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Desafio Profissional semestre 3.docx

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FACULDADE ANHAGUERA DE INDAIATUBA
CURSO: SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINAS: Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço Social II, Psicologia e Serviço Social I, A Organização Social no Brasil, Antropologia Aplicada ao Serviço Social, Direito e Legislações.
	Adriano Calefo 
	RA: 5433744322
	Sarah Lívia Moreira Pereira
	RA: 5056607905
	Tatiane Zau da Silva 
	RA: 1909619493
	Tatiani Cristina dos Santos 
	RA: 5013427835
	
	
	 
	
	
	
	DESAFIO PROFISSIONAL
	
	
	
	TUTOR DE ENSINO (EAD): Adriana Perondi
	
	
	
Indaiatuba2016
SUMÁRIO
Introdução.....................................................................................................................2
Discursos intolerantes, de ódio, reducionistas e preconceituosos no cenário brasileiro contemporâneo............................................................................................3
Legislações que estão em discussão no país, os retrocessos e perdas de direitos da classe trabalhadora e o fortalecimento dos aspectos e ideologias neoliberais no cenário político, econômico e social no Brasil nos últimos anos..............................6
Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil e o rompimento do conservadorismo..........................................................................................................10
Considerações finais....................................................................................................22
Referências Bibliográficas..........................................................................................23
Introdução
É necessário analisar o movimento histórico da sociedade brasileira para compreender o significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio histórico. O profissional do Serviço Social teve sua regulamentação através da Lei 8.662 de 1993.
O exercício profissional está intimamente ligado aos mecanismos de exploração e dominação e deve estar sempre em busca de suprir argumentações necessárias à sobrevivência da classe trabalhadora, reproduzindo o antagonismo dos interesses sociais. O profissional precisa conhecer a fundação sócio histórica da profissão, seu envolvimento com o Estado, com o empresariado e com as ações da classe trabalhadora no processo de manutenção e ampliação dos direitos sociais.
O exercício profissional exige uma análise de conjuntura do cenário contemporâneo do país, seu posicionamento frente a esse cenário levantado, compreendendo suas manifestações universais, particulares e singulares, considerando a objetividade e a subjetividade do processo, e sempre ponderando as conjunturas econômicas, sociais, éticas, políticas e ideoculturais.
Nessa perspectiva, a partir de uma análise histórico-crítica,	 vamos analisar o movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país, buscando compreender o significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional e, identificar as demandas presentes na sociedade, visando formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado.
Com uma análise crítica, consciente e fundamentada da conjuntura e posicionamento do profissional de Serviço Social apresentarei argumentos que reiteram a necessidade de rompermos, permanentemente, com os conservadorismos na sociedade e na profissão, tendo como horizonte um projeto societário emancipatório.
Discursos intolerantes, de ódio, reducionistas e preconceituosos no cenário brasileiro contemporâneo.
Raça é um conceito biológico aplicado aos subgrupos de uma espécie. A espécie humana não possui subespécie e, portanto, não é correto dizer que existem diferentes raças humanas. Entretanto, para entendimento do senso comum, vamos nos referir ao preconceito de cor, como sendo preconceito racial.
Há intolerância no mundo todo, contudo o Brasil merece certo destaque nesse contexto, pois é um país plural, com diversas crenças, raças e etnias. Esse deveria ser um dos motivos para nos tornar, ao longo da história, pessoas sem preconceitos. Entretanto, em pleno século XXI o preconceito racial ainda é muito praticado, tanto na submissão do negro pelo branco quanto na marginalização dos índios pelo negro e pelo branco. Esta intolerância prejudica a todos, pois provoca atraso no desenvolvimento do país na medida em que esses indivíduos são humilhados e excluídos com frequência.
 No campo das religiões também há intolerância. Religiões trazidas por escravos africanos como “Candomblé e Umbanda”, sofrem intolerância. Isso ocorre, pois seus praticantes são tratados, pejorativamente, como "macumbeiros" e são agredidos constantemente física e moralmente por parte de outras crenças que impõem sua religião como a única e verdadeira salvadora da humanidade. Tal fato impede a liberdade de manifestação prevista em lei.
Existe também a intolerância contra a comunidade LGBT. O Brasil vive, atualmente, um movimento contraditório em relação aos direitos humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis ‐ LGBT. Se por um lado houve conquista de direitos historicamente resguardados e debate público sobre a existência de outras formas de ser e se relacionar, por outro acompanhamos o continuo quadro de violência e discriminação que a população LGBT vive cotidianamente. Vemos que ser LGBT, infelizmente, ainda configura uma situação de risco. Violações de direitos são cometidas com frequência.
O Governo Federal, por meio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH/PR – realizou em 2013 o primeiro Relatório de Violência Homofóbica no Brasil, assumindo o compromisso de promover e proteger direitos da população LGBT ao continuar a sistematização dos dados públicos sobre violências homofóbicas no Brasil. Em 2016 foi possível fazer uma análise federativa sobre as várias formas das violências cometidas contra a população LGBT, por meio da comparação com os dados publicados nos Relatórios anteriores. 
Entre os casos contabilizados, está a morte recente do jovem de 17 anos Itaberli Lozano, que foi encontrado carbonizado em um canavial. O tio paterno do adolescente que foi encontrado morto em Cravinhos (SP) afirma que a mãe, que confessou ter matado o próprio filho, não aceitava a homossexualidade dele.
Em relação às pessoas com deficiência, a discriminação já começa pela terminologia que muitas vezes coloca a deficiência antes da pessoa. Eles não portam nada, nem tem nada especial. O termo correto é: pessoa com deficiência, simples, objetivo e sem colocar a deficiência na frente do caráter.
Pessoa com deficiência, ou PCD como alguns dizem, é o mesmo que dizer: rosto com espinhas, carro com freio ABS, policial com arma e político com dinheiro na cueca. E o melhor de tudo, é que pessoa com deficiência não restringe ninguém, afinal todos temos algum tipo de deficiência. Ninguém é eficiente completamente, ninguém é perfeito, ninguém sabe tudo.
Pessoas com Deficiência física e/ou mental muitas vezes são vítimas de preconceito e discriminação. Costumam não receber o mesmo tipo de tratamento e ter a liberdade de ir e vir prejudicada pelas más condições das vias de acesso público e privado. Todavia, além da existência desse tipo de relacionamento abalado por falta de preparo público e social, também há formas de discriminação mais graves, como o crime de ódio. 
Os crimes de ódio contra pessoas com deficiências costumam envolver formas de abuso e intimidação ou comentários desrespeitosos camuflados sob a forma de “piadas”. São comuns agressões físicas, agressões verbais, o uso de palavras ofensivas em relação a deficientes, comentários de mau gosto (o agressor costumaclassificar tais comentários como brincadeira), imitação da maneira de ser da pessoa com deficiência, ataques morais, não admissão em cargos de emprego etc. Os atos discriminatórios podem acontecer nas mais variadas situações e nos mais variados lugares. A discriminação, sendo ela sutil ou evidente, deve ser denunciada. Além de ser um direito, é dever de todo cidadão denunciar esse tipo de ocorrência. Através da denúncia protege-se não apenas uma vítima, mas todo um grupo que futuramente poderia ser atacado.
O crime de ódio contra pessoas com deficiência física e/ou mental é de extrema gravidade e desumanidade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos deixa claro que todas as pessoas devem ser tratadas fraternalmente, independente de deficiências. A mesma Declaração também assegura que pessoas com deficiências devem ter todos os direitos levados em consideração no desenvolvimento econômico e social. O objetivo maior que o Estado e a população devem ter em relação ao tratamento de pessoas com deficiência é o de assegurar que ele deve gozar, no maior grau possível, dos direitos comuns a todos os cidadãos. A deficiência não pode ser em hipótese alguma, motivo para discriminação, ofensa e tratamento degradante.
Quando a professora Maria de Lourdes Neves da Silva, da EMEF Professora Eliza Rachel Macedo de Souza, na capital paulista, recebeu Gabriel** na época com 9 anos de idade, a reação dos colegas da 1ª série foi excluir o menino do convívio com a turma. "A fisionomia dele assustava as crianças. Resolvi explicar que o Gabriel sofreu má-formação ainda na barriga da mãe. Falamos sobre isso numa roda de conversa com todos. Eles ficaram curiosos e fizeram perguntas ao colega sobre o cotidiano dele. Depois de tudo esclarecido, os pequenos deixaram de sentir medo", conta.
No caso específico do Brasil, a Constituição Federal define como meta a busca do bem-estar de todos, sem quaisquer tipos de discriminação. Da mesma maneira, o Código Penal brasileiro determina como passível de punição os atos criminosos e de desrespeito causados por fatores discriminatórios.
Após estudo e análise sobre diferentes tipos de preconceitos em nossa sociedade, e confiando que as crianças ainda não têm pré-conceito, pensei em algumas ideias para mesmo que a longo prazo, solucionar ou pelo menos diminuir esse problema social.
Trabalhar nas escolas desde a Educação Infantil, com alunos e seus pais, a conscientização em um processo contínuo com o objetivo de:
- Promover a reflexão através de ações pedagógicas interdisciplinares;
- Realizar palestras periódicas com os pais, utilizando leitura de textos, debates, produções textuais, dinâmicas etc;
- Desenvolver a autoestima na criança.
Para combater a intolerância, a comunidade, através de aulas, palestras e campanhas, deve passar informações e valores de igualdade entre todos, respeitando as características e opções de cada indivíduo, sem discriminação. Fazer com que os preconceituosos ou intolerantes sejam punidos conforme a lei. Com essas ações, a intolerância poderá ser erradicada e todos poderão se tornar melhores e mais desenvolvidos.
A intolerância seja de qualquer espécie, fere a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Por isso, todo tipo de preconceito deve ser combatido para que haja uma sociedade igualitária e livre.
Legislações que estão em discussão no país, os retrocessos e perdas de direitos da classe trabalhadora e o fortalecimento dos aspectos e ideologias neoliberais no cenário político, econômico e social no Brasil nos últimos anos.
	A rejeição e o menosprezo às leis trabalhistas pelos setores mais conservadores e elitistas da sociedade respingam não apenas no Direito do Trabalho, mas também nas instituições. A Justiça do Trabalho tem sido desacreditada e constante alvo da indelicadeza e da falta de polidez dos parlamentares que a acusam de proferir “decisões irresponsáveis” e que por isso, “não deveriam nem existir”. 
	A tentativa de devastar inteiramente o aparato jurídico-normativo trabalhista e tudo o que lhe circunda e resguarda tem seu ápice na Reforma Trabalhista (projeto de lei nº 6786|2016), que recentemente recebeu parecer substitutivo do relator, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).
	A proposta, que altera a CLT, modificando a essência protecionista que lhe é característica está cheia de mentiras. Esta análise vai se concentrar nas principais e mais significativas mudanças e seus fundamentos.
	Iniciemos pelas mentiras que não são poucas.
	Ao contrário do que sugere o parecer, a proposta da Reforma Trabalhista não garantiu uma “ampla discussão democrática da matéria”. O projeto, na verdade, padece de amparo popular, pois foi elaborado à míngua de debates e discussões sociais, sem que os interessados participassem ativamente da sua construção. Além de não resistir a uma conversa ampliada e destemida, a proposta é rejeitada pela maioria esmagadora das entidades de representação profissional.
	Tampouco é verdade que a legislação trabalhista esteja presa às “amarras do passado”. Apesar de nascida em 1943, a CLT teve mais de 85% dos seus dispositivos alterados de lá para cá, sem falar das muitas Leis esparsas, cronologicamente mais recentes, que igualmente se prestam a regular as relações de trabalho. Se é necessário modernizar a legislação trabalhista, que seja para estender a teia protetora do Direito do Trabalho às novas formas de modalidade de exploração da mão de obra, até então inimagináveis – tais como a denominada uberização das relações de trabalho. Ou seja, é necessário mais proteção e não menos.
	Entretanto, essa ampliação protetiva passa longe do projeto: na forma como está posto, apenas corrói, destrói e precariza o que há de bom.
	De acordo com o relator, a “legislação trabalhista brasileira vigente hoje é um documento de exclusão”, sendo imprescindível uma ”modernização” para “gerar mais empregos formais e para movimentar a economia”.
	A reforma não reduzirá o desemprego. A redução dos custos por meio da flexibilização da lei trabalhista não levará à diminuição do índice de desemprego, mas tão só ao encolhimento da renda e à redução da capacidade aquisitiva dos consumidores. É exatamente nesse sentido o resultado do estudo promovido pela Organização Internacional do Trabalho em 63 países desenvolvidos e em desenvolvimento.
	Também não é verdade que o projeto “não está focado na supressão de direitos”, pois este “não é e nunca foi seu objetivo”. Além de relativizar e flexibilizar, direta e indiretamente, a legislação trabalhista, a proposta simplesmente suprime direitos atualmente previstos no texto da CLT, como o faz, pro exemplo, com as horas in itineris – horas extras pagas pelo tempo de deslocamento até o local de trabalho quando não há transporte público disponível no trajeto.
	A afirmação de que a prevalência do negociado pelo legislado, prevista no projeto, não comprometerá os direitos assegurados aos trabalhadores afasta-se da realidade. A livre negociação entre partes desiguais revela uma verdade secular: disputas entre Davi e Golias tendem a produzir resultados opostos ao do milagre bíblico. Se o Direito do Trabalho surgiu para intervir na manifestação de vontade das partes e firmar o contrato de trabalho, a ausência estatal conduzirá, inevitavelmente, a um passado marcado pela desregularão, desproteção e precarização.
	Assim, com base nas mentiras propõe-se um pacote de maldades. Os riscos do negócio ficarão com o trabalhador, pois o projeto chama atenção pela lógica que o permeia: a transferência do risco da atividade econômica para o trabalhador de modo a isentar o empregador da responsabilidade inerente ao seu negócio.
	A proposta inserida no artigo 2º da CLT é uma amputação do grupo econômico trabalhista, uma figura cuja finalidade é a garantia do pagamento do crédito ao trabalhador por qualquer das empresas favorecidas pelo contrato de trabalho.
O parecer substitutivo dilacera a responsabilização decorrente do grupo econômico trabalhista ao afastar a caracterização pela “mera identidade de sócios,ainda que administradores ou detentores da maioria do capital social, se não comprovado efetivo controle de uma empresa sobre as demais”. Ou seja, isenta de responsabilidade todas as empresas que, possuindo identidade societária e gerencial, se beneficiaram da prestação de serviços do trabalhador.
Esse projeto também veda a responsabilização em cadeia. Se a experiência externa avança na responsabilização vertical a exemplo da Recomendação da OIT Sobre as Medidas Complementares Para Efetiva Supressão do Trabalho Forçado (2014) e das leis California Transparency in Supply Chains Act (Estados Unidos 2010) e Modern Slavery Act (Reino Unido, 2015), que exigem que empresas com faturamento elevado devem tornar pública sua relação com os demais atores da sua cadeia produtiva. No Brasil as coisas parecem tomar rumo distinto.
O empregado terá dificuldade na Justiça do Trabalho, pois a proposta afasta “a responsabilidade solidária ou subsidiária de débitos e multas trabalhistas” quando “empregadores da mesma cadeia produtiva” estabelecem negócio jurídico “ainda que em regime de exclusividade”. A depender da nova redação, portanto, a Justiça Do Trabalho ficará impedida de responsabilizar as grifes que delegam sua produção a pequenas oficinas de costura e se beneficiam do trabalho escravo de migrantes vulneráveis, precarizados e ilegais.
Além disso, a proposta cria a figura do trabalhador que presta serviços com exclusividade e de forma contínua sem, no entanto, perder sua condição de autônomo, em outras palavras, é conivente com a fraude por excluir da proteção do vínculo de emprego o trabalhador não eventual, economicamente dependente do tomador dos serviços, de quem recebe as diretrizes para a execução do trabalho.
A verdadeira autonomia, no entanto, exige independência do trabalhador em relação às ordens do tomador dos serviços, sendo, pois, incompatível com a subordinação inerente à exclusividade. O autônomo genuíno executa as atividades por conta própria, possui independência econômica em relação ao tomador dos seus serviços e, regra geral, o faz de forma descontínua, sem a característica da habitualidade. 
Não menos grave é a nova espécie de contrato do trabalho preconizado pela proposta: o contrato intermitente, uma modalidade onde o trabalhador não dispõe de horário fixo, não possui carga de trabalho previamente estabelecida e não conta sequer, com salário certo ao final do mês. Cria-se a figura do trabalhador ultraflexível, disponível a qualquer hora, podendo alternar períodos de prestação de serviços e de inatividade a mercê da necessidade do patrão.
Como a ideia é livrar a barra do patrão, nada melhor do que terceirizar. Então, a proposta estende vastamente e sem limites a terceirização, confirmando a prestação de serviços por intermédio de terceiros em qualquer atividade, inclusive na principal. Um paradoxo se pensarmos que a terceirização tem como justificativa possibilitar ao tomador se preocupar apenas com as atividades que constituem o objetivo central do seu empreendimento. 
Não se pode perder de vista que a lógica primária da terceirização de serviços viabiliza a concepção do trabalho humano como mercadoria, colidindo com os preceitos que asseguram o trabalho decente. Estudos demonstram que esta técnica de gestão empresarial tem trazido consequências antissociais para os trabalhadores, tais como: a perda do salário e demais benefícios profissionais da categoria predominante por não lhe ser aplicável o instrumento coletivo referente à atividade preponderante do tomador dos serviços. Ou a inexistência de organização sindical efetiva e representativa. Isso sem contar a discriminação em relação aos empregados contratados diretamente pelo tomador, a instabilidade no emprego e a alta rotatividade de mão de obra.
Não por acaso, registra-se, a cada dez trabalhadores resgatados de condições análogas à de escravo no país, nove são terceirizados.
Igualmente grave será a prevalência do negociado pelo legislado em relação à jornada de trabalho, ao intervalo para repouso e alimentação e ao enquadramento do grau de insalubridade, questões relacionadas à saúde, higiene e segurança do trabalho que não deveriam ser passíveis de negociação.
O mais interessante é notar que a proposta de acabar com a obrigatoriedade do imposto sindical poderá ser utilizada estrategicamente como barganha para acalmar os sindicatos e, com isso, viabilizar a aprovação do pacote de maldades.
Como se vê, a Reforma Trabalhista provocará uma verdadeira metamorfose na CLT. De Consolidação das Leis do Trabalho para Consolidação do Livre-comércio do Trabalho.
É a partir dessa nova realidade, que a compra e venda da força de trabalho será feita, como outrora, em praça pública e de acordo com a espessura das canelas.
Movimento de Reconceituação do Serviço Social no Brasil e o rompimento do conservadorismo
Os anos de 1960 influenciaram grandemente o serviço social brasileiro. Com a instalação da ditadura militar, novas demandas foram impostas ao assistente social, porém, com o grande cerceamento ideopolítico, muito pouco se avançava. A categoria profissional apresentava-se engessada e de braços atados com os limites impostos pelo período. A impossibilidade de questionar as condições políticas, sociais e econômicas da realidade brasileira sinalizavam um movimento interno e externo, que indagavam e questionavam o objeto, os objetivos, os métodos e os procedimentos de intervenção do serviço social, dando início ao chamado movimento de reconceituação. 
O movimento de reconceituação do serviço social, ocorrido entre os anos de 1965 – 1975, expressa uma nova corrente para a profissão, com caráter mais heterogêneo – várias vertentes, linhas políticas, teóricas e profissionais. Ele é fruto de condicionantes históricas, com aprovação de setores jovens e profissionais de vanguarda do serviço social. 
Esse movimento fez a denúncia e crítica ao serviço social tradicional e seu vínculo com o conservadorismo, uma autocrítica à profissão – revisão global; questionamento da sociedade e seu nível societário, da direção social da prática profissional, de suas raízes sociopolíticas, de seus fundamentos ideológicos e teóricos, sintonizando o serviço social com a realidade a fim de atender às demandas – crítica o tradicionalismo. 
Expressou também um avanço nas reflexões teóricas do serviço social, fez a crítica ao assistencialismo e às bases convencionais, buscando um novo papel para a atuação, mais atrelado à realidade. É um movimento teórico, metodológico e operacional. 
Não foi um movimento homogêneo de ideias e posições, mas incorporou várias correntes e tendências. Até mesmo sua aceitação no meio profissional não foi homogênea. 
Ele foi mais intenso na América Latina no Brasil, país com um nível mais avançado de industrialização e um sistema de governo populista, lutas de classes e organizações mais conscientes das mesmas, com ocorrência de participação política, onde ele assumiu uma perspectiva crítica de contestação política e de proposta de transformação social. Essa posição dificilmente poderia ser levada à prática frente à explosão de governos militares ditatoriais e pela ausência de suportes teóricos claros. 
A primeira expressão desse movimento se deu a partir do 1º Seminário Latino-Americano de Serviço Social, realizado no ano de 1965 em Porto Alegre, e teve seu término por volta do ano de 1973. Nesse mesmo ano, com a interlocução com o serviço social latino-americano, foi fundada a Associação Latino Americana de Escolas de Serviço Social (logo depois, Trabalho Social), ALAETS, entidade de grande importância no fomento da crítica – serviço social crítico. Entretanto, na profissão, em consonância com o contexto da década de 1960, emergiu um movimento crítico, denominado Movimento de Reconceituação Latino-Americano do Serviço Social. 
Esse movimento trouxe inúmeros questionamentos acerca da sociedade e das condições de trabalho impostas ao assistente social, alavancando um posicionamento crítico face ao serviço social tradicionalconservador e à lógica capitalista. Possibilitou uma análise crítica da sociedade do capital, problematizando o papel do assistente social na sociedade capitalista e as demandas a ele dirigidas. 
No âmbito do movimento, definiram-se e confrontaram-se diversas tendências voltadas à fundamentação do exercício e dos posicionamentos teóricos do serviço social. Essas tendências resultaram em conjunturas sociais particulares nos países do continente e levaram, por exemplo, no Brasil, o movimento, em seus primeiros momentos (tempos de ditadura militar e de impossibilidade de contestação política), a priorizar um projeto tecnocrático/modernizador, do qual os documentos Araxá e Teresópolis são as melhores expressões. 
No Brasil, as influências desse movimento só irão repercutir a partir do fim da Ditadura Militar, que minou as bases que proporcionariam a crítica progressista no serviço social. 
O pós 1964 serviu para repensar, rearranjando o que era tradicional já que mudanças efetivas não poderiam ser instauradas. Esse processo também poderia ser denominado como modernização conservadora. Dentro dessa perspectiva, o serviço social apenas revisou seus conceitos e conteúdos, resgatando e mantendo seus núcleos teóricos, revestindo-os de uma nova roupagem apenas. 
Algumas vertentes de análise que emergiram no bojo do Movimento de Reconceituação:
 • Vertente modernizadora caracterizada pelas abordagens funcionalistas, estruturalistas e positivistas. 
• Vertente inspirada na fenomenologia, que priorizava como metodologia a metodologia dialógica, abarcando nessa as concepções de pessoa, o diálogo e a transformação social como uma forma de reatualização do conservadorismo presente no pensamento inicial da profissão. 
• Vertente marxista que se apropriou do conceito de sociedade e de classes no Brasil, aproximação do marxismo.
Efetivamente, a apropriação da vertente marxista no serviço social brasileiro e latino-americano não se dá sem interferências, ou mesmo de um modo equivocado – interferências político-econômico-sociais e equívocos na apropriação e interpretação. 
No entanto, é com esse referencial que a profissão questiona sua prática institucional e seus objetivos, iniciando-se aqui a vertente comprometida com a ruptura com o serviço social tradicional. 
As tensões das estruturas sociais do mundo capitalista ganharam uma nova dinâmica; num contexto de distensão das relações internacionais, gerou-se um quadro favorável para a mobilização das classes subalternas em defesa dos seus interesses. Esses movimentos põem em questão a racionalidade do estado burguês e a capacidade de suas instituições. 
Seus traços eram: 
• nivelamento com as ciências sociais e os problemas sociais; 
• liderança de vanguarda quanto à pesquisa, na produção do conhecimento; 
• aumento de diferentes concepções profissionais, rompendo com a homogeneidade de práticas; 
• pluralismo teórico, metodológico e político que rompia com a ideia de sociedade monolítica. 
A década de 1980 inaugura um novo processo para a revisão profissional. É nessa década que a categoria profissional respira novos ares rumo a uma atuação mais democrática e autônoma. 
Instala-se um processo dentro e fora da categoria, processo de renovação do serviço social, conhecido como o processo de ruptura do serviço social com o tradicionalismo profissional. Esse processo não foi imediato, por isso é chamado de processo de ruptura, pois nessa época ainda não havia uma hegemonia na própria categoria profissional. 
Um questionamento das bases se iniciava, questionando e refletindo criticamente a metodologia e a prática profissional. Esse era também um questionamento ético. A ética entra em pauta nas discussões profissionais, pois se verificou que se fazia necessário romper com a neutralidade e com o tradicionalismo filosófico fundado pelo neotomismo e humanismo cristão. Ao assumir esse posicionamento ético, novas possibilidades se abririam, pois ainda eram insuficientes as ações voltadas para a classe trabalhadora. 
O regime militar vigente nessa década apresentava-se desgastado, pois havia no momento uma falta de sincronia no interior das classes dominantes, que refletia no sistema econômico e fazia cada dia mais aumentar a condição de pobreza e desigualdade social. 
Essa herança da reconceituação foi a base para a renovação crítica do serviço social brasileiro na década de 1980, mesmo com os limites, aponta-se algumas conquistas decorrentes dessa época no Brasil: 
1. intercâmbio e interação profissionais com outros países que respondessem as problemáticas comuns da América Latina; 
2. a explicitação da dimensão política da ação profissional; 
3. interlocução crítica com as ciências sociais: crítica ao tradicionalismo, com abertura para a tradição marxista e sincronia com tendências diversificadas do pensamento social contemporâneo; 
4. inauguração do pluralismo profissional. 
Uma das maiores expressões é, sobretudo a efetivação da interlocução com a teoria social de Marx.
Essa década marca também o processo de abertura política no Brasil, com grande avanço dos movimentos sociais. O fortalecimento do sindicalismo, das comunidades de base e da reforma sanitária, aliado ao aprofundamento da crise econômica que se evidenciou na ditadura militar, vai resultar em um grande movimento social em torno da elaboração da nova Constituição. 
Nessa conjuntura, há um movimento significativo no serviço social, de ampliação do debate teórico e incorporação de algumas temáticas como o Estado e as políticas sociais fundamentadas no marxismo. 
A mobilização da sociedade civil se adensa com a incorporação de diferentes categorias profissionais (médicos, professores, sanitaristas, funcionários públicos, assistentes sociais), que engrossam as lutas políticas, recriando suas entidades representativas e aliando-se às reivindicações democráticas de retomada do poder civil, de reconhecimento de direitos sociais e políticos, de democratização do Estado, de enfrentamento da grave crise social. 
No âmbito do serviço social inicia-se a fecundação de um debate e posicionamento ético comprometido com a classe trabalhadora, com os direitos humanos e sociais, com a ampliação da democracia. As entidades profissionais tiveram um papel fundamental nesse processo de lutas, pelo seu atrelamento com a universidade e no adensamento da crítica. 
É nessa década que há um rompimento com o conservadorismo no serviço social, pela revisão do posicionamento ético e profissional, pela própria revisão do projeto formativo da profissão – diretrizes curriculares de 1982; pela organização da categoria – participação democrática. As entidades de ensino e representativas tiveram esse papel primordial, ABESS/CEDEPSS (Centro de Documentação e Pesquisa em serviço social e Políticas Sociais) e o CFESS/CRESS merecem destaque na elaboração de uma legislação que contemplasse essas mudanças. 
No ano de 1986 um novo do código de ética foi lançado, comprometido com um novo projeto ético, político e profissional junto à classe trabalhadora e seus interesses e que rompia com o corporativismo profissional. Uma nova postura e direcionamento são assumidos, que vieram a legitimar o compromisso expresso nesse novo código profissional. 
Nesse contexto, outros fatores importantes marcaram esse processo de renovação crítica do serviço social: a aprovação do novo currículo mínimo pelo Conselho Federal de Educação em 1982 representou um ganho significativo; a aproximação do serviço social da discussão sobre a vida cotidiana, através de autores como Lukács e Heller, Goldman, Lefèvre; como também a presença da influência Gramsciana em várias produções dessa época, que possibilitou novas interpretações das possibilidades de renovação crítica. Esses fatores incorporavam o papel de “educador” à prática profissional, contribuindo com a renovação da profissão. Marcam, também, a elaboração de um novo Código de Ética Profissional em 1986, que se configurou como elementos significativos no processo de ruptura profissional, sobretudo,nos aspectos político e teórico, expressando a influência do pensamento marxista no serviço social. 
Propunha-se ainda superar a fragmentação existente no tripé caso, grupo e comunidade, criando as disciplinas de Metodologia do Serviço Social, História do Serviço Social e Teoria do Serviço Social.
Merece destaque também a formulação expressa na obra produzida por Marilda Villela Iamamoto e Raul de Carvalho, publicada em 1982 e intitulada Relações Sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica, que veio ao encontro das expectativas da categoria, sinalizando uma maioridade intelectual no rompimento. 
Todo esse processo se desdobra na construção de um novo projeto ético, político e profissional, vinculado a um projeto societário, propondo uma nova ordem social, voltada à equidade e à justiça social, numa perspectiva de universalização dos acessos aos bens e serviços relativos às políticas sociais. Nesse contexto a profissão busca o compromisso com a classe trabalhadora através do aprimoramento intelectual, baseada na qualificação acadêmica e alicerçada em concepções teórico-metodológicas críticas e sólidas. 
A década de 80 sinalizou uma redefinição e um repensar na categoria profissional, pois esta reconheceu que se fazia necessário ser partícipe e integrante de todo processo democrático em prol da classe trabalhadora. Para tal, a categoria se inseriu na luta por uma Constituição que contemplasse essa classe, fosse universal e democrática. A categoria propôs a incorporação dos interesses da classe trabalhadora que perfilassem um sistema que a melhor protegesse e atendesse: a seguridade social. 
No que tange ao modelo de proteção social, a Constituição Federal de 1988, denominada Constituição Cidadã, é uma das mais progressistas, em que a saúde, conjuntamente com a assistência social e a previdência social, integra a seguridade social. 
Esse novo paradigma do tripé da Seguridade Social como direito do cidadão foi fruto de forte movimentação popular, por meio de movimentos populares de saúde, sindicatos, associações de donas de casa, em contraposição aos segmentos privados, que se uniram em torno de uma proposta de privatização dos serviços, o que necessitou de uma composição de forças para o avanço do entendimento da saúde e assistência como direito, porém prevendo a possibilidade de complementação pelo setor privado.
 Em relação à saúde, foi necessária grande mobilização popular que garantiu a Emenda Popular, assinada por cinquenta mil eleitores e 167 entidades (Bravo, 2007).
Essa década foi de extrema importância para o serviço social, que passa a avaliar a sua ação dentro da tradição marxista, como também há uma maior aproximação no movimento interno da universidade. 
Os anos de 1980 começavam a colocar para o serviço social brasileiro demandas, particularmente na pós-graduação, de instituições portuguesas e latino-americanas (Argentina, Uruguai, Chile), o que ampliava a influência do pensamento profissional brasileiro. 
Esse novo modelo de Estado vem operando num processo de enfraquecimento dos movimentos sociais, que vinham da década anterior, com forte mobilização. Observa-se um esvaziamento dos sindicatos, um reforço da negociação dos acordos dentro das fábricas sem intermediação dos sindicatos, uma valorização do individual e da prestação de serviço em detrimento do emprego formal. 
Em contrapartida, a Constituição de 1988 garantiu o controle social das políticas públicas, com o fortalecimento da gestão municipal; dessa forma, o serviço social tem necessidade de rever sua prática para contribuir na reorganização do movimento social em torno das garantias de direitos e manutenção das conquistas obtidas, evidenciando questões referentes à necessidade de construir e concretizar uma prática que garanta um Estado participativo.
A partir dessa realidade, o Estado fica com a função de garantir um mínimo aos que não podem pagar, e o setor privado, com o atendimento aos cidadãos consumidores economicamente ativos, garantindo o lucro do setor, e repassando para o Estado as situações de alto custo; nos planos de saúde, o usuário, apesar de financiar durante anos sua saúde, quando necessita de um tratamento de alto custo, é encaminhado para saúde pública. 
O Estado liberal traz como estratégia de governo um projeto privatista, o que cada vez mais vem trazendo demandas para o serviço social. Muitas das demandas apresentadas à categoria têm um caráter de fiscalização dos usuários, de convencimento da impossibilidade de acessar determinado recurso por não apresentar o perfil estabelecido; na seleção socioeconômica que exclui mais usuários de que os inclui; na atuação psicossocial via aconselhamento; na atuação através da inclusão de benefícios previdenciários e sociais tal como é o Beneficio de Prestação Continuada – BPC. Ainda perfilam a atuação profissional a ação junto aos planos de saúde, perícias sociais, planos de previdência privada. Tais práticas podem significar uma volta ao assistencialismo por meio da ideologia do favor e do predomínio de práticas individuais. 
Nesse novo contexto, cabe aos profissionais de serviço social fortalecer as instâncias de controle social previstas na Constituição (conselhos municipais de saúde, educação, assistência, segurança pública, cultura, conselhos tutelares) para garantir a manutenção e viabilização de políticas públicas nessas áreas, além da destinação efetiva dos recursos financeiros disponíveis, garantindo a otimização de tais recursos nas ações de interesse das classes populares. Cabe ainda lutar para que esses conselhos não sejam cooptados pela iniciativa privada, garantindo assim seu papel de controle social da execução de políticas públicas.
O Movimento de Reconceituação foi uma tentativa de ruptura com o Conservadorismo para um método crítico e investigativo, uma renovação teórico-prático social, com propostas de intervenção e compreensão da realidade social, questionador da ordem dominante. Esta intenção se daria com a aproximação ao Marxismo, no entanto, deu-se em sua versão vulgar, por conta da censura no transcorrer do Movimento, devido ao contexto da Ditadura Militar. “Um notável movimento de renovação do Serviço Social surge nas sociedades latino-americanas, a partir da década de 1960, como manifestação de denúncia e contestação do ‘Serviço Social Tradicional’” (SILVA, 2002). Não era um movimento homogêneo, havia uma fragmentação da categoria entre Revolucionários e Conservadores, um visava uma Modernização Conservadora e o outro uma renovação transformadora para construção de uma nova ordem societária. Documentos como de Araxá (1967), Teresópolis (1970) e de Sumaré (1980), foram elaborados na busca de propostas de teorização para o Serviço Social, contendo as primeiras expressões de Renovação da profissão.
 A importância do Movimento de Reconceituação para o Serviço Social brasileiro é a transformação, a renovação dos conceitos e do agir profissional, que buscava uma formação qualificada, com técnicas precisas, fundamentação teórica e cientificidade para a profissão. Disso tudo resulta na Reforma Curricular e na condução dos destinos das organizações profissionais e intervenção profissional expressas no Código de Ética Profissional que faz uma opção clara pela defesa dos direitos da classe trabalhadora e seus interesses.
O significado do Movimento de Reconceituação para o Serviço Social representa uma grande mudança, dada sua busca de desvinculação do Conservadorismo e das técnicas importadas do Serviço Social Norte-Americano. Para um agir profissional com identidade própria, condizente com a realidade social, é importante uma reflexão sobre este Movimento que surgiu com a necessidade de adequar as práticas profissionais à realidade do País e a ruptura com o Conservadorismo (denominado Serviço Social “tradicional”), construindo novos métodos e técnicas a partir das necessidades populares. 
Os direitos sociais enquanto resultado de movimentos e lutas sociais, objetivam a visualização e compreensãopor parte do Estado, das demandas e necessidades produzidas socialmente sob o prisma do modo de produção capitalista, configurando-se como estratégia de enfrentamento à questão social e suas expressões.
Direitos sociais são abstratos, históricos e inacabados e, portanto, são construções históricas que emergem de embates políticos, resultado de lutas sociais efetivadas por sujeitos sociais conscientes e com poder de pressão.
Está embutida nos direitos sociais, a relação entre Estado e Sociedade, onde muitos autores o concebem como concessão do Estado, com ênfase na acumulação e reprodução do modo de produção vigente. Assim expressa ações pautadas no favor e na tutela, visto que “cria súditos” em vez de cidadãos.
O mero reconhecimento do fundamento moral, ou do fato de serem desejáveis, bons e justos, não transforma direitos declarados em direitos consagrados. A generalização e o acesso só se consagram por meio de medidas que assegurem “capacidade jurídica” e por “políticas de proteção práticas”.
Gentille (2002) enfatiza que estas medidas envolvem não só o reconhecimento de direitos, mas, sobretudo, demandam procedimentos protecionistas de governos democráticos como forma de garantir condições de vida minimamente digna a milhões de pessoas, sobre tudo àquelas que se encontram excluídas do mercado de trabalho, ou a esse submetidas nas mais diversas formas de super-exploração.
Os direitos são uma conquista e não uma dádiva, portanto, são dinâmicos e inacabados, exigindo que sejam constantemente conquistados e reconquistados, diante das relações de poder e de dominação que o cercam, para atacá-lo.
Os direitos, porém, não são uma dádiva, nem uma concessão. Foram ‘arrancados’ por lutas e operações políticas complexas. (...) não são uma doação dos poderosos, mas um recurso com o qual os poderosos se adaptam às novas circunstâncias histórico-sociais, dobrando-se com isso, contraditoriamente, às exigências e pressões em favor de mais vida civilizada (Nogueira, 2004, p.02).
A questão dos direitos espelha o mundo em que vivemos, com suas injustiças, suas desigualdades, seus dilemas e suas contradições. A luta por direitos, por isso, quando devidamente politizada nos coloca de novo, o tempo todo, no olho do furacão, ou seja, no terreno dos conflitos, das lutas sociais, e acaba por nos animar a brigar por uma ordem social justa, sem miséria, sem exclusões e sem desigualdades (Nogueira, 2004, p.11-12)
Entretanto, a existência de garantias legais não se traduz necessariamente em garantias efetivas, não bastando somente afirmar legalmente um direito para vê-lo respeitado e materializado como uma realidade, visto que existe uma grande fratura entre o anuncio do direito e sua efetiva materialização.
O novo defronta-se cotidianamente com os interesses dominantes que criam valores e normas para reproduzirem socialmente suas aspirações e interesses, configurando-se como um grande desafio posto à classe trabalhadora.
A luta por direitos é um processo de construção coletiva, exigindo o resgate do protagonismo, transformando os usuários em sujeitos potencialmente revolucionários, onde situamos a importância do trabalho do Serviço Social e suas contribuições.
Nesse contexto de lutas e construções coletivas insere-se o Serviço Social, enquanto profissão interventiva e comprometida com os interesses das classes populares, atuando como coparticipante na construção de processos emancipatórios que produzam impactos na ação e construção de sujeitos sociais. 
Desde os anos 70, o Serviço Social brasileiro vem construindo um projeto profissional comprometido com os interesses das classes trabalhadoras. Este mesmo projeto avançou nos anos 80, consolidou-se nos 90 e está em construção, fortemente tencionado pelos rumos neoliberais da sociedade e por uma nova reação conservadora no seio da profissão nos dias atuais.
Projeto profissional possibilita uma clara intenção de estabelecer uma direção social progressista e democrática sobre as condições histórico-sociais contemporâneas, as quais na sociedade capitalista vigente são contraditórias, dada à lógica de reprodução das relações sociais dominantes e a divisão social do trabalho a ela inerente. 
O Serviço Social enquanto profissão e sua legitimação respondem às necessidades sociais derivadas do modo de produção vigente, tem um compromisso ético-político com a classe trabalhadora com o intuito de fortalecer a organização e os processos de resistência dessa classe para o enfrentamento da Questão Social e a defesa de seus direitos e interesses, objetivando novos padrões de sociabilidade.
O perfil predominante do assistente social, historicamente, é o de um profissional, que implementa políticas sociais e que atua na relação direta com a população usuária. Engajados na potencialização das reivindicações e lutas da classe trabalhadora, tal profissional impulsiona a participação e a cidadania, favorecendo os sujeitos sociais.
Sujeito (individuo) autônomo, ativo, participante, que tem consciência das desigualdades, da concentração de poder e de privilegio, das injustiças em suas diferentes formas de manifestação, das ameaças e do desrespeito aos direitos humanos e, ao mesmo tempo, é capaz de usar sua criatividade para realizar transformações por meio de sua atuação individual, inserindo-se em processos de lutas e construções coletivas de uma sociedade humana, solidária e cidadã (Silva, 2001, p.9).
“Ao adquirir visibilidade, conquistar direitos e protagonismo social, as classes subalternas avançam no processo de ruptura com a condição subalterna e na produção de uma cultura em que prevaleçam seus interesses de classe” (Yasbek, 1996, p.19).
O Serviço Social enquanto interlocutor capaz de mobilizar as capacidades e as forças sociais deve localizar as potencialidades dessa população enquanto agentes de transformação, desenvolvendo suas capacidades e possibilidades de articulação, revestidos de poder de pressão para transformar as relações sociais. Um conjunto de valores e princípios explicita o projeto político dos Assistentes Sociais, que depois segue com as disposições éticas que permeiam a estrutura social onde a categoria se insere e está inserida.
“A assistência social não é acomodação, já que supõe a ação do sujeito que necessita buscar sua satisfação” (Yasbek, 1996, p.12), o compromisso ético-político do Serviço Social em relação aos direitos não pode ser tão somente uma declaração, mas deve ser expresso em ações concretas orientadas pela materialização destes.
Com as transformações do mundo contemporâneo a categoria dos assistentes sociais faz a clara opção por uma nova direção social, que ficou referendada nos princípios do Código de Ética (1993), na Lei de Regulamentação da Profissão (8662/93) e nas Diretrizes Curriculares (1996). Temos um processo de “amadurecimento” delatado por autores como Netto (1999) e Iamamoto (1998), no esforço de romper com o conservadorismo, no movimento de superação do distanciamento teórico-intelectual do exercício profissional, com um novo horizonte teórico-metodológico e ético-político.
Garantir direitos, no atual contexto de negação e desmonte destes é um grande desafio que, no entanto, não o é somente para o Serviço Social, não sendo um dever deste garanti-los.
O Serviço Social deve ter sua ação orientada pela compreensão de que a luta pela afirmação e efetivação dos direitos sociais não é uma ‘utopia’, mas deve expressar o compromisso na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. O profissional tem que ser, cada vez mais, multifuncional e com diversas habilidades, qualificado na esfera de execução, mas também na formulação e na gestão de políticas sociais públicas e empresariais.
Cabe-nos, indagar quais as alternativas e caminhos fecundos de organização e atuação para as entidades representativas da profissão, bem como para os assistentes sociais no seu cotidiano profissional, frente aos processos sociais que estão em curso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste trabalho mostra que precisamos reconhecer osconflitos e contradições do atual cenário brasileiro, questões que levam a novos desafios para a elaboração da identidade e prática profissional no Serviço Social. Este profissional precisa lutar contra o senso comum de acomodação e sentimento de que os direitos sociais para todos é uma utopia e, assumir o compromisso na luta pela afirmação e efetivação dos direitos sociais, colaborando na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
REFERÊNIAS BIBLIOGRAFICAS
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Flavia Vieira Da Silva, Claudia Lisiane Dornelles Almada, Tiago Goia Da Rocha, Mariléia Góin. Uma análise sobre o Movimento de Reconceituação e sua contribuição para o Serviço Social na América Latina. Disponível em: http://seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/3009
BRASIL. 2013. Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil: ano de 2012. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Qual a forma correta de chamar uma Pessoa que possui Deficiência? Published setembro 20, 2013. Disponível no site https://vivamelhoronline.com/2013/09/20/qual-a-forma-correta-de-chamar-uma-pessoa-que-possui-deficiencia/ Acesso em: 27 de Maio. 2017
Leonardo Sakamoto. Conheça direito que você vai perder com a Reforma Trabalhista. 15/04/2017 11h04min. Veja mais em: https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/04/15/conheca-direitos-que-voce-vai-perder-com-a-reforma-trabalhista/?cmpid=copiaecola
NETTO, J.P. Livro “Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64”.
“Serviço Social e Direitos Sociais: Entre a Garantia Legal e o Acesso – Eliana Lonardoni e Juliene Aglio de Oliveira.” 
 “Crise do capital, precarização do trabalho e impactos no Serviço Social - George Francisco Ceolin.”

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