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Sociologia: História e Ciência

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SOCIOLOGIA
Caderno de Estudos
Prof. Everaldo da Silva
Prof. Vilmar Urbaneski
Editora GRUPO UNIASSELVI
2010
Educação a Distância
NEAD
GRUPO
Copyright  Editora GRUPO UNIASSELVI 2010
Elaboração:
Prof. Everaldo da Silva
Prof. Vilmar Urbaneski
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
Grupo UNIASSELVI – Indaial.
 
301
U728s Urbaneski, Vilmar.
 Sociologia/ Vilmar Urbaneski e Everaldo 
 da Silva.Centro Universitário Leonardo da Vinci – 
 Indaial:Grupo UNIASSELVI, 2010.x ; 241. p.: il
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-298-6
 1. Sociologia 2. Teoria e Fundamentos da
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
SOCIOLOGIA
APRESENTAÇÃO
No afã de se atualizar na sua missão de ensinar, o Grupo UNIASSELVI busca todas 
as possibilidades didáticas de maneira criativa, incitando professores e acadêmicos a 
perseguir o melhor preparo profissional. Todo profissional contemporâneo procura a solidez 
de conhecimentos aliada à atualização constante e terá de apresentar um background cultural 
que vá colocá-lo a cavaleiro das dificuldades inerentes à acirrada competição.
Aproveitando a abertura que a legislação educacional propiciou, de que 25% da carga 
semestral pode ser cumprida na modalidade semipresencial, as congregações de cursos do 
Grupo UNIASSELVI utilizaram essa prerrogativa para construir consistentemente um autêntico 
ciclo básico ao longo de todo o desenvolver-se da tábua curricular. 
Disciplinas como Metodologia do Trabalho Acadêmico, Informática Básica, Sociologia, 
Filosofia, Estatística e outras são ofertadas dentro dessa modalidade que, em termos de 
tecnologias de ensino e de procedimentos didáticos, apresentarão significativos ganhos aos 
acadêmicos e professores, uma vez que as atividades previstas garantem um aprendizado 
consistente e maduro.
O presente material, impresso em forma de opúsculos, dividindo o conteúdo da 
Sociologia em unidades, é exemplar em sua forma de apresentar a matéria, primando pela 
clareza dos objetivos, elegância na forma de apresentação e erudição na medida justa, 
evitando pernosticismos na apresentação dos autores clássicos. Além do mais, possibilita um 
tratamento diferenciado para os vários cursos, sem fugir, entretanto, da unidade fundamental 
da disciplina.
Os autores desse texto básico de Sociologia conseguiram, dessa forma, limpá-lo de 
exageros doutrinais e ideológicos, dando-lhe a firmeza dos bons princípios de tratamento 
científico, livrando os acadêmicos do mal-estar decorrente de opções político-partidárias 
forçadas pelo autoritarismo magisterial, forma perversa de subtrair a liberdade de consciência 
e de pensamento. 
Professor Sálvio Alexandre Müller (In memoriam)
iii
SOCIOLOGIA iv
UNI
Oi!! Eu sou o UNI, você já me conhece das outras disciplinas. 
Estarei com você ao longo deste caderno. Acompanharei os seus 
estudos e, sempre que precisar, farei algumas observações. 
Desejo a você excelentes estudos! 
 UNI
SOCIOLOGIA
SUMÁRIO
PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA .............................................................................. ix
UNIDADE 1: SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA ........................................................ 1
TÓPICO 1: RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA ..................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 3
2 ANTECEDENTES DA SOCIOLOGIA ............................................................................ 4
3 SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA ................................................................................. 5
3.1 MENTALIDADE MEDIEVAL E MENTALIDADE RENASCENTISTA: DIFERENÇAS ... 7
4 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA .............................................................................. 12
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 14
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 15
TÓPICO 2: BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA ......... 17
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17
2 AUGUSTE COMTE: O PENSAMENTO POSITIVISTA E AS RELAÇÕES SOCIAIS . 17
2.1 ORDEM E PROGRESSO .......................................................................................... 19
3 ÉMILE DURKHEIM ...................................................................................................... 21
3.1 FATO SOCIAL ........................................................................................................... 22
4 KARL MARX ................................................................................................................ 25
5 MAX WEBER ............................................................................................................... 30
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 32
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................. 38
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 39
TÓPICO 3: LIÇÕES IMPORTANTES DA SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA ............. 43
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 43
2 PIERRE BOURDIEU .................................................................................................... 43
3 ZYGMUNT BAUMANN ................................................................................................ 48
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 52
RESUMO DO TÓPICO 3 ................................................................................................. 55
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 56
TÓPICO 4: PERCORRENDO A SOCIOLOGIA BRASILEIRA ....................................... 59
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 59
2 UM AUTOR PARA ESTUDAR, NÃO PARA LER: GILBERTO FREYRE .................... 59
3 PENSADOR MARXISTA: FLORESTAN FERNANDES .............................................. 63
4 O INTELECTUAL INFLUENTE: FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ...................... 67
5 SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA E O HOMEM CORDIAL .................................... 74
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 76
RESUMO DO TÓPICO 4 ................................................................................................. 79
v
SOCIOLOGIA vi
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 80
AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 81
UNIDADE 2: PENSAMENTO DA SOCIOLOGIA EM ÁREAS DIVERSAS .................... 83
TÓPICO 1: MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE EM DISCUSSÃO ..................... 85
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................85
2 PÓS-MODERNIDADE .................................................................................................. 85
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................... 91
RESUMO DO TÓPICO 1 ................................................................................................. 95
AUTOATIVIDADE ........................................................................................................... 96
TÓPICO 2: ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE ENFOQUES ................................ 97
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 97
2 ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE METÁFORAS ............................................. 98
2.1 ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO MÁQUINAS ........................................................ 99
2.1.1 Paradigma mecanicista na formação humana ..................................................... 103
2.2 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO ORGANISMOS .......................................... 107
2.3 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CÉREBRO .................................................. 111
2.4 AS ORGANIZAÇÕES VISTAS COMO CULTURAS ................................................. 113
LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................... 116
RESUMO DO TÓPICO 2 ................................................................................................ 118
AUTOATIVIDADE .......................................................................................................... 119
TÓPICO 3: HOMEM CONTEMPORÂNEO: CONSCIENTE DA 
 QUALIDADE DE VIDA .............................................................................. 121
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 121
2 EM DEFESA DA ABORDAGEM SUBSTANTIVA NAS INSTITUIÇÕES ................... 122
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 128
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 133
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 134
TÓPICO 4: TRABALHO E EDUCAÇÃO ...................................................................... 137
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 137
2 TRABALHO NA HISTÓRIA: BREVES CONSIDERAÇÕES ..................................... 137
3 EDUCAÇÃO: PREOCUPAÇÃO PARA COM O TRABALHO ................................... 145
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 150
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 155
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 156
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 157
UNIDADE 3: TEMAS DIVERSOS EM DISCUSSÃO SOB O 
 OLHAR DA SOCIOLOGIA ....................................................................... 159
SOCIOLOGIA vii
TÓPICO 1: DIVERSIDADE CULTURAL ....................................................................... 161
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 161
2 ASPECTOS CULTURAIS EM DISCUSSÃO .............................................................. 161
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE ETNOCENTRISMO, RELATIVISMO CULTURAL E 
MULTICULTURALISMO ............................................................................................ 167
4 TERRORISMO ........................................................................................................... 171
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 172
RESUMO DO TÓPICO 1 ............................................................................................... 174
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 175
TÓPICO 2: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA VIDA URBANA ................................. 177
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 177
2 VIDA URBANA: DIVERSIDADE, VIOLÊNCIA, HABITAÇÃO E TRÂNSITO ............ 177
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 187
RESUMO DO TÓPICO 2 ............................................................................................... 191
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 192
TÓPICO 3: SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO ...................... 193
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 193
2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .............................................................................. 193
3 SOCIEDADE E CONHECIMENTO ............................................................................ 199
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 200
RESUMO DO TÓPICO 3 ............................................................................................... 203
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 204
TÓPICO 4: CONSUMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ............................. 205
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 205
2 O SENTIDO DO CONSUMO ...................................................................................... 206
3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................... 209
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 213
RESUMO DO TÓPICO 4 ............................................................................................... 218
AUTOATIVIDADE ......................................................................................................... 219
TÓPICO 5: SOCIEDADE BRASILEIRA: MULTIFACES .............................................. 221
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 221
2 ORIGEM DA SOCIEDADE BRASILEIRA .................................................................. 222
2.1 ÍNDIOS .................................................................................................................... 222
2.2 PORTUGUESES ..................................................................................................... 225
2.3 AFRICANOS ............................................................................................................ 225
2.4 IMIGRANTES .......................................................................................................... 227
3 RESPEITANDO A DIVERSIDADE ÉTNICA NO BRASIL .......................................... 228
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................ 231
RESUMO DO TÓPICO 5 ............................................................................................... 234
SOCIOLOGIA viii
AUTOATIVIDADE .........................................................................................................235
AVALIAÇÃO .................................................................................................................. 236
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 237
SOCIOLOGIA ix
PLANO DE ENSINO DA DISCIPLINA
EMENTA
Histórico, conceitos básicos e principais teóricos da Sociologia. A Sociologia 
contemporânea. O mundo do trabalho. Desigualdade cultural e social. 
Diversidade cultural. Consumo e sustentabilidade. Organizações: diversidades 
de enfoques. Sociedade da informação e conhecimento. Diversidade étnica 
da sociedade brasileira. Vida urbana.
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Esta disciplina tem por objetivos:
•	 demonstrar a origem histórica e a constituição do conhecimento na 
Sociologia;
•	 contribuir para dotar os acadêmicos de capacidade analítica, de modo que 
possam analisar, com espírito crítico, as diferentes situações e problemas 
susceptíveis de ocorrerem na sociedade;
•	 demonstrar a existência de diferentes visões da sociedade, quer numa 
perspectiva mais crítica, quer do ponto de vista mais conservador;
•	 desenvolver a capacidade de análise e prospecção dos acadêmicos acerca 
dos fenômenos sociais e das possibilidades de ação e intervenção sobre 
a realidade social;
•	 apresentar dilemas fundamentais da condição humana, em particular 
daqueles associados aos impactos da globalização, da técnica moderna 
e da sustentabilidade;
•	 oferecer subsídios para a associação entre teoria e prática e para análise 
dos fatos sociais.
PROGRAMA DA DISCIPLINA
UNIDADE 1 – SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
TÓPICO 1 – RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 2 – BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 3 – LIÇÕES IMPORTANTES DA SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA 
TÓPICO 4 – PERCORRENDO A SOCIOLOGIA BRASILEIRA
SOCIOLOGIA x
UNIDADE 2 – PENSAMENTO DA SOCIOLOGIA EM ÁREAS DIVERSAS
TÓPICO 1 – MODERNIDADE E PÓS-MODERNIDADE EM DISCUSSÃO
TÓPICO 2 – ORGANIZAÇÕES: DIVERSIDADES DE ENFOQUES
TÓPICO 3 – HOMEM CONTEMPORÂNEO: CONSCIENTE DA QUALIDADE DE VIDA
TÓPICO 4 – TRABALHO E EDUCAÇÃO
UNIDADE 3 – TEMAS DIVERSOS EM DISCUSSÃO SOB O OLHAR DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 1 – DIVERSIDADE CULTURAL
TÓPICO 2 – DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA VIDA URBANA 
TÓPICO 3 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO
TÓPICO 4 – CONSUMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
TÓPICO 5 – SOCIEDADE BRASILEIRA: MULTIFACES
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UNIDADE 1
SOCIOLOGIA: HISTÓRIA E CIÊNCIA
OBJETIVOS DE APRENDIzAGEM
 A partir desta unidade, você será capaz de compreender:
	os antecedentes históricos da Sociologia; 
	a natureza e as origens da Sociologia;
	o estudo da Sociologia e a sua importância;
	o pensamento sociológico clássico;
	a importância do papel desempenhado por Comte, Marx, Durkheim 
e Weber;
	o que são fatos sociais e a sua força coercitiva;
	como ocorrem as ações sociais e os seus diferentes tipos;
	os dois tipos de solidariedade cuja coesão procura garantir;
	os conceitos centrais do pensamento de Pierre Bourdieu 
mobilizados para descrever e explicar as lógicas de funcionamento 
da sociedade e as práticas dos agentes.
TÓPICO 1 – RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 2 – BREVE APROXIMAÇÃO COM OS CLÁSSICOS 
DA SOCIOLOGIA
TÓPICO 3 – LIÇÕES IMPORTANTES DA SOCIOLOGIA 
CONTEMPORÂNEA 
TÓPICO 4 – PERCORRENDO A SOCIOLOGIA BRASILEIRA
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Em cada um deles 
você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos 
apresentados.
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RAÍZES HISTÓRICAS DA SOCIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
TÓPICO 1
UNIDADE 1
É preciso dar prioridade à questão social porque, caso contrário, 
vamos ter a moeda mais forte do mundo juntamente com a maior 
miséria do mundo. Nós não somos palhaços, nós somos cidadãos e 
temos de ser respeitados nos nossos direitos, assim como nos com-
promissos de campanha que são estabelecidos a cada quatro anos. 
É preciso aprender a ser mais indignado, a cobrar mais; não podemos 
ficar tão passivos e tão pacíficos diante de tanta miséria.
Sociólogo Betinho
No seu dia a dia, você pode visualizar que cada pessoa emite seu parecer sobre a 
sociedade. Uns podem dizer que a mesma é contraditória no sentido de existir riquezas nas 
mãos de poucos e a maioria estar na miséria. Outros podem alegar que a sociedade está 
em crise, ou ainda que na sociedade há ausência de valores, falta de respeito, desconfiança, 
corrupção, dentre outros problemas. Outros ainda podem mencionar que a sociedade tem um 
futuro promissor devido aos avanços tecnológicos e científicos, em virtude dos investimentos 
em médio e longo prazo, dentre outros pareceres. E é claro, você pode ter o seu parecer, seja 
ele sofisticado, usando arcabouços de diversas teorias de diversas áreas do conhecimento 
para compreender a sociedade, ou simplesmente ter um parecer breve, sem maiores 
aprofundamentos e fundamentos sobre o funcionamento, as anomalias e futuro da sociedade 
e os possíveis impactos na sua área de atuação.
Salienta-se que no decorrer da história da humanidade, você pode encontrar várias 
teorias sobre a sociedade ou até mesmo propostas para melhorar o seu funcionamento ou 
explicar as suas anomalias.
 
Entretanto, na história, várias foram as maneiras de organização das sociedades, 
como, por exemplo, o caso da Grécia Antiga, do Império Romano, dos persas e dos chineses, 
ou seja, você pode observar que cada sociedade se estruturou a seu modo – com valores 
próprios, organização política, social, econômica e cultural –, e esta estrutura pode ou não ter 
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subsistido ao tempo. É possível dizer que as sociedades antigas podem ter influenciado direta 
ou indiretamente outras sociedades, ou até mesmo posteriores a elas, seja na forma de pensar 
e agir ou no seu legado cultural.
Além disso, vale destacar que na história diversas teorias foram elaboradas para 
entender a sociedade, que dependem de época para época, de sociedade para sociedade 
e de pensador para pensador. Ou ainda de área para área de estudo. E uma das áreas de 
estudo que têm se dedicado ao entendimento do funcionamento da sociedade, dentre outras 
finalidades, é a Sociologia. 
Assim, neste tópico, você estudará o contexto do surgimento da Sociologia e os 
antecedentes históricos, algumas concepções sobre a Sociologia e suas finalidades.
2 ANTECEDENTES DA SOCIOLOGIA
A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade com o intuito 
de compreender a sociedade de um modo geral ou até mesmo nas suas peculiaridades (é 
claro que cada sociólogo daquele período tinha o seu entendimento da sociedade). Outrossim, 
você pode perguntar em que contexto surge a Sociologia (também conhecida para o período 
como a Nova Ciência), o que estava acontecendo antes do seu surgimento e ainda por que 
ela surgiu. 
Assim, vale salientar que o período anterior à modernidade é conhecido como Idade 
Média e, historicamente, está situada entre o século V e o século XV (você pode encontrar o 
termo pré-modernidade para esse período). A Sociologia, nos termos em que conhecemos hoje, 
não estava presente. Neste período conhecido, via de regra, como Idade Média, a religião teve 
um papel relevante na vida das pessoas de um modo geral, bem como influenciava na política, 
educação, cultura e na organização da sociedade e, até mesmo, em seu entendimento.
A visão do mundo predominante no período medieval era a teocêntrica. Do grego 
(théos: Deus), o teocentrismo medieval significava que Deus era o mais importante na vida 
das pessoas, ou seja, Deus era a medida de todas as coisas. E, neste sentido, até mesmo 
os liames da sociedade tinham explicação em Deus. Destaforma, a sociedade medieval, 
composta pelo clero, nobreza e servos, era tida como vontade de Deus e assim se postulava 
que, se a sociedade teria de ser diferente, Deus a teria feito de modo diferente. Deste modo, 
a visão que se tinha no período medieval era a de que o mundo se constituía daquela maneira 
em virtude da vontade divina. E se fosse de outra maneira, Deus o teria feito de outro modo e 
com outra estrutura de funcionamento. 
Neste contexto, alguns homens dedicavam-se a servir a Deus, louvá-lo e pregar as 
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3 SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
palavras de Cristo no Mundo. Outros teriam a função de defender a cristandade com armas 
em mãos, bem como defender os fracos. E, por fim, os que tinham a incumbência de trabalhar 
para que não faltasse pão, para si e para os que defendiam e rezavam. E neste sentido, o lugar 
que cada pessoa ocupava na estrutura social medieval era entendido como determinado por 
Deus. Pode-se dizer que no período medieval acreditava-se que a sociedade era imutável e, 
para isso, buscavam-se justificativas das mais variadas, tendo-as como ponto de sustentação 
à vontade de Deus.
Você deve ter percebido que o funcionamento da sociedade, no período medieval, era 
balizado pela vontade de Deus. Entretanto, as novas ideias que começam a se fazer presentes 
no final da Idade Média, de certa forma, contribuíram para o surgimento da Sociologia.
Nos séculos XV e XVI, período da entrada da modernidade, o homem toma consciência 
das suas capacidades racionais para desvendar os segredos da natureza e as emprega na busca 
da solução dos seus problemas de entendimento do mundo. Neste sentido, a cultura teocêntrica 
vigente até então perde espaço para a cultura antropocêntrica (antropo: homem: medida de 
todas as coisas). Pode-se dizer que uma nova forma de ver, agir e pensar aparece lentamente 
entre os homens daquele período e que, de certa maneira, contribuiu para impulsionar diversas 
transformações que estavam se fazendo presentes no final da Idade Média.
De modo geral, pode-se dizer que Deus deixa de ser o centro do mundo medieval e 
lentamente o homem torna-se o centro. O homem é valorizado como um ser individual e que 
busca descortinar as suas potencialidades humanas. Assim, o homem moderno deseja superar 
os obstáculos e desenvolver-se enquanto ser humano, bem como o mundo de que ele faz 
parte. De acordo com Andery, Micheleto e Sério (1996, p. 175):
[...] na nova visão de mundo, que veio a substituir a medieval, o homem, no seu 
sentido mais genérico, era a preocupação central. As relações Deus-homem, 
que eram enfatizadas pelo teocentrismo medieval, foram substituídas pelas 
relações homem e a natureza. Isso significava, com relação ao conhecimento, a 
valorização da capacidade de o homem conhecer e transformar a realidade. 
 
Neste período ocorreram vários eventos que estavam em consonância com tal 
mentalidade. Brevemente destacaremos os mais importantes, a saber: 
Renascimento comercial: no sistema feudal da Idade Média a economia era 
basicamente agrária e autossuficiente. E a riqueza de uma pessoa era medida pela quantidade 
de terras. Contudo, a partir da segunda metade da Idade Média, o comércio começou a 
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ser reativado. Dentre o fatores estavam as Cruzadas e a produção do excedente. Além 
disso, outros fatores estiveram inerentes ao renascimento comercial, como: ascensão do 
capitalismo, incremento do sistema bancário, o mercantilismo e o surgimento de uma nova 
classe social, a burguesia. 
Renascimento urbano: na Idade Média a vida era predominantemente no campo, 
as pessoas viviam em castelos para obter uma segurança maior, ou ainda em mosteiros. 
Contudo, com o renascimento comercial, surgem os burgos (pequenas vilas), onde as pessoas 
se encontravam para comercializar e trocar ideias.
As grandes navegações: a descoberta da América (1494) por Cristóvão Colombo, 
a chegada às Índias (1498), por Vasco da Gama, e o descobrimento do Brasil (1500), por 
Pedro Álvares Cabral, contribuíram para ampliar o mundo conhecido e eliminar a ideia de 
que o mundo era plano, de que havia monstros nos mares, entre outras ideias. O homem 
se torna capaz de atravessar os mares e conquistar outros continentes e colonizá-los: África 
e América (Novo Mundo).
As invenções: a pólvora era usada pelos chineses para a fabricação de fogos de artifício. 
Os árabes a introduziram na Europa. Revolucionou a arte da guerra. A bússola, que os chineses 
conheciam, os italianos aperfeiçoaram. O papel foi introduzido pelos árabes na Europa, a imprensa 
do alemão João Guttenberg, sendo que o primeiro livro impresso foi a Bíblia, em 1445. 
Renascimento científico: os descobrimentos, o racionalismo e a preocupação 
com a natureza estimularam as pesquisas científicas. Pela Escola de Pádua, sob proteção 
de Veneza, passaram intelectuais como Pietro Pomponazzi, Galileu Galilei, Copérnico. 
Pomponazzi pregou a supremacia da razão, negou a Criação, a imortalidade da alma e os 
milagres: eram escritos avançados para a época e que questionavam a estrutura e a forma 
de as pessoas pensarem e entenderem o mundo.
Reforma religiosa ou Reforma protestante foi, grosso modo, um movimento com 
características religiosas, políticas e econômicas. Iniciou com Lutero na Alemanha, no século 
XVI – (vale destacar que outros pensadores já estavam criticando a Igreja anteriormente). 
Esta reforma provocou a separação de uma parte da comunidade católica da Europa, dando 
origem ao protestantismo. Entre os objetivos dos reformadores: restabelecer a fé cristã 
na sua simplicidade e pureza primitivas, bem como rejeitar a tradição ensinada pela Igreja 
porque a julgavam contrária à palavra de Deus. 
Renascimento cultural que foi um movimento intelectual, artístico e literário ocorrido 
na Europa, especialmente na Itália, nos séculos XV e XVI, o qual teve entre as suas 
características: inspiração nas obras da antiguidade greco-romana, a exaltação da vida, o 
sensualismo e o gosto artístico.
FONTE: Adaptado de Urbaneski (2008)
UNIDADE 1 TÓPICO 1 7
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Para que você, acadêmico(a), se envolva ainda mais com o tema 
apresentado, sugiro que seja feita uma pesquisa do período 
estudado (Idade Média), no intuito de constatar o que discutiam 
ou escreviam os que se dedicavam à sua área de estudo.
 O que estava acontecendo?
 Quem eram os pensadores?
 O que estava sendo escrito?
 Que livros foram escritos e tratavam sobre o quê?
Acadêmico(a), você percebeu que no início da Idade Moderna aconteceu uma série de 
fatos e eventos que possibilitaram a mudança do desenho da sociedade da época e, de certa 
maneira, impactou sobre a forma de os pensadores teorizarem sobre o mundo ou mentalizarem 
propostas de organização social. 
Neste sentido, até mesmo o entendimento sobre a sociedade começa a mudar e, de 
certa forma, a Sociologia aparece como uma das áreas de investigação que tem como objeto 
de estudo a sociedade, principalmente para entender em princípio a nova ordem social, 
econômica e política que emergia naquele período, tendo como base os postulados científicos 
que estavam ganhando força. 
Então, foram inúmeras as mudanças neste período e, por isso, o entendimento do 
contexto é essencial para que você entenda o surgimento da Sociologia e por que os pensadores 
daquele período pensavam daquela forma. Inclusive, para o seu entendimento, a seguir 
apresentamos um texto das ideias predominantes no período medieval e renascentista.
3.1 MENTALIDADE MEDIEVAL E MENTALIDADE 
RENASCENTISTA: DIFERENÇAS
Leia atentamente e verifique as diferenças de mentalidade (SCHIMIT apud URBANESKI, 
2008): a medieval e a renascentista (esta última foi umdos suportes para a mentalidade moderna 
em geral). Por isso, de forma didática, você terá duas formas diferentes de pensar. 
 
A visão predominante na mentalidade medieval era o Teocentrismo: “Deus é o centro 
de tudo”. As obras de arte e livros mais importantes tratam de temas religiosos e o prédio 
de maior destaque de uma cidade era a Igreja. Na mentalidade renascentista predominava 
o Antropocentrismo: o ser humano no centro das atenções e valoriza-se a vida terrena. 
 Na mentalidade medieval, a verdade deveria ser encontrada nas tradições da 
sociedade medieval, no que estava escrito na Bíblia, na autoridade da Igreja e nos escritos 
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de pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Na mentalidade renascentista, 
a verdade sobre a natureza deveria ser obtida por meio de experiências e de observação 
guiadas pelo uso da razão (do raciocínio). Ou seja, não se aceita mais só o que a tradição, 
Igreja e Bíblia expõem, mas o homem renascentista procura outras fontes de conhecimento, 
por exemplo, através da ciência. 
Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois este era 
um pecador. E desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, pois o homem merece 
sofrer porque é pecador. Já na mentalidade moderna, o homem é a mais perfeita das criaturas 
(feito à sua imagem e semelhança), capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, prédios, 
viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu próprio destino, 
mudar de classe social, por exemplo, e não aceitar as coisas como vontade divina.
Na mentalidade medieval, a vida terrena, bem como os bens materiais e o corpo tinham 
pouco importância. O que era precioso era a salvação da alma; fazer parte dos eleitos que 
habitariam o céu (Paraíso). Já a mentalidade renascentista continua cristã, porém considera 
que a vida material é muito importante e, além disso, valoriza em muito o corpo. 
Na mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado pela 
vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, terremotos). E devemos conhecer 
o mundo para admirar a obra de Deus e louvá-lo pela sua criação. Já para a mentalidade 
renascentista, os fenômenos da natureza devem ser explicados pelo homem que, com o 
uso da razão e da ciência, consegue conhecer a natureza. 
Na mentalidade medieval as pessoas deveriam se conformar com o mundo tal como 
ele é, porque foi Deus que o quis assim. Se o mundo deveria ser diferente, Deus tê-lo-ia 
feito. E a única grande mudança possível seria o apocalipse. Entretanto, na mentalidade 
renascentista, o homem pode e deve ser o criador, aventureiro, sonhador e dominador da 
natureza.
Na mentalidade medieval a natureza é fonte de pecado. Para a mentalidade 
renascentista, o homem faz parte da natureza e deve conhecê-la para conhecer a si 
próprio. 
E, finalmente, na mentalidade medieval a razão (capacidade humana de pensar) 
deve estar subordinada à fé. Na mentalidade renascentista, a fé deve prevalecer no sentido 
religioso, mas a razão deve ter prioridade sobre a fé quando o assunto é o estudo da natureza. 
FONTE: Schimit (apud URBANESKI, 2008, p. 50-51).
Frente ao exposto anteriormente e ao cenário vigente no final da Idade Média, Andery, 
Micheleto e Sério (1996, p. 177) afirmam que:
 
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[...] aliada ao rompimento do mundo medieval, rompeu-se também a confiança 
nos velhos caminhos para a produção do conhecimento: a fé, a contemplação 
não eram mais consideradas vias satisfatórias para se chegar à verdade. 
Um novo caminho, um novo método, precisa ser encontrado, que permitisse 
superar as incertezas [...].
 Neste sentido, o homem busca na razão e na ciência caminhos que possam assegurar 
mais confiança nos seus conhecimentos do que até então adotados, ou seja, de certa forma, 
abandonam-se as explicações alicerçadas em Deus para buscar explicações que tenham a 
ciência como guia. E essa forma de entendimento sobre a sociedade tendo como aporte Deus 
começa a ser deixada de lado e, neste sentido, a Sociologia que surge neste contexto busca 
amparar-se nos conhecimentos científicos para as suas investigações.
Assim, a Sociologia surge como consequência da necessidade de as pessoas 
compreenderem os problemas sociais que estavam aparecendo. Dentre os principais, podemos 
destacar o processo de industrialização iniciado no século XVIII. Ainda, tendo seu início na 
Inglaterra, a Revolução Industrial integralizou um conjunto de “Revoluções Burguesas” do século 
XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, primeiro através da passagem do capitalismo 
comercial para o industrial. Outros dois movimentos foram a Independência dos Estados Unidos 
e a Revolução Francesa. Esta última sofreu forte influência dos princípios iluministas.
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O Iluminismo foi um movimento intelectual que tinha como 
objetivo entender e organizar o mundo a partir da razão, 
contrariando os princípios religiosos.
A Sociologia nasceu num ambiente de profundas mudanças sociais. Assim, a ciência 
que estuda a sociedade foi construída paulatinamente desde o século XVI com as correntes 
de pensamento que estabeleceram os alicerces da modernidade europeia (o racionalismo, o 
empirismo e o iluminismo). 
Neste contexto, ainda temos o avanço do capitalismo como modo de produção dominante 
na Europa Ocidental, o qual foi desestruturando com velocidade e profundidade variadas, tanto 
os fundamentos da vida material como as crenças e os princípios morais, religiosos, jurídicos 
e filosóficos em que se sustentava o antigo sistema. A dinâmica capitalista e as novas forças 
sociais por ele engendradas (causadas) provocaram o enfraquecimento ou o desaparecimento, 
às vezes rapidamente, dos estamentos (camadas sociais) tradicionais e das instituições feudais: 
servidão, propriedade comunal, organizações corporativas artesanais e comerciais.
A partir da segunda metade do século XVIII, com a primeira Revolução Industrial e o 
surgimento do proletariado, cresceram as pressões para uma maior participação política e a 
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urbanização intensificou-se, recriando uma paisagem industrial muito distinta da que antes 
existia.
Os céus dos grandes centros industriais começaram a cobrir-se da fumaça despejada 
pelas chaminés de fábricas que se multiplicavam em ritmo acelerado, aproveitando a 
considerável oferta de mão de obra proporcionada pela gradual deterioração da propriedade 
comunal. A capitalização e a modernização da agricultura provocaram o êxodo de milhares de 
famílias que buscavam trabalho. 
As condições de trabalho eram as mais precárias possíveis (crianças, mulheres e homens 
trabalhando 16 horas por dia e recebendo salários miseráveis). O ambiente era insalubre, a 
alimentação precária, a falta de aquecimento apropriado e o excesso de indisciplina tornavam 
os trabalhadores expostos a frequentes acidentes.
A industrialização modificou a percepção de tempo. Os povos possuidores de menor 
poderio tecnológico ficavam presos aos costumes, aos fenômenos naturais, como as estações 
do ano, as marés, a noite e o dia e o clima. A Revolução Industrial obrigou a um registro mais 
contínuo e preciso do tempo na vida social. O empresário passou a comprar horas de trabalho 
e a exigir seu cumprimento. O avanço tecnológico como:
● a criação da lançadeira (1733);
● o tear mecânico (1738);
● a máquina a vapor (1768);
● a locomotiva a vapor (1831);
● o barco a vapor (1821); e
● as guerras impulsionaram a criatividade e os mercados consequentemente (matérias-primas 
e produtos industriais).
 Portanto, a Revolução Industrial foium conjunto de transformações econômicas e 
sociais que acompanharam o surgimento desses novos avanços tecnológicos. A Revolução 
Industrial mudou de forma dramática a face do mundo social, incluindo muitos hábitos que 
temos atualmente. A maior parte da comida que é ingerida pelas famílias hoje é fruto dos meios 
industriais. (GIDDENS, 2004). 
Não obstante, as transformações sociais ocorridas inspiraram reações profundamente 
conservadoras. Os precursores da Sociologia consideraram que o caos e a ausência de 
moralidade e solidariedade que as sociedades enfrentavam eram frutos do enfraquecimento 
das antigas instituições protetoras (a Igreja e as associações de ofícios) que haviam garantido 
estabilidade e a coesão social. 
As disciplinas existentes naquela época eram insuficientes na explicação dos novos 
fenômenos sociais que estavam acontecendo e muito menos explicações ancoradas em Deus, 
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como já estudadas, não eram suficientes para a nova dinâmica que se fazia presente. Dessa 
forma, abriu-se espaço para a atuação da Nova Ciência (Sociologia), pois, até o século XV, 
as ciências eram estabelecidas como parte integral dos grandes sistemas filosóficos.
 A partir do século XVI, com a Reforma Protestante, a autoridade da Igreja passou a ser 
questionada e o fiel passou a ter responsabilidade, passando a ser, por meio da sua consciência 
individual, o principal nexo (conexão) com a divindade. O destino dos homens passou a ser 
dependente de suas ações. A Matemática, a Química, a Física, a Biologia e outras ciências 
desenvolveram-se e os estudos teológicos da Igreja passaram a ser questionados. 
A mudança de comportamento social levou os pensadores a desenvolver uma nova 
concepção dos mundos natural e social. Os pioneiros da Sociologia buscaram compreender 
as razões e as consequências da emergência das mudanças sociais ocorridas durante as 
duas revoluções, tentando responder a diversas questões principalmente às que envolviam 
a sociedade. Desta forma, a Sociologia passa a ser vista como uma luz que orienta sábios 
e ignorantes em direção à verdade, tendo como guia os postulados do conhecimento 
científico. 
Comte primeiramente colocou o nome desta disciplina de Física Social. Mais tarde, em 
1836, alterou o nome para Sociologia, nome que se origina do latim socius e do grego logos, 
significando o estudo do social.
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Seriam os deuses sociólogos?
Como na mitologia grega, pródiga em apresentar os deuses com 
estatuto excepcional e heterogêneo a um só tempo, se confrontados 
com os mortais, na ciência os clássicos têm privilégio semelhante 
no conjunto dos pensadores. A supremacia dos deuses ultrapassa 
a condição humana. Os deuses são vistos como sendo outros, 
porque, além de serem maiores, poderosos e mais sábios que os 
homens, eles expressam essa diferença de uma forma particular, 
como revelam os versos de Homero, na Ilíada (canto VII, v. 143-
144): “Nenhum mortal poderia penetrar o pensamento de Zeus, 
por mais orgulhoso que fosse, Zeus venceria mil vezes.” (SISSA; 
DETIENNE, 1991, p. 43).
Os pensadores de primeira hora da sociologia são considerados 
clássicos porque o seu pensamento ainda tem o poder explicativo, 
sua vitalidade interpretativa alcança a era contemporânea, embora 
apresente limitações. Assim como os deuses gregos, excepcionais e 
heterogêneos, os clássicos não explicam tudo, mas fazem avançar 
o pensamento; afinal, ciência e realidade social são fenômenos 
conjugados, históricos e em constante mutação.
FONTE: ARAÚJO, Silvia M; BRIDI, Maria A; MOTIM, Benilde L. 
Sociologia, um olhar crítico. São Paulo: Contexto, 2009. p. 
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4 CONCEPÇÕES DE SOCIOLOGIA
Caro(a) acadêmico(a), você visualizou que antes do surgimento da Sociologia, no 
período medieval, por exemplo, o entendimento e o funcionamento da sociedade eram tidos 
como vontade de Deus. Vejamos um exemplo para mera ilustração da maneira de se pensar. 
Por exemplo: na obra CIDADE DE DEUS, Santo Agostinho mencionava que esta cidade seria 
edificada pelos eleitos, ou seja, aqueles que conseguirem a salvação. (Lembre: a salvação era 
uma das preocupações centrais da Idade Média). Agostinho expõe que a ideia da existência 
de outra realidade, além da existente aqui, seria a realidade celestial que denomina de Cidade 
de Deus. (URBANESKI, 2008). 
Para Santo Agostinho, o homem deve desvencilhar-se da cidade terrena, das coisas 
mundanas e carnais e deve voltar-se para as coisas espirituais e assim, aproximar-se de Deus. 
Cristo virá no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos e os bons cristãos que morrerão 
no amor a Deus. Estes gozarão de felicidade eterna na celestial Cidade de Deus. Outrossim, 
aqueles que morrerem sem batismo, impenitentes, heréticos serão amaldiçoados e irão para 
o inferno. (URBANESKI, 2008).
 
Entretanto, com as diversas transformações e mudanças de mentalidade dos homens 
no início da modernidade, a Sociologia surge com intuito de, grosso modo, entender o 
funcionamento da sociedade naquele período. Ou seja, não busca mais explicações de 
ordem teológica para o entendimento da sociedade, mas, sim, usando a capacidade da razão 
humana e os postulados científicos. Assim, cada pensador da sociologia clássica – Comte, 
Marx, Durkheim, Weber – apresenta o seu parecer sobre a sociedade, os quais você estudará 
no próximo tópico. 
Mas você pode se perguntar: o que faz a Sociologia?. Se você se debruçar sobre 
tal temática, muitas versões poderão ser encontradas. Entretanto, aqui, apresentamos três 
versões. 
A sociologia, de modo bem simples, é o estudo sistemático do comportamento 
social e dos grupos humanos. Ela focaliza as relações sociais e como essas 
relações influenciam o comportamento das pessoas e como as sociedades, a 
soma de tais relações se desenvolve e muda. (SCHAEFER, 2006, p. 3).
A sociologia é uma tentativa de compreender o ser humano. Concentra-se em nossa 
vida social. Tipicamente não enfoca a personalidade do indivíduo como a causa do seu 
comportamento, mas examina a interação social, os padrões sociais (por exemplo: papéis, 
classes, cultura, poder conflito e a socialização em processo) [...]. A sociologia começa, 
portanto, com a ideia de que o homem deve ser entendido no contexto da sua vida social 
e de que somos seres sociais influenciados pela interação, pelos padrões sociais e pela 
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socialização [...].
 
Os sociólogos diferem uns dos outros pelo tipo de questões sobre as quais se 
debruçam. Também diferem quanto à área temática ou ao enfoque de seu estudo. Há cinco 
áreas temáticas: as quais são: sociedade, organização social, instituições ou sistemas 
institucionais, interação face a face e problemas sociais.
A sociologia poderia ser definida como uma disciplina acadêmica que examina o 
ser humano como um ser social, resultado de interação, socialização e padrões sociais. É 
uma perspectiva que se preocupa com a natureza do ser humano, o significado e a base 
da ordem social e as causas e consequências da desigualdade social. Concentra-se na 
sociedade: organização social, instituições sociais, interação social e problemas sociais. 
FONTE: Charon (1999, p. 5-8).
As explicações que o senso comum apresenta a respeito da sociedade não 
têm objetividade que muitos, sem discussão, acreditam que elas possuam. 
Mas se é verdade que a Sociologia, como qualquer outra ciência, pode errar 
nas suas explicações, as teorias desta disciplina são demonstravelmente mais 
confiáveis do que as elaborações intelectuais espontâneas de qualquer povo 
sobre si mesmo, em razão dos cuidados de que o sociólogo procura se cercar 
para formular as suas teorias. (VILANOVA, 2000, p. 26).
 Enfim, você neste tópico visualizou a mentalidade anterior ao surgimento da Sociologia, 
o contexto de seu surgimento e as novas ideias que se fizeram presentes em tal período, bem 
como sua finalidade.
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Para aprofundar seus estudos, você pode, a título de sugestão, 
investigar outras áreas da Sociologia como, por exemplo: a 
sociologia da moda, política, das organizações, do conhecimento, 
sociologia jurídica, do conhecimento, do trabalho, sociologia 
urbana e rural, dentre outras, e as possíveis contribuições para a 
sua área de estudo.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu que:
•	 A Sociologia estuda os fenômenos sociais, da ação ou influência mútua e da organização 
social.
•	 Na Idade Média, Deus era o centro. Com o Renascimento, o Homem torna-se o centro.
•	 A Sociologia é muito importante para cada dia de nossas vidas, permitindo entendermos as 
forças externas que influenciam nossas percepções, pensamentos e ações.
•	 A Sociologia é uma área de estudo que surgiu no início da modernidade, com o intuito de 
compreender a sociedade de um modo geral ou até mesmo nas suas peculiaridades.
•	 A Sociologia surge num período conturbado e marcado por grandes transformações na 
sociedade: a) o surgimento da indústria e da urbanização; b) a visibilidade do Iluminismo 
como ciência; c) a forte mudança social decorrente da Revolução Francesa.
•	 A Sociologia dedica-se a várias temáticas de estudos inerentes à sociedade.
•	 Não há unanimidade quanto ao que seja sociologia e suas finalidades.
•	 Existem diversos campos de atuação na Sociologia.
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1 A partir do estudo do Tópico 1, conceitue Sociologia. 
2 Você já deve ter ouvido no seu dia a dia o seguinte diálogo: 
“Você agiu por impulso pessoal ou pressão do grupo?”
“Eu agi por minha conta e risco, não dou importância ao que os outros pensam!”
“Eu agi de acordo com o grupo, dou muita importância ao que os outros pensam!”
Desses pequenos textos, aponte quais podem ser objeto de estudo da Sociologia e 
justifique.
3 Apresente um breve parecer sobre a sociedade atual brasileira tendo como aporte os 
postulados do conhecimento científico.
4 Aponte as principais características da mentalidade medieval e renascentista:
Mentalidade medieval Mentalidade renascentista
5 Estudar como as sociedades funcionavam e continuam funcionando ao longo do tempo 
e de como é a vida humana dos grupos sociais ou da sociedade em específico, é 
uma das funções:
a) ( ) Da Sociologia.
b) ( ) Do Iluminismo.
c) ( ) Do Positivismo.
d) ( ) Do Capitalismo.
6 Analise as afirmações expressas a seguir e classifique-as em V verdadeiras e F falsas 
: 
( ) A visão predominante na mentalidade medieval é o Teocentrismo (Deus é o centro 
de tudo). 
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( ) Na mentalidade medieval, o homem é a mais perfeita das criaturas (feito à sua 
imagem e semelhança) e ainda é capaz de fazer coisas maravilhosas: máquinas, 
prédios, viagens de descobertas, pinturas, estudo sobre a natureza e mudar o seu 
próprio destino. 
( ) Na mentalidade medieval, o ser humano era visto com certo desprezo, pois este 
era um pecador. Desta forma, o homem deveria aceitar o sofrimento, pois merece 
sofrer porque é pecador. 
( ) Para a mentalidade medieval, tudo o que acontece na natureza deve ser explicado 
pela vontade de Deus (a ordem social, castigos de Deus, pestes, terremotos). 
Na mentalidade moderna, os fenômenos da natureza devem ser explicados 
pelo homem que, com o uso da razão e da ciência, consegue conhecer. E, além 
disso, o homem pode e deve ser criador, aventureiro, sonhador e dominador da 
natureza. 
Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – V. 
c) ( ) F – F – V – F. 
d) ( ) F – F – F – V. 
e) ( ) V – F – V – V.
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BREVE APROXIMAÇÃO COM OS 
CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
2 AUGUSTE COMTE: O PENSAMENTO 
POSITIVISTA E AS RELAÇÕES SOCIAIS
TÓPICO 2
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A preocupação em compreender o comportamento humano e a sociedade é um fato 
recente, surgido no princípio do século XIX. O mundo contemporâneo é muito diferente do 
passado e a missão da Sociologia é ajudar-nos a compreender o mundo em que vivemos e 
nos alertar para aquilo que possa ocorrer no futuro.
Várias pessoas são atraídas pela Sociologia, seja como uma área de estudo principal, seja 
como secundária. Ela é fascinante, provocativa e aplicável, principalmente quando a sociedade 
passa por mudanças drásticas como, por exemplo, o processo de industrialização. 
A Sociologia tem importantes consequências práticas. Ela permite compreendermos 
um determinado conjunto de acontecimentos sociais, aumentando nossa sensibilidade cultural 
e possibilitando, principalmente, o autoconhecimento. Vejamos, a seguir, os clássicos da 
Sociologia. Tenha uma boa leitura!
“O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”.
Auguste Comte
Ainda no século XIX tivemos o surgimento de um novo método científico de estudo 
da sociedade. Na busca de tentar entender as transformações sociais, suas consequências 
para a sociedade e o futuro da nova sociedade que estava emergindo, é que, a partir de 1826, 
Auguste Comte (1798-1857) cria em sua residência, o Curso de Filosofia Positiva. Em 1830 
publica o curso em seis volumes até 1842, dedicando-se no quinto volume do livro à ideia de 
fundar uma disciplina dedicada ao estudo científico da sociedade.
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Na busca de fazer com que a Sociologia fosse reconhecida como ciência e para que 
o homem se desenvolvesse completamente, a sociedade deveria passar por Três Estados, 
nos quais o homem deveria aprender a utlizar sua inteligência como fonte de inspiração nas 
suas atitudes. Dessa forma, foi criada a primeira lei natural da humanidade, definida pela física 
social como a Lei dos Três Estados, conforme podemos verificar no texto que segue, extraído 
do livro de Comte, Curso de Filosofia Positiva (1973).
Estudando, assim, o desenvolvimento total da inteligência humana em suas diversas 
esferas de atividade, desde seu primeiro voo mais simples até nossos dias, creio ter 
descoberto uma grande lei fundamental, a que se sujeita por uma necessidade invariável, 
e que me parece poder ser solidamente estabelecida, quer na base de provas racionais 
fornecidas pelo conhecimento de nossa organização, quer na base de verificações históricas 
resultantes do exame atento do passado. Essa lei consiste em que cada uma de nossas 
concepções principais, cada ramo de nossos conhecimentos, passa sucessivamente por 
três estados históricos diferentes:
No estado teológico, o espírito humano, dirigindo essencialmente suas investigações 
para a natureza íntima dos seres, as causas primeiras e finais de todos os efeitos que o 
tocam, numa palavra, para os conhecimentos absolutos, apresenta os fenômenos como 
produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, 
cuja intervenção arbitrária explica todas as anomalias aparentes do Universo.
No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que simples modificação geral 
do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas, verdadeiras 
entidades (abstrações personificadas) inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidas 
como capazes de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja 
explicação consiste, então, em determinar para cada um uma entidade correspondente.
Enfim, no estado positivo, o espírito humano, reconhecendoa impossibilidade de 
obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do Universo, a conhecer 
as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao 
uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações 
invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos 
reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos 
particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais 
a diminuir.
[...] Ora, cada um de nós, contemplando sua própria história, não se lembra de que 
foi sucessivamente, no que concerne às noções mais importantes, teólogo em sua infância, 
metafísico em sua juventude e físico em sua virilidade?
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2.1 ORDEM E PROGRESSO
Para Comte, no estado positivo o pensamento humano ganharia coerência racional à 
qual ele estivera sempre destinado. Nesse sentido, o positivismo depois de implementado em 
sua plenitude se tornaria a expressão do poder espiritual da sociedade moderna, funcionando 
como o regulador das relações sociais.
A união do conhecimento positivo passa a ser coletiva em busca da fraternidade universal 
e da convivência em comum. A conexão entre teoria e experiência é baseada no conhecimento 
das ações repetitivas dos fenômenos e na antecipação científica. O estágio positivo corresponde 
à atividade fabril e à transformação da natureza em mercadorias. 
Logos após, os trabalhos de Comte se baseiam na construção de uma “religião da 
humanidade”, cuja liturgia é baseada no catolicismo romano, estabelecida em O catecIsmO 
pOsItIvIsta (1852). Assim, a doutrina positivista ganha força religiosa com credo na ciência.
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O positivismo é uma corrente de pensamento que apregoa 
o predomínio da ciência e do método empírico sobre os 
devaneios metafísicos da religião.
O positivismo causou forte repercussão; traços positivistas são facilmente percebidos em 
diferentes atividades da vida humana, principalmente na sociedade ocidental, especialmente 
aqui no Brasil. 
O pensamento positivista chegou ao Brasil por volta de 1850, e foi trazido por brasileiros 
que estudaram na França; alguns foram até alunos de Comte. A partir deste ano, torna-se mais 
evidente na Escola Militar, depois no Colégio Pedro II, na Escola da Marinha, na Escola de 
Medicina e na Escola Politécnica, no Rio de Janeiro. Já o positivismo como forma de religião 
se destaca no Apostolado Positivista, a partir de 1881, criado por Miguel Lemos e Raimundo 
Teixeira.
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FONTE: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/
ordem_e_ progresso_9.html>. Acesso em: 24 maio 2010.
Durante um bom tempo o positivismo atuou como uma reação filosófica contra a doutrina 
confessional católica, que era, até então, a única no país. Nesta luta de ideias, surge em 1876 
a fundação da Sociedade Positivista Brasileira no Rio de Janeiro. Entretanto, o núcleo central 
do positivismo foi transferido para Recife, por iniciativa de Tobias Barreto, Sílvio Romero e 
Clóvis Bevilácqua.
A doutrina positivista acabou moldando-se ao país, sendo aceita por um grupo reduzido 
de estudiosos. Teve destaque a atuação doutrinária de Benjamin Constant Botelho de Magalhães 
(1833-1891), professor da Escola Militar e defensor do princípio positivista de valorização 
do ensino para que fosse alcançado um estado democrático. Entretanto, se, para Comte, o 
ensino na Europa deveria se destinar às camadas pobres, no Brasil acontece o contrário: os 
ensinamentos positivistas se restringiram aos poucos que estudavam nas escolas militares. 
A filosofia positivista tornou-se fundamental no debate político brasileiro no século XIX, 
porque o regime republicano foi instalado sob sua base teórica. Podemos considerar o dia 15 
de novembro como o apogeu do pensamento positivista no Brasil, devido ao enorme número 
de adeptos de Comte que assumiram cargos importantes no governo de Benjamin Constant.
FONTE: Disponível em: <http://maniadehistoria.files.wordpress. 
com/2009/10/bandeira-do-brasil1.jpg>. Acesso em: 24 maio 
2010.
FIGURA 1 – FACHADA DA IGREJA POSITIVISTA NO RIO DE JANEIRO
FIGURA 2 – BANDEIRA DO BRASIL
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Dentre as numerosas influências do positivismo no Brasil podemos destacar: o lema 
Ordem e Progresso da bandeira; a separação da Igreja e do Estado; o decreto dos feriados; o 
estabelecimento do casamento civil e o exercício da liberdade religiosa e profissional; o fim do 
anonimato da imprensa; a revogação das medidas anticlericais e a reforma educacional.
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A Bandeira do Brasil foi adotada pelo Decreto no 4, de 19 de 
novembro de 1889. Este decreto foi preparado por Benjamin 
Constant, membro do Governo Provisório. A ideia da nova 
bandeira do Brasil deve-se ao professor Raimundo Teixeira 
Mendes, presidente do Apostolado Positivista do Brasil. Com ele 
colaboraram o Dr. Miguel Lemos e o professor Manuel Pereira 
Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica. O desenho 
foi executado pelo pintor Décio Vilares.
O positivismo não compartilha dos princípios da representação 
eleitoral recomendados pela democracia liberal burguesa. Para 
os positivistas, o direito ao voto é um dogma metafísico ou 
popular.
É indiscutível a influência do Positivismo na Proclamação da República e na formação 
intelectual dos militares. Também esteve presente na organização estatal elaborada por 
Vargas e no seu projeto burguês de desenvolvimento para o país, e na tomada de poder pelos 
militares em 1964. Além disso, podemos destacar que, de forma direta ou indireta, as matizes 
do Positivismo tiveram influência na forma de pensar a educação no Brasil.
3 ÉMILE DURKHEIM
Émile Durkheim nasceu em 15 de agosto de 1858, em Epinal, no noroeste da França, 
próximo à fronteira com a Alemanha. Filho de judeus, optou por não seguir o caminho do 
rabinato. Formou-se em Direito e Economia, porém sua obra inteira é dedicada à Sociologia. 
Morreu em 15 de dezembro de 1917, supostamente pela tristeza de ter perdido o filho na guerra, 
no ano anterior. Na segunda metade do século XIX, é com Émile Durkheim que a Sociologia 
realmente passa a existir, com objeto, método e objetivos claros e definidos.
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FONTE: Disponível em: <http://www.phillwebb.net/topics/society/
Durkheim/Durkheim2 .jpg>. Acesso em: 24 maio 2010.
Durkheim salienta que a compreensão da sociedade deve ser feita como sendo um 
conjunto de ideias, continuamente alimentadas pelos homens que fazem parte dela. Em 1895, 
escreve as Regras do Método Sociológico, dando caráter científico à Sociologia.
Para ele, a sociedade é superior ao indivíduo, afirmando que a explicação da vida social 
é determinada na sociedade, não no indivíduo. Ressalta que uma vez criadas pelo homem, 
as estruturas sociais funcionam de modo isolado dos indivíduos, influenciando suas ações. 
Identificou a sociedade como um fato sui generis e irredutível a outros, ou seja, os homens 
passam, mas a sociedade fica. A sociedade age sobre o indivíduo, impondo a ele um conjunto 
de normas de conduta social.
3.1 FATO SOCIAL
Para Durkheim, a Sociologia deve ser um instrumento científico da busca de soluções 
para os desvios da vida social, tendo, portanto, uma finalidade dupla: além de explicar os códigos 
de funcionamento da sociedade, teria como missão intervir nesse funcionamento por meio da 
aplicação de antídotos que pudessem mitigar os males da vida social. Em sua compreensão, 
a sociedade, como qualquer outro organismo vivo, passaria por etapascom manifestação 
de estados normais e patológicos. O estado saudável seria o de convivência harmônica da 
sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, harmonia essa a ser obtida pelo 
exercício imperativo do consenso social. O estado mórbido ou patológico seria caracterizado 
por fatos que colocassem em risco essa harmonia, os acordos de convivência, o consenso e, 
portanto, a adaptação e a evolução histórica natural da sociedade. (FERREIRA, 2001).
Pelo fato de a Sociologia ser, nessa concepção, uma espécie de medicina social, 
FIGURA 3 – ÉMILE DURKHEIM
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Durkheim criou o objeto que lhe permitisse explicar os códigos de funcionamento da sociedade: 
os fatos sociais. Em sua definição de fato social, Durkheim (1972, p. 11) afirma que é:
[...] toda a maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo 
uma coerção exterior, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apre-
sentando uma existência própria, independente das manifestações individuais 
que possa ter.
Nesta definição podemos destacar que, de acordo com Durkheim, o modo como o 
homem age é sempre condicionado pela sociedade. Dessa forma verifica-se que o fato social 
teria a capacidade de constranger, de vir de fora e de ter validade para todos os membros 
da sociedade. Os fatos sociais possuem três características fundamentais: a primeira delas 
é a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a 
conformarem-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de suas vontades 
e escolhas. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, 
quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado 
a determinado código de leis. Aqui, a medida da coerção seria estabelecida pelas sansões a 
que os indivíduos estariam sujeitos a partir do momento em que não se conformassem com 
as regras sociais.
O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas punições a que o indivíduo 
está sujeito, quando se está contra elas e tenta se rebelar. As punições podem ser legais 
ou espontâneas. Legais são as prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se 
identifica a infração e a penalidade subsequente. Espontâneas seriam as que aflorariam como 
decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o 
indivíduo pertence. Durkheim (1972, p. 14) exemplifica este último tipo de sanção:
[...] se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu 
país e na minha classe o riso que provoco, o afastamento em que os outros 
me conservam, produzem, embora de maneira mais atenuada, os mesmos 
efeitos que uma pena propriamente dita.
A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos 
independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, eles são exteriores 
aos indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das 
pessoas, são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como a educação. Outro 
exemplo seriam os sistemas de moedas, os instrumentos de crédito, as práticas profissionais, 
que funcionariam independentemente do uso que os indivíduos fizessem delas.
Por fim, a terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade. É social 
todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. 
Desse modo, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, 
como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.
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O fenômeno do suicídio, na sociedade industrial do século XIX, foi um fato social que 
despertou a atenção de Durkheim. Ele queria saber por que as taxas de suicídio apresentavam 
padrões tão diferentes, quando se comparavam regiões geográficas, religiões, número de 
filhos, etc. Desenvolveu sua investigação a partir da tese de que o suicídio é um fato social e 
que, portanto, deveria ser explicável através de outro fato social. Com o apoio da estatística e 
do método comparativo, o sociólogo francês percebeu que esta variação estava diretamente 
relacionada com o grau de integração. Assim, quanto maior era o grau de integração do 
indivíduo numa comunidade ou grupo familiar, menores eram os índices de suicídio. Durkheim 
concluiu que o fenômeno não possuía uma origem exclusivamente psicológica, mas também 
sociológica, isto é, ele podia ser compreendido a partir de outros fatos sociais como a religião, 
situações econômicas etc.
O sociólogo Émile Durkheim admitia que seu método era “conservador”, já que os fatos 
sociais eram difíceis de serem modificados; mas ele não estava imaginando que estes estavam 
imunes às transformações. Durkheim é visto como um “evolucionista”, porque defendia que a 
sociedade seria cada vez mais justa e o indivíduo alcançaria sua “felicidade”, a partir de “um 
sentimento de solidariedade”, que viria conjuntamente com uma “nova ordem moral”.
Extraído do livro de Delson Ferreira, “Manual de Sociologia” (2001, p. 50-51), o texto 
que segue apresenta os dois tipos de solidariedade desenvolvidos por Émile Durkheim.
Na concepção durkheimiana, a Sociologia deveria voltar-se também para outro 
objetivo fundamental: a comparação entre as diversas sociedades. Para isso, esse autor 
estabeleceu um novo campo de estudo, morfologia social, que consistiria na classificação 
do que ele chamou de espécies sociais. Em seu entendimento, essa atividade só poderia 
ser realizada partindo de um rigoroso controle do processo de observação experimental. 
Fundamentando-se nesse parâmetro, fixou que o percurso de passagem da solidariedade 
mecânica para a solidariedade orgânica seria o motor de transformação histórica de toda e 
qualquer espécie de sociedade.
A seu ver, a divisão do trabalho concebida pela formação da estrutura de produção 
industrial capitalista incentivava e levava ao exercício de uma nova forma de solidariedade 
entre os homens, impelindo-os a uma interdependência e não aos conflitos sociais. Ele 
acreditava que a ciência social poderia, por meio de suas investigações, encontrar soluções 
para os problemas fundamentais de sua época ao largo desses conflitos. O primado da 
especialização, necessária ao desempenho das novas funções no mundo do trabalho, 
estabelecidas pela lógica da organização industrial, levaria os indivíduos a essa nova forma 
de solidariedade, conferindo-lhes maior autonomia pessoal e emancipando-os da tutela 
dos antigos costumes vigentes nas formas anteriores de organização produtiva. Essa nova 
interdependência funcional é que os afastaria dos choques sociais.
Em sua compreensão, o que ele denominou de solidariedade mecânica imperou 
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na história de todas as sociedades anteriores ao advento da Revolução Industrial e do 
capitalismo. Nelas, os códigos de identificação social dos indivíduos eram diretos e se davam 
por meio dos laços familiares, religiosos, de tradição e costumes, sendo completamente 
autônomos em relação ao problema da divisão social do trabalho, que não interferiria nos 
mecanismos de constituição da solidariedade. Nesse caso, a consciência coletiva exerceria 
todo o seu poder de coerção sobre os indivíduos, uma vez que aqueles laços os envolviam 
em uma teia de relações próximas que acentuavam o controle social direto por parte da 
comunidade.
A solidariedade orgânica se manifestaria, por sua vez, nas palavras de Durkheim, de 
modo inteiramente diferente da mecânica. Peculiar da sociedade capitalista moderna, em 
função direta da divisão acelerada do trabalho, que nessa sociedade exerceria influência 
decisiva em todos os setoresda organização social, a solidariedade orgânica levaria os 
indivíduos a se tornarem interdependentes entre si, garantindo a constituição de novas formas 
de unidade social no lugar dos antigos costumes, das tradições ou das relações sociais 
estreitas, que caracterizavam a vida pré-moderna. Os antigos laços diretos da consciência 
coletiva se afrouxariam, conferindo aos indivíduos maior autonomia pessoal e cedendo 
espaço aos mecanismos de controle social indiretos, definidos por sistemas e códigos de 
conduta consagrados na forma da lei.
Se, em Comte a Teoria da História pressupunha a passagem contínua das sociedades 
por etapas, ou estágios de desenvolvimento, que iriam do teológico ao positivo, findando a 
marcha histórica da humanidade neste, em Durkheim a postura finalista quanto ao devir do 
processo histórico não muda, apenas sofistica-se, uma vez que sua compreensão continuou 
sendo etapista e fatalista. Ou seja, seguiu prescrevendo para as civilizações o percurso único 
e inevitável que as levaria dos estágios inferiores aos superiores de cultura e organização 
social, que findariam, necessariamente, com o advento da sociedade capitalista industrial. 
A visão de História dos positivistas padeceu de seu fascínio pela modernidade burguesa, a 
ponto de admitir que, além dela, restava para o homem apenas o aperfeiçoamento da ordem 
que ela fundou, por meio das revoluções liberais.Labem iam dum pesi firterfirtic re.
4 KARL MARX
Karl Marx nasceu no dia 5 de maio de 1818, em Trier, província alemã do Reno. 
Economista, filósofo, historiador, sociólogo e socialista, Marx perdeu suas forças para viver 
após a morte de sua mulher, em 1881, e de sua filha mais velha em 1882, falecendo em 14 de 
março de 1883. Na cerimônia de enterro, apenas com a presença de amigos e representantes 
operários de vários países, Engels pronunciou a oração fúnebre: “[...] ele foi o mais odiado 
e mais caluniado de todo seu tempo... Morreu amado e venerado por milhões de operários 
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revolucionários, das minas da Sibéria, das costas da Califórnia e de todos os pontos da Europa 
e da América... Seu nome e sua obra passarão à posteridade”. Ainda hoje, quem for ao cemitério 
de Highgate, poderá ler na lápide, ou quem sabe até ouvir a palavra de ordem do manifesto: 
“Operários de todos os países, uni-vos!”
Inicialmente, seguiu os passos do pai estudando Direito em Bonn e Berlim, onde 
encontrou sua futura mulher, a aristocrata Jenny von Westphalen. Sua trajetória o levou a 
Colônia, Paris, Bruxelas – onde publicou com Engels o Manifesto Comunista, de 1848 – até 
ser forçado ao exílio em Londres, pelo governo da Prússia, em 1849. Marx viveu na capital 
britânica pelo resto da vida. Em Londres, morou no Soho, depois em Kentish Town. Passava 
os dias devorando obras de economia e filosofia na sala de leitura do Museu Britânico, onde 
escreveu seu trabalho mais influente, O Capital.
O primeiro volume de O Capital foi publicado enquanto ainda vivia, mas os demais foram 
editados por Engels após a morte de seu amigo, em 1883. Marx foi enterrado no cemitério de 
Highgate, norte de Londres. Poucas pessoas estiveram em seu funeral, quando Engels previu: 
“O seu nome e sua obra vão perdurar ao longo do tempo”.
Documentos exibidos pelos arquivos nacionais em Kew, em Londres, revelaram 
recentemente detalhes sobre os anos em que Marx viveu na Grã-Bretanha. Os documentos 
revelam que Marx, um dos principais pensadores do mundo, investiu 4 libras como um dos 
acionistas fundadores de um jornal da classe operária britânica, o the Industrial, que parou 
de circular em 1883.
Os documentos também mostram por que a polícia impediu que Marx conseguisse obter 
cidadania britânica. Há um relatório da polícia metropolitana londrina, de 1874, que rejeita a 
tentativa de Marx de se naturalizar cidadão britânico. “Ele é um notório agitador alemão, o líder 
da Sociedade Internacional, e defensor de princípios comunistas. Este homem não tem sido 
leal ao rei”, escreve o sargento Reinners, justificando a negativa a Marx. Apesar disso, Marx 
passou em Londres a maior parte do final de sua vida.
Embora ele não tenha vivido para ver a aplicação de suas ideias na prática, seu trabalho 
teve grande influência na formação dos regimes comunistas no início do século XX.
Karl Marx possuía amplo domínio sobre tudo o que a Ciência Econômica tinha realizado 
antes dele. Contribuiu muito para o campo da economia, sendo um dos principais intelectuais 
que surgiram no século XIX, influenciando o cenário político-econômico do século XX, criando 
a ideologia socialista em contraposição ao capitalismo.
Seus trabalhos mais importantes se encontram anteriores a Durkheim, mas, ao contrário 
deste sociólogo, Marx era discreto quanto à ideia de que a Sociologia pudesse englobar leis 
gerais e externas como aquelas das ciências naturais. Para Marx cada época histórica é 
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construída em torno de um tipo específico de produção econômica, organização de trabalho 
e controle de propriedade, criando sua própria dinâmica.
FONTE: Disponível em: <http://clubedolivro.files.wordpress.
com/2009/02/marx _karl.jpg>. Acesso em: 24 maio 2010.
A partir de Marx a Sociologia assume uma postura mais crítica, buscando desmascarar e 
criar um novo sistema que supere o sistema capitalista. Além de sua vigorosa crítica ao sistema 
capitalista, Marx foi um modelo de intelectual que soube muito bem unir a teoria com a prática. 
A maioria de suas obras aborda os assuntos mais variados possíveis, desde filosofia, política, 
história, religião e economia, por isso tentar entender todo o seu pensamento é uma tarefa 
muito complexa. Podemos afirmar que a contribuição teórica de Marx consiste, em síntese, 
na criação de paradigmas que até o momento não haviam sido discutidos pelo pensamento 
sociológico. O historiador inglês Eric Hobsbawm (apud TREVISAN, 1997, p. 2) analisa os 
benefícios e os limites da contribuição marxista:
[...] o marxismo tem contribuído de algum modo para entender a História, mas, 
realmente, não o suficiente. Por exemplo, o marxismo vulgar diz que todas 
as coisas ocorrem em virtude de fatores econômicos e obviamente isso não 
é uma explicação adequada. Insisto que o importante é distinguir o marxismo 
vulgar de uma interpretação mais sofisticada do sentido da obra de Marx ou 
em verdade de Karl Marx por ele mesmo. Acho que o marxismo pode fazer 
isso. Hoje podemos falar sobre isso, como estamos fazendo, porque hoje 
nós podemos distinguir aqueles trechos das análises marxistas que pareciam 
ser válidos, mas claramente não o são. Por exemplo, se você realmente lê o 
Manifesto Comunista de 1848, ficará surpreso com o fato de que o mundo, 
hoje, é muito mais parecido com aquele que Marx predisse em 1848. A ideia 
do poder capitalista dominando o mundo inteiro, como também uma sociedade 
burguesa destruindo todos os velhos valores tradicionais, parece ser muito 
mais válida hoje do que quando Marx morreu. Por outro lado, por exemplo, a 
previsão de que a classe trabalhadora ficaria cada vez mais pauperizada não 
é verdade. Isso não quer dizer que a classe trabalhadora não tenha suficientes 
boas razões para protestos. Uma coisa interessante que faz a análise marxista 
bastante moderna é a análise das tendências de longa duração.
Karl Marx não falou somente da exploração econômica do trabalhador; não se tratava 
apenas de uma crítica da distribuição de renda no capitalismo, mas criticava a escravização 
do homem (trabalhador e capitalista) por coisas feitas por ele mesmo. 
FIGURA 4 – KARL MARX
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Um dos temas discutidos por Marx, cuja força ainda hoje podemos verificar, é o 
fetichismo da

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