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Estado de exceção nos EUA Fala Mariana

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Para compreender o panorama referente à biopolítica e o terrorismo de Estado que caracteriza os Estados Unidos atualmente, primeiro é preciso definir alguns conceitos criados pelo filósofo Foucault e estudados no artigo “Poder soberano, terrorismo de Estado e biopolítica: fronteiras cinzentas”, de André Duarte. 
O primeiro deles é o conceito de biopolítica. De maneira superficial, a biopolítica pode ser definida como a entrada da vida nas preocupações e ações políticas realizadas pelo Estado. A partir de então, o Estado passou controlar as condições de vida da população como um todo, através da observação e manipulação de fenômenos como condições sanitárias, taxas de natalidade e mortalidade e expectativa de vida. 
Já terrorismo de Estado pode ser definido como a forma do poder soberano estatal caracterizada pelo emprego abusivo e recorrente da violência por parte de um Estado como forma de governar e amedrontar populações. Em regimes democráticos, o terrorismo de Estado ocorre em circunstâncias nas quais predomina o Estado de exceção.
Relacionando as ideias de Foucault ao contexto no qual os Estados Unidos se encontram inseridos, podemos formular a seguinte questão: Os EUA promovem ou combatem o terrorismo de Estado? 
Os EUA sempre venderam a sua própria imagem para o resto do mundo de são um país democrático e livre, onde regimes de exceção nunca floresceram. Todavia, após os ataques de 11 de setembro, houve uma grande mudança na vida política dos EUA. 
Há uma corrente que defende que os ataques terroristas aos EUA são decorrentes da crença árabe de que a política externa americana teria oprimido, assassinado e prejudicado os muçulmanos no Oriente Médio. Essa ideia é resumida na frase "eles nos odeiam pelo que fazemos, não pelo que somos". Essa visão defende que o terrorismo dos muçulmanos não passa de uma consequência do ódio gerado pelo terror imposto pelos EUA aos árabes. 
A partir do momento em que se iniciou a guerra ao terror, foram concedidos poderes extraordinários ao Executivo americano. Dessa forma, os Estados Unidos envolveram-se em guerras sem nem mesmo obter a autorização do Congresso ou do Conselho de Segurança, como foi o caso dos ataques ao Iraque e agora na Síria. Dentro desse paradigma de guerra, os EUA "afirmam seu direito de matar qualquer suspeito de terrorismo em qualquer parte do mundo". E o que é isso, se não um “Estado de exceção”, no contexto da política mundial? Cabe destacar que essa política não só é agressiva, como é ineficaz. Hoje há cinco vezes mais mortes por atentados hoje do que em 2000. 
Por outro lado, dentro do próprio EUA, o governo Bush viu na “guerra ao terror” uma maneira de usar os ataques terroristas como prerrogativa para desencadear uma reação violenta aos direitos sociais, de organização e liberdade, em nome da segurança nacional. Esse panorama caracteriza um verdadeiro Estado de exceção, e pode ser relacionado ao conceito de doutrina de choque, criado por Naomi Klein. 
Segundo a autora, a doutrina de choque uma filosofia que defende que muitos Estados se aproveitam dos períodos de choque, como foi o 11 de Setembro, para impor medidas neoliberais. A ideia é que essas crises provocam choques que abrandam a sociedades inteiras. De fato, incutir o medo nas pessoas, que é ainda maior quando assume uma proporção coletiva, torna os habitantes fragilizados. Isso pode ser muito vantajoso para interesses particulares, seja do Estado ou de uma empresa. Dessa forma, a guerra ao terror dos EUA não é somente uma maneira irônica de impor terror ao Oriente Médio, como também é uma forma de impor o Estado de exceção sobre os próprios americanos. 
DUARTE, André. Poder Soberano, Terrorismo de Estado e Biopolítica: fronteiras cinzentas. IN: BRANCO, Guilherme Castelo. (org.). Terrorismo de Estado. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

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