investimentos públicos e privados. A esquerda deu um tiro no pé na União Soviética, esfacelada sem que a Casa Branca lhe atirasse um único míssil. Faliu por conta da nomenklatura, das mordomias abusivas das autoridades, da arrogância do partido único, da corrupção. Assim foi na Nicarágua, onde líderes sandinistas se locupletaram com imóveis expropriados pela revolução e enriqueceram como por milagre. Agora, José, é a nossa confiança no PT que se vê abalada. O que há de verdade e de mentira em tudo isso? Por que o partido não abre sua contabilidade na internet? Se houve mesmo "mensalões" e malas de dinheiro, como ficam os pobres militantes e simpatizantes que, em todas as campanhas eleitorais, contribuíram, com sacrifício, do próprio bolso? Findas as investigações, o PT precisará vir a público e, de cabeça erguida, demonstrar que tudo não passou de "denuncismo", de "golpismo", de armação (ia escrever "dos inimigos") dos aliados... ou, de cabeça baixa, em atitude humilde, reconhecer que houve, sim, malversação, improbidade, tráfico de influência e corrupção. O mais grave, José, é o desencanto que toda essa "tsulama" provoca na opinião pública, sobretudo na dos mais jovens. Quando admitimos que "todos os partidos são farinha do mesmo saco", fazemos o jogo dos corruptos, pois quem tem nojo de política é governado por quem não tem. Se todos se 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/11 enojarem, será o fim da democracia e da esperança de que, no futuro, venha a predominar a política regida por fortes parâmetros éticos. Portanto o desafio, hoje, não é só promover reformas estruturais no país. É reformar a própria política, de modo a vedar os buracos pelos quais a corrupção e o nepotismo se infiltram. Temo que por muitas cabeças passe a idéia de, nas próximas eleições, em 2006, anular o voto ou votar em branco. Seria um desastre. O voto é uma arma pacífica. Deve ser usado com acuidade e sabedoria. Em todo esse processo é preciso destacar os políticos que primam pela ética, pela coerência de princípios e pela visão de um novo Brasil, sem alarmantes desigualdades sociais. Antonio Callado, em sua última entrevista, a esta Folha, disse que perdera "todas as batalhas". Também experimentei, José, muitas perdas: a morte do Che, a derrota da guerrilha urbana contra a ditadura militar, a queda do Muro de Berlim e, agora, essa fratura no corpo do partido que ajudei a construir como simpatizante e que se gabava de primar pela ética na política. No entanto quantas vitórias! Sobre a França e os EUA no Vietnã; sobre os EUA e a ditadura de Batista em Cuba; a de Martin Luther King contra o racismo americano; a de Nelson Mandela contra o apartheid na África do Sul. No Brasil, a extensa rede de movimentos populares, as CEBs, a CUT, o MST, a CPT, a CMP, a CMS; os movimentosde direitos humanos, mulheres, negros, indígenas; as ONGs, as empresas cônscias da responsabilidade social. E, sobretudo, a eleição de Lula à Presidência da República. Não se pode jogar no lixo da história todo esse patrimônio social e político. Sem confundir pessoas com instituições, maracutaias com projetos estratégicos, é hora de começar de novo, renovar a esperança e, sobretudo, não permitir que tudo fique como dantes. Aprendamos com Gandhi a fazer hoje, a partir de nossas práticas pessoais e sociais, o mundo novo que sonhamos legar às gerações futuras. Deixemos ressoar no coração as palavras de Mario Quintana: "Se as coisas são inatingíveis... ora!/ Não é motivo para não querê-las.../ Que tristes os caminhos, se não fora/ A mágica presença das estrelas!". Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 60, frade dominicano, escritor e assessor de movimentos sociais, é autor de "Treze Contos Diabólicos e Um Angélico" (Planeta), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004). Folha de S. Paulo Exercício 1: 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/11 Considera-se intertextualidade: A) A citação de um texto por outro. B) A transposição de um texto de ficção para a televisão. C) A transposição de um filme em romance. D) Uma estratégia argumentativa persuasiva. E) Uma estratégia argumentativa, mas não persuasiva. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 2: Leia as estrofes abaixo e assinale a alternativa correta: “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.” (Canção do Exílio - Gonçalves Dias) “Migna terra tê parmeras, Che ganta inzima o sabiá. As aves che stó aqui, Tambê tuttos sabi gorgeá.” (Migna Terra - Juó Bananere) A) Não ocorreu intertextualidade, pois os textos são muito diferentes entre si; 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 7/11 B) Não ocorreu intertextualidade, pois os títulos dos poemas são diferentes; C) Não ocorreu intertextualidade, pois o segundo texto brinca excessivamente com elementos do primeiro; D) Só é possível identificar a intertextualidade quando o leitor conhece o texto de referência e sua inserção no texto seguinte. E) Só pode ocorrer intertextualidade se por seus conhecimentos prévios, o leitor distinguir qual é o gênero textual. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 3: Considere os textos a seguir em sua relação de intertextualidade: Para que mentir? Para que mentir tu ainda não tens Esse dom de saber iludir? Pra quê? Pra que mentir, Se não há necessidade De me trair? Pra que mentir Se tu ainda não tens A malícia de toda mulher? Pra que mentir, se eu sei Que gostas de outro Que te diz que não te quer? Pra que mentir tanto assim Se tu sabes que eu sei Que tu não gostas de mim? Dom de Iludir Não me venha falar na malícia de toda mulher Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Não me olhe como se a polícia andasse atrás de mim. Cale a boca, e não cale na boca notícia ruim. Você sabe explicar Você sabe entender, tudo bem. Você está, você é, você faz. Você quer, você tem. Você diz a verdade, a verdade é seu dom de iludir. Como pode querer que a mulher 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 8/11 Se tu sabes que eu te quero Apesar de ser traído Pelo teu ódio sincero Ou por teu amor fingido? (Vadico e Noel Rosa, 1934) vá viver sem mentir. (Caetano Veloso, 1982) Assinale a alternativa CORRETA A) Não ocorreu intertextualidade, pois um texto é de 1934 e o outro de 1982; B) Não ocorreu intertextualidade, pois os títulos dos poemas são diferentes; C) Não ocorreu intertextualidade, pois o primeiro texto brinca excessivamente com elementos do primeiro; D) Ocorreu intertextualidade porque, por seus conhecimentos prévios, o leitor identificou qual é o gênero textual de cada um dos textos lidos; E) Ocorreu intertextualidade, pois o leitor tem possibilidades de reconhecer o texto de referência e sua inserção no texto seguinte. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 4: Considere os seguintes poemas: Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre celebrada. Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de ua outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada. Ela só viu as lágrimas em fio, que d' uns e d' outros olhos derivadas s' acrescentaram em grande e largo rio. Ela viu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio, e dar descanso às almas condenadas. Aquela clara madrugada que viu lágrimas correrem no teu rosto e alegre se fez triste como se chovesse de repente em pleno agosto. Ela só viu meus dedos nos teus dedos meu nome no teu nome. E demorados viu nossos olhos juntos nos segredos que em silêncio dissemos separados. A clara madrugada em que parti. Só ela viu teu rosto olhando a estrada por onde um automóvel se afastava. E viu que a pátria estava toda em ti. E ouviu dizer-me adeus: essa palavra que fez tão triste a clara madrugada. 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 9/11 Luís de Camões Manuel Alegre Deles podemos dizer que: A) Ocorreu intertextualidade, pois o leitor tem possibilidades de reconhecer o texto de referência e sua inserção no texto seguinte; B) Não ocorreu intertextualidade, pois os textos são de autores diferentes; C) Ocorreu intertextualidade porque, por seus conhecimentos prévios, o leitor identificou qual é o gênero textual de cada um dos textos lidos; D) Não ocorreu intertextualidade, pois o leitor não pode identificar os títulos dos poemas; E) Não ocorreu intertextualidade, pois o primeiro texto brinca excessivamente com elementos do primeiro. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 5: Leia o texto a seguir para responder a questão sobre intertextualidade. Questão da objetividade As Ciências Humanas invadem hoje todo o nosso espaço mental. Até parece que nossa cultura assinou um contrato com tais disciplinas, estipulando que lhes compete resolver tecnicamente boa parte dos conflitos gerados pela aceleração das atuais mudanças sociais. É em nome do conhecimento objetivo que elas se julgam no direito de explicar os fenômenos humanos e de propor soluções de ordem ética, política, ideológica ou simplesmente humanitária, sem se darem conta de que, fazendo isso, podem facilmente converter-se em "comodidades teóricas" para seus autores e em "comodidades práticas" para sua clientela. Também é em nome do rigor científico que tentam construir todo o seu campo teórico do fenômeno humano, mas através da idéia que gostariam de ter dele, visto terem renunciado aos seus apelos e às suas significações. O equívoco olhar de Narciso, fascinado por sua própria beleza, estaria substituído por um olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador: e as disciplinas humanasseriam científicas! (Introdução às Ciências Humanas. Hilton Japiassu. São Paulo, Letras e Letras, 1994, pp.89/90) Assinale a alternativa INCORRETA. A) É preciso que o leitor disponha do conhecimento de que Narciso, jovem dotado de grande beleza, apaixonou-se por sua própria imagem quando a viu refletida na água de uma fonte onde foi matar a sede. B) O último parágrafo, em que o mito de Narciso é citado, demonstra que, dado o modo como as Ciências Humanas são vistas hoje, até o olhar de Narciso, antes "fascinado por sua própria beleza", seria substituído por 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 10/11 um "olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador". C) Nesse texto, temos um bom exemplo do que se define como intertextualidade: as relações entre textos, a citação de um texto por outro, enfim, o diálogo entre textos. D) No trecho acima em que se discute o papel das Ciências Humanas nos tempos atuais e o espaço que estão ocupando, é trazido à tona o mito de Narciso como elemento de intertextualidade. E) Não é possível identificar nenhum elemento de intertextualidade nesse texto, pois a maioria dos leitores desconhecem o mito de Narciso. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 6: Considere os textos a seguir em sua relação de intertextualidade: No meio do caminho Carlos Drummond de Andrade No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. Assinale a alternativa CORRETA 26/02/2018 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 11/11 Caulos. Um passarinho nada prático, 1989. A) Não ocorreu intertextualidade, pois um texto é verbal e o outro mistura o verbal com o não-verbal; B) Ocorreu intertextualidade, pois o leitor tem possibilidades de reconhecer o texto de referência e sua inserção no texto seguinte; C) Não ocorreu intertextualidade, pois os títulos dos poemas são diferentes; D) Não ocorreu intertextualidade, pois o primeiro texto brinca excessivamente com elementos do primeiro, por meio das imagens; E) Ocorreu intertextualidade porque, por seus conhecimentos prévios, o leitor identificou qual é o gênero textual de cada um dos textos lidos. 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