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Apostila de psicomotricidade 2015

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Escola de Educação Física e Desporto
Departamento de Corridas 
APOSTILA DE PSICOMOTRICIDADE
															"Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem 					escola, mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, 				com exercícios estéreis, sem valor para a formação humana, BRINQUE". 
Carlos Drummond de Andrade
Professora: Ruth Helena P. Cohen
Rio de janeiro - 2015��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
 PSICOMOTRICIDADE
 
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
2. OS PRIMÓDIOS DA PSICOMOTRICIDADE	4
2.1. Com a Idade Média Nasce a Psicomotricidade	5
3. A HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE	5
4. CONCEITOS PSICOMOTORES	6
5. CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE	7
5.1 Terapia psicomotora	7
5.2. Educação psicomotora	7
5.3. Reeducação psicomotora	7
6. FUNÇÕES PSICOMOTORAS	8
 1) Esquema Corporal......................................................................................................8 
 2) Tônus da Postura........................................................................................................8
 3) Dissociação de Movimentos......................................................................................8
 4) Coordenações Globais (motricidade ampla)..............................................................8
 5) Motricidade Fina........................................................................................................8
 6) Organização Espaço-Temporal...................................................................................9
 7) Ritmo..........................................................................................................................9
 8) Lateralidade................................................................................................................9
 9) Equilíbrio....................................................................................................................9
 10) Relaxamento...............................................................................................................9
 10.1 Relaxamento Total...............................................................................................9
 10.2 Relaxamento Diferencial....................................................................................10
 10.3 Relaxamento Segmentar.....................................................................................10
�7. TONO	10
7.1 Contração Tônica	10
7.2 Reflexo miotático	11
7.3 Aspectos neurofisiológicos do tono muscular	11
7.3.1 Trama do movimento	11
7.3.2 Tono e repouso	11
7.4 Situações de angústia	12
7.5 O tono e a comunicação	12
7.5.1 O “diálogo tônico” de Ajuriaguerra	12
8. PSICÓLOGOS DO DESENVOLVIMENTO	13
8.1 Jean Piaget	16
8.2 Henry Wallon 	13
 8.3 Lev Semenovitch Vygotsky........................................................................17
9. PSICANALISTAS 	19
9.1 Sigmund Freud	19
9.2 Jacques Lacan	22
10. PSICOMOTRICISTAS	24
10.1 Jean Le Boulch	24
10.1.1 Método de Le Boulch 	24
10.2 André Lapierre	31
10.3 Bernard Aucoturier	33
Vitor da Fonseca.................................................................................... 35
Pierre Vayer........................................................................................... 37
11. JOGO, BRINCADEIRA E BRINQUEDO: TEORIAS E PRÁTICAS DA PSICOMOTRICIDADE .........................................................................................40
12. ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE .......................................40
REFERÊNCIAS.....................................................................................................42
1. INTRODUÇÃO 
O Corpo em movimento:
A história da Psicomotricidade nasce com a história do corpo. 								 	(COSTE, 1978)
Na língua alemã o ort (lugar) está no wort (palavra), ou seja, o lugar está na palavra e o corpo como lugar é falado. Mas o que é corpo? 
O verbete no Aurélio - do latim, corpus, corporis e pode ser dentre muitas coisas: a parte central de um edifício, estrutura física de um animal, um morto, um grupo de pessoas que trabalham juntas, parte de uma doutrina; corpo caloso, corpo cavernoso, corpo de baile, corpo estranho, corpo familiar, corporação... 
2. OS PRIMÓRDIOS DA PSICOMOTRICIDADE
Na Antiguidade (Aristóteles- séc IV a.C) – o dualismo corpo-alma:
“... uma certa quantidade de matéria (corpo), moldada numa forma (alma)” (Morizot,1982,p.54). O antropocentrismo grego era uma ação voltada para a construção do homem e do Estado ideal, sendo o humanismo, seu princípio espiritual. 
O traço característico da Grécia do século IV a.C ( a dicotomia corpo e alma. No Mito da Caverna( o corpo era o cárcere da alma, onde habitava o maior valor. “Os olhos foram feitos para ver e a alma para conhecer” (PLATÃO, séc IV a.C)
Através da dialética, a alma via sua essência - eîdos - e tinha acesso ao objeto do conheci​mento. Uma força libertadora desligava a alma do corpo, passando-a do mundo sensível ao inteligível. 
Com o cristianismo, na Idade Média, as crianças – “os oblati” - assim como os velhos eram o centro das atenções – “pia consideratio” – considerando suas fragilidades. Crianças e velhos eram corpos frágeis. “Aos adolescentes, restavam duas opções, quando atingiam a idade de dezoito anos: o matrimônio ou a vida religiosa, momento marcado pelas vergonhas do corpo”. (Regula Benedicti - 540 d.C).
As mulheres eram consideradas seres imperfeitos. Só o homem tinha virtude. O domínio dos prazeres do corpo estava a serviço da moral religiosa.
Na Modernidade, o senso prático substituiu a inspiração humanista. Até Descartes, a verdade estava nas mãos de Deus – visão teocêntrica.
 
Com Descartes - valorização da razão em detrimento dos sentidos. 
Penso: logo sou. A alma era distinta do corpo, mas não podia existir sem ele. 
O movimento humano estava submetido à consciência.
A Psicomotricidade ultrapassa a abordagem cartesiana, corpo-alma.
Com Maine de Biran (1788-1824) a ação passa a ter importância na consciência que o sujeito tem de si. 
2.1 COM A IDADE MODERNA NASCE A PSICOMOTRICIDADE
Wernick em 1900 usa pela primeira vez o termo psicomotricidade e Dupré em 1907 introduz o conceito de debilidade motora, que segundo Ajuriaguerra (1983) é um estado patológico do movimento. 
Autores importantes: Claparéde, Montessori, Gessell, Walon, Piaget, Ajuriaguerra, Le Boulch, Ramain, Lapierre, P.Vayer, Bergès etc. 
A partir de 1950, organizou-se o primeiro ensino de psicomotricidade no hospital de La Salpêtrière, na França, depois no Institut Supérieur de Réeducation Psychomotrice, o qual só iria ser regularizado trinta anos após. 
3. A HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
O termo ao surgir no discurso médico no séc. XX, com o trabalho de Dupré estabeleceu a relação radical entre motricidade e seu aspecto negativo: a relaxação. A partir dessa época aparecem os primeiros trabalhos sobre o movimento corporal.
Charcot se interessava pela função motora para fazer dela a base de patologia pragmática “O membro fantasma”.
Freud – o papel do corpo nas formações do inconsciente. As fontes corporais.
Os Behavioristas S. Hall e Skinner estudaram os comportamentos condicionados pelo meio e, como Pavolv havia descrito. Por estímulos que produzam respostas.
A Gestalt, cujos representantes mais importantes foram: Whertheimer, Köhler, Kofka e depois Kurt Lewin, utiliza uma psicologia topológica de interação de forças, da forma e da percepção.
Shultz e Jacobson desenvolveram técnicas de relaxação corporal e Claparède e Montessori e Piaget criaram as condições propiciais a uma compreensão cada vez mais precisa do desenvolvimento do corpo e doconhecimento.
Vygotsky com sua abordagem sócio-histórica, Luria e Leiontiev – a vertente russa que pesquisou o desenvolvimento humano.
Henri Wallon (1949 em Lãs Origens du caractere chez I’enfant) aprofundará as relações que unem o “tono”, o pano de fundo de todo ato motor, à trama sobre a qual este se tece, e a emoção. Mostrou que a toda emoção estão ligados, ao mesmo tempo, certos comportamentos tônicos, certas transformações características das atitudes e reações musculares e viscerais. Ele forneceu observações definitivas acerca do desenvolvimento neurológico do recém-nascido e da evolução psicomotora da criança.
Jean de Ajuriaguerra, com seu Manual de Psiquiatria Infantil, esclareceu
alguns pontos obscuros na obra de Wallon, dentre eles, o “dialogo tônico”, aperfeiçoou uma técnica de relaxamento (Relaxação) em que os fatores relacionais utilizados e analisados com a ajuda de conceitos psicanalíticos desempenham um papel determinante na progressão da cura (reeducação psicotônica). 
4. CONCEITOS PSICOMOTORES
Segundo Jean-Claude Coste (1978), a Psicomotricidade é uma ciência encruzilhada ou, mais exatamente, uma técnica em que se cruzam múltiplas disciplinas e ciências (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e lingüística). Mas, além disso, é uma terapia, uma prática educativa e reeducativa.
É uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento nas relações com o seu mundo interno e externo, segundo a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora (1982). Cabe, portanto, à Psicomotricidade o papel tanto preventivo como corretivo de todo e qualquer problema que venha a aparecer.
5. CAMPOS DE ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE
5.1 TERAPIA PSICOMOTORA
A terapia psicomotora implica uma concepção radicalmente nova do corpo e obriga a pensar as estruturas “psicossomáticas” em novos termos, como por exemplo: o lugar do corpo imaginário, do corpo simbólico (linguagem do corpo) e do corpo real (matéria). A terapia pressupõe que o homem é antes de tudo um ser falante, ao denominar-se ele fala do seu corpo. Em contrapartida o corpo fala por ele, por vezes, à sua revelia.
“A abordagem terapêutica consiste em um trabalho que não aponta a eliminar o sintoma corporal, mas a trabalhar sobre a organização do corpo, o qual provoca uma modificação do sintoma”, como afirma Calmens (2003, p. 27).
5.2 REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
Tem por objetivo desenvolver o aspecto comunicativo do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo, economizar sua energia, pensar seus gestos e aperfeiçoar seu equilíbrio.
“A reeducação visa uma reorganização de engramas através do trabalho psicomotor que objetive o maior equilíbrio da relação psiquismo / motricidade. Na reeducação observamos a existência de alterações conseqüentes no nível relacional e no afetivo, seja qual for o distúrbio (psicomotor) neurológico, sensorial ou mesmo psíquico.”, como afirma M. Daher (1998) in Lorenzon (1995, p.27).
5.3 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta as possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano.
Procura fazer com que cada criança possa inserir-se em seu meio (familiar, escolar, social), sem que para isso tenha que renunciar a sua singularidade. Desta forma, desenvolverá suas possibilidades de troca e de comunicação com o exterior sabendo conhecer e dominar o seu corpo através de trocas possíveis.
A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta as possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano.
A educação psicomotora tem como referência fundamental o professor Le Boulch, que inovou ensino da Educação Física ao transformá-la em prática voltada para o desenvolvimento humano. Criador da Psicocinética – ciência transdisciplinar do movimento humano que conjuga o desenvolvimento funcional e relacional. 
6. FUNÇÕES PSICOMOTORAS: 
1) Esquema Corporal
Segundo Le Boulch (1983), é: “uma instituição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso corpo em posição estática ou em movimento, na relação das suas diferentes partes entre si e, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que nos circundam”. Compreende, neste caso, a Imagem Corporal.
2) Tônus da Postura
“É uma tensão dos músculos, pela qual as posições relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e que se opõe às modificações passivas dessas posições” (Rademaker, citado por Coste, 1981, p.25).
	
3) Dissociação de Movimentos
É a função que permite individualizar os segmentos corporais implicados na ação de um gesto intencional.
4) Coordenações Globais (motricidade ampla) 
É a possibilidade de ação (ões) simultânea (s) de grupos musculares diferentes, na intenção de executar movimentos amplos e voluntários, envolvendo principalmente o trabalho de membros superiores, inferiores e tronco.
5) Motricidade Fina
É a execução ordenada de movimentos que envolvam pequenos grupos musculares. Engloba principalmente as atividades manuais e digitais, oculares, labiais e linguais.
6) Organização Espaço-Temporal 
De acordo com Mello (1989), é a capacidade de orientar-se diante de um espaço físico e de perceber a relação de proximidade de coisas entre si e de ações a uma determinada dimensão de tempo, onde sucessões de acontecimentos e de intervalo de tempo são fundamentais. (perto, longe, em cima, embaixo, dentro, fora, etc.).
7) Ritmo
“É a ordenação específica, característica e temporal de um arco motor” (Meinel e Schabel, citado por Mello, 1989, p.38). Há uma estreita ligação entre ritmo e organização espaço-temporal.
8) Lateralidade
“Baseado em Coste (1981) e Sabóia (1984), é a capacidade de se vivenciar noções de direita e esquerda sobre o mundo exterior, independente da sua própria situação física. Difere-se, portanto, de dominância lateral” (Mello, 1989).
9) Equilíbrio
É a possibilidade de se sustentar o corpo sobre uma base de apoio reduzida, sob as relações entre as tensões musculares e as influências de forças externas.
 10) Relaxamento
“Segundo Tubino (1979), relaxamento é o fenômeno neuromuscular resultante de uma redução de tensão da musculatura esquelética” (Mello, 1989).
10.1) Relaxamento total 
Envolve todo o corpo e tem o trabalho mental como determinante no alcance da redução da tensão muscular.
10.2) Relaxamento diferencial
Corresponde a uma descontração de determinados grupos musculares que não são necessários à execução de algum ato motor.
	
10.3) Relaxamento segmentar 
	
Corresponde ao relaxamento de determinados segmentos do corpo.
7. TONO
Função tônica é a função da abordagem psicomotora do sujeito em virtude dos diversos aspectos que ela abrange. O Tono: Fenômeno nervoso complexo é a trama dos movimentos sem desaparecer na inação.
Participa de todas as funções motrizes (equilíbrio, coordenação, dissociação, etc.). É o vínculo da expressão das emoções.
Suporte da comunicação da linguagem corporal.
Varia segundo as emoções - inibição, instabilidade, etc.
A Função Tônica constitui conceito de base da Psicomotricidade. Faz parte do seu nascimento, sendo Dupré, um dos seus padrinhos.
O tono é um estado de semi-contração de natureza nervosa. (BRONNDGEEST, 1860). 
“O tono é uma tensão dos músculos pela quais as posições relativas das diversas partes do corpo são corretamente mantidas e que se opõe às modificações passivas dessas posições.” (COSTE, p.25).
	7.1 CONTRAÇÂO TÔNICA
	É um estado de baixa freqüência. A resistênciaque se opõe em evidência pode revelar hipotonia ou hipertonia muscular. 	
( Hipotonia (pouca resistência) / Hipertonia (muita resistência).
( Condições normais, o músculo esquelético estriado está em repouso aparente. Há uma ligeira contração tônica, o que mantém as posturas.
	
7.2 REFLEXO MIOTÁTICO
	
É o próprio mecanismo do tono. Aparecimento de uma tensão provocada pelo estímulo e resposta estereotipada e previsível (reflexo). 
As contrações musculares são facilitadas pelo fenômeno da inervação recíproca que consiste em uma inibição dos músculos antagônicos.
O tono muscular é um fenômeno reflexo que tem sua origem no músculo, mas cuja regulação está submetida ao cerebelo.
7.3 ASPECTOS NEUROFISIOLÓGICOS DO TONO MUSCULAR
7.3.1 TRAMA DO MOVIMENTO
	
O movimento humano, sob todas as suas formas, inclusive a de sua ausência (relaxamento), elabora-se sobre um fundo tônico que é simultaneamente o seu substrato e sua matéria.
7.3.2 TONO E REPOUSO
 
 Relaxamento: No sono a inatividade muscular é relativa.
	
 Segundo Wallon: Toda atitude ou postura, tanto no sono quanto na vigília, depende da atividade tônica, ou seja, daquela que dá aos músculos um grau de consistência e uma forma determinada. Em “As origens do Caráter” diz: uma excitação periférica, cócegas, deflagra uma elevação do tono que, ao acumular-se, encontra saída no riso. Tal é a fonte de toda emoção, uma acumulação hipertônica.
Segundo Dupré: A relaxação é outra face da motricidade, ou seja, a descontração muscular.
	
A Psicomotricidade interessa-se tanto pelo movimento, que certo comportamento tônico subtende, quanto pela relaxação, que não é inação, mas componente tônico específico. Quando ocorre uma resolução tônica, ou seja, quando há uma diminuição do tono residual (de fundo) verifica-se uma descontração muscular.
	
Relaxação: Um componente tônico específico que completa distensão e que conseqüentemente induz uma distensão psíquica e enriquece o imaginário corporal.
Existe uma estreita relação entre o psiquismo e o comportamento tônico.
	
Após uma sessão de relaxação, crianças instáveis podem projetar nas pranchas de Rorschach percepções globais e em movimento (fator k para sinestesia).
	
Ajuriaguerra: Classificou como manifestações “tônico-emocionais” a relação entre esses dois componentes.
7.4 SITUAÇÕES DE ANGÚSTIA
A espera produz estado de tensão Tônica que aumentando, se converte em angústia, segundo mecanismos nervosos e humorais onde atuam as glândulas endócrinas (supra-renais). Há uma superprodução de glicose, aumento da oxidação, aceleração cardíaca, contração vascular, inibição do aparelho digestivo – sob ação da adrenalina (CANNON, 1929).
Basta um olhar para desencadear forte emoção e visível modificação tônica pelo aumento de tensão. Expressões como: nó no estômago, me faltaram as pernas, a garganta seca, e caíram os braços... Isso ocorre porque o tono participa de todos os comportamentos comunicativos do indivíduo. 
Se, na criança, a sensibilidade de relação (protopática) segundo Head, é suplantada pela sensibilidade orgânica (específica), ela não tardará a conquistar sua autonomia. O olhar de outrem será para uma criança de 6 anos, uma excitação suficiente para deflagrar um aumento de tensão e, por conseguinte, reações emocionais que traduzirão o mal estar ou a alegria que esse olhar, essa presença, ou palavra de outrem provocaram.
7.5 O TONO E A COMUNICAÇÃO:
	
7.5.1 O “DIÁLOGO TÔNICO” DE AJURIAGUERRA
A mãe e a criança:
 De 6 a 8 meses: há uma indiferença entre o corpo da mãe e da criança.
De 8 meses até 1 ano: A criança utiliza palavras que indicam mais do que denominam.
Até 2 anos: Uso simbólico das articulações fonéticas.
Spitz (1968): criança ocupa um lugar no desejo da mãe: de ter um filho, menino ou menina; de um ideal. Dependência total.
A mãe protege de estímulos novos, apazigua a tensão de estímulos gerados pela necessidade ou outros, e fornece estimulação necessária ao desenvolvimento perceptivo afetivo (contato, olhar, palavras). 
Mãe: Protege, apazigua, estimula...
Criança: Percebe no tom de voz, mas também nas variações neurovegetativas, o humor e as disposições afetivas da mãe a seu respeito.
Essa “díade” (Spitz – 1968): Relação prazer-desprazer, tensão-distensão pontua as variações de necessidades.
Hipertonia de apelo X Hipotonia de Satisfação 
Freud dirá que a finalização de uma pulsão é sempre a satisfação que só pode ser obtida suprindo-se sempre o estado de excitação na origem da pulsão (metapsicologia). Toda pulsão se apoiou na necessidade, o que era apenas fome passou a ser também demanda de amor e carinho, demanda de encontrar prazer associado à satisfação da necessidade.
Toda necessidade é fonte de excitação – cria uma tensão que se faz acompanhar pelo desprazer. A queda de tensão, mediante a satisfação da necessidade é acompanhada de prazer, correlativo de uma distensão. 
A hipertonia de apelo, característica da tensão é gerada por um desconforto, uma necessidade. Transformada em demanda de amor e atenção é explicitada através dos seguintes transtornos corporais: extensão dos braços, fechamento dos punhos, elevação da cabeça, etc. No nível neurovegetativo por rubor, calor, lágrimas, até possível perda de fôlego. Depois de apaziguada pela mãe, que atende seus apelos, a criança apresenta uma hipotonia de satisfação.
8. PSICÓLOGOS DO DESENVOLVIMENTO
8.2 HENRY WALLON: 1879 / 1962 (França)
A contribuição de Wallon: A formação do corpo próprio
Formação do Eu
Libertar-se do outro para constituição do corpo próprio
Importância da Motricidade
O movimento traduz a vida psíquica. É o deslocar-se no espaço que possibilita as diferentes direções na vida psíquica.
Atividade Circular
Atividade Sensório-motora
Atividade Projetiva
Experiência com o espelho
Delimitação do próprio corpo (antes da formação do corpo próprio): Imprecisa e Vaga
Até os 6 meses: não distingue a sua imagem refletida no espelho
Após os 6 meses: distingue a sua imagem
DESENVOLVIMENTO AFETIVO:
Estágios do desenvolvimento:
Impulsividade Motriz
(Primeiros meses)
Descargas impulsivas;
Respostas motoras aos diferentes estímulos (reflexas).
Emocional
(6 aos 18 meses)
Aparece o riso e o choro demonstrando sentimento
Primeiros sinais orientados para o mundo humano (alegria/ angústia)
Simbiose Afetiva
Necessidade de manifestações de ternura de trocas afetivas
Sensório-Motor
(18 aos 24 meses) 
Descoberta do mundo dos objetos;
Desenvolvimento da marcha e da palavra.
Projetivo
(24 aos 30 meses)
Conhecimento do objeto pela ação sobre ele;
Necessidade de projetar-se nas coisas para perceber a si mesma;
Ação estimuladora da atividade mental;
Ato acompanhante da representação;
Pensamento projetado no exterior pelos movimentos que o exprimem;
Se não é expresso em gestos/ palavras, ele não existe
O pensamento não subsiste sem esta projeção do gesto
Personalismo
(30 aos 60 meses)
“Consciência do EU”;
Imagem de si próprio;
Crise de oposição;
Sensibilidade perante a presença do outro (vergonha, acanhamento);
Desejo de ser reconhecido pelo outro;
Desejo de afirmação;
Alternância de sentimento e de papéis; 
Relações sociais acessíveis.
Autor da teoria psicogenética e interacionista do desenvolvimento, ou seja, “a integração organismo-meio e a integração dos conjuntos funcionais; emoções, sentimentos e paixão; o papel da afetividade nos diferentes estágios” (VIVER mente&cérebro, Coleção Memória da Pedagogia, Edição Especial n. 6, por Abigail Alvarenga Mahoney e Laurinda Ramalho de Almeida, p. 57). 	
A psicologia genética é um estudo focado nas origens, na gênese dos processos psíquicos. Conforme Galvão (2004), Wallon propõe o estudo integrado do desenvolvimento – afetividade, motricidade, inteligência -, como campos funcionaisentre os quais se distribui a atividade infantil. O homem é um ser “geneticamente social”. ( p ) 
8.1 JEAN PIAGET – 1896 / 1980 (suíça)
Ocupação: biologia, pedagogia, psicologia, epistemologia genética.
	
Função adaptativa: Assimilação e acomodação.
Estágios do desenvolvimento:
Sensório-motor
(De 0 - 2 anos)
Reflexos (nascimento);
Reações circulares primárias (1 - 4 meses);
Reações circulares secundárias (4 -12 meses);
Reações circulares terciárias (12 -18 meses);
Invenção (18 meses - 2 anos).
Exemplo:
O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
	
	 Pré-operatório
 (De 2 a 7 anos)
Desenvolvimento do pensamento simbólico e pré-conceitual (de 2 a 4 anos);
Pensamento intuitivo com articulação progressiva (4 a 7 anos).
Exemplo:
Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações. 
 Operações concretas
 (De 7 a 11 anos)
Predomínio de jogos e regras;
Reversibilidade do pensamento;
Crescente autonomia da criança em suas ações;
Formação de séries e reprodução de seqüências de eventos.
Exemplo:
Despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação. 
Operações Formais
 (A partir de 11 anos)
Domínio do conceito de probabilidade;
Regras são empregadas na solução de problemas;
Formulação de hipóteses;
Reflexão e pensamento crítico.
Exemplo: 
Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos
Epistemologia genética
A Epistemologia Genética indica que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da sua vida. Para Piaget, a aprendizagem é um processo que começa no nascimento e acaba na morte. O desenvolvimento dá-se através do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, resultando em adaptação. Segundo esta formulação, o ser humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. Uma vez que os dados são adaptados a si próprio, dá-se a acomodação. Este esquema revela que nenhum conhecimento nos chega do exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que aprendemos é influenciado por aquilo que já tínhamos aprendido. Piaget originalmente um biólogo, com a especialização em moluscos do Lago Genebra, fez seus estudos de psicologia do desenvolvimento entrevistando milhares de crianças e inicialmente observando o desenvolvimento de seus filhos.
8.3 - Lev Semenovitch Vygotsky (1896 / 1934) – Rússia
Formação social da mente 
Zona de Desenvolvimento Proximal: O que se realiza com ajuda hoje, amanhã se transformará em autonomia. “... a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar pela solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pela solução de problemas sob orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.” (Vygotsky, 1984, p.97) 
Instrumentos simbólicos. O brincar ajuda a criança entrar no mundo simbólico.
A Linguagem 
Aprendizagem - integração do sujeito com o meio social
Processo de Interiorização: Reconstrução interna que o indivíduo faz de uma atividade externa, passando de um processo interpessoal a outro intrapessoal. Processo que implica a transformação de fenômenos sociais em fenômenos psicológicos, por intermédio de signos. Logo, o desenvolvimento da pessoa depende da mediação do outro e da estimulação da interação social.
O desenvolvimento se dá de fora para dentro (a aprendizagem promove o desenvolvimento) sendo sócio-interacionista, ou seja, entende que todo conhecimento depende de uma matriz genética que interage com o meio sócio-cultural em que o sujeito está inserido.
		Segundo ele, são quatro as entradas que fazem com que o ser humano se desenvolva psicologicamente: A filogênese, a ontogênese, a sociogênese e a microgênese.
A filogênese.
 A filogênese diz respeito a história do desenvolvimento do indivíduo ligada a uma certa trajetória que caracteriza determinada espécie, no caso de ser humano, ou “homo sapiens” com as características peculiares da mesma, como ser bípede, binocular, características que vão se impondo os seus membros em seu desenvolvimento. Cada espécie tem suas especificidades, como por exemplo, na espécie humana, o movimento de pinça nos dedos.
A Ontogênese
 A ontogênese equivale ao desenvolvimento de cada ser dentro de sua espécie, ou seja, a trajetória de vida da espécie se coloca com limitação e característica que são peculiares a espécie, sendo que cada membro da espécie se desenvolve e se constroem nessa determinada trajetória. Em cada espécie há um caminho. O desenvolvimento deste membro será o resultado da passagem deste por esta seqüência da espécie. O homem, por exemplo, ao nascer por um bom período depende totalmente do adulto, fica deitado, engatinha, aprende a andar, falar, etc. 
 A Sociogênese
 
 Os indivíduos estão inseridos em um meio social e cultural, resultado do processo histórico desta sociedade, e que emprega certas características aos seus membros. Aqui não estamos tratando da história e da cultura em si, mas suas características presentes nesta sociedade, com as quais o indivíduo entra em contato por estar neste meio, e acaba se desenvolvendo enquanto sujeito e caracterizando o seu desenvolvimento. São jeitos de se comportar, de vestir, alimentar entre outros.
Microgênese
 A microgênese diz respeito a fenômenos experiências de cada fenômeno psicológico de cada membro de uma espécie. São histórias que dizem respeito a um determinado fenômeno psicológico, a sua história. Cada um de nós faz uma experiência para aprender a amarrar sapatos, ou a falar, a andar de bicicleta. Até a apreensão de um determinado (fenômeno) ou habilidade. Em cada sujeito esse fenômeno acontece de forma diferente e que só diz respeito a cada sujeito. Como cada fenômeno tem sua história, ele é considerado micro, pois não se refere ao desenvolvimento de forma global, mas mais particular de um fenômeno.
 8.3.1 Algumas contribuições da ótica sócio-histórica de Vygotsky:
 “Não existe brincadeira sem regras. A situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais estabelecidas a priori”. (VYGOTSKY, 1991, P.109)
 O processo de desenvolvimento não coincide com o de aprendizagem; tal processo ocorre depois da aprendizagem e do ensino, o cria a Z.D.P. (COLL, C, 1999, P.109)
 O desenvolvimento do brinquedo:“O desenvolvimento do brincar passa de jogos em que há uma situação imaginária às claras e regras ocultas para jogos com regras às claras e uma situação imaginária oculta”. (VYGOTSKY, 1991, P.109)
 A criança age no brinquedo:“O brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande força de desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1991, P.117) 
9. PSICANALISTAS:
9.1 SIGMUND FREUD 
 ((1856 – 1939) Austríaco, morreu em Londres)
Há diferença entre sexualidade e sexo?
 Sexo vem do secare (latim): separar, seccionar.
 Sexualidade (numa perspectiva analítica): designa a dimensão de toda uma série de excitações de atividades presentes desde a infância construída sob um suporte biológico (corpo físico), sendo este submetido a um desejo, que é sempre o desejo do outro.No senso comum “sexual” significa a diferença entre os sexos, a busca do prazer, a função reprodutora e a característica de algo que deve ser mantido em sigilo. (FREUD, p.105)
O que sexualiza é o desejo. O bebê humano traz o que do desejo de um outro fez a marca em seu corpo.
O corpo marcado pelos momentos de prazer e desprazer promove zonas privilegiadas, sexualizadas pelo desejo de quem cuida para além, da satisfação, das necessidades biológicas (fome, sede, etc).
 A sexualidade deve ser compreendida, não restrita ao ato sexual genital, propriamente dito, mas a todas as formas humanas de expressão do desejo.
A contribuição de Freud: A constituição do Eu
Auto-erotismo:
Eu Fragmentado em Zonas Erógenas.
Ex: Bebê e o sugar
Narcisismo:
Mito do Narciso
É preciso um Investimento libidinal primordial no EU.
Promove o Eu como uma Unidade Corporal.
Unificação do Eu pelo corpo: Permite a diferenciação entre o Eu e Não-Eu.
Fases da Libido: 
Oral – Satisfação: segurança, paciência, generosidade, compartilha seu prazer, gratidão para com o outro, etc.
 Insatisfação: avidez, não aceita gratificação, não suporta a frustração, em constante luta contra seu desejo e também do outro, etc. 
 Nesta fase a zona erógena é a boca, usada para sugar, na amamentação, etc.
 Entre as fases Oral e Anal, ocorre o início do Édipo (complexo – impossibilidade de poder fazer tudo, muito ligada a figura paterna – castração). 
Anal – Rejeição, destruição, retenção, controle, parcimônia, exatidão, obstinação. 
 Através da retenção e liberação do controle do esfíncter, a criança se satisfaz. 
Fálica – Competição, busca por prestígio / respeito. Impossibilidade de suportar fracasso, crítica, desejo por objetos sexuais. 
 O sistema se encontra em uma pré-organização neurológica. Nesta fase as crianças tendem a buscar informações por meio de muitas perguntas, o ajuda no estímulo da fala. 
Latência – Coincide mais ou menos com o início da alfabetização. A libido é voltada para o desejo de aprender. 
 Boa época para se investir nos estudos. Há um aumento no círculo social com a chegada da adolescência. 
Genital – Compreensão, respeito, ideal de união afetiva, possibilidade de trocas, sem medo de perdas, desejo sexual e ternura em relação ao objeto sexual.
 Passa do autoerotismo para o objeto sexual. Com a chegada da adolescência (puberdade) ocorre a revivência das descobertas feitas na infância, de modo a ajudar seu relacionamento com o outro. Distanciamento da família. 
	
Pulsão x Instinto
 Instinto:
Esquema de comportamento herdado, próprio de uma espécie de animal, que pouco varia de um indivíduo para outro. Desenrola-se segundo uma seqüência temporal pouco susceptível de alterações e que parece corresponder a uma finalidade.
Tem implicações definidas.
Tem objeto definido.
É uma necessidade e é eliminado por uma satisfação alcançada por uma alteração apropriada da fonte interna de estimulação.
Atua como um impacto único (momentâneo) e pode ser removido por uma única ação conveniente.
Surge do próprio organismo.
Pulsão:
Conceito situado na fronteira entre o mental e o somático.
 Representante psíquico dos estímulos que se originam no organismo e alcançam a mente; 
Força constante relativamente “indeterminada,” quanto ao comportamento que induz e quanto ao objeto que fornece satisfação.
Incide dentro do organismo, não há como fugir dela.
A Pulsão tem:
Pressão - constante 
Finalidade - satisfazer-se 
Objeto - qualquer um 
Fonte - somática 
Teorias das Pulsões:
Primeiras teorias (1910/ 1915)
Pulsões sexuais (energia da libido) x Pulsões do Eu ou de conservação (motoras)
Zona erógena: órgão cuja excitação confere à pulsão um caráter sexual (relação com o desejo)
Dependência do corpo ↔ O eu é uma entidade corporal. 
Consciência corporal ↔ O eu consciente é a representação do corpo 
 Segunda teoria (1920) Dependência não mais só do corpo, mas do ser vivo enquanto tal. 
 Pulsão de vida (Eros) x Pulsão de morte (Tânatos) 
 Pulsão de vida: procura de objetos, união entre humanos.
Leva à criatividade: preservação do organismo como indivíduo e como espécie;
Pulsões sexuais 
Pulsões de autopreservação da espécie;
Erótico: tudo o que contribui para o bem-estar do organismo, por exemplo: mamar, criação de um objeto, vínculos estreitos entre os homens.
Pulsão de morte: tendência de todo ser vivo para retornar ao estado inorgânico (inanimado) 
Expressões destrutivas da pulsão de morte: 
Sadismo: prazer com a dor imposta a outrem
Masoquismo: prazer com a dor 
Suicídio, anorexia nervosa
 9.2 JACQUES LACAN (1901 – 1980)
“Antes de existir por si e para si, a criança existe para e por outrem.”
 LACAN, 196O.
 As contribuições de Lacan:
Apelo do bebê:
Relação mãe/ criança – apelo dirigido à mãe se dá pela interpretação dos gestos da criança.
Estádio do Espelho: 
Identificação primordial com a imagem de seu próprio corpo. (6 meses a 18 meses).
O que Lacan chamou de estádio do espelho tem interesse de manifestar o dinamismo afetivo pelo qual o sujeito se identifica primordialmente com a imagem visual de seu corpo. 
Desde o sexto mês, o encontro da criança com sua imagem, no espelho, contrasta vivamente com a indiferença manifestada pelos animais.
A criança nessas ocasiões, antecipa no plano mental a conquista da unidade funcional de seu próprio corpo, ainda inacabado, nesse momento, no plano da motricidade voluntária. 
	
		Função Materna:
Há uma primeira captação pela imagem, onde se esboça o primeiro momento da dialética das identificações. A criança está ligada à percepção, muito precoce, da forma humana, forma esta, que fixa seu interesse desde os primeiros meses e mesmo, no que tange ao rosto humano, desde o décimo dia de vida.
A imagem do corpo antecipa a completa coordenação dos aparelhos motores. Uma unidade ideal é valorizada por todos os desamparos originais, ligados à discordância intra-orgânica e relacional do filhote do homem durante os primeiros anos de vida.
Função Paterna:
 Incidência da lei
Identificação viril
Identificação feminina
	 A agressividade na formação do eu/corpo:
Entre os seis meses e dois anos aparece toda a dialética do comportamento da criança na presença do seu semelhante. Durante todo esse período, registram-se reações emocionais e os testemunhos articulados de um transitivismo normal.
A criança que bate e diz que bateram nela, a que vê cair, chora. Do mesmo modo, é uma identificação com o outro que ela vive toda a gama das reações de ambivalência estrutural.
Agressividade:
“A intenção agressiva é manifesta: nós a constatamos freqüentemente na ação formadora de um indivíduo sobre as pessoas de sua dependência: a agressividade intencional corrói, mina, desagrega, ela castra, ela pode conduzir à morte”. (LACAN, 1969)
“Basta escutar a fabulação e as brincadeiras das crianças, isoladas ou entre si, entre os dois e cinco anos, para saber que arrancar a cabeça e furar a barriga são temas espontâneos da sua imaginação, que a experiência da boneca desmantelada só faz satisfazer”. (LACAN, 1969, p.108)
Sabemos que a agressividade não é nada menos eficaz via da expressividade: pais severos intimidam pela simples presença, e basta que seja brandida a imagem do “Punidor” para que a criança a forme. Ela tem repercussões mais amplas do que qualquer sevícia. 
Na atitude agressiva, há uma relação específica do homem com seu próprio corpo, que se manifesta igualmente na relação com os outros.
- Inibições (intelectuais, afetivas e psicomotoras)
- Medos e fobias (Pânico)
- Atitudes agressivas com seu próprio corpo e corpo do outro.
O efeito estrutural de identificação com o rival não é evidentee só é concebível se tiver sido preparado por uma identificação primária que estrutura o sujeito como rival de si mesmo.
Bullying:
	Palavra inglesa onde consta: bully, substantivo traduzido como: “brigão fanfarrão”. E como verbo transitivo significando: “ameaçar, maltratar”.
	A ação bullying: seria uma ação ameaçadora que provoca medo e terror.
	Para a Psicanálise seria um ato perverso: sadismo.
	
A agressividade sublimada: 
Exemplo: capoeira. 
10. PSICOMOTRICISTAS:
	
10.1 JEAN LE BOULCH ( 1925 – 2001 )
	
10.1.1 MÉTODO DE LE BOULCH 
(Educação pelo movimento)
Psicocinética: Ciência transdisciplinar do movimento humano.
Apóia-se no conhecimento das etapas do desenvolvimento psicomotor.
 					SER HUMANO
				 ( (
 FUNCIONAL ( RELACIONAL 
				 ( (
 Maturação dos processos Intercâmbio com outrem 
 orgânicos
Corpo vivido (até 3 anos)
Corpo Sentido (3 aos 7 anos)
Corpo representado (7 aos 12 anos)
 
Corpo Vivido (até 3 anos de idade)
Esta etapa corresponde à fase da inteligência sensório-motora de Jean Piaget. Um bebê sente o meio ambiente como fazendo parte dele mesmo. Não tem a consciência do “eu” e se confunde com o espaço em que vive. À medida que cresce, com um maior amadurecimento de seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências e passa, pouco a pouco, a diferenciar de seu meio ambiente. Nesse período a criança a criança tem uma necessidade muito grande de movimentação e através desta vai enriquecendo a experiência subjetiva de seu corpo e ampliando a sua experiência motora. Suas atividades iniciais são espontâneas, isto é, não pensadas.
De início, portanto, a criança passa pela fase de vivência corporal. Ela corre, brinca, trabalha seu corpo, passa pelo que De Meur (1984, p. 13) chama de atividade espontânea (dos brinquedos) para uma atividade integrada. A criança gradativamente reconhece partes de seu corpo, sentindo interiormente cada segmento e vendo sua imagem se espelhar em uma outra criança e/ ou identificar o todo numa representação gráfica. Esta etapa, portanto, é dominada pela experiência vivida pela criança, pela exploração do meio, por sua atividade investigadora e incessante. Ela precisa ter suas próprias experiências, pois é pela exploração que se ajusta, domina, descobre e compreende o meio. Este ajuste significa que a criança, mesmo sem a interferência da reflexão, adequa suas ações às situações novas, isto é, desenvolve uma das funções mais importantes que é a “função de ajustamento”. Verifica-se uma verdadeira memória do corpo que é responsável pela eficácia dos ajustamentos posteriores.
Campo Afetivo: Narcisismo Primário
Campo Cognitivo: Inteligência Sensório – Motora
Comportamento motor global
Procede por ensaio e erro
Aprendizagem por imitação
Repercussão emocional acentuada
Corpo Sentido: (dos 3 aos 7 anos)
Esta etapa corresponde à organização do esquema corporal devido à maturação da “função de interiorização”, aquisição esta de suma importância porque auxilia a criança a desenvolver uma percepção centrada em seu próprio corpo. Le Boulch (1984) define a função de interiorização como “a possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo próprio a fim de levar à tomada de consciência” (p.16).
A função de interiorização permite também a passagem do ajustamento espontâneo, citado na primeira fase, a um ajustamento controlado que, por sua vez, propicia um maior domínio do corpo, culminando em uma maior dissociação dos movimentos voluntários. A criança com isto passa a aperfeiçoar e refinar seus movimentos adquirindo uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinado.
Ela percebe as tomadas de posições e associa seu corpo aos objetos da vida quotidiana. Chega à representação mental dos elementos do espaço e isto é possível graças à primeira fase de descoberta e experiências vividas pela criança. Descobre sua dominância e com ela seu eixo corporal. Passa a ver seu corpo como um ponto de referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo. Este é o primeiro passo para que a criança possa, mais tarde, chegar à estruturação espaço-temporal. 
Ela tem acesso a um espaço e tempo orientados a partir de seu próprio corpo. Chega, pois, à representação dos elementos de espaço, descobrindo formas e dimensões. Neste momento assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda. Adquire também noções temporais como a duração dos intervalos de tempo, de ordem e sucessão, isto é: o que vem antes, depois, primeiro e último. 
No final desta fase, diz Le Boulch citando Ajuriaguerra, diz que os níveis de comportamento motor, bem como o intelectual podem ser caracterizados como pré-operatórios, porque estão submetidos à percepção num espaço em parte representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo.
Campo Afetivo: Narcisismo Secundário
Campo Cognitivo: Inteligência Pré-Operacional
Estágio de discriminação perceptiva
Nível perceptivo: percepção do corpo próprio
Nível motor: jogos; atividades de expressão; coordenação global
Corpo Representado (7 a 12 anos)
Nesta etapa observa-se o refinamento do esquema corporal na criança. Até este momento, a criança já adquiriu as noções do todo e das partes do seu corpo (que é percebido através da verbalização e do desenho da figura humana), já conhece as posições e consegue movimentar-se corretamente no meio ambiente com um controle e domínio corporal maior. A partir daí, ela amplia e organiza seu esquema corporal.
No início desta fase a representação mental da imagem do corpo consiste numa simples imagem reprodutora. É uma imagem de corpo estática e é feita da associação estreita entre os dados visuais e cinestésicos. A criança só dispõe de uma imagem mental do corpo em movimento a partir de 10/12 anos, significando que atingiu “uma representação mental de uma sucessão motora”, com a introdução do fator temporal. 
(Le Boulch, 1984, p. 20) 
Sua imagem de corpo passa a ser antecipatória, e não mais somente reprodutora, revelando um verdadeiro trabalho mental devido à evolução das funções cognitivas correspondentes ao estágio preconizado por Piaget de “operações concretas”. A imagem do corpo representado permite à criança de 12 anos “dispor” de uma imagem de corpo operatório que é o suporte que a permite efetuar e programar mentalmente suas ações em pensamento. Torna-se capaz de organizar, de combinar as diversas orientações. Outro fator que Le Boulch apresenta como correspondente ao estágio das operações concretas, é a passagem da centralização do corpo, isto é, da percepção de um espaço orientado em torno do corpo próprio à descentralização, à representação mental de um espaço orientado “no qual o corpo está situado como objeto”. Isto quer dizer que os pontos de referência não estão mais centrados no corpo próprio mas são exteriores ao sujeito, podendo ele mesmo criar os pontos de referência que irão orientá-lo.
Construção do corpo:
Do gesto à expressão verbal
Da atividade espontânea à atividade controlada
Do jogo da função de ajustamento a lateralização
Da educação à ação perceptiva
Campo Cognitivo: Estágio das Operações Concretas
Campo Afetivo: Latência 
Aprendizagem mais refinada
Capacidade de melhor integração entre informação interoceptiva e exteroceptiva
CINCO CAMPOS DE ATUAÇÃO PSICOMOTORA:
- Exercícios globais da psicomotricidade:
Jogos funcionais e de imaginação.
Materiais disponibilizados para atividades livres: bolas, balões, bambolês, cordas, pedaços de madeira, bancos suecos etc.
Objetivo: desenvolver a plasticidade da função de ajustamento.
Coordenação viso-manual: praxias da vida diária (abotoar, vestir, abrir, fechar).
Desenvolvimento da preensão → jogos que envolvam: peso, volume, quantidadeetc.
	
- Percepção do “corpo próprio”:
Jogo da função de interiorização: construção do esquema corporal: espontaneidade ↔ controle corporal. 
Controle tônico – corpo vivido.
Consciência das partes do corpo – corpo representado: representação mental do corpo (jogos de imitação); movimento com verbalização.
- Tempo e Ajustamento:
Tempo de cada um, o ritmo natural; vivência cantada e dançada.
Cirandas e danças cantadas → representação (nuances rítmicas, tempo com uso de instrumentos; transposições gráficas).
- O espaço: percepção de seus elementos:
Da atividade espontânea aos jogos com regras.
Ajustamento ao espaço: exercícios de CDG (circuitos)
 Causalidade das noções geométricas topológicas (com o corpo, com
objetos, com o corpo do outro): ao lado; direita / esquerda; pequeno / grande; dentro / fora; comprido / curto; reunião / dispersão etc.
- Grafismo:
Desenho espontâneo; figurativo até expressividade não figurativa e geométrica (da pintura a dedo ao lápis e pincel); associação grafonética.
Os objetivos funcionais específicos:
	
	O mecanismo de regulação entre o sujeito e seu meio permitindo o jogo de adaptação implica dois processos complementares e concomitantes: a assimilação e a acomodação.
A assimilação é a integração do exterior às estruturas próprias do sujeito;
A acomodação é a transformação das estruturas próprias em função das variáveis do meio externo;
O ajustamento é o aspecto que toma a acomodação logo que dá a resposta motora às solicitações do meio. A organização perceptiva representa um dos aspectos do processo de assimilação quando se dá a tomada de informação a partir dos receptores sensoriais.
A função de ajuntamento:
A conservação é a extensão da função de ajustamento
Os trabalhos recentes sobre o tecido nervoso fornecem dois argumentos irrefutáveis:
O sistema nervoso do recém-nascido é imaturo.
O estudo de cérebros de crianças de 11 meses põe em evidência que a área motora primária é a mais avançada; seguem as áreas sensoriais primárias e depois as áreas primárias auditivas e visuais.
O lobo central desenvolve-se ainda mais tardiamente; em torno do 4º ano é que adquire um desenvolvimento comparável àquele alcançado pela região motora aos 11 meses.
Le Boulch formula a hipótese de que: os “estímulos sociais” que fazem parte da ação educativa têm como um rol muito importante na maturação dessas regiões do sistema nervoso, assim como nas suas possibilidades funcionais.
O sistema nervoso humano possui um grau de plasticidade superior àquele observado ao nível de outros órgãos.
Segundo Weiss, distinguem-se dois tipos de plasticidade:
Uma plasticidade de conclusão da ação ou flexibilidade que corresponde ao jogo dos feedbacks reguladores, ligados ao conjunto das estruturas situadas no nível abaixo do neuroeixo;
Uma plasticidade relacionada com as possibilidades de adaptação motoras frente a novas situações, criando novos esquemas de coordenação e fixando-os na estrutura nervosa. Este tipo de plasticidade, que se opõe à especialização e à rigidez dos circuitos, permite ao homem fugir dos comportamentos estereotipados.
	O aprimoramento da função de ajustamento, de quem depende esta plasticidade, representa, pois um objetivo funcional essencial em psicomotricidade.
A função de ajustamento e espontaneidade:
O jogo da função de ajustamento dá aos movimentos da criança seu caráter espontâneo.
Nos primeiros anos de vida a espontaneidade da criança não é ainda modificada pelo raciocínio.
As reações espontâneas não são pensadas; são dirigidas pouco a pouco por uma intencionalidade, verdadeiras consciências do fim a alcançar.
Os movimentos espontâneos mesmo não sendo pensados dependem das experiências vividas anteriormente, não se trata de uma memória intelectual, mas sim de uma verdadeira memória corporal, toda ela carregada de afeto e orientada por ele.
O corpo não está simplesmente dotado de eficácia; ele está presente no mundo como uma unidade fundamentalmente original, como “corpo próprio”.
A forma como é vivida a relação com o outro pode bloquear a espontaneidade se não existe boa relação.
A adequação das reações gestuais e posturais espontâneas às condições atuais, sem intervenção da reflexão, supõe o uso da função de ajustamento, cuja amplitude traduz mais ou menos a grande plasticidade das estruturas nervosas que devemos manter além da idade madura.
A função de ajustamento e coordenação:
Uma praxia representa um sistema de movimentos coordenados com um fim determinado ou uma intenção determinada.
As contrações musculares postas em jogo devem ser precisas em relação à força, ritmicidade, a fim de respeitar a intenção que precede a execução do movimento.
As desordens da realização motora podem ir desde uma simples incoordenação (transtorno da eficiência motora) até a desorganização de uma função.
Prescrever um trabalho de reeducação psicomotora obedece a um contorno da coordenação e implica um trabalho psicomotor, podendo agir sobre uma ou sobre o conjunto das funções psicomotoras, segundo a natureza do transtorno.
O déficit da função de ajustamento acarreta uma falta de disponibilidade motora e uma forma de comportamento estereotipada encerrando o sujeito nos automatismos rígidos e dificilmente modificáveis.
O excesso de corticalização e de intelectualização do movimento acarreta uma intervenção abusiva dos detalhes de execução, sendo uma causa freqüente de incoordenação e de inabilidade motora.
O jogo de ajustamento, através da disponibilidade e espontaneidade na resposta motora, permite ao córtex liberar-se de detalhes de execução e o torna apto a cumprir suas funções específicas de controle.
10.2 ANDRÉ LAPIERRE (1923 – 2008)
	"O que queremos estabelecer é uma comunicação com a pessoa. Para o psicomotricista, uma criança de um ano, dois anos, já é uma pessoa que tem que ser respeitada”.
Método: Psicomotricidade Relacional
Formatação
A educação psicomotora está inserida no ambiente da criança, que sofre a interferência de múltiplas variáveis; 
Crítica o estudo da criança isolada de seu contexto e mantida em relação privilegiada com o adulto. 
Não se deve “racionalizar o tempo” instituindo atividades pedagógicas catalogadas: trabalho manual, desenho, ginástica rítmica, expressão verbal, iniciação matemática, educação psicomotora etc.; isso impede qualquer criatividade.
Não de deve cortar as passagens espontâneas e lógicas (na dinâmica do pensamento infantil) tal procedimento serviria apenas para dar a falsa ilusão ao educador de que ele teria controle sobre a aparente criatividade desordenada da criança. 
A criança deve ter a liberdade de criar, o que não quer dizer que seja necessário dar total liberdade a ela. Deve-se evitar a dispersão estéril. É preciso que a atividade em grupo se organize em torno de um tema simples, de uma noção primária;
Deve-se, pois, dar às crianças um material, que poderá ser um bambolê, uma bola, uma corda, um bastão... E num primeiro momento deixar com que elas o explorem, brincando livremente com ele. 
Ao professor caberá encorajar, animar, solicitar, chamar a atenção das outras para a descoberta feita por uma das crianças ou a que lhe parecer interessante. Daí a situação evolui espontaneamente num grupo que já vive em comunicação gestual. 
As “palavras” então aparecem: “em cima de, embaixo de” ou “na frente, atrás” etc., que servirão de catalisador para a ação e deverão ser associadas a uma percepção consciente;
As crianças estão, no início, a meio caminho do real a do imaginário. Inicialmente “dentro da casa” antes de “dentro do bambolê”, depois “dentro do redondo” e, talvez “dentro do círculo”.
Os objetos intermediando as relações grupais.
Não se sabe a direção da criatividade infantil, sendo assim devemos apenas saber guiá-la/orientá-la na direção de novas descobertas, novas tomadas de consciência,novas abstrações;
As descobertas não são programadas: elas nascem das motivações espontâneas que se manifestaram no decorrer das sessões e que são essencialmente, nos primeiros anos, preocupações topológicas ligadas à vivência do espaço. 
As crianças da escola pré-elementar têm o “programa” inscrito em sua evolução psicogenética e confia-se nele
A contribuição da atividade psicomotora, da vivência corporal em relação ao objeto e ao outro, é fundamental e insubstituível;
Não se trata, pois, de aprender um certo número de conhecimentos culturalmente relevantes ou julgados indispensáveis, mas em desenvolver potencialidades que a criança utilizará pela continuidade em múltiplas áreas;
A educação psicomotora deverá estender-se até a quarta série (por volta de dez anos de idade), assim como se articular com as séries posteriores, permitindo à criança o máximo de iniciativa para o desenvolvimento de sua personalidade e de seus conhecimentos;
A valorização da pré-escola é fundamental (não é um mero depósito de crianças) visto que é um momento de grande fragilidade. Os “fracassos” da primeira infância dificilmente se eliminam.
Em resumo, deve se incentivar:
Potencia o jogo simbólico.
Implicação corporal do adulto.
Vivência com crianças até três anos.
Observação da relação criança/ adulto.
Oportunizar a criança, na relação, adulto/ criança, a possibilidade de expressar seus fantasmas e liberar suas pulsões.
Estratégias simbólicas:
	
Uso do corpo, olhar, gesto, objeto e voz.
10.3 BERNARD AUCOUTURIER (1934 - França)
		“Favorecer um desenvolvimento harmonioso da criança é, antes de tudo, dar-lhe a possibilidade de existir, de tornar-se uma pessoa única, é oferecer-lhe, então, condições mais favoráveis para comunicar-se, expressar-se, criar e pensar.”
Método: Associação Européia 
“Do prazer do agir ao prazer do pensar” – a prática psicomotora é um itinerário de maturação psicológica da criança.
O educador não traz propostas prontas, ele “acompanha” as atividades da criança sem invadi-las, oferece segurança sem repressão, sendo assim favorece os processos de comunicação/criação e a formação do pensamento operatório.
“Os fantasmas de ação se manifestam em todas as atividades simbólicas lúdicas da criança. Eles permitem a criança afastar a angústia, o mal-estar inevitável das relações com os pais e particularmente, a angústia da perda do objeto-mãe, referência de amor.” 
Os dispositivos da prática: 
- Espacial
Primeiro espaço: Expressividade motora
Segundo espaço: Expressividade plástica
- Temporal
Primeiro tempo: Expressividade motora
Segundo tempo: História
Terceiro tempo: Expressividade plástica
O primeiro e o segundo tempo são realizados no primeiro espaço e o terceiro tempo no segundo espaço.
Há sempre dois lugares na sala e são bem delimitados, cada lugar tem seu material específico e a criança não poderá transportar o material de um espaço para o outro.
Representação da sala de Prática Psicomotora de Aucouturier:
 
Percurso proposto para criança:
Objetivos da PPA (Prática Pedagógica Aucouturier):
Favorecer o desenvolvimento da função simbólica.
Favorecer os processos de reasseguramento.
Favorecer a descontração tônico-emocional.
Ordem das fases de comportamento da criança durante uma sessão: 
Fase de inibição
Fase de agressividade
Fase de domesticação
Fase de fusão 
Fase de agressividade simbólica
Fase de jogo e independência
10.4 VITOR DA FONSECA (1979 – Brasileiro)
Histórico
Vitor da Fonseca nasceu em Portugal, aonde é professor catedrático do departamento de Educação Especial e Reabilitação da Faculdade técnica de Lisboa.
Entre 1970 e 1974, estagiou na França com nomes de destaque na área da Psicomotricidade como: Bernard Aucouturier e André Lapierre e frequentou um curso orientado por Le Boulch.
Entre suas obras de destaque podemos citar: “Psicomotricidade, Filogênese, Ontogênese e Retrogênese.”, “Educação Especial”, “Educação, Aprendizado e Cognição”...
Bateria de Psicomotricidade 
“A BPM tem como finalidade essencial detectar, identificar crianças com dificuldade de aprendizagem. É, por um lado, um objetivo fundamental de um educador, por isso a BPM, não passa de um instrumento psicopedagógico, porque pode ser usado com tais intenções.” (FONSECA, 1995).
 As tarefas que constituem a BPM possibilitam o grau de maturidade psicomotora da criança e detecta sinais desviantes que podem nos ajudar a compreender as discrepâncias evolutivas de muitas crianças em situações de aprendizagem escolar
Funções trabalhadas na BPM
Tônus;
Equilíbrio;
Lateralidade;
Organização espacial e Temporal;
Esquema Corporal;
Coordenação Global;
Motricidade Fina.
Resultados
O resultado da BPM é obtido contando, nos 4 parâmetros já apresentados, todos os subfatores, sendo a cotação média de cada fator arredondada. A cotação assim obtida traduz de forma global cada fator, e que será transferida para a ficha de avaliação, onde se encontra o respectivo perfil psicomotor. A cotação máxima da prova é de 28 pontos (4x 7 fatores), e a mínima é de 7 pontos (1x7) e a média é de 14 pontos. Então os subfatores são numerados de 1 a 4.
Tabela de resultados: 
	Pontos de BPM
	Perfil Psicomotor
	Dificuldades de aprendizagem
	27-28
	Superior
	-
	22-26
	Bom
	-
	14-21
	Normal
	-
	9-13
	Dispráxico
	Ligeira (específicas)
	7-8
	Deficitário
	Significativas (Moderadas ou severas)
Multidisciplinaridade
“Nem a motricidade nem a inteligência valem muito por si. É a interação e a relação inteligível e informacional entre ambas que dão ao movimento a função variada de inteligência.” (Fonseca, 1989)
Teoria Triárquica 
Robert Sternberg propôs que a inteligência se constroi por três fatores onde cada um contém mais três subfatores ou subteorias.
Subteoria Multicomponencial:
- Fala dos três tipos de componentes que constituem o processo de pensar inteligentemente (sensorial, interacional e motor).
- São os responsáveis pela seleção e busca de informações a serem combinadas e comparadas no processo de resolução de problemas.
- Tonicidade + Postura + Lateralização + Somatognosia + Espaço Temporal + Praxia Global + Praxia Fina.
- Papel dos metacomponentes é dizer que inteligentes são aqueles capazes de fazer planejamentos e elaborar idéias.
Subteoria Multiexperiencial
- Trata-se da importância da experiência e sua influência sobre a inteligência, sendo ela pouca, muita ou nenhuma experiência.
- Bebê + Criança + Adolescente + Adulto + Idoso.
- O bom processo de produção de um indivíduo que acontece desde sua infância e continua ao longo da sua vida torna explicita a importância da experiência no desenvolvimento inteligente.
Subteoria Multicontextual 
- Se refere ao contexto ambiental quanto à adaptação, seleção de novos ambientes e modificação do ambiente.
- Família + Hospital + Creche + Jardim da Infância + Pré-escola + Escola + Trabalho + Cultura + Ecossistema.
- Exemplo: um homem que teve que achar uma solução para seguir com a carreira de publicidade e jornalismo, pois não era diplomado. Ele foi autorizado pela legislação a exercer a profissão, e deve ter usado um dos três meios propostos por essa subteoria: ter se adaptado aos limites impostos pela legislação para quem não tem uma orientação formal; ter selecionado o melhor meio para alcançar seu objetivo se não fosse autorizado; Ser alguém com grande habilidade na área e grande capacidade de crescer que conseguiu modificar o ambiente por mérito profissional.
10.5 PIERRE VAYER
Seu método tem por objetivo refinar:
Percepção e controle do próprio corpo
Educação das condutas motrizes de base
Regulação das condutas neuro-motrizes
- Respiração;
- Lateralização;
- Dissociação.
Adaptações Percepto-motoras
- Percepção e representação espacial;- Aquisição rítmica
Associações
A partir de 1972
	- Estruturação do Eu-corporal;
	- Organização espaço-temporal.
11. JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDO: TEORIAS E PRÁTICAS DA PSICOMOTRICIDADE
	O Brinquedo:
- Philipe Ariés (1975) indica que existem brinquedos que resistem ao tempo, dentre eles destacamos:
O catavento
O cavalo de pau
A boneca: que serviu a várias finalidades das estatuetas nos antigos túmulos, passou a ser usada em práticas de brincadeiras e atualmente tornou-se um brinquedo das meninas.
O Jogo e o Brincar
Na psicogênese piagetiana
Na ótica sócio-histórica de Vygotsky
Na teoria psicanalítica
O Jogo
“No jogo existe alguma coisa “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação.” (HUIZINGA, J. 1971, p.4)
Os jogos populares e o âmbito psicomotor
“... os jogos populares infantis são adequados e muito importantes para o desenvolvimento hormonal infantil. No campo da psicomotricidade e da Educação Física, em função dos aspectos que se pretenda estimular nas crianças. Os jogos tradicionais podem ser excelentes instrumentos a aplicar-se”. (MELLO, A, 1989, p.83)
O Brincar
“Entende-se brincadeira como uma categoria mais abrangente, que inclui os jogos e também outras ações, como as correrias nos pátios, o mexer com areia ou água...” (MELLO, 1989)
“O brincar é uma forma de comportamento característica da infância e pertence a um conjunto de atividades que compõem a noção de jogo. Sob um aspecto puramente formal a extensão das modalidades de jogo é infinita, contudo alguns autores distinguem estruturas diversas de jogo, de acordo com critérios classificatórios: jogos de exercício, jogos simbólicos, jogos de azar, jogos de regras e etc.” (ELISA SANTA ROSA)
O Fantasiar 
A simbolização se dá através do fantasiar onde a criança é capaz de criar metáforas antes de ler e escrever.
A relação de reciprocidade entre fantasia e realidade indica um aspecto indissociável das representações mentais.
O processo de imaginação influencia os sentimentos.
“A condição de imaginação é a própria experiência de vida”.
	
12. ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE 
12.1 SIGMUND FREUD – JOGO, BRINCADEIRA E BRINQUEDO 
O Brincar em Freud
Fases da Libido – transformação da excitação orgânica em excitação psíquica (FREUD, 1894)
O jogo repetido incansavelmente é uma forma de pela ação, conquistar o mundo.
- O jogo transforma uma situação penosa em prazer (FREUD, 1920)
Uma menina sentada na beira de uma calçada. No asfalto cavou um buraco, do buraco extraiu terra, da terra fez bolinhos molhados com água de uma velha lata. No sinal os carros paravam e ela nada pedia. Continuou ali jogada num canto com seu brincar. (COHEN, 2000)
O vagido, o grito, a brincadeira e a arte são expressões de um discurso sem palavras, um “hiper – verbal”. (COHEN, 2000, p.44)
12.2 NA PSICOGENESE PIAGETIANA
Atividades sensório-motoras (0 a 2 anos)
Ação com o próprio corpo.
Com o corpo do outro.
Com objetos.
Estágios Pré – Operatório (2 a 6 anos)
Capacidade de representação.
Sinalizadores são a fala (linguagem).
Desenho, a imagem mental (imitação interiorizada), o jogo simbólico.
Estágio Operatório Concreto (6 a 11 anos)
Habilidade para raciocinar independente da percepção imediata e das ações motoras.
Conservação da lógica das relações.
Cognição domina a percepção.
Estágio Operatório Formal (11/ 12 anos)
Construção de hipóteses.
Abstração e deduções.
Independência do concreto e do observável.
Sugestões de atividades psicomotoras
- Estágios do Desenvolvimento
Sensório - motor - jogos de exercício (0 – 2 anos)
Pré – operatório - jogos simbólicos (2 – 6 anos)
Operatório Concreto - jogos com regras (7 – 11 anos)
Hipotético Dedutivo - jogos com Regras (11/ 12 anos) 
Referências:
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ANDRADE, Carlos Drummond. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1992.
ARIÉS, Philipe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. 
Aristóteles. Vida e Obra – coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultura, 1987. 
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COHEN, Ruth Helena Pinto. A Lógica do Fracasso Escolar: Psicanálise & Educação. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2006.
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FREUD, Anna. O Tratamento Psicanalítico de Crianças. Rio de Janeiro: Imago, 1971. 
FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. In: Obras Psicológicas Completas: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 1993, 4ª Ed. 
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