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PSICOMOTRICIDADE: CONCEITUANDO ESPECIFICAMENTE A LATERALIDADE
RESUMO
 A pesquisa ressalta a importância da lateralidade nas séries iniciais e aborda definições da psicomotricidade na visão de vários autores. Cita alguns possíveis problemas de aprendizagem que a má definição da mesma pode acarretar. Propõem alternativas e possibilidades para trabalhá-la de modo a auxiliar no processo da aprendizagem escolar, e destaca a importância dos educadores respeitarem a tendência de lateralização de cada aluno, auxiliando com atividades corporais que afirmem sua lateralidade, dessa forma favorecendo para que os mesmos tenham pré-requisitos necessários para uma boa alfabetização. A lateralidade tem sido tema para muitos autores que se dedicam ao estudo da psicomotricidade, da linguagem e das dificuldades de aprendizagem. Para desenvolver este trabalho optou-se pela pesquisa bibliográfica com a utilização de obras na literatura existente para estudo do tema lateralidade. No desenvolvimento do estudo foram revistos diversos conceitos, observados fatos ligados ao tema e apresentadas alternativas para a ação pedagógica dos professores afim de propiciar um desenvolvimento favorável das potencialidades de cada aluno.
Palavras-chave: Psicomotricidade. Lateralidade. Aprendizagem		
1 INTRODUÇÃO
Por acreditar na psicomotricidade e mediante algumas inquietações, dúvidas e curiosidade sobre o assunto, surgiram vários questionamentos. Esta pesquisa almeja buscar algumas respostas, principalmente para a questão: pode a lateralidade detectar e colaborar no ensino-aprendizagem da criança na escola?
	O principal objetivo, demonstrar a importância de se trabalhar a relação de fatores psicomotores, dos quais destacamos a lateralidade na escola.
	Sabe-se que a história da psicomotricidade nasce com a história do corpo. O homem é antes de tudo um ser falante e, ao dominar-se ele fala de seu corpo. Então, a educação psicomotora desenvolve esse aspecto comunicativo do corpo que dá ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo.
	Justifica-se a presente pesquisa pela necessidade de trabalhar a psicomotricidade, a fim de ajudar a criança a compreender e dominar seus movimentos percebendo assim o seu corpo globalmente, constituindo um todo em relação consigo mesmo e com o meio.
	A partir da problematização evidenciada, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com autores que escrevem sobre o assunto da psicomotricidade com ênfase especial à lateralidade e à importância desta função motora na aprendizagem. É uma abordagem qualitativa, de caráter descritivo, a fim de divulgar a necessidade de se conhecer e estimular as crianças para a realização de atividades motoras.
	A pesquisa aborda definições da psicomotricidade destacando especificamente a lateralidade e os possíveis problemas de aprendizagem, causados pela não definição da lateralidade e como interferir, contribuindo para que a criança possa definir a sua lateralidade.
2 PSICOMOTRICIDADE: CONCEITUANDO ESPECIFICAMENTE A LATERALIDADE
	De acordo com Barros (1993), o dado mais concreto, real e permanente que a criança possui é o seu próprio corpo, onde ficam registradas todas as experiências, sensações e sentimentos, sendo que a criança deve ser analisada de maneira geral, pois no ser humano, todos os sistemas estão inter-relacionados e são interdependentes. A criança vive num corpo que se relaciona, que se expressa, que faz movimentos e que sofre repressões.
	Com o movimento do corpo e com a coordenação entre suas sensações, a criança sai do egocentrismo primitivo e inicia a elaboração do universo extremo. As atividades são iniciadas, por situações ou condições internas, que chamamos de motivo. Considerando esses motivos, a criança entra em contato com o mundo dos objetos.
	Inicia assim as experiências e aos poucos a criança descobre as primeiras noções de dentro, fora e acima.
	Lateralidade é a predileção a utilizar um dos lados do corpo, em todos os sentidos: mão, olho e pé. Já os movimentos bilaterais são aqueles que em se usa ambos os lados de com a mesma desenvoltura, como por exemplo, pegar uma bola com as duas mãos, já os movimentos unilaterais envolvem o uso de apenas de um lado do corpo, como por exemplo, escrever apenas com a mão direita, ou esquerda.
		Conforme Le Boulch (2001, p.):
A lateralização é a manifestação de um predomínio motor relacionado com as partes do corpo que integram suas metades direita e esquerda, predomínio este que, por sua vez, se vincula á aceleração do processo de maturação dos centros sensório-motores de um dos hemisférios cerebrais. Já para Defontaine a lateralidade refere-se à dominância de um lado do corpo sobre o outro.
2.1.1 VISÃO DOS AUTORES SOBRE PSICOMOTRICIDADE
	Fonseca (1998) salienta que a evolução da motricidade deve ser perspectivada desde o desenvolvimento da motricidade fetal.
	O autor considera que o próprio momento do parto, provoca alterações no desenvolvimento da motricidade, conforme as tradições e pressões existentes naquele momento.
	Destaca Fonseca que as primeiras estruturas do comportamento humano são inicialmente de ordem motora e no decorrer de seu desenvolvimento passam para ordem mental. Conforme o contato que a criança tiver com o meio onde vive, a motricidade cada vez mais terá dependência da consciência.
	Argumenta o autor, que a criança faz-se entender por meio de gestos desde os primeiros dias de sua vida, e até o momento da linguagem o movimento constitui-se quase que a expressão global de suas necessidades.
	Fonseca salienta que a criança toma contato com o mundo através dos movimentos. E é por um verdadeiro diálogo tônico que a criança se introduz na cultura.
	Por muito tempo, a forma de contato que a criança faz com o mundo é feita particularmente com a mãe através de um verdadeiro diálogo corporal e gestual. As primeiras relações ocasionarão uma alternação da tonicidade do indivíduo que traduzem esquemas de reação, sendo uns hipertônicos, outros hipotônicos.
	Estas impressões modificarão a musculatura e assim irão constituir a história do indivíduo, refletida numa diferenciada compleição motora.
	Salienta ainda, que os primeiros atos intencionais surgem na simbiose afetiva com o meio. Assim, este já representa uma forma de possessão e a partir desse autoconhecimento que se iniciam as descobertas e o domínio do próprio ambiente. Essa forma de aquisição só ocorre a partir da sequência das aquisições motoras essenciais como: posição do pé, preensão global, marcha etc.
	Desde o início do desenvolvimento psicomotor, inicia-se o processo de socialização. O desenvolvimento integral da pessoa efetua-se numa relação de troca com os outros. É nesta relação e, ainda na comunicação com os outros, que o homem se realiza.
	Considerando o trabalho da psicomotricidade com a finalidade de desenvolver aspectos comunicativos do corpo e de dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo, aperfeiçoando o seu equilíbrio é interessante citar a definição de psicomotricidade feita por alguns autores.
	Conforme Coste (1978, p. 09),
	A psicomotricidade é uma ciência carrefur, ou mais uma técnica na qual se cruzam e se reencontram muitos pontos de vista e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constitídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e linguística).
	Considerando o ser humano como um todo, na sua relação com o meio onde está, a psicomotricidade tem a função de perpassar as diferentes ciências, estabelecendo um vínculo entre ambas. Assim, implica uma concepção nova do corpo e obriga a pensar o lugar que este ocupa no conjunto dos símbolos corporais.
		Para Mütschele (1988, p.32), “A psicomotricidade é a educação do homem pelo movimento”. Ressalta também a autora que o esquema corporal se forma pela organização das sensações relativas ao corpo da criança que estão relacionadas. Ao lado da evolução sensório-motriz, ocorre o desenvolvimento dosistema nervoso, que aos poucos chegará a maturação.
	Argumenta ainda, que o primeiro objeto que a criança consegue perceber é o seu próprio corpo, com ele sente dores, alegrias, diversas sensações, movimenta-se e assim o corpo é o meio de ação e de relação com o mundo.
	A criança ao nascer, já começa a mover a cabeça, com reflexos na nuca; após o tronco também começa a se mover e à medida que vai crescendo e isso só se observa até aos dois anos de idade, então a criança começa a preensão de objetos, engatinha com o uso dos membros. Após vai adquirindo a força muscular, aprende a se equilibrar, alcança a postura ereta, faz a marcha, caminha, faz descobertas no meio onde está, cria e exerce diversas ações motoras.
	Conforme Negrine (1986,) a finalidade da psicomotricidade é promover, através de uma ação pedagógica competente, o desenvolvimento de todas as potencialidades da criança, propiciando o equilíbrio biopsicossocial.
	O autor ressalta que, as origens da Educação Psicomotora são atribuídas aos estudos realizados com crianças que apresentavam problemas de aprendizagem, especificamente na escrita, leitura e cálculos matemáticos, e até com crianças portadoras de necessidades especiais.
	Trabalhando com essas crianças, os franceses utilizaram métodos pedagógicos denominados de reeducação Psicomotora, em que se dava ênfase ao domínio corporal.
	As experiências, no decorrer do tempo, deram resultados surpreendentes e muito satisfatórios. Salienta o autor que muitas crianças que não aprendiam a leitura e escrita, conseguiram, após a reeducação psicomotora, a sua alfabetização. Com estes estudos, se verificou o parelelismo existente entre o domínio corporal e as aprendizagens cognitivas, sendo assim, a psicomotricidade passou a receber uma atenção especial.
	O autor compreende que a Educação Psicomotora é toda ação pedagógica e considera ser o principal objetivo o desenvolvimento motor e mental da criança, com a finalidade de levá-la a dominar o próprio corpo e adquirir uma inibição voluntária.
	Toda ação motriz, por menor que seja, mesmo assim regula o aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais. É pelo aspecto motor que a criança estabelece os contatos iniciais com a linguagem socializada.
	Algumas ações como: de direita, de esquerda, de frente e de trás, de cima e de baixo, de dentro e de fora são fundamentais para a orientação do ser humano, no que se refere a sua autonomia e de sua independência.
	Destaca assim, que a Educação Psicomotora precisa ser a ação pedagógica norteadora do trabalho já na pré-escola e prosseguindo nos primeiros anos escolares. Também pode se trabalhar a psicomotricidade com adultos, que às vezes é os que mais precisam, pois em certas situações não dominam o seu corpo e não conseguem se situar ou localizar-se em alguns espaços.	
	Os autores Sanchez, Martinez e Peñalver (2003), salientam que um dos aspectos mais interessantes, na concepção da Educação Infantil, nos últimos anos é o de reconhecer a criança como um sujeito desde o momento de seu nascimento. Compreendendo-o como ser único, e que lhe é atribuída uma identidade própria, conforme a maneira de ser e a realidade que o cerca. Também este indivíduo tem direito de receber atenção, conforme as necessidades básicas (biológica, cognitivas, emocionais e sociais).
	Ressaltam ainda que na criança, a sensório-motricidade se dá na principal via de expressão de seu mundo interno. Por isso, a psicomotricidade se centra em conhecer a criança a partir de sua atividade motora e desenvolve uma prática pedagógica voltada a descobrir a infraestrutura simbólica que tem toda a ação espontânea.
	Os autores ressaltam que, atualmente, encontramos nas escolas de Educação Infantil e séries iniciais do ensino fundamental alto número de alunos com bloqueios cognitivos. Consideravelmente, essas crianças não estão preparadas, maduras na dimensão mais profunda de seu ser, que é a afetividade e o desenvolvimento motor. Então, para tais crianças, torna-se difícil e até, às vezes impossível, analisar e integrar as informações que recebem a partir de uma perspectiva cognitiva.
	A prática psicomotora deve respeitar as potencialidades de cada indivíduo, e seu direito de ter um lugar na sociedade. Sendo assim, a criança tem oportunidades para se expressar por meio de uma grande variedade de canais de comunicação, expressão e criação, sendo, entre todos, o principal a motricidade.
	Considerando que cada criança tem sua própria história pessoal, por isso também é portadora de uma bagagem cultural de seu meio. O espaço para psicomotricidade e a metodologia de intervenção que são utilizadas é que vão permitir às crianças, a viver suas experiências a parir do prazer do movimento e da relação com o espaço e com os outros. Assim, se possibilita que as crianças de qualquer cultura, possam chegar à conquista do entorno e do mundo.
	Sugerem muito acompanhamento às crianças de Educação Infantil para que alcancem com prazer a conquista de sua própria autonomia. Por isso, o primeiro fator é a criação de um clima, de um ambiente educativo que lhes permita tomar consciência de que existem, a partir de suas próprias sensações, percepções e experiências já vividas.
	Nesse ambiente educativo, o professor deve organizar as atividades, a partir das produções das crianças, de seus interesses, das atividades e dos jogos pelos quais demonstram interesse e curiosidades, considerando sempre seu nível de maturidade afetiva e cognitiva. O educador será o mediador, o acompanhante que ajudará a criança, na evolução e desenvolvimento de suas necessidades individuais. O adulto deve passar à criança uma relação de apoio, segurança e atenção, para que a mesma possa reconhecê-lo como portador do saber e que pode ajudá-la quando precisar.
	Esse espaço deve propiciar a criança momentos favoráveis em que ela possa tomar consciência de que existe, e que essa existência é prazerosa, porque alguém está ali para reconhecê-la, para dar significado à sua ação e oferecer-lhe ressonância ajustada a suas emoções, afinal ser um espelho de prazer. Assim, a criança poderá gravar na memória essas experiências positivas que vivenciou e recuperá-las com clareza, para revivê-las e modificá-las com segurança.
	Como cada aluno tem uma história diferente, o educador precisar ter flexibilidade na sua prática pedagógica, de maneira a ajustar-se a cada um de seus alunos onde as vivências emocionais e afetivas de cada criança adquiram mais significado. Um clima de acolhida e segurança possibilitará a aquisição do conhecimento de si mesma e as aquisições das aprendizagens.
	Para que a escola possa proporcionar esse clima agradável, principalmente na educação infantil, faz-se necessário que os profissionais que nela atuam, sejam receptivos no momento maturativo e psicoafetivo da criança. Os profissionais da educação infantil devem ter uma formação que contemple a observação, reflexão e a compreensão das necessidades afetivas e dos comportamentos emocionais dos alunos, fundamentados nos princípios que sustentam a formação de adultos na prática psicomotora. A criança perceberá no professor formado nessa prática, um adulto disponível para escutar, acolher suas situações emocionais, aceitando-as e fazendo-as evoluir com sua tecnicidade.
	A prática psicomotora dá à criança a possibilidade de existir como sujeito original, e ao professor a missão de articular as atividades que permitam aos alunos a realização de seu próprio processo de maturação, conforme suas competências e ajudando na evolução dessas.
2.1.2 LATERALIDADE
	Mediante as diversas funções psicomotoras, já citadas anteriormente, destaca-se a lateralidade como estudo específico.
	Conforme Negrine (1986), o estudo da lateralidade vem recebendo destaque especial por vários profissionais, como neurologistas, fisiologista, psicólogo, pediatras e pedagogos em geral.
	Quanto à origem da lateralidade o autor ressalta que há duas teorias mais polêmicas. Uma refere-se à herança, istoé, a dominância lateral estaria diretamente relacionada com fatores genéticos e a outra refere-se à dominância de um lado córtex cerebral sobre o outro, a dominância hemisférica que determinaria a lateralização corporal.
	Ressalta Negrine (1986) que é importante, deixar claro que a lateralidade é uma das variáveis do esquema corporal. Então é fundamental que a criança não seja obrigada a adotar esta ou aquela postura, mas sim que oportuniza situações onde ela se expresse com espontaneidade e, a partir da experiência vivenciada com o corpo, defina o seu lado dominante, sem qualquer pressão do meio exterior. Em relação ao ponto de vista pedagógico não se deve forçar uma criança a ser destra ou canhota.
	O autor salienta que é preciso distinguir a Lateralidade de prevalência da Lateralidade de preferência. Compreende-se que se uma pessoa que apresenta um potencial para ter dominância do lado esquerdo do corpo, diríamos que seria a lateralidade de prevalência, mas se esta pessoa receber algum tipo de pressão do meio que a faça utilizar o lado direito, esse fato pode determinar que a pessoa adquira uma lateralidade de preferência.
	O autor Fonseca (1988, p. 69) expõe que:
 A lateralidade constitui um processo essencial às relações entre motricidade e a organização psíquica intersensorial. Representa a conscientização integrada e simbolicamente interiorizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a noção da linha média do corpo.
	Considera que desse radar irão decorrer as relações de orientação face aos objetos, às imagens e aos símbolos, motivo pela qual a lateralidade irá interferir na aprendizagem escolar.
	A lateralização, além de ser considerada uma característica da espécie humana em si, coloca em jogo a especialização hemisférica do cérebro e reflete a organização funcional do sistema nervoso central. A conscientização do corpo pressupõe a noção de esquerda e de direita, de modo que a lateralidade com mais força, precisão, preferência, velocidade e coordenação participa no processo de maturação psicomotor da criança.
	A capacidade de a criança ascender à simbolização passa pela dominância cerebral, pois caso contrário, resulta em distúrbios na linguagem falada e ou na escrita.
	Conforme Romero (1988), o predomínio lateral é funcional e relativo, não significando a existência da mesma proporção de destros e canhotos. Além disso, a lateralidade complementa uma função coordenada com o dominante; trata-se de uma direção assegurada por um dos membros ao realizarmos uma série de movimentos ou entrar em jogo um conjunto neuromuscular.
	Considerando os argumentos da Assunção José e Coelho (1989), o desenvolvimento psicomotor engloba o desenvolvimento funcional de todo o corpo e suas partes. É através dele que a criança, deixa de ser uma criatura frágil e se transforma numa pessoa livre e independente do auxilio dos outros.
	Salienta-se que as atividades motoras desempenham um papel importante na vida da criança, pois enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe os meios com os quais fará parte dos seus contatos sociais.
	Como acontece nas outras áreas da educação, também quanto a psicomotricidade, o educador deve conhecer os aspectos do desenvolvimento psicomotor em cada faixa etária.
	Sabe-se que qualquer distúrbio psicomotor liga-se a problemas que envolvem o indivíduo em sua totalidade, pois distúrbios psicomotores e distúrbios afetivos estão estreitamente ligados, sendo assim se influenciam e se reforçam mutuamente. Então a psicomotricidade considera o indivíduo como um todo, pesquisando se o problema está no corpo, na área da inteligência ou na afetividade.
	Destaca-se muito comum a incidência de alunos com distúrbios psicomotores. Embora aparentemente normais, eles são incapazes de aprender a ler e escrever, também apresentando uma série de outros problemas que interferem no processo escolar. Os como sintomas mais característicos do distúrbio, além da coexistência de problemas motores de maior ou menor gravidade, são os transtornos na área do ritmo, da atenção, do esquema corporal, orientação espacial e temporal e a lateralidade.
	Compreende-se que a maioria dos autores acreditam que existe no cérebro um hemisfério dominante e que este é o responsável pela lateralidade do indivíduo. Então, com a ordem enviada pelo hemisfério dominante, destaca-se o destro e o canhoto.
	No entanto, além da dominância da mão, existe a do pé, do olho e do ouvido, sendo que quando estas dominâncias não se apresentam do mesmo lado, diz-se que o indivíduo tem lateralidade cruzada.
	Destaca-se que até os 18 meses de vida da criança é nítido o ambidestrismo, ou seja, o uso indiscriminado de ambos os lados e que é partir dos 2 anos de idade é que a criança define sua lateralidade. Quando há dominância direita ou esquerda, não ocorre nenhuma perturbação no esquema corporal, mas quando a lateralidade é cruzada, os distúrbios psicomotores são evidentes e resultam em deformação no esquema corporal.
	O autor Pamplona (1986) argumenta que a lateralidade é o uso preferencial de um lado do corpo para a realização das atividades e que esse uso preferencial refere-se ao olho, ouvido, mão e pé. Destaca que a lateralidade cruzada define-se quando o indivíduo tem preferência pela mão de um lado do corpo e pelo pé e olho do lado oposto. A lateralidade indefinida é um termo que caracteriza as crianças que ainda não se decidiram pelo uso preferencial de um lado do corpo e usam indiferentes um ou outro lado do corpo para realizar as mesmas atividades. A ambidestria implica no uso de ambos os lados do corpo com a mesma habilidade e destreza.
	Salienta ainda, que por muito tempo, pensou-se que a lateralidade cruzada, a ambidestria ou a lateralidade indefinida pudessem causar distúrbios de leitura, de fala (gagueira) ou ainda de matemática. Mas conclui-se que ambos podem ser encontrados em crianças com distúrbios de aprendizagem, mas não causá-los.
	Quanto à aprendizagem constata-se que as dificuldades que surgem nas crianças, que tem na lateralidade indefinida ou contrariada e que são canhotas e quando são obrigadas a escrever com a mão direita, geralmente apresentam disgrafia (letra ilegível, dificuldades de orientação espacial) uso da folha e postura inadequada para escrever, discriminação de letras que diferem quanto a posição espacial e ainda dificuldade de leitura em relação ao sentido direcional da escrita.
2.1.3 POSSÍVEIS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM QUE A MÁ DEFINIÇÃO DE LATERALIDADE PODE ACARRETAR
	Entende-se que má lateralização influi no aspecto psicomotor da criança, podendo acarretar possíveis problemas de aprendizagem.
	Conforme Negrine (1986), nem todas as crianças no período escolar apresentam pré-requisitos necessários para sua alfabetização. As causas que interferem para que a criança não tenha um ritmo normal de aprendizagem, podem ser diversas.
	O desenvolvimento psicomotor da criança, primeiramente é determinado por um desenvolvimento neurológico normal e após pela experiência vivenciada pelo próprio corpo. As capacidades corporais ocorrem através de experiência com atividades diversas que vão constituindo um tipo de memória corporal. Esta, adquirida através da experiência vivida pelo corpo, é um pré-requisito para posteriores aprendizagens que requerem as habilidades mais complexas. Assim faz-se necessário que na ação educativa dos pais e na ação pedagógica dos professores, a criança ao explorar o espaço e o ambiente não seja tolhida na exploração que o cerca. Também é preciso proporcionar um ambiente favorável para o desenvolvimento de suas potencialidades.
	É comum encontrar nas famílias, quanto à educação das crianças, a palavra não, como advertência ou proibição, para evitar que a criança não faça aquilo que no entender deles, não deve ser feito. As consequências decorrentes dessas proibições muitas vezes se tornam um “freio” no desenvolvimento motor da criança. Destaca-se também como aspectolimitante do desenvolvimento, a ação protetória, exercida por pais e educadores, no momento que a criança encontra barreiras no seu dia a dia, na sua relação com o meio. Estas ações, além de serem limitadoras do seu desenvolvimento, também impedem a experimentação e evolução do raciocínio da criança.
	Já que ocorre um paralelismo entre o desenvolvimento motor e o desenvolvimento mental, então se faz necessário dar tempo para que a criança busque e ache alternativas de solução para os problemas e situações que emergem na suas descobertas do mundo.
	Conforme Negrine (1986), as dificuldades de aprendizagem que ocorrem na faixa etária dos 6 e 7 anos, são consequências de um todo vivido com seu próprio corpo, então apenas de problemas específicos de aprendizagem de escrita e leitura. 
	A lateralidade, como uma das variáveis do desenvolvimento psicomotor, é um dos aspectos indispensável e relevante para o desenvolvimento das capacidades de aprendizagem. Salienta o autor que isto não significa que toda criança que tiver dificuldade de aprendizagem também terá alterações de lateralidade.
2.2 METODOLOGIA
	
	A partir da problematização evidenciada, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com autores que escrevem sobre o assunto da psicomotricidade com ênfase especial à lateralidade e à importância desta função motora na aprendizagem.
	A pesquisa foi bibliográfica e qualitativa, de caráter descritivo, a fim de divulgar a necessidade de se conhecer e estimular as crianças para a realização de atividades motoras. Utilizou-se para execução da mesma, livros, revistas, periódicos impressos e eletrônicos e outros materiais disponíveis. Inicialmente foi feita a localização e seleção do material, leitura e fichamento. Investigou-se, por meio de estudos exploratórios na literatura existente sobre a Lateralidade.
	O referencial foi baseado em autores vinculados ao tema e realizado um estudo sobre a psicomotricidades, com ênfase na lateralidade.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A criança percebe seu corpo por meio de todos os sentidos. Descobre que seu corpo ocupa um espaço no ambiente e através dele vivencia as diferentes sensações, sente sabores e cheiros, dores, calor, frio, escuta sons, capta imagens e principalmente faz movimentos..
	Alterações psicomotoras interferem nas tarefas escolares, refletindo na escrita, mas trabalhar a psicomotricidade aumenta o potencial motor do aluno, ajudando que este tenha um melhor desenvolvimento na aprendizagem escolar.
	Mediante a necessidade nas séries iniciais, buscou-se fazer essa pesquisa bibliográfica, para melhor compreender e até aperfeiçoar a própria prática pedagógica.
	Após as leituras feitas sobre o tema lateralidade, compreende-se que é de muita importância os professores trabalharem a mesma desde cedo, pois é um dos requisitos necessários para auxiliar na alfabetização da criança e para ajudar o indivíduo quanto à orientação e a organização espacial.
	É preciso ter definido o que é lateralidade e direcionalidade, pois ainda há muita confusão quanto a esses dois conceitos. Sabe-se que a criança irá desenvolver a prevalência de sua lateralidade, interagindo com o meio ambiente em que vive.
	Os professores precisam conhecer os seus alunos e ter clareza quanto à lateralidade de cada um, para não cometer erros pedagógicos e para não contrariar a sua lateralidade, mas sim ajudá-los a definir e afirmar.
	Entende-se que a pessoa que tiver a lateralidade cruzada ou indefinida, possivelmente apresentará dificuldades na sua aprendizagem quanto a leitura, escrita e orientação espacial.
	Porém é importante ressaltar que conforme a visão de alguns autores a lateralidade cruzada não causa dislexia, disgrafia, disortografia e a discalculia, mas é um dos fatores que ajuda a causar essas dificuldades de aprendizagem.
	Constatou-se que a definição da lateralidade é fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo e da organização espacial da criança. Afinal, o corpo é o referencial para ela, constituindo-se no instrumento mais importante para a construção real do conhecimento.
REFERÊNCIAS
BARROS, Celia Silva. Ponlos de Psicologia Escolar.3ª. ed, Atice, 1993.
COSTE, Jean-Claude. A Psicomotricidade. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
FONSECA, Vítor da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
JOSÉ, Elisabete da assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Estampa, Lda. Lisboa, 1977.
LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora, A Psicocinética na Idade Escolar. 2ª Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
MORAIS, António Manuel Pamplona. Distúrbios de aprendizagem. Uma abordagem psicopedagógica. São Paulo, Editora Edicon, 1986.
MÜTSCHELE, Marly Santo. Como desenvolver a psicomotricidade? São Paulo: Loyola, 1988.
NEGRINE, Airton da Silva. Educação Psicomotora: a lateralidade e a orientação espacial. 1ª ed. Porto Alegre: Palloti, 1986.
ROMERO, Eliane. Lateralidade e rendimento escolar. Revista Sprint, vol. 6, 1988.
SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz. A psicomotricidade na educação infantil: uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: Artmed, 2003.

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