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Aula 02 Direitos e deveres individuais e coletivos

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Aula 02
Direito Constitucional p/ TJ-PE (Técnico - Função Administrativa) - Com videoaulas
Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale
   
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ‑PE 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
!ULA 02 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS –!PARTE 02 
Sumário 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Parte 02) .............................................................. 2 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 78 
Lista de Questões ......................................................................................................................... 106 
Gabarito ......................................................................................................................................... 121 
 
Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem? 
Na aula anterior, n—s demos in’cio ao estudo dos direitos e deveres individuais 
e coletivos. Hoje, continuaremos a tratar desse tema que, como j‡ dissemos, Ž 
um dos mais cobrados em prova. 
Voc ver‡ que h‡ muitos detalhes a serem memorizados, por isso Ž importante 
resolver todos os exerc’cios da lista! N‹o deixe, tambŽm, de assistir aos v’deos 
do professor Ricardo Vale, j‡ dispon’veis na sua ‡rea do aluno! Depois de ler 
nosso material, resolver as quest›es e assistir aos v’deos, n‹o tem como n‹o 
gabaritar a prova!  
Que tal comearmos nossos estudos? 
Um grande abrao, 
N‡dia e Ricardo 
Para tirar dœvidas e ter acesso a dicas e conteœdos gratuitos, acesse 
nossas redes sociais: 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ‑PE 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (Parte 02) 
Nosso estudo comea do ponto em que paramos na aula passada. Nela, 
hav’amos estudado o art. 5¼, inciso I atŽ o art. 5¼, inciso XXXI. 
XXXII - o Estado promover‡, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
Ao inserir esse inciso no rol de direitos fundamentais, o constituinte destacou a 
import‰ncia do direito do consumidor para os cidad‹os. Essa import‰ncia 
fica ainda mais evidente quando se verifica que no art. 170, V, CF/88 a defesa 
do consumidor foi elevada ˆ condi‹o de princ’pio da ordem econ™mica. 
O inciso XXXII Ž uma t’pica norma de efic‡cia limitada, uma vez que Ž 
necess‡ria a edi‹o de uma lei que determine a forma pela qual o Estado far‡ 
a defesa do consumidor. Essa lei j‡ existe: Ž o C—digo de Defesa do 
Consumidor. 
Segundo o STF, as institui›es financeiras tambŽm s‹o alcanadas pelo 
C—digo de Defesa do Consumidor.1 AlŽm disso, o referido C—digo Ž aplic‡vel 
aos casos de indeniza‹o por danos morais e materiais por m‡ presta‹o de 
servio em transporte aŽreo.2 
XXXIII - todos tm direito a receber dos —rg‹os pœblicos informa›es de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que ser‹o prestadas no 
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescind’vel ˆ segurana da sociedade e do Estado; 
Essa norma traduz o direito ˆ informa‹o que, combinado com o princ’pio da 
publicidade, obriga a todos os —rg‹os e entidades da Administra‹o Pœblica, 
direta e indireta (incluindo empresas pœblicas e sociedades de economia 
mista), a dar conhecimento aos administrados da conduta interna de seus 
agentes. Com efeito, todos os cidad‹os tm o direito de receber dos —rg‹os 
pœblicos informa›es de interesse particular ou de interesse coletivo ou geral. 
O princ’pio da publicidade evidencia-se, assim, na forma de uma obriga‹o 
de transparncia. 
Todavia, os —rg‹os pœblicos n‹o precisam fornecer toda e qualquer informa‹o 
de que disponham. As informa›es cujo sigilo seja imprescind’vel ˆ 
segurana da sociedade e do Estado n‹o devem ser fornecidas. TambŽm 
s‹o imunes ao acesso as informa›es pessoais, que est‹o protegidas pelo 
art. 5¼, X, da CF/88 que disp›e que Òs‹o inviol‡veis a intimidade, a vida 
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza‹o 
pelo dano material ou moral decorrente de sua viola‹oÓ. 
                                                        
1 STF, ADI n¼ 2.591/DF, Rel. Min. Cezar Peluso. DJe: 18.12.2009 
2 STF, RE 575803-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe: 18.12.2009 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ‑PE 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
A regulamenta‹o do art. 5¼, inciso XXXIII, Ž feita pela Lei n¼ 12.527/2011, a 
conhecida Lei de Acesso ˆ Informa‹o. ƒ ela que define o procedimento 
para a solicita‹o de informa›es aos —rg‹os e entidades pœblicas, bem como 
os prazos e as formas pelas quais o acesso ˆ informa‹o ser‡ franqueado aos 
interessados. 
Em 2008, antes mesmo da Lei de Acesso ˆ Informa‹o, o Munic’pio de S‹o 
Paulo, buscando dar maior transparncia pœblica, determinou a divulga‹o na 
Internet da remunera‹o de seus servidores. O caso foi levado ao STF, 
que entendeu que essas informa›es (remunera‹o bruta, cargos, fun›es, 
—rg‹os de lota‹o) s‹o de interesse coletivo ou geral, expondo-se, 
portanto, ˆ divulga‹o oficial. No entendimento da Corte, Òn‹o cabe, no caso, 
falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulga‹o em 
causa dizem respeito a agentes pœblicos enquanto agentes pœblicos mesmos; 
ou, na linguagem da pr—pria Constitui‹o, agentes estatais agindo Ônessa 
qualidadeÕ (¤ 6¼ do art. 37).3 
Ainda nessa linha de garantir o acesso ˆ informa‹o, o STF determinou que 
fossem fornecidas a pesquisador documentos impressos e arquivos 
fonogr‡ficos das sess›es pœblicas e secretas realizadas pelo STM 
(Superior Tribunal Militar) realizadas durante o per’odo dos governos militares. 
Para a Corte, o direito ˆ informa‹o e a busca pelo conhecimento da verdade 
integram o patrim™nio jur’dico de todos os cidad‹os, sendo um dever do 
Estado assegurar os meios para o exerc’cio desses direitos.4 
No caso de les‹o ao direito ˆ informa‹o, o remŽdio constitucional a ser 
usado pelo particular Ž o mandado de segurana. N‹o Ž o habeas data! Isso 
porque se busca garantir o acesso a informa›es de interesse particular do 
requerente, ou de interesse coletivo ou geral, e n‹o aquelas referentes ˆ sua 
pessoa (que seria a hip—tese de cabimento de habeas data). 
 
(TRF 5a Regi‹o Ð 2015) Deve ser resguardado o nome do 
servidor pœblico na publicita‹o dos dados referentes a sua 
remunera‹o, porquanto tal divulga‹o viola a prote‹o 
constitucional ˆ intimidade. 
Coment‡rios: 
A divulga‹o do nome e da remunera‹o dos servidores 
pœblicos Ž de interesse coletivo ou geral e, portanto, n‹o h‡ 
que se falar em viola‹o da intimidade. Quest‹o errada. 
                                                        
3 STF, MS, 3.902 Ð AgR, Rel. Min. Ayres Britto. DJE de 03.10. 2011 
4 Rcl 11949/RJ, Rel. Min. C‡rmen Lœcia, 15.03.2017 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ‑PE 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
XXXIV Ð s‹o a todos assegurados,independentemente do pagamento de 
taxas: 
a) o direito de peti‹o aos Poderes Pœblicos em defesa de direitos ou contra 
ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obten‹o de certid›es em reparti›es pœblicas, para defesa de direitos e 
esclarecimento de situa›es de interesse pessoal; 
Esse dispositivo constitucional prev, em sua al’nea ÒaÓ, o direito de peti‹o 
e, na al’nea ÒbÓ, o direito ˆ obten‹o de certid›es. Em ambos os casos, 
assegura-se o n‹o pagamento de taxas, por serem ambas as hip—teses 
essenciais ao pr—prio exerc’cio da cidadania. 
Para facilitar a compreens‹o, traduzirei em palavras simples o que Ž peti‹o e 
o que Ž certid‹o. 
Peti‹o Ž um pedido, uma reclama‹o ou um requerimento endereado a 
uma autoridade pœblica. Trata-se de um instrumento de exerc’cio da cidadania, 
que permite a qualquer pessoa dirigir-se ao Poder Pœblico para reivindicar 
algum direito ou informa‹o. Por esse motivo, o impetrante (autor da peti‹o) 
pode fazer um pedido em favor de interesses pr—prios, coletivos, da 
sociedade como um todo, ou, atŽ mesmo, de terceiros. N‹o necessita de 
qualquer formalismo: apenas se exige que o pedido seja feito por documento 
escrito. Exemplo: um servidor pœblico pode, por meio de peti‹o, pedir 
remo‹o para outra localidade, para tratar de sua saœde. 
J‡ a certid‹o Ž um atestado ou um ato que d‡ prova de um fato. Dentro da 
linguagem jur’dica, Ž uma c—pia autntica feita por pessoa que tenha fŽ 
pœblica, de documento escrito registrado em um processo ou em um livro. 
Exemplo: certid‹o de nascimento. 
D
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O
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IN
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R
M
A
Ç
Ã
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TITULARES: PESSOAS FÍSICAS OU JURÍDICAS, NACIONAIS OU 
ESTRANGEIRAS
ÂMBITO DE PROTEÇÃO: INFORMAÇÕES DE INTERESSE 
PARTICULAR OU DE INTERESSE COLETIVO OU GERAL
PROTEGIDO VIA MANDADO DE SEGURANÇA
EXCEÇÕES: INFORMAÇÕES IMPRESCINDÍVEIS À SEGURANÇA DA 
SOCIEDADE OU DO ESTADO
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ‑PE 
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ƒ muito comum que as bancas examinadoras tentem 
confundir o candidato quanto ˆs finalidades do direito 
de peti‹o e o direito de obter certid‹o. 
1) O direito de peti‹o tem como finalidades a defesa 
de direitos e a defesa contra ilegalidade ou abuso 
de poder. 
2) O direito ˆ obten‹o de certid›es tem como 
finalidades a defesa de direitos e o esclarecimento de 
situa›es de interesse pessoal. Ele n‹o serve para 
esclarecimento de interesse de terceiros. 
Como se v, ambos servem para a defesa de direitos. 
Entretanto, a peti‹o tambŽm Ž usada contra ilegalidade 
ou abuso de poder, enquanto as certid›es tm como 
segunda aplica‹o poss’vel o esclarecimento de situa›es 
de interesse pessoal. 
O direito de peti‹o Ž um remŽdio administrativo, que pode ter como 
destinat‡rio qualquer —rg‹o ou autoridade do Poder Pœblico, de qualquer um 
dos trs poderes (Executivo, Legislativo e Judici‡rio) ou atŽ mesmo do 
MinistŽrio Pœblico. Todas as pessoas f’sicas (brasileiros ou estrangeiros) e 
pessoas jur’dicas s‹o legitimadas para peticionar administrativamente aos 
Poderes Pœblicos. 
Por ser um remŽdio administrativo, isto Ž, de natureza n‹o-jurisdicional, o 
direito de peti‹o Ž exercido independentemente de advogado. Em outras 
palavras, n‹o Ž obrigat—ria a representa‹o por advogado para que alguŽm 
possa peticionar aos Poderes Pœblicos. Nesse sentido, Ž importante deixar claro 
que o STF faz n’tida distin‹o entre o direito de peticionar e o direito de 
postular em ju’zo.5 
O direito de postular em ju’zo, ao contr‡rio do direito de peti‹o, necessita, 
para ser exercido, de representa‹o por advogado, salvo em situa›es 
excepcionais (como Ž o caso do habeas corpus). Portanto, para o STF, n‹o Ž 
poss’vel, com base no direito de peti‹o, garantir a qualquer pessoa ajuizar 
a‹o, sem a presena de advogado. Com efeito, o ajuizamento de a‹o est‡ no 
campo do Òdireito de postular em ju’zoÓ, o que exige advogado. 
Quando se exerce o direito de peti‹o ou, ainda, quando se solicita uma 
certid‹o, h‡ uma garantia impl’cita a receber uma resposta (no caso de 
peti‹o) ou a obter a certid‹o. Quando h‡ omiss‹o do Poder Pœblico (falta de 
                                                        
5 STF, Peti‹o n¼ 762/BA AgR . Rel. Min. Sydney Sanches. Di‡rio da Justia 08.04.1994 
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resposta a peti‹o ou negativa ilegal da certid‹o), o remŽdio constitucional 
adequado, a ser utilizado na via judicial, Ž o mandado de segurana. 
Sobre o direito de certid‹o, o STF j‡ se pronunciou da seguinte forma: 
Òo direito ˆ certid‹o traduz prerrogativa jur’dica, de extra‹o 
constitucional, destinada a viabilizar, em favor do indiv’duo ou de uma 
determinada coletividade (como a dos segurados do sistema de 
previdncia social), a defesa (individual ou coletiva) de direitos ou o 
esclarecimento de situa›es, de tal modo que a injusta recusa estatal 
em fornecer certid›es, n‹o obstante presentes os pressupostos 
legitimadores dessa pretens‹o, autorizar‡ a utiliza‹o de instrumentos 
processuais adequados, como o mandado de segurana ou como a 
pr—pria a‹o civil pœblica, esta, nos casos em que se configurar a 
existncia de direitos ou interesses de car‡ter transindividual, como os 
direitos difusos, os direitos coletivos e os direitos individuais 
homogneosÓ6. 
 
As bancas examinadoras adoram dizer que o remŽdio 
constitucional destinado a proteger o direito de certid‹o 
Ž o habeas data. Isso est‡ errado! 
O remŽdio constitucional que protege o direito de 
certid‹o Ž o mandado de segurana. O habeas data 
Ž utilizado, como estudaremos mais ˆ frente, quando 
n‹o se tem acesso a informa›es pessoais do 
impetrante ou quando se deseja retific‡-las. 
Quando alguŽm solicita uma certid‹o, j‡ tem acesso 
ˆs informa›es; o que quer Ž apenas receber um 
documento formal do Poder Pœblico que ateste a 
veracidade das informa›es. Portanto, Ž incab’vel o 
habeas data. 
 
 
 
(PC / GO Ð 2015) Todos tm direito a obter certid›es em 
reparti›es pœblicas para esclarecimento de situa›es de 
interesse pessoal, mediante pagamento de taxa. 
Coment‡rios: 
O direito ˆ obten‹o de certid›es para defesa de direitos e 
esclarecimento de situa›es de interesse pessoal independe 
do pagamento de taxas. Quest‹o errada. 
                                                        
6RE STF 472.489/RS, Rel. Min. Celso de Mello, 13.11.2007. 
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No Brasil, adota-se o sistema ingls de jurisdi‹o, que Ž o sistema de 
jurisdi‹o una. Nesse modelo, somente o Poder Judici‡rio pode dizer o 
Direito de forma definitiva, isto Ž, somente as decis›es do Judici‡rio fazem 
coisa julgada material. Contrapondo-se a esse modelo, est‡ o sistema 
francs de jurisdi‹o (contencioso administrativo), no qual tanto a 
Administra‹o quanto o Judici‡rio podem julgar com car‡ter definitivo. 
O art. XXXV, ao dizer que Òa lei n‹o excluir‡ da aprecia‹o do Poder Judici‡rio 
les‹o ou ameaa a direitoÓ, ilustra muito bem a ado‹o do sistema ingls pelo 
Brasil. Trata-se do princ’pio da inafastabilidade de jurisdi‹o, segundo o 
qual somente o Poder Judici‡rio poder‡ decidir uma lide em definitivo.ƒ claro 
que isso n‹o impede que o particular recorra administrativamente ao ter 
um direito seu violado: ele poder‡ faz-lo, inclusive apresentando recursos 
administrativos, se for o caso. Entretanto, todas as decis›es 
administrativas est‹o sujeitas a controle judicial, mesmo aquelas das 
quais n‹o caiba recurso administrativo. 
Cabe destacar que qualquer lit’gio, estejam eles conclu’dos ou pendentes de 
solu‹o na esfera administrativa, podem ser levados ao Poder Judici‡rio. No 
œltimo caso (pendncia de solu‹o administrativa), a decis‹o administrativa 
restar‡ prejudicada. O processo administrativo, consequentemente, ser‡ 
arquivado sem decis‹o de mŽrito. 
Em raz‹o do princ’pio da inafastabilidade de jurisdi‹o, tambŽm denominado 
de princ’pio da universalidade de jurisdi‹o, n‹o existe no Brasil, como 
regra geral, a Òjurisdi‹o condicionadaÓ ou Òinst‰ncia administrativa 
de curso foradoÓ. Isso quer dizer que o acesso ao Poder Judici‡rio 
independe de processo administrativo prŽvio referente ˆ mesma quest‹o. O 
direito de a‹o n‹o est‡ condicionado ˆ existncia de procedimento 
administrativo anterior; uma vez que seu direito foi violado, o particular pode 
recorrer diretamente ao Poder Judici‡rio. 
H‡, todavia, algumas exce›es, nas quais se exige o prŽvio esgotamento da 
via administrativa para que, s— ent‹o, o Poder Judici‡rio seja acionado. S‹o 
elas: 
a) habeas data: um requisito para que seja ajuizado o habeas data Ž 
a negativa ou omiss‹o da Administra‹o Pœblica em rela‹o a pedido 
administrativo de acesso a informa›es pessoais ou de retifica‹o de 
dados. 
XXXV Ð a lei n‹o excluir‡ da aprecia‹o do Poder Judici‡rio les‹o ou ameaa 
a direito; 
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b) controvŽrsias desportivas: o art. 217, ¤ 1¼ , da CF/88, determina 
que Òo Poder Judici‡rio s— admitir‡ a›es relativas ˆ disciplina e ˆs 
competi›es desportivas ap—s esgotarem-se as inst‰ncias da justia 
desportiva, regulada em lei.Ó 
c) reclama‹o contra o descumprimento de Sœmula Vinculante 
pela Administra‹o Pœblica: o art. 7¼, ¤ 1¼, da Lei n¼ 11.417/2006, 
disp›e que Òcontra omiss‹o ou ato da administra‹o pœblica, o uso da 
reclama‹o s— ser‡ admitido ap—s esgotamento das vias 
administrativasÓ. A reclama‹o Ž a‹o utilizada para levar ao STF caso 
de descumprimento de enunciado de Sœmula Vinculante (art. 103-A, 
¤3¼). Segundo o STF, a reclama‹o est‡ situada no ‰mbito do direito 
de peti‹o (e n‹o no direito de a‹o); portanto, entende-se que sua 
natureza jur’dica n‹o Ž a de um recurso, de uma a‹o e nem de um 
incidente processual.7 
d) requerimento judicial de benef’cio previdenci‡rio: antes de 
recorrer ao Poder Judici‡rio para que lhe conceda um benef’cio 
previdenci‡rio, faz-se necess‡rio o prŽvio requerimento administrativo 
ao INSS. Sem o prŽvio requerimento administrativo, n‹o haver‡ 
interesse de agir do segurado. 
O art. 5¼, XXXV, da CF/88, representa verdadeira garantia de acesso ao 
Poder Judici‡rio, sendo um fundamento importante do Estado Democr‡tico 
de Direito. Todavia, por mais relevante que seja, n‹o se trata de uma garantia 
absoluta: o direito de acesso ao Poder Judici‡rio deve ser exercido, 
pelos jurisdicionados, por meio das normas processuais que regem a 
matŽria, n‹o constituindo-se negativa de presta‹o jurisdicional e 
cerceamento de defesa a inadmiss‹o de recursos quando n‹o observados os 
procedimentos estatu’dos na normas instrumentais.8 Com efeito, o art. 5¼, 
inciso XXXV n‹o obsta que o legislador estipule regras para o ingresso 
do pleito na esfera jurisdicional, desde que obedecidos os princ’pios da 
razoabilidade e da proporcionalidade. Quando este fixa formas, prazos e 
condi›es razo‡veis, n‹o ofende a Inafastabilidade da Jurisdi‹o. 
Destaque-se que o princ’pio da inafastabilidade de jurisdi‹o n‹o assegura a 
gratuidade universal no acesso aos tribunais, mas sim a garantia de que 
o Judici‡rio se prestar‡ ˆ defesa de todo e qualquer direito, ainda que contra 
os poderes pœblicos, independentemente das capacidades econ™micas das 
partes. 
ƒ claro que se o valor da taxa judici‡ria for muito elevado, isso poder‡ 
representar verdadeiro obst‡culo ao direito de a‹o. Nesse sentido, entende o 
STF que viola a garantia constitucional de acesso ˆ jurisdi‹o a taxa 
                                                        
7 STF, ADI n¼ 2.212/CE. Rel. Min, Ellen Gracie. DJ. 14.11.2003 
8 STF, Ag.Rg. n¼ 152.676/PR. Rel. Min. Maur’cio Corra. DJ 03.11.1995. 
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DIREITO CONSTITUCIONAL – TJ‑PE 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
judici‡ria calculada sem limite sobre o valor da causa (Sœmula STF no 
667). Com efeito, h‡ que existir uma equivalncia entre o valor da taxa 
judici‡ria e o custo da presta‹o jurisdicional; uma taxa judici‡ria calculada 
sobre o valor da causa pode resultar em valores muito elevados, na hip—tese 
de o valor da causa ser alto. Por isso, Ž razo‡vel que a taxa judici‡ria 
tenha um limite; assim, causas de valor muito elevado n‹o resultar‹o em 
taxas judici‡rias desproporcionais ao custo da presta‹o jurisdicional. 
A garantia de acesso ao Poder Judici‡rio Ž, como dissemos, um instrumento 
importante para a efetiva‹o do Estado democr‡tico de direito. Dessa forma, o 
direito de a‹o n‹o pode ser obstaculizado de maneira desarrazoada. Seguindo 
essa linha de racioc’nio, o STF considerou que Ҏ inconstitucional a 
exigncia de dep—sito prŽvio como requisito de admissibilidade de 
a‹o judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crŽdito 
tribut‡rioÓ.9 (Sœmula Vinculante no 28). Segundo a Corte, a necessidade do 
dep—sito prŽvio limitaria o pr—prio acesso ˆ primeira inst‰ncia, podendo, em 
muitos casos, inviabilizar o direito de a‹o. 
Outro ponto importante, relacionado ˆ garantia de acesso ao Poder Judici‡rio, 
Ž sobre o duplo grau de jurisdi‹o. Elucidando o conceito, explica-se que o 
duplo grau de jurisdi‹o Ž um reexame da matŽria decidida em ju’zo, ou seja, 
trata-se de uma nova aprecia‹o jurisdicional (reexame) por um —rg‹o diverso 
e de hierarquia superior ˆquele que decidiu em primeira inst‰ncia. 
Segundo o STF, o duplo grau de jurisdi‹o n‹o consubstancia princ’pio 
nem garantia constitucional, uma vez que s‹o v‡rias as previs›es, na 
pr—pria Lei Fundamental, do julgamento em inst‰ncia œnica ordin‡ria.10 Em 
outras palavras, a Constitui‹o Federal de 1988 n‹o estabelece 
obrigatoriedade de duplo grau de jurisdi‹o. 
ƒ de se ressaltar, todavia, que o duplo grau de jurisdi‹o Ž princ’pio previsto 
na Conven‹o Americana de Direitos Humanos, que Ž um tratado de direitos 
humanos com hierarquia supralegal regularmente internalizado no 
ordenamento jur’dico brasileiro.11 
Assim, parece-nos que a interpreta‹o mais adequada Ž a de que, embora o 
duplo grau de jurisdi‹o exista no ordenamento jur’dico brasileiro (em 
raz‹o da incorpora‹o ao direito domŽstico da Conven‹o Americana de 
Direitos Humanos), n‹o se trata de um princ’pio absoluto, eis que a 
                                                        
9 Sœmula Vinculante n¼ 28: ƒ inconstitucional a exigncia de dep—sito prŽvio como requisito 
de admissibilidade de a‹o judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crŽdito 
tribut‡rio. 
10 RHC 79785 RJ; AgRg em Agl 209.954-1/SP, 04.12.1998. 
11 O art. 8¼, n¼ 2, al’nea h, da Conven‹o Americana de Direitos Humanos disp›e que toda 
pessoa tem Òo direito de recorrer da sentena para juiz ou tribunal superiorÓ.47991593487
   
 
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Constitui‹o estabelece v‡rias exce›es a ele.12 Nesse sentido, n‹o cabe 
recurso da decis‹o do Senado que julga o Presidente da Repœblica por crime 
de responsabilidade; ou, ainda, Ž irrecorr’vel a decis‹o do STF que julga o 
Presidente e os parlamentares nas infra›es penais comuns. 
XXXVI - a lei n‹o prejudicar‡ o direito adquirido, o ato jur’dico perfeito e a 
coisa julgada; 
O direito adquirido, o ato jur’dico perfeito e a coisa julgada s‹o institutos que 
surgiram como instrumentos de segurana jur’dica, impedindo que as leis 
retroagissem para prejudicar situa›es jur’dicas consolidadas. Eles 
representam, portanto, a garantia da irretroatividade das leis, que, todavia, 
n‹o Ž absoluta. 
O Estado n‹o Ž impedido de criar leis retroativas; estas ser‹o permitidas, 
mas apenas se beneficiarem os indiv’duos, impondo-lhes situa‹o mais 
favor‡vel do que a que existia sob a vigncia da lei anterior. Segundo o STF, 
Òo princ’pio insculpido no inciso XXXVI do art. 5¼ da Constitui‹o n‹o impede a 
edi‹o, pelo Estado, de norma retroativa (lei ou decreto), em benef’cio do 
particularÓ. 13 
 
 A Sœmula STF n¼ 654 disp›e o seguinte: 
ÒA garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5¼, 
XXXVI, da Constitui‹o da Repœblica, n‹o Ž invoc‡vel pela 
entidade estatal que a tenha editado.Ó 
Vamos ˆs explica›es... Suponha que a Uni‹o tenha editado 
uma lei retroativa concedendo um tratamento mais 
favor‡vel aos servidores pœblicos do que o estabelecido pela 
lei anterior. Por ser benigna, a lei retroativa pode, sim, ser 
aplicada mesmo face ao direito adquirido. 
Agora vem a pergunta: poder‡ a Uni‹o (que editou a lei 
retroativa) se arrepender do benef’cio que concedeu aos seus 
servidores e alegar em ju’zo que a lei n‹o Ž aplic‡vel em 
raz‹o do princ’pio da irretroatividade das leis? 
N‹o poder‡, pois a garantia da irretroatividade da lei n‹o Ž 
invoc‡vel pela entidade estatal que a tenha editado. 
Vamos, agora, entender os conceitos de direito adquirido, ato jur’dico perfeito 
e coisa julgada. 
                                                        
12 STF, 2» Turma, AI 601832 AgR/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 02.04.2009. 
13 STF, 3» Turma, RExtr, n¼ 184.099/DF, Rel. Min. Oct‡vio Gallotti, RTJ 165/327. 
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a) Direito adquirido Ž aquele que j‡ se incorporou ao patrim™nio 
do particular, uma vez que j‡ foram cumpridos todos os requisitos 
aquisitivos exigidos pela lei ent‹o vigente. ƒ o que ocorre se voc 
cumprir todos os requisitos para se aposentar sob a vigncia de uma lei 
X. Depois de cumpridas as condi›es de aposentadoria, mesmo que 
seja criada lei Y com requisitos mais gravosos, voc ter‡ direito 
adquirido a se aposentar. 
O direito adquirido difere da Òexpectativa de direitoÓ, que n‹o Ž 
alcanada pela prote‹o do art. 5¼, inciso XXXVI. Suponha que a lei 
atual, ao dispor sobre os requisitos para aposentadoria, lhe garanta o 
direito de se aposentar daqui a 5 anos. Hoje, voc ainda n‹o cumpre os 
requisitos necess‡rios para se aposentar; no entanto, daqui a 5 anos os 
ter‡ todos reunidos. Caso amanh‹ seja editada uma nova lei, que 
imponha requisitos mais dif’ceis para a aposentadoria, fazendo com que 
voc s— possa se aposentar daqui a 10 anos, ela n‹o estar‡ ferindo seu 
direito. Veja: voc ainda n‹o tinha direito adquirido ˆ 
aposentadoria (ainda n‹o havia cumprido os requisitos necess‡rios 
para tanto), mas mera expectativa de direito. 
b) Ato jur’dico perfeito Ž aquele que reœne todos os elementos 
constitutivos exigidos pela lei 14; Ž o ato j‡ consumado pela lei vigente 
ao tempo em que se efetuou.15 Tome-se como exemplo um contrato 
celebrado hoje, na vigncia de uma lei X. 
c) Coisa julgada compreende a decis‹o judicial da qual n‹o cabe mais 
recurso. 
ƒ importante destacar que, no art. 5¼, inciso XXXV, o voc‡bulo ÒleiÓ est‡ 
empregado em seus sentidos formal (fruto do Poder Legislativo) e material 
(qualquer norma jur’dica). Portanto, inclui emendas constitucionais, leis 
ordin‡rias, leis complementares, resolu›es, decretos legislativos e v‡rias 
outras modalidades normativas. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STF 
de que a veda‹o constante do inciso XXXVI se refere ao direito/lei, 
compreendendo qualquer ato da ordem normativa constante do art. 59 
da Constitui‹o.�� 
TambŽm Ž importante ressaltar que, segundo o STF, o princ’pio do direito 
adquirido se aplica a todo e qualquer ato normativo infraconstitucional, 
                                                        
14
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 241.  
15
 Cf. art. 6¼, ¤1¼, da LINDB. 
16STF, ADI 3.105-8/DF, 18.08.2004. 
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sem qualquer distin‹o entre lei de direito pœblico ou de direito privado, ou 
entre lei de ordem pœblica e lei dispositiva. 17 
H‡, todavia, certas situa›es nas quais n‹o cabe invocar direito adquirido. 
Assim, n‹o existe direito adquirido frente a: 
a) Normas constitucionais origin‡rias. As normas que ÒnasceramÓ com a 
CF/88 podem revogar qualquer direito anterior, atŽ mesmo o direito 
adquirido. 
b) Mudana do padr‹o da moeda. 
c) Cria‹o ou aumento de tributos. 
d) Mudana de regime estatut‡rio. 
 
XXXVII - n‹o haver‡ ju’zo ou tribunal de exce‹o; 
... 
LIII - ninguŽm ser‡ processado nem sentenciado sen‹o pela autoridade 
competente; 
Contrariando um pouco a ordem em que est‹o dispostos na Constitui‹o, 
analisaremos esses dois incisos em conjunto. Isso porque ambos traduzem o 
princ’pio do Òju’zo naturalÓ ou do Òjuiz naturalÓ. Esse postulado garante 
ao indiv’duo que suas a›es no Poder Judici‡rio ser‹o apreciadas por um juiz 
imparcial, o que Ž uma garantia indispens‡vel ˆ administra‹o da Justia em 
um Estado democr‡tico de direito. 
O princ’pio do juiz natural impede a cria‹o de ju’zos de exce‹o ou Òad 
hocÓ, criados de maneira arbitr‡ria, ap—s o acontecimento de um fato. Na 
                                                        
17RE 204967 RS, DJ 14-03-1997. 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS ORIGINÁRIAS
MUDANÇA DO PADRÃO DA MOEDA
CRIAÇÃO OU AUMENTO DE TRIBUTOS
MUDANÇA DE REGIME ESTATUTÁRIO
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hist—ria da humanidade, podemos apontar como exemplos de tribunais de 
exce‹o o Tribunal de Nuremberg e o Tribunal de T—quio, institu’dos ap—s a 
Segunda Guerra Mundial; esses tribunais foram criados pelos ÒvencedoresÓ (da 
guerra) para julgar os ÒvencidosÓ e, por isso, s‹o t‹o duramente criticados. 
O princ’pio do juiz natural deve ser interpretado de forma ampla. Ele n‹o 
deve ser encarado apenas como uma veda‹o ˆ cria‹o de Tribunais ou 
ju’zos de exce‹o; alŽm disso, decorre desseprinc’pio a obriga‹o de respeito 
absoluto ˆs regras objetivas de determina‹o de competncia, para que 
n‹o seja afetada a independncia e a imparcialidade do —rg‹o julgador.18 
Todos os ju’zes e —rg‹os julgadores, em consequncia, tm sua competncia 
prevista constitucionalmente, de modo a assegurar a segurana jur’dica. 
ƒ importante que voc saiba que o STF entende que esse princ’pio n‹o se 
limita aos —rg‹os e ju’zes do Poder Judici‡rio. Segundo o Pret—rio 
Excelso, ele alcana, tambŽm, os demais julgadores previstos pela 
Constitui‹o, como o Senado Federal, por exemplo. AlŽm disso, por sua 
natureza, o princ’pio do juiz natural alcana a todos: brasileiros e 
estrangeiros, pessoas f’sicas e pessoas jur’dicas. Em um Estado democr‡tico 
de direito, todos tm, afinal, o direito a um julgamento imparcial, neutro. 
XXXVIII - Ž reconhecida a institui‹o do jœri, com a organiza‹o que lhe der 
a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das vota›es; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
Esse inciso deve ser memorizado. Geralmente Ž cobrado em sua literalidade! 
Decore cada uma dessas Òal’neasÓ! 
O tribunal do jœri Ž um tribunal popular, composto por um juiz togado, que o 
preside, e vinte e cinco jurados, escolhidos dentre cidad‹os do Munic’pio (Lei 
no 11.689/08) e entre todas as classes sociais. Segundo a doutrina, Ž visto 
como uma prerrogativa do cidad‹o, que dever‡ ser julgado pelos seus 
semelhantes.19 
O tribunal do jœri possui competncia para julgamento de crimes dolosos 
contra a vida. Crime doloso Ž aquele em que o agente (quem pratica o crime) 
                                                        
18
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 245 Ð 246.  
19
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 249-254.  
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prev o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim, pratica a a‹o, 
produzindo o resultado. Exemplo: o marido descobre que a mulher o est‡ 
traindo e, intencionalmente, atira nela e no amante, causando a morte dos 
dois. Trata-se de homic’dio doloso, que Ž, sem dœvida, um crime doloso contra 
a vida; o julgamento ser‡, portanto, da competncia do tribunal do jœri. 
Sobre a competncia do tribunal do jœri, destacamos, a seguir algumas 
jurisprudncias que podem ser cobradas em prova: 
 
1) A competncia constitucional do Tribunal do Jœri (art. 
5¼, XXXVIII) n‹o pode ser afastada por lei estadual, 
nem usurpada por vara criminal especializada, sendo 
vedada, ainda, a altera‹o da forma de sua composi‹o, 
que deve ser definida em lei nacional. 20 
No caso, o STF apreciou lei estadual que criava vara 
especializada para processar e julgar crimes praticados por 
organiza›es criminosas. Essa vara especializada julgaria, 
inclusive, os crimes dolosos contra a vida. Dessa forma, 
por invadir a competncia do tribunal do jœri, foi 
considerada inconstitucional. 
2) A competncia para o processo e julgamento de 
latroc’nio Ž do juiz singular, e n‹o do Tribunal do Jœri 
(Sœmula STF n¼ 603). 
O latroc’nio Ž um crime complexo, no qual est‹o presentes 
duas condutas: o roubo e o homic’dio. Em outras palavras, 
o latroc’nio Ž um roubo qualificado pela morte da v’tima. ƒ 
considerado pela doutrina como um Òcrime contra o 
patrim™nioÓ (e n‹o como Òcrime contra a vidaÓ), ficando, 
por isso, afastada a competncia do tribunal do jœri. 
A competncia do tribunal do jœri para julgar os crimes dolosos contra a vida 
n‹o Ž absoluta. Isso porque n‹o alcana os detentores de foro especial 
por prerrogativa de fun‹o previsto na Constitui‹o Federal. ƒ o caso, 
por exemplo, do Presidente da Repœblica e dos membros do Congresso 
Nacional, que ser‹o julgados pelo STF quando praticarem crimes comuns, 
ainda que dolosos contra a vida. Em outras palavras, o foro por prerrogativa 
de fun‹o prevalece sobre a competncia do tribunal do jœri, desde que esse 
foro especial decorra diretamente da Constitui‹o Federal. 
                                                        
20 STF, ADI n¼ 4414/AL, Rel. Min. Luiz Fux, Decis‹o 31.05.2012 
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A pergunta que se faz diante dessa œltima afirma‹o Ž a seguinte: e quando o 
foro especial n‹o decorrer de previs‹o da Constitui‹o Federal, mas sim da 
Constitui‹o Estadual? 
Para responder a esse questionamento, o STF editou a Sœmula Vinculante n¼ 
45, que assim disp›e: ÒA competncia constitucional do Tribunal do Jœri 
prevalece sobre o foro por prerrogativa de fun‹o estabelecido 
exclusivamente pela Constitui‹o estadualÓ. 
J‡ decidiu o STF, com base nesse entendimento, que procuradores 
estaduais e defensores pœblicos estaduais que possuam foro por 
prerrogativa de fun‹o derivado de Constitui‹o Estadual ser‹o julgados pelo 
tribunal do jœri se cometerem crimes dolosos contra a vida. Isso se explica 
pelo fato de que a competncia do tribunal do jœri prevalecer‡ sobre foro por 
prerrogativa de fun‹o estabelecido exclusivamente pela Constitui‹o Estadual 
(como Ž o caso dos defensores pœblicos e procuradores pœblicos estaduais). O 
mesmo se aplica a vereadores que, caso cometam crimes dolosos contra a 
vida, ser‹o julgados pelo tribunal do jœri. 21 
A Constitui‹o Federal estabelece, ainda, trs importantes princ’pios para o 
tribunal do jœri: i) a plenitude de defesa; ii) a soberania dos veredictos; e iii) 
o sigilo das vota›es. 
A plenitude de defesa Ž uma variante do princ’pio da ampla defesa e do 
contradit—rio (art. 5¼, LV), que permite ao acusado apresentar defesa contra 
aquilo que lhe Ž imputado. Sua concretiza‹o pressup›e que os argumentos do 
rŽu tenham a mesma import‰ncia, no julgamento, que os do autor. Em 
consequncia, n‹o devem existir prioridades na rela‹o processual e deve o 
rŽu ter a possibilidade de usar todos os instrumentos processuais na sua 
defesa. TambŽm decorre da plenitude de defesa o fato de que os jurados s‹o 
das diferentes classes sociais. 
Segundo o STF, Òimplica preju’zo ˆ defesa a manuten‹o do rŽu algemado na 
sess‹o de julgamento do Tribunal do Jœri, resultando o fato na insubsistncia 
do veredicto condenat—rioÓ.22 
No que se refere ˆ soberania dos veredictos, tambŽm assegurada ao 
tribunal do jœri pela Carta Magna, destaca-se que esta tem a finalidade de 
evitar que a decis‹o dos jurados seja modificada ou suprimida por decis‹o 
judicial. Entretanto, n‹o se trata de um princ’pio absoluto, sendo poss’vel 
a sua relativiza‹o. A soberania dos veredictos n‹o confere ao tribunal do jœri 
o exerc’cio de um poder incontrast‡vel e ilimitado. 23 
                                                        
21 STF, HC n¼ 80.477/PI, Rel. Min. NŽri da Silveira. Decis‹o 31.10.2000 
22
 STF, HC n¼ 91.952, Rel. Min. Marco AurŽlio. Decis‹o 19.12.2008. 
23 STF, HC n¼ 70.193-1/RS, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 06.11.2006. 
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ƒ poss’vel, sim, que existam recursos das decis›esdo tribunal do jœri; 
nesse sentido, Ž poss’vel haver a revis‹o criminal ou mesmo o retorno dos 
autos ao jœri, para novo julgamento.24 Segundo o STF, a soberania dos 
veredictos do tribunal do jœri n‹o exclui a recorribilidade de suas decis›es, 
quando manifestamente contr‡rias ˆ prova dos autos.25 Assim, nesse 
caso, ser‡ cab’vel apela‹o contra decis›es do tribunal do jœri. 
Por fim, cabe destacar que o STF entende que a competncia do Tribunal do 
Jœri, fixada no art. 5O, XXXVIII, ÒdÓ, da CF/88, quanto ao julgamento de crimes 
dolosos contra a vida Ž pass’vel de amplia‹o pelo legislador ordin‡rio.26 
Isso significa que pode a lei determinar o julgamento de outros crimes pelo 
tribunal do jœri. 
 
(MPE-RS Ð 2014) Lei ordin‡ria que amplie a competncia do 
Tribunal do Jœri n‹o ofende o art. 5¼, XXXVIII, letra ÒdÓ, nem 
a cl‡usula pŽtrea do ¤ 4¼ do art. 60, ambos da Constitui‹o 
Federal. 
Coment‡rios: 
Segundo o STF, Ž poss’vel que lei ordin‡ria amplie a 
competncia do tribunal do jœri, ou seja, n‹o h‡ qualquer 
ofensa ˆ CF/88. Quest‹o correta. 
 
XXXIX - n‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prŽvia 
comina‹o legal; 
O art. 5¼, inciso XXXIX, da CF/88, estabelece um importante princ’pio 
constitucional do direito penal: o princ’pio da legalidade. Segundo o Prof. 
Cezar Roberto Bitencourt, Òpelo princ’pio da legalidade, a elabora‹o de 
normas incriminadoras Ž fun‹o exclusiva da lei, isto Ž, nenhum fato pode ser 
considerado crime e nenhuma penalidade criminal pode ser aplicada sem que 
antes da ocorrncia deste fato exista uma lei definindo-o como crime e 
cominando-lhe a san‹o correspondenteÓ. 
O princ’pio da legalidade se desdobra em dois outros princ’pios: o princ’pio 
da reserva legal e o princ’pio da anterioridade da lei penal. 
O princ’pio da reserva legal determina que somente lei em sentido estrito 
(lei formal, editada pelo Poder Legislativo) poder‡ definir crime e cominar 
penas. Nem mesmo medida provis—ria poder‡ definir um crime e cominar 
                                                        
24
 STF, HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000. 
25
 STF,  HC 70.742-4/ RJ, Rel. Min. Carlos Velloso. DJ 30.06.2000. 
26HC 101542 SP, DJe-096, 28-05-2010. 
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penas, eis que essa espŽcie normativa n‹o pode tratar de direito penal (art.62, 
¤ 1¼, I, ÒbÓ). 
A exigncia de que lei formal defina o que Ž crime e comine suas penas traz a 
garantia de se considerarem crime condutas aceitas pela sociedade como tais e 
de que essas condutas sejam punidas da maneira considerada justa por ela. 
Com isso, quem define o que Ž crime e as respectivas penas Ž o povo, por 
meio de seus representantes no Poder Legislativo. �
J‡ pensou se, por exemplo, o Presidente da Repœblica pudesse definir o que Ž 
crime por medida provis—ria? Ou atŽ mesmo dobrar a pena de determinado 
il’cito por tal ato normativo? Ter’amos uma ditadura, n‹o? ƒ por isso que o 
inciso XXXIX do art. 5o da CF/88 Ž t‹o importante! 
 
As normas penais em branco s‹o aquelas que tipificam a 
conduta criminosa, mas que dependem de 
complementa‹o em outra norma. Um exemplo de 
norma penal em branco Ž o crime de contrabando, que 
consiste em Òimportar ou exportar mercadoria proibidaÓ 
(art. 334-A, C—digo Penal) 
A defini‹o do crime de contrabando depende de uma 
complementa‹o, uma vez que o C—digo Penal n‹o 
define quais s‹o as mercadorias proibidas. ƒ a legisla‹o 
extrapenal que o far‡. Assim, o crime de contrabando Ž 
uma norma penal em branco. 
Para o estudo do Direito Constitucional, interessa-nos 
saber que a doutrina majorit‡ria considera que as 
normas penais em branco n‹o violam o princ’pio da 
reserva legal. 
O princ’pio da anterioridade da lei penal, por sua vez, exige que a lei 
esteja em vigor no momento da pr‡tica da infra‹o para que o crime exista. 
Em outras palavras, exige-se lei anterior para que uma conduta possa ser 
considerada como crime. 
Esse princ’pio confere segurana jur’dica ˆs rela›es sociais, ao 
determinar que um fato s— ser‡ considerado crime se for cometido ap—s a 
entrada em vigor da lei incriminadora. Quer um exemplo? Se amanh‹ for 
editada uma lei que considere crime beijar o namorado (ou namorada) no 
cinema, nenhum de n—s ser‡ preso. S— poder‡ ser considerado culpado quem 
o fizer ap—s a entrada em vigor da lei. Aproveitemos, ent‹o, a liberdade de 
namorar, antes que tal lei seja editada! Mas n‹o agora, Ž hora de estudar 
Direito Constitucional... 
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Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Do princ’pio da anterioridade da lei penal, deriva a irretroatividade da lei penal, 
que est‡ previsto no art. 5¼, XL, que estudaremos a seguir. 
XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu; 
Retroagir significa Òvoltar para tr‡sÓ, Òatingir o passadoÓ. Portanto, diz-se que 
retroatividade Ž a capacidade de atingir atos pretŽritos; por sua vez, 
irretroatividade Ž a impossibilidade de atingi-los.�
ƒ comum, tambŽm, em textos jur’dicos, encontrarmos as express›es Òex tuncÓ 
e Òex nuncÓ. ÒEx tuncÓ Ž aquilo que tem retroatividade; Òex nuncÓ Ž o que Ž 
irretroativo. Lembre-se de que quando voc diz que ÒNUNCaÓ mais far‡ 
alguma coisa, esse desejo s— valer‡ daquele instante para frente, n‹o Ž 
mesmo? Sinal de que fez algo no passado de que se arrepende, mas que n‹o 
pode mudar. J‡ o T de TUNC pode faz-lo lembrar de uma m‡quina do TEMPO, 
atingindo tudo o que ficou para TRçS... 
 
Depois dessa ÒviagemÓ, voltemos ao inciso XL. Ele traz o princ’pio da 
irretroatividade da lei penal, que, conforme j‡ comentamos, deriva do 
princ’pio da anterioridade da lei penal. Uma conduta somente ser‡ 
caracterizada como crime se, no momento da sua ocorrncia, j‡ existia lei 
em vigor que a definia como tal. 
Portanto, em regra, a lei penal n‹o atinge o passado. Imagine que hoje voc 
beba uma garrafa de vodka no bar, conduta l’cita e n‹o tipificada como crime. 
No entanto, daqui a uma semana, Ž editada uma nova lei que estabelece que 
Òbeber vodkaÓ ser‡ considerado crime. Pergunta-se: voc poder‡ ser 
penalizado por essa conduta? ƒ claro que n‹o, uma vez que a lei penal, em 
regra, n‹o atinge fatos pretŽritos. 
Todavia, Ž importante termos em mente que a lei penal poder‡, em certos 
casos, retroagir. ƒ o que se chama de retroatividade da lei penal benigna: 
EX TUNC = MÁQUINA DO 
TEMPO, ATINGE O QUE 
FICOU PARA TRÁS
EX NUNC = NUNCA MAIS, A 
PARTIR DE AGORA
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a lei penal poder‡ retroagir, desde que para beneficiar o rŽu. Dizendo de outra 
forma, a Ònovatio legis in melliusÓ retroagir‡ para beneficiar o rŽu. 
H‡ um tipo especial de Ònovatio legis in melliusÓ, que Ž a conhecida Òabolitio 
criminisÓ, assim considerada a lei que deixa de considerar como crime 
conduta que, antes, era tipificada como tal. Um exemplo seria a edi‹o de uma 
lei que descriminalizasse o aborto. A Òabolitio criminisÓ, por ser benŽfica ao 
rŽu, ir‡ retroagir, alcanando fatos pretŽritos e evitando a puni‹o de 
pessoas que tenham cometido a conduta antes considerada criminosa. 
A lei penal favor‡vel ao rŽu, portanto, sempre retroagir‡para benefici‡-lo, 
mesmo que tenha ocorrido tr‰nsito em julgado de sua condena‹o. Por outro 
lado, a lei penal mais gravosa ao indiv’duo (que aumenta a penalidade, ou 
passa a considerar determinado fato como crime) s— alcanar‡ fatos 
praticados ap—s sua vigncia. ƒ a irretroatividade da lei penal mais 
grave: a Ònovatio legis in pejusÓ n‹o retroage. �
No que diz respeito ˆ retroatividade da lei penal mais benigna, entende o 
Supremo que n‹o Ž poss’vel a combina‹o de leis no tempo, pois caso se 
agisse dessa forma, estaria sendo criada uma terceira lei (Òlex tertiaÓ). De 
acordo com o Pret—rio Excelso, extrair alguns dispositivos, de forma isolada, de 
um diploma legal, e outro dispositivo de outro diploma legal implica alterar por 
completo o seu esp’rito normativo, criando um conteœdo diverso do 
previamente estabelecido pelo legislador��. 
XLI - a lei punir‡ qualquer discrimina‹o atentat—ria dos direitos e liberdades 
fundamentais. 
XLII - a pr‡tica do racismo constitui crime inafian‡vel e imprescrit’vel, 
sujeito ˆ pena de reclus‹o, nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerar‡ crimes inafian‡veis e insuscet’veis de graa ou 
anistia a pr‡tica da tortura, o tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evit‡-los, se omitirem; 
XLIV - constitui crime inafian‡vel e imprescrit’vel a a‹o de grupos armados, 
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democr‡tico; 
Em todos esses dispositivos, Ž poss’vel perceber que o legislador constituinte 
n‹o buscou outorgar direitos individuais, mas sim estabelecer normas que 
determinam a criminaliza‹o de certas condutas. 28 ƒ o que a doutrina 
denomina Òmandados de criminaliza‹oÓ, que caracterizam-se por serem 
                                                        
27HC 98766 MG, DJe-040, 04-03-2010. 
28 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito 
Constitucional. 6» edi‹o. Editora Saraiva, 2011, pp. 534-538 
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normas direcionadas ao legislador, o qual se v limitado em sua liberdade 
de atua‹o. 
Segundo o Prof. Gilmar Mendes, os mandados de criminaliza‹o estabelecidos 
por esses dispositivos traduzem outra dimens‹o dos direitos 
fundamentais: a de que o Estado n‹o deve apenas observar as investidas do 
Poder Pœblico, mas tambŽm garantir os direitos fundamentais contra 
agress‹o propiciada por terceiros.29 
O inciso XLI estabelece que Òa lei punir‡ qualquer discrimina‹o atentat—ria 
dos direitos e liberdades fundamentaisÓ. Como Ž poss’vel observar, trata-se de 
norma de efic‡cia limitada, dependente, portanto, de complementa‹o 
legislativa. Evidencia um mandato de criminaliza‹o que busca efetivar a 
prote‹o dos direitos fundamentais. 
O inciso XLII, por sua vez, estabelece que Òa pr‡tica do racismo constitui 
crime inafian‡vel e imprescrit’vel, sujeito ˆ pena de reclus‹o, nos termos da 
leiÓ. ƒ claro que h‡ muito a ser falado sobre o racismo; no entanto, h‡ dois 
pontos que s‹o muito cobrados em prova: 
a) O racismo Ž crime inafian‡vel e imprescrit’vel. 
Imprescrit’vel Ž aquilo que n‹o sofre prescri‹o. A prescri‹o Ž a 
extin‹o de um direito que se d‡ ap—s um prazo, devido ˆ inŽrcia do 
titular do direito em proteg-lo. No caso, ao dizer que o racismo Ž 
imprescrit’vel, o inciso XLII determina que este n‹o deixar‡ de ser 
punido mesmo com o decurso de longo tempo desde sua pr‡tica e com 
a inŽrcia (omiss‹o) do titular da a‹o durante todo esse per’odo. 
Inafian‡vel Ž o crime que n‹o admite o pagamento de fiana 
(montante em dinheiro) para que o preso seja solto. 
b) O racismo Ž pun’vel com a pena de reclus‹o. As bancas 
examinadoras v‹o tentar te confundir e dizer que o racismo Ž pun’vel 
com deten‹o. N‹o Ž! O racismo Ž pun’vel com reclus‹o, que Ž uma 
pena mais gravosa do que a deten‹o. 
Apenas para que voc n‹o fique viajando, qual a diferena entre a pena 
de reclus‹o e a pena de deten‹o? A diferena entre elas est‡ no 
regime de cumprimento de pena: na reclus‹o, inicia-se o cumprimento 
da pena em regime fechado, semiaberto ou aberto; na deten‹o, o 
cumprimento da pena inicia-se em regime semiaberto ou aberto. 
                                                        
29
  MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito 
Constitucional. 6» edi‹o. Editora Saraiva, 2011, pp. 534-538. 
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 O STF j‡ teve a oportunidade de apreciar o alcance da express‹o 
ÒracismoÓ. No caso concreto, bastante famoso por sinal, Siegfried Ellwanger, 
escritor e dono de livraria, havia sido condenado por ter escrito, editado e 
comercializado livros de conteœdo antissemita, fazendo apologia de ideias 
discriminat—rias contra os judeus. A quest‹o que se impunha ao STF 
decidir era a seguinte: a discrimina‹o contra os judeus seria ou n‹o crime de 
racismo? 
O STF decidiu que a discrimina‹o contra os judeus Ž, sim, considerada 
racismo e, portanto, trata-se de crime imprescrit’vel. Dessa forma, 
Òescrever, editar, divulgar e comerciar livros Ôfazendo apologia de ideias 
preconceituosas e discriminat—riasÕ contra a comunidade judaica (Lei 
7.716/1989, art. 20, na reda‹o dada pela Lei 8.081/1990) constitui crime de 
racismo sujeito ˆs cl‡usulas de inafianabilidade e imprescritibilidade (CF, art. 
5¼, XLII).Ó30 
Finalizando o coment‡rio desse inciso, vale a pena mencionar o 
posicionamento do STF nesse mesmo julgamento, dispondo que Òo preceito 
fundamental de liberdade de express‹o n‹o consagra o direito ˆ 
incita‹o ao racismo, dado que um direito individual n‹o pode constituir-se 
em salvaguarda de condutas il’citas, como sucede com os delitos contra a 
honra. (...) A ausncia de prescri‹o nos crimes de racismo justifica-se como 
alerta grave para as gera›es de hoje e de amanh‹, para que se impea a 
reinstaura‹o de velhos e ultrapassados conceitos que a conscincia jur’dica e 
hist—rica n‹o mais admitem.Ó�� 
O inciso XLIII, a seu turno, disp›e sobre alguns crimes que s‹o 
inafian‡veis e insuscet’veis de graa ou anistia. Bastante aten‹o, pois a 
banca examinadora tentar‡ te confundir dizendo que esses crimes s‹o 
imprescrit’veis. N‹o s‹o! 
Qual o macete para n‹o confundir? Simples, guarde a frase mnem™nica 
seguinte: 
 
3 T? Sim, Tortura, Tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins e 
Terrorismo. Esses crimes, assim como os hediondos, s‹o insuscet’veis de 
                                                        
30 STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. origin‡rio Min. Moreira Alves, rel. p/ ac—rd‹o Min. Maur’cio 
Corra, Di‡rio da Justia, Se‹o I, 19.03.2004, p. 17. 
31 STF, Pleno, HC 82.424-2/RS, Rel. origin‡rio Min. Moreira Alves, rel. p/ ac—rd‹o Min. Maur’cio 
Corra, Di‡rio da Justia, Se‹o I, 19.03.2004, p. 17. 
3T + hediondos não têm graça!
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graa ou anistia. Isso significa que n‹o podem ser perdoados pelo Presidente 
da Repœblica, nem ter suas penas modificadas para outras mais benignas. 
AlŽm disso, assim como o crime de racismo e a a‹o de grupos armadoscontra o Estado democr‡tico, s‹o inafian‡veis. 
O inciso XLIV trata ainda de mais um crime: a a‹o de grupos armados, 
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democr‡tico. Esse 
crime, assim como o racismo, ser‡ inafian‡vel e imprescrit’vel. 
Para que voc n‹o erre esses detalhes na prova, fizemos o esquema abaixo! 
S— uma observa‹o para facilitar: perceba que todos os crimes dos quais 
falamos s‹o inafian‡veis; a diferena mesmo est‡ em saber que o Ò3TH n‹o 
tem graaÓ!  
 
 
 
 
 
(TJ Ð MG Ð 2015) A tortura e a a‹o de grupos armados 
contra ordem constitucional s‹o crimes inafian‡veis e 
imprescrit’veis. 
Coment‡rios: 
A tortura Ž um crime inafian‡vel e insuscet’vel de graa ou 
anistia. A CF/88 n‹o determina que a tortura seja 
imprescrit’vel. Quest‹o errada. 
(Pol’cia Civil / CE Ð 2015) A pr‡tica do racismo constitui 
IMPRESCRITÍVEIS
• RACISMO
• AÇÃO DE GRUPOS 
ARMADOS, CIVIS OU 
MILITARES, CONTRA A 
ORDEM 
CONSTITUCIONAL E O 
ESTADO 
DEMOCRÁTICO
INAFIANÇÁVEIS
• RACISMO
• 3T
• HEDIONDOS
• AÇÃO DE GRUPOS 
ARMADOS, CIVIS OU 
MILITARES, CONTRA A 
ORDEM 
CONSTITUCIONAL E O 
ESTADO 
DEMOCRÁTICO
INSUSCETÍVEIS DE 
GRAÇA OU ANISTIA
• 3T
• HEDIONDOS
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crime inafian‡vel e imprescrit’vel, sujeito ˆ pena de deten‹o. 
Coment‡rios: 
A pr‡tica do racismo est‡ sujeita ˆ pena de reclus‹o. 
Quest‹o errada. 
 
 
Esse dispositivo consagra o princ’pio da intranscendncia das penas, 
tambŽm denominado pela doutrina de princ’pio da intransmissibilidade das 
penas ou, ainda, personaliza‹o da pena.32 A Constitui‹o garante, por 
meio dessa norma, que a pena n‹o passar‡ da pessoa do condenado; em 
outras palavras, ninguŽm sofrer‡ os efeitos penais da condena‹o de outra 
pessoa. 
Suponha que Jo‹o, pai de Lœcia e Felipe, seja condenado a 5 anos de reclus‹o 
em virtude da pr‡tica de um crime. Ap—s 2 meses na ÒcadeiaÓ, Jo‹o vem a 
falecer. Devido ˆ intranscendncia das penas, ficar‡ extinta a punibilidade. 
Lœcia e Felipe n‹o sofrer‹o quaisquer efeitos penais da condena‹o de Jo‹o. 
No que diz respeito ˆ obriga‹o de reparar o dano e ˆ decreta‹o do 
perdimento de bens, a l—gica Ž um pouco diferente, ainda que possamos 
afirmar que o princ’pio da intranscendncia das penas se aplica a essas 
situa›es. 
Suponha que Jo‹o morre deixando uma d’vida de R$ 1.500.000,00 (obriga‹o 
de reparar dano). Ao mesmo tempo, deixa um patrim™nio de R$ 900.000,00 
para seus sucessores (Lœcia e Felipe). A obriga‹o de reparar o dano ir‡ se 
estender a Lœcia e Felipe, mas apenas atŽ o limite do patrim™nio 
transferido. Em outras palavras, o patrim™nio pessoal de Lœcia e Felipe n‹o 
ser‡ afetado; ser‡ utilizado para o pagamento da d’vida o patrim™nio 
transferido (R$ 900.000,00). O restante da d’vida ÒmorreÓ junto com Jo‹o. 
Assim, a obriga‹o de reparar o dano e a decreta‹o do perdimento de 
bens podem ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra 
eles executadas, mas apenas atŽ o limite do valor do patrim™nio transferido. 
                                                        
32 Outra nomenclatura utilizada pela doutrina Ž princ’pio da incontagiabilidade da pena. 
XLV - nenhuma pena passar‡ da pessoa do condenado, podendo a obriga‹o 
de reparar o dano e a decreta‹o do perdimento de bens ser, nos termos da 
lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, atŽ o limite do valor 
do patrim™nio transferido; 
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XLVI - a lei regular‡ a individualiza‹o da pena e adotar‡, entre outras, as 
seguintes: 
a) priva‹o ou restri‹o da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) presta‹o social alternativa; 
e) suspens‹o ou interdi‹o de direitos; 
O inciso XLVI prev o princ’pio da individualiza‹o da pena, que determina 
que a aplica‹o da pena deve ajustar-se ˆ situa‹o de cada imputado, levando 
em considera‹o o grau de reprovabilidade (censurabilidade) de sua 
conduta e as caracter’sticas pessoais do infrator. Trata-se de princ’pio que 
busca fazer com que a pena cumpra sua dupla finalidade: preven‹o e 
repress‹o.33 
A Constitui‹o Federal prev um rol n‹o-exaustivo de penas que podem ser 
adotadas pelo legislador. S‹o elas: i) a priva‹o ou restri‹o de liberdade; ii) 
a perda de bens; iii) multa; iv) presta‹o social alternativa; e v) suspens‹o 
ou interdi‹o de direitos. Como se trata de um rol meramente exemplificativo, 
poder‡ a lei criar novos tipos de penalidade, desde que estas n‹o estejam 
entre aquelas vedadas pelo art. 5¼, XLVII, da CF/88, que estudaremos na 
sequncia. 
Ressaltamos mais uma vez que, ao estabelecer que Òa lei regular‡ a 
individualiza‹o da penaÓ, o constituinte determinou que a lei penal dever‡ 
considerar as caracter’sticas pessoais do infrator. Dentre essas, podemos 
citar os antecedentes criminais, o fato de ser rŽu prim‡rio, etc. 
Nesse sentido, o STF considerou inconstitucional, por afronta ao princ’pio 
da individualiza‹o da pena, a veda‹o absoluta ˆ progress‹o de regime 
trazida pela Lei 8.072/1990, que trata dos crimes hediondos.34 A referida lei 
estabelecia que a pena pelos crimes nela previstos seria integralmente 
cumprida em regime fechado, sendo vedada, assim, a progress‹o de regime. 
Entendeu a Corte que, ao n‹o permitir que se considerem as particularidades 
de cada pessoa, sua capacidade de reintegra‹o social e esforos de 
ressocializa‹o, o dispositivo torna in—cua a garantia constitucional e, portanto, 
Ž inv‡lido (inconstitucional). 
Com base nesse entendimento, o STF editou a Sœmula Vinculante n¼ 26: 
                                                        
33
  MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 274-275.  
34 STF, HC n¼ 82.959/SP. Rel. Min. Marco AurŽlio. Decis‹o 23.02.2006. 
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ÒPara efeito de progress‹o de regime no cumprimento de pena por 
crime hediondo, ou equiparado, o ju’zo da execu‹o observar‡ a 
inconstitucionalidade do art. 2¼ da Lei n¼ 8.072, de 25 de julho de 
1990, sem preju’zo da avaliar se o condenado preenche, ou n‹o, os 
requisitos objetivos e subjetivos do benef’cio, podendo determinar, para 
tal fim, de modo fundamentado, a realiza‹o de exame criminol—gico.Ó 
XLVII - n‹o haver‡ penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de car‡ter perpŽtuo; 
c) de trabalhos forados; 
d) de banimento; 
e) cruŽis; 
O art. 5¼, XLVII, estabeleceu um rol exaustivo de penas inaplic‡veis no 
ordenamento jur’dico brasileiro. Trata-se de verdadeira garantia de 
humanidade atribu’da aos sentenciados, impedindo que lhes sejam 
aplicadas penas atentat—rias ˆ dignidade da pessoa humana.35 Com efeito, as 
penas devem ter um car‡ter preventivo e repressivo; elas n‹o podem ser 
vingativas. 
A pena de morte Ž, sem dœvida a mais gravosa, sendo admitida t‹o-somente 
na hip—tese de guerra declarada. Evidencia-se, assim, que nem mesmo o 
direito ˆ vida Ž absoluto; com efeito, dependendo do caso concreto, todos 
os direitos fundamentaispodem ser relativizados. Como exemplo de aplica‹o 
da pena de morte (que ocorrer‡ por fuzilamento), temos a pr‡tica do crime de 
deser‹o em presena de inimigo. 
 
As bancas examinadoras adoram dizer que a pena de morte 
n‹o Ž admitida em nenhuma situa‹o no ordenamento 
jur’dico brasileiro. A quest‹o, ao dizer isso, est‡ errada. A 
pena de morte pode, sim, ser aplicada, desde que na 
hip—tese de guerra declarada. 
A pena de banimento, tambŽm inadmitida pela Constitui‹o Federal, 
consistia em impor ao condenado a retirada do territ—rio brasileiro por toda sua 
vida, bem como a perda da cidadania brasileira. Consistia, assim, em 
verdadeira Òexpuls‹o de nacionaisÓ. 
Cabe destacar que a pena de banimento n‹o se confunde com a expuls‹o 
de estrangeiro do Brasil, plenamente admitida pelo nosso ordenamento 
                                                        
35 CUNHA JòNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 6» edi‹o. Ed. Juspodium, 
2012. 
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jur’dico. A expuls‹o Ž forma de exclus‹o do territ—rio nacional de estrangeiro 
que, dentre outras hip—teses, atentar contra a segurana nacional, a ordem 
pol’tica ou social, a tranquilidade ou moralidade pœblica e a economia popular, 
ou cujo procedimento o torne nocivo ˆ convenincia e aos interesses nacionais 
(Lei 6.815/80). 
No que concerne ˆ pena de car‡ter perpŽtuo, vale destacar o entendimento 
do STF de que o m‡ximo penal legalmente exequ’vel, no ordenamento 
positivo nacional, Ž de 30 (trinta) anos, a significar, portanto, que o tempo 
de cumprimento das penas privativas de liberdade n‹o pode ser superior a 
esse limite, imposto pelo art. 75, "caput", do C—digo Penal��. 
 
 
(CNMP Ð 2015) Em nenhuma circunst‰ncia haver‡ penas 
cruŽis ou de morte, de car‡ter perpŽtuo, de trabalhos forados 
e de banimento. 
Coment‡rios: 
Em caso de guerra declarada, admite-se a pena de morte. 
Quest‹o errada. 
 
 
                                                        
36HC 84766 SP, DJe-074, 25-04-2008. 
PENAS VEDADAS
DE MORTE, SALVO EM CASO DE 
GUERRA DECLARADA
DE CARÁTER PERPÉTUO
DE TRABALHOS FORÇADOS
DE BANIMENTO
CRUÉIS
PENAS ADMITIDAS
PRIVAÇÃO OU RESTRIÇÃO DA 
LIBERDADE
PERDA DE BENS
MULTA
PRESTAÇÃO SOCIAL 
ALTERNATIVA
SUSPENSÃO OU INTERDIÇÃO DE 
DIREITOS
XLVIII - a pena ser‡ cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo 
com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
XLIX - Ž assegurado aos presos o respeito ˆ integridade f’sica e moral; 
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O inciso XLVIII determina que a execu‹o penal seja realizada de maneira 
individualizada, levando-se em considera‹o a natureza do delito, a idade e 
o sexo do apenado. ƒ com base nesse comando constitucional que as 
mulheres e os maiores de sessenta anos devem ser recolhidos a 
estabelecimentos pr—prios. 
O inciso XLIX, ao assegurar aos presos o respeito ˆ integridade f’sica e 
moral, busca garantir que os direitos fundamentais dos sentenciados sejam 
observados. ƒ claro, quando est‡ na pris‹o, o indiv’duo n‹o goza de todos os 
direitos fundamentais: h‡ alguns direitos fundamentais, como, por exemplo, a 
liberdade de locomo‹o (art. 5¼, XV) e a liberdade profissional (art. 5¼, XI) que 
s‹o incompat’veis com sua condi‹o de preso. 
O inciso L, por sua vez, estabelece uma dupla garantia: ao mesmo tempo em 
que assegura ˆs m‹es o direito ˆ amamenta‹o e ao contato com o 
filho, permite que a criana tenha acesso ao leite materno, alimento 
natural t‹o importante para o seu desenvolvimento. Segundo a doutrina, 
retirar do recŽm-nascido o direito de receber o leite materno poderia ser 
considerado uma espŽcie de Òcont‡gioÓ da pena aplicada ˆ m‹e, violando o 
princ’pio da intranscendncia das penas. 37 
Vamos continuar o estudo do art. 5¼, da Constitui‹o Federal... 
LI - nenhum brasileiro ser‡ extraditado, salvo o naturalizado, em caso de 
crime comum, praticado antes da naturaliza‹o, ou de comprovado 
envolvimento em tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas afins, na forma da 
lei; 
LII - n‹o ser‡ concedida extradi‹o de estrangeiro por crime pol’tico ou de 
opini‹o; 
A extradi‹o Ž um instituto jur’dico destinado a promover a coopera‹o 
penal entre Estados. Consiste no ato de entregar uma pessoa para outro 
Estado onde esta praticou crime, para que l‡ seja julgada ou punida. De 
forma mais tŽcnica, a extradi‹o Ž Òo ato pelo qual um Estado entrega a outro 
Estado indiv’duo acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que 
                                                        
37 MORAES, Alexandre de. Constitui‹o do Brasil Interpretada e Legisla‹o 
Constitucional, 9» edi‹o. S‹o Paulo Editora Atlas: 2010, pp. 285 
L- ˆs presidi‡rias ser‹o asseguradas condi›es para que possam permanecer 
com seus filhos durante o per’odo de amamenta‹o; 
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j‡ se ache condenado por aquele, ap—s haver-se certificado de que os direitos 
humanos do extraditando ser‹o garantidos.Ó38 
H‡ casos bastante conhecidos, que podem exemplificar muito bem o que Ž a 
extradi‹o. Se voc Ž do nosso tempo, deve se lembrar do ÒBal‹o M‡gicoÓ 
(banda infantil muito conhecida nos anos 80). Um dos integrantes do ÒBal‹o 
M‡gicoÓ era o Mike, que era filho de Ronald Biggs, ingls que realizou um 
assalto a um trem e, depois, fugiu para o Brasil. A Inglaterra pediu ao Brasil a 
extradi‹o, sem obter sucesso. 
Um caso mais recente Ž o do italiano Cesare Battisti, acusado pela pr‡tica de 
v‡rios crimes na It‡lia. Cesare Battisti, ap—s viver um tempo na Frana, fugiu 
para o Brasil. A It‡lia tambŽm solicitou a extradi‹o ao Brasil, tambŽm sem 
sucesso. 
Dados esses exemplos, voltemos ao tema... 
H‡ 2 (dois) tipos de extradi‹o: i) a extradi‹o ativa; e ii) a extradi‹o 
passiva. A extradi‹o ativa acontecer‡ quando o Brasil requerer a um 
outro Estado estrangeiro a entrega de um indiv’duo para que aqui seja 
julgado ou punido; por sua vez, a extradi‹o passiva ocorrer‡ quando um 
Estado estrangeiro requerer ao Brasil que lhe entregue um indiv’duo. 
Iremos focar o nosso estudo, a partir de agora, na extradi‹o passiva: quando 
um Estado solicita que o Brasil lhe entregue um indiv’duo. 
De in’cio, vale destacar que a Constitui‹o Federal traz, no art. 5¼, LI e LII, 
algumas limita›es importantes ˆ extradi‹o. 
O brasileiro nato (que Ž o brasileiro Òde beroÓ, que recebeu sua 
nacionalidade ao nascer) n‹o poder‡ ser extraditado; trata-se de hip—tese 
de veda‹o absoluta ˆ extradi‹o. Baseia-se na l—gica de que o Estado deve 
proteger (acolher) os seus nacionais. 
 
Caso o brasileiro nato perca a sua nacionalidade pela 
aquisi‹o volunt‡ria de outra nacionalidade, ele estar‡ 
sujeito ˆ extradi‹o. Perceba que, nesse caso, ele n‹o 
se enquadra mais na condi‹o de brasileiro nato. 
Por sua vez, o brasileiro naturalizado (que Ž aquele que nasceu estrangeiro 
e se tornou brasileiro), poder‡ ser extraditado. No entanto, isso somente 
ser‡ poss’vel em duas situa›es: 
                                                        
38
 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento& CASELLA, Paulo Borba. Manual de 
Direito Internacional Pœblico, 17» Ed. S‹o Paulo: Saraiva, 2009, pp. 499 Ð 502.  
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a) no caso de crime comum, praticado antes da naturaliza‹o. 
Perceba que existe, aqui, uma limita‹o temporal. Se o crime comum 
tiver sido cometido ap—s a naturaliza‹o, o indiv’duo n‹o poder‡ ser 
extraditado; a extradi‹o somente ser‡ poss’vel caso o crime seja 
anterior ˆ aquisi‹o da nacionalidade brasileira pelo indiv’duo. 
b) em caso de comprovado envolvimento em tr‡fico il’cito de 
entorpecentes e drogas afins. Nessa situa‹o, n‹o h‡ qualquer limite 
temporal. O envolvimento com tr‡fico il’cito de entorpecentes e drogas 
afins dar‡ ensejo ˆ extradi‹o quer ele tenha ocorrido antes ou ap—s a 
naturaliza‹o. 
Vale ressaltar que as regras de extradi‹o do brasileiro naturalizado tambŽm 
se aplicam ao portugus equiparado.39��
 
Os estrangeiros podem ser extraditados com maior liberdade pelo Estado 
brasileiro, desde que cumpridos os requisitos legais para a extradi‹o. Cabe 
destacar, todavia, que n‹o se admite a extradi‹o de estrangeiro por 
crime pol’tico ou de opini‹o. Essa Ž uma pr‡tica usual nos ordenamentos 
constitucionais de outros pa’ses e tem por objetivo proteger os indiv’duos que 
forem v’timas de persegui‹o pol’tica. 
A defini‹o de um crime como sendo um delito pol’tico Ž tarefa dif’cil e 
que compete ao Supremo Tribunal Federal. ƒ no caso concreto que a Corte 
Suprema ir‡ dizer se o crime pelo qual se pede a extradi‹o Ž ou n‹o pol’tico.40 
Esse entendimento do STF Ž bastante importante porque permite resolver 
alguns problemas de dif’cil solu‹o. ƒ poss’vel que o Brasil extradite asilado 
pol’tico? Pode um refugiado ser extraditado? 
Vamos aos poucos... 
O asilo pol’tico, que Ž um dos princ’pios do Brasil nas rela›es internacionais 
(art. 4¼, X), consiste no acolhimento de estrangeiro por um Estado que n‹o 
seja o seu, em virtude de persegui‹o pol’tica por seu pr—prio pa’s ou por 
                                                        
39 Portugus equiparado Ž o portugus que, por ter residncia permanente no Brasil, ter‡ 
um tratamento diferenciado, possuindo os mesmos direitos dos brasileiros naturalizados. 
40 Ext 615, Rel. Min. Paulo Brossard. DJ. 05.12.1994. 
HIPÓTESES DE 
EXTRADIÇÃO DO 
BRASILEIRO
NATO: JAMAIS!
NATURALIZADO:
 ‑ Cometimento de crime comum antes da naturalização;
‑ Comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes 
e drogas afins, na forma da lei
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terceiro. Segundo o STF, n‹o h‡ incompatibilidade absoluta entre o instituto 
do asilo e o da extradi‹o passiva. Isso porque a Corte n‹o est‡ vinculada 
ao ju’zo formulado pelo Poder Executivo na concess‹o do asilo pol’tico.41 
Em outras palavras, mesmo que o Poder Executivo conceda asilo pol’tico a um 
estrangeiro, o STF poder‡, a posteriori, autorizar a extradi‹o. 
Quanto ao refœgio, trata-se de instituto mais geral do que o asilo pol’tico, 
que ser‡ reconhecido a indiv’duo em raz‹o de fundados temores de 
persegui‹o (por motivos de raa, religi‹o, nacionalidade, grupo social ou 
opini›es pol’ticas). 
Apesar de a lei dispor que Òo reconhecimento da condi‹o de refugiado 
obstar‡ o seguimento de qualquer pedido de extradi‹o baseado nos fatos 
que fundamentaram a concess‹o de refœgioÓ42, entende o STF que a decis‹o 
administrativa que concede o refœgio n‹o pode obstar, de modo absoluto 
e genŽrico, todo e qualquer pedido de extradi‹o apresentado ˆ Corte 
Suprema.43 No caso concreto, apreciava-se a extradi‹o de Cesare Battisti, a 
quem o Ministro da Justia havia concedido o status de refugiado. O STF, ao 
analisar o caso, concluiu pela ilegalidade do ato de concess‹o do refœgio. 
Agora que j‡ falamos sobre as limita›es, vamos entender como funciona o 
processo de extradi‹o. 
O Estatuto do Estrangeiro (Lei n¼ 6.815/80) prev trs etapas para a 
extradi‹o passiva. 
A primeira Ž uma etapa administrativa, de responsabilidade do Poder 
Executivo. Nessa fase, o Estado requerente solicita a extradi‹o ao Presidente 
da Repœblica por via diplom‡tica. Destaque-se que o pleito extradicional 
dever‡ ter como fundamento a existncia de um tratado bilateral entre os 
dois Estados ou, caso este n‹o exista, uma promessa de reciprocidade 
(compromisso de acatar futuros pleitos). Sem um tratado ou promessa de 
reciprocidade, a extradi‹o n‹o ser‡ efetivada. 
Ao receber o pleito extradicional, h‡ duas situa›es poss’veis: 
a) O Presidente poder‡ indeferir a extradi‹o sem aprecia‹o do 
STF, o que se denomina recusa prim‡ria. 
b) O Presidente poder‡ deferir a extradi‹o, encaminhando a 
solicita‹o ao STF, ao qual caber‡ analisar a legalidade e a 
procedncia do pedido (art. 102, I, ÒgÓ, CF). Nesse caso, passaremos ˆ 
etapa judici‡ria. Segundo o STF, nem mesmo a concord‰ncia do 
                                                        
41 Ext 524, Rel.: Min. Celso de Mello, Julgamento: 31/10/1990, îrg‹o Julgador: Tribunal Pleno. 
42 Lei 9.474/97 Ð art. 33. 
43 Ext 1085, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 16.04.2010 
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extraditando em retornar ao seu pa’s impede que a Corte analise o 
caso, uma vez tendo recebido comunica‹o por parte do Poder 
Executivo44. 
Na etapa judici‡ria, o STF ir‡ analisar a legalidade e a procedncia do pedido 
de extradi‹o. Um dos pressupostos da extradi‹o Ž a existncia de um 
processo penal. Cabe destacar, todavia, que a extradi‹o ser‡ poss’vel tanto 
ap—s a condena‹o quanto durante o processo. 
H‡ necessidade, ainda, que exista o que a doutrina chama Òdupla 
tipicidadeÓ: a conduta que a pessoa praticou deve ser crime tanto no Brasil 
quanto no Estado requerente. Quando o fato que motivar o pedido de 
extradi‹o n‹o for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente, n‹o 
ser‡ concedida a extradi‹o. 
Ao analisar a extradi‹o, o STF verifica se os direitos humanos do extraditando 
ser‹o respeitados. Nesse sentido: 
a) N‹o ser‡ concedida a extradi‹o se o extraditando houver de 
responder, no Estado requerente, perante ju’zo ou tribunal de 
exce‹o. ƒ o j‡ conhecido princ’pio do Òjuiz naturalÓ. 
b) Caso a pena para o crime seja a de morte, o Estado requerente 
dever‡ se comprometer a substitu’-la por outra, restritiva de liberdade 
(comuta‹o da pena), exceto, claro, naquele œnico caso em que a 
pena de morte Ž admitida no Brasil: guerra declarada. 
c) Caso a pena para o crime seja de car‡ter perpŽtuo, o Estado 
requerente dever‡ se comprometer ˆ comuta‹o dessa pena em 
pris‹o de atŽ 30 anos, que Ž o limite toler‡vel pela lei brasileira.45 
Por fim, h‡ outra etapa administrativa, em que o Presidente da Repœblica, 
na condi‹o de Chefe de Estado, entrega ou n‹o o extraditando ao pa’s 
requerente. Novamente, h‡ duas situa›es poss’veis: 
a) O STF nega a extradi‹o. Nesse caso, a decis‹o ir‡ vincular o 
Presidente da Repœblica, que ficar‡ impedido de entregar o 
extraditando. 
b) O STF autoriza a extradi‹o. Essa decis‹o n‹o vincula o Presidente 
da Repœblica, que Ž a autoridade que detŽm a competncia para decidir 
sobre a efetiva‹o da extradi‹o.

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