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C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc GRUPO I - CLASSE I - 2ª Câmara TC-011.166/2002-2 (com 2 volumes) Apenso: TC - 007.440/2001-8 (com 1 volume) Natureza: Recurso de Reconsideração Entidade: Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM Responsáveis: Valdemar Hial, Edson Luiz, José Augusto Delduque, Antônio Eustáquio João, Maria Aparecida Cunha Rezende, Elizabete Quaiotti, Cícero Resende da Silva, Ana Palmira Soares dos Santos e Márcia Helena Pereira Resende Silva Sumário: Recurso de Reconsideração. Prestação de Contas da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro referente ao exercício de 2001. Julgamento pela regularidade com ressalva. Determinações. Conhecimento e provimento parcial dos recursos. Alteração da redação de um dos itens, relativo a reposicionamentos de servidores aprovados em concurso, adequando ao entendimento predominante do TCU. Dispensa de ressarcimento de valores. Ciência aos recorrentes. RELATÓRIO Trata-se de Recursos de Reconsideração interpostos pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM e pelos srs. Sebastião Carlos Leandro e Luiz Fernando Alves Bosco, contra o Acórdão 1.236/2003, prolatado pela 2ª Câmara deste Tribunal. Por meio da mencionada deliberação, contida na Relação 88/2003, sob a Relatoria do Exmo. Ministro Guilherme Palmeira, a 2ª Câmara desta Corte julgou as contas da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM, referentes ao exercício de 2001, regulares com ressalva, sem prejuízo das seguintes determinações (fls. 119/21, vol. principal): “1. determinar à Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM que: 1.1. solicite ao Hospital das Forças Armadas comprovação de que o servidor Antônio Evanildo Alves exerce cargo comissionado, e, no caso de não-confirmação, providencie o retorno do servidor à FMTM; 1.2. indique quantitativamente, no Relatório de Gestão, as metas estabelecidas para o exercício em análise, assim como estipule as metas operacionais da Entidade para o exercício seguinte, permitindo a comparação entre os quantitativos previstos e aqueles executados; 1.3. adeqüe o Inventário Anual de Bens Móveis ao disposto nos itens 8.1.1 e 8.2, alínea ‘d’ da Instrução Normativa SEDAP/PR nº 205/1988, agrupando os bens segundo as categorias patrimoniais constantes do Plano de Contas da Administração Pública Federal; 1.4. abstenha-se de pagar adicional de deslocamento aos locais de embarque e desembarque aos servidores que utilizem veículo oficial para tais deslocamentos; 1.5. atualize os termos de responsabilidade dos bens móveis da Entidade, conforme disposto nos itens 7.11 e 7.12 da IN/SEDAP/PR nº 205/1988; 1.6. abstenha-se de prorrogar contratos de prestação de serviços em prazos superiores aos definidos no art. 4º, § 3º, da Lei nº 8.745/93, com a redação dada pela Lei nº 9.849/99 e pela Medida Provisória nº 2.229-43, de 06/09/2001; 1.7. mantenha atualizado o cadastro SIAPE de servidores cedidos, assim como adote o procedimento de incluir rubricas de reposição sempre que servidores em débito com o C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc erário, e afastados da FMTM sem remuneração, receberem pagamentos referentes a exercícios anteriores; 1.8. providencie o ressarcimento do valor devido ao erário pelo servidor Fabiano Anselmo Hueb de Menezes, cedido à Prefeitura Municipal de Uberaba desde 01/01/2001; 1.9. revise todos os pagamentos das vantagens referentes à incorporação de quintos/décimos, excluindo o Adicional de Gestão Educacional - AGE de sua base de cálculo, providenciando o ressarcimento ao erário dos valores pagos indevidamente; 1.10. realize o pagamento das incorporações com base em valores de FC, decorrentes de sentenças judiciais, em rubricas do sistema SICAJ, conforme determina o art. 2º da Portaria MP nº 17/2001; 1.11. informe aos servidores aposentados Alecy Panisset, Hely Guimarães Vesecky e Vilma Pinto Gonzaga sobre a impossibilidade do pagamento cumulativo das vantagens dos artigos 180 e 184, inciso II, da Lei nº 1.711/52, solicitando aos servidores que façam a opção entre as referidas vantagens, conforme estabelecido no § 2º do artigo 180 da Lei nº 1.711/52, procedendo, a seguir, ao levantamento dos valores pagos indevidamente para fins de ressarcimento ao erário; 1.12. abstenha-se de fazer o pagamento cumulativo de Função Gratificada (FG) e Gratificação de Atividade pelo Desempenho de Função (GADF) com a parcela de décimos da referida função aos aposentados Djalma Antônio Abrão, Gerson Nunes de Oliveira, Maria Perpétua Rosa e Luiz Fernando Alves Bosco, devendo proceder ao levantamento dos valores pagos indevidamente a esses e a outros servidores, para fins de ressarcimento ao erário; 1.13. abstenha-se de pagar ao servidor Sebastião Carlos Leandro e ao aposentado Luiz Fernando Alves Bosco as vantagens das rubricas SIAPE nºs R00816, R00013 e R00591, providenciando o levantamento dos valores pagos indevidamente a esses e a outros servidores, para fins de ressarcimento ao erário; 1.14. abstenha-se de realizar pagamentos retroativos de adicionais de insalubridade ou de periculosidade, providenciando o levantamento dos valores pagos indevidamente, para fins de ressarcimento ao erário; 1.15. anule as portarias que concederam reposicionamentos, fundamentados na mensagem SIAPE nº 370197, de 05/04/1999, a servidores aprovados nos concursos cujos editais foram publicados já na vigência da Portaria SRH/SAF nº 2.343/94, de 21/07/1994, providenciando o levantamento dos valores pagos indevidamente, para fins de ressarcimento ao erário; 1.16. abstenha-se de utilizar rubricas SIAPE para o pagamento de vantagens de natureza diversa daquela descrita em sua finalidade; 1.17. abstenha-se de pagar a gratificação especial de localidade às servidoras Ivanete do Nascimento Bentes e Maristela Jakimiu de Vito, por estar em desacordo com o § 2º, do art. 2º, da Lei nº 9.527/97, bem como providenciar o ressarcimento dos valores pagos indevidamente às referidas servidoras; 1.18. providencie laudos periciais para fundamentar todos os pagamentos de adicionais de insalubridade e de periculosidade, conforme previsto no Decreto nº 97.458/89; 1.19. abstenha-se de pagar o adicional de insalubridade ao servidor Antônio Evanildo Alves, cedido ao Hospital das Forças Armadas, providenciando o ressarcimento ao erário dos valores pagos indevidamente; C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc 1.20. observe os limites de horas extras estabelecidos no art. 3º do Decreto nº 948/1993, permitindo a execução de serviços extraordinários somente mediante prévia autorização do Departamento de Recursos Humanos da FMTM, conforme previsto no art. 2º do Decreto nº 948/1993; 1.21. revise a concessão de auxílio-transporte à servidora Maristela Capatti Nunes Coimbra, excluindo da base de cálculo desse benefício as despesas com o transporte regular rodoviário, adotando esse procedimento nas futuras concessões desse benefício; 1.22. providencie os descontos referentes à contribuição social para todos os servidores que receberam diárias em valores mensais superiores a 50% de suas respectivas remunerações, no período de janeiro/2000 a agosto/2001, conforme estabelece o inciso I do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 9.783/99; 1.23. implemente os mecanismos de controle visando cumprir o estabelecido no art. 8º do Decreto nº 343/91, ou seja, devolução de diárias não utilizadas dentro de 5 dias; 1.24. providencie o ressarcimento dos valores pagos indevidamente à servidora Ivanete do Nascimento Bentes em razão das seguintesocorrências no pagamento da ajuda de custo prevista no art. 53 da Lei nº 8.112/90: 1.24.1. inclusão dos adicionais de insalubridade e de gratificação especial de localidade na base de cálculo da ajuda de custo; 1.24.2. adoção do salário de julho/2001 como base de cálculo, quando o correto seria abril/2001, conforme determina o art. 3º do Decreto nº 1.445/95; 1.25. observe os artigos 226 e 227 da Lei nº 8.112/90, c/c os artigos 41 e 241 da mesma lei, nas futuras concessões de auxílio-funeral a pessoas que não sejam membros da família, bem como providencie o ressarcimento dos valores pagos indevidamente a Carlos Alberto Taveiros Fontes, irmão da ex-servidora Alice Taveiros Fontes, por ter excedido às despesas efetivamente realizadas; 1.26. indique um representante para acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos de obras e serviços, conforme previsto no art. 67 da Lei nº 8.666/93; 1.27. informe ao Tribunal, em 60 (sessenta) dias, as providências adotadas pela Entidade para solucionar as pendências relatadas nos itens anteriores; 2. determinar à Secretaria Federal de Controle Interno - SFC que informe, nas próximas contas anuais: 2.1. sobre as providências adotadas pela FMTM para viabilizar a efetiva atuação da Comissão de Auditoria Interna; 2.2. sobre as providências adotadas pela FMTM para corrigir os pagamentos indevidos, relativos às vantagens dos artigos 184, inciso II, da Lei nº 1.711/52 e 192, inciso II, da Lei nº 8.112/90, a aposentados que não se encontravam na última classe de suas respectivas carreiras; 2.3. se existe programação para realização de auditoria operacional na folha de pagamentos da FMTM; 2.4. se a FMTM procedeu ao ressarcimento dos valores pagos indevidamente a Maria dos Reis Silva Rosa, viúva do ex-servidor Gerson Rosa, devido à inclusão das rubricas de adicional de insalubridade e de auxílio alimentação no cálculo da remuneração do ex-servidor Gerson Rosa; 2.5. sobre o resultado da consulta da FMTM à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério Planejamento, Orçamento e Gestão - SRH/MP acerca da acumulação de cargos do aposentado Hélio Moraes de Souza.” C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc Irresignados com o julgamento, a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (fls. 2/16, vol. 1) e os srs. Sebastião Carlos Leandro e Luiz Fernando Alves Bosco (fl. 1, vol. 2) interpuseram os já citados Recursos de Reconsideração. Encaminhados os autos à Secretaria de Recursos, essa unidade técnica propôs o conhecimento dos recursos (fl. 54, vol. 1, e fl. 10, vol. 2). Admitidos os expedientes recursais por meio de despachos à fl. 56, vol. 1, e fl. 11, vol. 2, do Exmo. Ministro-substituto Lincoln Magalhães da Rocha, os autos foram remetidos à Secretaria de Recursos para instrução. A seguir, exponho a análise realizada pela Serur (fls. 13/22, vol. 1): “MÉRITO Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro – FMTM (volume 1) Argumentos 5. A recorrente pede a reforma dos subitens 1.1, 1.4, 1.9, 1.11 a 1.15, 1.17, 1.19, 1.24, 1.25 e 2.4 do acórdão com base nos seguintes argumentos: a) conforme documento anexado à folha 17, o servidor Antônio Evanildo Alves teria retornado ao quadro da FMTM em maio de 2002 (subitem 1.1); b) não sendo a cidade de Uberaba adequadamente atendida por vôos regulares, teria se tornado imperiosa a necessidade de deslocamento a aeroportos vizinhos, como os de Uberlândia, a 110 Km, e Ribeirão Preto, a 170 Km, e, conseqüentemente, ‘a fim de obter economia de tempo e agilidade pertinente, principalmente por parte da autoridade máxima da IFES, a utilização do veículo oficial se tornou ‘in contesti’, o que não nos afigurou como fator impeditivo do pagamento do citado adicional, pois, somente parte, dos percursos se dão no citado veículo, somente aquele necessário ao e até o local de embarque para a realização das viagens cujas distâncias não são inferiores a 490 km desta cidade’ (subitem 1.4); c) em julho de 2002, o próprio SIAPE teria automaticamente processado os cálculos das incorporações, havendo sido comunicados todos os servidores da exclusão do AGE, o qual havia sido incluído em gestão anterior (subitem 1.9); d) conforme comprovariam os documentos às folhas 18-41, os servidores foram devidamente notificados, tendo sido regularizadas as situações ilegais, de responsabilidade de gestão anterior (subitens 1.11 e 1.12); e) o pagamento aos Srs. Sebastião Carlos Leandro e Luiz Fernando Alves Bosco das vantagens das rubricas SIAPE R00816, R00013 e R00591 teria decorrido de ato jurídico perfeito, editado há mais de sete anos e devidamente fundamentado em parecer jurídico (subitem 1.13); f) embora sendo reconhecida a falha de controle, não teria havido pagamentos indevidos de adicional de insalubridade, visto que as condições insalubres existiam em todo o período abrangido pela retroação, havendo sido, ainda, observada a prescrição qüinqüenal do art. 7o, inciso XXIX, da Constituição Federal (subitem 1.14); g) ‘Os reposicionamentos, apesar de efetivados com fundamento na mensagem SIAPE n.o 370197, de 05/04/1999, estão de acordo com o Plano Único de Retribuição de Cargos e Empregos dos Servidores Técnico-Administrativos das IFES. Além disso, a Secretaria de Recursos Humanos reconheceu a ilegalidade da aplicação da Portaria n.o 2.343/94/SAF para os casos em que são legalmente definidas as formas de ingresso (...). Desta forma, entendemos que todos os atos praticados foram em consonância com a legislação vigente, conforme acima explicitado, haja vista que tanto para ingresso – reposicionamento – como para final de carreira – vantagens – não houve alteração no C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc plano de carreira a que estão subordinados os servidores desta IFE. A Portaria n.o 2.343/94 causou toda essa celeuma por não ter citado o § 1o do art. 8o da Lei 8.460/92. Portanto, para o nosso caso, não se aplica a malfadada Portaria’ (subitem 1.15); h) conforme documentos às folhas 50-53, as servidoras Ivanete do Nascimento Bentes e Maristela Jakimiu de Vito foram notificadas, havendo cessando os pagamentos irregulares a partir de outubro de 2002 (subitem 1.17); i) ‘No processo de cessão do citado servidor [Antônio Evanildo Alves] houve informação do Hospital das Forças Armadas, após questionamento do Departamento de Recursos Humanos da FMTM, que ele ocupava a função de Assistente do Chefe da Divisão de Cirurgia. Em virtude da natureza do cargo do servidor, análoga à anteriormente ocupada no órgão de origem não houve questionamento se a função desempenhada naquele Hospital também implicava no direito, ou não ao recebimento do adicional de insalubridade, que continuou sendo pago normalmente’ (subitem 1.19); j) ‘Com referência ao pagamento julgado incorreto, da Ajuda de Custo à servidora Ivanete do Nascimento Bentes, foi acatada a recomendação da Auditoria do Controle Interno em observar a definição de remuneração e exigir documentos comprobatórios dos dependentes para nova sede’ (subitem 1.24.1); k) o pagamento, a título de auxílio-funeral, a Carlos Alberto Taveiros Fontes, foi calculado sobre o valor do provento, conforme disciplinado pelo art. 226 da Lei 8112/1990, sendo irrelevante o custo do funeral (subitem 1.25); l) ‘Com relação às inclusões das rubricas de adicional de insalubridade e de auxílio alimentação no cálculo da remuneração do ex-servidor Gerson Roza, esta instituição observava o entendimento da Orientação Normativa SAF/DRF no 101/1992, in verbis: ‘O auxílio-funeral corresponde à remuneração ou provento a que o servidor faria jus se vivo fosse, no mês do falecimento, independentementeda causa mortis’ (subitem 2.4); m) o benefício aos cofres públicos trazido pelo ressarcimento dos valores indevidamente recebidos seria francamente inferior ao custo das inúmeras ações judiciais interpostas pelos servidores atingidos, o que recomendaria a aplicação do entendimento expresso na Decisão 395/2001-TCU-Primeira Câmara (arquivamento de processo em virtude do custo administrativo do ressarcimento), cabendo, igualmente, a aplicação do Enunciado 106 da Súmula/TCU. Análise 5.1. Relativamente aos argumentos transcritos nos subitens 5.a, 5.c, 5.d, 5.h e 5.j desta instrução, a recorrente tão-somente informa que, em atendimento às recomendações do Relatório de Auditoria do Controle Interno, já haviam sido regularizadas, quando da prolação do acórdão recorrido, as situações às quais se referem os seus subitens 1.1, 1.9, 1.11, 1.12 e 1.17. Assim sendo, não há interesse em recorrer. 5.2. No argumento do subitem 5.b, a recorrente apenas repete a justificativa anteriormente apresentada ao Controle Interno, subsistindo o descumprimento ao subitem 12.1.5 da IN/MARE 9/1994. Não cabe, portanto, o acolhimento do argumento. 5.3. Não cabe, igualmente, o acolhimento do argumento do subitem 5.e, visto que não constitui ato jurídico perfeito aquele praticado sem amparo legal. Ademais, é entendimento assente neste Tribunal que a prescrição em processos de sua competência se opera em vinte anos (Acórdãos 8/1997-TCU-Segunda Câmara, 11/1998-TCU-Segunda Câmara e 71/2000-TCU-Plenário). Nem se invoque o contido no art. 54 da Lei 9784/99 para sustentar a aplicabilidade do prazo decadencial de cinco anos no âmbito do TCU, visto C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc que a questão já foi respondida negativamente pelo Tribunal, com extensa fundamentação, na Decisão 1020/2000-TCU-Plenário. 5.4. Quanto ao argumento do subitem 5.f, sequer foi apresentada documentação comprobatória de que as condições eram insalubres no período em que houve a retroação dos pagamentos do adicional. Não cabe o acolhimento. 5.5. No que se refere ao argumento do subitem 5.g, observe-se que se trata de matéria já analisada quando da prolação dos Acórdãos 191/2000-TCU-Plenário e 408/2004-TCU-Primeira Câmara e da Decisão 18/2000-TCU-Primeira Câmara. A seguir, transcrevem-se excertos desta última decisão: ‘(...) 4. Vale lembrar que, através da mencionada alínea ‘c’, o Tribunal havia determinado à Universidade Federal de Sergipe a adoção de medidas com vistas a reenquadrar ‘o pessoal admitido a partir da Lei nº 8.460/92 aos padrões iniciais dos níveis e classes a que pertençam, retroagindo os atos, sustando novas nomeações fora dos padrões iniciais, por falta de amparo legal’. 5. Sobre o assunto, assiste razão ao Diretor e Secretário-Substituto da 10ª SECEX quando afirma que a Lei nº 8.460/92 manteve a tabela salarial das Instituições Federais de Ensino Superior dividida em níveis (superior, intermediário e auxiliar), transformou as referências em classes e padrões, diminuindo seu número (Anexo III), e, apesar de omitir- se com relação aos subgrupos previstos no PUCRCE – repetindo, nesse sentido, sua antecessora, a Lei nº 8.216/91 – apresentou tabela de conversão das antigas referências para as novas classes e padrões (art. 8º, caput, e Tabela 2 do Anexo VIII da Lei). 6. Também é correta a interpretação do referido dirigente no sentido de que o § 1º do art. 8º da Lei nº 8.460/92 conferiu à então Secretaria da Administração Federal da Presidência da República – SAF/PR poderes para regulamentar apenas os cargos nela não previstos, que não é o caso da carreira dos servidores das entidades de ensino, abrangidos pelo art. 8º, caput, Anexo III e Tabela 2 do Anexo VIII, daí não ser aplicável a estes servidores, os termos da Portaria da SAF nº 2.343, de 20/07/94 [grifo], publicada no Diário Oficial da União, de 21/07/94’ (Decisão 18/2000-TCU-Primeira Câmara; Parecer do Subprocurador-Geral Paulo Soares Bugarin, acolhido). ‘A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, Decide: 8.1. conhecer dos embargos de declaração opostos pelo interessado qualificado no subitem 4 supra, para no mérito considerá-los parcialmente procedentes, alterando o subitem 8.4 da Decisão nº 235/98, deste Colegiado, que passa a ter a seguinte redação: ‘8.4. Esclarecer ao recorrente que, ao proceder ao reenquadramento determinado pelo Tribunal por meio da alínea ‘c’ do Ofício nº 118/97, expedido pela SECEX/SE em 22.05.1997, em cumprimento à decisão constante da Relação nº 012/06-1ª Câmara, observe que: a) relativamente ao corpo docente, os arts. 12 e 13 do PUCRCE – Decreto nº 94.664/87 – já determinavam seu ingresso nos quadros das IFEs no nível inicial de qualquer das classes; b) relativamente aos demais servidores, o art. 8º, caput, da Lei nº 8.460/92 prevê que eles serão admitidos nas IFEs nas classes e padrões obtidos pela utilização da Tabela 2 do Anexo VIII dessa lei sobre as referências de ingresso estabelecidas pela Lei nº 8.216/91 e Portaria nº 1.527/91-MEC; (...)’ (Decisão 18/2000-TCU-Primeira Câmara). C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc 5.5.1. Assim, tendo em vista a inaplicabilidade, às IFEs, da Portaria/SAF 2343/1994, visto que a ‘referida norma infralegal extrapolou os limites estabelecidos pela lei que a fundamentou, ao disciplinar situações nela já previstas, tornando-se assim inválida nesse ponto’ (Decisão 18/2000-TCU-Primeira Câmara; voto do Sr. Ministro Marcos Vinicios Vilaça), cabe o provimento do pedido, excluindo-se do acórdão recorrido o subitem 1.15. 5.6. O argumento 5.i, por sua vez, apenas busca justificar a continuidade do pagamento de adicional de insalubridade a servidor cedido. Trata-se, portanto, de argumento incabível, visto que não houve aplicação de penalidade ao gestor. Não tendo havido sucumbência, não há interesse em recorrer. 5.7. Quanto ao argumento do subitem 5.k, cabe primeiramente transcrever a legislação implicada: ‘Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da remuneração ou provento. (...) Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será indenizado, observado o disposto no artigo anterior. (...)Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e constem do seu assentamento individual. Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou companheiro, que comprove união estável como entidade familiar’ (Lei 8112/1990). 5.7.1. Como se verifica, segundo os arts. 226 e 241 da Lei 8112/90, o Sr. Carlos Alberto Taveiros Fontes, irmão da servidora falecida, não compunha sua família para fins de pagamento de auxílio-funeral. Sendo terceiro, não cabia o pagamento do auxílio- funeral, mas sim o ressarcimento, na forma do art. 227 daquela lei. Portanto, não merece acolhida o argumento. 5.8. Relativamente ao argumento 5.l, acompanho o entendimento expresso na instrução da SECEX/MG. Segundo o art. 41 da Lei 8112/90, ‘Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei’, o que, portanto, exclui o adicional de insalubridade e o auxílio-alimentação, conforme reconhecido pela própria recorrente em suas justificativas ao Controle Interno (fl. 81 do vol. principal). Assim, não cabe o acolhimento do argumento. 5.9. Quanto ao pedido do subitem 5.m, no sentido de que seja dispensado o ressarcimento dos valores indevidamente recebidos, cabem análises distintas, visto que há também distintas situações. 5.9.1. No que diz respeito à determinação feitano subitem 1.25 do acórdão, para que fosse providenciado o ressarcimento dos valores pagos a maior relativamente a auxílio- funeral, entendo caber o provimento do pedido. Além de o pequeno valor envolvido – R$ 945,45 – exigir a aplicação do princípio da economicidade, entendo não haver fundamento legal para que a Administração pleiteie, junto a particular, o ressarcimento daqueles valores. Assim, deve ser alterado o subitem 1.25 do acórdão, retirando-se a referência a tal ressarcimento. 5.9.2. No que diz respeito aos servidores aposentados e pensionistas, o Enunciado 106 da Súmula/TCU tem fundamentado a dispensa em vista da boa-fé, do caráter alimentício das parcelas impugnadas e da segurança jurídica. 5.9.3. No caso dos servidores ativos, observe-se que, de acordo com o Enunciado 235 da Súmula/TCU, mesmo as importâncias recebidas por servidores de boa-fé estão sujeitas a devolução, nos termos do art. 46 da Lei 8112/1990. Contudo, embora sumulado, tal C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc entendimento não é unânime, visto que este Tribunal, diversas vezes, considerando também a boa-fé, o caráter alimentício das parcelas impugnadas e a segurança jurídica, tem decidido no sentido de dispensar a reposição desses valores, como nos Acórdãos 55/1998, 29/1999 e 112/2000 do Plenário e nas Decisões 46/1996, 316/1996 e 412/1997 do Plenário e 101/1996 da Segunda Câmara. 5.9.3.1. Proposta desta SERUR no sentido da alteração ou cancelamento do Enunciado 235 não foi acolhida pela Segunda Câmara quando da prolação da Decisão 446/2002. Entendeu aquele colegiado que ‘a aplicação da referida Súmula estará condicionada às circunstâncias que envolvam cada caso concreto, de modo a permitir que a Administração Pública possa exigir que sejam repostos indébitos ou indenizações em razão de prejuízos causados ao Erário’ (voto do Sr. Relator Lincoln Magalhães da Rocha). Esclareça-se que tal posicionamento acompanhou a seguinte manifestação do Procurador- Geral Lucas Rocha Furtado: ‘O Analista instrutor do processo, fundamentando sua proposta de revisão da referida súmula, colaciona inúmeros pareceres e deliberações históricas internas, bem como externas, ao Tribunal. Em uma dessas colações, ressalta, positivamente, as conclusões contidas em Parecer da AGU, de 1997 (fl. 78 - v.1), onde são definidas as condicionantes concorrentes à dispensa da reposição: ‘(...)13. Do raciocínio lógico e do que se depreende dos pareceres citados, pode-se afirmar: a efetiva prestação de serviço, a boa-fé no recebimento da vantagem ou vencimento, a errônea interpretação da lei e a mudança de orientação jurídica são requisitos indispensáveis para que possa ser dispensada a 'restituição de quantia recebida indevidamente’. São cumulativos e não alternativos.’ (grifei) Além disso, ressalta a existência de artigos da Lei nº 8.112/90 que dispondo sobre situações particulares (fl. 74), levam em conta a presunção da boa-fé para fins de dispensa da reposição ou da indenização de valores ao erário: 'Art. 185 (...) § 2º. O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível. 34. Legítima, em relação ao texto citado, a interpretação a contrario sensu. Ora, se o recebimento indevido decorrente de fraude, dolo ou má-fé implica a devolução, é razoável pensar que o recebimento de boa-fé não importaria a devolução.’ Consigna, ainda, existirem inúmeras decisões deste Tribunal, adotadas posteriormente à homologação da Súmula nº 235, que concluem pelo desencargo de beneficiários de indébitos, com base nas especificidades de cada caso em particular. Com estes e com outros argumentos, o Analista visa demonstrar a falta de sintonia entre a teoria constante da súmula em questão e a prática no âmbito deste Tribunal, tanto quanto no de toda a Administração Pública, fundando, assim, sua proposta final no sentido da revisão daquele enunciado jurisprudencial. III Ousamos divergir da conclusão da Unidade Técnica, no que toca à reforma da Súmula nº 235, visto que, embora não determinante, tal proposta revela-se inoportuna e desvantajosa à condução dos casos onde se possa observar a necessidade de a Administração Pública exigir a reposição de indébitos ou a indenização de prejuízos havidos ao Erário. Por mais que reputemos válidos os argumentos da Unidade Técnica, estamos convictos de que situações particulares, específicas, não podem configurar razão suficiente C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc para a eliminação de súmula aglutinadora de entendimento maior desse Tribunal convergente à defesa do patrimônio público. Em verdade, a Súmula nº 235 surgiu para coibir o elastecimento de interpretação que vinha sendo dada até então ao propósito da Súmula nº 106, que assim dispõe: 'O julgamento pela ilegalidade das concessões de reforma, aposentadoria e pensão, não implica por si só a obrigatoriedade da reposição das importâncias já recebidas de boa-fé, até a data do conhecimento da decisão pelo órgão competente.’ A nosso ver, sua derrogação implicaria inexoravelmente um retorno ao passado. Anteriormente ao seu advento, várias foram as decisões tomadas com base na Súmula nº 106 ampliando inadequadamente a aplicação do preceito ali constituído, que, em rigor, cinge-se, exclusivamente, a indébitos provenientes de concessões de reforma, aposentadoria ou pensão percebidos de boa-fé. Este, inclusive, foi o ponto fundamental do entendimento que resultou na aprovação da Súmula nº 235, conforme é possível observar da redação dada à já bastante propalada Decisão nº 444/94 do Plenário que, ao lado de outras deliberações desta Corte de Contas, serviu para firmar entendimento sobre a matéria: 'O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.2. firmar nova orientação do Plenário do Tribunal de Contas da União, no sentido de firmar que, para os pagamentos indevidos de vantagem aos servidores públicos, mesmo reconhecendo-se a boa-fé, o dano há de ser ressarcido ao Erário, em valores atualizados, nos termos do art. 46 da Lei nº 8.112/90, deixando-se doravante, de se aplicar a esses casos, por analogia, o Enunciado nº 106 da Súmula de Jurisprudência predominante nesta Corte de Contas, que deverá ater-se apenas aos casos nela especificados, de julgamento, pela ilegalidade, das concessões de reforma, aposentadoria e pensão, não devendo, portanto, elastecer-se sua exegese.’ [Sessão Plenária de 06.07.94 TC 005.961/94-7 - Rel. Min. ADHEMAR PALADINI GHISI - Decisão Nº 444/94] (grifei) IV Na Instrução tem-se demonstrada a existência de preceito legal constante do artigo 185 da Lei nº 8.112/90, segundo o qual ‘O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido, sem prejuízo da ação penal cabível’. Assim como a regra jurídica contida no art. 185 da Lei nº 8.112/90, que leva em conta a presunção de boa-fé, a ausência de dolo e de fraude para fins de dispensa de devolução de indébito, os demais dispositivos contidos naquela Lei, também suscitados na Instrução, que preguem semelhante princípio, podem e devem ser levados em consideração para fins de julgamento e apreciação por este Tribunal, porquanto cumpre a este órgão, entre outras atribuições constitucionais, zelar pela correta aplicação daquela Lei [grifo]. Com efeito, a Súmula nº 235 não deve se prestar ao papel de prejudicar aquele servidor ou o pensionista [grifo]. Porém a possibilidade da aplicação de tais condições não devem se prestar à exclusão da norma jurisprudencial na forma defendidana Instrução. Em suma, pensamos que o exame da presente matéria deve limitar-se ao estudo das particularidades que recobrem o caso concreto, visto que a orientação que emana do Enunciado de Súmula ora impugnado pela SERUR não tem sido aplicada às situações que de fato comportem a dispensa de reposição ou de indenização [grifo], como foi o caso do Acórdão nº 27/2001 - Plenário. Naquela assentada discutiu-se o excesso de remuneração C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc de dirigentes praticado em empresas do sistema BNDES anteriormente ao advento da EC nº 19/98 que derrogou o limite constitucional estabelecido no art. 37, XI, da Carta Magna. Em seu Voto condutor, o Exmo. Ministro-Relator, para efeito de fundamentar referida deliberação, ressaltou o entendimento prevalecente deste Tribunal de 'julgar as contas regulares com ressalva e dispensar a devolução dos valores pagos em excesso, em decorrência das imprecisões normativas sobre a matéria e do respaldo dos pagamentos em parecer jurídico da entidade’. Observe-se que no presente caso o Tribunal deixou de aplicar a Súmula nº 235 preferindo adotar a jurisprudência predominante em relação à matéria examinada naquele caso concreto, comprovando, assim, que, mesmo diante daquele enunciado sumular, os processos têm sido julgados e apreciados no âmbito desta Corte de Contas levando-se em conta as particularidades de cada caso, tal como pode ser [grifo]. Portanto, a Súmula nº 235 expressa, como de fato deve expressar, uma regra geral a ser obedecida, não querendo dizer, obviamente, que as peculiaridades de cada caso não devam ser consideradas. E não poderia ser diferente, visto que seria impossível, bem como inviável, sob o ponto de vista operacional e prático, dotar um normativo de todas as situações e combinações de circunstâncias de que se revestem os fenômenos jurídicos a tal ponto que se pudesse imaginar transpô-los todos para a lei. Defendemos, assim, que seja preservada a regra genérica estabelecida no Enunciado em questão, mantendo-se portanto intacta a redação da Súmula de Jurisprudência nº 235. Cremos que, dessa forma, este Tribunal mais bem cumprirá seu objetivo maior que sempre foi o de garantir a devolução de todo e qualquer indébito aos cofres públicos, ao mesmo tempo que promove a necessária distinção para as situações específicas abrangidas pela Súmula nº 106. (...)’ 5.9.3.2. Assim, embora rechaçada a proposta de revisão do Enunciado 235, acolheu- se o entendimento de que há situações que comportam a não-observância daquele enunciado. Entre essas situações se encontra a boa-fé do servidor beneficiário dos pagamentos indevidos, que deve ser considerada em conjunto com o caráter alimentício das parcelas impugnadas e a segurança jurídica. Com base nesse entendimento, presente também em diversos outros julgados deste Tribunal, como aqueles citados no subitem 5.9.3, entendo que se deva dispensar do ressarcimento também os servidores ativos. 5.9.4. Desse modo, pelo exposto neste subitem 5.9, entendo que devam ser excluídos os subitens 1.24 e 2.4 do acórdão, bem como alterados os subitens 1.9, 1.11, 1.12, 1.13, 1.14, 1.17, 1.19 e 1.25, de modo a se retirarem as referências ao ressarcimento de valores indevidamente recebidos. Sebastião Carlos Leandro e Luiz Fernando Alves Bosco (volume 2) Argumentos 6. Os recorrentes pedem a reforma do subitem 1.13 do acórdão com base na seguinte argumentação: ‘O pagamento das referidas vantagens [rubricas SIAPE R00816, R00013 e 00591] vem sendo realizado há mais de 10 (dez) anos, tendo sido objeto de análises anteriores por parte deste T.C.U. em auditorias passadas, sem, contudo, terem sido considerado impróprios ou irregulares, já que foi devidamente autorizado, pela Administração da Instituição, fundamentado em parecer jurídico da mesma, aprovado pela Administração Máxima, de acordo com o processo acima citado, esclarecendo que os servidores sempre receberam as referidas vantagens de boa fé, sendo que os valores recebidos apenas remuneram o grande C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc volume de trabalho, que (...) extrapolam os inerentes aos cargos que exercem ou exerceram’, sendo injusta sua reposição. Análise 6.1. Cabe aqui a mesma análise feita no subitem 5.3 desta instrução, no sentido de não constituir ato jurídico perfeito aquele praticado sem amparo legal, não tendo, ainda, ocorrido prescrição. Não cabe, portanto, a argumentação. Quanto ao pedido de dispensa de devolução dos valores recebidos, a análise feita no subitem 5.9 desta instrução apresenta entendimento que fundamenta seu provimento. CONCLUSÃO 7. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se: a) que se conheça dos presentes recursos de reconsideração, nos termos dos arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8443/1992; b) no mérito, que se lhes dê provimento parcial, tornando-se insubsistentes os subitens 1.15, 1.24 e 2.4 do Acórdão 1236/2003-TCU-Segunda Câmara, alterando-se, ainda, os seus subitens 1.9, 1.11 a 1.14, 1.17, 1.19 e 1.25, de modo a se retirarem as referências ao ressarcimento de valores indevidamente recebidos; c) que sejam informados da presente deliberação os recorrentes e a Secretaria Federal de Controle Interno.” O Ministério Público manifestou anuência à proposta da unidade técnica (fl. 23v, vol. 2). Submetido o processo a novo sorteio de Relator, em virtude do disposto no art. 20 da Resolução/TCU 175/2005, fui contemplado. VOTO Conheço dos recursos, pois preenchem os requisitos de admissibilidade, estabelecidos nos artigos 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992. Consoante salientou a unidade técnica, a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro comentou, em seu expediente recursal, as determinações contidas nos itens 1.1, 1.4, 1.9, 1.11 a 1.15, 1.17, 1.19, 1.24, 1.25 e 2.4. No que concerne aos itens 1.1, 1.9, 1.11, 1.12, 1.17 e 1.24, os argumentos esposados pela recorrente não representam inconformidade com as determinações desta Corte, apenas sinalizaram o seu cumprimento. Por conseguinte, quanto a esses itens não haveria sido apresentada impugnação. Opto por segmentar a análise das justificativas em dois planos: o primeiro, relativo ao mérito das determinações, e, o segundo, concernente à necessidade de ressarcimento dos valores pagos indevidamente, a ser efetivado ao final. No que concerne ao item 1.4, que trata da concessão de adicionais de embarque e desembarque a servidores que fizeram uso de carro oficial para os deslocamentos, houve apenas a repetição de argumentos anteriores. O fato de o servidor embarcar em cidade que não seja Uberlândia não elide a irregularidade consistente na percepção de adicional para custear deslocamento efetivado com veículo oficial. Adicional é indenização e não remuneração. Tratar-se-ia de pagamento indenizatório sem a correspondente despesa que deveria lhe dar causa. Por conseguinte, deve permanecer a determinação. O item 1.13 tratou da concessão de parcelas indevidas aos servidores Sebastião Carlos Leandro e Luiz Fernando Alves Bosco, ativo e inativo, respectivamente. Verificando a instrução que fundamentou o Acórdão vergastado (fls. 102/104, vol. principal), as C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc parcelas inquinadas tratam de “incorporações de vantagens do regime celetista”. Conforme salientado pela Gerência Regional de Controle Interno de Minas Gerais - GRCI/MG, foram utilizadas rubricas do sistema SIAPE para pagamentos de vantagens sem relação com as suas finalidades. A argumentação da FMTM e dos recorrentesde que se trata de ato jurídico perfeito não pode prosperar, pois trata-se de ato contra legem. Quanto à alegação de prescrição em virtude da aplicação do art. 54 da Lei 9.784/1999, esta Corte já se manifestou em sede de Consulta, por meio da Decisão 1.020/2000-Plenário, acerca do tema, não considerando tal normativo de aplicação obrigatória no âmbito deste Tribunal. Por conseguinte, consoante análise da unidade técnica, permanece a ilegalidade da concessão das parcelas. Quanto ao item 1.14, que tratou de pagamentos retroativos de adicional de insalubridade ou de periculosidade, conforme salientou a Serur, não foram agregados documentos que pudessem confirmar a condição de insalubridade ou periculosidade. Ao observar a instrução que precedeu o acórdão combatido, verifico que foram pagos adicionais retroativos a 1996, com fundamento em laudo pericial emitido em 2001, o que representaria desrespeito ao art. 6º do Decreto 97.458/1989. Por conseguinte, não cabe o provimento do recurso quanto a este ponto. No que concerne ao item 1.15, esse comando apresenta reprimenda a reposicionamentos de servidores aprovados em concursos já sob a vigência da Portaria SRH/SAF 2.343/1994, que determinou que fosse feita a nomeação dos candidatos na classe e padrão inicial das respectivas carreiras. Observo que esta Corte evoluiu o seu entendimento sobre esse ponto específico. Deliberações anteriores que continham comandos análogos foram reformadas. Trata-se do Acórdão 55/1998-Plenário, reformado pelo Acórdão 191/2000-Plenário; Acórdão 522/1997-1ª Câmara, reformado pelo 210/2000-1ª Câmara; e Decisão 235/1998-1ª Câmara, reformada pela Decisão 18/2000-1ª Câmara. Nesses precedentes, especialmente no Acórdão 191/2000-Plenário, decidiu-se que as orientações contidas na Portaria SRH/SAF 2.343/1994 e no Ofício-Circular SRH/SAF 50/1994 apenas possuíam aplicabilidade às situações não previstas na Lei 8.460/1992, que não é o caso dos servidores das instituições federais de ensino. Esse entendimento encontra- se cristalizado no seguinte trecho do voto condutor do mencionado Acórdão 191/2000- Plenário: “2. Com relação ao primeiro tópico, saliento que a matéria já foi anteriormente apreciada por esta Corte, alterando-se tal entendimento em face das disposições legais específicas aplicáveis às instituições federais de ensino. Cito como exemplos o Acórdão nº 112/2000 - TCU - Plenário, proferido em Recurso de Reconsideração interposto na prestação de contas da Fundação Universidade do Rio Grande, relativa ao exercício de 1995 (625.221/96-6) e a Decisão nº 18/2000 - TCU - 1ª Câmara, proferida em sede de Embargos de Declaração opostos em processo de auditoria na Fundação Universidade Federal de Sergipe (675.317/95-9). 3. Como salientado pela instrução, antes do advento da Portaria SAF nº 2.343/94, a Lei nº 8.460/92, que sucedeu a Lei nº 8.216/91, tratou das tabelas salariais das instituições federais de ensino e sua divisão em níveis superior, intermediário e auxiliar, e transformou as referências em classes e padrões, diminuindo seu número. Instituiu, também, tabela de conversão das antigas referências para as novas classes e padrões, embora tenha se omitido quanto aos subgrupos previstos no Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos. A mencionada Portaria estabeleceu que ‘a nomeação de candidato C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc habilitado em concurso público, com vistas ao provimento de cargo público, far-se-á, sempre, na inicial da classe e padrão de cada nível de acordo com os anexos II, III e IV da Lei nº 8.460/92’. Todavia, o art. 8º, § 1º, da Lei nº 8.460/92 conferiu à SAF competência para regulamentar somente os cargos nela não previstos, que, certamente, não é o caso da carreira dos servidores das instituições federais de ensino. Como a Lei nº 8.216/91 previa a transposição da situação anterior para a atual, tal conversão também deveria ser aplicada aos servidores que viessem a ser admitidos no quadro de pessoal das instituições federais de ensino. Assim, de todo pertinente o entendimento da Unidade Técnica.” O entendimento desta Corte é o de conferir a seguinte redação à determinação (Acórdão 30/2004-Plenário): “determinar à (...) que proceda ao levantamento e retificação da nomeação de servidores selecionados mediante concurso público, que não atendam ao previsto no art. 8º, caput, da Lei nº 8.460/92, no que tange ao posicionamento nas classes e padrões obtidos pela utilização da Tabela 2 no Anexo VIII dessa Lei, a partir da situação estabelecida pela Lei nº 8.216/91 e Portaria nº 1.527/91 – MEC;”. Esse posicionamento deve ser reproduzido nos presentes autos, conferindo uniformidade às manifestações jurisprudenciais desta Corte. O item 1.19 trata de concessão de adicional de insalubridade a servidor cedido. No trecho do voto condutor do Acórdão 1.619/2004-Plenário, esclareci as condições para sua concessão: “A concessão de adicionais de insalubridade e de periculosidade a servidores depende da comprovação de condições ambientais específicas, cuja veracidade somente poderá ser atestada por intermédio de laudo pericial emitido pelo competente órgão de medicina e segurança do trabalho. Consoante preceituam os arts. 1º, 4º e 6º do Decreto 97.458/89, o deferimento desses adicionais dar-se-á à vista do laudo técnico que identifique as condições insalubres ou perigosas, da portaria de localização do servidor no local periciado ou da portaria de designação para executar atividade já objeto de perícia, cabendo à autoridade pagadora conferir a exatidão desses documentos antes mesmo de autorizar o dispêndio. Nenhuma dessas condições foram observadas pelos gestores. Não fosse a intervenção do controle externo, haveriam de continuar a realizar esses dispêndios, tendo por base, no máximo, meras declarações das instituições nas quais os interessados desempenhavam as suas atividades”. Considerando que não foi devidamente comprovado o implemento dessas condições, não merece reforma o item atacado. No que concerne ao item 1.25, tratou-se de comando no sentido da observância dos arts. 226 e 227 da Lei 8.112/1990, quando da concessão de auxílio-funeral a pessoas que não sejam membros da família do falecido. No caso sob análise, foi concedido auxílio no valor da remuneração do ex-servidor a terceiro que custeou o funeral, ao contrário do estabelecido no art. 227 da Lei 8.112/1990. Esse dispositivo estabelece que, nesse caso, haja apenas o ressarcimento das despesas. Por meio do Acórdão 311/2001-Plenário, pode ser observada determinação que indica que a concessão somente pode ser efetuada no valor da remuneração do servidor, caso seja verificado o vínculo de parentesco exigido pela Lei 8.112/1990 (art. 241): “8.2.11 - observe o disposto nos artigos 226 e 227 da Lei nº 8.112/90, no sentido de exigir a comprovação de parentesco entre o requisitante do beneficio de auxílio-funeral e o servidor falecido, para fins de pagamento do valor equivalente a um mês de remuneração e, caso não haja a comprovação, indenizar o requisitante com base no efetivo dispêndio, comprovado por nota fiscal, limitado pelo valor especificado no caput do art. 226;” C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc Determinação similar foi efetivada por meio do Acórdão 867/2003-1ª Câmara. Por conseguinte, esse item não guarda máculas. Foi impugnado comando (item 2.4) que veda a inclusão de adicional de insalubridade e de auxílio-alimentação para o cálculo da remuneração de ex-servidor, cálculo utilizado no pagamento de pensão. Foi defendido pela Serur que, como essas parcelas não compunham a remuneraçãodo ex-servidor, devem ser excluídas. Raciocínio que merece ser acolhido. Negando-se provimento, com relação a esse item. Quanto ao segundo plano de análise, no qual se examina o pedido genérico de eliminação de determinação de ressarcimento, a deliberação vergastada alberga determinações nesse sentido nos itens 1.9, 1.11 a 1.15, 1.17, 1.19, 1.24, 1.25 e 2.4. A unidade técnica, após tecer considerações sobre a aplicação dos enunciados 106 e 235 da Súmula de jurisprudência dominante deste Tribunal, com a anuência do Ministério Público, propôs o provimento do recurso em relação a esse ponto, dispensando o ressarcimento das quantias. As considerações expendidas, de que se trata de verbas alimentícias, de percepção de boa-fé dos valores e da observância do princípio da segurança jurídica, devem ser acolhidas. Essas mesmas considerações foram utilizadas para dispensa de ressarcimento nas deliberações que trataram do tema do item 1.15, consoante pode ser verificado no trecho do voto condutor do Acórdão 112/2000-Plenário: “6. Finalmente, quanto aos valores indevidamente recebidos de boa-fé, em virtude de interpretações equivocadas da lei, entendo pertinente a dispensa de seu ressarcimento, como aventado pela 10ª SECEX e pelo douto Ministério Público, ante o caráter alimentar de que se revestem tais parcelas salariais. Há que se ver que esse entendimento, no sentido de privilegiar o princípio da segurança jurídica, tem sido adotado pelo Tribunal em situações análogas, como exemplificam as seguintes deliberações: Acórdão 55/98 - Plenário, Decisão nº 046/96 - Plenário, Decisão nº 101/96 - 2ª Câmara, Decisão nº 316/96 - Plenário, Decisão 412/97 - Plenário. Ademais, resta considerar que tais parcelas, indevidamente percebidas, foram pagas com base em interpretação equivocada, mas plausível, das leis. Não se trata, portanto, de deliberada intenção de burla.” Por conseguinte, devem ser alterados os itens 1.9, 1.11 a 1.15, 1.17, 1.19, 1.24 e 1.25, e tornado insubsistente o item 2.4. Ante o exposto, em essência, acolho as manifestações uniformes da unidade técnica e do Ministério Público e voto por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação da Segunda Câmara. Sala das Sessões, em 23 de agosto de 2005. Walton Alencar Rodrigues Ministro-Relator ACÓRDÃO Nº 1.466/2005 - TCU - 2ª CÂMARA 1. TC - 011.166/2002-2 (com 2 volumes); apenso: TC – 007.440/2001-8 (com 1 volume) 2. Grupo I - Classe I - Recurso de Reconsideração. 3. Responsáveis: Valdemar Hial (CPF 007.559.076-04), Edson Luiz Fernandes (CPF 282.510.598-87), José Augusto Delduque (CPF 640.030.356-15), Antônio Eustáquio João (CPF 078.127.606-34), Maria Aparecida Cunha Rezende (CPF 341.128.046-87), Elizabete C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc Quaiotti (CPF 087.918.168-07), Cícero Resende da Silva (CPF 302.008.306-00), Ana Palmira Soares dos Santos (CPF 239.930.226-53) e Márcia Helena Pereira Resende Silva (CPF 548.120.386-34). 4. Entidade: Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM. 5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues. 5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Guilherme Palmeira. 6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Maria Alzira Ferreira. 7. Unidades técnicas: Secex/MG e Serur. 8. Advogado constituído nos autos: não há. 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Recursos de Reconsideração interpostos contra o Acórdão 1.236/2003, prolatado pela Segunda Câmara deste Tribunal, que julgou as contas da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro - FMTM, referentes ao exercício de 2001, regulares com ressalva, sem prejuízo de determinações. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos artigos 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/92 c/c o art. 285 do Regimento Interno, em: 9.1. conhecer dos recursos de reconsideração, interpostos pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro e pelos srs. Sebastião Carlos Leandro e Luiz Fernando Alves Bosco, para, no mérito, dar-lhes provimento parcial; 9.2. dar a seguinte redação ao item 1.15 do Acórdão 1.236/2003-2ª Câmara: “1.15. proceda ao levantamento e à retificação da nomeação de servidores selecionados mediante concurso público, que não atendam ao previsto no art. 8º, caput, da Lei 8.460/1992, no que tange ao posicionamento nas classes e padrões obtidos pela utilização da Tabela 2 no Anexo VIII dessa Lei, a partir da situação estabelecida pela Lei 8.216/1991 e Portaria 1.527/91 - MEC;” 9.3. eliminar a determinação de ressarcimento de valores dos itens 1.9, 1.11 a 1.14, 1.17, 1.19, 1.24 e 1.25 do Acórdão 1.236/2003-2ª Câmara; 9.4. tornar insubsistente o item 2.4 do Acórdão 1.236/2003-2ª Câmara; e 9.5. dar ciência desta deliberação aos recorrentes. 10. Ata nº 31/2005 – 2ª Câmara 11. Data da Sessão: 23/8/2005 – Extraordinária 12. Especificação do quórum: 12.1. Ministros presentes: Ubiratan Aguiar (na Presidência) e Walton Alencar Rodrigues (Relator). 12.2. Auditor convocado: Lincoln Magalhães da Rocha. UBIRATAN AGUIAR na Presidência WALTON ALENCAR RODRIGUES Relator Fui presente: CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA C:\Users\952524~1\AppData\Local\Temp\judoc_Acord_20050901_TC-011-166-2002- 2.doc Procuradora
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