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CONCURSO DE CRIMES
O Código Penal, antevendo a possibilidade de o agente praticar vários delitos, regulou o tema relativo ao concurso de crimes por intermédio de seus arts. 69, 70 e 71, que prevêem, respectivamente, o concurso material (real), o concurso formal (ideal) e o crime continuado, cada qual com suas características e regras próprias, que servirão de norte ao julgador no momento crucial da aplicação da pena.
1 – CONCURSO MATERIAL OU REAL DE CRIMES
O art. 69 do Código Penal prevê o chamado concurso material (ou real) de crimes.
A ação do agente pode ser composta de vários atos e, os atos que compõem a ação não são ações em si mesmos, mas sim partes de um todo. Pode o agente, por exemplo, agindo com animus necandi, efetuar um ou vários disparos em direção ao seu desafeto, causando-lhe a morte. A ação, nesse caso, consiste na conduta finalisticamente dirigida a causar a morte da vítima. Se, para tanto, o agente efetua vários disparos, cada um deles será considerado um elo dentro dessa cadeia que é a conduta.
– Requisitos e conseqüências do concurso material
O art. 69 do CP nos apresenta o rol dos requisitos e conseqüências em razão da adoção da regra do concurso material, a saber:
Requisitos – para que haja o concurso material de crimes é necessário: a) que haja mais de uma ação ou omissão; b) que com mais de uma ação ou omissão o agente pratique dois ou mais crimes.
Conseqüência – preenchidos os requisitos acima, surgirá a seguinte conseqüência:
aplicação cumulativa das penas privativas de liberdade em que haja incorrido o agente (sistema do cúmulo material)
Rogério Greco entende que só haverá concurso material de crimes quando estes tenham sido praticados em uma relação de contexto, ou em casos de conexão ou continência, nos quais poderão ser analisados em um mesmo processo. Esta posição, no entanto, é minoritária, pois, a maioria da doutrina considera que haverá concurso material ainda quando alguns crimes venham a ser cometidos e julgados depois de os restantes o terem sido, porque não há necessidade de conexão entre eles nem de que sejam analisados no mesmo processo. Essa discussão, no entanto, em termos de aplicação das penas, tem pouca relevância prática. 
– Concurso Material Homogêneo e Heterogêneo
Fala-se em concurso material homogêneo quando o agente comete dois ou mais crimes idênticos, não importando se a modalidade praticada é simples, privilegiada ou qualificada.
Por outro lado, ocorrerá concurso material heterogêneo quando o agente vier a praticar duas ou mais infrações penais diversas (previstas em tipos penais diversos).
Como a regra adotada no concurso material é a do cúmulo material, a distinção entre concurso material homogêneo e heterogêneo tem pouca relevância prática, ao contrário do que pode acontecer no concurso formal, conforme adiante se verá.
– CONCURSO FORMAL OU IDEAL DE CRIMES
O art. 70 do Código Penal prevê o concurso formal (ou ideal) de crimes. Fundada em razões de política criminal, a regra do concurso formal foi criada a fim de que fosse aplicada em benefício dos agentes que, com a prática de uma única conduta, viessem a produzir dois ou mais resultados também previstos como crime.
– Requisitos e Conseqüências do Concurso Formal ou Ideal de Crimes
O art. 70 nos fornece os requisitos indispensáveis à caracterização do concurso formal, bem como as conseqüências pela sua aplicação, a saber:
Requisitos – são requisitos do concurso formal: a) que haja uma só ação ou omissão; b) que com uma só ação ou omissão o agente pratique dois ou mais crimes.
Conseqüências – presentes os requisitos acima, surgirão as seguintes conseqüências:
aplicação da mais grave das penas, aumentada de um sexto até a metade (sistema da exasperação);
aplicação de somente uma das penas, se iguais, aumentada de um sexto até a metade (sistema da exasperação);
aplicação cumulativa das penas, se a ação ou omissão é dolosa, e os crimes resultam de desígnios autônomos (sistema do cúmulo material).
Em determinadas situações o agente pode, mediante uma só ação ou omissão, produzir dois ou mais resultados incriminados pela lei penal. Ex.: indivíduo que, dirigindo de forma imprudente em razão de excessiva velocidade, capota seu veículo causando a morte de três passageiros que com ele se encontravam (houve três homicídios culposos).
– Concurso Formal Homogêneo e Heterogêneo
Quando ocorre o concurso formal, as infrações praticadas pelo agente com sua única ação ou omissão podem ou não ter a mesma tipificação penal. 
Se idênticas as tipificações, o concurso será reconhecido como homogêneo (ex.: indivíduo que, culposamente, atropela e mata duas pessoas – comete dois homicídios culposos).
Quando as tipificações são diversas, estaremos diante do concurso formal heterogêneo (ex.: indivíduo que, culposamente, atropela duas pessoas, matando uma delas e lesionando outra – comete um homicídio culposo e uma lesão corporal culposa).
– Concurso Formal Próprio (Perfeito) e Impróprio (Imperfeito)
A distinção entre concurso formal próprio (perfeito) e impróprio (imperfeito) varia de acordo com a existência do elemento subjetivo do agente ao iniciar sua conduta. Nos casos em que a conduta do agente for culposa na sua origem, sendo todos os resultados atribuídos ao mesmo a esse título, ou na hipótese em que a conduta era dolosa, mas o resultado aberrante lhe é imputado culposamente, o concurso será reconhecido como próprio ou perfeito (exs.: indivíduo que, culposamente, atropela e mata duas pessoas / indivíduo que, querendo lesionar seu desafeto, arremessa contra este uma garrafa de cerveja que o acerta, mas também atinge outra pessoa que se encontrava próxima a ele. Neste último caso teremos uma primeira conduta dolosa e um resultado, atribuído ao agente a título de culpa, mas, que também caracteriza o concurso formal próprio).
Situação diversa é aquela contida na parte final do caput do art. 70 do Código Penal, em que a lei penal fez prever a possibilidade de o agente atuar com desígnios autônomos, querendo dolosamente a produção de ambos os resultados (ex.: indivíduo que, desejando matar duas pessoas, coloca-as enfileiradas e, com um único disparo de fuzil causa a morte de ambas). Desígnio autônomo quer dizer, portanto, que a conduta, embora única, foi dirigida finalisticamente, vale frisar, dolosamente, à produção dos resultados.
– Dosagem da Pena
No concurso formal próprio ou perfeito, seja ele homogêneo ou heterogêneo, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, devendo o juiz, em qualquer caso, aplicar o percentual de aumento de um sexto até a metade. A variação da aplicação do percentual de aumento dependerá do número de infrações penais cometidas pelo agente, consideradas pelo concurso formal de crimes, ou seja, quanto maior for o número de infrações, maior será o percentual de aumento e vice-versa.
Quanto ao concurso formal impróprio ou imperfeito, pelo fato de ter o agente atuado com desígnios autônomos, almejando dolosamente a produção de todos os resultados, a regra será a do cúmulo material, isto é, embora tenha praticado uma conduta única, produtora de dois ou mais resultados, se esses resultados tiverem sido por ele queridos inicialmente, ao invés da aplicação do percentual de aumento de um sexto até a metade, suas penas serão somadas.
– Concurso Material Benéfico
As regras do concurso formal foram criadas em benefício dos agentes que, por meio de uma conduta única, produzam dois ou mais resultados incriminados pela lei penal.
Em virtude disso, o parágrafo único do art. 70 do CP, ressalvou que a pena não poderá exceder a que seria cabível pela regra do art. 69. Isso quer dizer que, no caso concreto, deverá o julgador, ao aplicar o aumento de pena correspondente ao concurso de crimes, aferir se, efetivamente, a regra do concurso formal está beneficiando ou se, ao contrário, está prejudicando o agente.Suponhamos que A agindo com vontade de matar, impelido por motivo fútil, atire em direção a B, sua vítima, causando-lhe a morte, mas, em virtude da potência de sua arma, o projétil atravesse o corpo da vítima e atinja também a C, causando neste último lesões corporais. Nesse caso, o agente deve ser responsabilizado pelo homicídio doloso qualificado, cuja pena mínima é de doze anos. Se aplicássemos a regra do concurso formal heterogêneo, partindo do princípio de que ao agente seria aplicada a pena mínima do delito e que também imporíamos o aumento mínimo de um sexto, a pena final seria de catorze anos. 
No entanto, se desprezássemos a regra do concurso formal heterogêneo e aplicássemos o cúmulo material, como a pena mínima do delito de lesão corporal culposa é de dois meses de detenção, somada esta à pena mínima do delito de homicídio qualificado, teríamos um total de doze anos e dois meses. Assim, deve o julgador analisar se, efetivamente, a regra do concurso formal beneficia o agente, pois, caso contrário, nos termos do parágrafo único do art. 70 do CP, deverá aplicar a regra do cúmulo material.
– CRIME CONTINUADO
O crime continuado encontra-se previsto no art. 71 do Código Penal. A figura do crime continuado não é de data recente. Suas origens “políticas” acham-se sem dúvida no favor rei que impeliu os juristas da Idade Média a considerar como furto único a pluralidade de furtos, para evitar as conseqüências draconianas que de modo diverso deveriam ter lugar, como a pena de morte ao autor de três furtos, mesmo que de leve importância.
Criado também por razões de política criminal, o crime continuado deverá ser aplicado sempre que vier a beneficiar o agente, devendo-se desprezá-lo quando a ele for prejudicial, conforme determina a última parte do parágrafo único do art. 71 do Código Penal.
– Natureza Jurídica do Crime Continuado
Entende que várias ações levadas a efeito pelo agente que, analisadas individualmente, já se constituem em infrações penais, são reunidas e consideradas fictamente como um delito único. 
É uma criação da lei, pois, na realidade existem vários delitos e não um crime único.
– Requisitos e Conseqüências do Crime Continuado
O art. 71 do Código Penal elenca os requisitos necessários à caracterização do crime continuado, bem como suas conseqüências, a saber:
Requisitos:
a) mais de uma ação ou omissão; 
b) prática de dois ou mais crimes, da mesma espécie; 
c) condições de tempo (conexão temporal) (jurisprudência sugere até o lapso temporal de 30 dias entre os crimes), 
d) lugar (conexão espacial) (jurisprudência sugere “localidades próximas”, podendo até comportar Estados diversos!), 
e) maneira de execução e outras semelhantes (mesma oportunidade e mesma situação propícias para a prática do crime); 
f) os crimes subseqüentes devem ser havidos como continuação do primeiro.
Conseqüências:
a) aplicação da pena de um só dos crimes, se idênticas, aumentada de um sexto a dois terços; b) aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada de um sexto a dois terços; c) nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da pena de um só dos crimes, se idênticas, aumentada até o triplo; d) nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da mais grave das penas, se diversas, aumentada até o triplo.
– Crimes da Mesma Espécie
A primeira dúvida que surge da leitura do art. 71 do Código Penal é o que se considera como crimes da mesma espécie. Várias posições foram ganhando corpo ao longo dos anos, sendo que duas merecem destaque, posto que principais. 
A posição agora adotada pelo STF é no sentido de entender que crimes da mesma espécie são aqueles que possuem a mesma tipificação penal, não importando se simples, privilegiados ou qualificados, se tentados ou consumados. Ao contrário, portanto, da posição anterior, para esta não poderia haver crime continuidade entre furto e roubo ou estupro e o antigo atentado violento ao pudor, uma vez que tais infrações penais encontram moldura em figuras típicas diferentes.
Damásio Evangelista de Jesus ainda adota a segunda posição, entendendo que crimes da mesma espécie são os que ofendem o mesmo tipo penal, os que possuem as mesmas elementares, não importando que sejam tentados ou consumados, simples, privilegiados ou qualificados. Para o referido autor, o legislador usa a expressão “crimes da mesma espécie” e não “crimes do mesmo gênero”. 
Já Rogério Greco, com uma visão mais garantista, entende correta a primeira posição. Para este, crimes da mesma espécie são aqueles que ofendem o mesmo bem jurídico. Adotam, também a primeira corrente: Júlio Fabbrini Mirabete, Cezar Roberto Bitencourt e Celso Delmanto.
Obs: ver sumulas 605 e 711 STF

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