Buscar

PETIÇÃO INICIAL LIGHT

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
BERNADETE VINAGRE DA SILVA, brasileira , portadora da carteira de identidade n° : 09.566.292-0 , expedida pelo DIC/RJ e inscrita no CPF sob o n° 014.536.237-01 , residente e domiciliado na Travessa Cascavel 93, casa 02 , Vaz Lobo , Rio de Janeiro – RJ CEP: 21.371-210, vem, mui respeitosamente por seus advogados in fine assinados, instrumento de mandato anexo, , perante V. Exa., propor a presente ação de
AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
em face LIGHT, empresa de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 60.444.437/0001-46, com filial na Avenida Marechal Floriano, nº 168, 2º andar - Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 20.080-002, aduzindo para tanto as razões de fato e de direito que seguem:
AS INTIMAÇÕES
Inicialmente, requer que todas as publicações sejam feitas exclusivamente, sob pena de nulidade, em nome do advogado LEONARDO DE ALMEIDA MAGALHAES, brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB 169.383, com escritório na Rua Turvo, 77 – Irajá, Rio de Janeiro, RJ, CEP: CEP: 21.371-240 e endereço eletrônico: mamcontador@gmail.com.
10
Leonardo Magalhães &
Andreia Carvalho
Advogados
mamcontador@gmail.com
 
andreianogueiradecarvalho@gmail.com
 
21.
 
2564-7742
21.99500-2049
A GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Conforme afirmação de hipossuficiência, e os documentos anexados, a Autora não tem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, vez ser do lar, sendo então assegurado o benefício da assistência Judiciária Gratuita, com fulcro no artigo 4º da Lei 1.060/50, com alterações da Lei 7510/86.
Para maior elucidação deste MM. Juízo informa a Autora não possuir bens, e também, não realizar declaração de IR, eis que isenta.
OS FATOS
A Autora é cliente da Ré, identificada pelo “número do cliente” nº.: 21733335 medidor nº: 0414786091, como comprovam faturas acostadas, que consta com a ligação trifásica, onde reside sozinha, não tendo muitos equipamentos elétricos/eletrônicos, sendo sua residência composta de quarto e sala!!!
Como se comprova com as faturas coadunadas, a Autora sempre pagou com pontualidade pelos serviços prestados pela Ré, não havendo inclusive qualquer alteração abrupta ou fora da realidade no consumo dos serviços prestados a Autora, como se vê do demonstrativo de consumo, retirado do site da Ré, abaixo reproduzido, a não ser o do mês de novembro, após a arbitrária e ilegal atitude da Ré:
Em 07 de novembro de 2016, a Autora recebeu em uma correspondência da Ré, informando que foi realizada uma Inspeção em seu medidor de energia, no dia 28/10/2016, e que em razão disso, havia sido encontrada irregularidade, que deu origem ao TOI - Termo de Ocorrência e Inspeção nº: 007410759. (doc. anexo).
Há de ressaltado que tal documento foi realizado de maneira totalmente unilateral pela RÉ, vez que não HAVIA QUALQUER PESSOA PRESENTE ACOMPANHANDO TAL “INSPEÇÃO”, e que apesar da afirmativa da Ré de ter encontrado irregularidade no medidor, NÃO FOI REALIZADA A SUBSTITUÍÇÃO DO EQUIPAMENTO, o que traz grande estranheza.
A Autora buscou informação sobre de que se tratava tal “inspeção” e, surpreendido com o que significava TOI, entrou em contato com a RÉ para saber porque do ocorrido, vez que NUNCA DEIXOU DE PAGAR QUALQUER FATURA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DA RÉ, BEM COMO, JAMAIS REALIZOU QUALQUER PROCEDIMENTO ILEGAL OU IRREGULAR EM SEU RELÓGIO MEDIDOR!!!!!
No contato com a RÉ, a AUTORA foi informado que o TOI – Termo de Ocorrência de Irregularidade se tratava de documentação informativa de que no relógio medidor estava havendo “desvio de ramal de entrada 1 fase”, ou seja, inspetores da Ré realizaram o procedimento, acusando injusta e caluniosamente a AUTORA de realizar “gato”, ou seja, crime tipificado como furto de energia.
Ora, Exa., tal acusação além de arbitrária é ilegal e caluniosa, pois constrange o consumidor, atribuindo-lhe a autoria de crime, sem o devido processo legal, e lhe impondo penalidade sem o direito constitucional de defesa, previsto no art 5º, LV da CF que estabelece:
“aos litigantes, em processo judicial ou ADMINISTRATIVO, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” (grifos nossos)
Como pode bem ser observado nos documentos coadunados, somente existem as informações fornecidas pelos inspetores da Ré, descrevendo uma suposta irregularidade, o que fere o Princípio da Transparência Máxima que deve prevalecer em todas as relações de consumo, haja vista ser desconhecida pela consumidora – AUTORA, a realização de tal inspeção.
Repita-se, Exa., a RÉ enviou a AUTORA o documento de TOI, mas em momento algum, informou ou realizou a substituição do medidor do imóvel da AUTORA. Ora, a Ré, afirma a irregularidade e não submete à aferição o equipamento para a constatação de irregularidades. É no mínimo, um completo desrespeito ao consumidor.
Deve ser observado ainda por esse D. Juízo, que não havia qualquer indício de irregularidade no medidor do imóvel da AUTORA, pois, como se depreendem das faturas anexas, bem como do gráfico demonstrativo abaixo, o consumo médio de energia não sofreu nenhuma alteração aberrativa, nem para maior e nem para menor, que justificasse tal procedimento por parte da RÉ.
Com a simples análise das faturas e da planilha demonstrativa se tem como certo que, o consumo diminui somente a partir do mês de maio, eis que, a temperatura no Rio de Janeiro já estava mais amena, sendo o consumo de energia elétrica bem menor. Sendo claramente verificado também que existe uma regularidade de
aumento e diminuição de consumo no decorrer dos anos, o que não supõe em forma alguma, prática de ilícito pela AUTORA.
Outrossim, para maior comprovação do total erro da RÉ em relação ao procedimento, se verifica das contas/faturas e do histórico de faturamento juntados, que em momento algum a AUTORA foi cobrado por valores relativos à multa, ou ainda por valores que supostamente teriam sido cobrados a menor, em razão da suposta ocorrência de furto de energia. Ou seja, a RÉ impõe a AUTORA a alegação de furto de energia, NÃO realiza a troca seu medidor e não dá qualquer resposta pelo acontecido e não tem qualquer atitude em relação a esse “suposto” furto de energia, o que se verifica também nas reclamações e respostas absurdas da RÉ coadunadas.
Assim, se verifica flagrante erro na prestação de serviços, pois não foram observadas as devidas cautelas no momento da acusação da AUTORA de furto de energia, que demonstra, por óbvio, a má-fé e o descaso da RÉ com seus consumidores.
A ILEGALIDADE DO TOI
A RÉ, uma empresa particular, foi quem apurou a suposta ocorrência de irregularidade na imóvel de propriedade da AUTORA e não a Administração Pública.
Neste sentido, o TOI lavrado não possui qualquer validade jurídica para comprovar a existência de furto de energia, visto que será a palavra de um particular (RÉ) contra a palavra de outro particular (AUTORA).
Como cediço, somente os agentes da administração pública direta ou indireta é quem podem dizer se houve ou não furto de energia, ou seja, a RÉ, por ser apenas delegatária de serviço público, não integra a administração pública e neste sentido seus agentes não praticam atos administrativos típicos.
Resta claro que os prejuízos suportados pela AUTORA foram inúmeros, e que em verdade houve uma sequencia de erros e total descaso com a AUTORA, sendo, o ocorrido, culpa exclusiva da empresa RÉ.
Assim, os prejuízos suportados – caso claro em questão – onde, apesar da intenção e da conduta efetiva da AUTORA no sentido solucionar a questão e ver seu direito sendo respeitado, de acordo com a jurisprudência dominante, traduz-se efetivamente em dano.
E é exatamente dessesprejuízos que pretende a AUTORA ser ressarcida com esta ação, bem como ter resolvida sua questão no que atine a imputação de um fato criminoso – furto de energia elétrica - que comprovadamente não cometeu.
A OBRIGAÇÃO DE FAZER – A ANULAÇÃO DO TOI
Como já explicitado a ocorrência do TOI no imóvel de propriedade da AUTORA foi realizada de forma totalmente arbitrária, unilateral e sem considerar nenhum princípio legal democrático.
Ora, Exa., como noticiado o TOI foi realizado sem que houvesse qualquer prova que ensejasse tal medida.
Ademais, feriu-se gravemente o Princípio Constitucional da Ampla Defesa e do Contraditório, vez que a AUTORA não pode em momento algum, contestar os fatos descritos do citado TOI, repita-se descritos e auferidos única e exclusivamente pelos inspetores (funcionários) da RÉ, sem o acompanhamento, sequer de uma autoridade policial, na medida em que furto de energia é conduta tipificadamente criminosa.
Exa., é sabido que somente os agentes da administração pública direta ou indireta é quem podem dizer se houve ou não furto de energia, ou seja, a RÉ, não pode, em hipótese alguma, agir como se fizesse parte da administração pública e praticar atos que não são da sua competência
Assim, em razão do exposto, requer a AUTORA, a anulação do citado TOI, com a desconsideração de todos seus efeitos, principalmente no que tange a cobrança ABSURDA, ILEGAL E DESPROPORCIONAL DA MULTA ENVIADA NO VALOR DE R$ 792,08 (SETECENTOS E NOVENTA E DOIS REAIS E OITO CENTAVOS); e também a anulação da
ilegal e arbitrária realização da “inspeção” e afirmação de irregularidade no medidor do imóvel da AUTORA.
É valido ressaltar que o CDC traz em seu art. 4° caput e inciso IV, bem como no art. 6° III, o Princípio da Transparência, que assegura ao consumidor a plena ciência da exata extensão das obrigações assumidas perante o fornecedor. Assim, deve o fornecedor transmitir efetivamente ao consumidor todas as informações indispensáveis à decisão de consumir ou não o produto ou serviço, de maneira clara, correta e precisa.
O DANO MORAL
É notório que a AUTORA sofreu dano moral, pois está sendo acusado pela RÉ de furto de energia elétrica, sem ter, sequer, o direito a se defender ou contestar tal procedimento.
Na Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso V, é assegurado à todos o direito de reparação por danos morais, igualmente o faz a Lei 8.078/90 – Código de Proteção e Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, inciso VI, ao afirmar que é direito básico do consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais.
Verificam-se pelos fatos ocorridos e acima narrados que é direito da AUTORA ser indenizado pelos danos morais que lhe foram impostos pelos atos e/ou omissões da Empresa RÉ. Assim, os danos causados a AUTORA são claros e o dever da RÉ de lhe indenizar também encontra amparo no art. 14, caput da Lei 8.078/90 cumulado com o artigo 6º, incisos VI e X, do mesmo Diploma Legal.
O transtorno e a frustração provocados pela RÉ são inequívocos no caso em tela e a reparação pelos danos se faz necessário, para compensar o ato ilícito praticado,
bem como pela inobservância da boa-fé objetiva contratual que deve permear a relação de consumo mantida entre as partes.
Com efeito, a AUTORA foi vítima do descaso e desorganização, bem como do descumprimento contratual pela reclamada, que agindo em descompasso aos princípios contratuais consumeristas, sequer cumpriu com sua mínima responsabilidade no caso de imputação de suposto furto de energia elétrica.
No presente caso fácil reconhecer que o fato envolve danos morais puros e, portanto, danos que se esgotam na própria lesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos.
Trata-se de dano moral in re ipsa, que dispensa a comprovação da extensão dos danos, sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato. Tal valor funda-se nas duas finalidades básicas das condenações por danos morais, as quais têm amplo amparo na doutrina, e conforme será visto mais abaixo, vem ganhando campo na jurisprudência: primeiramente, a compensação pelos danos causados e, em segundo plano, a necessidade de se dar à condenação um caráter pedagógico/punitivo, como forma de se evitar a prática de novos ilícitos.
Nesse sentido:
DIREITO DO CONSUMIDOR. FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. TOI - TERMO DE OCORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE. PROVA UNILATERAL. CORTE ILEGAL NO FORNECIMENTO DO
SERVIÇO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. Impõe-se a assertiva de que para se caracterizar a irregularidade na conduta do consumidor não se mostra suficiente a simples lavratura do TOI (Termo de Ocorrência de Irregularidade), já que unilateral, malfere as garantias constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório. A prova pericial nesses casos se faz evidentemente necessária, não sendo lícito permitir a interrupção do fornecimento de energia elétrica, sem que seja efetivamente comprovada a fraude. A prova pericial produzida demonstrou a inexistência de prova de furto de energia pela unidade de consumo do autor, não tendo sido encontradas quaisquer irregularidades no seu medidor, o que atesta a ilegalidade do TOI lavrado pela ré. Ressalta-se que, a
eventual irregularidade da aferição realizada pelo medidor instalado pela ré, é risco de sua atividade empresarial e os ônus daí decorrentes somente poderiam ser transferidos para o consumidor em face de prova de que a irregularidade foi provocada pelo próprio, o que não ocorreu no caso. Dano moral in re ipsa. Quantum reparatório fixado em obediência aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Quantificação que considera a gravidade da lesão, sendo o valor compatível com a expressão axiológica do interesse jurídico violado, na perspectiva de restaurar o interesse violado, obedecidas a razoabilidade, proporcionalidade, equidade e justiça, atendendo as funções punitiva, pedagógica e compensatória. Recuso a que se nega seguimento. APELACAO: 0011312- 65.2010.8.19.0212 - 1ª Ementa - DES. RENATA COTTA - Julgamento:
08/04/2013 - TERCEIRA CAMARA CIVEL.(Grifos nossos)
Quanto à compensação aos danos causados, para que se obtenha o adequado valor da condenação, torna-se necessária à verificação do nível social do ofendido e do ofensor. No caso concreto, a capacidade financeira da Ré é reconhecidamente grande, muito diferente da posição hipossuficiente da AUTORA.
Quanto à necessidade de se conferir à condenação à indenização por danos morais um caráter punitivo, vale trazer à colação o escólio do ilustre doutrinador Sérgio Cavalieri Filho que, em sua obra “Programa de Responsabilidade Civil” (pp. 75/76), ensina que: “em suma, a composição do dano moral realiza-se através desse conceito – compensação -, que, além de diverso do de ressarcimento, baseia-se naquilo que Ripert chamava “substituição do prazer, que desaparece, por um novo”. Por outro lado, não se pode ignorar a necessidade de se impor uma pena ao causador do dano moral, para não passar impune a infração e, assim, estimular novas agressões. A indenização funcionará também como uma espécie de pena privada em benefício da vítima”.
Igualmente, ensina o mestre Caio Mário, in “Responsabilidade Civil” (pp.315/316): “Como tenho sustentado em minhas Instituições de Direito Civil (v. II, n.º 176), na reparação por dano moral estão conjugados dois motivos: I – punição ao infrator pelo fato de haver ofendido um bem jurídico da vítima, posto que imaterial ; II – por nas mãos do ofendido um soma que não é o pretium doloris, porém o meio de lhe oferecer oportunidade de conseguir uma satisfação de qualquer espécie, seja de ordem intelectual ou moral, seja mesmo de cunho material, o que pode ser obtido no fato de saber que esta
soma em dinheiro pode amenizar a amargura da ofensa e de qualquer maneira o desejode vingança.
Verifica-se, destarte, ser cabível o pedido autoral, devendo a RÉ ser condenada ao pagamento a AUTORA de indenização por danos morais, arbitrada no montante de 30 (trinta) salários mínimos. Não é outro o entendimento do Egrégio Tribunal De Justiça do Rio de Janeiro:
“Energia elétrica. Equívoco cometido pela concessionária na emissão do Termo de Ocorrência de Irregularidade TOI. Prova técnica produzida nos autos que se revela conclusiva no sentido de que o relógio medidor não foi objeto de desvio de consumo. Concessionária apelante que não apresentou qualquer prova visando comprovar a irregularidade do consumo no local. Falha na prestação do serviço corretamente caracterizada. Devolução dos valores efetivamente pagos pelo consumidor, na forma simples, nos termos da Súmula 85 desta Corte Estadual. Dano moral in re ipsa. Indenização fixada no valor de R$7.000,00 (sete mil reais), em homenagem aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, considerando-se a reprovabilidade da conduta da concessionária e o abalo sofrido pelo consumidor. Apelo provido em decisão de plano. Inversão dos ônus sucumbenciais. APELACAO: 0045506- 50.2007.8.19.0001 - 1ª Ementa - DES. CELSO PERES - Julgamento:
09/06/2014 - DECIMA CAMARA CIVEL. (Grifos nossos)
O art. 37º, § 6º, da Magna Carta, preceitua expressamente a responsabilidade dos entes prestadores de serviços públicos, in verbis:
“Art. 37... As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa...”
Assim, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas das pessoas de direito privado - prestadoras de serviço público, caso em que se enquadra a empresa RÉ, baseia-se no risco administrativo, sendo, portanto, objetiva, bastando que a vítima, ora AUTORA da presente ação, demonstre o fato danoso e injusto ocasionado por ação ou omissão, o que de fato se vislumbra.
Portanto, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado respondem pelos danos que seus funcionários causem a terceiro, sem distinção da categoria do ato.
Ora, Exa., mesmo que não houvesse expressa determinação legal da responsabilidade civil objetiva da empresa Ré, esta, diante da forma ilegal e injusta com que procedeu ao efetuar o corte de energia elétrica, teria sua responsabilidade civil prevista no art. 186 do Código Civil, que prescreve:
"Artigo 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Não cansamos de deixar claro que em nenhum momento o AUTOR deu causa ao TOI, uma vez que inexistia qualquer indício de fraude ou de irregularidade nas contas da imóvel, estando todas as contas referentes ao imóvel pagas e sem NENHUM atraso nos referidos pagamentos.
Quem tem sua honra difamada pela prática de suposto crime, experimenta, sem dúvida, dano moral, inclusive, o Superior Tribunal de Justiça reconhece que o mau fornecimento dos serviços de energia elétrica fere a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, já decidiu a o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que:
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. LIGHT. TOI. Ação
declaratória de inexistência de débito com pedido de repetição de indébito e indenização por danos morais. Sentença de procedência parcial dos pedidos, declarando a nulidade do TOI e a inexistência do débito, condenando a apelante à restituição em dobro os valores referentes à confissão de dívida pagos indevidamente pela apelada, e ao pagamento de verba indenizatória por danos morais. Laudo pericial atestando que o consumo faturado no período do TOI e no período posterior estão de acordo com a carga instalada e o perfil da apelada, inexistindo irregularidade no medidor de energia elétrica. Dano moral configurado. Ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito que deve compensar o mal causado, mas não deve ser usado como fonte de enriquecimento ou abusos. Minoração do quantum indenizatório para R$ 5.000,00 (cinco mil reais). RECURSO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO, NA FORMA DO ARTIGO 557, §1º-A, DO CPC. APELACAO: 0017563-54.2009.8.19.0206 - 1ª Ementa - DES. MYRIAM MEDEIROS - Julgamento: 16/06/2014 - VIGESIMA SEXTA
CAMARA CIVEL CONSUMIDOR. (Grifos nossos)
Assim, diante dos comprovados abalos morais pela acusação de furto de energia, provocando na AUTORA desequilíbrio no seu estado emocional, angústia, constrangimentos, contrariedade, sentimento de impotência e humilhação, não restou alternativa ao mesmo, senão buscar a tutela jurisdicional do Estado, para que seja restabelecido o status quo ante e para que seja ressarcido de forma pecuniária pelos danos morais sofridos.
A TUTELA ANTECIPADA
Tendo-se em vista os fatos acima narrados, não pode a AUTORA, em decorrência de um erro por parte da RÉ, sofrer prejuízo, em função da imputação de fato criminoso - furto de energia elétrica.
Logo, pugna a AUTORA desde já, pela antecipação de tutela de URGÊNCIA, conforme disposto no art. 300 do CPC, já que atendidos os pressupostos legais de prova inequívoca, verossimilhança da alegação, e fundado receio de dano irreparável.
Fazendo desta forma a AUTORA, jus a antecipação de tutela, para que seja a RÉ obrigada a realizar a anulação do citado TOI, com a desconsideração de todos seus efeitos, principalmente no que tange ao cancelamento da cobrança ABSURDA, ILEGAL E DESPROPORCIONAL DA MULTA ENVIADA NO VALOR DE R$ 792,08 (SETECENTOS E
NOVENTA E DOIS REAIS E OITO CENTAVOS), e também para que a RÉ se abstenha de suspender o fornecimento da energia elétrica do imóvel da Autora, pelo não pagamento da multa citada, sob pena de multa diária correspondente a quantia de R$ 500,00.
A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
Com base na documentação ora inclusa, verifica-se a verossimilhança das alegações autorais, bem como a hipossuficiência face ato ilícito da Ré, o que autorizam a inversão do ônus probandi, conforme inciso VIII, do art. 6º do CDC, in verbis:
“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
VIII- a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
E assim sendo, requer desde já a inversão do ônus da prova.
OS PEDIDOS
Ante o exposto, requer a V. Exa.:
o deferimento da Gratuidade de Justiça, com fulcro no artigo 4º da Lei 1.060/50, com alterações da Lei 7510/86;
a concessão da Tutela Antecipada de URGÊNCIA para obrigar a Ré a realizar a anulação do citado TOI, com a desconsideração de todos seus efeitos, principalmente no que tange ao cancelamento da cobrança ABSURDA, ILEGAL E DESPROPORCIONAL DA MULTA ENVIADA NO VALOR DE R$ 792,08 (SETECENTOS E NOVENTA E DOIS REAIS E OITO CENTAVOS) e também para que a RÉ se abstenha de suspender o fornecimento da energia elétrica do imóvel da Autor, pelo não pagamento da multa citada, sob pena de multa diária correspondente a quantia de R$ 500,00.;
a citação da Ré, inicialmente pelo correio e, sendo esta infrutífera, por oficial de justiça, ou, ainda, por meio eletrônico, tudo nos termos do art. 246, I, II e V, do NCPC;
a inversão do ônus da prova, em virtude da hipossuficiência da Autora;
a confirmação dos efeitos da tutela antecipada para que a Ré seja condenada a realizar a anulação do citado TOI, com a desconsideração de todos seus efeitos, principalmente no que tange ao cancelamento da cobrança ABSURDA, ILEGAL E DESPROPORCIONAL DA MULTA ENVIADA NO VALOR DE R$ 792,08 (SETECENTOS E NOVENTA E DOIS REAIS E OITO CENTAVOS); e também para que a RÉ se abstenha de suspender o fornecimento da energia elétrica do
imóvel da Autora, pelo não pagamentoda multa citada, sob pena de multa diária correspondente a quantia de R$ 500,00 (quinhentos reais);
seja a Ré condenada ainda ao pagamento dos danos morais de 30 (trinta) salários mínimos;
seja ainda a Empresa Ré condenada ao pagamento das custas processuais,e honorários advocatícios no importe de 20% (vinte por cento), sobre o valor da condenação e demais condenações legais;
Requer ainda a produção de todas as provas em direito admitidas, em conformidade com o artigo 32 do Código de Defesa do Consumidor, especialmente prova pericial e documental suplementar, sob pena de confissão.
Atribui-se à causa, o valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).
Nestes Termos, Pede Deferimento.
Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2016.
ANDREIA NOGUEIRA DE CARVALHO OAB/RJ 166.801
LEONARDO DE ALMEIDA MAGALHÃES OAB/RJ 169.383

Outros materiais