Buscar

A maternidade e suas diferentes fases

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

“A maternidade e suas diferentes fases”
A chegada dos filhos é um momento de transformação. Depois de cerca de 40 (longas) semanas carregando aquele ser ainda sem rosto ou personalidade na barriga, o nascimento acontece em muitos sentidos. É piegas, mas é isso mesmo. Junto com o bebê nasce a mãe, o pai, os avós, a confusão de sentimentos, os novos papeis de toda a família. Grudadas às noites mal dormidas, o esforço da amamentação e o aprendizado no dia a dia, aparecem as angústias. De criar bem aquele “ser humaninho”. De dar conta mesmo, de fazer certo. Qual mãe nunca se sentiu assim?
E de repente, as necessidades do bebê que só mama e chora vão mudando. Ele cresce rápido. Bem mais rápido do que os olhos enxergam. E os desafios da mãe também mudam. A criança começa a se relacionar mais e melhor fora dos abraços seguros da família. Na escola novos desafios surgem. Muitas amizades, mas também dificuldades. O filho começa a mostrar sua personalidade. Como lidar com isso?
Os anos passam bem rápido. Opa, agora aquela criança – que nem é mais tão criança – quer espaço. Espaço? Como assim? Com a chegada da adolescência, os grupos ficam mais fortes. Os amigos, os primeiros amores de escola. E a opinião da mãe e do pai já não são tão valorizadas. As dificuldades nesse período parecem tão intransponíveis. Será?
E os 20 e poucos anos chegam. Hora de virar “adulto”, começar a trabalhar e sair de casa. Mas já? Não tem necessidade, filho. Você ainda é muito novo. E a mãe se vê ali, com o ninho vazio. Como lidar com a ausência das crias em casa?
Neste Dia das Mães, o Viver Bem quis falar um pouco sobre o caminho da maternidade. Do nascimento até a partida para a vida independente. Os desafios, as barreiras e a importância da mãe nas diferentes fases dos filhos. Para as mães e para quem ainda quer ser mãe: só vivendo para saber das dores e delícias de exercer esse papel.
PRIMEIRA INFÂNCIA
Principais desafios
– Desenvolver o relacionamento com o bebê
– Estimular o vínculo entre mãe e filho
– Passar segurança para a criança
– Desenvolver a confiança
Este é o momento em que a mulher está aprendendo a ser mãe e está conhecendo melhor aquela criança. A mãe muitas vezes se sente insegura, mas ela precisa confiar em si mesma. O mais importante nessa fase é o carinho, a criança precisa ser amada e se sentir segura. 
“É nessa fase que a criança desenvolve a confiança. Então o atendimento das suas necessidades psíquicas, afetivas e físicas é muito importante. A criança precisa confiar que alguém vem atende-la quando ela precisa, quando ela chora. Isso vai fazer diferença para toda a vida daquela criança. ”
O vínculo e a separação
O apego e a culpa pela necessidade do afastamento. A publicitária e empresária Potira Costa, de 37 anos, sabe bem o que é isso. Mãe da Valentina, de 1 anos e 4 meses, Potira abriu o próprio negócio há um mês e teve que matricular a filha na escola antes do que desejava. “A ideia era que ela ficasse comigo na loja, num cantinho só dela, mas no primeiro dia ela chorou muito e um senhor levantou e foi embora. Ali percebi que não ia dar certo”, lembra.
Antes de ir para a escola e de a loja de bolos caseiros existir, Valentina passava os dias todos com a mãe. Quando Potira teve que ir para São Paulo para o treinamento da nova franquia, levou toda a família junto para que Valentina não sentisse tanto as horas longe da mãe. “Fomos todos. Eu, o pai, o sogro e a mulher dele. Ficamos lá uma semana”, conta.
O primeiro mês de adaptação na escola nunca é fácil – nem para a mãe ou para a criança. O filho chora, a mãe se sente culpada. No caso de Potira não foi diferente, mas com o passar dos dias a relação de Valentina com a nova rotina começou a melhorar. “Isso tirou o aperto do meu coração. Porque o que eu queria fazer, que era trabalhar e ficar com ela ao mesmo tempo, não deu certo. Mas estou mais tranquila que ela está gostando agora da escola e está se desenvolvendo bem”, diz.
Como também tem que trabalhar aos sábados, Potira e o marido tiram o domingo para ficar com a filha. “Domingo é o dia da Valentina. Não tem essa de ficar com os avós para nós fazermos algo sozinhos. Brincamos muito e dormimos todos juntos”, conta.
A CRIANÇA
Principais desafios
– Formação da identidade da criança
– Maior contato social fora da família
– Diferenças de gostos e jeito dos pais
– Ter paciência com o tempo da criança
“Nessa fase a criança começa a se conhecer. Ela está testando a própria identidade, por isso, se junta em grupos. A família tem que ter um diálogo aberto e sincero. É muito importante também que a educação seja repassada com responsabilidade para a criança se orientar e crescer de forma mais tranquila”.
“Nesse momento começa a ruir a imagem de pai e mãe perfeitos, porque a gente não suporta a incompetência inicial do filho. O importante nessa fase é dar estrutura e esperar o tempo necessário da criança para ultrapassar algum desafio. Permitir que a criança exista é o primeiro passo.”
Para mostrar a que veio
A engenheira civil Adriana Tozzi, de 38 anos, percebeu as mudanças na forma em que a filha Alice, de 7 anos, se relaciona com o mundo. “Ela me traz muitos assuntos que escuta na escola, de alguma amiga, ou até dos vídeos que ela assiste na internet. Às vezes se eu comento que não é bem assim e ela reage. Às vezes diz que eu não sei das coisas”, diz.
Isso mostra que Alice está cada vez mais interessada e curiosa em relação às coisas do mundo, à vida da família das amigas, às opiniões do grupinho da escola. “Eu percebi que continuo sendo a primeira referência para ela, mas a opinião dos outros ganhou mais importância”, diz Adriana.
Para não ficar alheia aos novos interesses da filha, Adriana diz que busca se atualizar sobre aquilo que está em alta entre Alice e as amigas. Conversa, pergunta, se mostra interessada naquilo que a filha comenta. “Agora ela traz mais referências dela mesma, antes era mais aquilo que nós [os pais] gostávamos. Dar conta de acompanhar tudo é o maior desafio com uma filha de 7 anos”, diz.
Sem tentar impor sua opinião ou apontar diretamente o certo e o errado, Adriana tenta fazer a filha perceber algumas questões sozinha. “Eu entendo que o meu papel nisso tudo é questionar. Então se ela traz algum assunto, eu pergunto: ‘mas você acha que se fizer assim vai ser melhor? Por quê? Assim ela consegue entender o melhor ou pior a partir da nossa conversa”, diz.
O ADOLESCENTE
Principais desafios
– Evitar estigmas da adolescência
– Dar espaço sem se afastar
– Ouvir o que o filho tem a dizer
– Orientar sem oprimir
“O adolescente precisa sentir que é ouvido. A mãe tem que estar próxima. A família deve estar atenta às amizades, ao comportamento do filho e precisa saber o que está acontecendo na vida dele. Por isso, a conversa tem que ser aberta. Isso não quer dizer que os pais devam concordar com o adolescente, mas é importante essa valorização.”
“É nessa época que o filho começa a realmente mostrar quem ele é. É um momento em que o adolescente rompe com a imagem cívica dele mesmo. Por isso causa esse choque, esse estranhamento. Os pais ficam amedrontados, achando que os filhos não os amam mais. Não é isso. Os pais devem confiar no exemplo e na educação que deram até ali.”
Encontrando seu papel no mundo
O desafio de se encontrar em meio a tantas mudanças e fortalecer os gostos pessoais. A terapeuta corporal Babi Farah, de 45 anos, decidiu mudar Maya, de 11 anos, de escola após perceber dificuldades da filha em se enturmar. “Ela gosta muito de animação e cinema e estava sofrendo para fazer amizades”, lembra Babi.
Por ter preferências diferentes da maioria das colegas de turma, Maya não era aceita e começou a sofrer com isso. “Com a nova escola a energia dela se assentou. Nessa idade a gente precisa se sentir acolhido e confortado no meio em que vivemos. Isso é muito importante”, afirma Babi.
Na pré-adolescência e a adolescência, os grupos ganham importância. A preocupação de Babi
era que Maya perdesse sua individualidade e gostos pessoais para ser aceita entre as amigas. “Por isso acho que a proximidade e a orientação nessa época são essenciais. Eles não podem perder de vista o que são e o que gostam, apenas para serem aceitos. Ela precisa aprender qual é o limite dela”, diz.
Babi acredita que empoderar o filho pré-adolescente é não esperar que ele seja aquilo que os pais esperam. “Quando tentamos impor as nossas vontades, eles tentam a todo custo nos imitar e não conseguem perceber quem são de verdade. Acho que isso tem um reflexo mais para frente”, avalia.
JOVEM ADULTO
Principais desafios
– Comemorar a independência dos filhos
– Não cobrar “amor”
– Retomar atividades que deixou de lado
– Renovar a si mesma
“É um momento que as mães devem ficar felizes em saber que o filho conseguiu se tornar uma pessoa independente e estar segura do amor que deu para ele até aqui. É claro que a tristeza pelo ninho vazio acontece, mas é importante focar em outras questões. É hora de focar no trabalho, em outras atividades de lazer, renamorar o marido ou companheiro.”
“Quanto menos a mãe abrir mão das outras relações pessoais e da carreira pelos filhos, melhor. É nessa época que isso vai pesar. Os filhos devem fazer parte da vida da mãe e não ocupar toda ela. Essa saída de casa é boa para as mães retomarem o que faziam com mais intensidade. É uma chance de se renovar.”
A hora de voar
Mãe de dois, a produtora de eventos Débora Sodré de Camargo, de 48 anos, sentiu quando os filhos Duran, de 26 anos, e Renan, de 24 anos, foram morar sozinhos. Além da companhia dos filhos, a casa da família vivia cheia dos amigos. “O silêncio tomou conta do espaço. Isso eu senti bastante. Sou uma pessoa muito comunicativa, gosto de alegria, de gente. E de repente isso mudou”, conta Débora.
Conversando sobre o assunto com o filho mais velho, apareceu a idéia de Débora oferecer hospedagem para viajantes pelo AirBnB. Como anfitriã, a produtora de eventos começou a receber hóspedes no fim do ano passado. “Tenho conhecido muita gente legal de todos os cantos do Brasil. Pessoas interessantes, inteligentes, que vêm fazer pesquisas”, conta. A experiência faz com que a casa da família agora esteja sempre cheia.
Débora também começou a fazer um curso de computação, já que não pode mais contar com a ajuda dos filhos no dia a dia. “Eu precisava fazer algumas coisas que não sabia e eles não estavam aqui para me ajudar. Não pensei duas vezes e fui fazer um curso gratuito na Rua da Cidadania do Boa Vista”, conta.
Apesar de se considerar uma mãe que preparou os filhos para o mundo, Debora diz que considera inevitável a sensação de vazio com a saída dos filhos de casa. “Eu sabia que isso ia acontecer, mas o sentimento aparece. Sei que eles estavam preparados para saírem de casa. Imagine uma mãe que superprotege e não pensa assim”, completa.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais