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AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – AD2 Período - 2018/1º Disciplina: Turismo e Sociedade Coordenadoras: Andreia Pereira de Macedo e Teresa Cristina de Miranda Mendonça UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO TUTORA PRESENCIAL: ELIAM DE SOUSA SILVA ALUNO: FELIPE SOUSA DOS SANTOS MATRÍCULA: 18115100170 CURSO: LICENCIATURA EM TURISMO POLO: SAQUAREMA-RJ Com base no trabalho “Política de ordenamento do espaço para o turismo e segregação social na praia de Jacumã (PB)” é possível afirmar que a Lei n° 575/2009, instaurada no município do Conde, Litoral Sul da Paraíba apresenta um retrocesso no que tange aos direitos sociais preestabelecidos. Desde os processos denominados “revoluções industriais” e a ascensão do capitalismo, o mundo vem demasiadamente priorizando produtos e mercado em detrimento de valores essenciais humanos. Isso se evidencia não só pelas restrições impostas mas também pela maneira com que fora implementada, sem referendo tampouco participação popular. Infere-se, portanto, em um desserviço ao espírito republicano. Em princípio, a situação dos “farofeiros” em questão retrata a apatia com que são tratados na esfera político-administrativa e pelo setor privado. Um caso clássico aconteceu na cidade de Arraial do Cabo/RJ recentemente - onde os visitantes foram surpreendidos com a tarifa de R$ 1.200,00 para poder usufruir das praias da região - visto que são “intrusos” e não alimentam o trade turístico . Na visão da prefeitura, são arruaceiros que trazem consigo comida, bebida e sujam a praia, nada mais. Nesse contexto, emerge o debate em se tratando da opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bourdieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está - sobretudo - na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social. No bojo temos a estratificação social, a segregação espacial e o racismo ambiental que separa a cidade em dois mundos, ricos e não ricos. É preciso legitimar e fazer valer as normas promulgadas na Constituição Cidadã de 1988. Conforme Max Weber, a estratificação social: Weber (1974, p.212) afirma que [...] a forma pela qual as honras sociais são distribuídas numa comunidade, entre grupos típicos que participam nessa distribuição, pode ser chamada de “ordem social”. Ela e a ordem econômica estão, decerto, relacionadas da mesma forma com a “ordem jurídica”. Não são, porém, idênticas. A ordem social é, para nós, simplesmente a forma pela qual os bens e serviços econômicos são distribuídos e usados. A ordem social é, decerto, condicionada em alto grau pela ordem econômica, e por sua vez influi nela. Além disso, o agravante é, literalmente, o direito de ir e vir negado e, sem dúvida, vem a reboque o distanciamento da comunidade local e comerciantes do debate em tela. Tudo se traduz na demonização de tais banhistas, estigmatizando-os conforme o ideário capitalista a fim de potencializar os ganhos com vistas a alavancar a economia de mercado. No que se refere às classes sociais, Max Weber pontua: Dessa forma, é criada uma mesma [...] situação de classe, que podemos expressar mais sucintamente como a oportunidade típica de uma oferta de bens, de condições de vida exteriores e experiências pessoais de vida, e na medida em que essa oportunidade é determinada pelo volume e tipo de poder, ou falta deles, de dispor de bens ou habilidades em benefício de renda de uma determinada ordem econômica. A palavra classe refere-se a qualquer grupo de pessoas que se encontram na mesma situação de classe (WEBER, 1974, p.212). Não menos importante, Weber salienta: Simplificando, poderíamos dizer, assim, que as classes se estratificam de acordo com suas relações com a produção e aquisição de bens; ao passo que os estamentos se estratificam de acordo com os princípios de seu consumo de bens, representado por estilos de vida especiais (WEBER, 1974, p.226). Tais desdobramentos nos levam a crer que há no Brasil a motivação em elitizar as regiões litorâneas cuja objetivação central se deve a positivar interesses atrelados ao ramo hoteleiro, de resorts etc. Quer dizer, insufla beneficiar a “indústria do turismo” com o propósito de satisfazer grupos do empresariado nacional e famílias abastadas. A Sociologia das ocupações é indispensável no entendimento da nova classe média, pois ela deriva de uma passagem da posse de propriedades para a não-propriedade, em termos negativos; e da passagem da estratificação baseada na propriedade para uma estrutura orientada pela ocupação, em termos positivos (MILLS, 1979). Para mergulhar mais a fundo, deriva o pensamento do sociólogo Wright Mills acerca do tema: [...] como critério para delimitar a classe média os seus tipos de empregos, mas esse conceito implica também diferentes modos de classificar as pessoas quanto à sua posição social. Como atividades específicas, as ocupações vinculam diferentes tipos e níveis de especialização e seu exercício preenche determinadas funções dentro de uma divisão industrial do trabalho. [...] como fontes de renda, as ocupações estão ligadas à situação de classe, e como normalmente elas acarretam uma certa dose de prestígio, são também relevantes para o status do indivíduo. Implicam também determinados graus de poder sobre os outros, ou diretamente num emprego ou indiretamente em outras áreas da vida social. As ocupações, portanto, estão vinculadas à classe, status e poder, assim como à especialização e função, para compreender as ocupações que integram a nova classe média, devemos analisá-las em cada uma dessas dimensões (MILLS, 1979, p.91). A classe passa a ser entendida como “uma socialização de interesse em razão da situação em que se encontram indivíduos que julgam ter uma posição exterior e um destino comum, porque dispõem ou não do poder sobre os bens econômicos” (FREUND, 1987, p.124). O status que se atribui à pessoa humana, no que concerne ao prestígio e aos privilégios é de acordo com as posições atribuídas pela sociedade, tantos quantos a sociedade necessite para se constituir, uns atribuídos, outros adquiridos, de acordo com o contexto histórico, social, econômico e organizacional. No caso da sociedade moderna os status melhores são almejados e adquiridos (OLIVEIRA, 2002, pp. 85,86). Por conseguinte, salta aos olhos a necessidade de se estabelecer um modo de governar mais inclusivo, igualitário e menos focado no lucro. Diante disso, propugna incentivar a criação de políticas públicas voltadas à participação do terceiro setor, escolas e mídia a fim de ensinar o que é democracia, principalmente para os menos instruídos sob a égide do que significa exercer o papel na sociedade aliado ao Estado Democrático de Direito e cumprimento da cidadania. Só assim poder-se-á visualizar melhor a dinâmica dos fatos e detonar os ajustes pontuais no combate ao sistema capitalistapaternalista baseado na troca de favores cujo desejo é aumentar o fosso abissal. É crucial buscar medidas para resolver tal problemática, não só no Brasil mas também mundo afora. Isso se cristaliza na pesquisa da Oxfam, 2017 (ONG britânica) - apresentada ao Fórum Econômico Mundial - na qual diagnosticou que 82% da riqueza mundial está centrada nas mãos do 1% mais rico. REFERÊNCIAS: ______. Classe, estamento, partido. In: GERTH, Hans e MILLS, Wright (Org.). Max Weber - Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974, p. 211-228. FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1987. GRANJA, Patrick. A NOVA DEMOCRACIA. ‘Farofaço’ contra a segregação nas praias do RJ. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: <http://anovademocracia.com.br/no-159/6141-farofaco-contra-a-segregacao-nas-praias-do-rj> . Acesso em: 25 abr. 2018. INTER TV. G1. Turistas desistem de entrar em Arraial por conta da cobrança para excursões. Região dos Lagos, 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2017/01/turistas-desistem-de-entrar-em-arrai al-por-conta-da-cobranca-para-excursoes.html>. Acesso em: 25 abr. 2018. MACIEL, Camila. Agência Brasil. Em 2017, 82% da riqueza mundial ficaram nas mãos do 1% mais rico. São Paulo, 2018. Disponível em: <http://www.valor.com.br/brasil/5272165/em-2017-82-da-riqueza-mundial-ficaram-nas-maos -do-1-mais-rico >. Acesso em: 25 abr. 2018. MILLS, Wright. A nova classe média. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. São Paulo: Ática, 2002.
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