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DIREITO PENAL - parte especial - aulas DAMASIO

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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Vitor Gonçalves 
04/08/2016
 TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I DO FURTO
Furto
        Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
        § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
        § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
        § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
      
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654/ 2018)
       
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior
       
§ 6o  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.     
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
 Furto de coisa comum
        Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
        § 1º - Somente se procede mediante representação.
        § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Nesse capítulo estão previstos as seguintes modalidades de furto:
ART. 155 
	Caput
	Furto simples
	§1º
	Furto noturno – art. 155, §1º - causa de aumento de pena
	§2º
	Furto privilegiado – art. 155, §2º - causa de diminuição de pena
	§3º
	Furto de energia - a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico é equiparada à coisa móvel.– art. §3º - ele é estudado dentro do furto simples, já que não é um furto qualificado.
	§4º 
	Furto qualificado – 4 incisos 
	§5º 
	Furto qualificado para as hipóteses em que a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
	§6º
	Furto qualificado - qualificadora para furto de semoventes domesticáveis de produção
	§7º
	Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
 
A pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
Além disso, neste capítulo serão também estudados os institutos da furto famélico (não está previsto no art. 155, mas encontra fundamento na parte geral do código- é um estado de necessidade) e do furto de bagatela (princípio da insignificância – a legislação não regulamenta, quem o faz é o STF através de 4 requisitos – PROL)
FURTO SIMPLES – art. 155, caput
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O tipo penal consiste em subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel, a pena é reclusão de 1 a 4 anos e multa – como a pena é de 1 ano cabe, em tese, a suspensão condicional do processo (ver o requisitos).
Possui 4 elementares:
A subtração – o ato de subtrair é a conduta típica elementos objetivos 
Coisa móvel – é o objeto material 
Coisa alheia – é o elemento normativo. 
Ânimo de assenhoreamento do bem - “Com a intenção de” ter a coisa para si ou para outrem – elemento subjetivo 
As elementares podem ser de caráter normativos, subjetivos e objetivo (todos os crimes possuem e são muitos). 
O furto tem elementos objetivos (subtração e coisa móvel) e elementos subjetivos (ânimo de assenhoreamento do bem) e por isso é chamado de tipo anormal. 
Elemento normativo (tem que analisar sempre o caso concreto para saber se aquela elementar esta presente). Ex.: quando se diz que a Vitor pegou o carro JJJ0123, não tem como saber se a coisa é alheia se não analisar o caso concreto para saber se a coisa é dele ou não (alheia). 
Elemento subjetivo é a intenção do agente – Ex. sequestrar alguém com o fim de resgate. 
Já no crime de furto não está escrito a intenção do agente (é implícito) – intenção de ter a coisa para si ou para outrem – que é o ânimo de assenhoreamento do bem em proveito próprio ou alheio. 
Subtração 
O hábito de subtrair abrange duas hipóteses: 
Quando o próprio agente se apodera do bem móvel da vítima (pega o bem) sem sua autorização e o leva embora; 
Quando a própria vítima entrega o bem móvel ao agente para que ele exerça a posse apenas naquele local e este, sem autorização, o leva embora. 
Nesses casos, fala-se que a posse é vigiada, de modo que, por exclusão, o crime de apropriação indébita só pode se configurar quando for posse desvigiada. 
É por exclusão que se conclui que a apropriação indébita só é compatível com a posse desvigiada (já que a lei não diz isso). 
Posse vigiada – furto - a vítima entrega o bem móvel para que o agente exerça a posse em determinada local. 
Ex.: Livro na biblioteca que tem que ler o livro lá dentro – se a pessoa esconde o livro e leva embora – é furto. 
Posse desvigiada – apropriação indébita – quando a vítima entrega a coisa móvel para que o agente possa exercer a posse em outro local e este não devolve. 
Ex.: quando a pessoa leva o livro para ler em casa mas deixa de restituí-lo. 
Outro exemplo é quando a vítima empresta um carro para um amigo e esse não devolve. A mesma coisa acontece com um caixa de farmácia, se ele desvia esse dinheiro ele pratica o crime de furto, porque a posse era vigiada. 
É possível praticar furto de objeto de que o agente já tenha a posse? Sim. No furto a posse é vigiada (não tem autorização para tirar o bem do local). 
Qual a diferença para a apropriação indébita? Nessa a posse é desvigiada – a pessoa tem que entregar ao dono e o agente não devolve. 
Toda posse pode dar origem ao crime de apropriação indébita, já que o legislador não diz isso? Como o furto abrange as posses vigiadas, é por exclusão que a apropriação indébita fique com as posses desvigiadas. 
Coisa móvel 
É tudo aquilo que pode ser transportado de um lugar para o outro (sem perder a sua natureza). 
Tudo aquilo que o ladrão puder levar do local do crime é considerado coisa móvel, ainda que a legislação civil por alguma razão especifica os equipare a imóvel (como as aeronaves e navios). 
Ex.: arvores arrancadas, materiais de construção separados da casa durante uma reforma (ex. telhas), bem como aeronaves e embarcações equiparados a bem imóvel pela legislação civil no que diz respeito a hipoteca (devido ao seu valor), mas para o direito penal é coisa móvel. 
Semoventes constitui uma espécie do gênero coisa móvel e por isso a subtração de gado (cachorro, galinha) constitui furto. 
 Abigeato – é furto de gado. 
- Coisa móvel 
 - semovente 
- Coisa imóvel 
Bem móvel – direito real de garantia é o penhor 
Bem imóvel – direito real de garantia é a hipoteca – mas a legislação civil diz que cabe hipoteca para aeronave e embarcação por causa de seu maior valor. 
 OBS.: a lei de 13. 330 de 2 de agosto de 2016 (2 dias atrás) prevê que a pena será de 2 a5 anos de reclusão se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que o animal seja abatido e dividido no local. 
Como a lei é muita nova o professor irá aguardar um tempo para dar maiores detalhes. 
Tem um projeto de lei que diz que “animal não é coisa”, assim não poderá ser tratado como coisa, mas no sentido de que se os parentes tem que cuidar, herança. Mas se for aprovado gado não seria coisa e não se encaixaria em furto, deixaria de ser crime. É claro que o STF daria uma análise melhor para isso. 
Energia elétrica – art. 155, §3º do CP 
O art. 155, §3º equipara a coisa móvel a energia elétrica e outras formas de energia que tenham valor econômico, como por exemplo, a energia térmica e a nuclear. 
Além disso, a exposição de motivos do CP dá também como exemplo a subtração do semem dos reprodutores (furto de energia genética). Ex.: semem de touro. 
O examinador que coloque “furto de energia genética” e não apenas furto. 
Furto de TV a cabo 
Não existia TV a cabo quando o CP foi aprovado, porém o código diz “outros tipos de energia”. 
Para quem acredita que o sinal de TV a cabo é energia configura o crime de furto. Já para quem acha que não é energia o ato seria atípico. 
No que diz respeito a captação clandestina de sinal de TV a cabo (“gato da net”) existem duas correntes:
Caracteriza furto de energia – energia radiante eletromagnética – além disso o art. 35 da Lei 8.977/95 diz que constitui infração penal a interceptação e a captação não autorizada de sinal de TV a cabo, mas como tal dispositivo não prevê pena a punição deve ser pelo crime de furto. 
Trata-se de entendimento da 5ª Turma do STF e que é majoritária nos Tribunais Estaduais. 
O fato é atípico porque o sinal de TV a cabo não é forma de energia e porque o artigo 35 da lei acima mencionado é inócuo em razão da inexistência de uma pena no próprio dispositivo. 
Existem julgados da 6ª Turma do STJ nesse sentido e um famoso julgado do STF relatado pelo ministro Joaquim Barbosa. 
O STF só tem duas turmas e o plenário. 
O STJ tem várias turmas, mas criminais são só duas, a 5ª e a 6ª, e quando juntam formam plenário criminal. Vai chegar um momento que elas vão pacificar o assunto (já que a ideia é que foram criadas para essa função – que é pacificar um assunto). 
STJ e STF as vezes decidem de forma diversa, mas acaba o STJ tendo que voltar atras. Ex. em relação a não ser crime hediondo o tráfico privilegiado e ser crime mentir o nome em identificação policial.
Coisa alheia
Coisa alheia é aquela que tem dono. 
Assim, as coisas alheias que não tem dono não podem ser objeto de furto:
“Res nullius” – coisa de ninguém, coisa que nunca teve dono. 
Ex.: pescar em alguns rios (exceto os crimes ambientais). 
“Res derelicta” – coisa abandonada (jogar fora)
Forma de adquirir propriedade: comprar a coisa ou pegar coisa abandonada. Assim, como são formas de perder a propriedade: vender a coisa ou abandoná-la. 
 Coisa perdida – também conhecida como “res desperdicta” tem dono, mas quem a encontra e dela se apodera não responde por furto, por não ter havido nesse caso o ato da subtração (que é um dos requisitos do furto, embora preencha o requisito de ser coisa alheia). Em tal hipóteses, o crime é o de apropriação de coisa achada – art. 169, parágrafo único, II do CP. 
Só se considera tecnicamente como perdido, o bem perdido que estiver em local público ou aberto ao público. 
Assim, a empregada doméstica que encontra um brinco dentro da casa em que trabalha que a patroa achou ter perdido é furto e não apropriação indébita. 
Apropriação de coisa achada
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
ÁGUA E AR 
As coisa de uso comum como a agua e o ar quando já foram captadas da natureza e estão sendo exploradas comercialmente por alguém possuem dono e o desvio portanto constitui crime. 
Assim, o desvio de água encanada configura furto porque esta água tem dono (Ex. Sabesp em São Paulo). 
Ex.: quando o agente furta água de uma caixa de agua de seu vizinho, a vítima é o dono da casa e não a Sabesp. 
Adulteração do relógio medidor de agua e luz
Quando o responsável pelo imóvel desvia a energia ou a água da rede pública para o imóvel de forma que não seja computado no relógio de luz ou hidrômetro o crime é o de furto. 
Porém, quando ocorre o consumo regular (computado no relógio ou hidrômetro) e depois disso o agente adultera o relógio para pagar uma conta menor o crime é o de estelionato pois a intenção do agente foi manter em erro o funcionário da empresa. 
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
Objeto móvel com dois donos – furto de coisa comum – art. 156 do CP
Quando uma coisa móvel pertence a duas ou mais pessoas nos casos de condomínio, co-herança ou sociedade, aquele que subtrai a coisa toda que só lhe pertence em parte comete o crime de furto de coisa comum do art. 156 do CP, desde que sua conduta tenha causado prejuízo aos demais. Neste delito, a ação é publica condicionada à representação.
Ex.: quando um irmão pega um carro que é dos dois é claro que causa dano ao outro.
No furto comum é ação incondicionada. 
18/08/2016
 Ser humano e parte integrante do ser humano não integram o conceito de coisa e por isso não pode ser objeto material do crime de furto e sim de outros delitos, como sequestro, lesão corporal, subtração de incapaz, etc. (análise do caso). 
 O corte não autorizado de cabelo, ainda que com finalidade econômica, configura para alguns lesão corporal e contravenção de vias de fato para outros. 
 A subtração de órgão ou tecido de ser humano para fim de transplante enquadra-se no crime do art. 14 da Lei 9434/97 – Lei de Transplante. 
Ex.: o médico que ao fazer uma cirurgia percebe que o rim da pessoa está ótimo, subtrai e vende para alguém que esteja na lista de transplante. 
 A subtração de cadáver ou de parte dele típica o crime do art. 211 do CP, EXCETO quando o cadáver tem dono, como por exemplo, aqueles que pertencem a uma faculdade de medicina, hipótese em que o crime é o de furto. 
Cadáver – sem dono – é subtração de cadáver. 
Cadáver – com dono (escola de medicina) – furto 
 A subtração de órgão ou tecido de cadáver para fins de transplante, enquadra-se também no crime do art. 14, da lei de Transplante 9.434. 
 Quanto a subtração de objetos enterrados com o cadáver existem duas correntes: 
(Majoritário na jurisprudência) Esses objetos tem dono que são os herdeiros, e por isso o crime é do de furto. 
(Majoritária da doutrina) Tais objetos equiparam-se às coisas abandonadas, porque os herdeiros não tem interesses em tê-los de volta, o que inviabiliza a tipificação do crime de furto. Para esta corrente, o delito é o de violação de sepultura, do art. 310 do CP. 
 Quem subtrai coisa própria que se encontra em poder de terceiro em razão de um contrato ou de uma ordem judicial, comete o crime do exercício arbitrário das próprias razoes em sua modalidade especial e mais grave, prevista no art. 346 do CP. 
Exercício arbitrário das próprias razões
        Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
        Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
        Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
        Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
OBS.: Casos em que o exercício arbitrário das próprias razoes fica muito parecidocom o de furto. 
Ex.: funcionário que demitido não recebe os valores de seu salário e resolve ir na empresa e furta coisas mais ou menos no valor que lhe é devido. 
O credor quando subtrai bem do devedor para se autoressarcir de dívida vencida e não paga comete o crime de exercício arbitrário das próprias razões em sua forma genérica (art. 345). 
Não configura crime de furto porque o credor não agiu com intenção de se locupletar ilicitamente (o que é requisito dos crimes contra o patrimônio, exceto no crime de dano [as vezes pode querer ter uma vantagem econômica e em outras não – ex. riscar o carro do vizinho]).
d) Ânimo de assenhoreamento do bem (para si ou para outrem) – também conhecido como “aminus rem sibi habendi” 
Elemento subjetivo especifico – é o ânimo de assenhoramento do bem - Esse é o elemento subjetivo do tipo, que alguns também chamam de elemento subjetivo especifico. 
O elemento subjetivo genérico do furto é o dolo. 
O dolo de furtar é também chamado de “animus furandi”.
FURTO DE USO 
O estepe ´- é crime de furto 
Esse instituto não é regulamentado no texto legal, porém a doutrina e a jurisprudência exige dois requisitos para a sua configuração. A consequência é que o fato será considerado atípico. 
Os requisitos são:
Intenção de uso momentâneo de coisa alheia;
Não há um tempo determinado que configure o “momentâneo” - Na prática só se admite o furto de uso de algumas horas ou de no máximo alguns poucos dias (caso da empregada que furta a roupa da patroa da sexta e devolve na segunda-feira). 
OBS.: O furto não tem como requisito a exigência de uma situação de perigo que necessite ser afastada pela subtração, porque para esses casos aplica-se a excludente do estado de necessidade. 
Requisito objetivo: a efetiva e integral devolução do bem.
Se o agente usa um veículo alheio e logo depois o devolve, mas antes retira alguma peça ou acessório (ex. estepe) responde pelo crime em relação a estes. O mesmo ocorre se devolver o veículo com muito menos combustível (furto do combustível) – se ele devolver com um pouquinho menos do combustível, configuraria o princípio da insignificância. 
Objetividade jurídica do furto – o patrimônio. 
É a intenção do legislador ao aplicar a pena aquela conduta (o que ele quer proteger tornando aquilo crime). 
Crime simples – afeta um único bem jurídico (o patrimônio). O furto é um crime simples. 
 Não confundir ao falar furto simples e crime simples. 
Crime complexo - afeta dois ou mais bens jurídicos.
Sujeito ativo – qualquer pessoa, exceto o dono. 
Trata-se de crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa (o sujeito ativo é qualquer um).
Erro de tipo – sujeito se equivoca em realao a uma das elementares (nesse caso, a elementar é coisa alheia). 
Quando alguém, por ERRO, plenamente justificável pelas circunstâncias, pega e leva embora coisa alheia pensando que lhe pertence não comete crime de furto, por ter havido erro de tipo que exclui o dolo. 
Apropriação de coisa havida por erro – se avisado do erro, ele decide não devolver o bem. 
Sujeito passivo – é o dono do bem (sempre) e eventualmente o possuidor da coisa da que sofra prejuízo econômico, como consequência da subtração. 
Ladrão que rouba ladrão é crime? Sim! Porque a coisa é alheia. 
Mas o primeiro ladrão é a vítima também? Não! Porque ele não sofreu nenhum prejuízo econômico. 
Quem subtrai objeto anteriormente furtado que estava em poder do primeiro ladrão, pratica crime de furto porque a coisa é alheia (ao segundo furtador), a vítima, entretanto, é apenas o dono do bem. 
Furto de máquina de caça níquel – o correto seria punir o ladrão pelo crime de furto e punir o dono do caça níquel por explorar isso (já que é crime). 
Produtos de descaminho – se alguém furtar uma dessas mercadorias que estou trazendo o exterior sem pagar os impostos, o ladrão responderá por furto e a vítima responderá por descaminho. 
Consumação e tentativa do furto 
Por muito tempo foi ensinado que a consumação do furto se dava quando o sujeito tem a posse tranquila fora da vigilância do dono. Nesse, caso, se fosse perseguido pela vítima ou por qualquer outra pessoa que conseguisse recuperar os bens, não seria considerado como furto consumado e sim tentado. Fazia várias perguntas para descobrir se a perseguição tinha sido interrupta. Posteriormente o STJ decidiu que isso não é mais necessário – Tese 934. 
A consumação e quando se apossa do bem da dívida, independentemente de ter a posse mansa e pacífica fora da de vigilância do bem. 
No concurso pergunta sobre se é necessário que o ladrão tenha a posse tranquila e fora de vigilância do dono? Não é necessário, houve uma mudança de interpretação (a lei não mudou) 
Já alguns anos, o STF e STJ passaram a entender que o crime de furto se consuma no momento da inversão da posse, ou seja, quando o agente se torna possuidor de fato do bem, ainda que não obtenha a posse tranquila e fora da esfera de vigilância do dono. 
De acordo com a tese 934 do STJ aprovada em sede de recursos definitivos: “consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível (desnecessário) a posse mansa e pacifica ou desvigiada. 
 Vigilância por câmera de filmagem
Armas de brinquedo não matam – é crime impossível. 
A pergunta tem que ser feita em tese: é possível alguém furtar um supermercado que tenha vigilância por câmera? Sim. Então o crime não pode ser impossível. 
Diferente, de alguém tentar matar alguém com uma arma de brinquedo, que não tem capacidade de matar ninguém, sendo crime impossível. 
Está pacifico no STJ e STF que não configura crime impossível e sim tentativa de furto, as hipóteses em que a consumação é impedida por alarmes ou por sistemas de segurança, ou até por pessoas que fazem a segurança do local. Nesse sentido, existe a súmula 567 do STJ (ano 2016), o argumento é que não existe sistema de segurança totalmente eficaz, razão pela qual a consumação é sempre possível, em tese. 
Situações de flagrante – art. 302 do CPP
Quando alguém é perseguido logo após a subtração e preso, a hipótese e de flagrante impróprio ou quase flagrante (art. 302, III) do CPP 
Se o ladrão foge com o bem da vítima e não é perseguido, mas logo depois é encontrado em poder do bem subtraído, temos o chamado flagrante ficto (art. 302, IV do CPP). 
Nos dois exemplos acima o furto estava consumado, assim não é correto afirmar que o fato de ter havido prisão em flagrante significa que o furto esteja, necessariamente tentado. 
Furto famélico – é a subtração de pequena quantidade de alimento por quem não tem outra forma de obtê-lo para saciar a própria fome ou dos familiares e não constitui crime em razão da excludente do estado de necessidade. 
Obs.: furtar roupa para não morrer de frio ou remédio de uso continuo – não é furto famélico, mas também são casos de excludente do estado de necessidade.
Art. 155, §1º
A pena será aumentada em 1/3 se o furto for praticado durante o repouso noturno. 
Natureza jurídica – causa de aumento de pena (chamam de majorante também).
O período de repouso noturno pode variar de uma região para outra, como por exemplo, da zona rural em relação à zona rural. 
Por ser vedada a analogia “in malan parte”, não se aplica o aumento quando o crime ocorre durante o repouso diurno. 
A majorante existe quer o fato ocorra no interior de uma residência, quer em suas partes externas como jardim, quintal, garagem, etc. 
Furto na garagem, quintal – continua sendo furto com aumento de pena. 
O STJ pacificou o entendimento de que a majorante se aplica ainda que não haja moradores na casa no momento do crime. 
Local comercial – o que se leva em conta é o sono da coletividade. 
O STJ entende que incide a majorante se o delito for praticado em estabelecimento comercial fechado a noite. 
Furto em estabelecimentos 24 horas – não se aplica a majorante.A doutrina e o entendimento jurisprudencial dominante é o de que o furto noturno não se aplica ao furto qualificado, quer pela posição dos parágrafos, quer pelo aumento desproporcional que geraria ao crime qualificado se comparado à sua aplicação ao crime simples (ex. 1 =1/3 = 1 ano e 4 meses– 2 § 1/3 – 2 anos e 8 meses).
Existem, porém, julgados recentes do STJ admitindo ser cabível o aumento do furto noturno no crime qualificado porque também passou-se a admitir o privilégio no furto qualificado (o professor vai desenvolver mais na próxima aula). 
24/08/2016 
Furto privilegiado – art. 155, §2º
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
São hipóteses em que a pena do furto será reduzida, desde que coexistam com dois requisitos elencados em lei. 
Que o réu seja primário. 
Primário é aquele que não é reincidente (que é definido pelo CP), logo, o primário é por exclusão. 
Se o juiz disser na sentença que o réu é reincidente, está inviabilizado o privilégio. 
Se o réu for primário, mas tiver algum antecedente criminal poderá obter o privilégio, porque o texto lega não exige bons antecedentes. 
Que a coisa furtada seja de pequeno valor 
Pequeno valor é aquela que não ultrapasse o valor de 1 salário mínimo na data do fato) – trata-se de critério objetivo porque aplicado a todos os casos de furto. 
A autoridade policial (delegado de polícia) deve determinar a realização de uma avaliação cujo auto deverá ser anexado ao inquérito. 
O que seve levar em conta é o valor do bem e não o prejuízo da vítima. 
Se for roubado um veículo (que não é de pequeno valor) e logo depois venha a ser recuperado a ser recuperado e devolvido ao dono, o réu não poderá obter o privilégio. 
Presentes os requisitos legais o juiz não pode deixar de aplicar o privilégio por se tratar de direito subjetivo do réu e não mera faculdade do juiz. 
O texto legal, em verdade, confere 3 opções ao juiz quando reconhece o privilégio:
1. Substituir a pena de reclusão por detenção
Mas na verdade isso não funciona no nosso país, pois todo mundo acaba ficando no mesmo lugar. 
2. Reduzir a pena privativa de liberdade de 1/3 à 2/3. 
3. Aplicar exclusivamente a pena de multa.
 Furto qualificado – privilegiado
Apesar de sempre terem existido 2 correntes, era absolutamente majoritário o entendimento na doutrina e na jurisprudência, inclusive dos Tribunais Superiores no sentido de que o privilégio não poderia ser aplicado ao furto qualificado, porque a posição dos parágrafos (técnica legislativa) denotaria que o legislador quis restringir o privilégio às modalidades de furto que o antecedem no texto legal, que são o furto simples (caput) e o furto noturno (§1º). 
A partir do ano de 2009, surgiram inúmeros julgados do STF adotando o entendimento oposto, segundo o qual os institutos podem coexistir por não haver vedação expressa na lei.
Nos anos seguintes, o STJ também modificou o seu entendimento até que aprovou a súmula 511, segundo a qual é possível aplicar o privilégio do §2º, 155 no furto qualificado, desde que a qualificadora seja de caráter objetivo. 
Súmula 511 STJ 
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
O furto possui inúmeras qualificadoras e apenas uma não é de caráter objetivo (que é o abuso da confiança)
No homicídio sempre existiu a frase que “o privilégio só é compatível com a qualificadora objetiva”, já que todos as qualificadores subjetivas tem a ver com o motivo, e não faria sentido aplica-los (ex. matar por relevante valor moral exclui o motivo torpe, mas coaduna com um tiro pelas costas) Mas isso não faz sentido no furto, já que a única qualificadora subjetiva é o abuso de confiança. 
 Furto de bagatela 
Não se confunde o privilégio em que o réu é condenado com uma pena menor com o furto de bagatela, em que o fato é considerado atípico por aplicação do princípio da insignificância (ele não regulamentado em lei, mas tem reconhecido em crimes mais leves no Brasil e pelos julgados dos STF, que acabaram criando vetores para sua aplicação).
Como o princípio da insignificância não é expressamente regulamentado em lei, o STF decidiu fazê-lo, passando a exigir coexistência de 4 vetores:
Mínima ofensividade da conduta
Nenhuma periculosidade social da ação
Reduzidíssimo grau de reprovalidade do comportamento
Inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Macete: 
P
R
O
L
Não prática os Tribunais Superiores tem admitido o princípio da insignificância, quando o valor não excede 20% do salário mínimo (requisito D) desde que o juiz entenda que o fato em si não se reveste de gravidade que torne necessária a punição (requisitos A, B e C). 
Os Tribunais Superiores entendem que há gravidade para afastar o princípio da insignificância, por exemplo, se o furto for qualificado, cometido com violação de domicilio, mediante clonagem de cartão, contra idoso ou criança, etc. 
Privilégio – vai de 0 a 1 salário mínimo
Bagatela – menos de 20% do s.m. + vetores.
Acrescente-se por fim, que o STF e STJ firmaram entendimento de que a reincidência impede a aplicação do princípio da insignificância serviria de estimulo ao furtado contumaz. O plenário do STF por maioria de votos decidiu nesse sentido:
No roubo é mais simples, pois por ter a violência ou grave ameaça, nunca cabe os vetores A, B, C. 
No homicídio não cabe o vetor D, pois existem bens que nunca são insignificantes. 
Furto qualificado
 Furto qualificado
        § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
        I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
        II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
        III - com emprego de chave falsa;
        IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
        § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.                   § 6o  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração
A pena é de 2 a 8 anos de reclusão e multa. 
Todas as formas qualificadas desse §4º, são compatíveis com o instituto da tentativa.
No furto simples a pena mínima é 1 ano e possível é cabível a suspensão condicional do processo (desde que preencha também os demais requisitos). 
Ao passo, que no furto qualificado, tal benefício é inviável porque a pena mínima é de 2 anos. Caso se trate se furto qualificado tentado (redução de 1/3 a 2/3) a pena mínima ficaria 8 meses (2 anos -2/3), sendo assim, compatível com a suspensão condicional do processo. 
Furto simples – 1 ano a 4 anos e multa (cabe Sursis processual)
Furto qualificado – 2 a 8 anos e multa (não caberia Sursis) – tentativa = 8 meses (cabe Sursis processual)
Tentativa – redução de 1/3 a 2/3 
São 7 qualificadoras: 
Se o crime foi praticado mediante rompimento ou destruição de obstáculo à subtração da coisa. 
Como o texto legal não faz diferenciação, a qualificadora abrange obstáculos passivos (como porta, janela, cofre, cadeado) e também obstáculos ativos (como alarmes, cercas elétricas, etc.).
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado
O art. 171 do CPP exige perícia no obstáculopara constatar o danos nele deixados. 
Destruir é danificar por completo o obstáculo e romper é danificá-lo parcialmente. 
Se o obstáculo for apenas removido sem que seja danificado não incide a qualificadora. 
O crime de dano (art. 163 CP) fica absorvido pelo princípio da consunção (crime meio fica absorvido pelo crime fim). O dano geralmente é absorvido (consunção). Mas no crime de furto o dano é uma qualificadora. É necessário que o obstáculo seja danificado, o que qualifica é danificar o obstáculo.
O art. 167 do CPP prevê que se a perícia no obstáculo não for possível, a prova testemunhal poderá suprir a falta. Porém, se a perícia era possível, e a autoridade policial não a requisitou a prova testemunhal não poderá suprir a falta. 
Premissa: o obstáculo não pode ser parte integrante do bem furtado (uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa). 
Quando quebra o vidro para levar o toca CD é qualificado – ofensa a proporcionalidade defendia a DP. Já que roubar o carro todo é furto simples. 
É pacifico o entendimento de que a qualificadora pressupõe que o obstáculo não seja parte integrante do bem subtraído. Ex.: se o ladrão arromba o portão para levar o carro o furto é qualificado; se ele quebra o vidro do veículo para roubar o próprio carro o furto é simples; mas se ele quebra o vidro do carro para levar o toca CD ou outro objeto do interior do veículo (como a cadeira de criança) o crime é qualificado. Nesse sentido, inúmeras decisões recentes do STF e STF confirmando tal entendimento. 
O inciso II tem 4 qualificadoras:
Abuso de confiança
Essa qualificadora possui 2 requisitos:
(a) Que a vítima por alguma razão deposite uma especial confiança no agente; 
Ex.: por serem muitos amigos, primos, namorados, irmãos. 
Obs.: quando o filho furta o pai, ele em regra, é isento de pena (art. 181 II do CP), porém se o pai já tiver 60 anos ou mais na data do fato, não existe a isenção (art. 183, III, do CP), e então poderá ser aplicada a qualificadora. 
 Famulato – crime pratica pelo empregado contra o patrão. 
O famulato é sempre qualificado? Depende, somente será qualificado se ficar provado que o patrão tinha grande confiança naquele especifico empregado. 
(b) Que o agente se aproveite de alguma facilidade que decorre da relação de confiança para realizar o ato da subtração. 
Ex.: se um grande amigo arrombar a porta para furtar sua casa não é qualificado pelo abuso de confiança e sim pelo rompimento do obstáculo. 
Mediante fraude
Fraude é qualquer artimanha para empregada para facilitar ou viabilizar à subtração. 
Ex.: fraude para distrair a vítima; para afastá-la do local, fraude para conseguir entrar no local (ex. disfarce do carteiro), fraude consistente em criar site falso de um banco para obter o número do cartão e a senha da vítima, e em seguida fazer transferências não autorizadas pelo correntista, etc. 
OBS.: Em relação a fraude consistente em criar site falso para obter número do cartão e senha da vítima para fazer transferências posteriores, existem decisões do STJ confirmando que se trata de furto mediante fraude e não estelionato (defendido pelos advogados por ter pena menor) porque os valores não são entregues pela vítima, e sim retirados sorrateiramente da sua conta. 
Quando alguém recebe um e-mail com um boleto com código de barro alterado e efetua o pagamento que cai na conta do bandido, o crime é de estelionato, porque a vítima efetuou o pagamento. Do mesmo modo, quando alguém compra um produto em um site, recebe e paga um boleto, mas não recebe o produto porque era um golpe. 
 No furto mediante fraude ocorre subtração, enquanto no estelionato é a vítima que entregue os bens ou valores. 
Subtração – abrange a hipótese do ladrão que pega ou a ***entrega de uma posse vigiada. 
Ex.: numa loja, o ladrão que pega um coisa que a vendedora entregou para que ele olhasse a peça. 
 OBS- quando alguém emprega fraude para que a vítima lhe entregue uma posse vigiada (a ser exercida momentaneamente naquele local) o crime é o de furto, porque ocorre subtração quando o ladrão leva o bem embora sem autorização. 
Tal hipótese não gera grande dificuldade quando a posse vigiada é exercida em local fechado (dentro de uma casa, escola, loja), contudo, também existe posse vigiada em local aberto (ruas). Por isso, está pacificado no STF e STJ que o falso manobrista que próximo a um restaurante recebe as chaves para estacionar o carro e vai embora com ele comete furto mediante fraude, porque a posse era vigiada, era um guarda momentânea (o manobrista só recebeu a chave para estacionar). 
Há quem diga que é estelionato: (a) advogado, pois a pena é menor e (b) seguradora (pois o seguro só cobre furto ou roubo e não estelionato – aí o advogado vai defender que é furto, nos casos em que não se sabe a autoria do crime, para que a seguradora seja obrigada a indenizar). 
01/09/2016 
Mediante escalada 
Escalada – o ingresso por uma via de acesso anormal ao local do crime. 
Configuram a qualificadora, pular o muro, o portal, entrar pelo telhado ou pela sacada, escavar um túnel, etc. 
Art. 171.  Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
O art. 171 do CPP determina que seja feito uma perícia no local, para que fique constatado como ocorreu a escalada. 
Ex.: o perito vai documentar dizendo qual o altura do muro, de que lado se encontra, etc. 
 É pacifico o entendimento, de que essa qualificadora pressupõe que o agente tenha feito um esforço considerado para entrar no local ou que tenha feito uso de instrumentos auxiliares (ex. uma escada). 
Em suma, quando se tratar de um muro baixo, que não exige qualquer esforço para ser transposto, não incide essa qualificadora. 
Mediante destreza
A palavra destreza é bem genérica, mas o sentido é que foi criado para punir os “batedores de carteira” (punguista), ou seja, de forma sorrateira subtrai coisas alheia de outro. 
Assim, a destreza é a habilidade física ou material do agente, que lhe permite subtrair objetos que a vítima traga consigo sem que ela perceba. 
Responde pelo crime qualificado, o “batedor de carteira”, também chamado de punguista. 
Ex.: ligação direta pode ser qualificada pela chave falsa (uso de chave) ou pela ligação de fios (aqui é uma habilidade diferenciada, mas não enseja esta qualificadora). 
Essa definição doutrinária de destreza, faz com que a qualificadora não seja aplicada em outros casos de habilidade do ladrão, que não está de subtrair sorrateiramente bens que estão com a vítima. 
Se a vítima não perceber o furto, mas uma terceira pessoa perceba?
Caso a vítima perceba a subtração devido à falta de habilidade do ladrão o crime é simples. 
Mas se a vítima percebeu por outro motivo, como o celular tocou, deixa de ser crime simples. 
Mas se a vítima não percebeu a subtração, e sim uma outra pessoa que estava nas proximidades o crime é qualificado. 
Inciso III – emprego de chave falsa
O conceito de chave falsa abrange:
A cópia feita clandestinamente sem o conhecimento da vítima;
Qualquer instrumento capaz de abrir a fechadura. Abrange objetos que possuem outra finalidade especifica (ex. grampo de cabelo, clips, chave de fenda) e também aqueles que os ladrões confeccionam para servir como chave falsa e que são chamadas de MIXAS. 
ATENÇÃO! Quem emprega fraude para obter a chave verdadeira e utilizá-la no ato da subtração, responde por furto mediante fraude (é o inciso, II, §4, art. 155 e não o inciso III pois a chave não é falsa). 
Inciso IV – furto praticado com concurso de duas ou mais pessoas. 
Como o texto legal menciona genericamente a expressão concurso de pessoas, aplica-se a qualificadora tanto para casos de coautoria como participação. 
Assim, é possível, portanto, aplicar a qualificadora, ainda que uma só pessoa tenha realizado o ato de subtração nolocal, desde que tenha havido, prévia colaboração de um participe. 
Ex.: o empregado da casa “passou a fita” da localização, do melhor dia, etc. 
Obs.: Art. 146 – pena dobra – mais diz execução – e quem executa é só o coautor e não o participe
É possível o juiz condenar uma só pessoa e aplicar a qualificadora?
Sim, desde que exista prova do envolvimento de outra pessoa, que por alguma razão não pode ser punida, como por exemplo, por ser menor de idade, ter fugido e não ter sido identificado, etc. 
Quando duas pessoas estão agindo em conluio, está consumado para todos quando consumar para qualquer um deles. Assim, se um dele fugiu com a coisa e o outro foi pego, este pego responderá por consumado e não por tentativa
De acordo com a sumula 442 STJ não é possível aplicar ao crime de furto qualificado pelo concurso de agente a majorante do roubo. 
Esta sumula está se referindo ao art. 157, §2º, II que prevê um aumento de 1/3 até a ½ no crime de roubo quando cometido por duas ou mais pessoas. 
Por que se questionou isso? Porque a circunstância é a mesma (concurso de agentes) e a defesa começou a questionar que a pena do furto qualificado era maior do que a majorante do roubo. 
Porém o STJ não aceitou essa tese, explicando que no furto qualificado (1 ano até o dobro – 1 ano) e o roubo qualificado (4 anos + 1/3 = 1 ano e 4 meses) – ou seja, não está tendo o mesmo aumento não. 
 Concurso material – Associação criminosa e furto qualificado pelo concurso de agentes
Está pacificado no STF e no STJ de que é possível a punição concomitante em concurso material pelos delitos de associação criminosa (art. 288) e furto qualificado pelo concurso de agentes (art. 155, IV). Não há “bis in idem” porque os bens jurídicos afetados são diversos, em um é a coletividade (perigo abstrato) e na outra é a coisa alheia. 
Art. 155, § 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for de VEÍCULO AUTOMOTOR que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
A redação do dispositivo só permite a aplicação da qualificadora, quando o agente consegue cruzar a divisa ou fronteira em poder do bem subtraído. 
Se o ladrão furtou um carro a algumas horas e o está conduzindo para outro Estado ou país, quando o veículo é apreendido ainda no Estado em que ocorreu a subtração, o agente responde por furto consumado sem a qualificadora do §5º. 
§ 6º A pena é de reclusão de 2 a 5 anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
Observações:
1. se em um mesmo caso concreto for reconhecidas qualificadoras de parágrafos diferentes, o juiz deve aplicar a pena referente à qualificadora maior, e a outra deve ser utiziada como circunstancia judicial do art. 59 do CP. 
Ex.: se com chave falsa (§4º) o agente furta um carro e o leva para outro Estado (§5º) a pena será do §5º. 
Ex. Duas pessoas em concurso furta gado de produção, a pena a ser aplicada é a do §4º, pois a do §6º é 2 a 5 anos. 
Se o juiz reconhecer duas ou mais qualificadoras do §4º na fixação da pena, usará uma para qualificar e as demais como circunstâncias judicial do art. 59. 
CUIDADO: No homicídio não é assim, se reconhecer duas qualificadoras, a outra é utilizada como agravante genérica (art. 61 ) e não como circunstância judicial. 
DPE/PE 2015 – CESPE 
Aquele que vender a terceiro de boa-fé coisa que tenha furtado praticará os crimes de furto e estelionato, já que lesionará bens jurídico-penais de pessoas distintas.
VENDA DA RES FURTIVA
Apesar de existirem duas correntes posicionadas acerca do tema, quais sejam 
1ª) Crime único de furto - corrente majoritária
2ª) Concurso material entre furto e estelionato
A venda do proveito do furto trata-se de pós fato impunível, pois não há nova violação para o legítimo dono da coisa. Ademais, a alienação do objeto é mero exaurimento do delito anterior, não tem força para configurar um novo delito autônomo. Por fim, é caso de aplicação do princípio da concussão.
INDO MAIS ALÉM - Aquele que adquire o objeto furtado responderá pelo delito de receptação, que é punível nas modalidades dolosa e até mesmo culposa.
Aquele que oculta objeto furtado para assegurar impunidade do autor do furto comete crime de favorecimento real.
ROUBO – art. 157
Roubo
	Roubo SIMPLES próprio
1º ameaça ou emprega a violência e depois subtrai 
	Art. 157 - SUBTRAIR coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.
	Roubo SIMPLES impróprio
1º subtrai e depois a ameaça ou emprega a violência 
	§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
	Roubo MAJORADO 
A pena aumenta de 1/3 a ½ 
	
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º - A PENA AUMENTA-se de 1/3 até 1/2:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; (REVOGADO Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;  
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.  
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.                 (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º-A  A pena aumenta-se de 2/3: (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;              (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.                 (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
	Roubo QUALIFICADO pela:
Lesão corporal grave 
Morte 
	§ 3º Se da violência resulta:
LESÃO CORPORAL GRAVE, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se resulta MORTE, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa.  
 § 3º  Se da violência resulta:                 
(Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 a 18 anos, e multa;                  
II – morte, a pena é de reclusão de 20 a 30 anos, e multa.                
O crime de roubo se divide e 3 espécies:
	Roubo SIMPLES
Se subdivide em: 
Roubo próprio – caput - 1º ameaça e 2º subtrai. 
Roubo impróprio - §1º - 1º subtrai e 2º grave ameaça
	Roubo MAJORADO
São 5 causas de aumento de pena previstas no §2º do art. 157 
	Roubo QUALIFICADO 
Em que a pena em abstrato é maior porque a violência empregada provocou lesão grave ou morte. 
ROUBO SIMPLES 
Pode ser próprio ou impróprio, mas em ambos os casos a pena é de reclusão de 4 a 10 anos e multa. 
a) ROUBO PRÓPRIO
O roubo tem as mesmas 4 elementares do furto + 1 elementar que é a violência ou grave ameaça. 
Possui 4 elementares:
A subtração – o ato de subtrair é a conduta típica elementos objetivos 
Coisa móvel – é o objeto material 
Coisa alheia – é o elemento normativo. 
Ânimo de assenhoreamento do bem - “Com a intenção de” ter a coisa para si ou para outrem – elemento subjetivo 
+
VIOLÊNCIA
GRAVE AMEAÇA À PESSOA 
POR QUALQUER MEIO, REDUZIDO À IMPOSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA
No crime de roubo próprio o agente também subtrai para si ou para outrem coisa alheia móvel, porém, trata-se de crime mais grave do que o furto porque o agente emprega para viabilizar a subtração:
Violência contra a pessoa 
Abrange agressões físicas (chutes, socos,pauladas) e também o emprego de força física para imobilizar a vítima. 
O que caracterizaria essa violência? A trombada na vítima seria violência? 
A trombada caracteriza violência e por isso tipifica o roubo. 
Já batedor de carteira que encosta levemente na vítima (na muvuca), enquanto sorrateiramente subtrai os seus pertences, não caracteriza violência. A mesma coisa acontece quando tem um comparsa que fica encostando na vítima para distraí-la. Nesses casos não configura roubo e sim furto. 
 Quando o agente puxa e arrebenta uma pulseira, um colar ou a alça de uma bolsa que a vítima traga consigo, o crime será o de roubo se a força empregada para arrebentar tiver repercutido no corpo da vítima a ponto de provocar dor, lesão, desequilíbrio, queda, etc. 
Caso contrário, se a bolsa estava com a alça já bem rasgada ou a pulseira se rompe com enorme facilidade de forma que a vítima nada sinta o crime será o de furto. 
 Celular na rua – pessoa distraída 
O simples arrebatamento de algum objeto das mãos da vítima desacompanhado de violência física ou ameaça caracteriza furto. 
Grave ameaça
É a promessa de um mal injusto e grave a ser provocado no próprio dono do bem, em terceiro ou até em uma coisa. 
 Obs.: não é necessário que o agente consiga cumprir o mal prometido. 
Assim, configura o crime de roubo, por haver a grave ameaça, nos casos de uso de SIMULAÇÃO DE ARMA e o emprego de ARMA DE BRINQUEDO que pareça verdadeira, uma vez que elas possuem poder intimidatório. 
 Cuidado! Porém, não configuram a majorante do inciso I, §2º, art. 157. 
(Estudaremos mais para frente). 
Usar qualquer outro meio que reduza a impossibilidade de resistência da vítima. 
 Essa forma de execução é mais conhecida como violência imprópria.
Trata-se de uma fórmula genérica que por tal razão não tem um conceito especifico. 
Ex.: a ministração de sonífero ou algo equivalente para poder subtrair objetos da vítima enquanto dorme (boa noite Cinderela), Hipnose para que a vítima em transe não consiga perceber ou impedir a subtração. 
Essa forma de execução é mais conhecida como violência imprópria. 
 Vítima dormindo no ônibus
Se a vítima estiver dormindo no ónibus e o agente subtrai uma coisa sua, não é crime de roubo, pois o agente não utilizou nenhum meio para reduzir a impossibilidade de resistência. 
O crime será o de furto simples, pois também não incide a qualificadora da destreza. 
 Objetividade jurídica
O roubo é um crime complexo porque afeta mais de um bem jurídico:
O patrimônio – pois está no capítulos dos crimes contra o patrimônio. 
A incolumidade física quando empregada a violência física ou, 
A liberdade individual quando empregada grave ameaça ou violência imprópria. 
 Sujeitos: 
Sujeito ativo – qualquer pessoa, exceto o dono, pois é subtração e coisa alheia. 
Sujeito passivo:
Dono do bem, ainda que não tenha sofrido violência ou grave ameaça, bem como
Ex.: pessoa jurídica. 
Todos aqueles que sofreram a violência ou grave ameaça ainda que nada lhes seja subtraído. 
É possível que um só roubo tenha duas ou mais vítimas? 
Sim. 
Exemplo 1: ladrões rendem 5 funcionários em um carro forte e só levam o dinheiro que pertence ao Banco que contratou o serviços. Temos um só roubo, com 6 vítimas: os 5 funcionários + o Banco (na condição de dono do dinheiro).
Assim, é possível que a pessoa jurídica seja vítima de roubo, mesmo que contra ela não tenha como ter tido a grave ameaça contra a pessoa). 
Exemplo 2: roubo no estacionamento – o manobrista e o dono do carro. 
 Concurso de crimes 
Concurso formal – uma única ação 
Crime continuado – várias ações. 
	Concurso MATERIAL 
	Concurso FORMAL 
	Crime CONTINUADO 
	Mais de uma ação/omissão
	Um só ação/omissão 
	Mais de uma ação/omissão 
	2 crimes ou mais 
Idênticos ou não 
	2 crimes ou mais 
Idênticos ou não 
	2 crimes ou mais 
Idênticos ou não 
	Soma as penas 
	Pena mais grave aumentada de 1/6 até a ½ 
Obs.: não pode exceder a se realizasse a soma. 
	Pena do mais grave aumentada de 1/6 a 2/3 
Obs.: pode aumentar em até 3X se o crime foi:
- doloso
- vítimas diferentes
- violência ou grave ameaça
Art. 69 – Concurso material - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.  
Art. 70 – Concurso formal - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de 1/6 até 1/2.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Art. 71 - Crime continuado - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um 1/6 a 2/3.   
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, AUMENTAR A PENA de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até 3X, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 (não podes ultrapassar a soma) e do art. 75 (não superior a 30 anos) deste Código. 
Obs.: O artigo não está completo, só coloquei as partes que mais me interessam para entender. 
Exemplos: 
1. Concurso formal - Quando o agente ameaça duas ou mais pessoas ao mesmo tempo e subtrai seus objetos, temos dois crimes de roubo em concurso formal, por se tratar de único contexto fático. 
Ex.: ladroes em um restaurante de roubam a carteira de 10 pessoas. 
Concurso material: 
Única conduta = ameaçou as vitimas
2 ou mais crimes = 2 crimes de roubo. 
2. Crime continuado - O agente ameaça uma pessoa e leva a sua carteira, e depois de alguns minutos aborda uma outra pessoa e faz a mesma coisa, neste caso, responderá por dois crimes de roubo em continuidade delitiva. 
Crime continuado: o agente com mais de uma ação realiza dois crimes da mesma espécie (roubo e roubo) e contextos fáticos distintos. 
3. Concurso material - Se o agente rouba uma pessoa e logo depois, ao roubar outra pessoa, acaba praticando latrocínio, o crimes não são da mesma espécie, porque o latrocínio também afeta a vida (bem jurídico não atingido no roubo simples). Assim, não é crime continuado, aplicando-se o concurso material. 
Concurso material: duas ou mais condutas realizou dois crimes (roubou 1 e depois roubou o outro + morte= latrocínio)
 CONSUMAÇÃO
De acordo com o entendimento pacificado no plenário do STF e também pelo STJ, o roubo se consuma no momento em que o agente se torna possuidor do bem, ainda que não obtenha a posse mansa e pacífica fora da esfera de vigilância da vítima. Nesse sentido, existe enunciado do STJ proferido na apreciação do tema 916, em sede de recursos repetitivos.
DIREITO PENAL. MOMENTO CONSUMATIVO DO CRIME DE ROUBO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 916.
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem, mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível (desncessário)a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Como se sabe, o delineamento acerca da consumação dos crimes de roubo e de furto foi construído com base no direito romano, cuja noção de furtum - elaborada pelos operadores práticos do direito e pelos jurisconsultos-, mais ampla que a do furto do direito moderno, trazia a exigência da contrectatio (apreensão fraudulenta da coisa), visto que se exigia, necessariamente, o apossamento da coisa. É de se notar que, a partir das interpretações discrepantes da palavra contrectatio - entendida diversamente no sentido de trazer, de mover de lugar, de tocar (materialmente) e pôr a mão -, explica-se a profusão de teorias sobre a consumação do furto. O desenvolvimento desses conceitos, no âmbito do direito romano, levou à distinção de quatro momentos da ação: (a) a ação de tocar o objeto (contrectatio); (b) a ação de remover a coisa (amotio); (c) a ação de levar a coisa, tirando-a da esfera patrimonial do proprietário (ablatio); e (d) a ação de colocar a coisa em lugar seguro (illatio). O porquê de tanto esforço intelectual pode ser encontrado no fato de o direito romano não ter desenvolvido a ideia de "tentativa", motivo pelo qual era necessária a antecipação da consumação, considerando-se já consumado o furto com o simples toque da coisa, sem necessidade de levá-la. Todavia, com o surgimento da noção de tentativa, ficou evidente que não se fazia necessária a antecipação da consumação (attrectatio). Decorre daí o abandono das teorias radicais (consumação pelo simples toque ou somente com a colocação da coisa em local seguro). No Brasil, o histórico da jurisprudência do STF quanto ao tema remete a dois momentos distintos. No primeiro momento, observava-se, acerca da consumação do crime de roubo próprio, a existência de duas correntes na jurisprudência do STF: (i) a orientação tradicional, que considerava consumada a infração com a subtração da coisa, mediante violência ou grave ameaça, sem cogitar outros requisitos, explicitando ser desnecessário o locupletamento do agente; e (ii) a orientação segundo a qual se exige, para a consumação, tenha a coisa subtraída saído da esfera de vigilância da vítima ou tenha tido o agente a posse pacífica da res, ainda que por curto lapso. Para esta corrente, havendo perseguição imediata ao agente e sua prisão logo em seguida com o produto do roubo, não haveria que se falar em roubo consumado. Num segundo momento, ocorreu a estabilização da jurisprudência do STF com o julgamento do RE 102.490-SP em 17/9/1987 (DJ 16/8/1991), no qual, de acordo com a referida orientação tradicional da jurisprudência (i), definiu-se que "Para que o ladrão se torne possuidor, não é preciso, em nosso direito, que ele saia da esfera de vigilância do antigo possuidor, mas, ao contrário, basta que cesse a clandestinidade ou a violência, para que o poder de fato sobre a coisa se transforme de detenção em posse, ainda que seja possível ao antigo possuidor retomá-la pela violência, por si ou por terceiro, em virtude de perseguição [...]". Após esse julgado, o STF, no que tange ao momento consumativo do roubo, unificou a jurisprudência, para entender que se consuma o crime de roubo no momento em que o agente obtém a posse do bem, mediante violência ou grave ameaça, ainda que não seja mansa e pacífica e/ou haja perseguição policial, sendo prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima. 
 TENTATIVA
É possível quando o agente inicia a execução do roubo empregando a violência ou grave ameaça, mas por circunstancia alheia à sua vontade, não consegue se apossar dos bens que pretendia.
OBSERVAÇÕES:
1) Não se admite a atipicidade do roubo de uso
É possível o furto de uso (construção doutrinária) que exige que o uso momentâneo da coisa alheia e a efetiva e integral devolução do bem. 
Não é admitido roubo de uso, pois há o emprega da violência e da grave ameaça. 
2) Está pacificado, inclusive nos tribunais superiores, o entendimento de que o princípio da insignificância é incompatível com o crime de roubo devido a gravidade sempre presente neste delito, decorrente do emprego da violência ou grave ameaça.
3) Não há previsão legal de roubo privilegiado e não pode ser aplicado o privilégio previsto no crime de furto (por analogia) porque se entende que o legislador efetivamente não queria permitir o privilégio do roubo. 
b) ROUBO IMPRÓPRIO – Art. 157, §1º, CP
Neste delito o agente só queria praticar um furto e já havia se apoderado de algum bem da vítima, porém logo após a subtração ele emprega violência ou grave ameaça contra a pessoa a fim de garantir a sua impunidade OU a detenção da coisa. 
• Diferenças das Modalidades de Roubo próprio e o impróprio
Percebe-se, portanto, que no roubo próprio a violência ou a grave ameaça começam a ser empregadas antes da subtração. Constituem, assim, meio para a subtração. 
No roubo impróprio, ao contrário, a violência ou grave ameaça são empregadas após a subtração e têm por finalidade garantir a impunidade ou a detenção do bem. 
Outra diferença é que, de acordo com o próprio texto legal, o roubo próprio pode ser praticado também mediante violência imprópria, ao passo que o roubo impróprio não. 
Violência imprópria é aquela há uso de qualquer outro meio que reduza a impossibilidade de resistência da vítima. Ex.: sonífero. 
• Detalhes do Roubo Impróprio
É premissa do roubo impróprio que o agente já tenha se apoderado de algum bem da vítima. Trata-se de ELEMENTAR do roubo impróprio.
Se o agente ainda não se apoderou de nenhum bem da vítima, não se pode cogitar de roubo impróprio, nem mesmo tentado. 
Ex.: Suponha-se que alguém entrou em uma casa para praticar um furto e antes de se apossar de algum objeto surge alguém no local e o ladrão agride tal pessoa a fim de fugir do local e garantir sua impunidade, provocando lesão na vítima. Nesse caso responderá por tentativa de furto em concurso material com crime de lesão corporal – 2 condutas e 2 ou mais crimes. 
 Em relação ao crime de lesão corporal, há uma agravante genérica: crime praticado para assegurar a impunidade de outro delito. 
No entanto, se o ladrão já tivesse se apoderado de algum bem no momento em que agrediu a vítima, para garantir sua impunidade, o crime seria o de roubo impróprio.
O texto legal exige para configuração do roubo impróprio que a violência ou grave ameaça sejam empregadas logo após da subtração. Na pratica significa que devem ser empregadas imediatamente depois da subtração, ainda no contexto do furto que estava em andamento.
Caso a violência ou grave ameaça não sejam empregadas imediatamente depois e sim em outro contexto fático, embora não muito distante do tempo do furto, o agente responderá por furto consumado em concurso material com crime de lesão corporal ou ameaça. 
 Consumação: De acordo com o próprio texto legal, o roubo impróprio se consuma no exato instante em que o agente emprega a violência ou grave ameaça, ou seja, ainda que ele não garanta a sua impunidade ou a detenção bem. Se logo após a subtração, o agente desfere pauladas ou joga pedras na vítima, mas não a atinge, ele já empregou a violência, e o roubo impróprio está consumado. 
Obs.: Acrescente-se que, se logo após a subtração o agente pega um pedaço de pau e vai em direção à vítima para agredi-la, mas é impedido de desferir o primeiro golpe por alguém, ele já empregou a grave ameaça, e o roubo impróprio está consumado. 
 Tentativa: Por tudo isso que foi explicado, é amplamente majoritário o entendimento de que o roubo impróprio não admite tentativa (embora existam poucos autores, como por exemplo Mirabete, que admitem a tentativa, mas exclusivamente no último exemplo). 
15/09/2016 – matéria anotadora
ROUBO MAJORADO - Art. 157, §2º, CP:
Art. 157, § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
Este dispositivo prevê o aumento de 1/3 até 1/2 da pena, e por isso nãoconstituem tecnicamente qualificadoras e sim, causas e aumento de pena, que de acordo com o art. 68 do CP devem ser levadas em conta na 3ª fase da dosimetria.
O roubo majorado é também chamado de roubo circunstanciado. 
As causas de aumento deste §2º incidem tanto no roubo próprio, quanto no impróprio (caput e §1º)
 Não se aplicam ao roubo qualificado pela lesão grave ou morte do §3º. 
 
Se o crime é praticado com o emprego de arma; 
Arma é todo instrumento que tem poder vulnerante, potencialidade lesiva, capacidade para lesionar. 
Como o texto legal não faz distinção a majorante abrange o emprego de armas próprias e impróprias. 
Armas próprias são aquelas feitas para servir mesmo como arma. 
São exemplos: as armas de fogo, os punhais, as espadas, o soco inglês. 
As armas impróprias são objetos que não são feitos para servir como arma, mas que têm também poder vulnerante, como as tesouras, faca de cozinha, estilete, navalha, uma barra de ferro, etc. 
• Pontos específicos:
 Simulação de arma: Quando alguém simula estar armado (com a mão sob a blusa, encostando o dedo nas costas da vítima, etc.), o agente não está efetivamente empregando arma e não se aplica a majorante. 
 Arma de brinquedo (que pareça real): No passado havia grande controvérsia em relação ao emprego de arma de brinquedo pelo agente. Contudo, atualmente o tema encontra-se pacificado no STJ e no STF. De acordo com estes tribunais, a majorante pressupõe que a vítima fique submetida a uma situação maior de risco, que só se mostra presente quando a arma é verdadeira.
Dessa forma, quando alguém empregar arma de brinquedo ou outro simulacro (coisas que parecem revolver, como por exemplo: isqueiro em forma de revolver, arma/revolver de cola, etc.) não constituem majorantes. 
 Arma desmuniciada ou quebrada: Também por não haver maior potencialidade lesiva em relação à vítima do caso concreto, os tribunais superiores também não têm admitido a majorante quando o agente emprega arma verdadeira desmuniciada ou quebrada (inapta a efetuar disparos), EXCETO se ela for utilizada como instrumento contundente para agredir a vítima. 
 Perícia 
Art. 175.  Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes VERIFICAR A NATUREZA E A EFICIÊNCIA.
Quando a arma usada no roubo é apreendida, ela deve ser submetida a perícia para constatar sua natureza e eficácia (art. 175 do CPP). 
A aplicação da majorante dependerá dessa analise pericial, assim: 
Se a perícia concluir que é um brinquedo, um simulacro ou uma arma verdadeira ineficaz, não será aplicada a majorante. 
Mas se concluir que é uma arma verdadeira e eficaz, será aplicada a majorante. 
E se a arma não for apreendida?
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Por sua vez, se a arma não for apreendida e isso inviabilizar a perícia, deverá ser aplicada a regra do art. 167 do CPP, segundo a qual a prova testemunhal pode suprir a falta da perícia. 
De acordo com o plenário do STF, nesses casos, se as vítimas ou testemunhas afirmarem que viram uma arma com o réu, e ele não fizer prova em sentido contrário, a majorante incidirá.
 
Se o crime for praticado mediante concurso de duas ou mais pessoas; 
Como o texto legal não faz restrição, a majorante se aplica tanto em caso de coautoria, quanto de participação. 
O juiz pode condenar uma só pessoa e aplicar a majorante do concurso de pessoas?
Sim, o juiz pode condenar uma só pessoa e aplicar a majorante, desde que exista prova do envolvimento de outra pessoa, que por alguma razão não possa ser punida, por exemplo, menor de idade, porque morreu, porque não foi identificado, etc. 
 Posso aplicar o crime de roubo majorado (uso de arma ou concurso de pessoas) em concurso material com o crime de associação criminosa armada (art. 288, § único)?
Sim, pois de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ não há bis in idem e portanto é possível a punição em concurso material pelos delitos de associação criminosa armada (art. 288, parágrafo único) e roubo majorado pelo emprego de arma e pelo concurso de agentes. 
Exemplo: nesse caso irá cumular as penas e o agente responderá:
Reclusão de 4 a 10 anos e multa + aumento de pena de 1/3 até ½ 
+ 
Reclusão de 1 a 3 anos. 
Associação Criminosa
Art. 288.  Associarem-se 3 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:      
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos.     
Parágrafo único.  A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.
Se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância 
Como o texto legal exige que o ladrão saiba que a vítima está transportando valores a trabalho, é correto concluir que ele quer roubar a pessoa em tal situação e que a majorante, portanto, exige dolo direto. 
 
Se o roubo é de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou outro país 
Aplicam-se as mesmas regras já estudas em relação ao §5º do art. 155 do CP. 
 
Se o agente mantém a vítima em seu poder restringindo sua liberdade
Aplica-se também a majorante quando o agente para praticar o roubo mantem a vítima em poder, restringindo a sua liberdade. 
Por quanto tempo o agente poderá restringir a liberdade da vítima para que se aplique essa majorante?
Para incidir a majorante a restrição da liberdade da vítima tem que ser por pouco tempo (minutos). 
Caso a vítima seja obrigada a permanecer por um período maior (horas), o agente responderá pelo crime de sequestro do art. 148 do CP em concurso material com o crime de roubo. 
E se houver, no caso concreto, a configuração de mais de uma majorante?
Exemplo: Houve emprego de arma, concurso de agentes e privação da liberdade da vítima. 
De acordo com o art. 68, parágrafo único, se o juiz reconhecer 2 ou + majorantes do roubo, ele somente poderá aplicar uma delas, no caso a que que mais aumente a pena e as demais poderão ser levadas em conta como circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. 
Lembrando que o juiz deverá fundamentar a majorante, não podendo apenas indicar o número delas. 
Cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua 
No passado, o critério que os juízes usavam para fixar entre o limite mínimo de 1/3 e o máximo de 1/2 era o número de majorantes, assim quanto mais majorantes maior era a fração aplicada (no caso a ½).
No entanto, no ano de 2010 o STJ aprovou a Súmula n. 443 com o seguinte teor: 
S.443/STJ. O aumento na 3ª fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 
 
Em suma, é a maior ou menor gravidade das majorantes do caso concreto que devem servir de parâmetro para o juiz. 
 
ROUBO QUALIFICADO pelo resultado - art. 157, §3º 
O §3º traz duas qualificadoras pelo resultado para o crime de roubo: se da violência resultar lesão corporal grave OU morte. 
LESÃO GRAVE 
 Não consta do rol dos crimes hediondos por opção do legislador. 
Na primeira parte do dispositivo está prevista que se dá violência empregada no roubo resultar em lesão grave à vítima, a pena será de reclusão de 7 a 15 anos. 
Art. 157, § 3º Se da VIOLÊNCIA resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa (...) 
 
A qualificadora em estudo pressupõe três requisitos: 
Roubo
Provocação de lesão grave em razão da violência empregada
 Eventuais lesões leves provocadas durante o rouboficam absorvidas, porém o juiz deverá leva-las em conta na dosimetria da pena como circunstância judicial do art. 59 do CP
Inexistência de dolo de matar por parte daquele que provocou a lesão grave
Caso haja dolo de matar, o crime será o de tentativa de latrocínio, que é mais grave 
MORTE 
 LATROCÍNIO 
Figuram no rol dos crimes hediondos, tanto o latrocínio consumado e o tentado. 
Na segunda parte do §3º do art. 157 do CP está previsto o crime de latrocínio, em que a pena é de reclusão de 20 a 30 anos e multa se dá violência resulta morte. 
 A lei não diz 
Art. 157§ 3º (...)Se da VIOLÊNCIA ou grave ameaça resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
 
Como o texto legal expressamente restringe o alcance do latrocínio aos casos em que a morte decorre da violência empregada, não haverá latrocínio quando esta for decorrente da grave ameaça. 
Se o agente ameaça a vítima e em razão disso ela tem um ataque do coração e morre, ele responderá por qual crime?
Não responderá pelo crime de roubo qualificado pela morte, pois esse só é possível quando a morte resulta da violência e não da grave ameaça. 
O agente responderá em concurso material pelo crime de roubo e homicídio culposo. 
Para que haja latrocínio, é necessário que a violência provocadora da morte tenha sido empregada durante e em razão do roubo. 
 Tem que haver dolo em relação a morte ou a lesão grave? 
Não. Para que configure as qualificadoras do crime de roubo, a morte ou a lesão grave podem ser a título de dolo ou culpa, pois o texto legal não faz essa diferenciação. 
Assim, pode-se, portanto, dizer que o latrocínio admite a modalidade preterdolosa mas não é crime exclusivamente preterdoloso. 
Vejamos: será preterdoloso quando a morte é consequência culposa da violência empregada durante ou em razão do roubo. Já quando a morte for consequência dolosa o latrocínio não será preterdoloso. 
Faz alguma diferença se a morte foi a título de culpa ou de dolo? 
Embora responda sempre pelo crime de latrocínio, os juízes costumam fixar a pena base acima do mínimo em se tratando de modalidade não preterdolosa (dolo na morte). 
 Que julga o crime de latrocínio? 
Súmula 603 STF
A competência para o processo e julgamento de LATROCÍNIO é do juiz singular e não do tribunal do júri.
O juiz singular, de acordo com a súmula 603 do STF, ainda que a morte tenha sido dolosa no contexto do roubo. O fundamento desta súmula é o de que o latrocínio é um crime contra o patrimônio. 
O latrocínio pode se originar de um roubo próprio ou impróprio. 
 A morte tem que ser no mesmo contexto fático do roubo para que configure o crime de latrocínio. 
Caso seja em contexto fático posterior, o agente responderá em concurso material pelo crime de homicídio qualificado e roubo. 
Ex.: se o ladrão matar durante o roubo para garantir a sua impunidade ou a detenção do bem, responderá por latrocínio, mas se ele matar em contexto fático posterior ao do roubo, responderá por homicídio qualificado em concurso material com o roubo. 
 Consumação e tentativa
É um crime complexo pois afeta mais de um bem jurídico: o patrimônio e a vida. 
Existem, portanto, quatro possibilidades: 
SÚMULA 610 
Há crime de LATROCÍNIO, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima.
	Subtração dos bens
	Morte 
	LATROCÍNIO
	Tentada
	Tentada
	Tentado 
	Consumada 
	Consumada 
	Consumado 
	Tentada 
	Consumada 
	Consumado 
	Consumado 
	Tentada 
	Tentado 
O que é considerado para que haja a consumação do crime de latrocínio é a morte da vítima, ainda que o agente não consiga subtrair seus bens. 
A vítima nesse caso pode ser qualquer pessoa: o dono do bem, alguém que a acompanhava, o segurança da empresa roubada, etc. 
E se um agente, durante o roubo, mata o seu comparsa? 
Nesse caso não é crime de latrocínio, pois a vítima fatal estava na condição de autora do crime de roubo, assim, não poderá ser considerada vítima do roubo, de modo a ensejar a qualificadora. 
O agente responderá em concurso material pelo crime de roubo (contra as vítimas iniciais) e homicídio doloso (contra o comparsa). 
Mas e se o ladrão queria matar a vítima do roubo se por erro na pontaria atingiu o seu comparsa? 
Por outro lado, quando o ladrão atira querendo matar a vítima, mas por erro de pontaria atinge e mata o comparsa, responde por latrocínio porque nos casos de aberratio ictus como este, o agente responde como se tivesse matado quem pretendia (vítima virtual). 
E se o agente mata a vítima e somente depois decide subtrair seus bens? 
Se no caso concreto for praticado um crime de homicídio doloso e somente após a morte da vítima surgiu o dolo de vasculhar seus pertences e subtrai-los, este ato posterior configura crime de furto em concurso material com o homicídio doloso anterior. 
 
EXTORSÃO - Art. 158 do CP: 
Art. 158 - CONSTRANGER alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de 4 a 10 anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até 1/2. 
 § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
§ 3º Se da violência resulta:
- lesão corporal grave: reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; 
- morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa. 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 16 a 24 anos. 
§ 3º - Se resulta a morte:  
Pena - reclusão, de 24 a 30 anos.
 
O crime consiste em CONSTRANGER alguém mediante violência ou grave ameaça e, com o intuito de OBTER indevida vantagem econômica, a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo. 
A pena é de 4 a 10 anos de reclusão e multa. 
Neste delito, o agente emprega violência ou grave ameaça e faz uma exigência, visando uma vantagem econômica indevida. 
 
A vítima, por sua vez, é coagida/forçada a: 
a) Fazer algo; 
A entregar dinheiro, a assinar um cheque, a fornecer a senha do cartão, realizar a assinatura de documentação e uma casa e etc.
b) A não fazer algo; 
A não cobrar uma dívida, a não entrar numa concorrência ... 
c) A tolerar que se faça algo; 
A tolerar que o devedor destrua o título que representa a dívida. 
As regras referentes a violência física e grave ameaça já estudadas no crime de roubo, aplicam-se ao crime de extorsão. Além disso, tipifica-se a extorsão quando alguém exige dinheiro, ameaçando divulgar imagens comprometedoras de outra pessoa. 
 
 Elemento subjetivo do tipo na extorsão; 
É o intuito de obter indevida vantagem econômica. 
Este elemento subjetivo permite diferenciar a extorsão de dois crimes: 
I) Visa vantagem econômica, mas esta é devida. 
Se a vantagem visada é econômica, mas é devida, o crime é o de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345) ainda que presentes as demais elementares do art. 158. 
Ex.: O credor que ameaça de morte o devedor para que ele pague o que deve. 
Exercício arbitrário das próprias razões
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite:
Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
II) Não visa vantagem econômica. 
Mesmo o agente empregando violência e grave ameaça para forçar a vítima

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