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Unidade II
Unidade II
MÓDULO 5 – PROCESSO FALIMENTAR
1. DISPOSIÇÕES GERAIS
O estado patrimonial do devedor que possui ativo inferior ao passivo é denominado insolvência 
econômica ou insolvabilidade.
Entretanto, para que seja decretada a falência, a insolvência não pode ser vista em sua acepção 
econômica, ou seja, caracterizada pela insuficiência do ativo para o pagamento do passivo, mas sim 
compreendida pelo sentido jurídico.
Assim, para fins de decretação da falência, o pressuposto da insolvência não se caracteriza por um 
estado patrimonial, mas pela ocorrência de um dos fatos previstos em lei como ensejadores da quebra: 
se a sociedade empresária, sem justificativa, for impontual no cumprimento de obrigação líquida (art. 
94, I, da LF), pela execução frustrada (art. 94, II) ou pela prática de ato de falência (art. 94, III).
O pedido de falência com base na impontualidade injustificada somente se viabiliza se a obrigação, 
representada em título ou títulos executivos protestados, ultrapassar o equivalente a quarenta salários 
mínimos (art. 94, I, da LF). A lei, no entanto, admite o litisconsorte ativo entre credores, a fim de 
perfazer esse limite mínimo (art. 94, I, parágrafo 1o, da LF). De outro lado, são considerados atos de 
falência: a) liquidação precipitada – incorre nessa hipótese o comerciante (sociedade empresária) que 
liquida seu negócio de forma brusca, isto é, vende os bens do ativo não circulante indispensáveis à 
exploração da atividade (mobiliário, máquinas, tecnologia, veículos etc.), sem reposição (art. 94, III, a). 
Do mesmo modo, caracteriza ato de falência o empresário que emprega meios ruinosos ou fraudulentos 
para realizar pagamentos, como a contratação de novos empréstimos para quitar os anteriores, 
sem perspectiva imediata de recuperação econômica da empresa, ou aceita pagar juros excessivos; 
b) negócio simulado – se a sociedade empresária tenta retardar pagamentos ou fraudar credores 
por meio de negócio simulado ou, ainda, aliena, parcial ou totalmente, elementos do seu ativo não 
circulante, está incorrendo em comportamento considerado como ato de falência (art. 94, III, b); c) 
alienação irregular de estabelecimento – um dos requisitos necessários para o trespasse (alienação do 
estabelecimento empresarial) é a anuência dos credores, para a plena eficácia do ato. Dessa forma, a 
sociedade que vende seu estabelecimento sem o consentimento dos credores, salvo se conservar no 
patrimônio bens suficientes para responder pelo passivo, pode ter a sua falência decretada (art. 94, 
III, c); d) simulação de transferência de estabelecimento – incorre em ato de falência o empresário 
que muda o local de seu estabelecimento com o intuito de fraudar a legislação, frustrar a fiscalização 
ou prejudicar credores (art. 94, III, d); e) garantia real – para a caracterização de ato de falência, a 
instituição de garantia real (hipoteca, penhor, caução de título etc.) deve ser dada pela sociedade em 
favor do credor posteriormente à constituição do crédito (art. 94, III, e). Não se verifica o ato de falência 
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
se a constituição da obrigação e a concessão da garantia real são concomitantes; f) abandono do 
estabelecimento comercial – por parte do representante legal da sociedade devedora caracteriza ato 
de falência. Contudo, se a sociedade empresária constitui procurador com poderes e recursos para 
responder pelas obrigações sociais não haverá fundamento para a decretação da falência (art. 94, III, 
f); g) descumprimento do plano de recuperação judicial – o empresário beneficiado com a recuperação 
judicial que não cumpre o estabelecido no respectivo plano pratica ato de falência e deve ser instaurada 
a execução concursal de seu patrimônio (art. 94, III, g). 
2. PEDIDO DE FALÊNCIA
O processo falimentar se divide em três fases: 1) fase pré-falimentar; 2) fase falimentar propriamente 
dita; 3) fase pós-falimentar.
A fase pré-falimentar é aquela que se inicia com o requerimento da falência do comerciante, 
finalizando-se com o pronunciamento da sentença declaratória pelo juiz. Durante esse período, o 
devedor pode obter provas para a sua defesa contra a falência. Por outro lado, é a fase destinada à 
investigação da vida econômica do sujeito passivo da falência. Após analisar os prós e os contras, o juiz 
decide se decreta ou não a falência.
A fase falimentar propriamente dita tem início com a decretação da falência, a qual se estende até o 
final do processo. Trata-se de período destinado à discussão sobre o comportamento do falido, quer na 
esfera comercial (bens deixados no estabelecimento, créditos, contratos em andamento, bens do falido, 
posição dos credores quanto à massa) ou esfera criminal (se há o seu enquadramento em algum dos 
crimes previstos no art. 168 e segs. da Lei de Falências).
Nessa fase, a falência poderá ser classificada como casual, culposa ou fraudulenta. Na fase pós-
falimentar existe um processo de reabilitação do falido, desde que não tenha havido condenação.
Sujeito ativo
São partes legítimas para requerer o pedido de falência: o próprio comerciante (sociedade empresária), 
o seu sócio e o credor.
A lei impõe ao próprio devedor requerer a autofalência (inciso I, do art. 97, c/c, art. 105, da LF), 
quando estiver insolvente e considerar que não atende aos requisitos para pleitear a recuperação judicial. 
Trata-se de obrigação desprovida de sanção. A lei também legitima para o pedido de falência o sócio 
ou o acionista da sociedade empresária devedora. Trata-se de hipótese rara, porque só tem cabimento 
quando a maioria dos sócios não considera oportuna a instauração do concurso de credores.
O credor é o maior interessado na instauração do processo de execução concursal, mesmo porque o 
processo de falência tem se revelado um instrumento eficaz de cobrança.
Em determinados casos, a legitimidade do credor é condicionada ao atendimento de alguns 
requisitos. Se o credor é sociedade empresária, ele deve provar a regularidade de sua situação, exibindo 
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o registro na Junta Comercial dos atos constitutivos. O credor não domiciliado no país deve prestar 
caução, destinada a cobrir as custas do processo e eventual indenização do requerido, caso venha a ser 
denegada a falência.
Nos demais casos, se o credor não for sociedade empresária e estiver domiciliado no Brasil, ele possui 
a legitimidade ativa para o pedido de falência.
O credor, no pedido de falência, deve exibir o seu título mesmo que não vencido, baseando-se em 
ato de falência praticado pelo devedor, na impontualidade titularizada contra terceiro e na execução 
frustrada (por meio de certidão de protesto ou do cartório judicial em que ocorreu a execução frustrada). 
3. RITO
O pedido de falência segue rito diferente em função de seu autor. Se a falência for requerida pelo 
credor ou sócio minoritário, o rito segue os preceitos dos artigos 94 a 96 e 98. Nesse caso, o pedido 
de falência observa um procedimento judicial típico, isto é, contencioso. Já em caso de autofalência, o 
pedido segue o rito dos artigos 105 a 107, da LF, de natureza não contenciosa.
Quando o pedido de falência tem como base a impontualidade injustificada, a petição inicial deve 
ser instruída obrigatoriamente com o título acompanhado do instrumento de protesto. Se fundado na 
tríplice omissão, a lei exige, na instrução, a certidão expedida pelo juízoem que se processa a execução 
frustrada. Sendo ato de falência o fundamento do pedido, a lei determina que se descrevam os fatos que 
caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se que serão produzidas no decorrer 
do processo.
O prazo para a defesa do requerido é de 10 dias, contado da citação. Nesse mesmo prazo, a 
sociedade empresária requerida poderá elidir a falência, depositando o valor da obrigação em atraso. 
Elidido o pedido de falência com o depósito judicial do valor reclamado, converte-se em inequívoca 
medida judicial de cobrança, já que a instauração do concurso universal dos credores está por 
completo impossibilitada.
4. SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA (NATUREZA JURÍDICA)
Deve-se relembrar que as sentenças, nos processos de conhecimento, podem ser meramente 
declaratórias (tornam indisputável a existência de certa relação jurídica ou falsidade de documento), 
condenatórias (atribuem ao vencedor da demanda direito de promover a execução contra o vencido) ou 
constitutivas (criam, modificam ou extinguem relações jurídicas). 
A sentença declaratória da falência, pressuposto da instauração do processo de execução concursal 
da sociedade devedora, tem caráter predominantemente constitutivo. Miranda Valverde e Waldemar 
Ferreira consideram a sentença constitutiva. Tal sentença, enquanto reconhece a preexistência de uma 
situação de fato, é declaratória; constitutiva, porque instaura um novo estado jurídico, o de falência, 
previsto e regulado na lei, valendo erga omnes. 
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A partir do momento em que a sentença judicial reconhece a insolvência do devedor, declara o estado 
de falência. Com a declaração da sentença, opera-se a dissolução da sociedade falida, ficando os seus 
bens, atos jurídicos, contratos e credores submetidos a um regime jurídico específico, o falimentar. Isto 
é, na medida em que a sentença se projeta para o futuro, constitui um novo estado jurídico, envolvendo 
o devedor, o seu patrimônio, os credores e os seus créditos.
Assim, a sentença não se limita a declarar fatos ou relações preexistentes, mas modifica a disciplina 
jurídica deles, abrindo as portas à execução concursal. 
5. CONTEÚDO DA SENTENÇA DECLARATÓRIA
A sentença declaratória da falência deve ter o conteúdo genérico de qualquer sentença judicial e o 
específico que a lei falimentar lhe prescreve. Deverá o juiz, ao julgar procedente o pedido de falência, 
observar o disposto no art. 458, do CPC. Assim, deve conter: a) relatório, com o resumo do pedido e da 
resposta, e as principais ocorrências da fase pré-falimentar; b) os fundamentos adotados para o exame 
das questões de fato e de direito; c) dispositivo legal que embasa a decisão.
Também devem conter na sentença declaratória da falência (art. 99, da LF):
a) a síntese do pedido, a identificação do falido, bem como a designação dos representantes legais 
(os administradores das sociedades limitadas e os diretores das anônimas);
1) o termo legal da falência;
2) determinação ao falido que entregue em cartório a relação dos seus credores;
3) explicitará o prazo para as habilitações de crédito;
4) ordem de suspensão das ações e das execuções contra o falido;
5) a proibição da prática de atos de disposição ou oneração de bens do falido sem prévia autorização 
judicial; 
6) as diligências a serem adotadas para salvaguarda dos interesses das partes envolvidas, incluindo 
a prisão preventiva dos representantes legais da sociedade devedora, se presentes elementos que 
indiquem a prática de crime falimentar;
7) ordem à Junta Comercial para a anotação da falência;
8) nomeação do administrador judicial;
9) determinação de expedição de ofícios a órgãos e repartições públicas ou entidades que, de acordo 
com o perfil do falido, possam fornecer informações sobre os bens e os direitos dele;
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10) ordem de lacração do estabelecimento do falido, se houver risco à execução da arrecadação ou 
preservação dos bens da massa ou interesses dos credores;
11) autorização para a continuação provisória da empresa com o administrador judicial, se considerar 
cabível;
12) se for o caso, convocação da Assembleia dos Credores para a constituição do comitê; 
13) determinação da intimação do Ministério Público e expedição de cartas às Fazendas Públicas 
Federal e de todos os estados e os municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para 
conhecimento da falência. 
Termo legal da falência: compreende o lapso temporal anterior à declaração da falência, no qual os 
atos do devedor são considerados suspeitos de fraude e, por isso, suscetíveis de investigação, podendo 
ser declarados ineficazes em relação à massa (período suspeito) (art. 99, II).
O termo legal é o período anterior à decretação da quebra, que serve de referência para a auditoria 
dos atos praticados pela sociedade falida.
O juiz na própria sentença de quebra fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo 
por mais de noventa dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou 
do primeiro protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para essa finalidade, os protestos que 
tenham sido cancelados.
6. PUBLICIDADE DA SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA
À sentença declaratória da falência deve ser dada intensa publicidade, não só para acautelar os 
interesses dos credores, como de terceiros.
A sentença deverá ser publicada no órgão oficial por edital (seu inteiro teor). Se a massa comportar, 
ela será publicada também em jornal ou revista de circulação regional ou nacional; proceder-se-á 
a intimação do Ministério Público e o envio de comunicação à Fazenda Federal, aos estados e aos 
municípios em que a falida possuir estabelecimento ou filial. A falência deve ser comunicada à Junta 
Comercial em que a sociedade empresária falida tem seus atos constitutivos arquivados e disponibilizará 
a informação na rede mundial de computadores. 
7. A SENTENÇA DENEGATÓRIA DA FALÊNCIA
Contra a sentença denegatória do pedido de falência pode ser interposto recurso de apelação (art. 
100, da LF), no prazo e de acordo com o previsto no Código de Processo Civil. 
A sentença denegatória da falência pode fundar-se na elisão do pedido em razão do depósito feito 
pelo requerido e pela pertinência das alegações formuladas na contestação. As duas hipóteses são 
diferentes, porque varia a sucumbência.
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No caso do depósito elisivo, considera-se que o requerido sucumbiu, posto que se não fosse o 
depósito, o requerido teria falido. No que tange ao acolhimento das razões alegadas na contestação, o 
requerente é que sucumbe, por ter sido aceita a defesa do requerido. 
A parte que sucumbe deve arcar com as despesas do processo e os honorários arbitrados pelo juiz 
em favor do advogado do vencedor. Contestado o feito e efetuado o depósito elisivo, o juiz é obrigado 
a apreciar as razões apresentadas pelo devedor. Embora o depósito afaste a possibilidade de instauração 
do concurso de credores, é necessário verificar se era procedente a pretensão do requerente deduzida 
em juízo com o fito de definir a sucumbência.
No pedido de falência, não há possibilidade de acolhimento parcial do pedido, ou a falência é 
decretada ou denegada. Logo, não cabe levantamento parcial do depósito. Na hipótese de denegação 
da falência com sucumbência do requerido, a sentençadeve condená-lo no pagamento de correção 
monetária, a qual é devida a partir do vencimento do título executivo que fundamentou o pedido. O 
depósito elisivo, desde logo, deve compreender juros e honorários advocatícios. Deve o juiz, ao acolher a 
contestação do requerido e julgar improcedente o pedido de falência, analisar a conduta do requerente.
Se constatar que houve dolo manifesto por parte do requerente, deve, na própria sentença 
denegatória, condená-lo ao pagamento de indenização em favor do requerido. No entanto, se não 
houver dolo manifesto no comportamento do requerente, o juiz não poderá condená-lo, mas o requerido 
prejudicado poderá propor demanda em face do requerente, para pleitear indenização por perdas e 
danos. No caso de culpa (exemplo: deixar de controlar adequadamente o recebimento dos títulos) ou 
abuso de direito pelo requerente também caberá ação de indenização. 
8. MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público é cientificado de todos os atos processuais que podem demandar sua intervenção. 
A LRE deve proporcionar oportunidade para sua plena participação fiscalizatória, concedendo-lhe espaço 
processual para requerer, quando de sua intimação inicial, a intimação dos demais atos do processo, de 
modo que esteja apto a intervir sempre que possível. A mesma providência poderá ser adotada pelo 
representante do Ministério Público nos processos em que a massa falida seja parte.
Foi vetado o art. 4o, da LRE, que exigia a presença do representante legal nos processos de recuperação 
judicial e de falência. Dessa forma, cabe ao MP avaliar se participará ou não. 
Assim, o ditame legal é genérico. Contudo, sem prejuízo de menções específicas, em diversos artigos, 
sobre a atuação ministerial, é preciso deixar claro que o Ministério Público, naquelas circunstâncias, não só 
poderá como deverá intervir. Na condição de titular da persecução penal deve apurar a responsabilidade 
dos agentes delituosos. Como fiscal da lei, deve atuar se constatar inobservância formal ou material das 
normas vigentes.
O legislador enfatizou momentos processuais específicos que demandam a intervenção do MP. Por 
exemplo, o MP tem legitimidade ativa para propor ação penal por crime falimentar; na área civil, a ação 
revocatória, contemplada no art. 130, pode impugnar a relação de credores no que se refere à ausência 
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de qualquer crédito ou à legitimidade, à importância ou à classificação do crédito relacionado. Também 
é autorizado, pelo art. 30, § 2o, a requerer a substituição do administrador judicial ou dos membros do 
Comitê, se nomeados com inobservância dos preceitos da LRE. Outros exemplos de previsão legal da 
intervenção do MP são os arts. 59, 104, 142, 143, 154, 163 e 187, da LRE.
A LRE repetiu a omissão da LFC, uma vez que deixou de prever a oitiva do MP para se manifestar sobre o 
plano de recuperação judicial e sobre o pedido de falência. No primeiro caso, limita-se a prever sua intimação 
da decisão concessiva e a possibilidade de agravar. No segundo caso, o art. 99, inciso XIII, da LRE, ao relacionar 
os requisitos da sentença declaratória de falência dispõe que o juiz deverá ordenar a intimação do MP “para 
tomar conhecimento da falência”. Em suma, a intenção no legislador é no sentido de que o MP só atue no 
processo falimentar na sua fase executiva depois de tomar ciência da falência decretada.
9. GESTOR JUDICIAL
Se as causas da crise econômico-financeira da empresa resultam de administração negligente ou 
ruinosa, permite-se e recomenda-se a substituição dos administradores inaptos (art. 64, § 1o).
O devedor, ou seu administrador, não será mantido à frente da gestão da empresa se o plano de 
recuperação judicial estipular seu afastamento e também nas hipóteses estipuladas nos incisos e nas alíneas 
do art. 64: a) condenação anterior transitada em julgado por crime falimentar, contra o patrimônio, contra a 
economia popular ou contra a ordem econômica; b) indícios veementes da prática de crime; c) dolo, simulação 
ou fraude contra os interesses dos credores; d) gastos pessoais manifestamente excessivos em relação ao 
cabedal da empresa; e) despesas empresarias injustificáveis em relação ao capital, ao gênero do negócio ou ao 
movimento das operações; f) descapitalização da empresa; g) operações prejudiciais ao funcionamento regular 
da empresa; h) simulação ou omissão de créditos, injustificáveis, na relação de credores; i) retardamento ou 
omissão no cumprimento do plano de recuperação; j) recusa de prestação de informações.
O primeiro efeito lógico do afastamento do devedor é a integração do administrador judicial, 
que passará à condição de administrador-gestor, respondendo pela gestão dos negócios da empresa, 
enquanto a assembleia geral não deliberar sobre a escolha de um gestor judicial. 
10. DIREITOS DO FALIDO
São direitos do devedor em estado falimentar (art. 103, parágrafo único):
a) fiscalizar a administração da massa;
b) requerer medidas acautelatórias dos bens arrecadados;
c) intervir, como assistente, nas ações em que a massa for parte ou interessada;
d) interpor recursos admitidos em lei;
e) requerer o que entender útil à defesa dos seus direitos.
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Na medida em que o devedor com a sentença declaratória de falência perde a administração e a 
disponibilidade dos seus bens, frutos e direitos a eles inerentes e, não imediatamente, a propriedade 
deles, é do seu interesse, e mesmo da massa, o exercício daqueles direitos mínimos.
11. INABILITAÇÃO EMPRESARIAL
Nos artigos 102 a 104, a LF trata dos efeitos da sentença declaratória de falência quanto à pessoa 
do devedor, ou seja, quanto ao empresário individual falido e aos sócios ilimitadamente responsáveis. 
Os mais importantes são:
• inabilitação temporária para o exercício da atividade empresarial;
• perda da administração e disponibilidade de seus bens.
A partir da sentença que decreta a falência, o devedor fica inabilitado para exercer qualquer atividade 
empresarial. A vedação persiste até a sentença extintiva de suas obrigações. O devedor também sofre a 
indisponibilidade de seus bens e perde o direito de administrá-los.
12. DEVERES DO FALIDO
O regime do devedor é restrito de direitos e impositivo de deveres. São deveres do agente econômico 
devedor (art. 104, da LF):
a) assinar nos autos, desde que intimado da decisão, termo de comparecimento, com a indicação do 
nome, nacionalidade, estado civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para 
constar no dito termo:
• as causas determinantes de sua falência, quando requerida pelos credores;
• tratando-se de sociedade, os nomes e os endereços de todos os sócios, acionistas etc.;
• o nome do contador encarregado da escrituração;
• os mandatos que tenha outorgado;
• seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento;
• se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato;
• suas contas bancárias etc.
b) depositar em cartório, no ato da assinatura do termo de comparecimento, os seus livros obrigatórios;
c) não se ausentar do lugar da falência sem motivo justo e comunicação expressa ao juiz;
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d) comparecer a todos os atos da falência;
e) examinar as habilitações de crédito apresentadas;
f) apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores etc.
Se inobservar qualquer um desses deveresapós intimado pelo juiz a fazê-lo, o devedor poderá 
incorrer na prática de desobediência e, consequentemente, sujeitar-se ao respectivo processo criminal, 
sem prejuízo de, conforme a natureza do dever descumprido, arcar com a prisão corretiva. 
13. AUTOFALÊNCIA
A falência requerida pelo próprio devedor é chamada de autofalência, que segue o rito dos artigos 
105 a 107, da LF, de natureza não contenciosa.
Quando se tratar de autofalência (art. 105), o pedido da sociedade empresária devedora deve ser 
instruído com extensa lista de documentos prevista em lei:
1) demonstrações contábeis dos três exercícios e especialmente levantadas para o pedido;
2) relação dos credores;
3) inventário de bens e direitos do ativo acompanhado dos documentos comprobatórios de 
propriedade;
4) registro na Junta Comercial, em sendo irregular o exercício da atividade empresarial pela sociedade 
requerente, por falta de registro, a indicação e a qualificação de todos os sócios, acompanhada da 
relação de seus bens;
5) livros obrigatórios e documentos contábeis legalmente exigidos; 
6) relação de administradores, diretores e representantes legais dos últimos cinco anos. 
Apresentada a petição inicial de autofalência, o juiz deve decretar a quebra, mesmo que a petição 
não esteja devidamente instruída. Poderá deixar de fazê-lo em caso de desistência tempestiva, ou seja, 
retratação apresentada pela própria sociedade antes que o juiz decrete a quebra (ato de vontade). 
14. ARRECADAÇÃO E CUSTÓDIA DOS BENS
Quando a falência é da sociedade limitada ou anônima, os bens arrecadados para integração à massa 
falida são exclusivamente os da sociedade. Os bens dos sócios não se sujeitam à constrição judicial da 
execução falimentar. Os sócios somente têm os seus bens arrecadados na falência da sociedade quando 
ela adota a forma, por exemplo, de uma sociedade em comandita simples, em nome coletivo, nesses 
casos há sócios cuja responsabilidade é ilimitada e solidária pelas obrigações sociais.
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Mesmo quando se tratar de uma sociedade limitada ou anônima, na qual os sócios tenham deixado 
de integralizar sua parte no capital social, em caso de falência, não haverá a arrecadação dos bens dos 
sócios, somente na ação de integralização promovida pelo administrador judicial é que será feita a 
constrição judicial dos bens dos sócios, por penhora, na execução da sentença.
Na falência, a arrecadação é o ato de constrição judicial dos bens do devedor. No processo falimentar, 
arrecadam-se todos os bens de propriedade da falida, mesmo os que não se encontram em sua posse, 
e todos os bens na posse dela, ainda que não sejam de sua propriedade. Esses últimos deverão ser 
restituídos aos proprietários. Os bens da sociedade serão arrecadados pelo administrador judicial, como 
medida inicial de constituição da massa falida.
A arrecadação será formalizada, nos autos do processo judicial, por um termo de inventário e laudo 
de avaliação, elaborado e assinado pelo administrador judicial, além do representante legal da sociedade 
falida, se estiver presente.
No inventário serão mencionados: a) os livros obrigatórios e facultativos da sociedade falida, com 
referência ao estado em que se encontram; b) a opinião do administrador judicial sobre o atendimento 
às formalidades legais; c) dinheiro, papéis, documentos e demais bens da sociedade falida, destacando-
se os que se encontram na posse de terceiros; d) os bens na posse da sociedade falida, indicados como 
de propriedade de terceiros.
No mesmo ato, o administrador judicial avalia os bens e anota o valor atribuído em um laudo, que 
serve de referência para determinados atos, como locação ou arrendamento de bens com o objetivo de 
geração de renda, na venda sumária ou na definição do valor do crédito com garantia real titular de 
preferência.
Se o representante legal da falida não concordar com alguma informação levada a termo, 
poderá apresentar, em separado, observações ou declarações para ressalva de direitos. Por exemplo, o 
representante legal poderá lançar referência de determinadas características de um bem que o distingue 
de outros de menor valor.
Serão arrecadados todos os bens de propriedade da sociedade falida, ainda que não se encontrem 
em sua posse, como todos os bens na posse dela, mesmo que não sejam de sua propriedade. Quanto a 
esses últimos deverá ser feito pedido de restituição.
Os bens da sociedade falida que, no momento da arrecadação, estiverem penhorados em uma 
execução singular ou sujeitos a qualquer outra forma de constrição judicial serão também arrecadados, 
por deprecação do juízo falimentar, salvo exceções.
Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou de pessoa por ele escolhida, 
sob a responsabilidade dele, podendo o representante legal da sociedade falida, se aceitar, ser nomeado 
depositário de bens imóveis e mercadorias.
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15. EFEITOS DA DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA
O efeito da decretação da falência em relação à pessoa jurídica da sociedade devedora é a sua 
extinção. A falência é hipótese de dissolução judicial total. A sentença declaratória da falência desfaz 
todos os vínculos existentes entre os sócios ou acionistas e inicia o processo judicial de extinção da 
personalidade jurídica.
Dessa forma, a falência é causa de dissolução da sociedade empresária devedora. A dissolução-ato 
causada pela falência é a decisão do juiz expressa na sentença que instaura a execução concursal. A 
liquidação é a fase do processo falimentar em que o administrador judicial vende os bens da massa, 
cobra os devedores e paga os credores. Por fim, não é comum ocorrer, mas, feito o pagamento do 
principal com correção monetária e juros a todos os credores, se restarem recursos, serão partilhados 
entre os sócios da sociedade falida, em valor proporcional à contribuição de cada um no capital social.
A dissolução por falência pode ser interrompida retornando ao estado anterior à quebra. São causas 
de interrupção a declaração judicial de extinção das obrigações antes da sentença de encerramento do 
processo falimentar (levantamento da falência).
Normalmente, a dissolução por falência acarreta a paralisação da atividade econômica. No entanto, 
a Lei de Falências contempla, além da recuperação judicial ou extrajudicial, a possibilidade de o negócio 
continuar operando sob titularidade de sociedade constituída entre os credores ou trabalhadores ou 
de terceiro que adquira o estabelecimento da falida em bloco ou uma de suas unidades produtivas. 
Admite também autorização judicial para a continuação provisória da atividade, quando a providência 
se mostrar útil ao cumprimento das finalidades da execução concursal.
MÓDULO 6 – INEFICÁCIA DOS ATOS PRATICADOS PELO FALIDO
Haja ou não intuito fraudulento de prejudicar credores, o ato, se resultar de quaisquer das hipóteses 
do art. 129, da LF, será ineficaz perante a massa falida, desde que praticado dentro do prazo da lei ou de 
acordo com os demais pressupostos.
A ineficácia está condicionada à prática em um certo lapso temporal (termo legal da falência ou nos 
dois anos anteriores à quebra). É irrelevante se a falida agiu ou não com fraude para que o ato, realizado 
no prazo mencionado na lei, seja ineficaz. Dos atos do art. 129 que, independentemente da época em 
que ocorreram e da comprovação de fraude, são reputados ineficazes, interessa ao estudo da falência da 
sociedade empresária apenas o previsto no inciso VI, a alienação de estabelecimento comercial.
De acordo com o art. 129,da LF, são objetivamente ineficazes perante a massa falida os seguintes atos:
a) O pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal da falência, por 
qualquer meio extintivo do direito de crédito (art. 129, I). O que torna ineficaz o ato é a circunstância 
da obrigação não ter vencido, isto é, a falta de exigibilidade da obrigação. Se a dívida não era exigível, 
mas a sociedade devedora pagou, então devem ser desconstituídos os efeitos do ato, retornando à 
massa falida o valor pago, para que haja tratamento paritário entre os credores.
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b) O pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal da falência, por 
qualquer forma que não seja a prevista no contrato (art. 129, II). O ato ineficaz é o pagamento 
de dívida vencida por forma diversa da contratada. Por exemplo, se, no termo legal, vence uma 
duplicata e a sociedade devedora quita-a mediante dação em pagamento, transferindo ao credor 
bens de seu ativo imobilizado, ela não cumpriu a obrigação vencida como tinha pactuado. Esse 
pagamento frustra o tratamento paritário, na medida em que os bens da sociedade devedora 
representam a garantia de todos os credores.
c) A constituição, dentro do termo legal da falência, de direito real de garantia em relação à 
obrigação anteriormente contraída (art. 129, III). Sendo coincidentes o surgimento da obrigação 
e a constituição da garantia real, não há ineficácia da última. O que a lei coíbe é a atribuição a 
credor quirografário de garantia que o promove à classe preferencial na ordem de classificação 
dos credores, tendo em vista que o objetivo do concurso é possibilitar o tratamento paritário.
d) Os atos a título gratuito praticados nos dois anos anteriores à decretação da quebra (art. 129, 
IV). Como os objetivos da sociedade empresária são sempre lucrativos, não se justificam atos 
de mera liberalidade, importando, inclusive, responsabilidade aos administradores (art. 154, § 
2o, a, da LSA); salvo as doações de valor ínfimo, feitas, por exemplo, em benefício de entidades 
culturais ou assistenciais. Outra exceção é a gratificação paga a diretores e empregados, que, 
segundo a doutrina como integra a remuneração ou o salário, não é alcançada pela ineficácia da 
lei falimentar.
e) a renúncia à herança ou a legado, até dois anos antes da decretação da falência (art. 129, V).
f) Venda ou transferência de estabelecimento comercial (trespasse) sem a anuência expressa ou 
tácita de todos os credores ou seu pagamento, salvo se a sociedade empresária conservou, em seu 
patrimônio, bens suficientes para garantir o pagamento do passivo (art. 129, VI). A lei considera 
ineficaz o trespasse, como negócio jurídico de transferência da titularidade do estabelecimento, 
quando realizado sem a anuência expressa dos credores ou notificação deles. A venda, em separado, 
de alguns bens que compõem o estabelecimento empresarial não é considerada ineficaz pela lei.
g) Registro no Cartório de Imóveis de direito real de constituição de garantia ou de transferência 
de propriedade imobiliária por ato inter vivos posterior à decretação do sequestro ou da falência, 
salvo prenotação anterior (art. 129, VII). Pela lei civil, a oneração e a alienação da propriedade 
imobiliária se operam pelo registro da escritura pública ou de instrumento de mesmos efeitos 
no Cartório de Imóveis (arts. 1.245 e 1.492, ambos do C. Civil). Verificada a falência ou a medida 
preliminar de sequestro, sem que o credor ou adquirente tenham providenciado o registro, o 
ato registrário tardio será ineficaz perante a massa falida. Nesse caso, caberá ao credor titular 
da garantia habilitar-se como quirografário e ao adquirente o direito ao preço pago ou, sendo 
superior ao apurado com a liquidação do imóvel, ao da venda judicial.
h) Reembolso à conta do capital social, quando o acionista dissidente não for substituído, em relação 
aos credores da sociedade falida anteriores à retirada (art. 45, § 8o, da LSA). O acionista dissidente 
de determinadas deliberações da assembleia geral pode desligar-se da sociedade e exigir o 
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reembolso do capital investido, exercendo o direito de recesso. A companhia ao reembolsá-lo 
utilizará da conta lucros ou reservas, ou da reserva de capital social. Se o reembolso for feito 
à conta do capital social, isso resulta na redução dos recursos estáveis da companhia. É claro 
que se for substituído o acionista dissidente, reingressam na companhia recursos equivalentes 
ao reembolso, superando o aumento do risco. Não se verificando a substituição e decretada a 
falência, o acionista deverá restituir à massa falida o valor recebido a título de reembolso, para a 
satisfação dos credores existentes à data do exercício do direito de retirada.
Por outro lado, os atos subjetivamente ineficazes não estão listados pela lei. Para eles, é irrelevante 
a época em que foram praticados, bastando para a sua ineficácia perante a massa a demonstração de 
que o representante legal da sociedade falida e o terceiro contratante agiram com fraude, com intuito 
de prejudicar credores ou frustrar os objetivos da falência (art. 130, da LF). Como exemplo, pode-se citar 
qualquer ato referido pelo art. 129, I a IV e VII, da LF; mas praticados fora do período, se provado que as 
partes agiram com fraude.
Pedidos de restituição
A definição do ativo da sociedade falida é objetivo da fase de conhecimento da falência que se 
alcança pela conjugação do ato de arrecadação dos bens da devedora e pelo procedimento de restituição.
A arrecadação representa a constrição judicial do patrimônio da falida, na execução concursal, e 
abrange todos os bens de sua propriedade, além dos que se encontra em seu estabelecimento, dos quais 
a falida é locatária, depositária ou comodatária. No entanto, os bens que não integram o patrimônio da 
sociedade não podem ser liquidados para a satisfação dos credores e o meio adequado para destacá-los 
da massa é o pedido de restituição. Também são passíveis de restituição as mercadorias entregues nos 
quinze dias anteriores ao pedido de falência.
A lei prevê dois pedidos de restituição. O primeiro está previsto no caput, do art. 76, e tem por 
fundamento a titularidade de direito real sobre bem arrecadado e o seu objetivo é destacar as coisas 
que não são do patrimônio da sociedade falida. O segundo se encontra disciplinado no § 2o, do art. 
76, e tem por fundamento a entrega de mercadorias, vendidas a prazo e não pagas, ocorrida nos 15 
dias que antecedem ao pedido de falência e visa a coibir a má-fé presumida da falida. São iguais os 
procedimentos nos pedidos de restituição.
Se for deferido o pedido de restituição, a coisa deve ser restituída em espécie, ou seja, deve ser 
devolvido ao requerente o mesmo bem de sua propriedade. Exceto nos seguintes casos (art. 78 e 
seus §§): a) se houver sub-rogação do bem, o reclamante terá direito à coisa sub-rogada (exemplo: a 
transformação de matéria-prima em produto manufaturado será entregue pela massa); b) se o bem se 
perdeu receberá o reclamante o seu valor estimado; c) se tiver sido vendido pela massa, na hipótese da 
restituição do art. 76, caput, ou em qualquer caso, o requerente terá direito ao preço obtido pelo bem. 
Nas duas últimas situações, a restituição será feita em dinheiro.
No caso em que a restituição é feita em espécie, ela deve seguir-se ao trânsito em julgado da 
sentença que acolher o pedido, determinando o juiz, nas 48 horas seguintes, a expedição de mandado 
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para a entrega da coisa ao requerente. Se for feita em dinheiro, o administrador deve providenciar o 
pagamento ao requerente durante a liquidação, após pagar as despesas de administração da falência, 
mas antes de atender à ordem de classificação dos créditos.
Infere-se, assim, que os titulares de direito à restituição não entram na classificação dos credores.
Restituição do caput do art. 85, da LF
Por esse dispositivo, a restituição opera-se em relação aos bens que estavam na posse da sociedade falida 
e, por isso, foram arrecadados, isto é, são bens em que a falida era comodatária, depositária ou locatária.
O proprietário do bem pode se utilizar de duas medidas judiciais: o pedido de restituição (art. 85, 
caput) e os embargos de terceiro (art. 93). Qualquer uma delas pode ser usada pelo titular do bem. 
Julgada procedente a medida judicial, deverá ser destacado da massa o bem e entregue ao proprietário.
Compete exclusivamente ao juiz decidir se o bem encontrado no estabelecimento pertence ou não 
à sociedade falida. O pedido de restituição possui um rito cognitivo sumário, em que a coisa julgada 
somente opera em relação à natureza da posse que a falida exerce sobre o bem. A decisão do pedido de 
restituição não tem o condão de constituir título de propriedade. Assim, se verificado, posteriormente, 
que o bem restituído era do domínio da falida, a massa poderá promover ação (revocatória, possessória 
ou reivindicatória) para recuperá-lo.
Cabe pedido de restituição de coisa alienada com garantia fiduciária, por parte da instituição 
financeira fiduciária, na falência da sociedade fiduciante. Já que a instituição financeira fiduciária é a 
titular da propriedade resolúvel da coisa alienada, enquanto a devedora fiduciante detém a posse direta. 
O pedido de restituição pode ter por objeto dinheiro. Por exemplo, a contribuição dos empregados para 
o Seguro Social, descontada dos salários, mas depositada na conta bancária da falida, pode ser recolhida 
aos cofres do INSS. Também podem ser objeto de pedido de restituição as importâncias antecipadas pela 
instituição financeira, com base em contrato de câmbio, do qual a sociedade falida era exportadora (art. 
75, § 3o, da Lei n. 4.728/65). Outros títulos também podem ser reivindicados por intermédio de pedido 
de restituição, desde que presentes dos pressupostos da titularidade do requerente e da posse ilegítima 
da massa falida.
Restituição do parágrafo único, do art. 85, da LF
Fundamenta-se na reclamação de coisas vendidas a crédito e entregues à falida nos 15 dias anteriores 
ao pedido de falência, se ainda não alienadas pela massa.
É necessário que o pedido de restituição seja feito no juízo falimentar antes da venda judicial das 
mercadorias. Se for feita a venda, na fase de liquidação, ou antecipadamente (art. 73), não haverá 
mais direito à restituição, restando ao vendedor habilitar o seu crédito e concorrer na massa falida. 
É necessário mencionar que a venda feita pela sociedade falida, antes de ser decretada a quebra, não 
impede o direito de restituição.
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No pedido de restituição com base no § 2o, do art. 76, o requerente deverá provar que as mercadorias 
foram entregues em um dos 15 dias anteriores ao da distribuição do pedido de falência. Nesse caso, 
o pedido de restituição tem o objetivo de coibir a má-fé presumida dos representantes legais da 
sociedade falida, mesmo sabendo das dificuldades que terão para honrar com os compromissos 
referentes às mercadorias, as recebem, sem ao menos informar a compradora sobre a situação crítica 
que estão passando.
O rito é o mesmo do pedido de restituição com fundamento no caput, do art. 76. Assim, 
compreendendo a manifestação dos representantes legais da sociedade falida e do administrador, no 
prazo de três dias para cada um, sucessivamente. Qualquer credor também pode contestar o pedido 
nos 5 dias seguintes à publicação providenciada pelo escrivão. Se não for contestado o pedido, o juiz 
colhe a manifestação do Ministério Público e sentencia. Se houver contestação, segue-se a fase de 
dilação probatória, se necessário.
Se o juiz indeferir a restituição, mas reconhecer que o requerente tem direito a crédito perante a 
falida, poderá mandar inclui-lo no quadro geral de credores, hipótese em que o pedido de restituição 
vale como habilitação de crédito.
Da sentença que julgar o pedido de restituição cabe recurso de apelação, que poderá ser interposto 
pela falida, administrador e por qualquer credor, ainda que não tenha contestado. As despesas com a 
restituição, quando não contestado o pedido, correm por conta do requerente; se contestada, pelo vencido.
Liquidação
A liquidação tem dois objetivos: a realização do ativo mediante a venda dos bens arrecadados e a 
cobrança dos devedores da sociedade falida; e a satisfação do passivo por intermédio do pagamento dos 
credores admitidos, de acordo com a ordem de classificação dos créditos.
Venda dos bens
Os bens arrecadados podem ser vendidos de modo ordinário ou extraordinário, conforme melhor 
convier à massa. Pelo modo ordinário, a venda é feita em leilão, por propostas fechadas ou pregão (art. 
142), sendo que qualquer interessado pode concorrer à aquisição dos bens. Já pelo modo extraordinário, 
conforme o art. 145, o juiz homologará qualquer outra modalidade de realização do ativo, desde que 
aprovada pela assembleia-geral de credores, inclusive com a constituição de sociedade de credores ou 
dos empregados do próprio devedor, com a participação, se necessária, dos atuais sócios ou de terceiros. 
Em qualquer caso, os bens arrecadados podem ser vendidos englobados ou separadamente.
No leilão, o arrematante deve pagar no ato um sinal correspondente a, pelo menos, 20% do preço da 
venda. Se não completar o preço nos 3 dias subsequentes, perderá o sinal e terá que pagar a diferença 
entre a sua oferta e a do maior lance dado na segunda convocação do leilão. A certidão do leiloeiro 
serve de título executivo para que a massa falida possa propor ação de execução contra o arrematante 
pela diferença verificada.
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A venda por propostas fechadas deve ser feita por intermédio de publicações no Diário Oficial e em 
jornal de grande circulação, durante o prazo de 30 dias com intervalos. Os interessados apresentarão ao 
escrivão as suas propostas em envelopes lacrados, que serão abertos pelo juiz em dia e hora designados. 
Sobre as propostas deverão se manifestar o administrador, o representante legal da sociedade falida e 
o membro do Ministério Público. Em seguida, o juiz decidirá, autorizando a venda e determinando a 
expedição de alvará.
A venda por pregão constitui modalidade híbrida das anteriores, comportando duas fases: a) 
recebimento de propostas; b) leilão por lances orais, de que participarão somente aqueles que 
apresentarem propostas não inferiores a 90% da maior proposta ofertada.
Compete ao administrador decidir se os bens da falida serão vendidos pelo modo ordinário (leilão, 
proposta ou pregão), sempre observando o interesse da massa. Os credores podem alterar a decisão 
do administrador em assembleia convocada a pedido de titulares de ¼ do passivo. Na assembleia, 
as decisões serão tomadas pelo voto da maioria dos credores presentes, computados em função do 
valor dos créditos de cada um. Assim, os credores reunidos em assembleia podem alterar a decisão do 
administrador, mas, em princípio,estão submetidos às mesmas alternativas correspondentes ao modo 
ordinário de venda dos bens da massa. Por exemplo: o administrador havia decidido que os bens seriam 
vendidos todos em leilão, a assembleia dos credores pode deliberar pela divisão dos bens em lotes, para 
serem vendidos parte em leilão e parte mediante propostas.
Cobrança dos devedores
A realização do ativo também compreende a cobrança amigável ou judicial dos créditos de titularidade 
da sociedade falida. Assim que for exigível o crédito, o administrador deve tomar providências para 
recebê-lo, não deve aguardar a liquidação para dar início à cobrança, já que a liquidação é o momento 
de se concluir as tentativas de recebimento do crédito e contratar advogado para a propositura das 
ações e das execuções ainda não propostas.
O administrador, desde que autorizado pelo juiz, pode conceder abatimento ao devedor, quando se 
tratar de crédito de difícil liquidação.
Pagamentos na falência
O dinheiro obtido com a realização do ativo (venda dos bens e cobrança dos devedores) deverá ser 
depositado pelo administrador em conta judicial.
O pagamento deve ser efetuado primeiramente aos créditos extraconcursais (art. 84) que são aqueles 
originados após a decretação da falência:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos derivados da 
legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a serviços prestados após 
a decretação da falência;
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Unidade II
II – quantias fornecidas à massa pelos credores;
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu produto, 
bem como custas do processo de falência;
IV – custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a massa falida tenha sido vencida;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação judicial, nos 
termos do art. 67, da LF, ou após a decretação da falência e tributos relativos a fatos geradores 
ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83, da LF.
Posteriormente, deverá ocorrer o pagamento dos créditos concursais (art. 83), que são aqueles 
constituídos anteriormente à decretação da falência, conforme a ordem legal.
Encerramento da falência
Uma vez esgotado o passivo (ou o ativo, caso seja insuficiente para o pagamento do passivo), o 
processo falimentar deve ser encerrado. O administrador deve apresentar a sua prestação de contas nos 
30 dias seguintes ao término da liquidação, isto é, do último pagamento.
A prestação de contas será autuada em separado, juntamente com os documentos comprobatórios 
de veracidade, consistência e regularidade (os extratos da conta de depósito bancário da massa, a 
guia de recolhimento do imposto retido na fonte relativo à remuneração dele, as quitações firmadas 
pelos beneficiários dos pagamentos etc.). O escrivão publicará aviso de que se encontra em cartório a 
prestação de contas do administrador para, durante o prazo de 10 dias, qualquer interessado (o sócio 
da sociedade falida ou o credor não satisfeito) impugná-la. Em seguida, tendo ou não sido apresentada 
impugnação, os autos da prestação de contas são enviados ao Ministério Público para manifestação. 
Quando impugnadas as contas, ouve-se a defesa do administrador e, se necessário, realiza-se a dilação 
probatória. O juiz, então, sentencia, acatando ou rejeitando as contas do administrador. Da sentença 
cabe recurso de apelação.
Se o juiz, ao rejeitar as contas, reconhecer que ocorreu apropriação indevida de recursos da massa, 
determinará a intimação do administrador para que restitua o apropriado em 48 horas, podendo também 
ordenar o sequestro de seus bens para indenização da massa. O administrador responderá por crime 
falimentar de desvio de bens da massa. Mesmo após o cumprimento de pena, da reabilitação penal e 
do ressarcimento à massa falida, a rejeição das contas de determinada pessoa impede sua posterior 
nomeação para a função de administrador em outra falência.
Aprovadas as contas nos 20 dias seguintes ao trânsito em julgado da sentença respectiva, o 
administrador deve apresentar o seu relatório final. Nele, indicará o valor do passivo e dos pagamentos 
feitos, mencionando por credor o valor não satisfeito do crédito. Esse relatório serve de base para o 
cartório expedir certidões com força de título executivo, a pedido do credor interessado em demandar 
eventual codevedor da sociedade falida (avalista ou fiador).
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FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA
Em seguida à apresentação do relatório final, o juiz profere a sentença de encerramento da falência, 
que será publicada por edital. Da decisão terminativa do processo falimentar cabe apelação.
MÓDULO 7 – AÇÃO REVOCATÓRIA
Dependendo da espécie, o meio processual adequado para a declaração da ineficácia varia. Quando 
é objetiva, ela pode ser inicialmente declarada de ofício pelo juiz, por mero despacho, nos autos da 
falência. Se não houver tais provas reunidas no processo falimentar, a ineficácia deverá ser buscada pela 
ação própria ou mediante exceção, em processo autônomo ou incidente ao da falência. Já a ineficácia 
subjetiva do ato deve ser declarada pelo juiz da falência em uma ação falimentar específica, a revocatória.
A ação revocatória é específica do processo falimentar e, julgada procedente, autoriza a inclusão na 
massa falida dos bens correspondentes ao ato ineficaz. O administrador judicial tem legitimidade ativa 
para essa ação, concorrente com qualquer credor e o Ministério Público no prazo de três anos contados 
da decretação da falência (art. 132, da LF). Têm legitimidade passiva todos os que figuraram no ato ou 
que, em decorrência dele, foram pagos, garantidos ou beneficiados, além dos terceiros contratantes. Os 
herdeiros e os legatários dessas pessoas também têm legitimidade passiva para essa ação (art. 133).
O juiz competente é o da falência e a ação processa-se pelo rito ordinário. Ocorre a decadência do 
direito à ação revocatória em três anos a contar do aviso de início da liquidação. Da decisão que julga a 
ação revocatória cabe recurso de apelação (art. 135, parágrafo único, da LF).
A ineficácia de atos anteriores à sentença de decretação da falência não se confunde com a 
nulidade de atos praticados após a decisão de quebra. Esses últimos são aqueles atos que a sociedade 
falida não poderia mais praticar porque já se encontrava dissolvida e em processo de liquidação 
falimentar. O juiz pode desconstituir os seus efeitos de ofício mediante simples despacho, independente 
de ação revocatória.
Os crimes no âmbito da lei de recuperação de empresas
Introdução
A LRE modificou o universo dos crimes falimentares. Novas condutas penais substituem condutas 
típicas previstas na LFC que estavam completamente obsoletas. Altera-se o critério de aferição do lapso 
prescricional, e as sanções previstas para os diversos crimes falimentares são majoradas.
Os crimes falimentares não são mais apurados em inquérito supervisionado pelo órgão judiciário. Como 
os demais delitos, observam na fase investigatória os ditames do inquérito policial, se e quando necessário.
A persecução criminal não se desenvolve mais perante o juízo da falência, porque foi deslocada para o juízo 
criminal. Os crimes praticados nos processos de recuperação judicial ou de falência ofendem, imediatamente, 
o patrimônio em crise, mas também agridem a administração da justiça, a propriedade, a fé pública e o crédito. 
Assim, o critério mais razoável para a alocação de tais crimes é o que os qualifica comodelitos pluriojetivos. 
O elenco do art. 168 e seguintes da LRE contém crimes de dano e crimes de perigo.
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O perigo pode ser presumido ou concreto. Perigo presumido é o que a lei reconhece 
abstratamente, inserto em determinada ação ou omissão. Perigo concreto, ao contrário, é o que 
deve ser demonstrado caso a caso sua efetividade, ou, quando presumido juris tantum, admite prova 
em sentido contrário. A LRE define os dois. De perigo presumido é o crime de mera escrituração e, 
de perigo concreto, a fraude.
A maioria dos crimes tratados na lei admite a forma tentada. É o caso do delito do art. 173, quando o 
devedor, sentindo próxima e inevitável a quebra, tenta ocultar ou desviar bens pertencentes à empresa, 
só não logrando êxito porque o administrador judicial obsta o transporte da mercadoria em trânsito.
Os delitos previstos na LRE comportam, em regra, a coautoria. O art. 179 equipara ao falido ou 
devedor, para todos os efeitos penais, sócios, diretores, gerentes, administradores e conselheiros das 
sociedades empresárias, na medida de sua culpabilidade. Os crimes praticados na recuperação judicial 
ou na falência conhecem diversas classificações: quanto ao agente, quanto ao tempo da ação e quanto 
à espécie de sanção.
Quanto ao agente, podem ser próprios ou impróprios. Os próprios são os cometidos pelo empresário 
individual devedor, sócios ou administradores da sociedade empresária devedora. Os impróprios são 
os praticados por outras pessoas vinculadas à falência, tais como o juiz, o representante do Ministério 
Público, o escrivão, o administrador judicial etc. Também incidem nas mesmas penas do devedor 
contadores, auditores e outros profissionais que concorrem para a prática do estelionato falimentar 
tratado no art. 168 e seus incisos.
Quanto ao tempo de sua prática, há crimes cometidos antes da decretação judicial da falência 
(crimes pré-falimentares), outros praticados no curso do processo de falência e outros, ainda, cometidos 
durante a fase de recuperação judicial. Por exemplo, o crime do art. 170 consistente em alardear falsa 
informação sobre empresa em recuperação judicial, com o fim de levá-la a falência ou de obter vantagem, 
é crime pré-falimentar.
Em regra, os crimes falimentares próprios são realizados pelo falido até que se promova a arrecadação 
dos ativos. A partir daí, com a perda da administração e a disponibilidade dos bens da empresa, 
dificilmente ocorrem esses crimes. Em compensação, é justamente nessa fase que eclodem os delitos 
falimentares impróprios, por exemplo, o de aquisição de bens da massa falida por leiloeiro via interposta 
pessoa ou, ainda, a especulação de lucro cometida pelo administrador judicial que intenta negociar com 
alguns credores formas pouco ortodoxas de solução de algumas obrigações.
Quanto à sanção, inexiste, hoje, a distinção entre falência dolosa e falência culposa. A LRE trata, 
simplesmente, de crimes de reclusão e de detenção, todos acrescidos de multa. Com exceção do art. 
178 (crime de detenção), todos os demais são punidos com pena de reclusão. Como já ocorria na LFC, a 
sentença declaratória de falência é condição objetiva de punibilidade das infrações penais previstas no 
art. 168 e seguintes.
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MÓDULO 8 – EFEITOS DA CONDENAÇÃO POR CRIME FALIMENTAR
Três são os efeitos da condenação por crime falimentar, devendo ser fundamentalmente declarados 
na sentença respectiva (art. 181):
a) inabilitação para o exercício da empresa;
b) inabilitação para o exercício de cargo ou função administrativa ou de direção em sociedades 
empresárias ou cooperativas;
c) impossibilidade de exercer a empresa por mandato ou gestão de negócio.
Tais efeitos perduram pelo prazo máximo de 5 anos após a extinção de punibilidade, mas podem 
cessar com reabilitação penal (art. 181, § 1o). O devedor condenado não pode, sem a reabilitação, exercer 
cargo administrativo em empresa e nem a gerir ou ser seu mandatário.
O art. 181, § 2o, estabelece que, transitada em julgada a sentença penal condenatória, será notificado 
o Registro de Empresas. Por ocasião da decretação da falência, o juiz já ordena a comunicação ao 
Registro de Empresas ou ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas. A partir dessa comunicação, o devedor 
ou sócio solidário já está inibido de empreender.
A condenação por crime falimentar altera as condições para extinção das obrigações do devedor. Se 
o devedor não for condenado à pena de prisão pela prática de crime falimentar, tem o prazo de 5 anos, 
a partir do encerramento da falência, para o reconhecimento da extinção obrigacional. Se condenado, 
o prazo vai a 10 anos.
Os prazos de prescrição da ação penal na falência seguem as normas do Código Penal. Seu termo a 
quo é a data do fato. Na impossibilidade de defini-la, o termo inicial da prescrição é a data da decretação 
da quebra ou da recuperação judicial. Esse prazo se interrompe nos termos do Código Penal. Por isso, o 
recebimento da denúncia interrompe o lapso prescricional do crime falimentar.
Os princípios e as regras gerais do Código Penal, sobretudo os pertinentes ao concurso de crimes 
(concurso formal art. 70, do CP), também têm plena aplicação aos crimes estatuídos na LRE. Nos artigos 
168 a 178, a LRE traz diversas condutas delituosas que constituem a parte especial de seu regramento 
penal. Os delitos capitulados são os seguintes:
1 – fraude a credores;
2 – violação de sigilo empresarial;
3 – divulgação de informações falsas;
4 – indução a erro;
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5 – favorecimento de credores;
6 – desvio, ocultação ou apropriação de bens;
7 – aquisição, recepção ou uso ilegal de bens;
8 – habilitação ilegal de crédito;
9 – exercício ilegal de atividade;
10 – violação de impedimento;
11 – omissão de documentos contábeis obrigatórios.
O mais grave dos delitos falimentares está tipificado no art. 168 e consiste em praticar ato 
fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores. Com o fim de obter ou assegurar 
vantagem indevida para si ou para outrem, o agente realiza essa conduta antes da sentença declaratória 
de falência, da homologatória de recuperação extrajudicial ou da concessiva de recuperação judicial. A 
pena é de reclusão (de 3 a 6 anos), além de multa.
A fraude contra credores, descrita na LRE, pressupõe o concurso de pessoas (contadores, técnicos 
contábeis, auditores etc.). O legislador prevê a possibilidade judicial de redução ou substituição de pena, 
no caso de microempresa e empresa de pequeno porte, desde que a prática incriminada não seja habitual.
Já a violação de sigilo empresarial (art. 169) tem por núcleo típico as condutas consistentes em violar, 
explorar ou divulgar, sem justa causa, sigilo empresarial ou dados confidenciais sobre operações ou 
serviços. É necessário que esses atos contribuam para a condução do devedor a estado de inviabilidade 
econômica ou financeira.
O art. 170 traz a figura da divulgação de informações falsas, por qualquer meio hábil, sobre devedor 
empresário em regime de recuperação judicial, com a intenção de obter vantagem e levá-lo à quebra.
Realizam o tipo penal falimentar do art. 171 as condutas de sonegar ou omitir informações ou, ainda, 
prestar informações falsas no processo de falência, de recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, 
com o fim de induzir a erro o juiz, o representante do MinistérioPúblico, os credores, a assembleia-geral 
de credores, o Comitê ou o administrador judicial.
A prática de ato de disposição ou de oneração patrimonial com o fim de favorecer credores caracteriza 
o delito do art. 172 (favorecimento de credores) e pode ser levada a efeito antes ou depois da sentença 
concursal. O credor que dessa conduta se beneficiar incorre na mesma pena do agente.
Desviar, ocultar ou apropriar-se de bens constritos pela massa ou sob recuperação judicial perfaz o 
delito do art. 173 e caracteriza ainda que seja praticado por interposta pessoa. Contudo, se a conduta do 
agente consistir em adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que sabe pertencer à massa falida ou influir 
para o terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou use, a adequação típica correta está no art. 174, da LRE.
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A habilitação ilegal de créditos se refere à apresentação de título falso ou simulado em qualquer dos 
processos concursais previstos na LRE. É o delito do art. 175, que envolve também a oferta de relação 
falsa de credores. O empresário ou sócio de responsabilidade ilimitada interditado para o exercício da 
empresa, em virtude de sentença declaratória de falência, não pode fazê-lo, sob pena de inserir-se no 
tipo penal do art. 176, da LRE.
O art. 177 capitula como crime falimentar a aquisição de bens da massa ou da recuperação pelo juiz, 
representante do Ministério Público, administrador judicial, gestor, perito, avaliador, escrivão, oficial de 
justiça e leiloeiro, por si ou por interposta pessoa. No artigo 178, da LRE, estipula-se a punição do devedor 
empresário que não elabora nem escritura nem autentica os documentos contábeis que a lei exige. É delito 
que alcança também os empresários irregulares. O crime é apenado com detenção (de 1 a 2 anos) e multa.
A intervenção e a liquidação extrajudicial
A intervenção, geralmente, constitui o primeiro passo para a liquidação extrajudicial, mas é possível a 
decretação dela sem a etapa daquela. A intervenção é perfeitamente distinta da liquidação extrajudicial. 
A Lei n. 6.024, de 13 março de 1974, dispõe sobre a intervenção ao lado da liquidação extrajudicial, não 
a conceituando, mas aponta o campo de sua abrangência e lhe indica os pressupostos.
A intervenção se destina como medida de natureza administrativa, sendo apenas aplicada às 
instituições financeiras privadas e às públicas não federais, assim como às cooperativas de crédito. As 
instituições financeiras são os órgãos ou empresas financeiras públicas, federais, estaduais ou municipais, 
e as empresas financeiras privadas, que constituem e integram o Sistema Financeiro Nacional.
O Conselho Monetário Nacional é quem dita a política financeira, cujas ordens e determinações são 
cumpridas pelo Banco Central do Brasil, que as impõem às instituições públicas e privadas integrantes 
do Sistema. Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas 
jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, a intermediação 
ou a aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a 
custódia de valor de propriedade de terceiros (art. 17, da Lei n. 4.595/64).
Também se equiparam às instituições financeiras as pessoas físicas que exerçam qualquer das 
atividades referidas nesse artigo, de forma permanente ou eventual.
Liquidação extrajudicial de instituições financeiras
A liquidação extrajudicial consiste em uma forma excepcional de liquidação e extinção da empresa, 
por processo administrativo, determinada pelo Banco Central do Brasil, ou a requerimento de seus 
próprios órgãos dirigentes. Geralmente, acarreta prejuízos aos seus empregados, consumidores e à 
própria comunidade. Assim, quando possível, a liquidação deve ser evitada.
As instituições financeiras federais não estão sujeitas à liquidação extrajudicial, uma vez que a União, 
na qualidade de controladora dessas sociedades, deve proceder à sua liquidação ordinária sempre que 
entender conveniente o encerramento de suas atividades.
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O legislador, por sua vez, colocou à disposição das autoridades monetárias dois instrumentos que 
visam à reorganização da instituição financeira, ou seja, a intervenção, regulada nos arts. 2o a 14, da Lei 
n. 6.024/74, e o regime de administração especial temporária, de que cuida o Decreto-lei n. 2.321/87. 
Ambos os instrumentos visam a possibilitar a recuperação econômico-financeira e a reorganização da 
instituição financeira, evitando-se a sua liquidação extrajudicial.
No art. 15, da Lei n. 6.024/74, estão mencionadas as causas que autorizam a liquidação extrajudicial. 
É possível discernir dois grupos. Um deles está relacionado diretamente com a insolvência patrimonial 
do devedor e compreende as alíneas a e c, do inc. I, do art. 15, ou seja, o comprometimento da situação 
econômica ou financeira, especialmente a impontualidade, a prática de ato de falência e a execução frustrada, 
e prejuízo que sujeite os credores quirografários a um risco anormal. O outro grupo de causas autorizantes 
da liquidação extrajudicial representa uma sanção administrativa a cargo das autoridades monetárias e 
compreende as alíneas b e d do dispositivo legal, isto é, a violação grave das normas legais ou estatutárias ou 
das determinações do Conselho Monetário Nacional ou do Banco Central, bem como o atraso superior a 90 
dias para o início da liquidação ordinária, ou a sua morosidade após a cassação da autorização para funcionar.
Em resumo, é aplicada a liquidação extrajudicial se ocorrerem graves indícios ou evidência de 
insolvência ou lhe for cassada a autorização para funcionar, da qual depende sua existência.
A liquidação extrajudicial também pode ser decretada pelo Banco Central a pedido da própria 
instituição, representada pelos seus administradores devidamente autorizados pelo estatuto, ou pelo 
interventor, quando estiver sob o regime de intervenção.
Efeitos da liquidação extrajudicial
A liquidação acarretará a perda do mandato dos administradores, dos membros do conselho fiscal 
e de quaisquer órgãos criados pelos estatutos. A decretação da liquidação extrajudicial importa na 
suspensão de ações e execuções judiciais existentes e na proibição de ajuizamento de novas ações (art. 
18, a). Resta afastada, assim, a possibilidade de decretação da falência da instituição.
Ocorre o vencimento antecipado e interrompe o curso da prescrição de todas as obrigações de 
que seja devedora a liquidanda (art. 18, b e e). O ato de decretação torna inexigível a cláusula penal 
dos contratos unilaterais antecipadamente vencidos, os juros posteriores à decretação, enquanto 
não for pago integralmente o passivo, bem como as penas pecuniárias por infração de leis penais ou 
administrativas (art. 18, c, d e f). A correção monetária é devida sobre a totalidade das obrigações da 
instituição em liquidação.
O liquidante
O liquidante será nomeado no mesmo ato do Banco Central que decretar a liquidação extrajudicial. 
Ele é investido de amplos poderes de administração e de liquidação, especialmente os de verificação e 
classificação dos créditos, contratação e demissão de funcionários, fixação dos vencimentos, outorga e 
cassação de mandato, representação da sociedade em juízo; enfim, praticar todos os atos jurídicos em 
nome da entidade relacionados com a liquidação.
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A função precípua do liquidante é completar as operações pendentes, realizando o ativo para o 
pagamento do passivo. No entanto, para ultimar negócios pendentes ou para onerar ou alienar bens, 
necessita o liquidante de prévia e expressa autorização do Banco Central.
O liquidante é investido em suas funções por um termo de posse lavrado no livro diário da instituição 
financeira e deve, de imediato, proceder a arrecadação, por termo, de todos os livros e os documentos de 
interesse para a administração da massa e determinar o levantamento de balanço geral e inventário de 
todos os livros, documentos, dinheiro e bens. Os administradores em exercício quando da decretação da 
liquidação devem assinar também o termo de arrecadação, o balanço geral e o inventário; cabendo-lhes, 
ainda, a prestação de informações gerais sobre a administração, o patrimônio etc. (art. 10).
O liquidante, nos 60 dias seguintes à sua posse, apresentará ao Banco Central do Brasil relatório 
contendo: a) exame da escrituração, da aplicação dos fundos e disponibilidade e da situação econômico-
financeira da instituição; b) atos e omissões danosos eventualmente ocorridos, com a correspondente 
comprovação; c) adoção de medidas convenientes à liquidanda, devidamente justificadas (art. 11).
Ao receber o relatório, o Banco Central poderá autorizar a continuidade da liquidação ou o 
requerimento da falência. Essa última medida deve ser adotada se o ativo não for suficiente para o 
pagamento de, pelo menos, metade do passivo quirografário ou se houver indícios de crime falimentar 
(art. 21, b).
Autorizada a continuação da liquidação, o liquidante convocará os credores a habilitarem os seus 
créditos, mediante um aviso no Diário Oficial da União e em jornal de grande circulação. É o próprio 
liquidante que decide sobre a admissão e a classificação dos créditos, cabendo recurso ao Banco 
Central. Julgados os créditos, o liquidante organizará o quadro geral de credores, dando-lhe publicidade 
juntamente com o balanço geral. No prazo de 10 dias, poderão os interessados oferecer impugnação a 
ser encaminhada e decidida pelo Banco Central. Quando forem julgados os recursos e as impugnações, 
o liquidante publicará novamente o quadro geral de credores. Os habilitantes que não se sentirem 
satisfeitos com a decisão administrativa poderão, nos 30 dias seguintes à publicação definitiva do 
quadro geral de credores, dar continuidade às ações em que se encontravam suspensas ou propor as 
que couberem (art. 27).
A venda dos bens do ativo da instituição será feita por licitação realizada pelo liquidante, sendo 
necessária prévia e expressa autorização do Banco Central.
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
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