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1 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Professora: Joyce Chagas De Oliveira Apostila 01 – DIREITO CIVIL I AULA 01 1- O que é Direito? Conjunto das normas gerais e positivas que regulam a vida social (Radbrush). “O sistema de normas jurídicas, que traça aos homens determinadas formas de comportamento, conferindo-lhes possibilidades de agir” (Miguel Reale). Assim, podemos extrair 04 aspectos fundamentais do DIREITO: Norma agendi: conjunto de regras sociais; A Facultas agendi: que disciplinam as obrigações e Poderes; O Direito como o JUSTO: referente à questão do MEU e do SEU; A SANÇÃO do Direito: sancionadas pela força do ESTADO e dos grupos intermediários; A MORAL E O DIREITO não se confundem, mas se entrelaçam e interpretam-se. De acordo com Jelinek, o Direito representa um mínimo ético. A MORAL se entrelaça ativamente com o Direito pela via dos direitos fundamentais, os quais comportam uma caracterização não apenas como direitos individuais, mas também como direitos sociais, consoante doutrina de ROBERT Alexy e Ronald Dworkin. A MORAL tem um campo de ação muito mais amplo que o Direito, embora, do ponto de vista ideal, o norte ideológico é que eles se aproximem o máximo possível. Consequência: Cabe ao Direito o estabelecimento de sanções concretas, enquanto a moral pode apenas exigir o sancionamento difuso, não institucionalizados. 2- Diferencie Moral de Direito: A MORAL tem uma preocupação com o foro íntimo, enquanto o Direito se relaciona com ação exterior do homem. Cabe ao Direito o estabelecimento de sanções concretas, enquanto a MORAL pode apenas exigir o sancionamento difuso, não institucionalizados. 2 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” 3- A moral se entrelaça com o Direito? Justifique. Sim. A moral se entrelaça ativamente com o direito pela via dos direitos fundamentais, os quais comportam uma caracterização não apenas como os direitos individuais, mas também, como o direito sociais, consoante doutrina de Robert Alexy e Ronald Dworkin. 4- Quais as espécies de fonte do Direito? 4.1. Diretas: Fontes primárias ou imediatas. LEI. O COSTUME é fonte primária de diversas normas, bem como elemento-chave de alguns ordenamentos jurídicos como o anglo-saxão. 4.2. Indiretas: Fontes secundárias ou mediatas. Estão à analogia e os Princípios Gerais de Direito mencionados na LINDIB. Na mesma categoria estão; jurisprudência, doutrina e equidade. DECRETO-LEI Nº 4.657, Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB). Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. (INTEGRAÇÃO) Fontes do Direito em espécie: 1. Legislação; é a mais importante fonte do nosso Ordenamento Jurídico. 2. Costume; 3. Jurisprudência; 3 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” 4. Doutrina; 5. Analogia; 6. Princípios gerais do Direito; 7. Equidade; 5- No sistema Commonn Law, a jurisprudência é uma fonte Direta ou Indireta? Justifique: Direta. No sistema Commonn Law, a Jurisprudência como precedente judicial é dotado de efeito vinculante, no sentido de que aquele que comprovar a existência de decisão anterior favorável às suas razões será beneficiado pela tutela jurisdicional. 6- Quais as características gerais da Lei? 6.1. Generalidade: dirige-se a todos indistintamente, e não a pessoas determinadas; 6.2. Permanência: os efeitos de sua aplicação serão permanentes para as situações jurídicas ocorridas em sua vigência; 6.3. Existência de sanção: preverá as consequências deontológicas do eventual descumprimento de deveres jurídicos; 6.4. Autoridade competente: ressalta o aspecto formal dessa fonte do Direito. Limita as possibilidades de atuação dos agentes estatais na sua edição. Vale lembrar ainda que, formalmente, considera-se Lei “o ato legislativo emanado dos órgãos de representação popular e elaborado de conformidade com o processo legislativo previsto na Constituição/88 (arts. 59-69)”. (ver Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998, regulamentada pelo Decreto nº 2.954, de 29 de janeiro de 1999). 6.5. Obrigatoriedade da Lei: aponta que o reconhecimento da ausência de força na lei seria a sua própria desmoralização, seja perante o Estado, seja no meio social. 7- Defina costume. É o uso geral constante e notório, observado socialmente e correspondente a uma necessidade jurídica. 8- Diferencie Jurisprudência de costume. Jurisprudência é a decisão reiterada, de juízes monocráticos e dos tribunais, enquanto que COSTUME é a criação da pratica popular, nascendo espontaneamente, como decorrência do exercício do que se considera socialmente obrigatório. Obs.: As sumulas vinculantes só podem ser editadas pelo STF e obrigam aos demais órgãos no Poder Judiciário e a Administração Publica, em todos os âmbitos da Federação. 4 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Embora a LINDB não a reconheça expressamente como fonte normativa, a sua importância cresce a cada dia no sistema ROMANO-GERMÂNICO (LEMBRETE: A tradição brasileira se adequou ao sistema Romano-germânico, do direito legislado, também conhecido como civil law. É aquele calcado na positivação do direito pela norma legal). AULA 02 Fonte do Direito: Classificam-se as fontes do direito em: A) DIRETAS: B) INDIRETAS: Fontes do direito em espécie: 1) Legislação; 2) Costume; 3) Jurisprudência; 4) Doutrina; 5) Princípio gerais do direito; 6) Equidade; LEGISLAÇÃO: A Lei é, por excelência, como já se disse, a mais importante fonte do direito em nosso ordenamento jurídico. Em conceito bastante didático, SILVIO VENOSA define-a como a “regra geral de direito, abstrata e permanente, dotada de sanção, expressa pela vontade de autoridade competente, de cunho obrigatório e forma escrita”. O didatismo dessa conceituação esta no fato de que condensa as características básicas dessa fonte normativa, quais sejam: generalidade, abstração, permanência, existência da sanção, edição pela autoridade competente, obrigatoriedade e registro cartáceo da edição. COSTUME: É o uso geral, constante e notório, observado socialmente e correspondente a uma necessidade jurídica. Baseia-se, indubitavelmente, no argumento de que algo deve ser feito porque sempre foi, tendo sua autoridade respaldada na força conferida ao tempo e no uso continuo das normas. COSTUME: para caracterizá-lo, precisa haver, simultaneamente, dois elementos: Elemento objetivo ou substancial – o uso continuado da prática no tempo; Elemento subjetivo ou relacional: a convicção da obrigatoriedade da prática como necessidade social; 5 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” O Costume como fonte do Direito, pode ser visualizado de três formas: 1. Praeter Legem (além da lei): É aquele que intervém na falta ou omissão da lei, ou seja, visa suprir a Lei, nas eventuais omissões existentes (art. 4º da LINDB – Art. 4 o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.) (INTEGRAÇÃO). Exemplo: a lei silencia quanto ao modo pelo qual o arrendatário deve tratar a propriedade arrendada; deve-se então recorrer aos costumes locais. Os autores se referem também aos costumes que regulamentam a captação, o desvio e arepartição de água escassa em zonas como a Chapada Diamantina e a Chapada do Araripe no Ceará. A CLT, em seu artigo 8º, enumera o costume como fonte supletiva. 2. Secundum Lege (segundo a lei): neste caso, a própria lei reconhece a eficácia jurídica do costume. Ex.: o pagamento do aluguel no prazo ajustado e na falta dele, segundo o costume local. Não se identificam totalmente, todavia, em função da impossibilidade material de a norma positiva prever todas as condutas, admitindo-se a disciplina costumeira por aplicação do PRINCÍPIO ONTOLÓGICO do Direito de que “tudo que não está juridicamente PROIBIDO, está juridicamente permitido”. 3. Contra Legem (contrário à lei): reconhecimento de uma prática que se oponha ao direito legislado. “Revolta dos fatos contra os códigos”. Não é admitido! JURISPRUDÊNCIA: Quando o reconhecimento de uma conduta como obrigatória se dá em sede dos tribunais, teremos a jurisprudência (ou o costume jurídico) como fonte do direito. Diferencia-se, porém, do costume propriamente dito, porque esse é criação da prática popular, nascendo espontaneamente, como decorrência do exercício do que se considera socialmente obrigatório, ao passo que a JURISPRUDÊNCIA é obra exclusiva da reflexão dos operários do Direito, nas decisões de juízes monocráticos e tribunais, em litígios submetidos à sua apreciação. Hodiernamente, porém, possui um significado mais limitado, consistindo no conjunto de reiteradas decisões dos tribunais sobre determinada matéria (rerum perpetuo similiter judicatorum auctoritas). Não existe “jurisprudências”, no plural, pois, em verdade, a jurisprudência é a complexa reunião de julgados, e não cada um deles isoladamente. Embora a LINDB não a reconheça expressamente como fonte normativa, a sua importância cresce a cada dia no sistema ROMANO-GERMÂNICO (LEMBRETE: A tradição brasileira se adequou ao sistema Romano-germânico, do direito legislado, também conhecido como civil law. É aquele calcado na positivação do direito pela norma legal). A Jurisprudência pacífica dos tribunais não obriga juridicamente, mas acaba por prevalecer na maioria dos casos, valendo destacar, inclusive, que é hipótese de 6 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” admissibilidade dos recursos extraordinários latu senso a eventual violação ao entendimento das cortes respectivas, uma vez que sua função é, em última instância, uniformizar a jurisprudência nacional. Jurisprudência é uma construção pretoriana. Obs.: As sumulas vinculantes só podem ser editadas pelo STF e obrigam aos demais órgãos no Poder Judiciário e a Administração Publica, em todos os âmbitos da Federação. DOUTRINA: É através da doutrina que os conceitos operacionais do Direito são elaborados; É representada pela literatura jurídica produzida pelos grandes juristas. É a opinião dos doutos (communis opinio doctorum). Consiste na exposição, explicação e sistematização do Direito, consubstanciada nas manifestações dos estudiosos, jurisperito ou jurisconsultos, através de tratados, livros, monografias, conferências, etc; A doutrina dominante não chega, no sistema civil law, a ser considerada formalmente uma fonte do Direito, uma vez que não há imposição a seu acatamento. A prática reiterada de juristas a respeito de determinado assunto, gera interpretação da lei e a possibilidade de conceitos operacionais pode influenciar um ordenamento jurídico, assim como também preencher lacunas, auxiliando os intérpretes aplicadores na confecção de suas sentenças, desde que sob beneplácito dos tribunais. No final, a DOUTRINA acaba sendo considerada uma fonte do Direito pelo fato de continuamente propor soluções, inovar, interpretar e colmatar lacunas. ANALOGIA: Não se trata bem de uma fonte do Direito, mas sim de um meio supletivo de lacuna de lei. Por meio do emprego da analogia, havendo omissão legal, o juiz aplicará ao caso concreto a norma jurídica prevista para situação semelhante. 7 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Também mencionado no art. 4º da LINDB, os princípios são postulados que procuram fundamentar todo o sistema jurídico, não tendo necessariamente uma correspondência positivada equivalente. São idéias jurídicas gerais que sustentam, dão base ao ordenamento jurídico e não necessariamente precisam estar escritos para serem válidos. EQUIDADE: Na concepção aristotélica, equidade significa justiça do caso concreto. É a possibilidade do juiz de julgar de acordo com seus ditames. É a faculdade que o magistrado possui de valer-se de seus próprios critérios de justiça, não estando vinculado a métodos de concepção e interpretação pré-estabelecidos. O julgamento por equidade (e não com equidade) é tido, em casos excepcionais, como fonte do direito, quando a própria lei atribui ao juiz a possibilidade de julgar conforme seus ditames. Ex. Art. 20 do CPC. Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. § 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido. Não se trata de (re)inventar o direito, mas de adequar a norma – letra fria da lei – à realidade regulada, de acordo com os valores da sociedade e as regras e métodos de interpretação. 8 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” DIREITO CIVIL BRASILEIRO Etimologicamente, “civil” refere-se ao cidadão. De acordo com Serpa Lopes, DIREITO CIVIL é o ramo do Direito destinado a regular as relações de família e as relações patrimoniais que se formam entre os indivíduos, enquanto membros da sociedade. Tem por FINALIDADE, regular os direitos e obrigações de ordem privada concernentes às pessoas, aos bens e às suas relações, como constava do art. 1º do CC-16. A tradição brasileira se adequou ao sistema Romano-germânico, do direito legislado, também conhecido como civil law. É aquele calcado na positivação do direito pela norma legal. A atuação do operador do Direito deve ser eminentemente técnica, conhecendo as normas integrantes do sistema e a doutrina que as interpreta, embora não deva deixar de conhecer a jurisprudência. ANTECEDENTES HISTÓRICOS: O código de Napoleão é um dos diplomas normativos de direito privado do mundo ocidental mais duradouro, pois foi criado em 1804 e vigente na França até hoje, embora com muitas disposições alteradas. O Código Civil alemão (1900) foi fonte de inspiração para o nosso CC-16 e o CC-02 brasileiro. A exemplo do CC alemão, o brasileiro é composto por duas partes: uma GERAL e os negócios jurídicos; e outra ESPECIAL, dividida em QUATRO LIVROS: 1. Direito das obrigações; 2. Direitos reais; 3. Direito de família e; 4. Direito das sucessões; CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL: O Código Civil de 1916 é egoísta, autoritário, refletindo, naturalmente a sociedade do século XIX. Preocupa-se com o “TER” e não com o “SER”. Ignora a dignidade da pessoa humana, não se compadece com os sofrimentos do devedor, esmaga o filho bastardo, faz-se de desentendido no tange aos direitos e litígios pela posse coletiva de terras e, imagina que as partes ocupam partes iguais em um contrato. Em contrapartida, a CF-88 consagra valores como: Dignidade da pessoa humana; Valorização social do trabalho; Igualdade e proteção dos filhos; Exercícionão abusivo da atividade econômica; Em 1969 foi criada uma nova comissão para rever o CC-16, porque entenderam que seria melhor criar um novo código no lugar de emendar o antigo. Foi coordenado por Miguel Reale e sancionado em 2002. 9 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” O atual diploma está fundado em 4 (QUATRO) PRINCÍPIOS: 1- ETICIDADE (ÉTICA); 2- SOCIALIDADE; 3- OPERABILIDADE; 4- CONCRETUDE; SOCIALIDADE: Surge em contraposição à ideologia individualista e patrimonialista do sistema de 1916. Por ele, busca-se preservar o sentido de coletividade, muitas vezes em detrimento de interesses individuais. Por isso, valores foram positivados no prestigio à função social do contrato e a natureza social da posse. Função Social do Contrato (Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato), e a NATUREZA SOCIAL DA POSSE (Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade). Se não houve a vitória do socialismo, houve o triunfo da “Socialidade”, fazendo prevalecer os valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundante da pessoa humana. Por outro lado, o projeto se distingue por maior aderência à realidade contemporânea, com a necessária revisão dos direitos e deveres dos cinco principais personagens do Direito privado tradicional: 1- O proprietário; 2- O contratante; 3- O empresário; 4- O Pai de família; 5- O Testador: Princípio da ETICIDADE: Na busca de compatibilização dos valores técnicos conquistados na vigência do Código anterior, com a participação de Valores ÉTICOS no ordenamento jurídico. Nessa linha, um dos exemplos mais visíveis é a previsão do seu art. 113, segundo o qual “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua interpretação”. Também a boa-fé objetiva prevista no art.422, é exemplo de sua aplicação. (CC-02). Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 10 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Princípio da OPERABILIDADE: importa na concessão de maiores poderes hermenêuticos ao magistrado, verificando, no caso concreto, as efetivas necessidades a exigir a tutela jurisdicional. O DIREITO É FEITO PARA SER EXECUTADO. Direito que não se executa – já dizia Jhering na sua imaginação criadora – é como CHAMA QUE NÃO AQUECE, LUZ QUE NÃO ILUMINA, o Direito é feito para ser realizado; É PARA SER OPERADO. 11 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL: 12 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” AULA 03 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BBRASILEIRO - DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942 (LINDB). É o Estatuto de Direito Internacional Privado, é uma norma cogente brasileira, por determinação legislativa da soberania nacional, aplicável a todas as leis. Consiste em um diploma que disciplina a aplicação das leis em geral. A LINDB trata de verdadeira lei de introdução às leis. Tem como objetivo a própria norma, visto que disciplina a sua elaboração e vigência, a sua aplicação no tempo e no espaço, as suas fontes, a sua interpretação, além de fornecer mecanismos de integração da norma, quando houver lacuna, sem esquecer que fixa a forma de eficácia das normas de modo a dar certeza, segurança e estabilidade ao ordenamento jurídico, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece. Sua função é reger as normas, indicando como interpretá-las ou aplica-las, determinando- lhe a vigência e eficácia. CONTEÚDO DA LEI DE INTRODUÇÃO Regular a vigência e eficácia das normas; Fornecer critérios de hermenêutica; Estabelecer mecanismos de integração no caso de lacunas; Garantir a eficácia global da norma; A lei está dividida em artigo: a) Do início da obrigatoriedade da lei (art. 1º); b) Do tempo de obrigatoriedade da lei (art. 2º); c) Da garantia da eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente que a comprometeria (art. 3º); d) Dos mecanismos de integração das normas, quando hover lacuna (art. 4º); e) Dos critérios de hermenêutica jurídica (art. 5º); f) Do direito intertemporal, para assegurar a certeza, segurança e estabilidade do ordenamento jurídico-positivo, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece (art. 6º); g) Do direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17), abragendo normas pertinentes à pessoa e à família (arts. 7º a 11), aos bens (art. 8º), às obrigações (art. 9º), à sucessão por morte ou por ausência (art. 10), à competência judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em pais estrangeiro (art. 13), à prova do direito alienígena (art. 14), à execução de sentença proferida no exterior (art. 15), à proibição do retorno (art. 16), aos limites da aplicação da lei, atos e sentenças de outro país no Brasil (art. 17); 13 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” h) Dos atos civis praticados, no estrangeiro, pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 a 19). VALIDADE DA LEI : Significa a sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra, sendo um critério puramente lógico-formal. O descumprimento das regras de validade importará no reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade da norma estabelecida, considerando-a não pertinente ao sistema. A VALIDADE DA NORMA pode ser: FORMAL: Observância das normas referentes a seu processo de criação. Devido processo legislativo constitucionalmente previsto para sua edição. MATERIAL: Se houver observância da matéria passível de normatização. VIGÊNCIA DA LEI: Critério puramente temporal. É a qualidade temporal da norma, para surtir efeitos na esfera jurídica. VIGÊNCIA DA LEI: refere-se ao período de validade da norma, ou seja, o lapso temporal que vai do momento em que a lei passa a ter forçã vinculante até a data em que é revogada ou em que se esgota o prazo prescritopara sua duração. 14 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Lembrete: REVOGAÇÃO – A norma posterior revoga a anterior emanada do mesmo órgão caso declare expressamente, seja com ela incompatível ou regule inteiramente a matéria. Quanto a FORMA, a revogação pode ser 1) EXPRESSA, quando a norma posterior enumera as normas revogadas por ela. Nesse caso, devem ser elencados os dispositivos a serem revogados, não bastandoa expressão genérica: “ficam revogadas as disposições em contrário”. 2) TÁCITA – ocorre em razão da (1) incompatibilidade entre duas normas ou quando uma (2) norma posterior regula inteiramente a matéria tratada por norma antarior. Esta hipótese é denominada de “REVOGAÇÃO POR NORMAÇÃO GERAL”. Quanto a EXTENSÃO, a revogação pode ser Total (ab-rogação) ou Parcial (derrogação). A rigor, uma norma só pode serrevogada por outra emanada do mesmo Poder que a elaborou. (mais informações ler – Novelino, Marcelo. Manual de DIREITO CONSTITUCIONAL. 9ª ed. São Paulo: ED. MÉTODO, 2014, p. 137,138). VIGÊNCIA DA LEI: Em território nacional, salvo disposição em sentindo contrário, começa 45 dias após a sua publicação. Já em território estrangeiro, o prazo é de 3 meses. (DECRETO-LEI Nº 4.657, Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB) - Art. 1 o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1 o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada). VIGÊNCIA DA LEI: Se durante o período de vacatio legis, ou seja, antes da lei entrar em vigor, esta sofrer qualquer correção ou modificação, os prazos acima mencionados 15 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” começarão a contar da nova publicação. Entretanto, se a lei já estiver em vigor, qualquer modificação ou correção será considerada lei nova. O prazo de vacatio legis computa-se excluindo o dia inicial (dies a quo) e incluindo o dia final (dies ad quem). VIGÊNCIA DA LEI: A lei poderá prever um prazo diferente para entrar em vigor. Exemplo é o novo Código Civil (Lei nº 10.406/2002), que fixou o prazo de 1 (um) ano após a sua publicação (art. 2044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação) para o início de sua vigência. (Lembrete: Temos na mesma Lei um exemplo de REVOGAÇÃO Total (ab- rogação) e EXPRESSA - Art. 2.045. Revogam-se a Lei n o 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei n o 556, de 25 de junho de 1850). EFICÁCIA DA LEI É a qualidade da norma que se refere à aptidão para a produção concreta de efeitos. Social: produção concreta de efeitos, porque presentes as condições fáticas exigíveis para seu cumprimento. Ex. Obrigatoriedade do cinto de segurança. Uma norma que estabelecesse a utilização obrigatória de determinado equipamento de segurança inexistente no mercado (sem previsão de produção), seria uma norma sem qualquer EFICÁCIA SOCIAL. EFICÁCIA pode ser: Técnica: produção de efeitos, porque presentes as condições técnico-normativas exigíveis para sua aplicação. Ex. A previsão de “relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”, contida no inciso I do Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, da CF/88, pode ser considerada um tipo de exemplo de norma que por si só, sem eficácia técnica, tendo em vista a inexistência, até o momento, da referida Lei COMPLEMENTAR. 16 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” VIGOR: Força da Norma - Diz respeito à força vinculante da norma, ou seja, à impossibilidade de os sujeitos subtraírem-se ao seu império. Não se confunde nem com a vigência, nem com a eficácia, porque no vigor, o que se verifica é a realização efetiva de resultados jurídicos. Uma norma já revogada (não mais vigente) pode continuar sendo aplicada em juízo, se disser respeito a situações consolidadas sob sua vigência, fenômeno que se denomina ultratividade. É possível dizer que uma norma pode ser válida, mas não ser ainda vigente (caso da vacatio legis); Ser válida e vigente, mas não ter eficácia (tanto no sentido de efetividade quanto de eficácia técnica); (sem eficácia técnica, tendo em vista a inexistência, da referida Lei COMPLEMENTAR); Não ser válida nem vigente e, no entanto, ter força ou vigor, o que fundamenta a produção retroativa de feitos (ultratividade), isto é, embora revogada, ela ainda conserva sua força vinculante e pode, por isso, produzir concretamente efeitos. AULA 04 APLICAÇÃO DE NORMAS JURÍDICAS: A norma jurídica é abstrata, tendo previsões impessoais e genéricas para regular indefinidamente as relações na sociedade. SUBSUNÇÃO: quando determinado fato individual se enquadrar perfeitamente no conceito abstrato da norma, estará o aplicador realizando o que se convencionou chamar de subsunção do fato à norma, o que impõe uma adequada interpretação do conteúdo normativo. Como interpretar e integrar as normas, aplicá-las no tempo e no espaço? - Revelar o sentido da norma ; A finalidade da interpretação normativa é: - Fixar o seu alcance. Toda norma precisa ser interpretada para que revele sua significação e a regra que é o seu sentido. 17 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” A hermenêutica jurídica , segundo a doutrina clássica, tem por objetivo o estudo sistemático das técnicas de interpretação e colmatação (espaço vazio preenchido) da norma. Várias técnicas coexistem para auxiliar o aplicador do direito na sua árdua tarefa de interpretar, sendo os métodos mais conhecidos os seguintes: 1. Literal: também conhecido como interpretação gramatical. Consiste no exame de cada termo utilizado na norma, isolado ou sintaticamente, de acordo com as regras do vernáculo; 2. Lógico: utilização de raciocínios lógicos (dedutivos ou indutivos), para a análise metódica da norma em toda a sua extensão, desvendando seu sentido e alcance; 3. Sistemático: análise da norma a partir do ordenamento jurídico de que é parte, relacionando-a com todas as outras com o mesmo objeto, direta ou indiretamente; 4. Histórico: análise da norma partindo da premissa dos seus antecedentes históricos, verificando as circunstâncias fáticas e jurídicas que lhe antecederam, bem como próprio processo legislativo correspondente. 5. Finalístico ou teleológico: análise da norma tomando como parâmetro a sua finalidade declarada, adaptando-a às novas exigências sociais. Admitem-se, outrossim, outras CLASSIFICAÇÕES de INTERPRETAÇÃO DA NORMA: a) Quanto à ORIGEM: doutrinária (realizada pelos doutos), jurisprudencial (realizada pelos juízes e tribunais) e autêntica (realizada pelo próprio legislador, por meio de uma lei interpretativa); b) Quanto aos RESULTADOS: declarativa (apenas declara o exato alcance da norma), extensiva (estende o alcance eficacial da norma, “que disse menos do que deveria”), restritiva (restringe o alcance eficacial da norma, “que disse mais do que deveria”) e ab-rogante (reconhece que o preceito interpretado é inaplicável). Nenhum desses métodos se impõe necessariamente sobre o outro, nem prevalece isoladamente de forma absoluta, sendo apenas um conjunto de instrumentos teóricos à disposição do aplicador do direito para a realização da “regra de ouro” de interpretação, contida no art. 5º da LINDB, nos seguintes termos: - “Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. A interpretação é o momento próprio de construção da norma jurídica a partir do textos legislativo e das compreensões do intérprete, matizadas pelos seu “pré- conceitos” (no sentindo de conceitos prévios) e no âmbito de toda a tradição jurídica, que é composta tanto pela doutrina, como pela jurisprudência. 18 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Quando inexiste lei a aplicar diretamente ao caso, deve o magistrado se valer das fontes do Direito para encontra a regra que efetivamente deve disciplinar a relação jurídica submetida a suaapreciação. Na forma do Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. (INTEGRAÇÃO), da LINDB. Para que uma norma, em regra, seja aplicável, é preciso que esteja vigente. Essa vigência surge, para o Direito, com a publicação no Diário Oficial, o que faz presumir o conhecimento de todos sobre a regra. DECRETO-LEI Nº 4.657, (LINDB), “Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”. DECRETO-LEI Nº 4.657, (LINDB), Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Sobre o tema, a Lei Complementar n.º 95, de 26 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis, preceitua, in verbis: Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial’ . Art. 9º A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas. As normas jurídicas tendem sempre a uma duração indeterminada, devendo ser consideradas como exceção as normas temporárias (limitadas no tempo), motivo pelo qual somente terão vigência até que outra lei as modifique ou revogue. DECRETO-LEI Nº 4.657, (LINDB). Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, de 1961) § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. 19 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” O que é REVOGAÇÃO? É quando, em um ordenamento jurídico, a(s) norma(s) podem perder a sua vigência, deixando de pertencer ao sistema. (VER Art. 2o, DO DECRETO-LEI Nº 4.657, (LINDB)). Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. REVOGAÇÃO – A norma posterior revoga a anterior emanada do mesmo órgão caso declare expressamente, seja com ela incompatível ou regule inteiramente a matéria. Quanto a FORMA, a revogação pode ser 1) EXPRESSA, quando a norma posterior enumera as normas revogadas por ela. Nesse caso, devem ser elencados os dispositivos a serem revogados, não bastandoa expressão genérica: “ficam revogadas as disposições em contrário”. 2) TÁCITA – ocorre em razão da (1) incompatibilidade entre duas normas ou quando uma (2) norma posterior regula inteiramente a matéria tratada por norma antarior. Esta hipótese é denominada de “REVOGAÇÃO POR NORMAÇÃO GERAL”. Quanto a EXTENSÃO, a revogação pode ser Total (ab-rogação) ou Parcial (derrogação). A rigor, uma norma só pode ser revogada por outra emanada do mesmo Poder que a elaborou. (mais informações ler – Novelino, Marcelo. Manual de DIREITO CONSTITUCIONAL. 9ª ed. São Paulo: ED. MÉTODO, 2014, p. 137,138). 20 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” TOMEMOS um exemplo: imagine-se que a lei X discipline o exercício de determinada atividade, vindo tal lei a ser substituída, por meio de revogação total pela lei Y. Surgindo, tempos depois, uma lei Z, que simplesmente revoga a lei Y, sem dispor nada sobre a matéria, não será possível “ressuscitar” (repristinar) a lei X. Até mesmo se for editada nova norma, com o mesmo conteúdo da lei X, não será esta que estará reaparecendo, mas sim somente um novo regramento, coincidentemente com o mesmo perfil de outrora. (Stolze, Pablo. Novo Curso de DIREITO CIVIL. 16ª ed. São Paulo: ED. SARAIVA, 2014, p. 117) 21 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” AULA 05 NO CONFLITO TEMPORAL DE LEIS, DEVERÁ SER APLICADA A LEI NOVA OU A LEI VELHA? As situações concluídas sob a égide de uma lei civil, mesmo que venham a produzir efeitos futuros, constituem atos jurídicos perfeitos, cuja impositividade uma lei posterior não poderá retirar. DECRETO-LEI Nº 4.657, (LINDB). Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (ULTRATIVIDADE DA LEI) § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 22 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” DIREITO ADQUIRIDO: A coisa julgada ou caso julgado: Ocorre quando a sentença judicial se torna irrecorrível, ou seja, não admite mais a interposição de qualquer recurso. Tem como objetivo dar segurança jurídica às decisões judiciais e evitar que os conflitos se perpetuem no tempo. A coisa julgada pode ser FORMAL, quando a sentença não pode ser alterada dentro do mesmo processo, porém poderá ser discutida em outra ação, ou MATERIAL, quando a sentença não pode ser alterada em nenhum outro processo. 23 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” O respeito ao o ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada, imposto constitucionalmente (art. 5º, XXXVI, da CF/88), concretiza o principio de que as leis civis não têm retroatividade, uma vez uma vez que os seus efeitos esbarram nessas situações. Em razão da soberania estatal, a norma deve ser aplicada dentro dos limitas territoriais do Estado que a editou. 24 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” 25 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” O ser humano é o destinatário final de toda norma. Os animais e as coisas podem ser objeto de direito, mas apenas as pessoas são sujeitos de direito. Mesmo quando uma lei ambiental protege a fauna, ela visa na verdade ao próprio homem e seu direito a um meio ambiente equilibrado (ver CF/88, art. 225). As pessoasé que vão se relacionar na sociedade, podendo ser físicas (CC-02 - Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil) ou jurídicas (Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado). PERSONALIDADE JURÍDICA é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou, em outras palavras, é o atributo necessário para ser sujeito de direito. A PERSONALIDADE JURÍDICA é atributo de toda e qualquer pessoa, seja natural ou jurídica, uma vez que a própria norma civil não faz tal distinção de acepção. Adquirida a personalidade jurídica, o ente passa a atuar, na qualidade de sujeito de direito (pessoa natural ou jurídica), praticando atos e negócios jurídicos dos mais diferentes matizes. PESSOAS FÍSICAS: São as pessoas naturais, os seres humanos, cuja personalidade começa do nascimento com vida (CC-02 - Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro). PERSONALIDADE: é a aptidão ou capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações; todos têm capacidade de direito (art. 1º), mas o incapaz (arts. 3º e 4º) não tem capacidade de fato, falta-lhe consciência e vontade, precisando ser assistido e representado (Art. 115, Art. 1634, V – pai, Tutor e Curador); a incapacidade do menor cessa aos 18 anos ou com a emancipação (parágrafo único, do art. 5º) – aquisição da capacidade de fato; Ao longo de sua vida o homem se relaciona com outros homens (ex.: contrato) e com as coisas (ex.: ocupação, art. 1263) para satisfazer suas necessidades e formar um patrimônio; este patrimônio é a projeção econômica da personalidade; mas a personalidade também envolve diretos extrapatrimoniais, que são os direitos personalíssimos (ex.: alimentos, vida, liberdade, imagem, privacidade, honra, nome, nacionalidade, parentesco – é o direito de “STATUS” das pessoas (arts. 11, 13, 16 e 21), cujo valor econômico só surge quando violados (CC-02, Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei); os direitos personalíssimos são “numerus apertus” e são todos os indispensáveis à vida saudável; a personalidade do ser humano trmina com a morte, que pode ser presumida no do caso do ausente ou de quem estava em perigo de vida, CC-02 26 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: A pessoa natural, para o direito, é o ser humano enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações. O seu surgimento, segundo a dicção legal, ocorre a partir do nascimento com vida (CC-02 - Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro). A teoria natalista afirma que a personalidade jurídica, ou seja, o seu surgimento ocorre com vida. 27 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” AULA 06 PESSOA NATURAL. O que está por nascer, mas já concebido no ventre materno. Limongi França. O NASCITURO É PESSOA? O nascituro não é pessoa e, por isso, possui mera expectativa de direito. Não há consenso nessa questão. Existem 2 outras correntes: Teoria da personalidade condicional; Teoria concepcionista: TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONADA: Os adeptos desta teoria sufragam o entendimento no sentido de que o nascituro possui direitos sob condição suspensiva. A proteção do nascituro existe porque entendem que este possui personalidade jurídica condicional que surge, na sua plenitude, com o nascimento com vida e se extingue no caso de não chegar o feto a viver. TEORIA CONCEPCIONISTA: influenciada pelo Direito Francês, defende que o nascituro adquire personalidade jurídica desde a concepção, sendo, assim, considerado pessoa. Essa linha doutrinária rende ensejo inclusive a se admitirem efeitos patrimoniais, como o direito aos alimentos, decorrentes da personificação do nascimento. Nesse diapasão, em defesa da corrente concepcionista e apesar da polêmica doutrinária existente, vale conferir o seguinte julgado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: Seguimos a teoria natalista, mas a jurisprudência, cada vez mais, está aplicando a teoria concepcionista. O nascituro tem direito a vida? “EMENTA: Seguro-obrigatório. Acidente. Abortamento. Direito à percepção de indenização. O nascituro goza de personalidade jurídica desde a concepção. O nascimento com vida diz respeito apenas à capacidade de exercício de alguns direitos patrimoniais. Apelação a que se dá provimento (5 fls.) (Apelação Cível n.º 70002027910, sexta câmara cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relator: Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, julgado em 28/03/2001)”. “EMENTA: AÇÃO DE COBRANÇA. INDENIZAÇÃO DO SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT. NASCITURO. MORTE DECORRENTE DE ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. 1. O nascituro, provido de personalidade jurídica desde o momento da concepção, está coberto pelo seguro DPVAT, visto que seu bem-estar é assegurado pelo ordenamento 28 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” pátrio. É devido o pagamento da indenização no caso de interrupção da gravidez e morte causadas pro acidente de trânsito. Precedentes das Turmas Recursais. 2. Aplicação da Súmula 14 das Turmas Recursais Cíveis, revisada em 24/04/2008. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71003041930, Segunda Turma) (TJ-RS, Relator: Eduardo Kraemer, Data de Julgamento: 29/02/2012, Segunda Turma Recursal Cível).” Embora o CC-02 não considere o nascituro como pessoa, ele tem a proteção legal dos seus direitos desde a concepção. Nesse sentido, pode-se apresentar o seguinte quadro esquemático: O nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à proteção pré-natal, etc.); Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão “inter vivos”; Pode ser beneficiado por legado e herança; Pode ser-lhe nomeado curador para defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878, do CPC); O Código Penal tipifica o crime de aborto (arts. 124, 125 e 126, do CP); Tem direito à realização do exame de DNA para aferição da paternidade; Tem direito a alimentos (Lei nº 11.804/08 – Alimentos gravídicos); CAPACIDADE DE DIREITO E DE FATO: Adquirida a personalidade jurídica (Lembre-se: CC-02 - Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; [...]), toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações. Possui, portanto, capacidade de direito. Capacidade de Direito, também chamada de Capacidade de Gozo, consiste na possibilidade que toda pessoa tem de ser sujeito de direito, isto é, figurar num dos pólos daRelação Jurídica. É característica inerente ao ser humano, e nenhum pode ser privado dessa capacidade pelo ordenamento jurídico, como está no Art. 1º do Código Civil: “Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. CAPACIDADE DE DIREITO E DE FATO: Se puderem atuar pessoalmente, possuem a capacidade de fato. Esta consiste na possibilidade de estar a frente de seus direitos e deveres (é o que os incapazes não podem fazer), ou seja, é a aptidão que o ser humano tem ou não de exercer os seus direitos, o que relaciona a Capacidade de Fato com a de direito e, ao contrário desta, pode ser retirada caso seja entendido que a pessoa não possui discernimento o suficiente para tal. ATENÇÃO Tudo que é “de Direito”, é algo que está escrito na lei. E tudo que é “de Fato” precisa de uma ação, de algo para existir. Já a Capacidade de Fato precisa que exista na pessoa discernimento o suficiente para isso. A CAPACIDADE DE DIREITO confunde-se, hoje, com a personalidade jurídica, porque toda pessoa é capaz de direitos. Ninguém pode ser totalmente privado dessa espécie de capacidade. A capacidade de fato condiciona-se à capacidade de direito (esta vem depois preenchido os requisitos daquela). Não se pode exercer um direito sem ser 29 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” CAPAZ de adquiri-lo. Uma não se concebe, portanto, sem a outra. Mas a recíproca não é verdadeira. PODE-SE TER CAPACIDADE DE DIREITO, SEM CAPACIDADE DE FATO; adquirir o direito (capacidade de direito) e não poder exercê-lo (capacidade de fato) por si. A impossibilidade do exercício é, tecnicamente, incapacidade. (Orlando Gomes, ab. cit., p.172). Lembre-se: PODE-SE TER CAPACIDADE DE DIREITO, SEM CAPACIDADE DE FATO; A TUTELA destina-se à assistência ou representação de menores chamados de incapazes relativos – atos serão ANULADOS. Já a CURATELA destina-se à representação dos maiores incapazes, chamados de INCAPAZES ABSOLUTOS – atos serão NULOS. Nem toda pessoa capaz pode estar LEGITIMADA para a prática de determinado ato jurídico. A legitimação traduz uma capacidade específica. Ex. O tutor, por exemplo, embora MAIOR E CAPAZ, não poderá adquirir bens do tutelado. Dois irmãos, da mesma forma, maiores e capazes, não poderão se casar entre si. Em tais hipóteses , o tutor e os irmãos encontram-se impedidos de praticar o ato por falta de legitimidade ou de capacidade específica para o ato. É a falta de aptidão para praticar pessoalmente atos da vida civil. Encontra-se nessa situação a pessoa a quem falte capacidade de fato ou de exercício, ou seja, que estaja impossibilitada de manifestar real e juridicamente a sua vontade. O ABSOLUTAMENTE INCAPAZ é representado e o ato que praticar sozinho será considerado nulo (nulidade absoluta). (CC-02 - Art. 3o). Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. A incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por meio de procedimento de interdição previsto nos arts. 1.177 a 1.186 do CPC. Declarada judicialmente a INCAPACIDADE, não são considerados válidos os atos praticados pelo incapaz mesmo nos intervalos de perfeita lucidez. 30 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” São considerados absolutamente incapazes aqueles que, mesmo sem serem portadores de doença ou deficiência mental, encontram-se em estado de paralisia mental total e temporária. Ex. Dependente de tóxico que, sem haver evoluído ainda para o quadro clínico, esteja sob o efeito do entorpecente que o priva totalmente de discernimento. Os surdos-mudos impossibilitados de manifestar vontade deixam de figurar no rol de absolutamente incapazes, sem prejuízos de estarem em uma das 3 situações do art. 3º do CC-02. (CC-02 - Art. 4o). Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. O novo Código Civil elevou à categoria de causa de INCAPACIDADE RELATIVA à embriaguez habitual que reduza, sem privar totalmente, a capacidade de discernimento do homem. PRÓDIGO é “aquele que desordenadamente gasta e destrói a sua fazenda, reduzindo-se à miséria por sua culpa”. (Lembre-se da parábola do parábola do filho pródigo no livro de Lucas 15:11-32). A interdição do pródigo somente o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. (CC-02 - Art. 1.782) A Lei 6.001/73 considera o indígena, em princípio, agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação. Se o índio estiver inserido na sociedade, será considerado plenamente capaz, podendo invocar a norma tuitivaindigenista, mas não como presunção absoluta, mas para verificar, judicialmente, inclusive com dilação probatória especifica de tal condição, para a declaração de nulidade do evento jurídico firmado. Os RELATIVAMENTE INCAPAZES, estão na zona intermediária entre o ABSOLUTAMENTE INCAPAZ e o CAPAZ: O relativamente incapaz é assistido (ajudado), o ato que praticar sozinho será anulável (nulidade relativa ou anulabilidade); REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA: Se o absolutamente incapaz praticar ato sozinho, sem a representação legal, a hipótese é de nulidade. A sanção para o excesso de 31 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” atuação é a responsabilidade pessoal do representante pelos atos excedentes, conforme regra do art. 118, CC-02. A emancipação pode ser: 1. Voluntária; 2. Judicial; 3. Legal: Voluntária: ocorre pela concessão dos pais, ou de um deles, ou na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homolagação judicial, desde que o menor haja completado 16 anos. A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam. Judicial: é aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, se o menor contar com 16 anos completo. Legal: A primeira hipótese é o casamento, em seguida, prevê a lei como causa da emancipação legal o exercício de emprego público efetivo, a colação de grau em curso de ensino superior e finalmente o estabelecimento civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor de dezesseis anos completos tenha economia própria. (Lembrete: Mesmo havendo a dissolução da sociedade conjugal (divórcio ou morte), o emancipado não retorna à situação de incapacidade civil.) (CC-02 - Art. 5o). Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (EMANCIPAÇÃO). Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;II - pelo casamento; (emancipação Legal) III - pelo exercício de emprego público efetivo; (emancipação Legal) IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; (emancipação Legal) V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. (emancipação Legal) Antinomia: Antinomia jurídica é uma contradição real ou aparente entre normas dentro de um sistema jurídico, dificultando-se assim sua interpretação e reduzindo a segurança jurídica no território e tempo de vigência daquele sistema. 32 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” AULA 07 O nome da pessoa natural é o sinal exterior mais visível de sua individualidade, sendo através dele que a identificamos no seu âmbito familiar e no meio social. É matéria de ordem pública. Todo nascimento deve ser registrado no Cartório de registro Civil de Pessoas Naturais – Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73), arts. 54 e 55. O Ministério Público intervém em todos os procedimentos (judiciais ou administrativos que disserem respeito ao nome civil – art. 82, CPC). Tem natureza evidentemente extrapatrimonial e é regulado pelo Código Civil e pela Lei nº 6.015/73 – Lei de Registros Públicos. Os principais elementos individualizadores da pessoa natural são: O nome civil – designação que a distingue das demais e a identifica no seio da sociedade (art. 16 ao 19 da LRP 6.015/73); O Estado Civil – que indica sua posição na família e na sociedade política; O Domicílio Civil – que é a sua sede jurídica: (CC-02 - Art. 16 e 17). Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. NOME é a designação pela qual se identificam e distinguem as pessoas naturais, nas relações concernentes ao aspecto civil da sua vida jurídica; é o principal elemento identificador dos indivíduos no seio social. Relevância do NOME: Para os cidadãos, em suas relações intraparticulares; Para o Estado, que possui a necessidade de particularizar os indivíduos na sociedade; CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO NOME: 1. Inexpropriável: o nome identifica a pessoa na sociedade e, por isso, não poderá ser expropriado, ainda que por interesse público. Tal ato desfiguraria a própria personalidade do indivíduo. 2. Imutabilidade (relativa) do nome: O artigo 58 da LRP assegura a definitividade do prenome. Inobstante, não se trata de dogma absoluto, haja vista a existência da outras possibilidades, previstas ou não em lei, capazes de propiciar a sua alteração; 33 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” ELEMENTOS COMPONENTES DO NOME CIVIL: 1. PRENOME: (antigamente denominado nome de batismo). Serve para a designação individual de cada pessoa, de livre escolha pelos pais, pode ser simples ou composto. (art. 55 da LRP). CC-02 - Art. 16 Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 2. SOBRENOME: Também conhecido como apelido de família, cognome ou patronímico: é o sinal que lhe define e identifica a origem da pessoa, de forma a indicar sua filiação ou estirpe. É característico da família sendo, assim, transmissível por sucessão. Embora ele possa ser formado pelo sobrenome do pai ou da mãe, recomenda-se o registro de sobrenome duplo, a fim de reduzir os riscos de uma possível homonímia, comum nos grandes centros. 3. AGNOME: o agnome tem a função de diferenciar pessoas da família que possuem o mesmo prenome e sobrenome. São nomes do tipo FILHO, NETO, SOBRINHO, ou ainda, SEGUNDO, TERCEIRO. Ele não se transmite e deve ser inscrito ou no momento do registro de nascimento, haja vista fazer parte do nome civil, ou por meio de autorização judicial, posteriormente, se for o caso. ALTERAÇÃO DO NOME: Não é qualquer melindre ou capricho pessoal que autoriza a modificação do nome. ALTERAÇÃO DO NOME: No Direito brasileiro, a regra predominante é a da imutabilidade do nome civil, composto pelo prenome e nome de família. O registro de nascimento possui presunção de veracidade e autenticidade, norteados pelos princípios da segurança e fé pública. Não devem, portanto, sofrer alterações infundadas ou averbações despropositadas com o fito de preservar a segurança jurídica. Não obstante, a LRP traz algumas exceções a essa regra, possibilitando a alteração do nome civil das pessoas naturais. CC-02 - Art. 1.565 Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. Se vier a se separar, teria de modificar novamente o seu nome? A resposta positiva seria algo extremamente humilhante e prejudicial aos interesses do indivíduo. Ex. Tina Turner. CC-02 - Art. 1.571, § 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial. 34 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” HIPÓTESE DE ALTERAÇÃO DO NOME CIVIL: Quanto ao nome Quando expuser o titular ao ridículo ou a situação vexatória, bem como se tratando de nome exótico: Ex. Bráulio Pinto; Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado; Havendo erro gráfico evidente caracterizado por equivoco de grafia: Ex. Osvardo; Ulice; Millor; Craudia; Para incluir apelido público notório – art. 58, Parágrafo único da LRP. Ex. Luiz Inácio Lula da Silva; Acelino Popó Freitas; Pela adoção (ECA, art. 47, § 5º e CC-02, art. 1.627); e) Pelo uso prolongado e constante de nome diverso; f) Quando ocorrer homonímia depreciativa gerando embaraços profissionais ou sociais; g) Pela tradução nos casos em que o nome é grafado em língua estrangeira; Ex. John – João. Pelo casamento, quando é facultado a qualquer dos nubentes acrescer o nome do outro (CC-02, art. 2.565, § 1º), inclusive podendo ambos modificar o nome, acrescentando o nome do seu consorte; Pela separação judicial ou pelo divorcio, uma vez que o(s) cônjuge(s) que alterou seu nome patronímico pelo casamento poderá voltar a utilizar o nome que possuía antes de casar (CC-02, art. 1.571, § 2º e art. 1.578) – a regra geral é pela manutenção do nome, só sendo alterada com autorização do titular. QUANTO A ALTERAÇÃO DO SOBRENOME: Para a inclusão de sobrenome de ascendente (inclusive abarcando a chamada inclusão de sobrenome avoengo na hipótese de acréscimo do patronímico dos avós), desde que não prejudique o patronímico dos demais ascendentes; Pela união estável; Pela anulação ou declaração de nulidade do casamento; Toda alteração do nome, ocorrida posterior ao registro de nascimento, somente se efetuará por sentença judicial, devidamente averbada no assento de nascimento. O procedimento para a retificação do nome será sumaríssimo, no qual após requerimento da parte, ouvido o Ministério Público e os interessados, o juiz a ordenará no prazo de cinco dias. CC-02 - Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. Mudançade estado no registro civil – procedimento especial de jurisdição voluntária perante o juízo de Família, RS e SP decisões favoráveis a mudança do nome e do sexo no registro civil do transexual que passou por cirurgia de transgenitalização invocando os direitos fundamentais constitucionais da inviolabilidade, da intimidade, vida privada da honra e da imagem das pessoas. “a utilização de nome masculino por transexual que se submeta a cirurgia de mudança de sexo o expõe ao ridículo, razão pela qual admite-se a modificação para o prenome feminino”. 35 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” A relatora, Desembargadora Maria Berenice Dias, acolheu os argumentos. “Há um descompasso entre o sexo anatômico e o psicológico, pois o transexual acredita ter nascido num corpo que não corresponde ao gênero por ele exteriorizado social, espiritual, emocional e sexualmente”, enfatizou. Tendo em conta o caso acima narrado, pergunta-se: 1. O que vem a ser registro civil de uma pessoa natural? O registro civil é a instituição administrativa que tem por objetivo imediato a publicidade dos fatos jurídicos de interesse das pessoas e da sociedade. Sua função é dar autenticidade, segurança e eficácia aos fatos jurídicos de maior relevância para vida e os interesses dos sujeitos de direito. 2. A legislação civil brasileira prevê alteração de registro civil nos casos de transexualismo? NÃO. 3. O que é transexualismo? É a cirurgia de transgenitalização, ou seja, mudança do sexo. ESTADO DA PESSOA NATURAL: Indica sua situação jurídica nos contextos políticos, familiar e individual. É o estado civil da pessoa. Diz-se ESTADO CIVIL a posição jurídica que alguém ocupa, em determinado momento, dentro do ordenamento jurídico. O ESTADO CIVIL nasce de fatos jurídicos, como o nascimento, a idade, a filiação, a doença; de atos jurídicos, como o casamento, a emancipação; de decisões judiciais, como a separação, o divorcio, a interdição. Tais circunstâncias levam a caracterização de três estados: o familiar, o político e o pessoal ou individual. TRÊS SÃO AS ESPÉCIES DE ESTADO DA PESSOA NATURAL: 1. Estado individual: é o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde (são ou insano e incapaz), etc. Aspectos que exercem influência sobre a capacidade civil. 2. Estado Familiar: é o que indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco por consanguinidade (pai, filho, irmão, avô), ou por afinidade (sogro, sogra, cunhado, etc.). 36 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” 3. Estado político: é a qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade política podendo ser nacional (nato ou )naturalizado) e estrangeiro. REGISTRO CIVIL: O registro civil do nascimento da pessoa natural dota de formalidade e publicidade aquele fato jurídico que é o nascimento com vida, início da personalidade civil; apresenta o individuo à sociedade, dando eficácia à sua personalidade. O registro de nascimento da pessoa natural tem natureza jurídica DECLARATÓRIA (porque não é o registro que cria a personalidade que é adquirida com o nascimento com vida), em contraposição à natureza constitutiva do registro da pessoa jurídica. Atos sujeitos a registro público (CC-02, art. 9º): Os nascimentos, casamentos e óbitos; A emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; A interdição por incapacidade absoluta ou relativa; A sentença declaratória de ausência e de morte presumida. São obrigados a fazer a declaração de nascimento, pela ordem: Os pais; O parente mais próximo; Os administradores de hospitais ou os médicos e as parteiras; Pessoa idônea da casa em que ocorrer o parto; As pessoas encarregadas da guarda do menor (LRP, art. 52). 37 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” AULA 08 EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL, DA PESSOA FÍSICA. A extinção da personalidade da pessoa natural ocorre com a morte real ou presumida, com ou sem declaração de ausência. A ausência gera a presunção de morte nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva, por isso, a sentença declaratória de ausência deve ser levada a registro (art. 9º, IV, CC-02). CC-02 - Art. 6º. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Há décadas atrás, o referencial da morte era a parada cardíaca, mas a comunidade médica percebeu que usar esse referencial para a morte era relativo porque a parada cardíaca pode ser revertida. Ela é um referencial, óbvio, mas não um referencial seguro. “O critério que a comunidade científica mundial tem adotado é a morte encefálica como referencial mais seguro do memento da morte, inclusive para efeito de transplante (no Brasil, ver Resolução 1.480/97, do Conselho Federal de Medicina).” A morte deverá ser atestada por profissional da medicina, ressalvada a possibilidade de 2 testemunhas o fazerem se faltar o especialista, sendo o fato levado a registro. (LRP- 73, Arts. 77 a 88). O médico examina o cadáver, declara o óbito, a documentação é enviada ao cartório de registro civil que expede a guia de sepultamento e faz o registro do óbito no livro de Óbitos. Depois será aberto o inventário, etc. A extinção da pessoa natural (MORTE), tem como efeitos: a extinção do poder familiar, a dissolução do vínculo conjugal, a abertura da sucessão, a extinção de contrato personalíssimo (extinção da personalidade jurídica) (não confunda com PESSOA JURÍDICA), etc. MORTE PRESUMIDA: O Código Civil admite a declaração da morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º), se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou se alguém, desaparecido em campanha (Guerra) ou feito prisioneiro, não for encontrado até DOIS ANOS APÓS O TÉRMINO DA GUERRA. Em tais casos, a declaração da morte presumida somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. A morte normalmente se prova com a certidão extraída do registro de óbito. 38 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” CIVIL MORTE pode ser: REAL PRESUMIDA morte CIVIL: era admitida em tempos passados como fator extintivo da personalidade em condenados a pena perpétua ou religiosa. (Morte civil somente é reconhecida pela doutrina). morte REAL: Essa morte, que é aferida à luz do corpo, do cadáver, é a morte chamada de morte real. É aquela que pressupõe a análise do corpo morto. morte PRESUMIDA: O Código Civil estabelece, além da hipótese de morte real, duas hipóteses de morte PRESUMIDA: 1) Morte presumida COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA; 2) Morte presumida SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA – São dois casos: a) Morte provável de quem estava em perigo de vida; b) Desaparecimento/prisioneiro não for encontrado até dois anos após o término da guerra. CC-02 - Art. 7º. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da mortepresumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Morte presumida COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA. CC-02 - Art. 6º. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Morte presumida COM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA: É um estado de fato. “Ausência ocorre quando uma pessoa desaparece do seu domicílio sem deixar notícias ou representante que administre os seus bens. O procedimento é disciplinado a partir do art. 22, do Código Civil”. 39 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Quando a pessoa desaparece do seu domicílio sem deixar representante que administre os seus bens, é aberto um procedimento. Há na ausência, uma primeira fase que é a fase de sucessão provisória dos bens do ausente, que são, provisoriamente, transferidos aos seus herdeiros. Expirados os prazos da lei e o ausente não voltou, o juiz abre a chamada sucessão definitiva. Quando isso acontece, nesse momento, ele é considerado MORTO POR PRESUNÇÃO (ou Morte presumida COM decretação de ausência). Esta sentença, que reconhece a morte do ausente, é registrada no livro de óbito? NÃO. Existe um livro no cartório de registro civil de pessoa natural, um livro próprio para se registrar atos como a ausência. Quando o juiz abre a sucessão definitiva, nesse momento, ele é considerado morto por presunção. A sentença de ausência não é registrada no livro de óbito, mas sim, em livro especial. O novo CC-02 reconhece a ausência como uma morte presumida, em seu art. 6º (CC-02 - Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva), a partir do momento em que a lei autorizar a abertura da sucessão definitiva. Para se chegar a esse momento, porém, um longo caminho deve ser cumprido, ou seja: Curadoria dos Bens do Ausente; Sucessão provisória; Sucessão definitiva: RETORNO DO AUSENTE: Admite a lei a possibilidade do ausente retornar. Se este aparece na fase de arrecadação de bens, não há qualquer prejuízo ao seu patrimônio, continuando ele a gozar plenamente de todos os seus bens. Se já estiver sido aberta a sucessão provisória, a prova de que a ausência foi voluntária e injustificada, faz com que o ausente perca, em favor do sucessor provisório, sua parte nos frutos e rendimentos (CC-02 - Art. 33, Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.). Em função, porém, da provisoriedade da sucessão, o seu reaparecimento, faz cessar imediatamente todas as vantagens dos sucessores imitidos na posse, que ficam obrigados a tomar medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu titular (CC-02 - Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono). CC-02 - Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub- rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 40 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. MORTE SIMULTÂNEA (Comoriência): CC-02 - Art. 8o - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. Falecimento de marido e mulher em mesmo desastre, ao mesmo tempo, não haverá transmissão de direito entre elas; (Ex. pecúlio previdenciário). DIREITOS DA PERSONALIDADE: Os doutrinadores têm ressaltado a importância dos direitos da personalidade dentro do Código Civil de 2002, pois denota a transformação axiológica do Código. Isto é o código positivou direito não patrimonialista, colocando o individuo no centro, no ordenamento jurídico, em consonância, portanto, com a Constituição Federal de 1988. CONCEITO - DIREITOS DA PERSONALIDADE “São aqueles que têm por objeto os tributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais”. (Pablo Gagliano). 41 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” NATUREZA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE: direitos subjetivos? São tidos como direitos subjetivos, pois se referem a direitos que o homem exerce sobre a própria pessoa. Não é necessária a interferência de outros. Na verdade, os direitos da personalidade estão protegidos objetivamente pela norma jurídica, ocorre que para sua realização necessita da faculdade de seu titular. CARACTERÍSTICAS dos Direitos da Personalidade – Art. 11, CC-02: Absolutos: são oponíveis erga omnes (contra todos); Generalidade: São outorgados a todos, pelo simples fato de existirem; Extra-patrimoniais: não são aferíveis economicamente. Tanto que é impossível a reposição do status quo ante. Diferentemente de uma lesão material, por exemplo. A indenização tem mais um caráter educativo do que reconstrutivo. Indisponíveis: a indisponibilidade abrange tanto a intransmissibilidade (não pode ser transmitido a terceiro) como a irrenunciabilidade (não pode ser abdicado – ex: ninguém pode dispor da vida). Ou seja, ninguém pode transferir direito de personalidade a terceiro, bem como não pode renunciar. É inseparável do seu titular. EX: se automutilar (art. 13, CC-02). Há exceções, a indisponibilidade não é absoluta. EX: direito à imagem. Um artista pode vender sua imagem. Impenhoráveis: insuscetíveis de penhora; Imprescritível: não se extingue pelo não uso, nem pela inércia em defendê-los; Vitalício: perduram, em regra, até a morte. Exceção: existem direitos que não acabam com a morte, como o direito à imagem; Ilimitados: não existe um número limitado de direitos da personalidade. O progresso da sociedade faz nascer novos direitos, sempre. 42 “Porquanto há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus. 1Tm. 2:5” AULA 09 DIREITOS DA PERSONALIDADE Titularidade (São titulares de Direito da Personalidade): Homem; Nascituro; Natimorto (feto morto, Os natimortos podem ser decorrentes de fatores maternos, fetais ou uterinos); Pessoa Jurídica (depois de muita polêmica, o artigo 52 do CC-02, pôs fim à discursão): A doutrina costuma classificar os direitos da personalidade com base na tricotomia: CORPO, MENTE E ESPÍRITO: a) Integridade física: vida, alimentos, direito ao próprio corpo, autodeterminação; b) Integridade intelectual: liberdade de pensamento, autoria científica, literária, artística, industrial; c) Integridade moral: liberdade civil, política e religiosa, honra, imagem,
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