Buscar

CADERNO DIGITADO CIÊNCIA POLÍTICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 88 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
 
CIÊNCIA 
POLÍTICA 
 
MIGUEL CALMOM 
 
 
 
 
ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA 
 
 
 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
 
 
TEORIAS NEGATIVAS ACERCA DO ESTADO 
O Anarquismo, outra ideologia que tem uma visão negativa do Estado, tem 
antecedentes desde a Grécia, podendo ser encontradas manifestações anarquistas em 
linhas doutrinárias gregas que supunham uma relação harmoniosa entre os indivíduos sem 
a necessidade de uma estrutura estatal que os sujeitassem. Até mesmo a leitura da doutrina 
cristã pode levar a um viés anarquista. 
O anarquismo destaca-se como um movimento social consolidado com Proudhon 
(critica ferozmente a propriedade privada e a ordem de desigualdade, bem como a 
estrutura que visa legitimar tal desigualdade). O anarquismo possui uma época de ouro, 
agregando muitos adeptos seduzidos pela ideia de viver em uma sociedade sem sujeição. 
Em todas as revoluções e ressureições há tendências anarquistas (rompem com a ordem 
propondo uma estrutura alternativa em que esta não está presente). 
No século XX, o anarquismo passa a se associar à violência, perdendo os seus 
encantos. Há alguns autores que duvidosamente associam o anarquismo ao terrorismo. O 
terrorismo faz a utilização do terror e medo a fim de conquistar os objetivos almejados. 
É importante ressaltar que o medo não é dotado de racionalidade. 
O fato é que se o Estado se utiliza da violência para legitimar a dominação, os 
anarquistas também teriam que utilizá-la para combate-lo. O anarquismo além de ter uma 
visão negativa sobre o estado, também a possui quanto ao poder que ele exerce. 
Atualmente o anarquismo não tem tanta adesão, em razão das práticas e estratégias 
violentas. 
É importante ressaltar que os contratualistas utilizam a metáfora do contrato para 
afirmar que em algum momento a instituição de um estado foi necessária. 
 A ORIGEM DO ESTADO 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O estudo da origem do Estado implica duas espécies de indagação: uma a respeito 
da época do aparecimento do Estado; outra relativa aos motivos que determinaram e 
determinam o surgimento do Estado. 
A denominação Estado significando situação permanente de convivência ligada à 
sociedade política só surgiu no século XVI, aparecendo pela primeira vez na obra “O 
Príncipe” de Maquiavel, passando a ser utilizada pelos Italianos para definir cidades 
independentes. Durante os séculos XVI e XVII, a expressão foi sendo admitida em 
escritos franceses, ingleses e alemãs. 
O nome Estado denominando, de fato, uma sociedade política, só aparece no 
século XVI, e muitos autores que não admitem a existência do Estado antes do século 
XVII utilizam tal argumento para justificar seu ponto de vista. Além do argumento 
supracitado, estes autores afirmavam que o nome Estado só poderia ser aplicado com 
propriedade à sociedade política dotada de certas características bem definidas. 
A maioria dos autores, entretanto, admitem que a sociedade ora denominada 
Estado é na sua essência igual à que existiu anteriormente, dando tal designação a todas 
as sociedades políticas que, com autoridade superior, fixavam as regras de convivência 
de seus membros. 
Para muitos autores, o Estado, assim como a sociedade existiu sempre, pois desde 
que o homem vive sobre a Terra, acha-se integrado numa organização social, dotada de 
poder e com autoridade para determinar o comportamento de todo o grupo. Dessa forma, 
constituía-se um elemento universal na organização social humana. Sendo considerado o 
princípio organizador e unificador em toda organização social da Humanidade, estando 
onipresente na sociedade humana. 
Uma segunda ordem de autores admite que a sociedade humana existiu sem estado 
durante certo período. Depois por motivos diversos, este foi constituído para atender às 
necessidades ou às conveniências dos grupos sociais. Não houve concomitância na 
formação do Estado em diferentes lugares, este foi aparecendo de acordo com as 
condições de cada lugar. 
A terceira posição é aquela já citada dos que admitem como Estado, a sociedade 
política dotada de certas características muito bem definidas. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
Alguns acreditam que o Estado só surgiu no fim da Alta Idade Média com o Estado 
Moderno, no período em que Maquiavel cunhou o termo. Entretanto, outros acreditam no 
Estado como poder político institucionalizado, apresentando a sua primeira manifestação 
com os estados teocráticos. 
A EVOLUÇÃO DO ESTADO 
O Estado Teocrático era uma forma estatal definida entre as antigas civilizações 
do Oriente ou do Mediterrâneo. Nos Estados teocráticos, a família, a religião, o Estado e 
a organização econômica se confundiam, não sendo possível distinguir direito, religião, 
moral, política e doutrinas econômicas. Neste, surge uma estrutura em que quem governa 
fundamenta-se em ideias religiosas, sendo considerados deuses, representante dos deuses, 
ou tendo acesso às leis divinas. Dessa forma, a obediência era provida, visto que não havia 
como contrariar o pode divino sem gerar uma ira incomensurável. Apesar de abusivos, 
tais estados tinham grande aderência em razão das inspirações divinas. O Estado 
Teocrático persistirá no curso da história, até os dias de hoje no norte africano existem 
países que governam com base em princípios religiosos (estados teocráticos atuais). As 
características fundamentais desse tipo de estado são: - natureza unitária, inexistindo 
qualquer divisão interior, nem territorial, nem de funções; - religiosidade, a autoridade do 
governante e as normas de comportamento eram tidas como expressão de um poder 
divino, demonstrando a estreita relação Estado/Divindade. Nesse Estado há uma 
teocracia, ou seja, há uma estreita relação entre a divindade e o Estado. Porém existem 
duas formas distintas, o governo em que o governante é considerado representante do 
poder divino, confundindo-se com a divindade, ou aquele em que o poder do governante 
é limitado pelo poder divino, cujo veículo é a classe sacerdotal. 
Após o Estado Teocrático, surgiu o Estado Grego fundamentado na pólis (cidades- 
estados) que exerciam o poder político, a exemplo de Atenas e Esparta. Neste Estado há 
a manifestação de poder que se baseava no autogoverno, a obediência vinha, pois tal regra 
era considerada como a melhor, sendo legitimada pelo consenso. A pólis era 
autossuficiente bastando a si mesma para se autogovernar, baseando-se na democracia 
direta, segundo Aristóteles: “a sociedade constituída por diversos pequenos burgos forma 
uma cidade completa, com todos os meios de abastecer por si, tendo atingido, por assim 
dizer, o fim a que se propôs”. Ressaltando ainda que analisando-se com uma visão 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
moderna o conceito de cidadão era restrito, visto que a elite era a classe política com 
intensa participação nas decisões do Estado nos assuntos públicos. Sendo assim, o Estado 
Grego não se baseava na autoridade divina e mítica tão presente no Estado teocrático. A 
obediência não destacava o caráter de sujeição, visto que “obedecer a si mesmo conota 
liberdade”). Nas relações de caráter privado, a autonomia da vontade individual é restrita. 
Após o Estado Grego, surge o Estado Romano (civitas) envolvendo a 
compreensão do desenvolvimento estatal Romano a partir de uma base familiar, se 
expandindo , conquistandoa Grécia, se tornando Império e sujeitando outros Estados. 
Tinha uma noção restrita de povo, admitindo a ideia grega de cidadania, porém excluindo 
os estrangeiros. Afirmava que o poder restringia-se aos magistrados, limitando a ideia 
proposta pela democracia grega. Roma não tentava impor sua base cultural aos povos 
conquistados, obtendo sucesso e gerando a 1º experiência de globalização. 
Gradativamente, em longa e lenta evolução, outras camadas sociais foram adquirindo e 
ampliando direitos, somente nos últimos tempos, quando já despontava a ideia de 
Império, que seria uma das marcas do Estado Medieval, foi que Roma pretendeu realizar 
a integração jurídica dos povos conquistados, mas, mesmo assim, procurando manter um 
sólido núcleo de poder político, que assegurasse a unidade e ascendência da Cidade de 
Roma. Somente posteriormente a naturalização dos povos do Império foi efetivada (“O 
objetivo do edito de Caracala foi político, a unificação do Império; foi religioso, visa a 
aumentar os adoradores dos deuses de Roma; foi fiscal, quer obrigar os peregrinos a 
pagarem impostos nas sucessões; foi social, com vistas a simplificar e facilitar as decisões 
judiciais, nos casos sobre o estado e constituição das pessoas”). Todo império tem uma 
vida útil, entrando em crise em algum momento. O Império Romano passa a sofrer 
invasões bárbaras (pessoas não iluminadas, não integradas à cultura helênica, romana, 
considerados povos de cultura inferior, fora das civitas, não sendo considerados 
civilizados), os bárbaros foram dominando o Império Romano que cai. 
O feudalismo se desenvolve sob um sistema administrativo e uma organização 
militar estreitamente ligados à situação patrimonial, visto que segundo Dallari, toda vida 
social passa a depender da propriedade ou posse da terra. Ocorrendo principalmente 
através de três institutos jurídicos: vassalagem- relação jurídica de caráter pessoal (os 
proprietários menos poderosos, a serviço do senhor feudal em troca da proteção deste), 
benefício- estabelecimento de um direito real (contrato entre o senhor feudal e o chefe de 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
família privado de patrimônio, sendo que o servo recebia uma porção de terras para 
cultivo e era tratado como parte inseparável da gleba) e a imunidade (isenção de tributos 
às terras sujeitas ao benefício). 
Para Dallari, os principais elementos que se fizeram presentes na sociedade 
política medieval são: o cristianismo, a invasão dos bárbaros e o feudalismo. 
Segundo Bolzan e Streck, as características mais marcantes do sistema feudal são: 
permanente instabilidade política, econômica e social; distinção e choque entre pode 
espiritual e poder temporal (além da autoridade religiosa, o papa contava também com o 
poder temporal da Igreja, isto é, o poder advindo da riqueza que acumulara com as 
grandes doações de terras feitas pelos fiéis em troca da possível recompensa do céu. 
Calcula-se que a Igreja Católica tenha chegado a controlar um terço das terras cultiváveis 
da Europa Ocidental. Era, portanto, uma grande "senhora feudal" numa época em que a 
terra constituía a base de riqueza da sociedade); fragmentação de poder, mediante a 
infinita multiplicação de centros internos de poder político, distribuídos aos nobres, 
bispos, universidades, reinos, corporações; o sistema jurídico consuetudinário embasado 
em regalias nobiliárquicas; bem como relações de dependência pessoal, hierarquia de 
privilégios. 
O modo de produção feudal se espalhou por toda a Europa. Segundo Capella, o 
feudalismo consistia em uma aristocracia originalmente militar que se autodesignava um 
território e sua população. Os habitantes, em razão do benefício acordado eram obrigados 
a cultivar a terra necessária para si e também para o senhor feudal. Os camponeses não 
poderiam abandonar a terra desvinculando-se desta. 
O senhor feudal, militarmente, protegia o território feudal, incluindo a sua 
população. O senhor feudal, portanto, detinha o poder ideológico, econômico, militar, 
jurídico e ideológico sobre os “seus” servos. Para ampliar as suas riquezas, os senhores 
feudais apelavam para as guerras de conquista e os matrimônios. A guerra e a capacidade 
para realiza-la foi preponderante à hierarquização da aristocracia feudal, estabelecendo 
relações de vassalagem também entre ela e os senhores mais poderosos. 
Não há data que delimite a passagem do feudalismo (forma estatal medieval) ao 
capitalismo, onde começa a surgir o Estado Moderno em sua primeira acepção: 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
absolutista. Durante séculos na Europa Ocidental e Central coexistiram o feudalismo, que 
se esvaía, e o capitalismo que nascia. Ainda segundo Capella, no interior das relações 
feudais surgiram relações de intercâmbio mercantil, produções para o mercado, e não 
apenas para o autoconsumo e à tributação feudal em espécie. 
É importante destacar que não existiu Estado Centralizado no decorrer do período 
medieval, exatamente pela fragmentação dos poderes em reinos, feudos, etc. A forma do 
Estado Centralizado- o Estado como pode institucionalizado- é pós-medieval, vindo a 
surgir como decorrência/exigência das relações que se formaram a partir de um novo 
modo de produção- o capitalismo- então emergente. 
 
ESTADO MODERNO 
Com a passagem do Estado medieval para o moderno, tem-se o início de 
dominação legal-racional. O vassalo do suserano feudal passa a ser súdito do rei e os 
diversos poderes dispersos pelos feudos são substituídos e unificados no poder soberano 
da monarquia absoluta. 
As deficiências da sociedade política medieval determinaram as características 
fundamentais do Estado Moderno: território e o povo, como elementos materiais; o 
governo, o poder, a autoridade ou o soberano, como elementos formais. Para alguns 
autores, existe o quarto elemento: a finalidade, o Estado deve ter uma finalidade peculiar 
que justifique a sua existência. 
O Estado Moderno- o Estado unitário dotado de poder próprio independente de 
quaisquer outros poderes- começa a nascer na secunda metade do século XV na França, 
na Inglaterra e na Espanha. A posteriori, tal poder alastra-se por outros países europeus, 
entre os quais a Itália. Desde o seu nascimento o Estado Moderno possui dois elementos 
que o diferem de todos os Estados do Passado: a autonomia, a plena soberania do Estado 
que não depende de nenhuma outra autoridade e a distinção entre Estado e sociedade 
civil. Existe um terceiro elemento: O Estado Medieval é propriedade do senhor, sendo 
um Estado patrimonial, já o Estado Moderno, existe uma identificação absoluta entre o 
estado e o monarca, o qual representa uma soberania estatal. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O Estado Moderno representa uma inovação tendo em vista que a dominação 
passa a ser legal-racional, obedece-se não à pessoa em virtude do seu direito próprio, mas 
à regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve 
obedecer. A dominação legal-racional própria do Estado Moderno é a antítese da 
dominação carismática, predominante na forma estatal medieval. 
No Estado Moderno, o Poder se torna uma instituição e há uma dissociação entre 
a autoridade e o indivíduo que a exerce. O poder despersonalizado precisa de um titular: 
o Estado. A primeira forma de Estado centralizado é o Estado Estamental, uma transição 
entre a forma estatal medieval e o Estado Absolutista, formado pela concentração 
estamental da alta nobreza, baixa nobreza clero e burguesia das cidades. Tal fase do 
estadomoderno englobava um conglomerado de direitos adquiridos e privilégios e não 
uma constituição, constituindo o Estado Nacional típico Europeu Ocidental. O Direito 
que regia a sociedade em tal fase era consuetudinário, baseado em costumes das 
comunidades. 
Nos anos quinhentos, incluem-se nos pactos entre o rei e os senhores feudais 
outros elementos que darão nascimento, em definitivo, aos grandes estados nacionais. As 
relações de poder passam das mãos privadas dos senhores feudais à esfera pública (o 
Estado Centralizado). Na Idade Moderna, poder econômico e político se dissociaram. 
O Estado Moderno se constitui e desenvolve como resultado da centralização e 
concentração do poder; redução da população a uma massa indistinta, anônima, uniforme 
e indiferenciada de súditos; o poder estatal se separa da sociedade. No Estado Moderno, 
o Estado detém o monopólio do sistema monetário, jurídico, e tributário. 
A primeira expressão do Estado Moderno se alicerça na ideia de soberania que vai 
levar à concentração de todos os poderes nas mãos dos monarcas, o que vai originar as 
chamadas monarquias absolutistas em que o Estado é personificado na figura do Rei (“O 
Estado sou Eu”). 
As monarquias absolutistas refletem uma situação em que o rei se torna o senhor 
do Estado. A estratégia absolutista foi fundamental para assegurar a unidade territorial 
dos reinos, sustentando um dos elementos fundamentais da forma estatal moderna: o 
território. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O poder monárquico absolutista fundamentava-se na ideia que o poder dos reis 
tinha origem divina, o que lhe permitia se desvincular de qualquer vínculo limitativo de 
sua autoridade. Segundo Bodin: “a soberania do monarca era perpétua, originária e 
irresponsável em face de qualquer outro poder terreno”. 
O Estado Absolutista é uma forma de governo em que o detentor do poder exerce 
este último sem dependência ou controle de outros poderes, superiores ou inferiores. O 
Absolutismo, entretanto, não pode ser confundido com tirania, visto que o absolutismo 
dispunha de limites internos com relação à valores e crenças da época. O Absolutismo 
finda convencionalmente com a Revolução Francesa de 1789. 
A passagem da forma Estatal Medieval para o Estado Absolutista representou um 
avanço para as relações sociais e de poder. O Estado Moderno, nessa sua primeira fase, 
calca-se na burocracia e exército, sendo este último fundamental para manter o cerne e a 
estrutura do Estado Moderno: a soberania territorial. 
Com a superação do Estado Romano, 1º a efetivar o ideal de imperialismo e de 
extensão territorial, o povo bárbaro passa a fragmentar o seu poder político, em razão dos 
grupos bárbaros assenhorarem-se de pequenos territórios que a posteriori gerariam 
feudos. 
As invasões bárbaras foram representadas por incursões armadas pelo território 
do Império Romano, perturbando e transformando a ordem estabelecida. Tal povo era 
oriundo de várias partes da Europa, sobretudo do norte. Os povos denominados bárbaros 
eram germanos, eslavos, godos, etc. Estes introduziram novos costumes, estimularam a 
regiões invadidas a se afirmarem como unidades políticas independentes, daí resultando 
o aparecimento de inúmeros estados. 
Tais feudos seriam autossuficientes e produziriam bens e alimentos que o 
sustentassem. Estas pequenas porções de terra englobavam a relação suserano-vassalo, 
esta favoreceu a fragmentação do poder político, visto que o vassalo de um suserano, 
também era suserano de outro vassalo. 
Nesse Período da Idade Média houve o fortalecimento do poder da igreja católica, 
visto que a cultura grega e romana, responsáveis pelas reflexões filosóficas, foram 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
obscurecidas. Destarte, a igreja passou a dar as respostas às perguntas propostas em tais 
reflexões ao seu bel-prazer, não sendo possíveis de racionalização e baseadas na fé. 
O Index Librorum Prohibitorum, o Índice dos Livros Proibidos, foi uma lista de 
publicações literárias que eram proibidas pela Igreja Católica, criado no Concílio de 
Trento, e ficando sob a administração da Inquisição ou Santo Ofício. Esta lista continha 
os livros ou de obras que se opusessem a doutrina da Igreja Católica e deste modo tinha 
o objetivo de prevenir a corrupção dos fiéis. Aqueles que propusessem ideias contrárias 
à da Igreja Católica e mantivessem o seu pensamento eram submetidos à Inquisição. 
O poder da igreja católica se fundamentava na falta de conhecimento, ignorância, 
envolvendo o temor à ira de Deus. Tal poder cresce tanto que os imperadores só eram 
reconhecidos quando a igreja os reconhecia e os coroavam. Os cristãos foram tão 
perseguidos na Antiguidade e passaram a ser perseguidores, tendo em vista a garantia do 
seu poder político. 
A Igreja, inclusive, vai estimular a afirmação do Império como unidade política, 
pensando em instituir o Império da Cristandade. Inobstante, segundo Dallari, tal império 
seria inviável em razão a infinidade de centro de poder (reinos, senhorios, comunas, 
organizações religiosas) e a própria recusa de inúmeros imperadores em se submeter à 
autoridade da Igreja. 
As relações feudais baseavam-se na confiança. As terras pertenciam ao senhor 
feudal que relacionava-se aos reis e vassalos, a estes eram garantidos estadia, trabalho, 
provisão de bens necessários e segurança, estes garantiam a existência de feudos evitando 
invasões. A relação entre os vassalos e senhores feudais gera ligações pessoais que 
fragmentam ainda mais o poder político, visto que cada feudo tinha a sua moeda e suas 
regras. Dessa forma, surgiu o Direito Consuetudinário, baseado nas leis e costumes de 
cada feudo. 
Diversas arbitrariedades eram cometidas em todo feudo e o senhor feudal 
estabelecia instituições, as quais deveriam ser respeitadas pelos habitantes deste. 
A Idade Média é um dos períodos mais extensos. Ainda na Idade Média se 
estabelece a sociedade estamental, cada grupo tinha o seu estatuto jurídico (quem 
mandava mais, tinha maiores regalias), o que gerava insatisfação. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
No início a produção de excedentes era absorvida pelo escambo, também 
denominado de permuta, troca direta ou, simplesmente, troca é a transação ou contrato 
em que cada uma das partes entrega um bem ou presta um serviço para receber da outra 
parte um bem ou serviço em retorno em forma de Crédito, sem que um dos bens 
seja moeda. Isto é, sem envolver dinheiro ou qualquer aplicação monetária aceita ou em 
circulação. 
Inobstante, chegou um momento em que o escambo não era mais capaz de 
absorver todos os excedentes, estes passaram a ser comercializados em feiras, eventos em 
locais públicos em que as pessoas em dias e épocas predeterminados expõem e vendem 
mercadorias, que surgiam em torno dos principais feudos. Um exemplo é a feira de 
flandres. 
As feiras angariavam o excesso de produção que era comercializado, dando 
origem ao comércio. O comércio se aflorou em torno dessas feiras, começando a 
constituir burgos, aqueles que habitavam-nos e exerciam o comércio passaram a ser 
chamados de burgueses. 
O comércio tanto floresceu que os 1º objetivos das Grandes Navegações, por 
exemplo, era encontrar rotas de comércio mais rápidas e eficazes. É importante ressaltar 
que na época das Grandes Navegações, os Estados já vigoravam. 
Os burgos cresceram e os burgueses passaram a deter o poder da moeda. 
Entretanto, cada feudo era um entrave ao comércio, visto que possuía suas próprias 
moedas e impostos.Dessa forma, os burgueses tiveram a ideia de unificar as moedas, o 
poder político e as regras jurídicas dos feudos. A burguesia, portanto, se associou aos reis, 
criando exércitos para unificar o poder político, dando origem às nações. Os Estados 
foram se constituindo em razão do financiamento burguês. Sendo assim, os reis 
conseguiram realizar a unificação do poder político, exercendo-o sob um território 
determinado. 
A formação do Estado Nacional Alemã e Italiano foi uma das últimas. O Estado 
se distingue das estruturas antigas que o antecederam. A unidade do poder político do 
poder dos reis propicia a passagem do Feudalismo à 1º Fase do Estado Moderno, a fase 
absolutista. Tal fase foi financiada pela burguesia e seria derrubada por esta mesma classe, 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
em razão de imputar óbices ao livre desenvolvimento do comércio e de ser a classe 
responsável por sustentar os gastos do clero, rei e nobreza. 
Nos Estados Absolutistas, os nobres tinham regalias, só sendo beneficiados e não 
onerados pela lei: “A lei não era a mesma para os ônus e bônus”. As leis impunham 
gravames e sujeição da burguesia, em favor da nobreza. A burguesia, portanto, sustentava 
os gastos do clero, nobreza e do rei. Segundo Bodin e Hobbes, havia uma identidade entre 
soberania e Estado. 
O poder político nos Estados Absolutistas era garantido também por meio de 
casamentos que favorecia a efetivação de alianças. O Estado Absolutista cometia 
excessos, abusos, atrocidades, exercendo o poder tributário de forma abusiva e também o 
poder punitivo (jus puniendi), dessa forma ofendia dois direitos naturais essenciais: a 
propriedade e a liberdade. Sendo assim, a insatisfação popular aumenta e o povo se 
associa à burguesia promovendo revoluções e ressureições. 
A insatisfação ainda foi motivada pela revolução das colônias inglesas contra a 
metrópole, constituindo uma nova ordem norteada pela democracia (soberania do povo 
ou da nação). O poder político exercido no absolutismo era personalíssimo, visto que era 
exercido por uma pessoa, o rei, irracional e abusivo. Dessa forma, o rei exercia o poder 
segundo o seu livre-arbítrio, tornando-o em arbitrariedade. Segundo Lord Acton: “Se o 
poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente”. Montesquieu afirmava que 
quem exerce o poder tem a tendência de abusar deste. 
As Revoluções favorecem o surgimento do constitucionalismo moderno (Estado 
Liberal de Direito). A Constituição domestica o exercício do poder político que passa de 
norteado pela arbitrariedade e pelos privilégios nobiliárquicos a ser dividido, limitado e 
legitimado pelo Direito e pelos governados. 
O Estado Absolutista é a 1º fase do estado moderno. O poder absoluto está 
fundamentado em Hobbes. A soberania é do Estado. O soberano se confunde com o 
estado. A soberania englobaria as leis divinas, as leis naturais e a palavra do príncipe. No 
Estado Absolutista há uma concentração do poder no soberano que o exerce sem 
legitimidade. 
MODELO LIBERAL 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
No plano jurídico o Estado Absolutista seria o Estado de Direito? O Estado de 
direito assegurava garantias aos indivíduos que compõem o estado, sendo norteado a 
partir das normas jurídicas. O Estado de não direito está as submetido às arbitrariedades 
de um indivíduo que encontra-se imbuído de um poder não necessariamente legítimo. 
Há uma dúvida no que tange se o Estado de Direito está associado ao common 
law ou à soberania das leis. Os estados regidos pela common law também possuem leis, 
mas estas não são fonte prioritária ou precípua do direito, os costumes tem uma 
fundamental função nos estados da common law. Alegar que os Estados regidos pela 
common law são privados de leis é o mesmo que alegar que os Estados regidos pela civil 
law são privados de costumes. O art. 5º da Lei de Introdução Às Normas do Direito 
Brasileiro: se refere justamente ao non liquet: Na obscuridade ou na lacuna da lei, o juiz 
não se isenta de julgar, cabendo recorrer à analogia, aos costumes e aos princípios gerais 
do Direito. 
O Estado Absolutista se caracteriza um Estado de não direito. Em certo sentido 
qualquer estado será de direito, caso seja admitido que o Estado de Direito é aquele Estado 
que atua através do direito, criando normas para atuar. O Estado Nazista, por exemplo, 
nesta ótica era considerado Estado de Direito. Inobstante, é importante ressaltar que não 
é esse sentido de Estado de Direito não será inaugurado posteriormente com o advento 
do constitucionalismo moderno, quando surgirem as revoluções e a independência 
americana. 
O Estado de Direito não pode ser aquele em que o direito seja arbitrário como no 
absolutismo, por isso que o absolutismo será um estado de não direito, pois foge, não se 
satisfazendo ao referencial de direito justo e legítimo. 
Por uma série de fatores, o absolutismo passou por um processo de 
enfraquecimento. Na Inglaterra, antes do que no continente, todos os processos históricos 
foram relativamente antecipados, as revoluções industriais aconteceram antes na 
Inglaterra do que no continente e o constitucionalismo e o estado de direito (rule of law) 
surgiram antes na Inglaterra que no continente. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O Absolutismo inglês vai se transformar através de um processo lento, passivo de 
transição em uma monarquia constitucional. Fora do Continente, antes mesmo da 
revolução francesa se dá a independência americana e no Continente a revolução francesa. 
Nas colônias americanas, não existia Estado, mas sim 13 colônias que eram 
abusivamente tributadas, considerando-se tal fato, as colônias passaram a exigir que 
qualquer aumento de tributo passasse pelo seu crivo, a Inglaterra não aceitou e cada uma 
delas, todas financiadas pela França resolveram se unir e se insurgir contra a metrópole 
dando início ao processo de independência. As 13 colônias originalmente instalaram uma 
confederação de estados que é uma associação entre estados soberanos independentes 
através de um tratado. Esse vínculo estabelecido pela revolução inglesa era tênue e frágil, 
visto que se o estado é soberano e o vínculo se dá por meio de um tratado, ele pode se 
retirar do tratado quando bem entender. 
Tal vínculo não propiciou o fortalecimento e unidade que seriam necessárias para 
que as 13 colônias mantivessem a sua independência e se desenvolvessem. Em razão 
disso, um dos principais fundadores da constituição americana, ressaltando-se que até este 
momento não havia constituição, chamado Madison resolveu convocar uma convenção 
que aconteceria na Filadélfia, devendo ter representantes das 13 ex-colônias para discutir 
como aperfeiçoar a confederação, só que Madison já sabia que seria necessário criar outro 
tipo de associação que Estado distinta da Confederação e este já tinha em mente algo que 
seria responsável pelo surgimento na história da primeira constituição positivada do 
mundo que até hoje está em vigor: A constituição americana de 1787. A convenção 
ocorreu, somente não estando presente 3 delegados de estados. 
Os americanos tem um zelo muito grande com a constituição, em razão da sua 
história ter se iniciado com a promulgação do documento constitucional. A Constituição 
americana começa com uma expressão extremamente significativa: Nós, o povo dos 
Estados Unidos da América, Estados outrora independentes agora unidos também. 
No curso da história, os americanos passaram a interpretar de forma bastante 
segregadora essa declaração porque elesentendiam: nós e nós e mais ninguém. A 
Suprema Corte nos anos 90 deu uma decisão em que um cidadão porto riquenho era 
traficante internacional de drogas. Os EUA mandaram uma equipe para Porto Rico, 
invadiram a casa deste, prenderam o cidadão, recolheram todas as provas e levaram para 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
os Estados Unidos, ele começou a ser julgado e arguiu que todas as provas tinham sido 
obtidas por meios ilícitos. Porém o Supremo afirmou que o fato ocorreu fora dos EUA e 
que o referido traficante não era estado unidense, não podendo disfrutar dos direitos 
constitucionais americanos. Destarte, muitas atrocidades são cometidas e ficam como 
está, mesmo tendo uma base de julgamento americana. 
Há a transição do Estado Absolutista para o Estado Liberal de Direito ou Estado 
de Direito Liberal ou Estado de Direito Liberal Burguês. Já na França havia uma crise 
econômica grave e drástica que foi bastante piorada quando a França para derrubar a 
Inglaterra mandou recursos para as colônias americanas na luta pela independência. O 
Rei resolveu convocar os Estados Gerais, sendo que cada um representava um estamento 
(o clero, a nobreza e os burgueses juntamente à plebe), sendo o terceiro estado mais 
numeroso. 
Os Estados Gerais deveriam discutir como superar a crise, mas foi um tiro no pé, 
porque uma vez convocados e por esforço de um clero que defendia o terceiro estado. O 
terceiro estado reivindicou que os representantes do terceiro Estado fossem escolhidos 
dentro do terceiro estado, que o número de representantes fosse proporcional ao de 
representados e que os votos não fossem por grupo, mas por cabeça, visto que se fosse 
por grupo o clero e a nobreza votariam juntos, totalizando dois votos e o terceiro estado 
perderia. Os outros dois estados negaram e o terceiro Estado afirmaram que se não fosse 
por bem iria por mal, resolvendo diante das resistências, no ato inicial da revolução 
francesa, proclamar a assembleia nacional constituída, houve uma tendência 
revolucionária, uma contrarrevolução. 
Os líderes da revolução francesas foram os primeiros a serem corrompidos por ela 
própria, a exemplo de Robespierre. A França teve a declaração de direitos do homem e 
do cidadão de 1789 (os primeiros direitos assegurados eram aqueles que visavam conter 
o poder absoluto do Estado e para viabilizar as condições necessárias ao capitalismo, tais 
primeiros direitos eram classificados como de primeira dimensão, foram as liberdades de 
pensamento, locomoção, econômicas- livre inciativa e livre concorrência, a igualdade 
formal- o que acabou com a sociedade estamental francesa, a nobreza agora tanto se onera 
como se beneficia e o direito de propriedade, fundamental para o liberalismo econômico, 
pai do capitalismo, o direito à segurança individual e em homenagem a Locke, o direito 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
de resistência) .Os EUA já tinham a Declaração de Direitos do bom povo da Virgínia de 
1766. 
Depois disso a França teve a Constituição de 1791, 1793 e 1795, mostrando os 
influxos e refluxos da Revolução Francesa. Ao final, na França se instalou o Estado de 
Direito liberal burguês, se manifestando o constitucionalismo moderno, o que trará 
consigo as Constituições positivadas e os direitos fundamentais de primeira dimensão e 
através deles vai instaurar o Estado de Direito e o Estado Liberal (não interventor, 
absenteísta, que deixa o mercados e reger por si só e consagra os pressupostos jurídicos 
para o estabelecimento de uma economia de livre mercado, seguindo a doutrina de Adam 
Smith, porque o mercado como instituição natural, seria regido por leis naturais da oferta 
e da procura, tão naturais quanto a lei da gravidade e pelas ações dos agentes econômicos 
que atuariam levados pela razão e racionalidade e conduzidos pela ótica da competição) 
que sucede o Estado Absolutista. 
A Economia de livre mercado terá as condições jurídicas necessárias ao seu 
estabelecimento asseguradas pelo constitucionalismo moderno e as constituições que 
passaram a ser redigidas. O advento do constitucionalismo moderno significa a crença, a 
confiança na capacidade do direito de domesticar o exercício arbitrário do poder político. 
A ideia é que as constituições limitassem o poder político, tanto através dos direitos como 
através das separações de poderes, tanto que a declaração de direitos do homem e cidadão 
traz o art. 16 que declara que qualquer estado que não tenha a separação de poderes e nem 
direitos não poderá ser tido como Estado que tenha Constituição. Dessa forma o Estado 
absolutista é rejeitado e o liberal é instaurado. O Estado liberal trará consigo vários outros 
problemas graves, visto que o seu desenvolvimento levou a percepção de que não apenas 
o Estado oprime o ser humano. 
O ser humano poder oprimir o ser humano se por acaso tiver o poder econômico 
e a evolução mostrará que saindo do Estado Liberal até outras formas de Estados até 
chegar ao Estado atual que enfrenta inúmeros problemas e dificuldades decorrentes da 
globalização e da política neoliberais e intercorrentes de fundamentalismo. 
O Estado de Direito garantia os direitos fundamentais de 1º grau, afirmando as 
bases necessárias ao capitalismo e propiciando o advento do Estado Liberal. O Estado, 
assim como todas as instituições, não é estanque, sempre se modificando, sendo dotado 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
de caráter processual. O Estado passou a se afastar, não intervindo no mercado e seguindo 
a doutrina liberal a qual Adam Smith defendia. 
 Qualquer estado que seja norteado pelo capitalismo tem agentes que dominam o 
poder econômico (controlando o mercado) o outros que não o detém. Essa economia de 
livre mercado ocasionou problemas econômicos e sociais, os econômicos levaram ao 
surgimento da questão social, caracterizado por um vício estrutural do sistema capitalista 
que gerava um processo contínuo, progressivo e grave de pauperização, empobrecimento 
e exclusão social. A questão social é um vício inerente ao sistema capitalista. 
 O Estado para tentar reprimir insurreições e revoluções criou vários tipos penais 
a exemplo do crime de vadiagem. Inobstante, quando os sindicatos se fortaleceram e o 
direito ao voto foi estendido aos pobres (excluindo os socialistas), com a doutrina social 
da Igreja, a doutrina do anarquismo, da revolução russa levaram à superação do Estado 
Liberal e o surgimento do Estado de Direito, em que o Estado intervinha na economia 
através dos tributos para tentar prover a distribuição equânime da riqueza através de 
benefícios e programas sociais. 
O Estado visava garantir Educação, Saúde, Trabalho e Segurança social, 
promovendo um tratamento mais favorecido pelos que são desiguais, de fato, 
promovendo a competição material. 
O MODELO LIBERAL 
RESUMO DO LIVRO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO 
LENIO STRECK E BOLZAN 
O contratualista Rousseau exerceu grande influência sobre os revolucionários 
franceses que inauguraram em 1789 uma nova fase do Estado Moderno. Enquanto 
instituição centralizada, o Estado Absolutista foi fundamental para os propósitos da 
burguesia no nascedouro do capitalismo, quando esta, por razões econômicas “abriu mão” 
do poder político, delegando-o ao soberano, concretizando-se o que Hobbes sustentou no 
Leviatã. É importante ressaltar que a monarquia absolutista favoreceu consideravelmente 
os interesses da burguesia nascente, mormente na área econômica. A monarquia absoluta, 
já sem meios de qualquer ação impeditiva à expansão capitalista daprimeira idade do 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
Estado Moderno, passa a estimulá-la com a adoção de políticas mercantilistas, visto que 
a monarquia absolutista exercitava a política que lhe mantivesse no poder, dessa forma o 
absolutismo real aparelhou a crise revolucionária que teria como consequência a sua 
própria destruição. 
Na virada do século XVII, entretanto, esse mesma classe não mais se contentava 
em ter o poder econômico; queria, sim, agora, tomar para si o poder político, até então 
privilégio da aristocracia, legitimando-a como poder legal-racional, sustentando em uma 
estrutura normativa a partir de uma “Constituição”, destarte convocaram a reunião de uma 
assembleia constituinte. 
A França foi um palco ideal para as contradições. Na França pré- revolucionária, 
o clero e a nobreza não pagavam qualquer tipo de impostos, o rei Turgou propôs suprimir 
os privilégios e obriga-los a pagar os impostos. Entretanto, houve uma resistência e uma 
insistência em manter os privilégios e contra o gravame tributário. A combinação das 
demandas das novas forças sociais- populares com as exigências da burguesia enriquecida 
pelas atividades comerciais nas cidades forneceu o embasamento necessário aos 
acontecimentos que viriam a ocorrer a posteriori. 
Em 1788, o Rei aceitou a convocação dos Estados Gerais, até então, as votações 
eram feitas por ordem e não por cabeça, tendo-se em vista que a nobreza e o clero 
representavam menos pessoas que o terceiro estado, o rei autorizou a duplicação do 
número de representantes do terceiro estado que se reforçou e fortaleceu as suas 
reivindicações. O terceiro estado desejava que as votações fossem por cabeça, visto que 
se fossem por grupos, estes não seriam devidamente contemplados. Tal impasse e as 
dificuldades para superá-lo propiciaram a eclosão dos fatos revolucionários que se 
seguiriam. 
Com a Revolução Francesa, a burguesia inaugura seu poder político como classe. 
A reivindicação de uma Constituição se baseava na tese de que o contrato social 
encontrava sua explicitação na Lei Maior. O liberalismo foi uma doutrina que foi se 
forjando nas marchas e contramarchas contra o absolutismo onde se situa o crescimento 
do individualismo que se formula desde os embates pela liberdade de consciência 
religiosa. Destarte, o liberalismo contribui na doutrina dos direitos e do 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
constitucionalismo, estes como garantias contra o poder arbitrário, da mesma forma que 
contra o exercício do poder legal. 
Dessa forma, liberalismo por largo tempo se associa à ideia de poder monárquico 
limitado e num bom grau de liberdade civil e religiosa, o que gerou uma compreensão 
protoliberal de estado mínimo, atuando apenas para garantir a paz e a segurança. O 
liberalismo significa uma limitação da autoridade, bem como uma divisão desta. Várias 
das conquistas liberais foram: as liberdades, os direitos humanos, a ordem legal, o 
governo representativo, a legitimação da mobilidade social. 
Um quadro referencial unívoco que caracteriza o movimento liberal é a ideia de 
limites, por isso, Bobbio afirma que: “... o liberalismo é uma doutrina do Estado limitado 
tanto com respeito aos seus poderes quanto às suas funções”. 
Segundo N. Matteucci, é a crise do liberalismo, por um lado, que vai gerar novas 
formas de exercício do poder e de políticas públicas, mantendo intactas, em certa medida, 
as postulações centrais do pensamento liberal de organização do poder e liberdades. 
Segundo Bobbio: “O liberalismo é uma determinada concepção de Estado, na qual 
este tem poderes e funções limitadas, e como tal se contrapõe tanto ao Estado absoluto 
quanto ao Estado que hoje chamamos de social”. Para Roy Macridis, o liberalismo é uma 
ética individualista pura e simples que se expressa, num primeiro momento, em termos 
de direitos naturais e, posteriormente, numa psicologia que considera os interesses 
materiais e sua satisfação como importantes na motivação dos indivíduos. 
O liberalismo nos EUA aproximou-se do social-liberalismo em que uma 
preocupação igualitária não chega ao autoritarismo estatal, mas que, no entanto, prega 
uma ação estatal muito além da condição mínima. 
Apesar das múltiplas facetas do liberalismo, é possível ater-se à ideia de que é 
uma doutrina que prega a ideia de limites /liberdades, tendo como principal ator o 
indivíduo. 
O liberalismo é plural tanto na sua concepção quanto no conteúdo. O núcleo moral 
do liberalismo contém uma afirmação de valores e direitos básicos atribuíveis a natureza 
do ser humano- liberdade, dignidade, vida- que subordina tudo mais à sua implementação. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
No interior desse núcleo, é possível perceber a ocorrência de liberdades individuais: 
pessoais, consistentes nos direitos que garantem a proteção individual contra o governo. 
O requisito básico é que homens e mulheres vivam sob leis gerais e abstratas, previamente 
conhecidas. Locke afirma que “Liberdade ter uma lei permanente, comum a todos na 
sociedade e feita pelo poder legislativo nela instituído”. São as liberdades individuais de 
pensamento, expressão, crença etc; civis; sociais, associadas à oportunidade de 
mobilidade social. 
O núcleo político do liberalismo apresenta-se sobre 4 aspectos: consentimento 
individual, o consentimento seria a fonte da autoridade política e dos poderes de Estado. 
O status dava lugar ao contrato. A representação, ou seja, quem deve tomar as decisões 
é a legislatura eleita pelo povo, restringida pela própria natureza da convenção que a 
estabeleceu. Há limites para a legislatura. O constitucionalismo, estabelecimento de 
documento fundamental acerca dos limites do poder político, é essencial para a garantia 
dos direitos fundamentais do indivíduos, bem como para traçar os marcos da atividade 
estatal, limitando os seus poderes e dividindo as suas funções. A constituição escrita 
estatui limitações explícitas ao governo nacional e aos estados individualmente e 
institucionaliza a separação dos poderes de tal maneira que um controla o outro. Além do 
último aspecto, a Soberania popular. 
O modelo econômico do liberalismo se associa à ideia dos direitos econômicos e 
de propriedade, individualismo econômico ou sistema de livre imprensa ou capitalismo. 
Seus pilares tem sido a propriedade privada e uma economia de mercado livre de 
controles estatais. A competição seria o termômetro regulador e era enfatizada o caráter 
voluntário das relações entre os diversos fatores econômicos. Dentre os seus teóricos, 
encontra-se Adam Smith que afirma que o que importa é dar liberdade à ação individual 
e limitar o papel do estado à simples manutenção da ordem e da segurança. Este 
acreditava que a harmonia social e econômica resultaria da livre concorrência e da 
interação entre forças e interesses econômicos. A mão divina traria ordem e riqueza aos 
interesses concorrentes. 
O liberalismo se apresentou como uma teoria antiestado, sendo o aspecto central 
de seus interesses o indivíduo e suas iniciativas. As tarefas do estado deveriam se reduzir 
à manutenção da ordem e segurança, protegendo as liberdades civis, pessoal e 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
assegurando a liberdade econômica dos indivíduos. Toda a intervenção do Estado que 
extrapole estas tarefas é má, pois enfraquece a independência e a iniciativa individuais. 
Inobstante, segundo Nicola Matteucci, o liberalismo lutara fundamentalmente 
pelas liberdades,e consequentemente reivindicara a não interferência por parte do Estado 
e a garantia para estes direitos individuais, civis e políticos, entretanto para atingir tais 
finalidades, a lógica liberalista renunciou ao dogma da não intervenção do Estado na vida 
econômica e social. 
O WELFARE STATE E A TRANSFORMAÇÃO DO LIBERALISMO 
RESUMO DO LIVRO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO 
LENIO STRECK E BOLZAN 
 A ideia de intervenção, uma das características do Welfare State, não é um 
novidade do século XX. Entretanto, há uma distinção clara entre o papel interventivo 
contemporâneo- vinculado à idiea de função social- e aquele- assistencial- antes 
realizado. 
 O Estado negativo, com um intervencionismo zero, nunca foi experimentado, 
desde a sua criação o ente estatal interveio em maior ou menor escala, inobstante algum 
grau de intervencionismo sempre foi experimentado, em razão de caso contrário, haver a 
supressão do Estado como ente artificial que deve responder às características postas pelo 
Contrato Social. 
 De acordo com Fernando Scarff, apenas por sua existência, o Estado implica 
intervenção. No modelo liberal, o que há, efetivamente, é uma exclusão da atuação estatal 
interventiva com relação ao processo econômico. Sendo assim, tal processo fica imune à 
regulação do ente público, sendo forjado pelos arranjos "naturais" do próprio mercado 
capitalista. 
 Após a fase absolutista, o Estado Moderno assume a visão do poder público 
percebido e apresentado como inimigo da liberdade individual, uma vez que, para 
burguesia enriquecida, a liberdade contratual era tida como um direito natural dos 
indivíduos. Já no século XIX, o Estado Liberal resultante da ascensão política da 
burguesia, organizou-se de maneira a ser o mais fraco possível, caracterizando-se como 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
o Estado mínimo, com funções restritas quase que á mera vigilância da ordem social e à 
proteção contra ameaças externas. 
 É preciso levantar alguns aspectos próprios da adoção do ideário liberal, onde, ao 
lado do desenvolvimento econômico e técnico científico, viu-se o agigamento dos centros 
urbanos e o surgimento do proletariado urbano, fruto do desenvolvimento industrial e da 
consequente destruição de modos de vida antigos e tradicionais. A mudança nas atitudes 
do Estado teve como um dos motivos mais significativos a crise gerada pela ortodoxia 
liberal. 
 Nos EUA, com o New Deal de Roosevelt, ocorre um apoio maciço a programas 
de obra públicas, regulamentação de crédito, controle sobre a produção agrícola; 
regulação das horas de trabalho; salários minímos; negociação coletiva; sistema 
abrangente de seguros sociais. 
 O projeto liberal teve como consequências: o progresso econômico; a valorização 
do indivíduo, como centro e autor fundamental do jogo político e econômico, tais 
circunstâncias geraram, por outro lado, uma postura ultraindividualista, assentada em um 
comportamento egoísta; uma concepção individualista e formal de liberdade; a formação 
do proletariado em consequência da revolução industrial, bem como a urbanização, 
condições de trabalho, segurança pública, saúde. Evidentemente que isto trouxe reflexos 
que se expressaram nos movimentos socialistas e em uma mudança de atitude por parte 
do poder público, que vai se expressar em ações interventistas sobre o domínio 
econômico. 
 Segundo Dallari, há um duplo aspecto nesse processo de tranformação do Estado 
Liberal: a) a melhoria das condições sociais, uma vez que o poder público se asume como 
garantidor de condições mínimas de existência para os indivíduos; b) garantia regulatória 
para o próprio mercado, visto que o próprio poder público passa a funcionar como agente 
financiador, consumidor, sócio, produtor, em relação à economia. 
 A transformação desse perfil mínimo adotado pelo Estado Liberal tem como 
causas, segundo Dallari: A Revolução Industrial e suas consequências de 
proletarização, urbanização (transporte, saúde, saneamento, moradia), mudança nas 
condições de trabalho, previdência e degradação ambiental; a primeira guerra mundial, 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
visto que esta rompe a tradição do liberalismo econômico, acelerando violentamente a 
ação de fatores desagregadores; a crise econômica de 1929 e a Depressão trouxeram 
embutida a necessidade e uma economia interventiva onde se reconciliam os dois maiores 
fatores de estabilidade econômica:a iniciativa privada e a ação governamental, que 
engendrm a política social de Roosevelt e o New Deal americanos; a segunda guerra 
mundial com a emergência da guerra, impõe a assunção de um papel controlador dos 
recursos sociais; as crises ciclícas, em razão da ação nefasta dos monopólios e o 
exacerbamento das desiguldades sociais; os movimentos sociais, visto que o interesse 
social é muitas vezes incompatível com a livre concorrência; liberdade positiva 
(liberdades sociais). 
*A liberdade positiva é como ter o poder e os recursos para cumprir suas próprias 
potencialidades, controlar e determinar suas próprias ações e destino. Já a liberdade 
negativa é a não interferência do poder Estatal sobre as ações individuais. 
 A doutrina social da igreja formou uma das pilastras da formulação deste "novo 
liberalismo". 
 Segundo Fernando Scarff, a transição do Estado Liberal se operará por fatores da 
própria economia capitalista, além de circunstâncias históricas. Os aspectos que a 
impulsionaram foram: posições monopolísticas, crises cíclica no mercado capitalista, 
presença de externalidades (poluição, congestionamento, esgotamento dos recursos 
naturais), teorias socialistas, crítica profunda ao projeto liberal que considerava a venda 
da força de trabalho como a venda de qualquer mercadoria, bem como primeira guerra 
mundial, em que surgiu a necessidade de o Estado atuar para organizar as necessidades 
produtivas, direcionando-as para o esforço de guerra. 
 Da propriedade privada dos meios de produção passou a viger a função social da 
propriedade, e da liberdade contratual passou-se ao dirigismo contratual. Contudo, o 
primado básico do Estado Liberal se mantém, sendo assim, há a separação entre os 
trabalhadores e os meios de produção, gerando mais-valia e a apropriação privada pelos 
detentores do capital. 
 A burguesia se sentiu ameaçada pelas tensões sociais existentes e, em razão delas, 
possibilitou maior flexibilização do regime liberal. A própria burguesia, entretanto, se 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
beneficiou desta intervenção, pois possibilitou que a infraestrutura básica necessária para 
o desenvolvimento das atividades de acumulação e expansão do capital fosse gerada com 
verbas públicas. 
 A intervenção estatal pode ser direta ou indireta, a primeira se dá quando o Estado 
exerce atividade econômica, assumindo a condição de parceiro dos agentes privados 
econômicos. A segunda ocorre quando o Estado age dirigindo ou controlando as 
atividades econômicas privadas. Não como partícipe, mas como legislador. 
 O desenvolvimento do Estado de Bem-estar social pode ser creditado a uma ordem 
política, através da luta pelos direitos individuais, pelos direitos políticos e, finalmente 
pelos direitos sociais. Além disso também, à transformação da sociedade agrária em 
industrial. Tal modelo de estado garante tipos mínimos de renda, alimentação, saúde, 
habitação, educação, assegurados a todo cidadão, não como caridade, mas como direito 
político. 
 Tal estado inclui o direito próprio do cidadão a ter garantido o seu bem-estar pelaação positiva do Estado como afiançador da qualidade de vida do povo. Estabelece-se, 
segundo Bobbio, um novo contrato social, que nomina de socialismo liberal, em que 
partindo-se da mesma concepção individualista da sociedade e adotando os mesmos 
instrumentos liberais, busque a implementação da democracia com um caráter igualitário. 
 Sendo assim, é atribuída uma função social ao Estado Contemporâneo, tal função 
compactua, em abstrato, com uma condição instrumental do Estado, compromisso com o 
bem comum e com a dignidade do ser humano. 
A PECULIARIDADE DO INTERVENCIONISMO ESTATAL NO BRASIL 
RESUMO DO LIVRO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO 
LENIO STRECK E BOLZAN 
As peculiaridades do desenvolvimento dos países da América Latina- processo de 
colonização, séculos de governos autoritários, industrialização tardia e dependência 
periférica- não permitiram a gestação e o florescimento de um Estado de Bem-estar social 
ou algo que a ele se assemelhasse. O intervencionismo estatal confunde-se historicamente 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
com a prática autoritária/ditatorial, aumentando as distâncias sociais e processo de 
empobrecimento da população. 
A tese intervencionista brasileira sempre esteve ligada ao patrimonialismo das 
elites herdeiras do colonialismo. Sendo assim, o intervencionismo serviu tão somente 
para a acumulação de capital e renda em favor de uma pequena parcela da população. 
De acordo com Boaventura de Sousa Santos, o Estado social foi a instituição 
política inventada nas sociedades capitalistas para compatibilizar as promessas da 
Modernidade com o desenvolvimento capitalista. 
No Brasil, entretanto, a modernidade é tardia e arcaica, dessa forma, há um 
simulacro da modernidade, visto que em nosso país, as promessas de modernidade ainda 
não se realizaram, dessa forma a solução seria o retorno ao Estado Neoliberal. Inobstante, 
existe um imenso deficit social em nosso país, e, por isso, temos que defender as 
instituições da modernidade contra esse liberalismo pós-moderno. 
É evidente, pois, que em países como o Brasil, em que o Estado Social não existiu, 
o agente principal de toda política social deve ser o Estado. Quanto mais e necessita de 
políticas públicas, em face da miséria que se avoluma, mais o Estado, único agente que 
poderia erradicar as desigualdades sociais, se encolhe. O ordenamento constitucional 
brasileiro aponta para um Estado forte, intervencionista e regulador, entendido 
contemporaneamente como Estado Democrático de Direito. 
É importante destacar que a modernização é vista independentemente do bem-
estar coletivo. Obtém-se um imenso poder econômico, mas ele não consegue resolver os 
problemas da qualidade de vida. Constroem-se estruturas sociais que, ao se fazerem 
modernas, mantêm todas as características do que há de mais injusto e estúpido. As 
promessas da modernidade só são aproveitadas por certo tipo de brasileiros, para os 
demais, resta o atraso. 
Segundo Leonardo Boff: "nossas elites construíram um tipo de sociedade 
organizada na espoliação violenta da plusvalia do trabalho e na exclusão de grande parte 
da população". No Brasil, dessa forma, existem duas espécies de pessoas: o 
sobreintegrado ou o sobrecidadão que dispõe do sistema, mas a ele não se subordina, e o 
subintegrado ou subcidadão, que depende do sistema, mas a ele não tem acesso. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O quadro de insuficiência do sistema econômico é fruto das erradas políticas 
econômicas implementadas no país. Historicamente, cada vez que o país se vê na 
necessidade de mudanças, fruto de pressão popular e/ou conjuntura social, econômica e 
política, produzem-se alianças conservadoras, visando à conservação do poder. 
Segundo Marilena Chauí, a sociedade brasileira, colocada entre dois polos 
(carência e privilégio), não consegue ser democrática, por não encontrar meios para 
isso. As leis, por sustentarem os privilégios das elites, não são vistas como expressão 
nem de direitos nem de vontades provenientes de decisões públicas e coletivas. 
O ESTADO DE DIREITO 
RESUMO DO LIVRO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO 
LENIO STRECK E BOLZAN 
 Se o Estado se configura como instituição, o poder de mando em dado território 
necessita do Direito para fazer com que os demais elementos que comõem a sua estrutura 
sejam implementados. Estado e Direito, pois, na perspectiva clássica, passam a ser 
complementares e interdependentes, aquele monopolizando- ou pretendendo- a produção 
e aplicação deste. 
 O Estado de Direito emerge como uma construção própria à segunda metade do 
século XIX, nascendo na Alemanha- e, posteriormente, sendo incorporado à doutrina 
francesa, em ambos como um debate apropriado pelos juristas e vinculando a uma 
percepção de hierarquia das regras jurídicas, com o objetivo de enquadrar e limitar o 
poder do Estado pelo Direito. 
 O Estado de Direito surge desde logo como o Estado que, nas suas relações com 
os indivíduos, se submete a um regime de direito quando, então, a atividade estatal apenas 
pode desenvolver-se utilizando um instrumental regulado e autorizado pela ordem 
jurídica, assim como, os indivíduos-cidadãos- têm a seu dispor mecanismos jurídicos 
aptos a salvaguardar-lhes de uma ação abusiva do Estado. 
 A ideia de Estado de Direito carrega em si a prescrição da supremacia da lei sobre 
a autoridade pública, estando embasada na autolimitação do Estado pelo Direito. O 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
Estado de Direito não é mais um Estado jurídico/legal. Este não apenas assume-se e 
apresenta-se sobre uma roupagem constitucional normativa. 
 O Estado de Direito não é mais considerado somente como um dispositivo técnico 
de limitação do poder, resultante do enquandramento do processo de produção de normas 
jurídicas; é também uma concepção que funda liberdades públicas, de democracia e do 
papel do estado, o que constitui o fundamento subjacente da ordem jurídica. 
 O Estado de Direito, ora irá se apresentar como liberal em sentido estrito, ora 
como social, e por fim, como democrático. 
- ESTADO LIBERAL DE DIREITO 
 O Estado de Direito significa uma limitação do poder do Estado pelo Direito, 
porém não a possibilidade de legitimar qualquer critério concedendo-lhe forma de lei. 
Dessa forma, é importante ressaltar que para ser Estado de direito não é suficiente que 
seja um Estado Legal. É essencial observar, entretanto, que em seu nascedouro o conceito 
de Estado de Direito emerge aliado ao conteúdo próprio do liberalismo, impondo aos 
liames jurídicos, o ideário liberal no que diz respeito ao princípio da legalidade, a divisão 
de poderes ou funções e a garantia dos direitos individuais. 
 As características do Estado de Direito são: a Separação entre o Estado e a 
Sociedade Civil, a garantia das liberdades individuais, a democracia e o Estado Mínimo. 
Cabia a esse referido estado, o estabelecimento de instrumentos jurídicos que 
assegurassem o livre desenvolvimento das pretensões individuais, ao lado das restrições 
impostas à sua atuação positiva. Sendo assim, o direito próprio a este Estado, terá como 
característica central e como metodologia eficacial, a coerção das atitudes, tendo como 
mecanism fundamental a sanção. 
 - ESTADO SOCIAL DE DIREITO 
 Ao direito antepõe-se um conteúdo social. Sem renegar as conquistas e os valores 
impostos pelo liberalismo burguês, dá-se-lhe um novo conteúdo axiológico-político. 
Nesse Estado, a máquina estatal não somente deve omitir tudo o que seja contrário ao 
Direito, porémdeve também exercer uma ação constante, através da legislação e da 
administração que realize a ideia social de Direito. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
 A adjetivação pelo social pretende a correção do individualismo liberal por 
intermédio das garantias sociais coletivas. Corrige-se o liberalismo clássico, pela reunião 
do capitalismo om a busca do bem-estar social. Com o Estado Social de Direito, projeta-
se um modelo onde o bem-estar e o desenvolvimento social pautam as ações do ente 
público. 
 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO 
 O Estado Democrático de Direito surge como uma tentativa de conjugar o ideal 
democrático ao Estado de Direito, neste estando presente as conquistas democráticas, as 
garantias jurídico-legais e a preocupação social. Sendo assim, constitui-se um conjunto 
onde a preocupação báica é a transformação do status quo. 
 O conteúdo da legalidade assume a forma de busca efetiva da concretização da 
igualdade, dessa forma através do comando normativos, são realizadas intervenções que 
impliquem diretamente uma alteração na situação da comunidade. 
 O Estado Democrático de Direito tem um conteúdo transformador da realidade, 
não se restringindo, como o Estado Social de Direito, a uma adaptação melhorada das 
condições sociais de existência. Assim, o seu conteúdo ultrapassa o aspecto material de 
concretização de uma vida digna ao homem e passa a agir simbolicamente como 
fomentador da participação pública no processo de construção e reconstrução de um 
projeto de sociedade. 
Os princípios do Estado Democrático de Direito são: Constitucionalidade, Organização 
Democrática da Sociedade, Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos, 
Justiça Social como mecanismos corretivos das desigualdades, Igualdade, Divisão dos 
poderes ou de funções, Legalidade; Seguranças e Certezas Jurídicas. 
Dessa forma, o Estado Democrático de Direito teria a característica de ultrapassar 
não só a formulação do Estado Liberal de Direito, como também a do Estado Social de 
Direito, impondo à ordem jurídica e à atividade estatal um conteúdo utópico de 
transformação da realidade. O Estado Democrático de Direito inova mais no sentido 
teleológico da sua normatividade que nos instrumentos utilizados ou na maioria dos seus 
conteúdos. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O Estado Democrático de Direito pretende reestruturar as próprias relações 
sociais, tentando apontar para o resgate das promessas incumpridas da modernidade. 
A QUESTÃO DEMOCRÁTICA 
 O problema da democracia começa desde a Revolução Francesa, nesta era 
proposto o governo do povo (formado por homens brancos franceses). A democracia do 
século XIX se assemelhava a de Roma, porque tem a ideia de meritocracia, nesta era 
cidadão aquele que tinha condições econômicas, que fosse branco, não podendo ser 
estrangeiro. 
 A contestação presente nos movimentos sociais do século XIX (ludista, operário) 
promoveu ao modelo liberal de democracia uma reforma no conceito democrático. A 1º 
fase da democracia no século XIX afirmava que o povo teria que governar, ideia de nação. 
 No começo do século XX, a democracia liberal apresenta desgaste em razão da 
crise econômica, o socialismo, o facismo, comunismo criticam a democracia. Diante da 
ameaça do totalitarismo, a ideia de direitos é reforçada gerando debates acerca da 
desejabilidade da democracia e estrutura desta (como se deseja essa democracia? um 
valor? uma forma de viver? ou uma forma de vida?). 
 Hans Kelsen defende que a democracia é uma forma de governo (procedimento a 
partir do qual se sabe quem manda e porque manda). Para Kelsen, o direito é uma 
autoridade concedida pela norma de competência e exercida por quem é competente. O 
voto seria o meio mais racional para determinar quem detém a norma de competência. A 
democracia é um método de se validar o governo. A eficácia e a eficiência democrática 
se relaciona à estruturação da democracia. 
 A democracia implica uma opressão, a mesma que a democracia critica nos 
governos totalitários, visto que "a não intervenção já é uma forma do governo intervir". 
Os procedimentalistas agem através do procedimento burocrático (conjunto de 
instruções normativas que regem o funcionamento do Estado independente de quem 
o rege). Através do procedimento alcança-se o consenso pela maioria que gera a 
criação das elites dominantes. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
 A democracia permite o exercício da soberania, burocracia, soluções 
homogeneizantes. A assembleia seria uma representação do eleitorado. Esse é um 
conceito hegemônico de democracia (elites dominantes, o único conceito). Castoriadis 
afirma que a democracia é um estilo de vida, constante aprendizado. 
 A questão social é um elemento estrutural do sistema capitalista. As 1º 
constituições (México-1517) e (Weimar-1515) adotaram as normas programáticas 
(questão social). Na 1º fase, o estado social não logrou e o nazismo se instalou. Após a 
Segunda Guerra Mundial instalou-se a social-democracia nos países que viviam 
democraticamente. Já os países submetidos aos regimes autocráticos só integraram-se à 
social-democracia após findar tais regimes. 
 Após o Estado Social se instalou o Estado Democrático de Direito que intervém 
na economia, propiciando a distribuição de riquezas e o desenvolvimento social. 
 No pós-guerra se afirmou a doutrina de Keynes adotada pelos Estados Unidos, 
que sustentava que era função do Estado aquecer a economia, visto que ao ocorrer uma 
crise há m ciclo vicioso que envolve o desemprego e a queda de consumo. Inicialmente 
as medidas de intervenção de Keynes foram rejeitadas, porém a posteriori a suprema 
corte mudou de ideia. 
Nos anos 70, nos estados democráticos e autocráticos, o estado social funcionou 
bem e o suficiente para produzir resultados respectivamente. Nesta época, houveram 
crises, como a do Petróleo no Oriente Médio. Sendo assim, as condições da época vão 
causar um aumento na demanda das prestações sociais do Estado originando a crise fiscal. 
Tal problema associado a outros favoreceu a fundação do consenso de Washington nos 
anos 80, em que haveria a adesão desses estados ao neoliberalismo (surgiu nos anos 40 
com a emergência do Estado Social). O ideiario neoliberal ganhou força nos anos 90, 
sendo defendido pelo FMI e pelo Banco Mundial. 
O ideário neoliberal exigia a austeridade fiscal (contenção dos gastos do poder 
público), a redução da intervenção estatal, convencendo a quase todos de que não havia 
alernativa contra a hiperinflação, desemprego. Em 2008, o neoliberalismo revelou toda a 
sua fragilidade em uma crise que se espalhou nos países desenvolvidos em sua maioria. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
O Estado continua enfrentando problemas globais e locais e advindos da 
globalização, sofrendo também um processo de financeirização da economia, precisando 
manter os investimentos da empresa privada, renegociando incentivos para não causar 
problemas sociais. 
A QUESTÃO DEMOCRÁTICA 
RESUMO DO LIVRO CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA DO ESTADO 
LENIO STRECK E BOLZAN 
 A conceituação de democracia é uma tarefa quase impossível. Segundo Claude 
Lefort: “a democracia é uma constante invenção, isto é, deve ser inventada 
cotidianamente”. Para Marilena Chauí, “a democracia é uma invenção porque, longe de 
ser a mera conservação de direitos, é a criação ininterrupta de novos direitos, a subversão 
contínua dos estabelecidos, a reinstituição permanente dosocial e do político”. Ainda 
segundo Castoriadis, “uma sociedade justa não é uma sociedade que adotou, de uma vez 
para sempre, as leis justas. Uma sociedade justa é uma sociedade onde a questão da justiça 
permanece constantemente aberta”. 
De acordo com Marilena Chauí, apesar da dificuldade em conceituar democracia, 
existem alguns traços que a distinguem de outras formas sociais e políticas: a democracia 
é a única sociedade e regime político que considera o conflito político, não só trabalhando 
politicamente os conflitos de necessidades e de interesses, mas procura instituí-los como 
direitos e, como tais, exige que sejam reconhecidos e respeitados. Além disso, nas 
sociedades democráticas, indivíduos e grupos organizam-se em sindicatos criando um 
contra-poder social que, direta ou indiretamente, limita o poder do estado. A democracia 
é também a sociedade verdadeiramente histórica, isto é, aberta ao tempo, ao possível, às 
transformações e ao novo. 
As lutas históricas em prol da democracia nos mostram quão duro é alcança-la e, 
muito mais do que isto, conservá-la. O processo de conquista de liberdades e direitos 
humanos é lento. A América Latina, em especial, não tem sido pródiga em exemplos de 
democracia, visto que mergulhada até há pouco em ditaduras militares, as sequelas ainda 
se mostram bem visíveis, mormente se se observar a distribuição de renda versus 
participação democrática da população. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
A democracia liberal pode ser entendida como a democracia de uma sociedade de 
mercado, ou, com uma sociedade empenhada em garantir que todos os seus membros 
sejam igualmente livres para concretizar suas capacidades. Sendo assim, o termo liberal 
pode ser compreendido como mercado livre, com o mais forte derrubando o mais fraco, 
ou pode significar liberdade para todos desenvolverem plenamente suas capacidades. 
Macpherson propõe um modelo de democracia onde exista uma diminuição 
gradual dos pressupostos de mercado e uma ascensão gradual do direito igual de 
desenvolvimento individual. Para tanto, apresenta um conjunto de pré-condições que 
seriam as condições sociais da democracia: mudança da consciência do povo e grande 
diminuição da atual desigualdade social e econômica. Para Macpherson, há uma espécie 
de ciclo vicioso, não se pode conseguir mais participação democrática sem haver uma 
prévia mudança de desigualdade social e sua consciência, porém não se pode alterar tais 
fatores sem um aumento na referida participação. 
Tal modelo proposto por Macpherson visava o estímulo à procedimentos que 
viabilizassem a democracia participativa, nesta está inscrita a ideia de uma sociedade sem 
classes ou com mínimas diferenças de classe. 
Segundo Bobbio, a democracia é um conjunto de regras (primárias ou 
fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões coletivas e com 
quais procedimentos. O mecanismo fundamental da democracia é o da regra da maioria, 
para que se possa implementá-la devem-se disponibilizar alternativas reais, bem como 
garantir as possibilidades de escolha, tendo como conteúdo mínimo: a) garantia dos 
direitos de liberdade; b) partidos; c) eleições; d) sufrágio; e) decisões por acordo ou por 
maioria com debate livre. Além disso, não é possível falar em democracia em meio a 
indicadores econômico-sociais que apontam para a linha da pobreza. Uma grande dose 
de justiça social é condição de possibilidade da democracia. 
O processo democrático nunca se caracterizou por um desenvolvimento linear, 
apresentando contrapontos. Dessa forma, é possível observar que muito do que foi 
prometido pelos formuladores do ideário democrático, não foi cumprido, gerando as 
denominadas promessas não cumpridas. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
Os protagonistas do jogo democrático que deveriam ser os indivíduos passam a 
ser grupos de interesse. O poder que deveria estar centralizado em um único local, passa 
a se dispersar, havendo uma dispersão dos espaços decisórios. Em relação a distribuição 
do poder político, pretendia-se ampliá-la, entretanto o que se observa é o aumento de 
elites que visam à dominação política, concorrendo entre si. A disciplina partidária passa 
a restringir a liberdade e atuação dos representantes que não podem optar por diversos 
temas propostos a partir dos interesses gerais e da comunidade. 
Os espaços de tomada de decisão passam da pretensão do poder ascendente, em 
que se previa um processo que partisse dos interessados, para a produção de decisões 
técnicas. A prática democrática pressuposta na base da cidadania ativa passa a ser 
submetida a uma total apatia participativa. Houve a ampliação de espaços decisórios 
imunes ao olhar do cidadão, fugindo, assim, ao controle público do poder. Sendo assim, 
ao ideal do poder visível substitui-se o real do poder invisível, às decisões públicas, 
sucederam-se as decisões secretas; à publicidade, o segredo. 
Os obstáculos à concretização da democracia são a complexificação da sociedade 
quando a passagem de uma economia familiar para uma economia de mercado e desta 
para uma economia protegida produziu a necessidade de constituição de um quadro 
profissional habilitado tecnicamente a lidar com a complexidade social crescente. Sendo 
assim surge o dilema que contrapõe a decisão política à decisão técnica, o poder diluído, 
próprio à democracia, ao poder concentrado, característica da decisão tecnocrática. 
O segundo obstáculo surge em consequência do próprio processo de 
democratização da sociedade que, na medida em que alargava as possibilidades de 
participação social, permitia que novas demandas fossem postas ao Estado. Inobstante, 
havia dificuldade de dar conta do crescente e diversificado número de demandas. A 
fórmula adotada foi a da constituição de um aparelho burocrático responsável por 
responder às pretensões sociais, sendo assim o poder passa a se organizar verticalmente 
de cima para baixo e não da base para o topo, como propõe a democracia. 
Passou-se a experimentar um processo de fragilização da democracia diante da 
frustração constante provocada seja pela lentidão das respostas, sua insuficiência ou, 
ainda, pela ineficiência. Apesar dos obstáculos à democracia, segundo Bobbio, as 
promessas incumpridas e os obstáculos não previstos não foram suficientes para 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Miguel Calmon. 
Semestre: 2013.2. 
 
 
transformar os regimes democráticos em regimes autocráticos e nem mesmo o conteúdo 
mínimo do estado democrático encolheu. 
Guillermo O´Donnell escreveu um texto descrevendo o fenômeno que ocorria em 
países da América Latina recém saídos de regimes autoritários, o surgimento de um novo 
modelo democrático- “democracia delegativa”. Uma crise social e econômica é o terreno 
ideal para liberar as propensões delegativas. Tal democracia se fundamentava na premissa 
básica de que quem ganhasse as eleições presidenciais é autorizado a governar o país 
como lhe parecer conveniente, e, na medida em que as relações de poder existentes 
permitiam, até o final do seu mandato. 
O que faria no governo não precisaria guardar nenhuma semelhança com o que 
disse ou prometeu durante a campanha eleitoral. A ideia de obrigatoriedade de prestar 
contas ao Congresso, Judiciário e outras Instituições, organizações privadas ou 
semiprivadas, aparece como um impedimento necessário à plena autoridade que o 
presidente recebeu a delegação de exercer. 
A democracia delegativa é fortemente individualista, visto que pressupõe que os 
eleitores escolhem, independentemente de suas identidades

Outros materiais