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A pretensão de universalidade da hermenêutica), como é possível compreender a consciência hermenêutica e qual seu papel/função na compreensão dos saberes científicos

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A partir do texto de J. Habermas (A pretensão de universalidade da hermenêutica), como é possível compreender a consciência hermenêutica e qual seu papel/função na compreensão dos saberes científicos? 
Para compreender a consciência hermenêutica é necessário primeiramente entender que hermenêutica se refere a uma capacidade que adquirimos à medida que aprendemos a dominar uma linguagem natural: a arte de compreender um sentido linguisticamente comunicável. Ainda, é necessário ter em mente que esta arte de compreender e tornar inteligível pode ser desenvolvida como uma habilidade técnica.
	Neste sentido, a hermenêutica filosófica se apresenta sob dois aspectos, o primeiro relacionado à arte do compreender e tornar inteligível, onde traz a luz a nossa capacidade de entender quaisquer contextos simbólicos a partir de uma linguagem natural, levando em consideração o contexto da época em contraponto ao contexto que nos cerca, revelando que o contexto que nos era familiar e pré-compreendido pode a qualquer momento torna-se questionável, levando-nos a novas compreensões. Complementarmente, a hermenêutica filosófica nos traz a arte do convencer e persuadir, onde coloca que no medium da comunicação de linguagem corrente não só são trocadas comunicações, mas também são formadas e modificadas atitudes que orientam a ação. Neste contexto, a retórica tem sido tradicionalmente considerada como a arte de produzir um consenso em questões que não podem vir a ser decididas por uma demonstração concludente, sendo utilizada para discutir questões práticas que podem ser remetidas para decisões sobre aceitação ou rejeição de novos padrões, critérios de avaliação e normas do agir. 
Assim, a consciência hermenêutica se coloca como a disposição constante para a abertura ao novo, ao imprevisível, que sempre surge no processo de compreensão, seja no encontro com a alteridade presente no diálogo, seja na interpretação de um texto. Em outras palavras, é o saber reflexivo que se concentra na consciência hermenêutica, sendo esta o resultado de uma autorreflexão, na qual o sujeito percebe suas liberdades e dependências características com relação a linguagem. 
Em relação ao papel da consciência hermenêutica quanto a compreensão dos saberes científicos, quatro são os aspectos podem ser relacionados onde a hermenêutica assume importante papel para as ciências e interpretação de seus resultados.
O fato de que a consciência hermenêutica destrói a auto compreensão objetivística das tradicionais ciências do espírito, pois a objetividade da compreensão só pode ser assegurada através de uma reflexão sobre o contexto histórico-efetual, que desde sempre vincula o sujeito que conhece o objeto.
A consciência hermenêutica recorda as ciências sociais problemas que resultam da pré-estruturação simbólica do seu domínio de objetos. Se o acesso aos dados não é mediado por observações controladas, mas sim por comunicação em linguagem corrente, os conceitos teóricos não podem mais ser operacionalizados nos quadros do jogo de linguagem exercitado pré-cientificamente do medir fisicalista.
A consciência hermenêutica, também, refere-se a auto compreensão cientificista das ciências naturais, naturalmente não a sua metodologia. Pois, a legitimação das decisões que determinam a escolha de estratégias de pesquisa, a construção e os métodos de revisão de teorias, e assim, o progresso da ciência, são dependentes das discussões da comunidade científica, surgindo aqui, portanto, a necessidade de se chegar a um consenso. 
Finalmente, no domínio da interpretação, onde a consciência hermenêutica assume um papel fundamental na tradução de informações, ricas de consequências, para a linguagem do mundo da vida social. 
“Toda ciência que deve tornar-se prática depende da retórica”.
	Assim, podemos dizer que o principal papel da consciência hermenêutica está em transpor o saber tecnicamente utilizável para o contexto da vida, tornando-o compreensível na dimensão do discurso, portanto, transferindo o sentido gerado monologicamente para o diálogo cotidiano. Pois, a consciência hermenêutica brota, afinal, da reflexão sobre nosso movimento dentro de linguagens naturais, enquanto a interpretação das ciências para o mundo da vida tem de realizar a mediação entre linguagem natural e sistemas linguísticos monológicos.

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