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Direito Civil SEÇÃO 3 ESPELHO DE CORREÇÃO Seção 3 Direito Civil Na prática! A peça processual a ser ofertada na hipótese é o agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil, tendo em vista que a decisão que rejeitou os embargos de declaração interpostos é considerada como interlocutória. Observa-se que a decisão interlocutória rejeitou a denunciação da lide requerida, que é uma das modalidades de intervenção de terceiros prevista no Código de Processo Civil de 2015. Portanto, é aplicável, à espécie, o disposto no art. 1.015, inciso IX, do Código de Processo Civil. Nos termos do art. 1.016 do Código de Processo Civil, o agravo de instrumento deve ser dirigido diretamente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, ao presidente daquele tribunal. Como falamos anteriormente, o agravo será distribuído a uma das câmaras cíveis. No início, o aluno deve informar e identifi car a interposição do agravo de instrumento e os nomes das partes e informar os nomes dos advogados das partes cadastrados nos autos, a juntada do comprovante de pagamento de custas e as peças processuais que devem acompanhar o instrumento do agravo. Deve ainda o aluno informar que fará peça processual comunicando ao juízo de origem a interposição do pagamento de custas processuais e as peças processuais juntadas, nos moldes do art. 1.018 do Código de Processo Civil de 2015. 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DIREITO CIVIL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 3 O aluno deve realizar um tópico demonstrando a tempestividade do recurso, que é pressuposto recursal, informando a data da publicação da decisão que indeferiu a denunciação da lide, a data da interposição dos embargos de declaração, a data da publicação da decisão de sua rejeição e a data de interposição do agravo de instrumento. Em seguida, ao iniciar a peça, a teor do art. 1.016, inciso II, o aluno deve expor o fato e o direito tratado. Na verdade, a parte dos fatos tem por objetivo situar o andamento processual e identificar a decisão agravada. Portanto, é essencial que haja a narrativa de que houve a apresentação da denunciação da lide; que o juízo determinou a juntada aos autos da apólice de seguros original e do contrato de seguro; que houve a justificativa da sua desnecessidade; que houve indeferimento da denunciação da lide; e que houve a interposição de embargos de declaração e a sua rejeição. O aluno pode lançar uma preliminar de nulidade da decisão por ausência de fundamentação, aduzindo que o juiz não deduziu os fundamentos jurídicos que justificassem a sua decisão, citando o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, e os arts. 11 e 489, parágrafo primeiro, inciso II, do Código de Processo Civil, pedindo assim a nulidade da decisão. No mérito recursal, o aluno deve mencionar que, a teor do art. 757 do Código Civil, o contrato de seguro celebrado garante a possibilidade do exercício do direito de regresso, o que preenche os requisitos do art. 125, inciso II, do Código de Processo Civil brasileiro. A partir dessa premissa, o aluno deve se basear no disposto no art. 758 do Código Civil, que considera como suficiente a prova do contrato de seguro, por meio da exibição da apólice ou bilhete de seguro, ou por comprovante de pagamento do prêmio, caso não possua a apólice de seguros, o que confirma a desnecessidade de juntada do contrato de seguro exigido na decisão. Por outro lado, o aluno deve argumentar que a juntada da fotocópia da apólice não poderia ser argumento para impedir seu deferimento, tendo em vista que, por ser documento particular, 33 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ não sofreu qualquer impugnação de autenticidade pelo juízo ou parte contrária, a teor dos arts. 411 e 412 do Código de Processo Civil de 2015. Ademais, o art. 422 do Código de Processo Civil de 2015 aduz que qualquer reprodução mecânica ou fotográfica pode fazer prova dos fatos se não houver impugnação pela parte, pelo que não poderia o juízo indeferir a denunciação da lide ao fundamento de que haveria juntada de fotocópia original. Em seguida, o aluno deve pedir a antecipação da tutela recursal ou do efeito suspensivo, pois o andamento do processo antes do julgamento do agravo de instrumento pode prejudicar e tornar ineficaz o resultado do recurso, bem como proporcionar a prática de atos processuais desnecessários. Nos pedidos, o aluno deve requerer a intimação do agravado para apresentar contrarrazões no prazo legal e o acolhimento da preliminar de nulidade da decisão. Deve haver também o pedido de deferimento da antecipação da tutela recursal ou do efeito suspensivo ao recurso interposto. Caso ultrapassada a preliminar, deve ser requerido o provimento do agravo de instrumento, para que seja reformada a decisão que indeferiu a denunciação da lide. A peça deve ser datada e assinada pelo advogado, devendo constar ainda a OAB/MG. Lembramos que, no exame de ordem, o aluno não pode se identificar, ok? Por fim, lembramos também que, após a interposição do agravo de instrumento, em cumprimento ao disposto no art. 1.018 do Código de Processo Civil, o aluno deve, no prazo de três dias (se os autos forem físicos), peticionar ao juízo da 1ª instância, informando a interposição do agravo de instrumento e as cópias que instruíram o recurso. Ressalte-se que, caso essa providência não seja adotada, o agravo pode ser inadmitido, se a parte contrária alegar em contrarrazões o vício. 44 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Questão de ordem! EXMO. SR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO/SP. Autos do processo n. ........................................ VIAÇÃO METEORO LTDA., já qualifi cada nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C PERDAS E DANOS que lhe move CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. ME, inconformada com a r. decisão que indeferiu o pedido de denunciação à lide manifestado na contestação, vem, respeitosamente, por seu procurador infra-assinado, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, com base no art. 1.015, do Código de Processo Civil, requerendo o seu provimento para reformar a decisão. Na oportunidade, apresenta para formação do instrumento as seguintes peças processuais: inicial e documentos, procurações, contestação e documentos juntados a ela, despacho do juízo determinando a juntada da apólice de seguros original e contrato de seguro, petição justifi cando a desnecessidade, decisão que indeferiu o pedido e certidão de publicação da decisão. Requer ainda a juntada do comprovante de pagamento das custas processuais referentes ao recurso. Seguem abaixo os nomes e dados dos procuradores que atuam na causa, para fi ns de intimação: 55 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Advogado do Autor: Dr. ..................., OAB .............., com endereço na rua ............., n. ............, bairro ..............., na cidade de ..............., CEP: Advogado do Réu: Dr. ................., OAB.............., com endereço na rua ............., n. ............, bairro ..............., na cidade de ..............., CEP: Termos em que pede e espera deferimento. Bauru, 23 de abril de 2018. Nome e assinatura do advogado e OAB AGRAVANTE: VIAÇÃO METEORO LTDA. AGRAVADA: CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. ME Autos de origem de n. ......................... EMÉRITOS DESEMBARGADORES - DOS FATOS E DA DECISÃO AGRAVADA A agravada ajuizou em face do agravante a ação de indenização por danos materiais c/c perdas e danos, em razão do acidente de trânsito que envolveu os veículos de propriedade das partes. Após a realização da audiência de conciliação em 15/2/2018, sem acordo, a agravada apresentou, tempestivamente, sua contestação, momento em que requereu à denunciação da lide daSeguradora Trafegar S/A, fundada em fotocópia da apólice de seguros contratada, para ressarcimento de eventuais prejuízos sofridos com o veículo durante a sua vigência. 66 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Ocorre que o r. juízo determinou a juntada aos autos da apólice original, bem como do contrato de seguros, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de indeferimento da denunciação da lide. A ora agravante apresentou justificativa de que era desnecessária a juntada do contrato de seguro, bem como que a fotocópia da apólice de seguros era prova suficiente a autorizar a denunciação da lide, sendo, pois, desnecessária a juntada do documento original. Não obstante as justificativas apresentadas, o r. juízo indeferiu o pedido de denunciação da lide aos seguintes fundamentos: “Vistos, etc. Considerando que a Ré não atendeu ao r. despacho de fls. e por considerar que a apólice de seguro original e o contrato de seguro são documentos essenciais para o deferimento da intervenção de terceiros requerida, indefiro o pedido de denunciação à lide. Publique-se.” Portanto, o presente recurso busca a reforma dessa decisão. - DA TEMPESTIVIDADE A r. decisão que indeferiu o pedido de denunciação da lide foi publicada no Diário Oficial no dia 2/4/2018. Considerando que o presente agravo está sendo interposto em 23/4/2018, conclui-se que é tempestivo o presente recurso. - PRELIMINARMENTE - NULIDADE DA DECISÃO – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO A decisão proferida pelo r. juízo a quo encontra-se eivada de nulidade, tendo em vista que deixou de apreciar o pedido de antecipação de tutela antecipada, bem como não fundamentou adequadamente os motivos pelos quais não deferiu a antecipação de tutela. 77 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Com efeito, era necessário que o digno magistrado apresentasse os motivos que o levaram a indeferir a denunciação da lide, não bastando a sua convicção pessoal e a obrigatoriedade do contrato de seguro e da apólice original. Cumpre lembrar que, levando-se em consideração a legislação constitucional e infraconstitucional, todas as decisões emanadas do Poder Judiciário devem ser fundamentadas. O Código de Processo Civil pátrio determina, em seu art. 11, de 2015, que toda decisão deverá ser fundamentada, senão vejamos: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. (grifo nosso) E não é só. A necessidade de fundamentação das decisões também encontra previsão na Constituição Federal, senão vejamos o artigo 93, inciso IX, in verbis: IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes. (grifo nosso) Por outra senda, o art. 489, parágrafo primeiro, inciso II, do Código de Processo Civil, aduz que não se considera fundamentada a decisão que “empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso”. Logo se vê que esse r. juízo não poderia apenas indeferir o pedido de denunciação da lide, mas sim fundamentar a razão que o levou a acolher o requerimento elaborado pela parte. Nesse sentido é o entendimento deste Egrégio Tribunal: Decisão Judicial: ausência de fundamentação e nulidade. Não satisfaz a exigência constitucional de que sejam fundamentadas todas as decisões do Poder Judiciário (CF, art. 93, IX) a afirmação de que a alegação deduzida 88 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ pela parte é “inviável juridicamente, uma vez que não retrata a verdade dos compêndios legais”: não servem à motivação de uma decisão judicial afirmações que, a rigor, se prestariam a justificar qualquer outra.” (STF, RE 217.631, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 9/9/1997, DJ 24/10/1997, p. 54-194) A ausência de fundamentação da decisão afrontou o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, bem como o art. 4, do Código de Processo Civil. Isto posto, requer a V. Exas. o acolhimento da preliminar, para declarar nula a r. decisão, para que o r. juízo de 1º grau seja instado proferir nova decisão de forma fundamentada. - DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO A decisão interlocutória que indeferiu a denunciação da lide, por ausência de juntada da apólice de seguros original e do contrato de seguro, merece reforma, tendo em vista não estar de acordo com a lei e com os princípios processuais aplicáveis à matéria. Com o devido respeito, o r. juízo agiu com excesso de formalismo ao determinar a juntada de apólice original e contrato de seguro e desrespeitou o disposto no Código Civil e no Código de Processo Civil brasileiro. No caso dos autos, a apólice de seguros foi juntada aos autos para demonstração do direito de regresso para cobrir eventuais prejuízos, confirmando assim a possibilidade da denunciação da lide, nos termos do art. 125, inciso II, do Código de Processo Civil. Conforme dispõe o art. 757 do Código Civil de 2002: Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. 99 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ No que tange à determinação de juntada do contrato de seguro, o r. juízo de 1º grau incorreu em equívoco, pois deixou de considerar a aplicação do disposto no art. 758 do Código Civil de 2002, que preceitua: Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio. Ora, se a própria lei considera suficiente para efeito de prova da relação de seguro a exibição da apólice, não poderia o juízo exigir a juntada de contrato de seguro como condição para deferir a denunciação da lide. Como restou demonstrado, o r. juízo de 1º grau não agiu com o costumeiro acerto, pois criou uma condição que nem mesmo a lei exigiu. Portanto, conclui-se que a decisão carece de reforma, para que não seja exigida a juntada do contrato de seguro, ante a exibição da apólice de seguro original. Por outro lado, no que tange à exigência da juntada da apólice de seguro original, novamente foi equivocada a r. decisão de 1º grau. Com efeito, a apólice de seguros é documento necessário à demonstração da relação de regresso que autoriza a denunciação da lide. Contudo, em momento algum a lei determinou a juntada da apólice de seguros original. A razão da juntada da apólice é simplesmente demonstrar a relação de seguro estabelecida entre a agravante e sua seguradora e pode até mesmo ser demonstrada por outros meios, como dispõe o art. 758, podendo ainda ser provada com os comprovantes de pagamento da apólice. Ademais, a apólice de seguros é considerada um documento particular. Partindo dessa premissa, ela se submete aos ditames dos arts. 410 e 411 do Código de Processo Civil: 1010 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Art. 411. Considera-se autêntico o documento quando: I - o tabelião reconhecer a firma do signatário; II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de certificação, inclusive eletrônico, nos termos da lei; III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o documento. Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade não se duvida prova que o seu autor fez a declaração que lhe é atribuída. Por fim, no caso, é aplicável o art. 422 do Código de Processo Civil: Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográficaou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua conformidade com o documento original não for impugnada por aquele contra quem foi produzida. Como disserta Neves: “Qualquer reprodução mecânica (fotográfica, cinematográfica, fonográfica, etc.) tem aptidão de fazer prova das imagens que reproduzem, se a parte contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade. Havendo impugnação, deverá ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica e, não sendo possível, realizar perícia.” (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. São Paulo: Editora JusPodivm, 2017. p. 747) Não é demais ressaltar também que o processo civil prima atualmente pela primazia da decisão de mérito, eliminando formalidades desnecessárias que possam impedir que a parte tenha o pronunciamento judicial. Nesse diapasão, comenta Theodoro Júnior: “Fácil é, diante dos numerosos exemplos arrolados, que não esgotam o tema, concluir que o atual Código de Processo Civil, na linha da instrumentalidade das formas, privilegia sobremaneira a garantia de acesso à justiça, que só é efetivo quando deságua no provimento de mérito, capaz de pôr fim ao litígio. De tal 1111 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ sorte, sempre que possível, os juízes deverão se empenhar em superar embaraços formais, garantindo o prosseguimento do feito para uma verdadeira pacificação do conflito de direito material levado à apreciação do poder judiciário.” (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil, vol. I. 56. ed. São Paulo: Forense, 2015. p. 232) Não se justifica o formalismo exacerbado exigido pelo juízo no caso em exame, pois é muito mais importante que a parte ré não sofra prejuízos em caso de derrota. No caso dos autos, o r. juízo deixou de considerar que não houve e não haverá qualquer questionamento em relação à veracidade da apólice de seguros, cuja emissão foi realizada pela própria seguradora denunciada, como se vê pelo timbre e pelas assinaturas da apólice. Ou seja: o r. juízo só poderia determinar a juntada do documento original, caso houvesse questionamento da denunciada. Portanto, não se justifica a manutenção da r. decisão, pois esta desrespeitou as leis material e processual, configurando-se em ofensa aos arts. 411, 412 e 422 do Código de Processo Civil brasileiro. Assim, conclui-se que, para reformar totalmente a decisão, deve o recurso ser provido, para que seja deferida a denunciação da lide, ante a comprovação da relação de regresso necessária para tanto. - PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL/EFEITO SUSPENSIVO Conforme dispõe o inciso I do art. 1.019 do Código de Processo Civil, o relator “poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão”. No caso dos autos, como foi demonstrado, a decisão do juízo ofendeu frontalmente o disposto nos arts. 757 e 758 do Código Civil brasileiro, bem como o disposto nos arts. 411, 412 e 422 do 1212 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Código de Processo Civil brasileiro. Dessa forma, configura-se o requisito de aparência do direito e, porque não, da verossimilhança das alegações. Por outro lado, caso não haja o deferimento da medida pleiteada, a agravante corre o risco de ver a marcha processual prosseguir, sem ter a oportunidade de que a denunciada participe da relação processual, o que pode resultar em prejuízos caso seja condenada a ressarcir a agravada no processo. Por outro lado, caso se considere correta a pretensão recursal, os atos processuais seguintes à decisão deverão ser todos anulados e reproduzidos, pois deveriam contar com a denunciada no processo. Dessa forma, encontra-se presente o requisito de perigo na demora, o que justifica o deferimento da medida. Assim, requer a V. Exa. que se digne de deferir a antecipação de tutela recursal, determinando assim o imediato deferimento da denunciação da lide para prosseguimento do feito. Contudo, se não entender dessa forma, requer seja concedido efeito suspensivo ao recurso, para que não haja prejuízo processual ou a prática de atos processuais desnecessários. - DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO Isto posto, requer: - O acolhimento da preliminar de nulidade da decisão, para que o juízo se fundamente da sua decisão. - Caso ultrapassada a preliminar, requer seja deferida a antecipação da tutela recursal ou o efeito suspensivo, para evitar prejuízos e prática de atos processuais desnecessários. - A intimação da agravada, mediante seu advogado, para, se quiser, apresentar suas contrarrazões ao agravo de instrumento interposto. - Seja provido o recurso, para reformar a decisão de 1º grau, para considerar suficiente a exibição da fotocópia da apólice de 1313 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ seguros e, assim, deferir a denunciação da lide pleiteada, com o prosseguimento do feito. Termos em que pede provimento. Bauru/SP, 23 de abril de 2018. P/p Nome do advogado Assinatura OAB PETIÇÃO DE CUMPRIMENTO DO ART. 1.018 DO CPC/2015. EXMO. SR. JUIZ DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE BAURU/SP. Autos do processo n. ....................... VIAÇÃO METEORO LTDA., já qualificada nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C PERDAS E DANOS que lhe move CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. ME, vem, respeitosamente, por seu procurador infra-assinado, informar que, inconformada com a r. decisão que indeferiu a denunciação da lide e que rejeitou os embargos de declaração interpostos, interpôs agravo de instrumento perante o Tribunal de Justiça de São Paulo, conforme fotocópia anexa. Informa ainda que acompanhou o instrumento a fotocópia na íntegra dos autos. Segue anexo o comprovante de pagamento das custas processuais. 1414 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ Isto posto, requer a V. Exa. que se digne de exercer o juízo de retratação. Termos em que pede deferimento. Bauru/SP, ..... de .............. de ........... P/p ........................................ Nome do advogado OAB 1. De acordo com o Código de Processo Civil, quais recursos são cabíveis de decisões interlocutórias proferidas em 1ª instância? Resposta: Os recursos cabíveis de decisões interlocutórias seriam os embargos de declaração e o agravo de instrumento, nas hipóteses em que a lei prevê a sua possibilidade. 2. No caso do agravo de instrumento, em quais hipóteses ele é cabível? Resposta: O agravo de instrumento pode ser interposto nas hipóteses previstas no art. 1.015 do Código de Processo Civil, bem como em decisões interlocutórias proferidas em processos de execução. É importante lembrar ao aluno que existem autores que elastecem as hipóteses de cabimento, utilizando aplicações analógicas, tais como questões envolvendo competência, em que se interpreta por analogia da negativa de reconhecimento de convenção de arbitragem, que também trata de questão de competência do juízo. Contudo, entendemos que tais temperamentos serão dados pela jurisprudência. Resolução comentada 1515 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ 3. No nosso caso, houve um indeferimento da denunciação da lide. Qual recurso você entende ser o mais apropriado para a espécie? Resposta: No caso, o recurso mais apropriado é o agravo de instrumento, que deve ser interposto no prazo de 15 dias, contados da publicação. O recurso deverá ser interposto no dia 23 de abril de 2017. Embora o juiz não tenha fundamentado, as circunstâncias indicam que ele foi procurado e não concordou em modificar a sua decisão, pelo que o caminho mais ágil e eficaz é o agravo de instrumento. No nosso caso, conforme o art. 1.015, inciso IX, cabe o agravo de instrumentode decisão que rejeita a intervenção de terceiros. 4. Quais fundamentos você adotará para a solução do caso? Resposta: A decisão que se recorre possui vício de fundamentação. O juiz não fundamentou devidamente os motivos pelos quais indeferiu a denunciação da lide, pelo que ocorreu ofensa ao art. 11 do Código de Processo Civil e ao art. 92, inciso IX, da Constituição Federal. Ademais, existem dispositivos legais que indicam que a decisão do juízo foi equivocada. De acordo com o art. 758, o contrato de seguro pode ser demonstrado pela juntada da apólice, sendo desnecessária sua exibição. Por outro lado, o juízo deixou de observar principalmente o disposto nos arts. 411 e 422, pois o documento particular pode ser apresentado em fotocópia, que faz prova de seu conteúdo, só podendo ser determinada a juntada do original caso haja impugnação da parte contrária ou da denunciada no caso. Por esses motivos, acredito que haverá êxito no recurso. 5. Você faria algum pedido para agilizar a medida, de modo a evitar prejuízos? Quais demais cuidados devem ser tomados no agravo de instrumento? Resposta: Quanto à primeira pergunta, no caso, poderia ser feito um pedido de antecipação da tutela recursal ou de efeito suspensivo, para evitar prejuízos no processo de a demanda 1616 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ seguir e, posteriormente, ter que anular os atos processuais praticados para inserir a seguradora no polo passivo. Quanto aos demais cuidados, o agravo de instrumento requer muita precaução. Primeiramente, deve-se selecionar as peças processuais necessárias para o ajuizamento. Em alguns casos, recomenda-se até mesmo a juntada na íntegra do processo. Podem também ser juntadas peças facultativas, que serão necessárias para a compreensão da controvérsia recursal. Outra questão: uma vez interposto o agravo, deve o advogado juntar na 1ª instância a comunicação de interposição de agravo, anexando a cópia da petição de interposição protocolada e também a relação dos documentos que instruíram o agravo. Essa providência proporciona ao juiz de 1ª instância se retratar ou enviar informações ao desembargador responsável pelo processo. 171717 Direito Civil - Espelho de Correção - Seção 3NPJ
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