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8 Conferência Nacional da Saúde

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3.2 A 8ªª Conferência Nacional de Saúde 
A 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, já no período da Nova 
República, marca o momento em que as mudanças ganham contornos claros, ao ampliar 
o espectro de atores envolvidos e explicitar em seu relatório as diretrizes para a 
reorganização do sistema. Convocada pelo ministro Carlos Santanna (Decreto n. 91.466, 
de 23/07/85) e realizada sob a gestão de Roberto Figueira Santos, teve sua Comissão 
Organizadora presidida por Sergio Arouca, uma das principais lideranças do Movimentoda 
Reforma Sanitária. O temário da conferência era composto pelos seguintes itens: 1) 
saúde como direito; 2) reformulação do Sistema Nacional de Saúde; e 3) financiamento 
do setor. 
Um amplo processo de mobilização social, que articulou representação de diferentes 
segmentos e estimulou a realização de pré-conferências nos estados, permitiu a 
reunião de cerca de quatro mil pessoas em Brasília, dos quais mil eram delegados com 
direito a voz e voto, para discutir os rumos do sistema de saúde. O núcleo mais “militante” 
das proposições da 8a 
 conferência é a resolução de número 13, do tema 1, que 
propunha: 
[...] ampla mobilização popular para garantir [...] que se inscrevam na futura 
Constituição: 
A caracterização da saúde de cada indivíduo como de interesse coletivo, como 
dever do Estado, a ser contemplado de forma prioritária por parte das políticas 
sociais; 
A garantia da extensão do direito à saúde e do acesso igualitário às ações de 
serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde ... 
A caracterização dos serviços de saúde como públicos e essenciais (BRASIL, 
1986). 
Ela apresentava os objetivos políticos da conferência em relação à Constituinte, 
que foram alcançados no texto da Constituição, com redação muito semelhante, e num 
sentido até mais abrangente 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação (Idem, art. 196). 
São de relevância pública as ações e serviços de saúde... (Idem, art. 197).Como resultado 
dos debates, o relatório da 8ª conferência explicitou as diretrizes 
para a reorganização do sistema e estabeleceu que a mesma deveria 
[...] resultar na criação de um Sistema Único de Saúde que efetivamente represente a 
construção de um novo arcabouço institucional, separando totalmente 
saúde de previdência, através de uma ampla Reforma Sanitária (Idem, Resolução 1, do 
tema 2). 
Os princípios que deveriam orientar a organização e operação do novo sistema 
também foram detalhados: 
[...] O novo Sistema Nacional de Saúde deverá reger-se pelos seguintes princípios: 
a) referente à organização dos serviços:Descentralização na gestão dos serviços; 
Integralização das ações, superando a dicotomia preventivo-curativo; 
Unidade na condução das políticas setoriais; 
Regionalização e hierarquização das unidades prestadoras de serviços; 
Participação da população (...); 
Fortalecimento do papel do município; 
Introdução de práticas alternativas de assistência (...) 
b) atinentes às condições de acesso e qualidade 
Universalização em relação à cobertura populacional, a começar pelas áreas 
carentes ou totalmente desassistidas; 
Equidade em relação ao acesso dos que necessitam de atenção; 
Atendimento oportuno segundo as necessidades; 
Respeito à dignidade dos usuários por parte dos servidores e prestadores de 
serviços de saúde, como um claro dever e compromisso com a sua função pú- 
blica; 
Atendimento de qualidade compatível com o estágio de desenvolvimento do 
conhecimento e com recursos disponíveis; 
Direito de acompanhamento a doentes internados, especialmente crianças; 
Direito à assistência psicológica (Idem, Tema 2, p. 18-19).As proposições incluíram ainda a 
definição de responsabilidades da União, estados e municípios na gestão do sistema de 
saúde, que deveriam estar fundamentadas “no 
caráter federativo da nossa República de tal modo a romper com a centralização que 
esvaziou, nas décadas recentes, o poder e as funções próprias das unidades federadas e 
de 
seus municípios” (Brasil, Tema 2, p. 20). Preconizava também a “progressiva estatização 
do setor” e o rigoroso controle sobre a qualidade dos serviços prestados pelos provedores 
privados contratados. 
Essas recomendações orientaram o trabalho da Comissão Nacional da Reforma 
Sanitária (CNRS), que reuniu pelo lado do governo representantes de sete ministérios: 
Saúde (MS), Previdência e Asistência Social (MPAS/Inamps), Trabalho (MTb), 
Desenvolvimento Urbano (MDU), Planejamento (Seplan), Ciência e Tecnologia (MCT), 
Educação e 
Cultura (MEC/SESU); além dos Conselhos Nacionais de Secretários de Saúde (CONASS); 
e de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems); e de representantes das comissões de 
saúde do Senado e da Câmara. A comissão reuniu, ainda, as seguintes representações: 
confederações de trabalhadores da indústria, de serviços e da agricultura (CUT, CGT e 
Contag); de federações sindicais e associações de profissionais de saúde, especialmente a 
Federação Nacional dos Médicos (FNM) e Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn); 
de movimentos sociais (Conam); de confederações patronais, como as Confederações 
Nacionais da Indústria (CNI), da Agricultura (CNA) e do Comércio (CNC); de associações de 
classe de provedores do setor privado, como a Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e 
a Confederação da Santas Casas de Misericórdia do Brasil (CMB). 
O objetivo da Comissão era o de elaborar propostas tanto para os dispositivos 
constitucionais quanto para a legislação posterior, que os regulamentaria. A ampla 
legitimidade conquistada ao longo do processo de mobilização em torno da Reforma 
Sanitária 
aliada à capacidade de elaborar propostas foram fatores cruciais para que o texto 
constitucional aprovado em 1988, assim como a Lei Orgânica da Saúde (Leis n. 8080/90 e 
n. 
8142/90), contemplassem a maior parte das proposições da 8ª CNS e da CNRS.

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