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FUNDAMENTOS - CONSTRUÇÕES SOCIAIS

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
 FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
PROFa LUCIA DE SOUZA GUIMARÃES PALMEIRA
 
1.1 CIÊNCIAS SOCIAIS E CIÊNCIAS NATURAIS 
As “ciências naturais” – aquelas voltadas para a natureza (Física, Química, Biologia, Astronomia etc.) e as “ciências sociais” – disciplinas voltadas para o estudo da realidade humana e social, sempre foram motivo de preocupação de teóricos e filósofos que buscavam identificar suas semelhanças e diferenças. Para a Antropologia social (ou cultural) as “ciências naturais” estudam fatos simples, eventos que têm causas simples e são facilmente isoláveis – tais fenômenos, são recorrentes e sincrônicos, ou seja, estariam ocorrendo, por exemplo, agora. A “ciência natural” estuda, então, o conjunto de fatos que se repetem e têm uma constância sistemática, já que podem ser vistos, isolados e reproduzidos dentro de condições de controle razoáveis, em laboratório, podendo então ser repetidos até que as condições de exigências dos estudiosos sejam alcançadas. A simplicidade, a sincronia e a repetitividade concorrem para que dois estudiosos diferentes, em locais também diferentes, possam provar uma determinada teoria
Ex.: Dois cientistas naturais podem observar os modos de reprodução das formigas.
 Já as “ciências sociais” estudam fenômenos complexos, difíceis de se isolar as causas e de motivações exclusivas.
Ex.: O simples fato de se comer um bolo – este bolo pode ser comido por se ter fome, por solidariedade a uma pessoa ou um grupo, por motivo de aniversário etc. ou por vários motivos ao mesmo tempo. Para que possa entender o que está sendo declarado pergunte, agora, a alguém que esteja ao seu lado “por que se come um bolo?”. Comprovamos então que não se come um bolo por uma causa única ou motivação exclusiva, o que dificulta desenvolver uma teoria.
 Assim, podemos dizer que nas “ciências sociais” os eventos possuem determinações complicadas, podem ocorrer em ambientes diferenciados. Diferentemente de um rato reagindo a um anticorpo num laboratório, um aniversário ( e todas as ocasiões sociais fechadas) cria o seu próprio plano social, podendo ser diferenciado de todos os outros, embora guarde com ele semelhanças estruturais.
	Tudo indica que entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais tem-se uma relação invertida, ou seja: se nas “ciências naturais” os fenômenos podem ser percebidos, divididos, classificados e explicados dentro de condições de relativo controle e em condições de laboratório, objetivamente, existem também sérios problemas em relação a estes fatos, pois o homem pode vir a usá-los para causar males à humanidade. 
No caso do cientista social, as condições de percepção, classificação e interpretação dos fenômenos são complexas, mas os resultados em geral não têm conseqüências na mesma proporção das “ciências naturais”. Muito poucas vezes teorias sociais acabaram se tornando credos ideológicos, como o racismo e a luta de classes. Ao contrário, o cientista social tende a reduzir, simplificar problemas. Raramente seus resultados podem vir a ser transformados em tecnologia e ciência, atuando diretamente sobre o mundo com o objetivo da destruição. No máximo, o domínio dos eventos sociais observáveis estão ligados à “arte” e estão presentes nos filmes, teatro, novelas, romances e contos onde idéias são aplicadas produzindo modificações no comportamento social. No entanto, é mais fácil trocar de carro ou de televisão ou aceitar inovações tecnológicas do que trocar valores simbólicos ou políticos.
Vejamos então: os fatos sociais são irreproduzíveis em condições controladas – mesmo em situações reproduzidas como em teatro ou cinema, embora possam ser observados (só podemos observar funerais, aniversários, rituais de iniciação), mas não podemos reproduzi-los, pois o ambiente seria outro, o momento seria outro etc. Eles, quase sempre, fazem parte do passado, são eventos, a rigor, históricos ( nunca vou saber como foram os dias que antecederam a proclamação da república). Já entre as ciências naturais e a tecnologia existe uma relação estreita, pois ambas trabalham com eventos controláveis.
“O processo de acumulação que tipifica o processo científico é algo lento em todos os ramos do conhecimento, mas muito mais lento nas chamadas ciências do homem.”
 UMA DIFERENÇA CRUCIAL
As ciências sociais trabalham com fenômenos que estão bem perto do homem, pois se estudam os eventos humanos, fatos que pertencem integralmente ao homem. No entanto, se estudo as baleias, estudo algo diferente de mim, posso perceber estes cetáceos, mas não posso imaginar o que se passa no interior das baleias. Outras pessoas, como eu, podem estudá-las, mas nunca saberemos o que sentem realmente. Este é um evento para ser tratado pela ciência, pois nos permite jogar com a dicotomia SUJEITO (que conhece ou busca conhecer) e OBJETO (a realidade ou fenômeno sob o domínio do cientista). “As teorias e os métodos científicos são, nesta perspectiva, os mediadores que permitem operar, construindo uma ponte entre nós e o mundo das baleias”.
As coisas, no mundo das ciências sociais são muito mais complexas, partindo logo da interação entre o investigador e o sujeito investigado – dito por Lévi-Strauss – situados na mesma escala. Pesquisador e pesquisado compartilham do mesmo universo das experiências humanas, mesmo que nunca se comuniquem. Não podemos nos tornar baleias, ratos ou leões, mas podemos nos tornar membros de outras sociedades, adotando seus costumes, categorias de pensamento, classificação social etc. Podemos aprender sua língua, casar com suas mulheres, obedecer ou modificar suas leis (...) “estou inclinado a acreditar que a distância é o elemento fundamental na percepção da igualdade entre os homens. Deste modo, quando vejo um costume diferente é que acabo reconhecendo, pelo contraste, meu próprio costume”. (observar exemplos dos nomes de pessoas na nossa sociedade e em algumas sociedades indígenas investigadas pelo autor – p.24-27).
Sendo possível ao investigador social interagir com o seu objeto de estudo, pois ele não é opaco e mudo como o objeto das ciências naturais – ele é transparente e falante, “ele tem o seu ponto de vista e suas interpretações que, a qualquer momento, podem competir e colocar de quarentena as nossas mais elaboradas explanações” (se estudo a língua de uma determinada sociedade, dialogo com os falantes estudados – eles são os próprios informantes). Nesta possibilidade de abertura através do diálogo “está a diferença entre o saber voltado para as coisas inanimadas ou passíveis de serem submetidas a uma objetividade total (os objetos do mundo da “natureza”) e um saber como o da Antropologia Social construído sobre os homens em sociedade.
A base de todas as diferenças entre as duas ciências – “naturais” e “sociais” – é o fato de que a natureza não pode falar diretamente com o investigador; ao passo que cada sociedade humana conhecida é um espelho onde a nossa própria existência se reflete.
1.1 SOCIOLOGIA: CONCEITO E OBJETIVOS
Conceito de Sociologia – é a ciência que procura explicar sobre quais condições específicas e características gerais os grupos humanos se constituem e se relacionam e quais os movimentos que os mesmos executam permanentemente .
Ou seja, a Sociologia é a ciência responsável pelo estudo da interação humana, do comportamento do homem dentro dos grupos sociais dos quais faz parte. Sob a ótica da Sociologia, observamos que esse homem influencia e sofre influências de seus grupos sociais.
A Sociologia observa o comportamento humano em relação aos seus valores sociais e culturais e, também, as características da personalidade humana. Sob a ótica social, podemos avaliar a repercussão que as doenças sofrem e o julgamento das pessoas doentes por seus grupos, quando possuidoras de doenças que a sociedade define de forma preconceituosa (ex.: AIDS).
Grupo social: socialização, controle e papel social
SOCIALIZAÇÃO:chamamos de socialização ao processo pelo qual o indivíduo assimila os valores, as normas e as expectativas sociais de um grupo ou de uma sociedade. Esse processo, responsável transmissão da cultura, é contínuo e se inicia na família quando se realiza a chamada socialização primária. Depois é assumido pela escola, pelo grupo de referência e pelas diferentes formas de treinamento e ajuste a que o indivíduo se submete no decorrer de sua existência e que caracterizam a socialização secundária. Alguns autores reconhecem na socialização um mecanismo da vida social pelo qual o indivíduo projeta os valores sociais de maneira a se tornarem integrantes de sua personalidade. A socialização é responsável por desenvolver nos membros de uma sociedade gostos, idéias e sentimentos correspondentes à cultura do grupo no qual esses indivíduos vão viver.
	De maneira geral, a socialização é estudada como elemento de conservação da sociedade, de resistência a mudanças e de tradição.
GRUPO SOCIAL: o conceito de grupo social vem da matemática, que o define como a reunião de elementos que têm, pelo menos, um aspecto em comum – chamado de propriedade associativa.
	Chamamos de grupo social a um conjunto de indivíduos que agem de maneira coordenada, auto-referida ou recíproca, isto é, numa situação na qual cada membro leva em consideração a existência dos demais membros do grupo e em que o objetivo de suas ações é, na maior parte das vezes, dirigido aos outros. Além de agir de forma auto-referente, o homem tem a consciência de pertencer a um grupo, o que implica interdependência, integração e reciprocidade, elementos fundamentais da vida social.
	No estudo dos grupos sociais, são identificados como grupos primários a família e a vizinhança, nos quais se observa forte envolvimento emocional, atitudes de cooperação e o compartilhar de objetivos comuns. Os grupos secundários são mais formais e menos íntimos e correspondem àqueles formados pelos membros de grandes empresas e instituições, como o exército. Podemos ainda identificar no estudo dos grupos sociais os grupos de referência, assim chamados por serem aqueles que servem de parâmetro para a ação individual. São seus valores e suas expectativas que ordenam os padrões de comportamento. O grupo de referência pode ou não coincidir com o grupo primário, isto é, pode ser que nossa família ou nossos colegas sejam também o nosso grupo de referência, mas isso não ocorre necessariamente.
	O ser humano parece ser a única espécie capaz de reconhecer-se como uma totalidade, isto é, um grupo tão amplo que inclui todos os membros existentes no planeta. Essa é a base de nossa solidariedade.
DINÂMICA DE GRUPO é o conjunto de regras pelas quais os membros de um grupo orientam seu comportamento em função dos demais, estabelecendo uma hierarquia e uma determinada distribuição de funções e papéis. A obediência a essas regras tende a minimizar as tensões e a otimizar os efeitos de cooperação.
CONTROLE SOCIAL: chamamos de controle social aos mecanismos materiais e simbólicos, disponíveis em uma sociedade, que visam eliminar ou diminuir as formas de comportamentos desviantes individuais ou coletivas. Fazem parte desses mecanismos as formas de controle responsáveis pela introspecção de normas e valores sociais e pela socialização dos membros de uma sociedade, previstas principalmente na educação formal e na informal – escola e meios de comunicação. Também configuram formas de controle social as regras que orientam as recompensas e as punições existentes tanto na sociedade como um todo, presentes em seus códigos e constituições, como as existentes em cada instituição particularmente.
PAPEL SOCIAL: é o conjunto de normas, direitos, deveres e expectativas que envolvem uma pessoa no desempenho de uma função junto a um grupo ou dentro de uma instituição. Esse conceito tem sua origem no teatro, quando as características e as falas de um determinado personagem em uma dada situação dramática são definidas.
	Os papéis sociais podem ser atribuídos, isto é, designados aos indivíduos, independentemente de sua escolha. Os papéis familiares são alguns exemplos dessas atribuições. Ser filho, por exemplo, independe de escolha. Chamamos de papéis conquistados ou de realização àqueles que exigem do ator decisão e algum tipo de pré-requisito. Aqueles ligados ao desempenho profissional ou à carreira são dessa ordem.
	Os papéis sociais formam geralmente um conjunto organizado e interdependente envolvendo um grande número de atores. São os sistemas de papéis que se dispõem, em geral, de forma hierárquica e complementar.
	Chamamos de conflitos de papéis quando as normas e as expectativas relacionadas aos diversos papéis de um ator são conflitantes e exigem dele ações divergentes. Por exemplo, a fidelidade à família pode exigir de um ator o desrespeito aos seus deveres como cidadão e assim por diante.
Estratificação social e mobilidade social
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: 
# O sistema de estratificação social "é um meio através do qual os indivíduos participam da sociedade".
# Estratificação social pode ser definida como "o processo, ou o estado de localização hierárquica dos indivíduos em setores relativamente homogêneos da população quanto aos interesses, ao estilo de vida e às oportunidades de vida, segundo a sua participação na distribuição desigual de recompensas socialmente valorizadas (riqueza, poder e prestígio)". 
# Em qualquer sociedade existe, de modo geral, algum tipo de desigualdade social entre seus membros, seja quanto a seus direitos ou a seus deveres, em relação direta com a posição que ocupam na estrutura social. 
# É possível afirmar que a estratificação social só surge a partir do momento em que o sistema de produção possibilita a acumulação de um excedente e a especialização nas funções necessárias para seu funcionamento, tendo como conseqüência direta a acumulação de excedentes, a concentração de riquezas e a formação de estratos sociais. 
# Para que haja estratificação social numa determinada sociedade, é preciso que surjam amplos setores populacionais com interesses, funções sociais, hábitos de consumo e estilo de vida em comum, permitindo que sejam identificados como unidades sociais encaixadas num sistema hierárquico culturalmente definido e aceito. 
MOBILIDADE SOCIAL: chamamos de mobilidade social à possibilidade de um indivíduo, uma família ou um grupo social modificar sua posição social – seu status – numa determinada sociedade. A mobilidade implica uma mudança de papel social, função social, atividade econômica, poder político e econômico.
	A mobilidade pode ser horizontal, quando transformações estruturais implicam, por exemplo, a modificação de determinadas atividades econômicas.
	A ascensão vertical, ou seja, a possibilidade de os indivíduos galgarem posições mais elevadas numa determinada organização social, foram amplamente estudadas pelos sociólogos americanos. Um desses e4studiosos, identificou na vida social uma orientação dos indivíduos, de uma posição inicial ou de largada em direção a uma posição final ou de chegada, responsável por grande parte de suas ações e aspirações.
INSTITUIÇÃO SOCIAL: o comportamento humano tem por característica a padronização, isto é, sempre que um agente social obtém aquilo que deseja, tende a repetir um comportamento adotado em novas situações, assim como tende a ser imitado pelos que o cercam. A gratificação ou a punição decorrente das diversas ações leva à padronização e à formação de usos e costumes, ou à sua institucionalização.
	As instituições sociais são entidades que congregam várias dessas formas de comportamento estabelecidas, organizando-as de forma recíproca, hierárquica e com um objetivo comum. A partir do momento em que esse comportamento se institucionaliza, ele se perpetua por meio de mecanismos próprios de controle social existentes em toda instituição. Por essa razão as instituições são um importante elemento conservador da vida social oude reafirmação da sociedade.
	A família, a Igreja, o Exército e a burocracia do Estado são as mais antigas e fortes instituições sociais, dentre as quais a família se destaca por seu caráter universal. As instituições econômicas – em especial a propriedade são de fundamental importância do capitalismo e responsáveis em grande parte pela estrutura de classes existentes.
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