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A prisão em flagrante no crime permanente

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A PRISAO EM FLAGRANTE NO CRIME PERMANENTE
 Pâmela Allein[1: Acadêmico do Curso de Direito da UNIDAVI. E-mail: pamelaallein@hotmail.com]
 				Pablo Stefens [2: Docente do Curso de Direito da UNIDAVI. ]
RESUMO
O presente artigo científico tem como objeto a prisão em flagrante no crime permanente. Há varias classificações entre os crimes tanto legais como doutrinarias, por isso é de extrema importância saber diferencia-las para poder então analisar o enquadramento ou não da prisão em flagrante. Existem várias formas de reparar o dano sofrido, sendo a prisão a última resposta para os conflitos, em respeito ao Principio da Intervenção Mínima e da Liberdade de Locomoção. Porem, em alguns casos se faz necessário uma punição mais agravada para reprimir os agressores e efetivar a proteção dos direitos. O método utilizado na elaboração desse trabalho de curso foi o indutivo e o método de procedimento foi o monográfico. O levantamento de dados foi através da técnica da pesquisa bibliográfica. As Considerações Finais trazem em seu bojo os aspectos mais relevantes ao tema, bem como a comprovação ou não da hipótese básica.
Palavras-chave: flagrante, crime permanente, liberdade.
 
ABSTRACT
The present scientific article has the object of arrest in flagrante in permanent crime. There are several classifications between crimes, both legal and doctrinal, so it is extremely important to know how to differentiate them so that you can then analyze whether or not the arrest is in flagrante. There are several ways of repairing the damage suffered, with imprisonment as the ultimate response to conflicts, with respect to the Principle of Minimum Intervention and Freedom of Movement. However, in some cases it is necessary to punish more aggravated to repress the aggressors and to realize the protection of the rights. The method used in the elaboration of this course work was the inductive one and the procedure method was the monographic one. The data collection was through the technique of bibliographic research. The Final Considerations bring in its core the most relevant aspects to the theme, as well as the proof or not of the basic hypothesis.
Keywords: blatant, permanent crime, freedom.
INTRODUÇÃO 
O objeto do presente Artigo Científico é a prisão em flagrante nos casos de crime permanente.
O objetivo geral deste trabalho é investigar a aplicação do instituto da prisão em flagrante e diferenciar o crime continuado do crime permanente para melhor entendimento.
Os objetivos específicos são: a) analisar a prisão em flagrante; b) discutir a aplicabilidade desta em nosso dia a dia; c) demonstrar o conceito de crime permanente e crime continuado.
Na delimitação do tema levanta-se o seguinte problema: qual a diferença dos crimes continuados e dos permanentes, e como se da à aplicação da prisão em flagrante neste ultimo?
Para equacionamento do problema levanta-se a seguinte hipótese: supõe-se que a diferencia crucial nota-se na produção de resultados, aonde o crime permanente se protrai no tempo sua consumação produzindo um resultado e os crimes continuados são vários atos que resultam vários resultados, mas de infrações penais de mesma espécie.
Para nós, o ramo do direito que cuida dos crimes e os penaliza é o Direito Processual Penal e o Direito Penal. É relevante citar que em relação a este ultimo seu nome já foi muito questionado ao ponto de que deveria chama-lo de direito Criminal ou criminalista, por tratar dos crimes. Porem a grande maioria dos doutrinadores, e a Constituição também, trata de Direito Penal, com a justificativa de que para cada crime tem-se uma pena, e ate mesmo as medidas de segurança acabam sendo uma penalidade para o infrator. 
Com o passar dos tempos a criminalidade e desordem acabam por evoluir na mesma velocidade que a sociedade, e nesse meio social torna-se imprescindível que o Poder Público tome providencias para controle e erradicação do problema. Para tutelar e proteger o direito de cada individuo, o Estado desenvolve meios jurídicos para realizar tal tarefa. Dentro do Estado Democrático de Direito, a maneira legalmente possível de manter a ordem social é através das leis penais que proíbem determinadas condutas, cominando, como penalização à privação da liberdade.
Difícil se torna a tarefa de escolher quais os bens jurídicos que seriam tutelados, porem utiliza-se como luz a nossa Constituição Federal:
É nos meandros da Constituição Federal, documento onde estão plasmados os princípios fundamentais de nosso Estado, que deve transitar o legislador penal para definir legislativamente os delitos, se não quer violar a coerência de todo o sistema político-jurídico, pois é inconcebível compreender-se o direito penal, manifestação estatal mais violenta e repressora do Estado, distanciado dos pressupostos éticos, sociais, econômicos e políticos constituintes de nossa sociedade.[3: COPETTI, André. Direito penal e estado democrático de direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000. pg 137-138.]
Logo, tais valores inerentes a cada pessoa que a Constituição trás, como liberdade, bem estar da sociedade, segurança entre outros, são extremamente importantes e neles o Direito Processual Penal tem suas bases.
FLAGRANTE DELITO
A prisão em flagrante é o instrumento constitucionalmente assegurado para autopreservação social. Tem como base a justificativa de evitar a consumação do delito, evitar a fuga bem como conseguir elementos indiciários suficientes para viabilizar uma futura deflagração da persecutio criminis. 
O nome vem do latim “flagrare”, que significa queimar, e “flagrans” que significa ardente, brilhante e trás a ideia de visibilidade, evidencia. Em relação á sua natureza tem-se que:
A natureza jurídica da prisão em flagrante é de medida cautelar de segregação provisória do autor da infração penal. Assim, exige-se apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo nenhuma valoração sobre a ilicitude e a culpabilidade, outros dois requisitos para a configuração do crime. É a tipicidade o fumus boni juris (fumaça do bom direito). [4: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.]
De acordo com o Código de Processo Penal, em seu artigo 301, “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.” Ou seja, qualquer do povo, autoridades policiais e agentes são os sujeitos ativos na prisão em flagrante, devendo-se fazer uma observação, a qual elucida que no caso das pessoas da sociedade, estas possuem a faculdade de prender em flagrante, porem as autoridades policiais e seus agentes tem o dever de prender quem quer que esteja enquadrado em um dos casos do artigo 302 do Código de Processo Penal, e ao realizar encontra-se em estrito cumprimento do dever legal.[5: BRASIL. Decreto-lei 3.689 de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal.]
Logo o sujeito passivo é aquele que teve sua liberdade restrita por cometer alguma infração penal e foi flagrado cometendo ou tendo acabado de cometê-lo. Com exceção: 
Menores de 18 anos (situação regulada pelo ECA - procedimento de apreensão em flagrante, para os adolescentes quando o ato for praticado mediante violência ou grave ameaça);
Condutor socorrista da vítima de acidente de trânsito, ainda que prestado indiretamente por ela (artigo 301, CTB);
Presidente da República, que só poderá ser preso após sentença condenatória em caso de crime comum (artigo 83, § 3º, CRFB);
Membros do Congresso Nacional e Deputados Estaduais/Distritais, só poderão ser presos quando praticarem crime inafiançável, com a remessa dos autos à respectiva casa que irá deliberar sobre a manutenção da prisão. (artigo 53, § 2º, CRFB);
Diplomatas estrangeiros e seus familiares, em razão de imunidade diplomática de que gozam;
Advogados, no caso de prática de crime inafiançável por motivo de exercício da profissão. Em se tratando de crime inafiançável praticado no exercícioda profissão, é possível a prisão em flagrante;
Magistrados e membros do Ministério Público, em caso de crime inafiançável, com a comunicação imediata, nos termos das respectivas leis complementares do órgão superior, que deliberará sobre a manutenção da prisão.[6: OLIVEIRA, Diego Renoldi Quaresma de. Da natureza da prisão em flagrante e suas modalidade. Disponível em < https://diegorenoldi.jusbrasil.com.br/artigos/152734078/da-natureza-da-prisao-em-flagrante-e-suas-modalidade> Acesso em 19 de Novembro de 2017.]
Como já mencionado, o artigo 302 do Código de Processo Penal trás em seus incisos os casos em que se é possível prender em flagrante:
Tem início com o fogo ardendo (está cometendo a infração penal – inciso I), passa para uma diminuição da chama (acaba de cometê-la – inciso II), depois para a perseguição direcionada para a fumaça deixada pela infração penal (inciso III) e, por último, termina com o encontro das cinzas ocasionadas pela infração penal (é encontrado logo depois – inciso IV).[7: RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 10ª edição. Rio de Janeiro. Editora: Lumen Juris, 2005, p. 620.]
De acordo com os incisos do mencionado artigo, a doutrina e jurisprudência dividem os casos de flagrante em três principais espécies, sendo consideradas ainda mais algumas modalidades que a doutrina trás. 
1.2 FLAGRANTE PRÓPRIO
Também conhecido como real, propriamente dito, perfeito ou verdadeiro, os casos que se encaixam nessa espécie são os que ocorrem quando o sujeito for capturado cometendo a infração, realizando os atos executórios da conduta tipificada, ou ainda acaba de cometê-la, no caso, por exemplo, de já ter encerrado os atos executórios, mas não deixou o agente o local do crime. Enquadram-se nesta espécie os incisos I e II do artigo 302.
1.3 FLAGRANTE IMPRÓPRIO
Também conhecido como improprio, irreal ou quase flagrante ocorre quando há perseguição logo após o cometimento da infração e se capturado faz-se presumir que é responsável pela pratica do delito, mas é importante lembrar que a perseguição deve se dar de forma ininterrupta no rastro do agente:
O próprio Código de Processo Penal, em seu art. 290, § 1º, cuida de esclarecer que o executor está em perseguição ao autor do delito quando: I — tendo- o avistado, for perseguindo- o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; II — sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. Nota- se, pois, que a interpretação doutrinária e jurisprudencial em torno do conceito de perseguição encontra fundamento no próprio texto legal.[8: REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2013]
 O tempo de perseguição pode ser por horas ou dias, mas frisa-se novamente que não pode haver interrupção para que a prisão em flagrante possa ser efetivada. 
É importante mencionar que para o STJ referente à expressão logo após, em se tratando de vítima vulnerável, absorve o tempo necessário para que o representante legal tome conhecimento do fato e querendo possa solicitar à autoridade policial a instauração do procedimento.
1.4 FLAGRANTE PRESUMIDO
Aqui se enquadra o último inciso do artigo 302, onde logo depois, o suspeito é encontrado com armas, objetos ou materiais que o façam presumir ser o autor do crime:
Também neste contexto não se pode conferir à expressão “logo depois” uma larga extensão, sob pena de se frustrar o conteúdo da prisão em flagrante. Trata-se de uma situação de imediatidade, que não comporta mais do que algumas horas para findar-se. O bom senso da autoridade – policial e judiciária -, em suma, terminará por determinar se é caso de prisão em flagrante.[9: NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. Pg. 538/539]
Nessa modalidade a lei não exige perseguição, visto que os indícios quando encontrado com objetos que o façam presumir o autor sejam relevantes. 
1.5 OUTRAS MODALIDADES DE FLAGRANTE
Uma das modalidades válidas de flagrante que não sejam as dos incisos do artigo 302 é o caso do flagrante esperado, onde a policia tendo alguma informação antecipadamente se prepara para o caso da infração vir a ser cometida e assim que iniciado os atos da infração está apta a formalizar a prisão em flagrante. A polícia neste caso não estimula nem facilita a pratica do crime, apenas sendo portadora do conhecimento da possível infração se prepara melhor para prender os agentes. 
Porem em segundo plano surge a figura do flagrante preparado, o qual não é valido caso ocorra. Nesta modalidade a policia ou terceiros induzem o agente á praticar o ato infracional, configurando crime impossível, não cabível punição de acordo com o artigo 17 do Código Penal. Há uma hipótese em que se consegue validar um flagrante ficto, que é o caso do trafico de drogas, do artigo 33 da Lei 11343/2006, onde o tipo penal faz menção a vários termos, dentre eles “trazer consigo”. Logo, um policial que disfarçado se passa por comprador produzindo um flagrante ficto consegue prender o agente não pela venda, pois esta lhe foi induzida, mas pelo porte, por “trazer consigo”, já que isto não foi induzido pelo policial.
Existem casos ainda, em que o momento da prisão pode ser postergado, para um melhor aproveitamento da situação para, por exemplo, prender mais integrantes participantes do crime, ou para recuperar objetos, enfim, buscando um momento mais eficaz. Esta modalidade esta legalmente prevista em duas leis, a 12850/13 – Lei de organizações criminosas e a Lei 11343/06 – Lei de Drogas, onde o delegado devera comunicar ou requerer, na respectiva ordem das leis, o retardamento do flagrante, que deliberará sobre os limites da diligência, com a oitiva do Ministério Público em ambos os casos.
Por ultimo surge a lamentável modalidade de flagrante forjado, ou maquiado como também é conhecido, o qual a autoridade ou agente policial forja e maquia uma situação criando ou imputando fatos a pessoas inocentes para então justificar a privação de sua liberdade, este tipo de prisão em flagrante é nulo. 
1.6 CRIMES QUE COMPORTAM PRISAO EM FLAGRANTE	
Em regra, em todas as espécies de infração penal cabem prisão em flagrante, ressalvadas algumas exceções. No caso de crimes de ação publica é possível a prisao em flagrante, mas condicionada a representação do ofendido ou representante legal. O mesmo ocorre nos crimes de ação privada, condicionada, porém agora ao requerimento do ofendido ou representante legal. 
Já nos casos de infrações de menor potencial ofensivo, casos da Lei 9099/95, não haverá a prisão se o agente assinar comprometendo-se a apresentar-se ao Juizado Especial Criminal através de um Termo Circunstanciado. 	
Nos casos de crimes permanentes a prisão temporária é admitida a qualquer momento como será explanado mais detalhadamente no decorrer do presente trabalho. e ainda nos casos de crimes continuados como cada conduta configura sozinha um ilícito penal, o agente poderá ser preso em flagrante na prática de qualquer uma delas. 
Por fim restou identificar o cabimento do flagrante nos casos de crimes habituais, que são aqueles que exigem uma reiteração de atos e condutas que demonstrem uma forma de viver, uma rotina do agente. Para a maior parte da doutrina não se admite a prisão em flagrante nesses casos, pois no momento do suposto flagrante não há como materializar o requisito “habitualidade”. Porem é de se concordar com a seguinte justificativa para o cabimento do flagrante em certos casos de crimes habituais:
[...] somente pelo fato do falso médico estar em seu “consultório”, não configuraria, necessariamente habitualidade, mas os policiais podem, porém, analisando a quantidade de pacientes atendidos, existência de contabilidade, agendamento de consultas já realizadas, bem como as queestão porvir, notar uma verdadeira habitualidade do agente, que revelam, como dito alhures, um modo de vida.[10: OLIVEIRA, Diego Renoldi Quaresma de. Da natureza da prisão em flagrante e suas modalidade. Disponível em < https://diegorenoldi.jusbrasil.com.br/artigos/152734078/da-natureza-da-prisao-em-flagrante-e-suas-modalidade> Acesso em 19 de Novembro de 2017.]
Logo, seria correto o cabimento da prisão em flagrante devido a junção dos fatos presenciados e dos evidentes indícios de continuidade da infração. 
crimes continuados e crimes permanentes
Em alguns casos, o agente pratica mais de um ato ou ação/omissão, mas de mesma espécie, e cumprindo alguns requisitos esse fato pode ser enquadrado como crime continuado:
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.[11: BRASIL. Decreto-Lei nº 2848/1940. ]
De forma resumida são então requisitos para a caracterização de crime continuado a) mais de um crime de mesma espécie; b) mais de uma ação; c) observando as condições de tempo, lugar e maneira de execução se possa considerar como uma continuação do primeiro crime. Logo estarão “unidos pela semelhança de determinadas circunstâncias (condições de tempo, lugar, modo de execução ou outras formas que permitam deduzir a continuidade)” . [12: DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. São Paulo. Editora: Saraiva, 2010. P. 319.]
Para os crimes continuados a aplicação que se da é a de um dos crimes, se diferentes a mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3. De acordo com o entendimento do STF, RTJ 143/215, a pena será aumentada de acordo com a quantidade de infrações, sendo 02 crimes, aumenta-se em 1/6; três 1/5; 4 1/4; 5 1/3; 6 1/2; e 7 ou mais crimes, a fração máxima (2/3).
Para os casos de crimes continuados, é cabível a prisão em flagrante, e haverá ou não prisão para cada crime isoladamente considerado.
Em relação aos crimes permanentes, estes são o tipo de infração penal que seus atos executórios se protraem no tempo ofendendo instantaneamente o objeto jurídico e sua cessação se da conforme a vontade do agente, como igualmente ensina Fernando Capez:
O momento consumativo se protrai no tempo, e o bem jurídico é continuamente agredido. A sua característica reside em que a cessação da situação ilícita depende apenas da vontade do agente, por exemplo, o sequestro (art. 148 do CP).[13: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal- Parte Geral. Editora: Saraiva. 15ª edição. 2011, pg.288.]
Outro ponto importante sobre os crimes permanentes é que eles se subdividem em eventualmente permanentes, e os necessariamente permanentes. O primeiro caso ocorre quando praticado o verbo do tipo penal, o agente por sua vontade faz com que sua ação se torne permanente, como é o caso do furto de energia elétrica. Já no segundo caso, para que tenha a característica de permanecia no tempo o verbo do tipo exige que a conduta se protraia no tempo para haver a realização do próprio tipo penal, como é o caso do sequestro:
A diferença entre crime permanente e o instantâneo de efeitos permanentes reside em que no primeiro há a manutenção da conduta criminosa, por vontade do próprio agente, ao passo que no segundo perduram, independente da sua vontade, apenas as consequências produzidas por um delito já acabado, por exemplo, o homicídio e a lesão corporal.[14: CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. São Paulo. Editora: Saraiva. 15ª edição. 2008.]
Através da pesquisa doutrinaria pode-se notar que a grande maioria dos autores utiliza da classificação dos crimes o momento em que se consuma a infração para guiar-se, como ensina Mirabete:
Está consumado o crime quando o tipo está inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo abstrato descrito na lei penal. Preenchidos todos os elementos do tipo objetivo pelo fato natural, ocorre a consumação.
Nesses crimes, como sua conduta se protrai no tempo, antes do resultado a qualquer momento pode ocorrer a prisão em flagrante. Eles são classificados ainda como reversíveis, ou seja, assim que cessar a permanência, o bem jurídico legalmente protegido deixa de ser violado, terminando assim seus efeitos, a exemplo, no sequestro ao terminar a privação de liberdade o bem jurídico liberdade é restaurado, cessando os efeitos do crime. No crime de tráfico de drogas na modalidade manter em depósito a apreensão da droga restaura o bem jurídico saúde pública que estava em risco. No porte de ilegal de arma de fogo, a apreensão da arma ou sua entrega às autoridades restaura a incolumidade pública, que seria o bem jurídico que estava em risco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar tais reflexões tem uma grande importância para qualquer operador do direito, tanto para o melhor entendimento das características do crime permanente e do crime continuado, como também para o entendimento da prisão em flagrante, a qual é tão corriqueira no dia a dia, mas carrega consigo muitas dúvidas sobre sua correta aplicação. 
Ao longo do trabalho explanou-se sobre conceitos da prisão em flagrante, bem como dos crimes continuados e permanentes, e seus pontos principais. Analisou-se a prisão em flagrante, se discutiu a aplicabilidade desta em nosso dia a dia além de ter demonstrado o conceito de crime permanente e crime continuado.
Como vimos na construção do raciocínio confirmou-se a hipótese básica inicial de que a diferencia crucial nota-se na produção de resultados, aonde o crime permanente se protrai no tempo sua consumação produzindo um resultado e os crimes continuados são vários atos que resultam vários resultados, mas de infrações penais de mesma espécie.
Logo, entender os efeitos dos crimes permanentes é de suma importância para analisar consequências prescricionais e de execução de condutas criminosas a partir da vigência de uma possível lei penal, tratando ou não de determinado crime permanente ou contínuo. Isso contribuirá diretamente para evitar dúvidas e erros na aplicabilidade do direito no âmbito social, ponto fundamental de uma boa convivência em sociedade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei nº 2848/1940. 
BRASIL. Decreto-lei 3.689 de 03 de outubro de 1941. Código de Processo Penal
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. São Paulo. Editora: Saraiva. 15ª edição. 2008
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal- Parte Geral. Editora: Saraiva. 15ª edição. 2011, pg.288
COPETTI, André. Direito penal e estado democrático de direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000. 
DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. São Paulo. Editora: Saraiva, 2010. P. 319.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 
OLIVEIRA, Diego Renoldi Quaresma de. Da natureza da prisão em flagrante e suas modalidade. Disponível em < https://diegorenoldi.jusbrasil.com.br/artigos/152734078/da-natureza-da-prisao-em-flagrante-e-suas-modalidade> Acesso em 19 de Novembro de 2017.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 10ª edição. Rio de Janeiro. Editora: Lumen Juris, 2005, p. 620.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito processual penal esquematizado / Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves ; coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo : Saraiva, 2013

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